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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS

JUAN LUÍS GOMES IBIAPINA

N° USP: 12450040

NICOLLE LORRAYNE DOMINGOS GUERRA

N° USP:12485755

CONCRETOS ESPECIAIS

ATIVIDADE 2

SÃO CARLOS

2021
Questão 1

A diferença entre as propriedades do estado fresco do concreto autoadensável é


claramente distinta das propriedades de um concreto convencional, contudo as propriedades
no estado endurecido podem ou não ser equivalentes a de um concreto convencional, tudo
dependerá da característica que precisa ser aperfeiçoada, ou seja, a partir da dosagem,
podemos destacar uma propriedade desejada do concreto. Com exceção do teor de finos, o
concreto autoadensável possui, praticamente, os mesmos materiais de um concreto
convencional. Em geral, as propriedades no estado endurecido que se têm foco são a redução
da possibilidade de segregação e a redução da possibilidade de exsudação.

1. Resistência à compressão

O concreto autoadensável precisa ser fluido, de modo a preencher todos os espaços vazios
da forma, precisa possuir resistência à segregação, ou seja, permanecer homogêneo durante
as etapas de transporte, lançamento e acabamento. Para essa coesão e habilidade de
preenchimento, normalmente, é necessário que a relação água/cimento seja alterada. Para a
obtenção dessas características citadas, a redução do fator a/c promove uma resistência à
compressão maior quando comparado a um concreto convencional. De acordo com o ACI
(2007), uma boa relação a/c para o CAA varia entre 0,32 a 0,40, podendo existir dosagens
com valores superiores a esses mencionados, tudo depende do uso que terá o concreto, esse
intervalo de dosagem também está na faixa do que Gomes (2002) propõe.

Para a obtenção das propriedades características do CAA, as proporções entre agregados


são alteradas, de maneira que a alteração da relação areia/agregados totais, a inserção de fílers
e a adição de aditivos podem alterar tanto a resistência do concreto aos 28 dias quanto a
resistência final do concreto. De acordo com pesquisas citadas pelo ACI (2007), a redução
do risco de segregação e exsudação aliadas à falta de vibração pode promover uma
microestrutura mais uniforme e uma interface menos porosa entre a pasta de cimento e os
agregados.

2. Módulo de elasticidade

Sobre o módulo de elasticidade o ACI (2007) cita que não há um consenso sobre a
alteração deste parâmetro quando comparada a um concreto convencional. O módulo de
elasticidade é função de vários parâmetros, como a resistência à compressão, tipo de
agregado e da relação areia/agregados. De acordo com o ACI (2007), há algumas pesquisas
que citam que o módulo de elasticidade de CAA podem ser 10 a 15% menores que um
concreto convencional de resistência à compressão parecida por necessitar de ajustes na
dosagem para a obtenção do próprio CAA, outros estudos citam uma resistência à
compressão parecida.

3. Retração

Sobre a retração, ela é influenciada pela relação água/cimento e pelo agregado, por
exemplo. De acordo com o ACI (2007), teores mais elevados de pasta em relação aos
agregados podem potencializar as reações que provocam a retração do concreto. A retração
autógena pode ser particularmente alta, já que o concreto tende a ter uma relação
água/cimento mais baixa e, portanto, pode desencadear reações pozolânicas em taxas mais
elevadas.

4. Durabilidade

Como comentado em tópicos anteriores, pela própria dosagem do CAA, o concreto tem
sua microestrutura melhorada, podendo desenvolver baixa porosidade capilar. Portanto, o
concreto fica mais impermeável, melhorando a durabilidade. De acordo com o ACI (2007),
teores mais baixos de a/c, combinados com uma melhor homogeneidade do concreto,
permitem a criação de uma zona de transição (entre pasta e agregado) de melhor qualidade,
reduzindo a probabilidade de ninhos de concretagem e diminuindo a porosidade do concreto.
O ACI (2007) chama a atenção para que uma atenção especial seja dada aos aditivos, para
garantir que eles não tenham um efeito desfavorável na permeabilidade e resistividade.
Questão 2

O concreto autoadensável possui características de um material mais refinado, quando


comparado ao concreto convencional, seu custo é maior, no entanto, a sua correta
especificação pode trazer um desempenho melhor para as estruturas e uma economia global
para a obra.

Na etapa de detalhamento, ainda no projeto, o concreto autoadensável permite uma


aproximação maior das barras de aço, de modo a contribuir para um melhor controle da
fissuração, colaborando para uma superfície mais íntegra. Na etapa final, o concreto
autoadensável permite a obtenção de uma superfície aparente de alta qualidade, muitas vezes
eliminando a etapa de acabamento da superfície.

Na execução, o uso do concreto autoadensável reduz gastos com mão de obra e


equipamentos, não há necessidade de ferramenta de vibração, portanto, o custo do
equipamento e os custos inerentes ao seu uso são poupados. Quanto à mão de obra, são
poupados custos com nivelamentos de pisos ou outras superfícies que possuem
características lisas. A mão de obra não precisa ser muito qualificada, elementos de formas
mais complexas e/ou muito armados podem ser executados tranquilamente, pois o concreto
possui excelente capacidade passante, resistência à segregação e habilidade de
preenchimento, essas características além de ser positivas no quesito mão de obra, são
positivas no quesito produtividade, desse modo a etapa de lançamento é positivamente
influenciada.

Além disso, outro fator que aumenta a produtividade é o fato de a aplicação do


concreto autoadensável poder ser feita por menos pontos de concretagem, pela própria fluidez
do material, desse modo há menos trânsito de caminhões pela obra e menos mobilização de
equipamento.

A ausência de equipamento de vibração permite uma execução de concretagem mais


silenciosa, logo, a concretagem em ambientes urbanos ou em locais com limites de poluição
sonora é permitida (de madrugada, por exemplo), afetando positivamente a produtividade e
flexibilizando o cronograma da obra.

Dessa forma, em relação às etapas da obra, destaca-se primeiramente a necessidade


de garantir um projeto de fôrmas adequado, uma vez que o concreto autoadensável tende a
gerar maior pressão nas fôrmas no seu lançamento. Com a chegada do concreto na obra, além
dos cuidados que já se realizam para concretos convencionais, a sua aceitação depende do
ensaio de slump flow e do anel J. Com o concreto aceito, o seu lançamento deve ser feito de
uma altura relativamente baixa, principalmente visando reduzir a pressão nas fôrmas,
evitando segregação e garantindo um bom acabamento da estrutura (baixas alturas evita
incorporação de ar).
Questão 3

a. Elementos de concreto armado:

Classe de espalhamento SF2: Espalhamento entre 660 a 750 mm e é adequado para a


maioria das aplicações correntes. Uma classe mais baixa (SF1) não seria adequada
devido aos elementos de concreto armado possuírem uma taxa considerável de
armadura e pelos pontos de concretagem não serem, geralmente, altos. Destaca-se,
porém, que as lajes podem entrar nessa classe mais reduzida, além de fundações
profundas de concreto armado.

Viscosidade aparente VS2/VF2: Em elementos de concreto armado com taxa de


armadura convencional, essa classe de viscosidade plástica já atende o necessário,
uma vez que é adequada para a maioria das aplicações correntes e acarreta menor
pressão sobre as fôrmas.

Habilidade passante PL1/ PJ2 para lajes e elementos de fundação, em que a habilidade
passante não possui dificuldades e PL2/PJ1 para as vigas e pilares, as quais podem
ter problemas e então exige que se tenha uma melhor habilidade passante.

Resistência à segregação SR1: Elementos de concreto armado são estruturas


convencionais, normalmente, de pouca complexidade. Quando o espaçamento entre
as armaduras for maior que 80 mm, é possível usar essa classe resistente à segregação.
Se for menor, até 60 mm, já é necessária uma classe mais resistente.

b. Telha de concreto pré-moldado (tipo W):

Classe de espalhamento SF1: A telha de concreto pré-moldado é uma peça que


aparentemente é pouco armada, o que requer uma curta distância de espalhamento
horizontal.

Viscosidade aparente VS1/VF1: Garante um melhor acabamento para o pré-moldado


e um espalhamento mais rápido.

Habilidade passante PL1/ PJ2: Como não é densamente armado, essa classe atende
ao elemento.

Resistência à segregação SR1: Elemento de pequena espessura e pouca


complexidade.
c. Parede de concreto moldada no local:

Classe de espalhamento SF2: Espalhamento entre 660 a 750 mm e é adequado para a


maioria das aplicações correntes, o que inclui paredes. Destaca-se que poderia até
usar a classe SF3 para paredes mais finas, buscando um melhor acabamento

Viscosidade aparente VS1/VF1: Considerando que o lançamento pode ocorrer de um


ponto mais elevado com deslocamento livre, essa viscosidade pode ser a mais
adequada.

Habilidade passante PL 1/ PJ 2: Para o caso de painéis a habilidade passante indicada


é suficiente para a concretagem de elementos mais usuais, como esses elementos
podem ser pré-fabricados e ser densamente armados, a habilidade passante requerida
pode ser a PL 2/PJ 1.

Resistência à segregação SR2: As paredes exigem um concreto com boa resistência


à segregação devido a ser um elemento alto.

d. Elementos de concreto densamente armados:

Classe de espalhamento SF3: Para elementos de concreto densamente armados, exige


uma alta fluidez do CAA, de modo a preencher adequadamente os espaços entre as
armaduras. Para isso, é exigido o valor de espalhamento entre 760 a 850 mm e
agregados graúdos de pequenas dimensões, o que faz essa classe ser a mais adequada.

Viscosidade aparente VS1/VF1: Essa classe de viscosidade plástica aparente é


indicada para elementos estruturais com alta densidade de armadura, uma vez que é
necessário o rápido espalhamento.

Habilidade passante PL2/ PJ1: devido a essa classe possuir uma melhor capacidade
de fluir sem perder a sua uniformidade ou causar bloqueio.

Resistência à segregação SR2: considerando a elevada fluidez e baixa viscosidade


exigida para este tipo de elemento, é importante que o CAA tenha elevada resistência
à segregação.

Para finalizar, para concretos autoadensáveis, pela sua sensibilidade às alterações da


mistura, se deve ter um rígido controle de qualidade ao receber o concreto na obra,
ainda mais para elementos densamente armados.

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