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KRAKAUER, Sigfried. De Caligari a Hitler. Uma história psicológica do cinema alemão. Rio de
Janeiro: Editora Zahar, 1988.
“De acordo com o pacifista Janowitz, eles criaram Cesare com o obscuro desejo de retÍatar o
homem comum que, sob a pressão do serviço militar compulsório, é treinado para mataÍ e ser
morto”, p. 82
“Para realizar está transformação, o corpo da estória original é colocado dentro de outra
estória-moldura”. p. 83
“Janowitz e Mayer sabiam por que se insurgiram contra a estória-moldura: ela perverteu, se
não reverteu, suas intenções intrínsecas. Enquanto a estória original expunha a loucura
inerente à autoridade, o Caligari de Wiene glorificava a autoridade e condenava seu
antagonista à loucura”. p. 84
“Um filme revolucionário foi assim transformado em um filme conformista [...] Esta mudança
sem dúvida não foi resultado da predileção pessoal de Wiene, mas de sua instintiva submissão
às necessidades do cinema”. p. 84
“Esta mudança sem dúvida não foi resultado da predileção pessoal de Wiene, mas de sua
instintiva submissão às necessidades do cinema; filmes, pelo menos filmes comerciais, são
obrigados a responder aos desejos das massas. Em sua forma modificada, Caligari não mais era
um produto que expressava, do melhor modo, sentimentos característicos ila intelectualidade,
mas um filme supostamente adequado a se harmonizar com o que os menos cultos sentiam e
de que gostavam.” p. 84
“O filme reflete este duplo aspecto da vida alemã, ao acopla uma realidade, na qual a
autoridade de Caligari triunfa, a uma alucinação em que esta mesma autoridade é derrubada”.
p. 84
“[...] filmes, pelo menos filmes comerciais, são obrigados a responder aos desejos das massas.
Em sua forma modificada, Caligari não era mais era um produto que expressava, do melhor
modo, sentimentos característicos da intelectualidade, mas um filme supostamente adequado
a se harmonizar com o que os menos cultos sentiam e de que gostavam.” p. 84
“A derrota de Caligari agora fazia parte das experiências psicológicas. Neste sentido, o filme de
Wieae sugere que, ao se voltarem para dentro de si mesmos, os alemães foram impulsionados
a reconsiderar sua crença tradicional na autoridade.” p. 84
“O filme reflete este duplo aspecto dâ vida alemã, ao acoplar uma realidade, na qual a
autoridade de Caligari triunfa, a uma alucinação em que esta mesma autoridade é derrubada.”
p. 84
“[...] o sistema ornamental em Caligari expandiu-se através do espaço, anulando seu aspecto
convencional por meio de sombras pintadas em desarmonia com os efeitos de luz, e
delineações em ziguezague desenhadas para apagar todas as regras de perspectivas. O espaço
ora se tornava numa superfície plana reduzida, ora aumentava suas dimensões para so tornar
o que um escritor chamou de um "universo estereoscópio.” p. 86
“Se a Decla tivesse escolhido deixar a estória original de Mayer e Janowitz, esses desenhos que
adquiriam vida teriam-na contado de modo perfeito. Como abstrações expressionistas, eles
eram animados pelo mesmo espírito revolucionário que impelira os dois roteiristas a acusar a
autoridade, a espécie de autoridade reverenciada na Alemanha.” p. 86
“Enquanto a linguagem moderna, salientava, é muito pervertia para servir a este propósito, o
cinema, ou o bioscópio, como o chamava oferece uma oportunidade única de externar a
fermentação da vida interior.” p. 87
“Os pontos de vista de Carl Hauptmann elucidam o estilo expressionista de Caligari. Ele tinha a
função de caracterizar o fenômeno da alma, uma função que ofusca seu significado
revolucionário . Ao tornar o filme uma projeção externa de eventos psicológicos, a
representação expressionista simbolizou, de maneira muito mais espantosa do que o recurso à
estória-moldura, o encolhimento geral para dentro de uma concha que ocorreu na Alemanha
do pós-guerra.” p. 87
“Caligari como o primeiro trabalho de arte da tela , a Vorwarts, o principal órgão do Partido
Social Democrata, distinguiu-se pelo total absurdo.” p. 88
“Em vez de reconhecer que o ataque de Francis contra uma odiosa autoridade se harmonizava
com a própria doutrina antiautoritária do partido, Vorwiitls preferiu considerar a própria
autoridade um modelo de virtudes progressistas.” p. 88
“Enquanto os alemães estavam muito próximos de Caligari para elogiar leu valor sintomático,
os franceses perceberam que eram mais que um filme excepcional. Cunharam o termo
‘Caligarismo’ e o aplicaram ao mundo do pós-guerra que parecia completamente de cabeça
para baixo.” p. 88
“[...] como modelo para tentativas artísticas, ‘o filme mais amplamente discutido da época’
nunca influenciou seriamente o cinema norte-americano ou o francês. Ele permaneceu
solitário, como um monólito.” p. 88
“Mas é preciso que se diga que o parque sem dúvida refletia as caóticas contradições da
Alemanha do pós-guerra. Intencionalmente ou não, Caligari expõe a alma se movimentando
entre tirania e caos, e enfrentado uma situação desesperada: qualquer fuga da tirania parece
jogá-lo num estado de confusão absoluta.” p. 90