Abertura das primeiras casas de correção na Inglaterra = Recessão
econômica
Ato de 1610- recomenda reunir todas as casas de correção, os
moinhos, as tecelagens e os ateliês de cardadura, a fim de ocupar os pensionários.
1951- Ato de navegação + redução das taxas de desconto =
reestabelecimento da situação econômica e desenvolvimento do comércio e da indústria.
John Carey - Projeto de Workhouse
Ateliê para crianças fabricarem roupas e lonas baratas, competindo
com as indústrias e comércio locais. Devido a concorrência desleal, as autoridades deixaram que essa forma de trabalho desaparecesse.
Os pensionistas não conseguiam mais ganhar o necessário para seu
sustento, muitas vezes indo para a prisão apenas para ter o pão gratuito.
Criação do Hospital Geral de Paris- Priorizando a supressão da
mendicância e não a ocupação dos internos. Colbert viu na assistência pelo trabalho um remédio para o desemprego e um estimulante para o desenvolvimento das manufaturas. Empresários privados passaram a utilizar para proveito próprio a mão de obra dos asilos.
Acordo de 1708- Um empresário fornece lã, sabão e carvão à
caridade de Tulle, recebendo em troca a lã cardada e fiada, dividindo o lucro entre o hospital e o empresário.
Tentou-se transformar as grandes construções do Hospital Geral de
Paris em manufaturas. No entanto, as tentativas não foram frutíferas. Colbert acreditava que a fonte das desordens era a ociosidade e que somente o trabalho poderia remediar essa situação.
O internamento representava duplo papel:
1- Reabsorver o desemprego ou ocultar seus efeitos sociais mais
visíveis (miséria e os inconvenientes políticos ou sociais de sua agitação); 2- Controlar os preços, quando esses ameaçassem aumentar demais (artificial). Agir de forma alternada entre mercado da mão de obra e os preços de produção.
A criação das casas de internação foi um fracasso. No início do
século XIX, as casas começaram a desaparecer em quase toda a Europa, culminando em seu fracasso final: remédio transitório, ineficaz e uma precaução social mal formulada pela industrialização nascente.
No primeiro impulso do mundo industrial, o trabalho não é percebido
como um problema e sim como uma solução geral, panaceia infalível, remédio para todas as formas de miséria.
Trabalho X Miséria
O trabalho como “punição” tinha valor de penitência e resgate.
O que força o homem a trabalhar não é uma lei da natureza, mas o
efeito de uma maldição. Tanto para os católicos quanto para os reformistas, o trabalho não é capaz de produzir seus próprios frutos. A colheita e a riqueza não se encontram ao final de uma dialética do trabalho e da natureza. Para eles, é a benção de Deus que governa tudo.
O orgulho foi o pecado do homem antes da queda, mas o pecado da
ociosidade é o supremo orgulho do homem caído, o inútil orgulho da miséria. Segundo o édito de criação, o Hospital Geral deve impedir "a mendicância e a ociosidade como fontes de todas as desordens".
O trabalho nas casas de internamento assume assim uma significação
ética: dado que a preguiça se tornou a forma absoluta da revolta, obrigam-se os ociosos ao trabalho, no lazer indefinido de um labor sem utilidade nem proveito.
O asilo ocupou rigorosamente o lugar do leprosário na geografia dos
lugares assombrados, bem como nas paisagens do universo moral. Retomaram-se os velhos ritos da excomunhão, mas no mundo da produção e do comércio.
É nesses lugares da ociosidade maldita e condenada, nesse espaço
inventado por uma sociedade que decifrava na lei do trabalho uma transcendência ética, que a loucura vai aparecer e rapidamente desenvolver-se ao ponto de anexá-los.
A necessidade de conferir aos alienados um regime especial,
descoberta no século XVIII, e a grande crise da internação que precede de pouco à revolução estão ligadas à experiência da loucura que se pode ter com a obrigação geral do trabalho. Não se esperou o século XVII para "fechar" os loucos, mas foi nessa época que se começou a "interná-los", misturando-os a toda uma população com a qual se lhes reconhecia algum parentesco.