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Instituto Federal de Goiás

Curso Técnico em Química

CADERNO DE AULAS EXPERIMENTAIS DE BOAS PRÁTICAS DE


FABRICAÇÃO E ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE
CONTROLE

Prof. Dra. Vanessa Carneiro Leite

Goiânia, 2020
CURSO TÉCNICO DE QUÍMICA

CADERNO DE AULAS EXPERIMENTAIS DE BOAS PRÁTICAS DE


FABRICAÇÃO E ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE
CONTROLE

ACADÊMICO:__________________________________________________TURMA
__________________________ HORÁRIO____________________

Dados da Ficha Catalográfica


ÍNDICE

PÁGINA

Apresentação
O caderno de laboratório
Aula 1: Introdução e apresentação do material de laboratório
Aula 2: Técnicas de trabalho com medidas volumétricas
Aula 3: Produção de aromatizadores de ambiente
Aula 4: Produção de perfume
Aula 5: Produção de desinfetante
Aula 6: Produção de água sanitária
Aula 7: Preparação de tintura fitoterápica
Aula 8: Produção de creme hidratante
Aula 9: Lipídeos em chocolate
Aula 10: Vinho - acidez total
Aula 11: Carnes: análise sensorial, prova de cocção e prova para nitritos
Atividade 1: Introdução e apresentação do material de laboratório
Anexo 1: Relatório de ensaio de estabilidade acelerada
Apresentação

A disciplina de Boas Práticas de Fabricação e Análise de Perigos e Pontos Críticos


de Controle pretende aperfeiçoar profissionais para trabalhar em laboratório de diversas
indústrias no controle de qualidade (CQ) de matérias-primas, embalagens e produtos
acabados, além de testes de novas formulações e ensaios de lote piloto, em escala de
bancada. O CQ compreende um conjunto de atividades realizadas por técnicos ou
químicos treinados, destinadas a assegurar que os ensaios sejam executados e que o
material disponibilizado para venda cumpra as especificações pré-estabelecidas de
acordo com a legislação vigente.
Nesta apostila, apresentaremos as orientações necessárias e alguns experimentos que
possibilitam conhecimentos relativos à produção e o controle de qualidade de alguns
produtos como por exemplo: desinfetantes, aromatizadores de ambiente, perfumes, e
outros, contribuindo para a formação técnica e crítica do futuro profissional Técnico em
Química.
O caderno de laboratório
O Caderno de Laboratório deve conter todo o registro das atividades efetuadas
no laboratório, numa linguagem direta e resumida, mas de forma COMPLETA. Estas
anotações devem ser realizadas, na maior parte, durante a própria aula. Os preparativos
pré-laboratoriais devem ser feitos antes da realização do experimento, enquanto as
discussões e conclusões podem ser registradas depois. Entretanto os dados e
observações devem ser anotados durante a própria aula, para evitar que se percam
informações armazenadas de memória. Seguindo este procedimento, economiza-se
tempo e trabalho. Para um bom registro de informações, são dadas as seguintes
recomendações:

 Iniciar sempre o registro com o número do experimento (ou da aula) e a data.


Em seguida anote o título e faça um breve resumo do que será feito durante a
aula, contendo os objetivos e os procedimentos. Eventualmente, dependendo do
que for ser realizado, o procedimento poderá ser melhor descrito através de um
fluxograma, principalmente quando envolver várias etapas. Nesta fase está
incluída também a construção de tabelas para anotações dos dados
experimentais. Faça para cada experimento o fluxograma (segundo modelo
abaixo).
 As anotações dos dados e das observações devem ser individuais. Os registros
devem ser feitos à tinta, e as eventuais retificações não deverão ocultar as
anotações incorretas. Não é raro haver ocasiões em que certos dados, que foram
considerados errados num momento, revelam-se valiosos numa etapa
subsequente.
 Num ambiente profissional exige-se que tudo o que for realizado no laboratório
seja devidamente documentado, para possibilitar uma eventual auditoria. Por
este motivo o caderno não pode ter páginas adicionadas ou suprimidas, as
anotações não devem ser passados a limpo e quaisquer alterações devem ficar
visíveis. Procure acostumar-se a fazer anotações de forma apropriada desde
cedo.
 A análise dos dados, suas discussões e as conclusões tiradas são partes
importantes do trabalho experimental. Nesta fase estão incluídos os cálculos, a
construção de gráficos e as avaliações comparativas de dados obtidos pelas
equipes. Desta análise são obtidas conclusões que respondem aos
questionamentos iniciais.
Todo trabalho experimental tem como origem uma pergunta e, para a sua
finalização, deve-se elaborar uma conclusão em que se analisa criticamente se
foi possível obter a respectiva resposta. A conclusão deve estar registrado no
Caderno e, por se constituir no encerramento da aula prática, deve ser dada
especial importância.

Após finalização do experimento (fase pós-laboratório) e relatório


Finalizado o experimento e com todos os materiais limpos e guardados, é a
oportunidade de iniciar a “Tarefa pós-laboratório” do roteiro. Esta tarefa é constituída
por questões que o auxiliará na interpretação dos dados coletados. A tarefa pós-
laboratório deverá ser feita antes da próxima aula no Caderno de Laboratório, pois será
cobrada pelo professor.

Elaboração de fluxograma de experimento


Antes de entrar no laboratório para desenvolver qualquer trabalho, um bom
químico deve saber exatamente quais procedimentos deverão ser seguidos. Portanto
para que uma atividade experimental seja bem sucedida é necessário que se faça um
bom planejamento. Uma das formas de facilitar a interpretação de um roteiro de
experimento é 6unsen6s6m-lo de forma diagramática como em um fluxograma. A
seguir estão descritos os símbolos comumente utilizados para a montagem de
fluxogramas.

a) Os nomes, fórmulas e quantidades dos materiais iniciais (reagentes) são inscritos em


um retângulo colocado no começo do diagrama. A partir da base do retângulo traça-se
uma linha vertical que chega até a fase operacional seguinte:

10 mL de Na2SO4
0,050 mol L-1

b) A adição de um reagente aos materiais iniciais é indicada por meio de uma flecha
perpendicular à linha vertical que une as duas fases do processo:

5 mL de BaCl2 0,10 mol L-1

c) Indica-se a retirada de uma porção da mistura de reação com uma flecha que parte da
linha vertical. A porção separada ficará entre duas linhas horizontais paralelas:

1 mL de solução

d) As operações realizadas na mistura de reação que não impliquem em separação de


componentes devem ser representadas pela interrupção da linha vertical, por duas linhas
horizontais paralelas. A 6unsen6s6 da operação fica compreendida no espaço entre as
duas linhas:
Agitar bem Medir
temperatura

e) Uma operação que implique na separação dos componentes da mistura é indicada


traçando-se uma linha horizontal no fim da linha vertical. O nome da operação é escrito
entre parênteses, debaixo da linha horizontal. Os produtos resultantes de uma separação
são encerrados em retângulos, os quais são unidos por linhas verticais às extremidades
da linha horizontal:

(Filtração) (Evaporação)
Filtrado Resíduo Vapor Resíduo

f) Os produtos resultantes de qualquer operação também são fechados em retângulos:

Gás Precipitado

Exemplo de Fluxograma

10 mL de Na2SO4
0,050 mol L-1

5 mL de BaCl2 0,10 mol L-1

Agitar com bastão

(Filtração)
Filtrado Resíduo 1

Pesar

Alíquota de
0,5 mL
(Evaporação) 2 gotas de AgNO3
Vapor d'água Resíduo 2 0,01 mol L-1
Observar
Referência Bibliográfica
CHEMICAL BOND APPROACH PROJECT. Química CBA – Sistemas Químicos,
Vol.1. São Paulo: EDART Livraria Editora, 1969, p. 266-267.
Aula 1: Introdução e apresentação do material de laboratório

Objetivos
1. Conhecer as normas de trabalho em laboratório;
2. Identificar os aparelhos volumétricos e sua utilização;
3. Treinar o manuseio com os aparelhos volumétricos;
4. Desenvolver um método de trabalho que possibilite a eficiência nos
experimentos.
Nas aulas práticas de Bioquímica, o discente deverá se comprometer em
respeitar as regras gerais de segurança evitando possíveis acidentes em laboratório.
Acidentes que ocorrem 9unsen9s9mente em virtude da pressa excessiva na obtenção de
resultados e principalmente na falta de atenção a sua volta.
De forma resumida, apresentamos algumas das principais normas de segurança
pessoal:

Vestuário Apropriado Vestuário NÃO RECOMENDADO

1. Avental de mangas compridas, longos 1. Bermuda ou short.


até os joelhos, com fios de algodão na 2. Sandália, Chinelo, Sapatilha estilo
composição do tecido. “Moleca”, Sapato aberto.
2. Calça comprida de tecido não 3. Uso de braceletes, correntes ou outros
inteiramente sintético. adereços.
3. Sapato fechado, de couro ou 4. Avental de naylon ou 100% poliéster.
assemelhado.
4. Óculos de segurança.
5. Luvas

HÁBITOS INDIVIDUAIS
Não Faça no Laboratório
1. Fumar
2. Comer
3. Correr
4. Beber
5. Sentar ou debruçar na bancada
6. Sentar no chão
7. Não use cabelo comprido solto
8. Não (ou evite) trabalhar solitário no laboratório
9. Não manuseie sólidos e líquidos desconhecidos apenas por curiosidade
10. Aprenda a manusear a chama do bico de Bunsen
11. Inalar ou ingerir produtos químicos do laboratório.

ATITUDES INDIVIDUAIS

- Descarte adequadamente os sólidos e líquidos;

- Nunca dirija a abertura de tubos de ensaio ou frascos para si ou para outrem durante o
aquecimento;

- Não deixe sem o aviso “cuidado material aquecido”, equipamento ou vidraria que
tenha sido removida de sua fonte de aquecimento, ainda quente e deixado repousar em
lugar que possa ser tocado inadvertidamente;

- Não utilize “chama exposta” em locais onde esteja ocorrendo manuseio de solventes
voláteis, tais como éteres, acetona, metanol, etanol, etc;

- Não aqueça fora das capelas, substâncias que gerem vapores tóxicos;
- Ao diluir ácidos ou bases fortes em água, adicione sempre os mesmos sobre uma
porção de água (nunca o contrário) mexendo devagar;

- Atenda as orientações do professor e em caso de acidente o avise imediatamente;

- Sempre que estiver com dúvidas, pergunte ao professor antes de prosseguir para outra
etapa do experimento.

Vidrarias e equipamentos usuais em laboratórios de


bioquímica.

A execução de qualquer experimento na Química envolve geralmente a


utilização de uma variedade de equipamentos de laboratório com finalidades
específicas. O objetivo desta aula é apresentar materiais utilizados rotineiramente em
um laboratório e introduzir algumas técnicas específicas de medida de volume. A seguir
são apresentadas algumas vidrarias e equipamentos que serão utilizados nas aulas
práticas:
Boas Práticas Laboratoriais
As vidrarias de Laboratório, em geral são constituídas de vidro
borossilicato, que é uma mistura sintética de SiO 2 com baixo teor de
Na2O e adicionado cerca de 12% de óxido de boro (B2O3).

Apresenta:

 Resistência
química
 Térmica
 Tolera mudanças bruscas de temperatura (superior ao vidro comum)

Operações com vidrarias

Por que os vidros quebram?

 Defeito de fabricação;
 Choque térmico;
 Fadiga seguida de choque térmico;
 Riscos (vidraria riscada)
 Impacto mecânico;
 Tensão em montagens de aparelhos
Por que acidentes acontecem?

- Falta de organização;

- Uso incorreto de equipamentos ou reagentes;

- Estocagem e transporte inadequados de produtos químicos;

- Uso de vidrarias defeituosas;

- Desconhecimento ou negligência das técnicas corretas de trabalho;

- Trabalhos realizados por pessoa não habilitada na técnica;

- Não observância das normas de segurança;

- Utilização incorreta ou não uso de Equipamentos de proteção coletiva


(EPC) e Equipamento de proteção Individual (EPI);

EM ANEXO EXISTE A ATIVIDADE 1 PARA SER REALIZADA.


AULA 2: TÉCNICAS DE TRABALHO COM MEDIDAS
VOLUMÉTRICAS
AULA 3: PRODUÇÃO DE AROMATIZADORES DE AMBIENTE

1. INTRODUÇÃO

Os aromas que fazem parte dos aromatizadores de ambiente vão além de


perfumes para ambientes, eles trazem também a sensação de bem estar, harmonia e
frescor. Além disso, os aromas nos remetem a lembranças ou sensações.
Cada vez mais em alta, os aromatizadores de ambiente tornaram-se uma ótima
opção para quem deseja criar uma identidade e tornar um ambiente mais agradável.
Atualmente, grifes e especialistas em decoração optam pelos aromatizadores para dar o
toque final aos seus produtos. Borrifar uma essência agradável e refrescante em casa, no
escritório ou no carro nestes dias de calor pode tornar o ambiente mais ameno, tranquilo
e até mesmo requintado, dependendo dos aromas, a escolha da essência usada depende
do seu estilo e humor.

2. MATERIAIS

- Béqueres de 500 mL
- Bastão de vidro
- Provetas de 50 mL
- Pipetas de 5 mL

3. PROCEDIMENTO

Nome QUANTIDADE
Fase Nome Técnico Função % (p/p)
Comercial 100 g

Cloreto Quatercap
Bactericida 0,5
Benzalcônico 80% DM 80

Nonilfenol
RENEX 150 Emulsionante 0,5
A etoxilado 15,0 OE

Essência Perfumar 15,0

Álcool etílico
ETANOL Veículo 45,0
extra-neutro

B EDTA Tetrasódico EDTA-4Na Sequestrante 0,05


Água Veículo qsp

Corante Colorir qsp

Preparação:

1. Misture os componentes da Fase A.


2. Misture os componentes da Fase B.
3. Adicione a Fase A sobre a Fase B com agitação constante até total
homogeneização.

Especificações Técnicas do Produto:

Aspecto: Líquido: _______________pH sol. 10% - ___________

Atividades:

1. Explique o que vem a ser Marketing olfativo e como isso se relaciona ao seu
cotidiano.
2. Pesquise cada matéria-prima utilizada segundo as normas de segurança
presente na FISPQ.
3. Que tipo de indústria pode produzir aromatizadores de ambiente segundo a
Vigilância Sanitária?
4. Explique como as Boas Práticas de Fabricação podem atuar na qualidade de
produção dos aromatizadores de ambiente.
AULA 4: PRODUÇÃO DE PERFUME

1. INTRODUÇÃO

A palavra perfume vêm do latim “Perfumus”, onde Per significa através e Fumus
significa fumaça, perfume significa “através da fumaça”. O termo “Perfumus” sugere
que as fragrâncias foram originariamente oferecidas como presentes aos deuses. É
possível que as fragrâncias tenham substituído aos poucos os sacrifícios dos animais, à
medida que a humanidade se tornava mais civilizada (GUERRA, 2002).
A origem do perfume remonta a antiguidade onde substâncias aromáticas eram
utilizadas em rituais religiosos, mas as composições dos produtos aromáticos utilizados
no passado não são conhecidas. Enquanto que a criação de composição aromática era
ocupação de sacerdotes na antiguidade, desenvolveu-se, a partir da Grécia clássica, a
carreira do perfumista como criador de fragrâncias. Ao perfumista cabe, aplicando a sua
capacidade criativa, desenvolver odores e perfumes que despertam sensações,
lembranças e sentimentos (WOLFGANG, 1992). O perfume é capaz de revelar a
personalidade das pessoas, bem como influenciar no comportamento e no estado de
espírito. Além de perfumar o corpo, trabalha as emoções, como memórias que são
ativadas pelo odor, trazendo diversos sentimentos. Nesse contexto, a indústria de
perfumes marca presença no mercado, pois todos querem estar perfumados para
qualquer tipo de ocasião, e hoje o perfume está acessível a qualquer classe social,
diferentemente do início da perfumaria (YOSHIMURA, 2008).
A indústria de cosméticos é um dos setores da economia que vem crescendo nos
últimos anos e nunca o mercado consumidor de cosméticos e perfumes foi tão dinâmico
e exigente. Todos os dias surgem novos produtos com novas fragrâncias, muitos deles,
no entanto, saem de circulação com a mesma rapidez com que entram. Uma das
características desta indústria é a necessidade contínua de pesquisas em toda a cadeia
produtiva e a introdução de inovações em suas linhas de produto para garantir satisfação
e qualidade ao consumidor. Segundo Balay (2008), nos cosméticos a fragrância deve ser
vista como parte integrante da formulação, exigindo um rigoroso controle da qualidade
dos produtos cosméticos, que elevou sua excelência. A manutenção da sua integridade
olfativa e a estabilidade química e físico-química do produto no decorrer do tempo vem
sendo uma preocupação cada vez maior dos perfumistas. Para a autora, a estabilidade da
fragrância numa determinada base depende de vários fatores, entre eles, dos
constituintes do perfume e da base das reações entre os constituintes presentes e de
fatores externos. No entanto, é comum que as causas de instabilidade numa certa base
sejam desconhecidas e é necessário um estudo mais detalhado, cujos resultados serão
específicos para aquele perfume nesta base. Como consequência da instabilidade tem a
modificação das propriedades físicas do produto final e alteração olfativa. Para obter
resultados confiáveis num espaço de tempo curto, padronizam-se os testes de
estabilidade e alguns procedimentos comuns a todos os tipos de produtos. Para a
ANVISA (2003), o cosmético é um produto de livre acesso ao consumidor, devendo ser
seguro nas condições normais. A busca dessa segurança deve incorporar
permanentemente o avanço do estado da arte da ciência cosmética, assim o controle de
qualidade se torna necessário nas indústrias de cosméticos. O controle de qualidade é o
conjunto de atividades destinadas a verificar e assegurar que os ensaios necessários e
relevantes sejam executados e que o material não seja disponibilizado para uso e venda
até que o mesmo cumpra com a qualidade preestabelecida. O controle de qualidade de
cosméticos compreende a avaliação das propriedades físico-químicas como pH,
viscosidade, densidade, teor de ativos, a avaliação microbiológica e avaliação
organoléptica (cor, aspecto, sabor, sensação de tato), dentre outras análises (ANVISA,
2007).
A valorização de um produto é destacada, inicialmente, em relação à sua
aparência, mas tem sua aprovação no mercado, principalmente em função da segurança
e eficácia quando do seu uso. Portanto, o estudo da estabilidade dentro do contexto de
avaliação da qualidade do produto, torna-se primordial para garantir a integridade das
propriedades físicas, químicas e olfativas, durante seu prazo de validade. Segundo a
ANVISA (2003), o teste de estabilidade é considerado um procedimento preditivo,
baseado em dados obtidos de formulações armazenadas em condições que visam
acelerar alterações passíveis de ocorrer nas condições reais de mercado. Nesse sentido, é
importante conhecer as propriedades físicas dos componentes da fragrância e dos
componentes da base utilizada na formulação, escolhendo matérias-primas compatíveis
entre si. Nos dias atuais, um perfume pode ser definido como sendo uma solução
alcoólica contendo de 15 a 30% de óleos essenciais ou fragrâncias. A fragrância é uma
composição de diversas matérias-primas, elaborada através de um talento criativo de um
perfumista (GUERRA, 2002).
As composições aromáticas são formadas por matérias-primas contendo grupos
funcionais como cetonas, aldeídos, ésteres, amidas e alcenos (SCHUELLER e
ROMANOWSKI, 2005). A estabilidade das composições aromáticas pode ser
influenciada por fatores extrínsecos, tais como: tempo, temperatura, luz, umidade,
oxigênio e vibração e os intrínsecos, relacionados à própria natureza das formulações,
como interações entre componentes da fórmula e até com o material de
acondicionamento, que podem interferir na estabilidade do produto. As alterações
podem ser de aspecto, cor e odor, valor de pH, densidade e de viscosidade, teor de
componentes e de conservantes, entre outros (RIBEIRO, 2001).
O perfume apresenta três fases perceptíveis de acordo com a sua evaporação. A
Figura 1 apresenta a estrutura da fragrância de acordo com a pirâmide olfativa. As notas
de saída ou cabeça são representadas por notas cítricas, florais e frutais. As de corpo ou
“coração do perfume” por notas florais, amadeiradas, frutais e balsâmicas. As notas de
fundo por notas amadeiradas, almiscaradas e abaunilhadas. São as notas de fundo que
garantem ao perfume o seu poder de fixação. Sabe-se que fixação não é sinônimo de
qualidade, existem bons perfumes que não são duradouros e perfumes de longa duração
pouco agradáveis, porém é melhor uma satisfação em poucas horas do que muitas de
algo enjoativo (L’ATELIER PARFUMS, 2008).

Figura 1: Estrutura da fragrância de acordo com a pirâmide olfativa.


Fonte: GIVAUDAN, 2006
As principais matérias-primas utilizadas na produção de perfumes são: álcool,
água, fragrância, corante e fixador. A água destinada a produção de perfumes deve ser
destilada ou deionizada para evitar impurezas que podem turvar o perfume
(SOBRINHO, 1987) e diminuir a agressividade do álcool, favorecendo a hidratação da
pele (L’ATELIER PARFUMS, 2008).
Para Sobrinho (1987), o álcool é o veículo usado para solubilizar a essência, e o
mais adequado é o álcool de cereais ou extra-neutro hidratado. Os corantes fazem a
coloração do perfume, sendo utilizados, de preferência, na forma de soluções alcoólicas
de corantes. Os fixadores são usados nas composições com a finalidade de fixar as
substâncias dos perfumes, podendo ser de animais (tintura de castóre, civeta, almíscar,
musc, etc) vegetais (tinturas de mirra, íris, bálsamo, etc) ou artificiais (ácido benzoico,
cinamato de etila, salicilato de benzila, e outros). A fragrância deve proporcionar
alegrias, por isso é necessário conhecer os clientes, não na individualidade, mas na
coletividade, por exemplo, para os brasileiros os cheiros que trazem felicidade são os de
talco e de lavanda, com isso basta colocar um pouco destas fragrâncias no perfume que
irá trazer esta sensação (L’ATELIER PARFUMS, 2008).
As concentrações usuais das fragrâncias utilizadas pelos europeus, americanos e
brasileiros mudam conforme mostra a Tabela 1.

Européias Americanas Brasileiras


Perfumes 18 – 24% 18 – 30% 10 – 12%
Eau de Toilette 12 -18% 12 – 20% 5 – 7%
Colônia - 4 – 8% 2,5 – 5%
Splash Col. 2 – 4% 2 – 5% 1,5 – 2,5%
Tabela 1: Concentrações de fragrâncias européias, americanas e brasileiras.

Para Schueller e Romanowski (2005), as composições aromáticas são formadas


por matérias-primas contendo grupos funcionais como cetonas, aldeídos, ésteres,
amidas e alcenos, a realização do teste de estabilidade é importante na determinação da
integridade da formulação e compatibilidade com os demais componentes e materiais de
acondicionamento. A estabilidade pode ser afetada pela mudança de aparência do
produto devido às fragrâncias utilizadas, fazendo com que o produto muitas vezes
apresente alterações das características organolépticas (aspecto, cor e odor), valores de
viscosidade e pH.
Nas formulações cosméticas, os testes de estabilidade são importantes para
garantir sua qualidade, fornecendo informações confiáveis que auxiliam na
determinação do prazo de validade do produto desenvolvido, orientando no
desenvolvimento de fórmulas, selecionando matérias-primas e materiais de
acondicionamento. Neste sentido, o presente estudo realizou teste de estabilidade em
composições aromáticas, que possibilitou a determinação da integridade da formulação
e avaliação da compatibilidade com os demais componentes e materiais de
acondicionamento.

2. MATERIAIS

- Béqueres de 500 mL
- Bastão de vidro
- Provetas de 50 mL
- Pipetas de 5 mL
- PH-metro padronizado

3. PROCEDIMENTO

FASE Nome técnico Função % (p/p)


Propilenoglicol solubilizante 5,0
A Composição aromática Perfumar 15,0
Álcool extra-neutro Veículo 75,0
B
C Água Veículo 5,0

Preparação:

1. Adicione e misture os componentes da A num recipiente adequado.

2. Posteriormente misture a Fase A na Fase B com agitação constante.

3. Adicione a água no final sob leve agitação.

3. Coloque o produto em embalagem escura de preferência e deixe por 8 dias em


maceração alternada em congelador (24 horas dentro do congelador, 24 horas fora do
congelador). Ao colocar no congelador deixe a tampa do frasco levemente aberta para
deixar escapar os vapores de álcool, e quando retirar o frasco do congelador feche-o.
Dica: algumas essências precisam de uma quantidade maior de propilenoglicol por
serem mais concentradas, por isso pode ser utilizado uma quantidade maior caso a
mistura apresente-se turva.

OBS: A maceração é um período em que a essência se estabiliza no álcool, podendo ou não


apresentar pequenas quantidades de precipitado no fundo do recipiente, nesse caso é necessário
filtrar. O processo de maceração pode variar de essência para essência, podendo ficar 30 dias
direto no escuro, na ausência da luz para evitar a decomposição da essência e consequentemente
a alteração do aroma.

Referências Bibliográficas

Avaliação da estabilidade de composições aromáticas – Revisão e aplicação prática.


Tese disponível em: www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9139/tde.../Cap3.pdf. Acesso
em 21 de set. 2010.
BALAY, M.L. Teste de Estabilidade de Perfumes. Firmenich & Cia. Ltda., Cotia SP,
Brasil, 2008.
BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia de controle
de qualidade de produtos cosméticos. 1.ed. Brasília: Anvisa, 2007.
BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia para
avaliação de segurança de produtos cosméticos. 1.ed. Brasília: Anvisa, 2003.
BRASIL, AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Guia de
estabilidade de produtos cosméticos. 1.ed. Brasília: Anvisa, 2004.
GUERRA, C. E. Proposta e Análise de uma Metodologia para Avaliação do
Desempenho Técnico de Perfumes. Campinas, 2002. Dissertação de Mestrado –
Faculdade de Engenharia Mecânica – Universidade Estadual de Campinas.
IACONA, P. Procedimento para estudo da estabilidade de fragrâncias. Givaudan, 2000.
L’OFFICIEL. Guia de Perfumes. Duetto, 2010.
L’ATELIER PARFUMS. Apostila “Mini-curso técnico-científico em fragrâncias” –
oferecido pelo CRF-GO, 2008.
RIBEIRO, A.M. Desenvolvimento de produtos cosméticos: teste de estabilidade. São
Paulo: ANVISA, 2001. n.p. [Apostila].
SCHUELLER, R.; ROMANOWSKI, P. A essência das composições aromáticas.
Cosmetics & Toiletries, v.17, n.6, p.50-55, 2005.
SOBRINHO, J.A. Como fazer perfumes. Revisão técnica de Diamantino Fernandes
Trindade e Cláudio de Deus. Editora Tecnoprint S.A., 1987.
YOSHIMURA, B. A fascinante história do perfume. Aromalife Aromaterapia e Banhos,
2008. Disponível em: <http://delas.ig.com.br/materias/185001-
185500/185289/185289_1.html> Acesso em: 17 Mar 2011.
WOLFGANG, B. Genealogia dos Perfumes, Haarmann & Reimer Ltda., São Paulo,
1992.
Atividades:

1. Explique a pirâmide olfativa e como ela influencia a escolha de um


perfume.
2. Explique como se processa a “sensação do odor” pelo sistema olfativo.
3. Em se tratando de controle de qualidade, quais cuidados são necessários na
preparação do perfume.
4. O perfume é um produto grau de risco 1 ou 2? Explique cada um.
5. Realize a avaliação do controle de qualidade a partir da “Estabilidade
Acelerada” utilizando o Anexo 1.
AULA 5: PRODUÇÃO DE DESINFETANTE

1. INTRODUÇÃO

Conforme Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 14 de 28 de fevereiro de


2007, da ANVISA/MS, desinfetante de uso geral é um produto com ação
antimicrobiana (que mata todos os microrganismos patogênicos, mas não
necessariamente todas as formas microbianas esporuladas) de uso doméstico,
institucional (hospitais, repartições públicas, universidades) ou industrial, destinados a
serem aplicados em objetos, superfícies inanimadas e ambientes.
O agente biocida mais utilizado nas formulações de desinfetantes é o cloreto de
benzalcônio que é um sal orgânico (quaternário de amônio) solúvel em água. Os
quaternários de amônio atuam na membrana celular do microrganismo por apresentar
uma membrana lipoprotéica com cargas negativas em sua superfície. Devido à carga
positiva presente no nitrogênio, o sal quaternário de amônio interage eletricamente com
a membrana do microrganismo, e o grupamento alquila, devido a sua grande afinidade
pela camada lipídica da membrana externa, aumenta a sua permeabilidade, ocorrendo
perda de material intracelular. Posteriormente ocorre a degradação das proteínas e
ácidos nucléicos e a quebra da parede celular, provocando a desorganização estrutural e
a perda da integridade da membrana citoplasmática nas bactérias, levando à
incapacidade de duplicação das mesmas.
Outro componente bastante utilizado nas formulações de desinfetantes é o
nonilfenol etoxilado. Este é um tensoativo não-iônico obtido da reação do nonilfenol
com óxido de eteno conforme mostra a reação 04, resultando em uma molécula, que
dependendo do grau de etoxilação (n), apresenta diferentes propriedades físico-
químicas.

C9H19 OH + n[CH2CH2O] C9H19 O(CH2CH2O)nH

Figura 1: Reação de produção do tensoativo nonilfenol etoxilado.

Os produtos normalmente utilizados apresentam em média 9,5 moles de óxido


de eteno por molécula (n = 9,5). Esta linha de tensoativo é a que apresenta as melhores
propriedades de umectação, detergência, emulsificante e solubilizante dentre o grupo
dos tensoativos etoxilados.

2. MATERIAIS

- Béqueres de 500 mL
- Bastão de vidro
- Provetas de 50 mL
- Pipetas de 5 mL
- PH-metro padronizado
3. METODOLOGIA

Fase Nome Técnico Nome Função % (p/p) QUANTIDADE


Comercial 200 g
A Cloreto Quatercap Bactericida 1,25
Benzalcônico 80% DM 80
Nonilfenol RENEX 150 Emulsionante 0,5
etoxilado 15,0 OE
Essência* Perfumar 1,0
B EDTA Tetrasódico EDTA-4Na Sequestrante 0,05
Água deionizada Veículo 97,20
*Essência: fornecedor Crecência.

Preparação Recomendada:

1. Misture os componentes da Fase A.


2. Misture os componentes da Fase B.
3. Adicione a Fase A sobre a Fase B com agitação constante até total
homogeneização.

Especificações Técnicas do Produto:

Aspecto: Líquido Transparente

pH sol. 10% - 10,5 a 11,5

Teor de Matéria ativa Bactericida: 1,0%

Observação: no desinfetante pode ser adicionado corante em quantidade suficiente


para colorir (qsp).

Atividades:

1. Como a qualidade da produção de desinfetantes pode influenciar na


contaminação hospitalar.
2. Explique a faixa de pH necessária para o desinfetante.
3. Faça uma redação com o tema “Os desafios da saúde pública no Brasil”.
4. Pesquise outros tipos de bactericida especificando a ação de cada um.
5. Muitos desinfetantes são produzidos com alguns apelos de marketing,
como por exemplo, a adição de brancol (opacificante) e pigmentos fortes.
Explique como essas matérias-primas podem modificar o produto final.
AULA 6: PRODUÇÃO DE ÁGUA SANITÁRIA

1. INTRODUÇÃO

É comum a dúvida de definições entre Cloro, Hipoclorito de Sódio e Água


Sanitária. Tal confusão acontece até com pessoas ligadas à indústria de cloro-soda. O
Cloro é obtido por meio da eletrólise (decomposição de substâncias por eletricidade) da
solução de Cloreto de Sódio (sal comum) e água. Sua forma inicial é de gás, mas após
ser comprimido a baixa temperatura, transforma-se em um líquido claro de cor âmbar. E
é nesta forma que chega às estações de tratamento de água e às indústrias, que o
utilizam como matéria-prima para o branqueamento de celulose, fabricação de PVC e
de produtos para o tratamento de piscinas. O cloro é também utilizado como matéria-
prima na produção de Cloreto de Hidrogênio, Ácido Clorídrico, Dicloroetano e
Hipoclorito de Sódio.
O Hipoclorito de Sódio (“hipo”) é um produto obtido a partir da reação do cloro
com uma solução diluída de soda-cáustica. O produto comercial, utilizado somente pelo
setor industrial – como na fabricação de desinfetantes para indústria de alimentos -, é
uma solução líquida que contém de 10% a 13% de cloro ativo. Uma forma de expressar
a concentração é, por exemplo, “13% de hipoclorito de sódio”, ou ainda dizer, “13% de
cloro ativo”. Isso significa que essa solução tem “força” equivalente a essa quantidade
de cloro. A confusão acontece porque o “hipo” é popularmente conhecido
(erroneamente) como “cloro”. O hipoclorito de sódio, em alta concentração, só é
comercializado no atacado e chega ao consumidor doméstico somente na forma de
Água Sanitária.
A Água Sanitária é uma solução que contém 2.5% de cloro ativo em água.
Assim a dona de casa que usa “Cândida”, “Globo”, ou “Q-Boa”, está utilizando água
sanitária na limpeza de banheiros, desinfecção dos alimentos, limpeza da caixa d´água
etc., e não “cloro”, como costuma-se ouvir. A água sanitária, mesmo sendo diluída,
possui forte poder germicida.
Curiosidade: quando utilizado na desinfecção de água potável, a concentração de
cloro é da ordem de 0.0002%, um percentual 12 mil e 500 vezes menor que seu teor na
água sanitária.
2. MATERIAIS
- Béqueres de 500 mL

- Bastão de vidro

- Provetas de 50 mL

- Pipetas de 5 mL

- PH-metro padronizado

3. METODOLOGIA

Fase Nome Técnico Nome Função % QUANTIDADE


Comercial (p/p) 500 g
A Hipoclorito de Cloro Desinfectante 20,0
sódio
B Carbonato de Barrilha leve Alcalinizante 1,0
sódio
Água deionizada Veículo 79,0

Preparação Recomendada:

1. Misture os componentes da Fase B.


2. Misture os componentes da Fase A sobre a Fase B com agitação constante até
total homogeneização.

Especificações Técnicas do Produto:

Aspecto: Líquido Transparente

Atividades:

6. Explique a função da água sanitária.


7. Entre o desinfetante (conservante cloreto benzalcônio) e a água sanitária
qual apresenta maior eficiência? Por quê?
8. Quais são os cuidados necessários para a manipulação da água sanitária e
do cloro.
9. Qual a função da barrilha leve?
10. A partir do anexo 1, faça a estabilidade acelerada do produto.
AULA 7: PRODUÇÃO DE DETERGENTE LÍQUIDO

1. INTRODUÇÃO

Os detergentes representam uma parcela muito grande na produção de saneantes,


apresentam uma formulação que combina vários produtos, cuja finalidade é facilitar a
remoção das sujeiras. Tanto o conceito, quanto as formulações de detergentes evoluíram
muito com o tempo, de forma que hoje podemos encontrar no mercado produtos
específicos para diversas aplicações.
Atualmente, a tecnologia de formulações combina o uso de tensoativos iônicos,
tensoativos não-iônicos, reforçadores, coadjuvantes, sequestrantes, além de uma
diversidade de corantes e essências, que tornam o produto mais atraente ao consumidor.
Produtos como limpadores perfumados, multiusos e lava-roupas líquido são produtos
que contêm os mesmos princípios ativos (tensoativos) bem como as mesmas formas de
atuação e finalidades dos detergentes. Assim sendo, todos estes produtos serão
abordados nesta seção.
Agentes tensoativos: Tensoativos, ou surfactantes, são os principais
componentes dos detergentes e têm como função principal remover sujidades. São
compostos capazes de reduzir a tensão superficial da água, ou de soluções aquosas,
devido à formação de interações intermoleculares diferentes das interações entre as
moléculas de água. São compostos orgânicos com características polares e apolares. A
parte apolar (hidrófoba) da molécula de tensoativo é composta geralmente por uma
cadeia carbônica de 8 a 18 átomos. Já a parte polar (hidrófila) consiste em um grupo
funcional amplamente variado.
Se aumentar a concentração de um agente tensoativo na água, este tende a se
concentrar, formando agregados esféricos chamados micelas. Essa concentração é
chamada concentração micelar crítica (CMC). Nas micelas, a parte hidrófila fica voltada
para a solução; enquanto a parte hidrófoba, para o centro da mesma, formando assim o
seu núcleo. Os fenômenos de umectação, emulsão e dispersão, que explicam o poder de
limpeza dos tensoativos, são devidos à formação destas micelas. A fase hidrófila das
micelas associa-se às moléculas de água através de pontes de hidrogênio. Já a parte
hidrófoba, associa-se às moléculas de sujeira através de interações de van der Waals.
Existem quatro classes de tensoativos, conforme sua estrutura molecular, e a aplicação
de cada composto abrange uma vasta quantidade de produtos, como xampus,
cosméticos, cremes dentais, entre outros.
Tensoativos aniônicos: possuem como grupo hidrófilo um radical com carga
negativa como –COO-, –SO3 – e –O–SO3 -. Compreende os sabões e detergentes. Os
mais utilizados são o dodecilbenzeno sulfonato de sódio (DBSS, Figura 3 a) e o lauril
éter sulfato de sódio (LESS) figura 3 b.
Figura 2 – Estrutura do a) DBSS e do b) LESS

Tensoativos catiônicos: possuem como grupo hidrófilo um grupo alquila com


carga positiva como –N+Me3, sendo conhecidos como sais quaternários de amônio.
Também podem ser obtidos da piridina, do imidazol e da isoquinolina. Por
apresentarem ação germicida são largamente empregados como desinfetantes. São
também empregados em xampus, condicionadores, hidratantes corporais e amaciantes
de roupas. O principal tensoativo desta classe é o cloreto de alquil dimetil benzil
amônio, ou cloreto de benzalcônio (figura 4).

2. – MATERIAIS

- Béqueres de 500 mL
- Bastão de vidro
- Provetas de 50 mL
- Pipetas de 5 mL
- PH-metro padronizado

3. METODOLOGIA

Fase Nome Técnico Nome Comercial Função % (p/p)

Tensoativo depois da
Linear Alquil Benzeno sulfônico 96% Laripon ABS 96 2,8
Neutralização
A
Hidróxido de Sódio 50% Neutralizante 0,75

Água deionizada Veículo 30,0

Água deionizada Veículo 61,4


(1)
Lauril Éter Sulfato de Sódio 30% Laripon LESS Tensoativo 2,5
B

Cloreto Benzalcônio ou outro


Conservante 0,1
conservante

C Sulfato de Magnésio Espessante 1,2

Corante Colorir qs
D
Essência para Detergente Perfumar qs

Preparação:

1. Adicione os componentes da Fase A em um reator com agitação constante e adequada


até homogeneização.
2. Misture os componentes da Fase B e adicione sobre a Fase A com agitação adequada.
3. Verifique o pH, caso seja necessário ajuste-o.
4. Adicione a Fase C.
5. Adicione a Fase D.

Especificações Técnicas do Produto:

Aspecto: Líquido com média viscosidade


pH sol 10%: 6,0 a 7,0
Viscosidade Copo Ford 4 20oC: 56 s

ATIVIDADES:

1. Qual a diferença do detergente biodegradável e não-biodegradável?


2. Ao substituir o ácido sulfônico por óleo de cozinha reutilizado, qual reação pode
ser observada?
3. Qual a relação das BPF e a produção de detergente na indústria de produtos de
limpeza?
4. “... Não se conhece sua origem, mas é provável que tenha sido descoberta por
acidente quando, ao ferverem gordura animal contaminada com cinzas, nossos
ancestrais perceberam uma espécie de coalho branco flutuando sobre a
mistura...”

Com relação ao sabão, responda as questões abaixo:

I. Observe as estruturas das moléculas abaixo, qual possui ponto de fusão maior, ou seja,
qual será sólida a temperatura ambiente? Explique sua resposta de acordo com a
estrutura das mesmas.
COMPOSTO A

O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH2
O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH
O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH2

COMPOSTO B

O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH2
O
CH3CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH
H H O
C C CH2CH2CH2CH2CH2CH2CH2 C O CH2
CH2
CH2
CH2
CH2
CH2
CH3

II. Explique o esquema abaixo:


H2O H2O
H2O + H2O +
+ + + +
+-- - - +-- - -
- -
+ +
+- - +- -
+ -- -- óleo + -- --
óleo
- - - -
+ + + +
H2O - -H H2O - -H
+ -- - -- + H + -- - -- + H
+ H O + H O

H O H O
AULA 7: PREPARAÇÃO DE TINTURA FITOTERÁPICA

1. INTRODUÇÃO

As tinturas vegetais são preparadas à temperatura ambiente pela ação do


álcool sobre uma erva seca (tintura simples) ou sobre uma mistura de ervas (tintura
composta). São preparadas por solução simples, maceração ou percolação. A tintura
simples corresponde a 1/5 do seu peso em erva seca, quer dizer que 200 g de erva
seca permitem preparar 1.000 g de tintura. Na maioria das vezes se utiliza um álcool
a 60º G.L. Existem algumas exceções, como as tinturas de materiais resinosos como
o tolú, ou drogas ricas em essências ou resinas como boldo, canela, eucalipto,
grindélia, ou ricas em mucilagens como casca de laranja amarga, onde o título do
álcool é de 80º G.L. As drogas muito ativas (40unsen40s), como o acônito e a
beladona são preparadas por percolação com álcool 70º G.L. As tinturas de ópio e
noz-vômica são preparadas por simples dissolução do extrato correspondente em um
álcool a 70º G.L., obtendo-se um título final de aproximadamente 10 % de planta
seca.

2. MATERIAIS

- Pó de camomila, cravo, canela, anis estrelado e agrião.


- Moinho de facas ou grau e pistilo
- Béqueres de 50 e 100 mL
- Bastão de vidro
- Álcool etílico 92%

3. PROCEDIMENTO

Tintura de camomila, cravo, canela, anis estrelado e agrião

Material %p/p
Droga vegetal em pó 20,0
Líquido extrator (álcool 70% ) qsp para 50 mL

I. Prepare o álcool 70% suficiente para cada tintura;


II. No erlenmeyer ou béquer de 50 mL, colocar a droga pesada corretamente.
III. Adicionar o líquido extrator aos poucos e agitar bem até que toda a droga
esteja bem umedecida;
IV. Agitar por cerca de 10 minutos;
V. Etiquetar o frasco e deixar em lugar abrigado da luz até a próxima aula;
VI. Filtrar à vácuo e completar o volume, se necessário, fazendo passar o líquido
extrator pelo resíduo do funil, até completar o volume final (50mL);
VII. Acondicionar em vidro âmbar e etiquetar devidamente.

Atividades:

I. Pesquise sobre as ervas utilizadas na preparação das tinturas preparadas,


colocando a constituição química principal, propriedades farmacológicas e
contra-indicações.
II. Cite e explique duas metodologias de controle de qualidade das matérias-
primas utilizadas neste experimento.
III. Explique a diferença entre tintura simples e tintura mãe.
AULA 8: PRODUÇÃO DE CREME HIDRATANTE

1. INTRODUÇÃO

Conforme o próprio nome indica, os hidratantes para o corpo possuem a função


principal de hidratar, ou seja, reter a água na pele, evitando assim, a sua perda
excessiva. Isso é necessário porque a quantidade de água na pele é maior que a no
ambiente, portanto a sua tendência é evaporar e, além disso, a ação do sabonete
favorece o ressecamento.

2. Materiais

- Béqueres de 500 mL

- Bastão de vidro

- Provetas de 50 mL

- Pipetas de 5 mL

- PH-metro padronizado

4. PROCEDIMENTO

%
Fase Nome Técnico
(p/p)

qsp
Água
A p/100%

Conservantes: metilparabeno e propilparabeno 0,5

B Base hidratante 25,0

C Corante qsp

D Essência 0,5

Preparação:

 Adicione a Fase A num recipiente adequado.


 Adicione os componentes da Fase A na fase B aos poucos e com agitação
constante.
 Após a homogeneização adicione os componentes da fase C e D.

Atividades:

1. Qual a composição química da base de hidratante formulado?


2. Mencione a função de cada componente na formulação.
3. Em se tratando de controle de qualidade, que tipo de tratamento a água
para cosméticos deve sofrer para evitar contaminações?
4. O creme de hidratante com filtro solar se diferencia da formulação do
creme hidratante produzido? Em quais matérias-primas?
AULA 9: LIPÍDEOS EM CHOCOLATE
Atividades:

1. Pesquise sobre o tema “Comer chocolate dá espinhas na adolescência”


2. Qual a diferença do chocolate ao leite e o chocolate amargo?
3. Pesquise sobre a história da produção do chocolate.
4. Cite um método de avaliação da qualidade do chocolate na indústria de
alimentos.
5. Explique a função do sistema de refluxo utilizado na prática acima.
6. Veja o vídeo “Um chocolate por dia pode representar 240 mL de gordura
por mês” e explique como isso pode modificar a qualidade de vida das
pessoas. site: https://globoplay.globo.com/v/2185944/
AULA 10: VINHO - ACIDEZ TOTAL
Atividades:

7. A obtenção de um vinho tinto ou branco depende basicamente de quais matérias-


primas?
8. Explique porque na produção do vinho o ácido acético pode ser um
contaminante indesejável.
9. Quais aspectos sociais, econômicos e políticos cercam a produção de bebida
alcóolica no Brasil?
10. Podemos considerar que a população de baixa renda familiar está mais
vulnerável à utilização de bebida alcóolica? Explique.
11. “Diversas pesquisas, atualmente, apontam para aspectos do meio ambiente que
devem ser considerados para a compreensão dos processos adaptativos dos
indivíduos no curso de suas vidas, que influem diretamente na adoção de
comportamentos que podem levar ao bem-estar e à promoção de saúde”
(MARTINS; SANTOS & PILLON, 2008). Neste sentido, a pesquisa mostra que
a condição de pobreza, ou seja, situação de exclusão social constitui um fator
principal de risco para problemas relacionados ao uso e abuso de bebidas
alcóolicas, dentre outras drogas. A utilização de bebidas alcóolicas para a
recreação vem sendo considerado com uma forma de se atingir o “bem estar” o
que contraria a promoção da saúde segundo especialistas. Discuta essa relação e
como a sociedade pode superar a consciência ingênua diante do consumo de
bebidas alcóolicas.
AULA 11: CARNES: ANÁLISE SENSORIAL, PROVA DE
COCÇÃO E PROVA PARA NITRITOS
Atividades:

1. Leia o texto “CARNE SUÍNA: MITOS E VERDADES" Autor: Luciano Roppa,


Médico Veterinário” e faça uma síntese expondo de forma crítica a sua opinião
com relação ao consumo de carne suína.

Acesso: http://www.abcs.org.br/attachments/099_5.pdf

2. Apresente os resultados em tabelas e gráficos, juntamente com as interpretações.


Atividade 1: Introdução e apresentação do material de
laboratório

1. No caderno de laboratório, desenhe os materiais disponibilizados pelo professor


na bancada e dê a função de cada um.

2. A extração de substâncias químicas – como as que apresentam atividade


farmacológica, obtidas a partir de qualquer material de origem natural, seja ele
vegetal ou animal – envolve diversas operações de laboratório. Nesse sentido,
numere a 2ª coluna de acordo com a 1ª, relacionando as operações de laboratório
com os respectivos equipamentos utilizados.

1. secagem ( ) funil de Büchner


2. filtração a vácuo ( ) proveta
3. destilação ( ) estufa
4. medidas de volume ( ) almofariz e pistilo
de líquidos
5. trituração ( ) condensador
6. filtração

A sequência numérica correta é:


a) 6, 4, 1, 5 e 3
b) 2, 4, 1, 5 e 3
c) 1, 5, 3, 2 e 4
d) 1, 5, 3, 6 e 4
e) 6, 4, 3, 5 e 1

3. Em um laboratório químico trabalha-se com diversos tipos de vidrarias e


materiais. Conforme a operação a ser feita, é indicada uma determinada vidraria.
Escolha a vidraria abaixo que deve ser utilizada para transferir um determinado
volume de uma solução, de um recipiente para outro, de maneira que o volume
transferido seja o mais exato possível:

a) Béquer.
b) Proveta.
c) Pipeta graduada.
d) Erlenmeyer
e) Pipeta volumétrica.

1. O diagrama a seguir representa as etapas de separação de uma mistura


heterogênea, em seus componentes finais.
Com base nestas informações, é correto afirmar que:

a) a fase líquida colorida forma uma mistura azeotrópica.


b) a etapa 1 só pode ser realizada por meio de uma destilação simples.
c) a etapa 2 pode ser realizada utilizando-se um funil de separação.
d) o líquido 2 ferve antes do líquido 1.
e) a etapa 2 pode ser realizada por meio de uma cristalização fracionada

4. Em um laboratório de química o professor solicita aos alunos que façam a relação das
vidrarias e materiais necessários para a realização de uma experiência de dissolução
fracionada, com o objetivo de separar sal e areia de uma mistura heterogênea, para usar
o sal em outra experiência. Assinale a alternativa que contém a relação correta.

a) Água, 2 béqueres, bastão de vidro, funil, papel de filtro, argola de ferro, suporte
metálico, bico de 56unsen, botijão de gás butano, tripé de ferro, fósforo, mufla e
pinça metálica.
b) Água, 2 béqueres, bastão de vidro, funil, papel de filtro, argola de ferro, suporte
metálico, bico de 56unsen, botijão de gás butano, tripé de ferro, fósforo e tela de
amianto.
c) Água, 2 frascos de erlenmeyer, bastão de vidro, funil, argola de ferro, suporte
metálico, chapa aquecedora, tripé de ferro, tela de amianto, garras metálicas e
espátula.
d) Água, 2 béqueres, proveta, espátula, funil, papel de filtro, trompa de vácuo,
argola de ferro, suporte metálico, bico de 56unsen, botijão de gás butano, tripé
de ferro, fósforo e tela de amianto.

5. O modelo abaixo representa processos de mudanças de estado físico para uma


substância pura.
V
IV III

sistema a sistema b sistema c

Certa quantidade de cloreto de sódio (sal de cozinha) foi adicionada ao sistema b,


formando uma mistura líquida homogênea.
A figura que representa o processo de separação dessa mistura é:

a) b) c) d)

6. Observe a figura abaixo de vidrarias, e pesquise a função de cada uma:

04

02 05
01 03

06
07 08 10
09
15
11
12 13
14

20

19
17 18
16

23

22 25
21
24

7. Veja os sistemas abaixo e explique a função de cada um:


Anexo 1: RELATÓRIO DE ENSAIO DE ESTABILIDADE ACELERADA

Produto:

Fabricação:

Validade:

Descrição da Embalagem:

Aspecto do Produto:

Início dos ensaios:

Término dos ensaios:

Análises Temperatura Ambiente Legendas

Dias 0 1 7 15 30 60 90 *Dados Iniciais

Aparência Aparência=

Cor Cor =

Odor Odor =

pH

Densidade Aparência

N = Normal sem alteração

Análises 50 +/- 2°C LS/LP/IT = Levemente separado/

Dias 0 1 7 15 30 60 90 precipitado / turvo

Aparência IS/IP/IT = intensamente separado/

Cor precipitado / turvo

Odor

pH Cor e odor

Densidade N = Normal
LM = Levemente modificado

Análises 5 +/- 2°C M = Modificado

Dias 0 1 7 15 30 60 90 IS = Intensamente Modificado

Aparência

Cor pH:

Odor Densidade:

pH Viscosidade:

Densidade

Método: Guia de Estabilidade de produtos Cosméticos ANVISA.

Conclusão:

Goiânia, ____ de________de 2018.

________________________

Controle de Qualidade

CRF:

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