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CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

FERNANDO NORMINIO DA SILVA

A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA NA VIDA ESCOLAR (TRANSTORNO


DE DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE E A RITALINA)

SÃO FRANCISCO DO SUL


2022
CENTRO UNIVERSITÁRIO FAVENI

FERNANDO NORMINIO DA SILVA

A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA NA VIDA ESCOLAR


(TRANSTORNO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE E A
RITALINA)

Trabalho de conclusão de curso apresentado como


requisito parcial à obtenção do título de Educação
Especial.

SÃO FRANCISCO DO SUL


2022
A MEDICALIZAÇÃO DA INFÂNCIA NA VIDA ESCOLAR (TRANSTORNO
DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE E A RITALINA)

FERNANDO NORMINIO DA SILVA

Declaro que sou autor deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o
mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou
extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas
públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles
cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de
produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e
administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio
ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de
Prestação de Serviços).

RESUMO- A educação passa por mudanças que precisam ser acompanhadas pela
escola e pela sociedade como um todo. Tem sido discutido muito sobre o papel da
escola no processo aprendizagem dos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade.
O problema pode ser percebido na idade escolar, a compreensão é importante para
preparar o professor para lidar melhor com o aluno portador do TDAH.
Muitos desses alunos são encaminhados para os serviços de saúde que se detecta
algum problema, onde é recomendado o tratamento com a Metilfenidato, mas
conhecida como Ritalina. O medicamento de primeira escolha para o tratamento dos
sintomas.
O objetivo da pesquisa foi avaliar os efeitos colaterais da Ritalina na infância na vida
escolar. A conclusão que houve uma quantidade significativa de efeitos sobre as
emoções do aluno dando alerta a importância da participação do professor juntamente
com a escola e os familiares.
PALAVRAS-CHAVE: TDAH, Ritalina, efeitos colaterais.

INTRODUÇÃO

O transtorno de déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do


neurodesenvolvimento, que inicia na infância, e que acarretar ao longo da vida da
criança, durante o período escolar, passando pela adolescência e chegando à vida
adulta.
Esse transtorno está presente em torno de 4,5% da população até 14 anos de idade.
O TDAH tem basicamente três sintomas que são: desatenção, inquietação e
impulsividade. O tratamento reduz os sintomas e melhora a qualidade de vida. Não há
cura, mas tratamento, que permite uma vida mais saudável.
O uso de medicamentos, terapias e as orientações aos pais com parceria com a escola,
ajuda muito os alunos com TDAH. O medicamento mais utilizado é o metilfenidato com
o nome popularizado de Ritalina.
A Ritalina é uma substância utilizada como psicoestimulante do sistema nervoso
central. É o medicamento mais indicado no transtorno de Déficit de Atenção e
Hiperatividade.
A relação entre a forte hereditariedade do TDAH, com a variabilidade individual na
dosagem e tolerabilidade aumentaram o interesse estudos famacogenéticos de
resposta a estimulantes (MCGOUGH,2005 apub GRUBER et al.,2009).
A popularidade do TDAH é tamanha que esse é considerado por alguns como um dos
distúrbios do neurodesenvolvimento mais estudados em todo o mundo. Foram mais de
1400 artigos científicos foram publicados entre 1983 e 200, somente sobre o tratamento
com pscicoestimulantes. (PEREIRA,2009).
O TDAH, não existem exames médicos ou laboratoriais confiáveis para os diagnósticos,
segundo Carvalho (214, p. 594).
Os diagnósticos geralmente são realizados com base no manual diagnostico dos
transtornos mentais -5 (DSM-5), classificação internacional de doenças -10º edição
(CID-10), escala de avaliação do distúrbio de déficit de atenção, hiperatividade e
impulsividade (AEDAH) e psicodiagnóstico (GONZALES et.al.,2017).
O TDAH pode ser confundido com outros transtornos através de seus sintomas. Um
aluno que esteja com dificuldade relacionada com insônia, por exemplo, a má qualidade
ao sono pode refletir em seus comportamentos durante o dia na escola, havendo a
possibilidade de o aluno ficar distraído, desatento, ansioso, agitado.
Os pais desse aluno podem chegar com queixas à escola com hipótese de TDAH, e se
caso não for investigado, possivelmente o aluno pode ser “diagnosticado”, com TDAH.
O trabalho conjunto da escola, o professor pode beneficiar muito o aluno,
Ainda de acordo com Aparício et,al ( 2005, p. 1699). O tratamento do TDAH deve ser
multidisciplinar, abrangente e individualizado. Trata-se de um aspecto educacionais
psicológicos e farmacológicos devem caminhar unidos.
No Brasil estão liberadas três formulações de metilfenidato, sendo elas: Ritalina,
Ritalina LA e Comcerta. A diferença entre os medicamentos são o tempo de duração e
também a quantidade ou miligramas dos medicamentos.
A Ritalina trabalha de forma imediata seu efeito pode durar de 3 a 4 horas, assim o
aluno que faz o uso do medicamento tende a tomar de 3 a 5 vezes o medicamento por
dia, depois de ingerida, leva em torno de vinte e trinta minutos para fazer efeito.
De acordo com GOKCEN et al. (2016), os efeitos colaterais leves da Ritalina, são
comuns como insônia e redução do apetite. Os efeitos colaterais graves são raros
controlados e os alunos pode continuar se beneficiando do tratamento conforme a
adequação de cada um.
O intuito desta pesquisa é explorar dados sobre os efeitos colaterais da Ritalina nos
alunos com TDAH, trazendo discussões a respeito do medicamento voltados para
escola na inclusão. Para o desenvolvimento do presente trabalho foram utilizadas
pesquisas bibliográficas através de banco de dados, as informações foram obtidas e
discutidas através de embasamento teórico.
1 TRANSTORNO DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE

O autor Benczick (2002, p. 25) vem definir o transtorno de déficit de


atenção/hiperatividade como um problema de saúde mental, considerando-o como
um distúrbio bidimensional, que envolva a atenção e a hiperatividade/impulsividade.
o TDAH tem um grande impacto na vida familiar, escolar e social da criança.
porém, por ser algo relativamente novo, ainda precisa ter suas informações melhor
difundidas entre os interessados em geral, seja a comunidade escolar ou os pais.

2 2. O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO E HIPERATIVIDADE (TDAH)

O TDAH é o transtorno mais conhecido do neurodesenvolvimento, de 5% a 7% na


idade escolar, média mundial. Na última década cerca de 50% dos casos teve
investigação, não há remissão na puberdade, na maioria dos casos persiste o problema
até à idade adulta.
Tanto na criança como no adulto, raramente se desenvolve de forma isolada e as
comorbidades são raras. Sabemos hoje que crianças com TDAH têm em regra menos
de 12 anos de expectativa de vida, comparando com crianças sem a patologia. Por
causa de suas patologias como abuso de substancias, depressão, ansiedade entre
outros.
A demora do diagnostico muitas vezes é dado tardiamente, pois tanto professores e
pais tendem a encarar a hiperatividade como característica de uma criança
normalmente rebelde. No caso de desatenção pode ser confundida como preguiça e
até timidez.
O diagnostico se baseia nos critérios definidos internacionalmente pelo Manual
Diagnostico Estatística (DSM-5) da Associação Americana de Psiquiatria, e se
caracteriza basicamente por 3 sintomas básicos: desatenção, inquietação e
impulsividade.
SINTOMAS COMUNS PARA TDAH:
- Não prestar atenção em detalhes;
- Comete erros por distração;
- Perder objetos essenciais ao dia a dia;
- Apresenta dificuldades para organizar e planejar;
- Falar em excesso ou responder sem ouvir a pergunta;
- Dificuldade em esperar sua vez;
- Mexer com as mãos, sair do lugar, não parar quieto;
- Dificuldade em brincar de maneira tranquila e calma.

2.1 TDAH COMO TRATAMENTO

A medicalização tornou-se comum justamente por ser o meio mais rápido e simples
para o tratamento.
A primeira descrição adotada para o transtorno foi em 1902, pelo pediatra inglês
George Still, apresentou alguns casos clínicos das crianças com hiperatividade e alguns
comportamentos não explicados no ambiente escolar.
Nos anos 70, após o reconhecimento de falta de controle de impulsos e do componente
do déficit de atenção, o nome foi dado ao transtorno.
Não existem exames que comprovam a existência do TDAH, mas é consensada
medicina a existência do transtorno.
Vários cientistas concordam que o TDAH parece uma doença com origem de causas
genéticas e ambientais
A medicação é fundamental no tratamento quando houver prejuízo funcional. Na área
de medicamentos o remédio mais utilizado e o mais conhecido é a Ritalina com efeitos
rápidos e duração de até 8 horas no organismo.
Nos últimos anos, o número de casos de uso de Ritalina na infância aumentou no
Brasil.
A psicoterapia que é indicada para o tratamento do TDAH chama -se Terapia Cognitivo
Comportamental que no Brasil é uma atribuição exclusiva de psicólogos. Não existe
nenhuma forma até agora de psicoterapia que auxiliem nos sintomas de TDAH.
O tratamento com fonoaudiólogo está recomendado em casos com Transtorno de
Leitura (Dislexia) e Transtorno de Expressão Escrita (Disortografia)

2.2 RITALINA E SEU CRESCENTE CONSUMO

O consumo da Ritalina no Brasil é grande, o Brasil é o segundo maior consumidor de


Ritalina no mundo. Em três anos, o consumo da Ritalina, princípio ativo teve um
aumento de 73,5% entre crianças e jovens de 6 a 16 anos, segundo a Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa). A justificativa para o uso da Ritalina, para os pais seria
uma” tábua de Salvação”, melhorar a concentração, diminuir o cansaço e acumular
mais informações sem menos tempo, esse uso abusivo seria potencializar as atividades
mentais, aumentar a concentração e compensar a privação do sono.
A Ritalina é um calmante, um espartilho químico e atua tornando as crianças “zumbis”.
A medicação pode ter de imediato, um ganho de efeitos, mas os efeitos secundários ao
longo prazo podem ser terríveis e catastróficos no desenvolvimento cerebral.
Werner aborda em seu livro, Saúde & Educação (2005), apontando os mesmos como
fatores que geram a medicalização escolar de muitas crianças, onde a família acaba
aceitando muitas vezes, por não interagir com os filhos em casa e na escola, por não se
preocuparem ou achar que a responsabilidade é toda da escola.

2.3 A RELAÇÃO SOCIAL ENTRE FAMILIA E ESCOLA

A escola é tida como o ambiente capaz de resolver problemas sociais e psicológicos da


criança.
Muitas crianças são encaminhadas para os serviços de saúde para que se detecte
algum problema, que muitas vezes são comuns de acordo com a faixa etária. Muitas
das crianças encaminhadas aos serviços de saúde, já chegam com um diagnóstico e
encaminhamento para a saúde, serve apenas para confirmar por meios sofisticados,
algo que não existe.
Os professores tem que ter um olhar sensível para os sintomas do TDAH, tem que
estar bem informado para que não caiam no erro de “diagnosticar” precocemente os
alunos. O professor tem que avaliar e perceber se a desatenção e falta de estimulo em
sala de aula, o professor tem que trazer estímulos como, conteúdos interessantes de
diferentes formatos que vão chamar a atenção das crianças. A família tem sido
apontada como parte fundamental do sucesso ou fracasso escolar da criança com
TDAH, a família e a escola devem fazer parte de qualquer trabalho educativo da
criança.
Fazer uma avaliação diagnóstica, portanto, não é suficiente apenas conhecer em que a
patologia a criança com TDAH foi enquadrada, mas com ela se ope e vem
desenvolvendo o longo da vida, qual o significado dos sintomas em sua família, com a
escola entende e acolhe as manifestações da criança e, finalmente, se a família e a
escola estão mobilizadas para amenizar as queixas que são frequentes.
(ANDRADE,2000)

3 CONCLUSÃO

O TDAH é um transtorno que cada vez mais envolve instituições educacionais e


médicas em estudos e pesquisas com o objetivo de entender e esclarecer
comportamentos e atitudes.
O processo de medicalização não nos ajuda a avançar nas resoluções dos problemas
da relação ensino-aprendizagem, fracasso escolar e das relações sociais de maneira
geral.
Os altos números de efeitos colaterais relacionados a questões psicológicas podem
servir de alerta para os profissionais da educação e para a família.
Apesar escamoteia “determinantes políticos, isentando de responsabilidades o sistema
social vigente” (COLLARES E MOYSES 1992)
A medicalização deveria ser tida como a última alternativa, e não como a primeira e
principal. Como a medicalização das crianças, percebe-se a falta de informação da
família.
É importante que o professor e a escola tenham pelo menos uma noção básica sobre o
TDAH, sobre a manifestação dos sintomas, e as consequências em sala de aula.
Realizar este trabalho, para esse pesquisador foi garantir, no mínimo, informações,
conhecimentos, sentimento de realização e de um olhar, à criança com TDAH, de
maneira mais globalizada. Após mais de 10 anos de luta aprovada no Brasil, no dia 30
de novembro de 2021 a Lei 14.254, que garante os direitos da criança com TDAH.
Entender essa lei é uma grande oportunidade de adquirir os direitos da criança e
garantir que todas as necessidades especificas dela sejam atendidas.
Como identificar precoce do transtorno, encaminhar a criança para diagnostico, apoio
educacional na rede de ensino e apoio terapêutico especializado na rede de saúde.

4 REFERÊNCIAS

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http://www.tdah.org.br/> acesso em: 08/07/2021
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