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PROJETO DE PARECER
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I. RECOMENDAÇÕES POLÍTICAS
Observações preliminares
1. pretende, com o presente documento, proporcionar uma nova reflexão abrangente sobre a
política da juventude, sobre a integração da perspetiva da juventude nos vários domínios de
intervenção e sobre a participação ativa dos jovens na construção do futuro da Europa, no
contexto da designação de 2022 como Ano Europeu da Juventude, ao abrigo da
Decisão (UE) 2021/2316, e como recomendado pela Conferência sobre o Futuro da Europa.
Além disso, propõe que se apresente uma recomendação vigorosa sobre a integração da
perspetiva da juventude, um dos objetivos do Ano Europeu da Juventude de 2022.
2. salienta que a pandemia de COVID-19 representou, para muitos jovens, quase dois anos
perdidos em termos de oportunidades educativas, de trabalho, de saúde mental e de vida social.
Por conseguinte, o Ano Europeu da Juventude deve não só reconhecer os sacrifícios que as
gerações mais jovens tiveram de fazer durante a pandemia, mas também desencadear uma
mudança duradoura que perdure para além dele. À medida que a sociedade recupera dos efeitos
da pandemia, torna-se crucial dialogar com os jovens e compreender as suas preocupações para
ultrapassar definitivamente a crise;
4. apela para a integração da perspetiva da juventude, assente nos direitos dos jovens, na
elaboração das políticas a nível local, regional, nacional e europeu, assegurando que a
perspetiva e o interesse dos jovens são sistematicamente tidos em conta em todos os domínios
de intervenção. Além disso, os jovens e as organizações de juventude devem ser consultados em
todos os debates políticos, a fim de adotar uma abordagem coerente da integração da perspetiva
da juventude, nomeadamente no que toca à aplicação dos planos nacionais para a execução dos
fundos do Instrumento de Recuperação da União Europeia (NextGenerationEU) e dos pacotes
de recuperação;
6. insta as instituições europeias e os governos centrais e locais a recolherem dados relativos aos
jovens em todos os domínios de intervenção, desagregados de forma coerente por idade. Essa
recolha deve realizar-se em colaboração com as organizações de juventude, cabendo prever
políticas que reforcem as suas competências em literacia de dados, permitindo-lhes, assim,
extrair, analisar e interpretar informações, a fim de conceberem ações e projetos de defesa dos
seus interesses assentes em dados concretos para fomentar a mudança;
8. solicita a adoção de medidas que reforcem e capacitem as organizações de juventude, uma vez
que organizações de juventude fortes a nível europeu contribuem para a educação cívica, para
um maior conhecimento sobre a democracia e para cidadãos mais ativos;
9. lamenta que o espaço da sociedade civil para as organizações de juventude tenha vindo a
diminuir nos últimos anos e solicita a disponibilização sustentada de recursos mais adequados,
bem como um financiamento operacional que corresponda às necessidades estruturais das
organizações de juventude. Esses recursos devem ser distribuídos de forma transparente,
contribuindo para um setor da juventude robusto e capaz de garantir aos jovens de todas as
origens o acesso a um espaço seguro que lhes permita participar, envolver-se e crescer como
cidadãos ativos;
10. destaca a importância das regiões e dos municípios europeus para o êxito da Estratégia da UE
para a Juventude e o contributo que podem dar, através da educação e da cultura, para promover
uma sociedade inclusiva para os jovens; incentiva o reforço da dimensão local e regional do
Diálogo da UE com a Juventude;
11. insta os órgãos de poder local e regional a darem sistematicamente prioridade às questões da
juventude aquando da elaboração de políticas e propõe a adoção de uma estratégia local para a
juventude em todas as regiões e municípios;
12. insta a Comissão Europeia a reforçar a dimensão da juventude nos Programas Erasmus+ e
Corpo Europeu de Solidariedade, a prever medidas adicionais para assegurar o acesso de todos
os grupos de jovens a esses programas e a garantir que os jovens são capacitados e devidamente
apoiados, incluindo no âmbito da sua participação nos programas; insta os Estados Membros e
os órgãos de poder local e regional a promoverem campanhas de informação para sensibilizar os
13. solicita que se adotem medidas adequadas para garantir o direito dos jovens a um emprego
estável, valorizador e com condições de trabalho dignas em toda a Europa;
18. solicita à Comissão Europeia que, no âmbito da revisão do quadro de qualidade para os estágios,
proíba efetivamente os estágios não remunerados em todos os Estados-Membros; preconiza a
adoção de medidas, nomeadamente a introdução de uma diretiva da UE, para assegurar que os
estágios, as experiências laborais e os programas de aprendizagem preveem um conjunto
mínimo de direitos em matéria de condições de trabalho, nomeadamente o direito ao salário
mínimo nacional e à proteção social;
20. solicita à Comissão e aos Estados-Membros que proponham medidas concretas para melhorar a
inserção dos jovens de todas as origens no mercado de trabalho, combater a discriminação e
garantir a igualdade de oportunidades. A este respeito, impõe-se uma coordenação mais estreita
para melhorar o apoio aos jovens vulneráveis que enfrentam múltiplos obstáculos,
designadamente devido à pobreza, ao género, à orientação sexual e à identidade de género, à
deficiência, ao baixo nível de escolaridade ou à sua pertença a uma minoria étnica ou origem
migrante;
22. salienta que a dificuldade de acesso à habitação e o seu custo elevado constituem um obstáculo
significativo à autonomia dos jovens, dificultando a educação e a mobilidade profissional e
reduzindo o poder de compra das gerações mais jovens. Solicita, por conseguinte, que se dê
prioridade à adoção de medidas de apoio, nomeadamente através da mobilização de fundos da
UE, destinadas a garantir condições de habitação adequadas e a preços acessíveis para todos os
jovens na Europa;
23. frisa que muitos jovens europeus enfrentaram um maior risco de pobreza e exclusão social
devido à pandemia de COVID-19 e insta a UE a adotar medidas de apoio para que os jovens
recebam sempre apoio suficiente em tempos de crise;
24. entende que se impõe uma maior coordenação com vista ao intercâmbio de boas práticas,
objetivos e indicadores relacionados com a luta contra a pobreza, o risco de exclusão social e a
precariedade social dos jovens;
25. salienta a situação crítica que os jovens refugiados enfrentam, especialmente os menores não
acompanhados, e apela para a adoção de medidas de apoio destinadas a assegurar o acesso de
todos os jovens refugiados e das suas famílias a serviços essenciais – como a educação, a
habitação e a saúde – e o respeito pelos seus direitos humanos;
27. considera que é muito importante quebrar o estigma e reconhecer os desafios e os obstáculos em
matéria de saúde mental que os jovens enfrentam em resultado da pandemia, cabendo adotar
medidas imediatas para dar resposta às necessidades de saúde mental dos jovens;
28. propõe que se adote uma abordagem holística da saúde mental, prevendo medidas centradas na
proteção económica e nos direitos sociais para prevenir as determinantes socioeconómicas da
saúde mental, bem como um apoio específico e um conjunto de serviços e direitos de base para
os jovens em situação de exclusão, discriminação e marginalização;
1
Parecer do CR – União da Igualdade: Estratégia para a igualdade de tratamento das pessoas LGBTIQ 2020-2025 (COR-2020-
05861).
31. solicita a adoção de uma estratégia da UE para a saúde mental que preveja medidas destinadas a
prevenir problemas de saúde mental, capacitar verdadeiramente os jovens europeus e promover
a sua participação ativa nas decisões relativas à sua saúde mental. A estratégia deverá também
assegurar um apoio específico em matéria de saúde mental em todas as fases da vida;
32. insiste na necessidade de proteger plenamente os direitos dos jovens no domínio da saúde
sexual e reprodutiva, o que inclui o acesso a produtos contracetivos e menstruais a preços
comportáveis;
Participação construtiva
33. reitera que «apoia a promoção do desenvolvimento da personalidade das pessoas com
deficiência, em particular das crianças e dos adolescentes, como para qualquer outra pessoa,
através do acesso à arte, à cultura, às atividades recreativas e de lazer, ao desporto e ao
turismo»2 enquanto elemento essencial do bem-estar das pessoas com deficiência; salienta, para
o efeito, o papel do desporto na promoção da inclusão das pessoas com deficiência e «insta os
Estados-Membros a promoverem programas que facilitem a participação das crianças, dos
jovens e das pessoas com deficiência com maiores limitações» 3;
34. salienta que o Ano Europeu da Juventude 2022 constitui uma excelente oportunidade para
incentivar uma participação construtiva dos jovens na vida democrática que resulte num reforço
estrutural e perene de uma democracia que envolva os jovens e coloque a ênfase no papel das
organizações representativas da juventude;
35. recomenda que se associe a juventude à conceção, governação, execução e avaliação das
políticas a nível local, regional, nacional e da UE com impacto nos jovens, bem como aos
respetivos mecanismos formais de consulta. Ademais, importa acompanhar a execução e a
eficácia destas iniciativas, de molde a assegurar que a participação dos jovens produz resultados
tangíveis;
36. solicita que se tire partido dos resultados dos mecanismos de participação já existentes, como o
Diálogo da UE com a Juventude, que proporciona a todos os jovens da UE um espaço para
exprimirem as suas opiniões sobre temas pertinentes e para influenciarem os procedimentos
2
Parecer do CR – Estratégia sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (COR-2021-01679).
3
Ibidem.
37. defende a adoção de medidas para apoiar os jovens e dotá-los de ferramentas que lhes permitam
contribuir para o desenvolvimento sustentável e lutar contra as alterações climáticas, bem como
pôr o seu potencial ao serviço de uma mudança significativa nas sociedades;
39. defende que importa apoiar e coordenar as medidas destinadas a aprofundar a educação cívica
dos jovens, a fim de assegurar que compreendem o processo de decisão nas suas comunidades
locais e que estão conscientes dos processos democráticos e dos seus direitos humanos e de
cidadania;
40. frisa que cumpre garantir que todos os jovens têm acesso a informações de qualidade sobre as
oportunidades de participação, assim como promover uma participação informada,
especialmente no que diz respeito aos processos democráticos;
Sociedade inclusiva
41. apoia a coordenação e o intercâmbio de boas práticas relativas ao papel do género nos percursos
educativos e profissionais, a fim de identificar obstáculos e melhorar o acesso das mulheres e
raparigas a todas as oportunidades educativas e profissionais;
42. apoia a integração da perspetiva de género nas políticas públicas em todos os níveis; reitera
também o seu apelo «para que os órgãos de poder local e regional sejam associados à conceção
e execução da campanha de sensibilização e comunicação à escala europeia, necessária para
combater os estereótipos de género, e salienta a necessidade de prestar especial atenção aos
jovens, sendo estes um dos segmentos fundamentais da mudança» 4;
43. entende que é prioritário integrar os jovens com antecedentes migratórios no sistema educativo
e na vida social, pelo que solicita uma coordenação e um intercâmbio mais estreitos de
conhecimentos e de boas práticas sobre as políticas que se revelaram eficazes neste domínio;
44. reputa necessário reforçar as medidas de apoio destinadas a assegurar que os jovens ciganos têm
acesso a serviços essenciais em todos os Estados-Membros da UE; reafirma que «as quatro
áreas temáticas fundamentais identificadas pela Comissão Europeia na definição dos seus
grupos de objetivos, nomeadamente a educação, o emprego, os cuidados de saúde e a habitação,
são fundamentais para o processo de integração dos ciganos, a par do trabalho desenvolvido
4
Parecer do CR – Uma União da Igualdade: Estratégia para a Igualdade de Género 2020-2025 (COR-2020-02016).
45. reitera que a luta contra a discriminação, o racismo e outras formas de intolerância é
fundamental para combater a radicalização violenta e para evitar que os jovens caiam nas
malhas do extremismo político ou religioso. Na mesma ordem de ideias, considera que a
educação e as organizações da sociedade civil devem desempenhar um papel fundamental na
transmissão de valores democráticos e humanistas e que uma maior coordenação neste domínio
a nível da UE poderá ser útil para todos os Estados-Membros;
46. defende a adoção de medidas para apoiar o desenvolvimento de trabalho de qualidade com
jovens a nível local, regional, nacional e europeu, incluindo uma coordenação mais eficaz e
medidas de apoio destinadas a assegurar um nível de formação de elevada qualidade para os
técnicos de juventude – remunerados e voluntários –, bem como a afetação de recursos
suficientes às organizações de trabalho com jovens;
47. considera que a participação ativa dos órgãos de poder local e regional é fundamental para
assegurar o êxito da Agenda Europeia do Trabalho com Jovens, pelo que importa associá-los.
Entende, além disso, que cumpre assegurar a disponibilidade de dados e indicadores comuns
adequados, incluindo a nível local e regional, a fim de assegurar um acompanhamento eficaz da
iniciativa;
Educação e formação
50. insta os Estados-Membros e os órgãos de poder local e regional a garantirem o acesso universal
a uma educação de qualidade e propõe uma maior coordenação e intercâmbio de boas práticas
sobre a inclusão social dos jovens, em especial dos jovens vulneráveis, no sistema educativo,
bem como sobre a prevenção do abandono escolar precoce;
51. solicita que se adotem medidas adequadas para reconhecer melhor as competências adquiridas
através da educação não formal e da aprendizagem informal e para assegurar que essas
competências podem ser validadas aquando do ingresso ou reingresso num percurso educativo
formal, no mercado de trabalho, etc., bem como para incentivar o desenvolvimento de
competências transversais, adaptadas à natureza evolutiva do emprego, e promover as
5
Parecer do CR – Uma União da igualdade: Quadro estratégico da UE para a igualdade, a inclusão e a participação dos ciganos
(COR-2020-05625).
53. defende a adoção de medidas de apoio destinadas a assegurar que todos os professores podem
adquirir e manter atualizados os conhecimentos pedagógicos necessários, bem como as
competências avançadas exigidas, nomeadamente no domínio digital, e a garantir o
reconhecimento e a valorização da sua profissão pela sociedade, o que inclui a forma como é
remunerada no mercado de trabalho;
54. apoia a criação de plataformas pan-europeias (e a utilização mais intensa das já existentes) para
disseminar amplamente os conteúdos e os instrumentos didáticos de forma inclusiva e
multilingue, tendo em conta as línguas regionais;
Transição digital
55. salienta a importância de todos os jovens terem acesso a novas tecnologias e a equipamentos
adequados que lhes garantam igualdade de oportunidades;
Bruxelas,
6
COR 3454/2020.
7
COR 3950/2018.
8
COR 3892/2018.
9
COR 3952/2018.
10
COR 4872/2015.
11
COR 789/2013.
12
COR 292/2010.