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JURÍDICAS
CARREIRAS JURÍDICAS
DIREITO INTERNACIONAL
CAPÍTULO 4
Assim, os assuntos de Direito Internacional estão distribuídos da seguinte forma:
CAPÍTULOS
1
SOBRE ESTE CAPÍTULO
2
SUMÁRIO
Capítulo 4 .................................................................................................................................................. 5
3
QUADRO SINÓPTICO ............................................................................................................................ 46
GABARITO ............................................................................................................................................... 74
JURISPRUDÊNCIA................................................................................................................................... 77
4
DIREITO INTERNACIONAL
Capítulo 4
Neste capítulo, iremos tratar sobre as relações internacionais entre os países, dando maior
enfoque aos agentes diplomáticos, cuja atividade é regida pela Convenção de Viena de 1961,
assim como dos funcionários consulares, cuja atividade é regulada pela Convenção de Viena de
1963. Veremos os principais privilégios e imunidades que permeiam estes agentes e suas
estudo. Contudo, para contextualizar, importante se faz explorar o contexto histórico destas
relações, à luz tanto do Direito Internacional, juntamente com o Direito Diplomático, que
Pois bem, como dissemos, no mundo pós-moderno no qual estamos inseridos, as relações
internacionais, em reação à impossibilidade de submissão à força, passam a viver sob uma
convivência organizada entre os sujeitos. Neste contexto, vivendo os entes soberanos numa
dinâmica de cooperação, inevitavelmente se estará diante de situações que exigem uma relação
direta entre estes sujeitos. Não é rara a utilização do termo “diplomacia” em contextos próximos,
5
inclusive numa conversa, quando alguém precisa fazer as vezes de Suíça e estabelecer um ponto
de diálogo entre duas pessoas que não estão conseguindo se entender. Ou até mesmo, sem
que haja a interferência de um terceiro, no qual duas pessoas precisam decidir sobre uma
relação comercial, tentando conciliar os interesses de ambos e mandam seus gerentes para
reunião. Costumamos dizer que nesse momento, faz-se necessário usar da diplomacia para que
A concepção de nosso dia-a-dia não está tão distante do que é estudado tanto pelo Direito
Internacional quanto pelo Direito Diplomático. A diplomacia se insere como um mecanismo
Lembre-se do que falamos no capítulo anterior, que as relações internacionais são regidas
pela lógica política, diante de um contexto em que se precisa conciliar interesses entre pares,
em respeito à horizontalidade; ou até representar uma posição mais firme sobre determinado
deste último país. Observe como são estes sujeitos, que muitas vezes não ouvimos falar, que
coordenam circunstância que mudam totalmente o rumo dos Estados.
O caso brasileiro, em meados do século XVI, também ilustra muito bem no que consiste a
diplomacia. O território de nosso país, em sua formação atual, foi consolidado por meio da
diplomacia, assim como a emancipação política do Brasil. Também podemos citar a figura de
Antonio Teles da Silva, português que aqui residia, que representando a diplomacia brasileira à
6
época, atuou diretamente em prol da independência do Brasil, que não se conquistou somente
jurídico, é permeado por divergências. Mas não se confunda, estamos aqui dizendo que o
vocábulo utilizado é recente, não a diplomacia, posto que esta é muito antiga.
A palavra “diploma”, de origem grega, era aplicada para documentos oficiais que eram
dobrados, tendo a “diplomática” evoluído para ser caracterizada como a ciência que estuda
diplomas, quais sejam, esses documentos oficiais dobrados. Remete-se ainda ao documento
oficial, que pelo seu tamanho, era dobrado e declarava a condição oficial daquele que o portava,
Diplomacia também pode ser utilizada como sinônimo de política exterior, que em muitos
casos, é utilizada fazendo referência ao presidente em exercício, como “política externa de
Trump”. Assim, seria a política adotada por determinado país no âmbito internacional, como seu
modo de proceder, a exemplo da “diplomacia brasileira”. Num outro conceito, se traz a
Por fim, uma das definições mais aceitáveis na contemporaneidade é a de Accioly, que a
define como “a arte de representar os Estados, uns perante os outros, ou o conjunto de regras
7
Explorado brevemente o seu conceito, para este capítulo, utilizaremos um dos sentidos do
termo “diplomacia”, que engloba as funções exercidas pelo diplomata, já que vamos abordar as
previsões das Convenções de Viena de 1961, que veio positivar diversas normas costumeiras
quanto à atuação dos representantes diplomáticos e sanar dúvidas que surgiam em situações
práticas de representação em Estados estrangeiros. Posteriormente trataremos sobre as relações
consulares, de forma a abordar também a Convenção de Viena de 1963. Portanto, fique atento
que tudo que falaremos neste primeiro momento apenas se aplica aos funcionários relacionados
1
Vide questão 4
8
A Missão Diplomática permanente é definida na redação da Convenção como o
que um Estado (acreditante) envia funcionários para lhe representar em outro Estado. E vale o
destaque de que, sendo feito por meio de consentimento mútuo, pode o Estado acreditante
(aquele que recebe) recusar a entrada de funcionários da missão, pois não é obrigado a
receber em seu território qualquer estrangeiro sem a sua anuência.
Motivo pelo qual, observamos que não há envio de missão, sem que haja relações
acreditado (ao qual este agente será enviado) sobre a aceitação do referido funcionário. Esta
prática de consulta intitula-se de agrément 2
ou agréation.3 Fique atento ao termo, que
assemelha-se a um acordo, que costuma ser cobrado com esta nomenclatura.4 Assim, pode o
Estado acreditado
A eventual recusa, embora não necessite de motivos para efeitos legais, normalmente é
dada em virtude de algum atrito entre os países, podendo ainda o Estado acreditado se utilizar
do recurso de declaração de persona non grata, visando o não recebimento dos representantes
Fato que já abordamos, o Direito Internacional, por não possuir um núcleo central do qual
emanam as normas que serão aplicadas, vive constantemente num movimento de busca por
codificação, embora não precise necessariamente de tal formalidade para se impor. Assim,
2
Vide questão 4
3
Vide questão 2
4
Vide questão 6
9
considerando que tais elaborações necessitam da participação dos entes soberanos, é comum
Entre 2 de março e 14 de abril de 1961, foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre
anos antes. Embora o texto trouxesse vários pontos que já eram aplicados devido costume
internacional sobre a matéria, o principal ponto a ser votado pelos Estados era a determinação
das prerrogativas diplomáticas. Sobre a temática, o que se observou de modo geral, foi uma
quase unanimidade na apreciação das mesmas, debruçando-se portanto sobre a abrangência
No texto final, foi aprovada a redação que reflete a influência da necessidade funcional
e do caráter representativo dos agentes para que estes gozem de imunidade. Veremos cada
um destes pontos mais à frente. Mas de antemão, preste bem atenção nestes conceitos, pois
versam sobre a necessidade de condições para que os agentes possam de fato representar seus
Estados, assim como, em determinadas situações, será exigido que tal ato esteja relacionado
com as funções desempenhadas pelo agente em questão. Dessa forma, observe que há uma
10
Por fim, após deliberações, com poucas alterações em relação ao projeto original, foi
aprovada a Convenção de Viena de 1961, que codifica o Direito Diplomático, importante capítulo
também, obviamente, para o Direito Internacional. Tendo o Brasil participado da Conferência,
Convenções de Viena (ambas ratificadas pelo Brasil) as quais versam sobre relações diplomáticas,
contudo, qual a diferença delas e quais são importantes para o nosso estudo? Bem, você já
deve ter entendido que estamos focando bastante na questão dos privilégios e imunidades que
são conferidos aos Estados (capítulo anterior) e aqui aos agentes que representam os Estados
acreditantes.
A importância disto repousa na aplicação, no caso concreto, da lei brasileira, assim como a
necessidade de regulação da presença de um Estado estrangeiro em nosso país, implicando nas
Portanto, ambas as Convenções visam estimular uma relação amistosa entre os países e
garantir que os agentes aqui presentes possam desempenhar suas funções como uma extensão
do Estado acreditante, necessário que a este sejam garantidas as condições necessárias para
uma atuação eficiente, sem contudo, ofender princípios do Estado acreditado.
Dessa forma, é importante que você compreenda que a primeira, Convenção de Viena de
1961 versa sobre as relações diplomáticas, enquanto que a Convenção de Viena de 1963 versa
sobre as relações consulares.5 Assim, o diplomata atua representando seu Estado de origem em
exemplo da tentativa de importação ou exportação de bens. Para nós, essa diferenciação parece
um pouco incomum, posto que no Brasil, assim como em outros países, houve a unificação da
5
Vide questão 4
6
Vide questão 4
11
carreira. No Brasil, as carreiras diplomática e consular têm seu ingresso mediante submissão ao
Curso Preparatório do Instituto Rio Branco. Assim, após concluído tal curso, o agente está apto
a desempenhar ambas as funções.
Como saber então quais os privilégios que estes agentes gozam em sua representação?
Cuidado para não pensar que seria um somatório dos privilégios e imunidades das Convenções.
Para estes casos, a aplicação dependerá da exata função desempenhada.
Como vimos, há uma diferença clara entre a atividade consular e diplomática, em países em
que a carreira é unificada como no Brasil, quando o agente estiver agindo como agente
diplomático, em assuntos de Estado, a este será aplicada a Convenção de Viena de 1961;
enquanto que ao atuar como cônsul, em situações de interesse privado, será abrangido apenas
pela Convenção de Viena de 1963 e de suas respectivas imunidades e prerrogativas.
13. Definições
A Convenção inicia seu texto inovando com algumas definições em busca de delimitação
não apenas dos termos a serem utilizados, mas principalmente para que se deixe bem claro
quem são os beneficiários a que se aplicam os privilégios mencionados no texto. Importante
situações de cortesia.
7
Vide questão 6
12
II) Membros da Missão: inclui tanto o Chefe da Missão, quanto os demais membros da
respectiva Missão. Podendo-se ainda acrescentar que um membro de missão é aquela
pessoa autorizada pelo Estado acreditante a executar funções diplomáticas da Missão.
III) Membros do pessoal da Missão: inclui membros do pessoal diplomático,
administrativo e técnico e ainda o pessoal do serviço da Missão. Em outras palavras,
são os membros da missão, excluindo-se o Chefe da Missão.
IV) Membros do pessoal diplomático: são aqueles membros da Missão que tiverem a
qualidade de diplomata.
V) Agente diplomático: é o Chefe da Missão ou um membro do pessoal diplomático
da missão. Refere-se aos diplomatas, na maioria dos países, funcionários de carreira.
VI) Membros do pessoal administrativo e técnico: são aqueles membros do pessoal da
Missão que estão empregados, por óbvio, no serviço administrativo e técnico da
Missão. Exemplos desses membros são os arquivistas, secretários do embaixador ou
de outros membros da Missão, que são pessoas que lidam com documentos e
informações altamente confidenciais, sendo necessário assim, que também tenha
garantida a inviolabilidade e imunidade de jurisdição penal.
VII) Membros do pessoal de serviço: são aqueles membros do pessoal empregados no
serviço doméstico da Missão. O intuito desta nomenclatura era a de diferenciar estes
do pessoal do administrativo e técnico da Missão.
VIII) “Criado particular”: pessoa que desempenha serviço doméstico de um membro da
missão que não seja empregado do Estado acreditante.8 Aqui é interessante
observar que as definições trazidas pela Convenção apontam para uma semelhança,
na prática entre estes e os membros do pessoal de serviço, posto que ambos
desempenham serviço doméstico. A diferença, contudo, está no contrato de trabalho.
Estes empregados particulares, termo mais adequado, são pagos diretamente pelo
membro do pessoal diplomático, administrativo, técnico ou até do pessoal de serviço,
para quem o serviço é prestado; enquanto que o pessoal de serviço é pago pelo
Estado, sendo destes empregados.
8
Vide questão 7
13
IX) Locais da Missão: conceito importante, principalmente para quando formos discutir
sobre a extraterritorialidade. Consiste nos edifícios ou partes dos edifícios, terrenos
anexos, utilizados para as finalidades da Missão, inclusive a residência do Chefe da
Missão.9 Observe que não importa quem seja proprietário do imóvel, requer-se
apenas que neste seja desempenhada atividade ligada à finalidade da Missão. Por
abranger também a residência do Chefe da Missão, é a lógica por traz da não
incidência de impostos de ambos os imóveis
Convenção, é necessário para tanto que haja uma autorização expressa do Estado acreditado
que se observa é uma dificuldade de limitação das funções diplomáticas que possam ser
exercidas. A doutrina, contudo, as resume em quatro palavras, oriundas também do texto da
9
Vide questão 3
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empenhar em prol de manter as melhores relações possíveis, pois suas falhas, assim
como seus erros, refletem no seu Estado. É interessante notar a responsabilidade que
este carrega em todas as suas aparições, declarações e relações no Estado acreditado.
II) Proteger no Estado acreditado os interesses do Estado acreditante e de seus
nacionais dentro dos limites permitidos pelo Direito Internacional: oriunda da
obrigação anterior, esta impõe um limite à atuação da defesa dos interesses de seu
Estado, considerando erros ocorridos no passado que culminaram, por exemplo com
o bombardeamento em 1902 de três cidades venezuelanas por unidades navais da
Alemanha, Grã-Bretanha e Itália em virtude de cobrança de dívidas. Os interesses
mencionados são tanto do respectivo Estado quanto das pessoas e dos bens de seus
nacionais.
Quanto à proteção dos nacionais, estas são exercidas tanto pelas Missões
Diplomáticas quanto pelas Repartições Consulares, visando a proteção em dois
aspectos: contra dano propriamente dito ocasionado ou não pelas autoridades locais;
e quanto à assistência geral, como a facilitação da estada dos cidadãos. Há assim,
uma harmonia entre os poderes exercidos em relação a esse estrangeiro, do Estado
acreditado e do Estado acreditante. Consiste na proteção diplomática, abrangendo
também a representação jurisdicional internacional.
III) Negociar com o Governo do Estado acreditado: também representa uma das
funções mais importantes a ser desempenhada pelo diplomata, exigindo deste certas
qualidades, como emanar responsabilidade com o compromisso em questão, a
persistência, entre outros, sendo, muitas vezes exigido também o devido
conhecimento sobre o tema objeto da negociação. Significa dizer que o representante
diplomático fala em nome do Estado, seja causando boas impressões, ou ruins. É bem
verdade que nem todos conseguem desempenhar bem a função, podendo versar
sobre um tratado, acordo comercial, algum problema que envolve dois Estados, mas
também podendo envolver problemas corriqueiros.
IV) Inteirar-se por todos os meios lícitos das condições existentes, e da evolução dos
acontecimentos no Estado acreditado e informar a esse respeito o Governo do
Estado acreditante: relaciona-se com as funções de observação e de informação
atribuídas ao representante diplomático, devendo este estar atento e informar seu
governo sobre acontecimentos do Estado acreditado, não somente assuntos de
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ordem internacional, mas também sobre matérias nacionais, como políticas adotadas.
Podendo também informar seu governo sobre inovações, projetos que possam ser
reproduzidos em seu país, a exemplo de práticas agrícola, industrial, social, militar,
etc.
V) Promover relações amistosas e desenvolver as relações econômicas, culturais e
científicas entre os Estados acreditante o Estado acreditado: Trata-se de uma
decorrência da função representativa, pois deve o diplomata cultivar um bom
relacionamento entre os Estados envolvidos, de forma que tenha-se um terreno fértil
para um intercâmbio entre os mesmos, seja de ordem turística, social, econômica ou
qualquer outra matéria de cooperação entre os mesmos.
Há sim a regra, aqui referida, sobre a impossibilidade de se adentrar o local sem autorização
do Chefe de Missão, contudo, esta decorre da inviolabilidade do local da Missão,10 condição
10
Vide questão 3
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atributo do Estado acreditante. Dessa forma, autoridades locais não podem adentrar em locais
Tal prerrogativa deve ser respeitada não somente pelo Estado acreditado, mas por qualquer
outro Estado. Para ilustrar, vejamos o caso em que os Estados Unidos, em 1999 na capital da
ex-Ioguslávia, numa ação militar de cunho humanitário acabou bombardeando a Embaixada
chinesa no processo. Reconheceu os Estados Unidos a sua responsabilidade pelos danos
causados à Embaixada chinesa, oferecendo reparação por meio de pedido formal de desculpas,
além de uma indenização milionária.
Assim, agentes do Estado acreditado não podem penetrar os locais da Missão sem o
consentimento do Chefe da Missão. Sobre tal tema, já comentamos no capítulo anterior sobre
o cumprimento de um mandado de penhora contra a Embaixada de Portugal. O mesmo caso
serve para ilustrar também que não apenas os locais da Missão, mas também seu mobiliário e
demais bens nele situados, além dos meios de transportes da Missão, não podem ser objeto
de busca, requisição, embargo ou qualquer medida de execução.
Vimos que, em respeito à soberania dos Estados, não pode um Estado ser submetido à jurisdição
de outro, posto que não há hierarquia entre estes. A cobrança de impostos e taxas, direcionada
aos “súditos” de um Estado são fruto de uma relação de superioridade que aquele Estado guarda
em relação aos indivíduos. Sendo assim, é possível a cobrança de taxas e impostos à
O título do tópico já denuncia a resposta, mas utilizemos a lógica para a compreensão deste
tema. A Missão diplomática representa o Estado acreditante, sendo assim, submetê-los a essas
obrigações não seria diferente de submeter o Estado à jurisdição estatal. Dessa forma, o Estado
acreditante não deve pagar impostos e taxas cobrados diretamente pelas autoridades
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de Viena de 1961. Contudo, há algumas circunstâncias para esta isenção que devem ser
pontuadas.
e taxas oriundos de serviços específicos que tenham sido prestadas. Excetua a regra da isenção
fiscal, os serviços prestados por empresas particulares, a exemplo de serviços de água e esgoto,
imóvel. O projeto inicialmente apresentado requeria, para a concessão da isenção, que o Estado
acreditante fosse deste proprietário, entendendo assim que em caso de ser deste apenas
locatário, sob o imóvel continuaria sendo aplicada a obrigação de pagar impostos e taxas.
Contudo, alguns pontos levantados por Estados durante a deliberação ressaltaram que se
perderia o objetivo, pois os Estados que não adquirem o imóvel para se instalar e acabam por
alugá-lo costumam são os mais pobres. Sendo assim, não aplicar a regra de isenção no caso de
aluguel, faria com que o proprietário do imóvel aumentasse o aluguel visando cobrar tais
da Missão, seja ele de propriedade do Estado acreditante ou ocupado por meio de locação.
A exceção do artigo se refere aos serviços prestados de forma específica, os quais não são
abrangidos pela referia isenção fiscal, visando assim resguardar a contratação do Estado
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cobrado, sendo uma prática dos países isentar tal pagamento, desde que a isenção se dê de
forma recíproca.
Ainda ressalta o artigo o que já pontuamos no início, para que não se confunda as isenções
do artigo 23 com aquelas isenções fiscais que são de ordem pessoal, concedidas ao Chefe de
Missão previstas no artigo 34 da mesma norma. O artigo presente versa sobre benesses
concedidas aos Estados. Sendo assim, não haveria, a princípio, que se falar em isenção fiscal
para imóvel adquirido pelo Chefe de Missão, agindo como particular. Neste aspecto, reforça-se
exatamente o que discutimos em capítulo anterior. Lembre-se que a corrente internacional em
relação aos privilégios e imunidades concedidas aos Estados não mais aceita o viés absoluto.
Só há que se falar em isenções (privilégios) quando estes são necessários para a atividade de
Fique bem atento para a ressalta feita pela legislação brasileira, que prevê a isenção de
taxas de águas e esgoto desde que os imóveis sejam de propriedade do Estado acreditante.
Assim, ressaltando que a benesse é concedida ao Estado e não à pessoa do Chefe da Missão,
reforçando que eventual imóvel que esteja em seu nome ou de terceiro não receberá o mesmo
19
17. Inviolabilidade de arquivos e documentos
Considerada por alguns autores, uma disposição desnecessária, posto que possui artigo
próprio, sua importância pode ser levantada no momento de sanar algumas eventuais dúvidas
que outros artigos da mesma Convenção tenham deixado além de ressaltar a independência
missão, incluindo seus bens. Poderia-se, a partir desta disposição, abranger por meio da
inviolabilidade de local da Missão e de seus bens, incluir seus arquivos e documentos, já que
normalmente estes estão localizados na Embaixada, no entanto, essa suposição seria insuficiente
Estamos falando de uma inviolabilidade de arquivos e documentos que deve ser entendida
de forma autônoma em relação às demais inviolabilidades e de forma absoluta. Tenha
especial atenção neste aspecto, pois, diferentemente de tantos pontos estudados em nossa área,
este é, de fato, absoluto, sem exceções. Os arquivos e documentos da Missão devem ser
regra. Outro ponto também que poderia confundir numa prova seria a nomenclatura. Na ocasião
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da Conferência, quando os Estados discutiam alguns pontos do projeto, debateu-se sobre a
mais diversos assuntos, sem falar em arquivos como mapas, planejamentos, de produção dos
próprios agentes, que não correspondam a correspondências. Se adotada a nomenclatura
sugerida, de apenas “correspondência” corria-se o risco de dar proteção a apenas alguns
documentos.
Sendo assim, a definição “documentos” abrange não apenas correspondência, mas todos
os arquivos e documentos de uso interno, a exemplo de memorandos e estudos. Abrange o
termo, também, suportes de dados eletrônicos ou digitais da missão, como computadores, CD-
ROM, cartões de memória e outros de mesma natureza. Houve também uma ponderação quanto
Mas pense no risco que isso poderia ocasionar. Significaria dar margem para que o Estado
acreditado pudesse discutir sobre o conteúdo de determinado documento como sigiloso ou
não para lhe dar acesso ao respectivo. Sendo assim, em regra, entende-se que todos os
documentos da Missão devem ser entendidos como sigilosos.
Discutiu-se também sobre a necessidade de que tais documentos possuíssem “sinais oficiais
visíveis”, quando se debatia sobre o trânsito dos referidos documentos. Porque, pensemos – foi
o que levantaram alguns países como Estados Unidos – quando um destes documentos estiver
sendo deslocado, por exemplo, para outro escritório da embaixada e não estiverem devidamente
independe do local em que estejam os documentos, ressaltando inclusive que é de praxe que
os Estados estrangeiros, ao deslocar documentos de Missão, o façam com a devida cautela.
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A última questão discutida refere ao termo “em qualquer momento”, atribuindo à
se ausentar e os documentos não mais estejam sob a proteção da missão. Neste ponto que se
ressalta a importância da independência desta inviolabilidade em relação às demais. Como não
Além dos privilégios concedidos diretamente à Missão, ainda em nome desta, são
momento em que a pessoa designada entre no território do Estado acreditado para iniciar
as funções oficiais ou, se encontrando em território deste, a partir do momento em que sua
pode se encerrar por diversos motivos, visto que estão diretamente vinculadas com as relações
mantidas entre os Estados em questão. Assim pode ocorrer, por exemplo, caso estes entrem em
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Cientes dos diversos motivos que podem encerrar as relações diplomáticas entre os Estados,
a exemplo da declaração de persona non grata, como ocorreu recentemente no Brasil em relação
à embaixada Venezuelana pelo não reconhecimento do governo Maduro; ainda pode o agente
ser demitido, se aposentar ou até falecer. Diante das várias possibilidades, a Convenção prevê
que, com o encerramento das atividades oficiais, os privilégios e imunidades cessam no
momento em que o beneficiário deixar o país ou depois do fim de prazo que lhe tenha sido
dado para se dirigir ao seu país, desde que o tempo seja razoável. Esse respeito ao tempo de
saída, pelo motivo que for, não é afastado mesmo em situações anormais, como guerra
declarada ou mudança de regime.
Como veremos, os privilégios e imunidades de um agente são estendidos para a sua família,
sendo assim, o respeito a um prazo razoável para retirada aplica-se tanto para o oficial e como
para a sua família. Contudo, diante de falecimento do beneficiário original, ou seja, aquele cuja
função justifica a incidência dos privilégios e imunidades, a família deste continua gozando dos
mesmos, desde que não sejam nacionais do Estado acreditado, até o fim de um prazo razoável
que seja dado para deixar o território do Estado acreditado.
Neste tópico, nos voltaremos para as proteções que a Convenção de Viena de 1961 confere
aos agentes diplomáticos. Antes de qualquer coisa, pontuamos para que você retorne e reveja
quem seriam estes indivíduos para que compreenda bem a quem se aplicam tais proteções.
Ressaltando as disposições previstas no artigo 37 da mesma norma internacional que confere
Consiste num privilégio básico das relações diplomáticas, do qual derivam os outros
privilégios, que trataremos mais à frente. Desde a antiguidade, já era conferido aos enviados de
Dispõe a Convenção que o agente diplomático é inviolável, não podendo assim ser
submetido a nenhuma forma de detenção ou prisão. Ainda segundo tal dispositivo, aliando-
23
se com a dinâmica que sempre repetimos, o Estado acreditado tem o dever de garantir que
essa inviolabilidade nunca seja desrespeitada, devendo assim, impedir qualquer ofensa à sua
pessoa, liberdade ou dignidade.
diplomático.
Assim, temos que a inviolabilidade do agente diplomático visa proteger sua integridade e
dignidade, entre outros pontos, trazendo um aspecto de ação negativa ou abstenção para o
dispositivo, à medida que não se pode agir; e, ao fim, exige que o Estado acreditado adote
medidas adequadas para impedir ofensas à inviolabilidade, atribuindo assim um aspecto de
considerações por aqui. No entanto, lembremos que a Convenção estudada é de 1961, mais de
50 anos atrás, cabendo assim refletir sobre seu impacto no cenário internacional. Sobre este
aspecto específico, quanto à proteção do agente diplomático, cabe pontuar que anos depois, a
regra prevista passou da eficácia, para a insuficiência diante de alguns fatos.
Entre 1968 e 1983, registrou-se 381 assassinatos de diplomatas e 824 feridos em ataques
decorrentes do desempenho de suas funções (dados de 2012). A Embaixada dos Estados Unidos
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no Teerã foi tomada, o que chegou a ser tratado no filme Argo. Em Bogotá, a Embaixada da
internacionais, visando coibir estas práticas, travando uma “guerra” contra o terrorismo no
mundo, exigindo-se penas adequadas e práticas de prevenção de crimes desta natureza.
Além destes episódios, depois do atentado às Torres Gêmeas em 2001, quando se inicia a
“Guerra ao Terror” liderada pelos Estados Unidos, abre-se espaço para um novo capítulo na
que os Estados atuem para a garantia da proteção do agente diplomático de forma adequada,
dentro do contexto de ameaças a esses agentes.
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Desde 2019, o governo brasileiro, em decorrência do não reconhecimento do governo
Maduro, notificou a representação diplomática da Venezuela a deixar o país. Em maio
de 2020, o ultimato dado pelo Brasil foi “suspenso” pelo STF, como vimos. Contudo, em
setembro do mesmo ano, o Itamaraty comunicou ao corpo diplomático, consular e
administrativo da Venezuela que não eram mais bem-vindos no país, possuindo assim o
status de persona non grata.
Persona non grata: Direito conferido pela Convenção de Viena de 1961 de notificar um
Estado acreditante de que o Chefe da Missão ou qualquer membro do pessoal
diplomático da Missão é persona non grata, que consiste em não mais receber a pessoa
em questão no território, ou seja, que não é mais bem-vinda. A exemplo de mudança
das circunstâncias, como o governo Maduro, ou diante de uma declaração de diplomata
alemão, por exemplo, que implique em ofensa à imagem brasileira. Para tanto, o Estado
acreditado não precisa justificar sua decisão11, devendo apenas fazer a notificação, como
ocorreu com a Venezuela aqui no Brasil. 12
Quando falamos sobre a inviolabilidade dos locais de Missão, mencionamos também que
esta abrangia a residência do Chefe da Missão. Sendo assim, aqui não apenas reforçamos esse
aspecto, que recebeu dupla proteção pela Convenção, mas também trazendo o artigo 30 do
mesmo texto que inclui a residência dos demais membros do pessoal diplomático da Missão.
Sendo assim, a residência do Chefe da Missão, bem como as residências dos demais
membros do pessoal diplomática da Missão gozam de inviolabilidade. Significa dizer que o
local em que vivem esses sujeitos é protegido, podendo ser este um quarto de hotel, uma casa
ou um apartamento.
11
Vide questão 4
12
Vide questão 5
26
tal proteção decorrente somente da inviolabilidade da residência, mas uma proteção
independente.
Neste aspecto, cabe uma ressalva. O artigo utiliza a expressão “residência particular do agente
diplomático”, que não deve ser interpretada de outra forma diferente de “local em que vive”,
como mencionamos sobre a possibilidade deste ser um quarto de hotel, podendo o mesmo ser
utilizado, por exemplo, para abrigar um perseguido político que lhe peça abrigo.
exercício funcional, prevê, a Convenção de Viena, imunidade de jurisdição civil e penal para
esses agentes nos Estados em que estejam acreditados. Devemos analisar cada ponto com
cautela. Neste tópico, dedique especial atenção, pois tem grande potencial de cobrança, já que
seja da Missão, dos locais de Missão, juntamente com a inviolabilidade pessoal do Agente
diplomático. A inviolabilidade direciona-se às autoridades administrativas do Estado, enquanto
que a imunidade aqui discutida empreende restrições diretas ao Judiciário, limitando o alcance
a jurisdição brasileira.
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inviolabilidade de documentos e arquivos, esta imunidade é absoluta, não perdendo tal caráter
diante da possibilidade de renúncia à imunidade por parte do Estado acreditante.
Importante destacar que esta imunidade não significa impunidade. Assim como
ressaltamos ao falar de imunidade de jurisdição dos Estados estrangeiros, implica apenas em
dizer que a jurisdição do Estado acreditado não é o local adequado para buscar a
responsabilização.
Este ponto foi especialmente debatido pelos Estados, diante da necessidade de se incluir
onde este agente poderia ser responsabilizado. Tendo estes optado por silenciar e deixar o
dispositivo restrito apenas ao impedimento de submissão do agente à jurisdição do Estado
acreditado, fica a cargo de cada Estado determinar como se dará a responsabilização do agente
diplomático que tenha cometido crime no exterior, o qual não está imune à jurisdição do
Estado acreditante, conforme previsão expressa da Convenção.13
No caso do Brasil, o Código Penal juntamente com o Código de Processo Penal, se ocupam
em prever a submissão do referido crime à jurisdição brasileira já fixando o juízo competente.
Contudo, esta previsão não é uma regra entre demais países. Sendo assim, há autores que a
classificam como soft law, pois a norma, por si só, não é capaz de criar obrigatoriedade legal
de punição do agente diplomático em seu Estado de origem. Entende-se que desta não está
imune, mas não necessariamente pune a referida conduta. Há o que podemos chamar de
obrigação moral dos Estados em harmonizar sua legislação, tal qual o Brasil, em buscar de
garantir que a responsabilização do agente ocorra em algum lugar.
A imunidade, por absoluta, acrescenta que se aplica “quaisquer que sejam os delitos”,
contudo, deve-se fazer a leitura compreendendo que estes delitos referem-se àqueles puníveis
pelo direito interno do Estado acreditado, até por uma questão lógica de alcance de jurisdição.
Pensemos. Não seria sequer possível discutir sobre a aplicação à crimes que já não estejam sob
o alcance da jurisdição brasileira, por exemplo. Assim, a imunidade fica limitada, embora
absoluta, aos crimes de alcance desta mesma jurisdição.
13
Vide questão 11
28
Dentro desta imunidade em matéria penal, é importante refletir sobre os crimes de
competência do Tribunal Penal Internacional, criado pelo Estatuto de Roma, o qual trataremos
em capítulo futuro, mas para elucidar a imunidade do agente é importante pontuar brevemente
sobre este tribunal. Já discutimos sobre normas de jus cogens e a proteção internacional que
lhes é conferida. Sendo assim, seria uma violação ao Direito Internacional permitir imunidade
absoluta a quem quer que seja quando se tratar de normas de jus cogens, visto que estas
jurisdição do tribunal em relação ao indivíduo. A previsão foi criada buscando impedir que
crimes contra a humanidade e outros de mesma natureza não fiquem impunes em decorrência
de uma proteção estatal conferida a um de seus representantes. Por fim, lembre-se que embora
Internacional.
Sendo assim, o dispositivo prevê imunidade civil e administrativa ao agente mesmo que a
situação não tenha qualquer relação com o exercício diplomático, no entanto, prevê três
hipóteses em que tal imunidade não se aplica. Para os casos em que há um prejuízo causado
29
Convenção que afirma que o Estado acreditante deve renunciar à imunidade nestes casos
quando isto for possível sem afetar o exercício das funções da Missão; não sendo possível tal
renúncia, o Estado acreditante deve se empenhar em buscar uma solução amistosa para a
situação.
Observe que embora estejamos tratando de uma norma de Direito Internacional, ainda
estamos em um cenário de articulação política, assim, em nome da manutenção de boas relações
Um ponto comum de controvérsias até pela recorrência diz respeito às infrações de trânsito
cometidas por agentes diplomáticos. No Brasil, o CONTRAN, por meio de resolução, passou a
Quanto à imunidade de matéria cível, a Convenção prevê três exceções para a sua aplicação,
vejamos cada uma delas.
a) Uma ação real sobre imóvel situado no território do Estado acreditado, salvo se o
Agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditante para os fins da
Missão:14 Este dispositivo, por ser uma norma internacional, inclui a hipótese em que o
14
Vide questão 1
30
Chefe de Missão adquira um imóvel em virtude da Missão, para tornar esta última
possível. Há alguns Estados que não permitem que Estados estrangeiros adquiram a
propriedade de um imóvel em seu território, sendo assim, necessário se faz que a
propriedade adquirida pelo Chefe da Missão. Assim, quando o Chefe de Missão adquirir
a propriedade em decorrência da necessidade para a Missão, esta exceção não se aplica.
Em virtude da negação repetida, vamos reiterar. Caso o Chefe de Missão adquira a
propriedade de um imóvel para os fins da Missão diplomática, possui o Chefe da
Missão, em relação a este imóvel, imunidade de jurisdição em matéria civil.
No Brasil, diferentemente de outros países, há a possibilidade de que Estados estrangeiros
adquiram imóveis para serem utilizados como sede de representantes diplomáticos ou
de agentes consulares.
Sendo assim, caso o Chefe de Missão adquira imóvel em seu nome e deste decorra
litígio, pode o agente configurar no polo passivo da demanda, desde que não o tenha
adquirido em benefício do Estado estrangeiro para atividade diplomática.
b) Uma ação sucessória na qual o Agente diplomático figure, a título privado e não em
nome do Estado, como executor testamentário, administrador, herdeiro ou legatário :
15
Este ponto é controvertido a depender do Estado em que se esteja discutindo, em
decorrência da compatibilidade com a legislação interna. Pois, em face de um caso
concreto, não poderia um tribunal julgar a demanda caso todas as partes não estejam
submetidas à sua jurisdição.
Portanto, o dispositivo visa solucionar o cenário em que figura o Agente diplomático
como parte na demanda sucessória. Sem a referida exceção, tinham-se que se o Agente
diplomático quiser contestar uma sucessão iniciada em território do Estado acreditado, o
deverá fazer nos termos do artigo 32, que dispõe sobre a iniciativa de uma ação pelo
agente diplomático, ocasião em que se submete voluntariamente à jurisdição do Estado
acreditado.
Em caso contrário, se houvesse contestação da sucessão e o diplomata, por meio do
Estado acreditante, se recusasse a renunciar de sua imunidade, os terceiros envolvidos
não teriam aonde recorrer. Assim, devido à natureza da demanda, observa-se que não
15
Vide questão 7
31
tem qualquer relação com a atividade diplomática, motivo pelo qual a Convenção
expressa a exceção em que não se aplica a imunidade.16
c) Uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial exercida pelo
Agente diplomático, no Estado acreditado, fora de suas funções oficiais: Embora haja
previsão expressa na mesma Convenção (art. 42) de que ao Agente diplomático é vedado
o exercício de outra atividade alheia ao exercício da representação diplomática, pode
vir a ocorrer que o mesmo a desempenhe ou um membro de sua família o faça, causando
assim prejuízo a um terceiro. Neste caso, o Estado acreditado poderá considerar o
diplomata persona non grata, mas isso não resolve a situação do terceiro prejudicado.
Motivo pelo qual este dispositivo prevê a exceção à imunidade de jurisdição em busca
de proteção de terceiro que seja atingido pelo exercício de atividade diferente da
representação diplomática.
16
Vide questão 12
17
Vide questão 3
18
Vide questão 1
32
18.4. Imunidade fiscal
a) Impostos indiretos que estejam incluídos no preço das mercadorias ou dos serviços;19
b) Impostos e taxas sobre bens imóveis privados, que estejam no território do Estado
acreditado, excetuando-se a hipótese em que o agente o tenha adquirido para os fins
da Missão.
c) Os direitos de sucessão percebidos pelo Estado acreditado;
d) Impostos e taxas sobre rendimentos privados que tenham a sua origem no Estado
acreditado e os impostos sobre o capital, referente a investimentos em empresas
comerciais no Estado acreditado
e) Os impostos e taxas cobrados por serviços específicos prestados (como água, esgoto,
iluminação pública) em países em que estes serviços são prestados por empresas
particulares.
f) Os direitos de registro, de hipoteca, custas judiciais e imposto de selo relativos a bens
imóveis.
Ressaltando que aquilo que têm incidência direta não poderá ser cobrado do agente, mas
as cobranças indiretas, como mercadorias com imposto implícito, incidirão normalmente.
Decorrente da imunidade dos Estados, aquilo que diz respeito a uso oficial ou em função da
Missão estará livre de encargos.
acabamos de discutir, tenha em mente que estamos falando sobre a possibilidade excepcionais
em que se afasta a imunidade.
19
Vide questão 7
33
Primeiramente, a Convenção confere ao Agente diplomático a imunidade contra qualquer
medida de execução, excetuando-se as hipóteses acima destacadas (ação real sobre imóvel
privado; ação sucessória e ação referente ao desempenho de atividade alheia à diplomacia) as
Assim, nas hipóteses em que for possível a submissão do agente diplomático à jurisdição
do Estado acreditado, pode este também sofrer medidas de execução, desde que não atinja
as inviolabilidades que aqui discutimos, que protegem a pessoa do Agente diplomático, sua
integridade e dignidade, assim como a sua residência. Inviolabilidades estas que se
Significa dizer que o imóvel no qual o Agente diplomático está residindo é protegido pela
inviolabilidade da residência, não podendo ser objeto de medidas executórias. Contudo, caso
haja outros imóveis em nome do Agente diplomático, que, por exemplo, os aluga,
desenvolvendo atividade comercial, estes não são protegidos pela inviolabilidade, podendo
Agentes diplomáticos diferente das hipóteses que discutimos acima. As exceções à imunidade
de jurisdição são previsões específicas do artigo 31 da Convenção, que não deve ser
34
o Estado acreditante. Dessa forma, tem o Estado acreditante a liberdade de retirá-la quando o
decorrência de sua função e compreendendo-se que esta consiste numa imunidade conferida
ao Estado acreditante,20 somente este último21 pode manifestar a renúncia que deve ser feita
O Caso Lótus, que reforça o que já discutimos em relação aos crimes de competência do
Tribunal Penal Internacional, ocorreu em meados de 2000, quando o Ministro das Relações
Exteriores do Congo, acusado de graves violações ao Direito Internacional Humanitário e de
crimes contra a humanidade, teve sua prisão decretada por um juiz belga. Diante da situação,
o Congo submeteu o caso à Corte Internacional de Justiça, que reconhecendo a imunidade à
Neste caso, cabe reiterar uma análise que fizemos anteriormente. O caso foi julgado pela
CIJ em fevereiro de 2002, quanto a um acontecimento de 2000. Em julho de 2002, entra em
vigor o Estatuto de Roma, que afeta sensivelmente a possibilidade de uma decisão como esta
ser proferida novamente. Em decorrência da disposição do Estatuto que visa inibir o
violar direitos humanos – restrito aos crimes de competência do Tribunal Penal Internacional –
diante da impossibilidade de julgamento no país em que cometeu o crime.
20
Vide questão 11
21
Vide questão 1
22
Vide questão 2
23
Vide questão 10
35
A renúncia aqui discutida se limita ao Agente diplomático, com já reiteramos, sendo para
tanto necessária a manifestação expressa do Estado acreditante. Contudo, no que concerne aos
relação ao seu pessoal. Sendo a manifestação do Chefe da Missão feita em nome do Estado
acreditante24, ressalta-se que o mesmo Estado também pode renunciar à imunidade dos demais
Podemos citar um caso peculiar que ocorreu há mais de um século na Bélgica. O caso
Balmaceda-Waddington em que o filho de um encarregado de negócios chileno assassinou
outro agente diplomático de sua missão em decorrência de uma recusa de casar com a filha do
assassino. Este se refugiou na embaixada, onde as autoridades belgas nada poderiam fazer.
Diante da pressão popular, o Chefe da Missão renunciou à imunidade de jurisdição de seu filho,
que pôde então ser julgado pela justiça local. Em tal caso, a Bélgica ainda consultou, visando
evitar controvérsias, o Estado do Chile em busca de confirmação quanto à renúncia para então
prender o chileno.
Tal caso ilustra a possibilidade de que o Chefe da Missão renuncie a imunidade de jurisdição
de seu pessoal, que por si só já bastaria. Contudo, pode o Estado acreditado ainda consultar o
Estado acreditante antes de tomar medidas cabíveis, visando evitar qualquer desentendimento.
O artigo ainda traz uma hipótese que merece atenção. Diante do cenário em que um Agente
diplomático ou pessoa que possui imunidade, inicia uma ação judicial, havendo reconvenção
24
Vide questão 11
36
(obviamente, dentro da mesma ação) não poderá mais invocar a imunidade de jurisdição.25 Não
pode o Agente ou o beneficiário se utilizar de suas imunidades para obter vantagens em relação
a terceiros. Consiste naquele equilíbrio que mencionamos no começo desse capítulo, entre
Um questionamento pode surgir ao conciliar as disposições do artigo 32, pois afirma que a
renúncia deve ser feita de maneira expressa e depois dispõe sobre a possibilidade de o agente
iniciar uma ação, configurando como autor, no qual não poderia invocar a imunidade diante de
uma reconvenção ligada à ação principal. Pois bem, poderia ser interpretada como uma hipótese
de renúncia tácita, mas cuidado com essa interpretação. Houve uma discussão na elaboração
deste artigo que esclareceu que, o que se presume, na verdade, é que houve uma renúncia
expressa do Estado acreditante no ato de iniciar a ação, sendo esta válida também para a
reconvenção.
jurisdição civil, penal e administrativa. Vimos os limites e as exceções de cada uma destas.
25
~Vide questão 3
26
Vide questão 1
27
Vide questão 11
37
Sempre partindo-se da lógica de que a imunidade (diferente da inviolabilidade) é concedida ao
necessidade no caso prático ou por interesse de manter suas relações com o Estado acreditado.
Estado acreditante deve ser feita de maneira expressa. Mesmo que o Agente diplomático inicie
a ação, que pode resultar numa reconvenção ligada à ação principal, se presume que houve
uma renúncia expressa à jurisdição do Estado acredito no momento inicial (ao ingressar em
Novamente, tenha cuidado para não confundir os institutos. Estamos aqui falando de
renúncia de caráter genérico, mas devemos observá-la em harmonia com as demais hipóteses
já estudadas. Em primeiro plano, assim como na imunidade de jurisdição dos Estados, nas
hipóteses que estudamos, em hipótese de renúncia por parte do Estado estrangeiro na ação
principal, está não atinge a execução, o mesmo se utiliza para a renúncia em relação ao Agente
diplomático.
para a fase de execução.28 Para tanto, é necessária nova renúncia expressa para a execução. 2930
Rememore que no caso de renúncia genérica, que pode se aplicar a qualquer caso de matéria
penal, administrativa ou civil, pode o beneficiário ser submetido à jurisdição local por expressa
28
Vide questão 11
29
Vide questão 1
30
Vide questão 6
38
vontade do Estado acreditante. Mas, sendo este condenado, para que haja execução, é
necessária nova renúncia expressa por parte do Estado acreditante31 e ainda, lembre-se que há
limites à esta execução com base nas inviolabilidades, tanto do Agente diplomático, quanto da
residência do mesmo.
Obedecendo a ordem das disposições na Convenção, trazemos agora quem serão aqueles
beneficiados pelos privilégios e imunidades. A ordem é proposital, posto que se torna um pouco
mais didático primeiramente estudar quais os respectivos benefícios para então compreender
quem serão seus beneficiários.
A Missão diplomática é formada, pelas pessoas que já vimos, a exemplo do Chefe da Missão,
do pessoal do administrativo, mas o que é interessante de se fazer primeiramente é separar o
pessoal oficial, do não oficial. Tenhamos então que o pessoal oficial é aquele formado por
O pessoal administrativo e técnico juntamente com suas famílias têm menos prerrogativas
que o pessoal da Missão e o pessoal de serviço da Missão tem ainda menos prerrogativas que
31
Vide questão 3
39
os últimos citados. E os citados empregados particulares, por sua vez, têm o mínimo de
privilégios.
Embora ainda haja certas discussões sobre quem pode efetivamente ser considerado família,
além de cônjuge e filhos, atualmente se estendem os privilégios para aqueles membros de
família que vivam sob a dependência do beneficiário no exterior e que tenham seu nome
incluído na lista diplomática, em relação ao Chefe de Missão e membros do pessoal da Missão.
Ressalte-se que o pessoal de serviço, custeados pelo Estado acreditante, apenas gozam de
privilégios em relação aos seus atos de ofício, ou seja, aqueles restritos à sua atividade
funcional, não se estendendo para os seus familiares. Vejamos de forma didática a distribuição
dos privilégios e imunidades.
família de um agente diplomático, assim como o agente em si, goza dos privilégios e
imunidades que vão desde o artigo 29 ao 36, considerando que vivam com este, sob
sua dependência. Interessante notar que a família do agente, para gozar dos respectivos
privilégios e imunidades não pode ser nacional do Estado acreditado. Ou seja, digamos
que uma embaixadora alemã em Missão no Brasil seja casada com um brasileiro. Neste
caso, a embaixadora goza dos respectivos privilégios e imunidades, mas o seu marido
não.
Membros do pessoal administrativo e técnico, juntamente com suas famílias, gozarão
dos privilégios e imunidades previstos entre os artigos 29 e 35, quais sejam:
inviolabilidade pessoal (contra detenção e prisão); inviolabilidade de residência;
inviolabilidade de documentos, incluindo correspondências, estendendo-se aos seus
bens; imunidade de jurisdição penal, civil e administrativa (ressalvadas as mesmas
hipóteses discutidas anteriormente; também não é obrigado a prestar depoimento como
testemunha, nem está sujeito à medidas de execução; isenção de disposições de seguro
social;32 isenção fiscal; A ressalva específica que é feita para esse pessoal diz respeito à
condição para aplicação dos privilégios e imunidades. É necessário além de não ser
nacional do Estado acreditado nem neste possuir residência permanente 33, quanto às
32
Vide questão 7
33
Vide questão 2
40
imunidades civil e administrativa, estas apenas se aplicam aos atos ligados à função
oficial desempenhada.34
Membros do pessoal de serviço, novamente, desde que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem tenham neste residência permanente, gozarão de isenção de impostos
e taxas sobre salários que recebam do Estado acreditante em relação aos serviços que
lhe presta; além de imunidade quanto aos atos praticados no exercício de suas
funções.
“Criados” ou empregados particulares, desde que não sejam nacionais do Estado
acreditado nem neste tenham residência permanente, gozam de isenção de impostos e
taxas em cima de seus salários relativos aos serviços prestados. Imunidades e privilégios
que possam vir a ter dependem de reconhecimento do Estado a que está vinculado.
Resguarda o dispositivo, ao Estado acreditado o direito de exercer jurisdição sobre estas
pessoas, desde que não interfira no desempenho de suas funções junto à Missão.
Em respeito ao direito que os Estados têm de impor sua jurisdição aos seus nacionais,
caso beneficiário de imunidade penal tenha cometido um crime punível no país em que se
encontra, tendo este nacionalidade no Estado acreditado, poderá ser julgado por este, não
podendo invocar a imunidade nem para que seja julgado no Estado acreditante.
nacionalidade brasileira e italiana tenha cometido crime na Itália. Este poderá normalmente ser
julgado na Itália, visto que é nacional deste país, situação em que se afasta a imunidade de
jurisdição.
34
Vide questão 2
41
21. Os Cônsules e funcionários consulares
administrativa. O que não significa dizer que estes não desempenham atividade representativa,
contudo deixam o aspecto político dessa representação para os membros de Missão
Diplomática.
você seja furtado no exterior e precisa emitir novo documento, é o local ao qual você deve se
dirigir. Também é o local que você deve procurar caso se veja envolvido com as autoridades
locais de um Estado estrangeiro em que você se situe. Entre várias outras funções que não
incluem um caráter político representativo. Ressalte-se que os locais consulares gozam de
Espécies:
A) Cônsules-gerais
B) Cônsules
C) Vice-cônsules
D) Agentes consulares
42
Denominação de acordo com a origem:
A) Cônsules de carreira ou enviados: funcionários públicos do Estado que os envia.
Devem ser, obrigatoriamente, nacionais do Estado que envia.
B) Cônsules honorários ou escolhidos: exercem um mandato, sendo apenas
mandatários do Estado que os envia.35 Podem ser ou não nacionais do Estado que
envia, mas precisa manter alguns vínculos com o respectivo Estado.
Uma vez nomeado, o cônsul recebe um documento para se apresentar perante o governo
do Estado para o qual se destina chamado de carta patente ou provisão. Com a apresentação
do documento, o governo do Estado ao qual se destina lhe concede uma autorização, chamada
de exequatur, o declarando apto para o exercício de suas funções36. Esta autorização concede
ao cônsul a investidura para o desempenho de suas funções, sendo o exequatur
imprescindível, ressalvada a hipótese de concessão de autorização provisória especial.
Da mesma forma como discutimos antes, que pode um Estado recusar a presença de um
estrangeiro em seu país, mesmo que seja com uma finalidade oficial, pode o Estado ao qual
será enviado o cônsul recusar a concessão do exequatur, sem que seja necessário justificar tal
ato. Mesmo depois de concedido, estando o cônsul já em território de outro Estado, pode este
cassar a referida autorização, o que implica em declaração do cônsul como persona non grata,
o qual, como já vimos, também não exige qualquer justificativa, implicando apenas num abalo
das relações diplomáticas entre os países.
35
Vide questão 13
36
Vide questão 6
43
c) funcionário consular: toda pessoa, inclusive o chefe da repartição consular,
encarregada nesta qualidade do exercício de funções consulares;37
Diplomáticas, com algumas diferenças sensíveis, posto que para estes o rol é mais reduzido e
na maioria dos casos, restringe-se às atividades oficiais.38 Adiante-se que quanto aos atos de
vida civil, não goza o cônsul de qualquer privilégio ou imunidade, ou seja, para os atos
particulares, é apenas um cidadão em território estrangeiro.
37
Vide questão 6
38
Vide questão 13
44
Contudo, vejamos as principais diferenças e alguns pontos importantes que costumam ser
se estende aos seus familiares. Assim, caso o cônsul francês, situado na África do Sul agrida uma
pessoa na via pública deixando-a gravemente ferida, não há que se falar invocar imunidade,
pois não estava o cônsul desempenhando qualquer função relacionada à sua atividade, podendo
ser submetido à jurisdição local normalmente. Neste diapasão, pode-se mencionar HC apreciado
pelo STF em que se julgou sobre a falsificação de passaportes por parte de um cônsul situado
aqui no Brasil, tendo-se decidido pelo reconhecimento da imunidade, por ser a emissão deste
abrange somente os serviços consulares e o arquivo. Observe que com isso, não pode o cônsul
conceder asilo no Consulado.
A única imunidade absoluta que aqui podemos mencionar é aquele que abrange os arquivos
e documentos, visto que incluem aqueles diplomáticos, os quais possuem imunidade onde que
quer estejam, como já discutimos. 42
39
Vide questão 13
40
Vide questão 9
41
Vide questão 12
42
Vide questão 8
45
QUADRO SINÓPTICO
CONCEITO DEFINIÇÃO
46
INVIOLABILIDADES E DEFINIÇÃO
IMUNIDADES DA MISSÃO
Isenção fiscal
PRIVILÉGIOS E DEFINIÇÃO
IMUNIDADES
47
CORRESPONDÊNCIAS E
BENS MÓVEIS
Penal:
Absoluta, havendo a possibilidade de renúncia por parte
do Estado acreditante.
Não implica em imunidade à jurisdição do Estado
acreditante.
Aplica-se a quaisquer delitos puníveis pelo Estado
acreditado.
Não alcança crimes de competência do Tribunal Penal
Internacional
Civil ou administrativa
IMUNIDADE DE Não se aplica:
JURISDIÇÃO 1- uma ação real sôbre imóvel privado situado no
48
excetuados os que representem o pagamento de serviços
específicos que lhes sejam prestados.
PENAL, ADMINISTRATIVA
OU CIVIL
Artigos 29 a 36
FAMÍLIA DO AGENTE
DIPLOMÁTICO Desde que não sejam nacionais do Estado acreditado e que
vivam com o agente diplomático
49
Imunidades civis e administrativas apenas para atos de
ofício
CONCEITO DEFINIÇÃO
50
Toda pessoa, inclusive o chefe da repartição consular,
FUNCIONÁRIO CONSULAR encarregada nesta qualidade do exercício de funções
consulars
CONCEITO DEFINIÇÃO
51
Ato de aceitar, tornar bem-vinda cônsul a ser nomeado
EXEQUATUR
para exercer funções consulares em seu território.
INVIOLABILIDADES E DEFINIÇÃO
IMUNIDADES CONSULARES
52
Abrange os funcionários consulares
IMUNIDADE DE Exceções:
JURISDIÇÃO Contrato que não tenham sido celebrado como
agente do Estado acreditante
Ação civil proposta por terceiro em decorrência de
dano causado por acidente de veículo, navio ou
aeronave
Exceções: art. 49
RENÚNCIA DEFINIÇÃO
53
QUADRO DE DOUTRINA
54
QUESTÕES COMENTADAS
Caro aluno, o assunto deste capítulo não tem sido muito cobrado nos últimos
anos, no entanto, incluímos questões, mesmo que mais antigas para que você
possa praticar.
Questão 1
55
agente. Como vimos, não há tal obrigação. Em caso de ação penal ou de crime grave, o que se
fala é de apenas uma obrigação moral em virtude das relações estabelecidas entre os Estados.
Mas não há qualquer obrigação legal para o agente diplomático, assim, a primeira alternativa é
falsa.
Na segunda alternativa, por sua vez, falsa, versa que tem o agente diplomático o poder de
A alternativa “c” expressa exatamente a redação do artigo que prevê a exceção da exceção, por
isso, pode confundir. No entanto, vimos que afasta-se a imunidade em matéria cível se versar
sobre imóvel real. Contudo esse afastamento não se dá, se o imóvel for adquirido em prol da
Missão. Novamente, utilize a lógica para este. Relaciona-se com os casos em que países,
diferentemente do Brasil, não permitem que Estados estrangeiros adquiram imóveis em seu
território. Nesta situação, é necessário que o agente adquira ou alugue o imóvel, sem o qual a
Missão não tem como desempenhar suas atividades. Dessa forma, a alternativa é falsa.
A última alternativa também trata-se de uma exceção à renúncia à imunidade. Quando tratamos
sobre a hipótese em que um agente diplomático não pode abusar da imunidade que recebe. A
reconvenção, por relacionar-se com o mesmo objeto de ação principal iniciada pelo agente, o
qual se submeteu voluntariamente (onde se subentende que houve renúncia por parte do Estado
acreditante) à jurisdição do Estado acreditado, abrange também a reconvenção. Neste, não pode
mais o agente invocar a imunidade de jurisdição.
Por fim, a alternativa “d” coaduna com o que viemos estudando neste capítulo em que a
renúncia à jurisdição válida para a ação principal não incide automaticamente para a fase de
execução. Para tanto, é necessária uma nova renúncia, expressa para a execução. Sendo assim,
a alternativa está correta e consiste na resposta da questão.
56
Questão 2
Segundo a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas - CVRD, é INCORRETO afirmar que
do Estado acreditado.
B) os familiares dos membros do pessoal técnico e administrativo da Missão, que com eles
vivam, também gozam de algumas imunidades previstas na CVRD, desde que não sejam
nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência permanente.
C) os membros do corpo Administrativo e Técnico da Missão têm as mesmas imunidades
E) a mala de viagem do diplomata pode ser inspecionada em alguns casos, não sendo
acreditante consulta o Estado acreditado sobre o funcionário diplomático que deseja enviar,
sendo assim, a alternativa está correta.
familiares, com a condição de que não sejam nacionais do Estado acreditado, assim, a alternativa
está correta.
A alternativa “D’ refere-se ao que discutimos quanto à titularidade das imunidades e privilégios.
Vimos que estas decorrem da imunidade do Estado acreditado, não havendo assim uma
intenção de benefício pessoal do agente. Dessa forma, cabe ao Estado, caso tenha interesse,
57
sigla utilizada na questão refere-se à Convenção de Viena, fazendo a diferenciação com a última
letra. “D” refere-se à Convenção de Viena de 1961, pois a letra intitula “diplomáticas”.
A assertiva “E” traz a hipótese prevista da Convenção de Viena de 1961, em seu artigo 36, o
qual versa sobre a possibilidade da bagagem pessoal do diplomata ser inspecionada. Ressalte-
se que esta consiste numa exceção sob suspeita, “motivos sérios”, de que seu conteúdo
contenha objetivos que não sejam abrangidos pelas isenções conferidas a este agente ou sob
suspeita de presença de algum item cuja importação ou exportação seja proibida no Estado
Por fim, a letra “C” iguala as imunidades do corpo administrativo e técnico da missão às
conferidas aos agentes diplomáticos, contudo, vimos que estes últimos possuem o máximo de
privilégios e imunidades, as quais vão diminuindo conforme nos referidos ao restante do pessoal
da missão. O corpo administrativo e técnico possuem uma vinculação para a sua concessão
quanto ao estrito exercício da função, diferenciando-se assim dos agentes diplomáticos. Dessa
Questão 3
58
III - A renúncia à imunidade de jurisdição no referente às ações civis e administrativas não
abrange as medidas de execução de sentença, para as quais é necessária nova renúncia.
IV - Os locais da Missão abrangem os edifícios, ou parte dos edifícios e terrenos anexos, seja
quem for o seu proprietário, utilizados para as finalidades da Missão, inclusive a residência do
Chefe da Missão, a qual goza da mesma inviolabilidade e proteção que os locais da Missão.
com o desempenho das funções da Missão. Lembre-se sempre daquele raciocínio de que as
imunidades e privilégios são conferidos aos Estados, não em benefício individual dos agentes,
dessa forma, tenta a norma diminuir eventuais prejuízos a terceiros. Sendo assim, a primeira
alternativa está correta, ainda por trazer a desobrigatoriedade de prestar depoimento como
testemunha. Vimos que o agente pode e se vê diante de um dever moral de prestar tal
depoimento, principalmente diante de uma situação grave que tenha testemunhado, contudo,
ser renunciada pelo Estado acreditante de maneira expressa, aproveitando a oportunidade para
lembrar que esta não se estende para a execução, a qual exige nova renúncia expressa. No
entanto, seguindo o mesmo raciocínio, não pode o agente se valer da imunidade em benefício
59
próprio. Sendo assim, ao iniciar uma ação nos termos da Convenção é necessária a apresentação
de renúncia expressa para se sujeitar à jurisdição do Estado acreditado. Portanto, uma eventual
reconvenção, dada a sua ligação com o objeto da ação principal é acobertada pela renúncia
anterior. Portanto, não pode o agente invocar a imunidade de jurisdição para reconvenção em
ação que ele tenha iniciado, assim, a assertiva é verdadeira.
A terceira assertiva dialoga com a primeira quando já adiantamos que a renúncia feita de
maneira expressa para o processo de conhecimento não abrange a fase de execução. Para se
Já a última assertiva descreve o que a lei entende por Local de Missão, praticamente
transcrevendo a definição legal, ressaltando ainda a inviolabilidade da Missão, que abrange seus
locais oficiais, ou seja, a sede da missão, bem como a residência do Chefe da Missão, o qual
“A”
Questão 4
território como “persona non grata” ele não é obrigado a justificar o motivo.
quando os Estado ratificam a Carta das Nações e se tornam membro da ONU, estes assumem
compromissos para com a Organização. As resoluções do Conselho de Segurança, até levando-
se em consideração as matérias que por ele são abordadas, criam obrigações para os Estados-
A segunda alternativa apenas resume, de forma correta qual as normas internacionais que
quanto à pessoa que visa designar como representante diplomático, ou seja, o agrément, no
qual pode o Estado acreditado recusar a escolha, com base no princípio de quem nenhum
Estado é obrigado a receber um estrangeiro em seu país. Dessa forma, não há necessidade de
apresentar justificação para tanto. O agrément, quando concedido, consiste em declarar a pessoa
em questão como persona grata, ou seja, bem-vinda no Estado acreditante. Assim, a assertiva
está correta.
instalação de uma Embaixada. Como vimos, o pedido de agrément refere-se a pessoa que
representará o Estado acreditado. Este passo presume a existência de relações diplomáticas
caso o Estado acreditado a declare persona non grata. Não tem, assim, relação com eventual
Questão 5
Em virtude do não pagamento da dívida, o diplomata brasileiro pode ser declarado persona
non grata pelo Estado estrangeiro, desde que seja previamente submetido ao devido processo
legal.
Certo Errado
Comentário: A questão confunde alguns institutos para induzir ao erro. Para responde-
la, basta observar a assertiva que diz que para que o Estado estrangeiro declare o diplomata
persona non grata, é necessário que este seja devidamente submetido ao devido processo legal.
A referida declaração consiste em ato carregado de decisões políticas, em respeito à soberania
dos Estado, assim, basta uma declaração do governo do Estado para que esta seja comunicada
à pessoa ou corpo de pessoas em questão, cuja presença no país não é mais bem-vinda. Não
é necessário apresentar motiva para tanto, sequer submissão à devido processo legal, portanto,
a alternativa é falsa.
Questão 6
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No que tange às relações diplomáticas e consulares e tendo em vista os preceitos das
Convenções de Viena de 1961 (Dec. Legislativo 103/64 e Decreto 56.453/65) e de 1962 (Dec.
Legislativo 6/67 e Decreto 61.078/67), observe as proposições abaixo e responda a alternativa
que contenha proposituras corretas:
I. “Chefe de Missão diplomática” é a pessoa encarregada pelo Estado acreditado de agir nessa
qualidade.
II. “Funcionário consular” é toda pessoa, inclusive o chefe de repartição consular, encarregada
nesta qualidade do exercício das funções consulares.
III. O Estado acreditado deverá certificar-se de que a pessoa que pretende nomear como Chefe
de Missão Diplomática perante o Estado acreditante obteve o “exequatur” do referido Estado.
IV. A repartição consular poderá cobrar no território do Estado receptor os direitos e
emolumentos que as leis e os regulamentos do Estado que envia prescreverem para os atos
consulares. As somas recebidas a título de direitos e emolumentos e os recibos correspondentes
não estarão isentos de impostos e taxas do Estado receptor.
V. A renúncia à imunidade de jurisdição no tocante às ações civis ou administrativas não implica
renúncia à imunidade quanto às medidas de execução da sentença para as quais nova renúncia
é necessária.
a) I e II.
b) III e IV.
c) I e IV
d) II e V.
e) III e V
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o agente diplomático, então este é o Estado acreditante. Estado acreditado é aquele que recebe
Na terceira alternativa, observe que há uma mistura dos “aceites” referentes à missão
relação ao cônsul visa receber o exequatur. Assim, a alternativa confunde os dois conceitos,
tornando-se falsa.
contudo, ao afirmar que os direitos e emolumentos não estão isentos de impostos e taxas,
acaba contradizendo o segundo parágrafo deste dispositivo, tornando a afirmativa falsa.
é a resposta da questão.
Questão 7
Para efeito da Convenção de Viena, de 1961, sobre Relações Diplomáticas, pode-se dizer.
Apontar a alternativa correta:
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A) Criado particular é a pessoa do serviço doméstico de um Membro da Missão Diplomática,
isento das disposições sobre seguro social do Estado acreditado, isenção também
aplicável aos criados particulares nacionais do Estado acreditado.
E) O agente diplomático gozará de isenção de impostos e taxas, pessoais ou reais, regionais
Comentário: A primeira alternativa está falsa pois criado ou empregado particular, como
o próprio nome já adianta presta serviço particular para um membro da missão, assim não
imunidades em várias situações, contudo em sucessão em que o agente figure como legatário,
herdeiro, administrador ou testamentário não há imunidade à jurisdição.
acreditado. Lembre-se que na maioria das situações, a exemplo da extensão dos benefícios dos
agentes para seus familiares, exige-se que o mesmo não seja nacional do Estado acredito. Assim
também é neste caso, em que o empregado particular presta serviço exclusivo para o agente
diplomático, não haverá incidência de obrigações relacionadas a seguro social, salvo se este for
nacional do Estado acreditado.
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A última alternativa afirma que a isenção fiscal do agente diplomático inclui também
impostos indiretos. Isso implicaria dizer que nem aqueles impostos embutidos no valor de
mercadorias teria de ser alterado caso um agente diplomático o estivesse adquirindo. Vimos
que a isenção fiscal não atinge impostos indiretos, sendo assim, a alternativa está falsa.
Por fim, a alternativa “b” está de acordo com as previsões da Convenção, quanto às
imunidades e privilégios, incluindo a isenção fiscal e seus respectivos limites, posto que não
inclui a contratação direta para prestação de serviços, sendo assim a resposta da questão.
Questão 8
Diferentemente dos arquivos diplomáticos, os arquivos consulares podem ser violados em caso
de fundada suspeita de atentado contra a incolumidade do Estado receptor.
Certo Errado
Questão 9
Pablo, que atua no Brasil como Cônsul de carreira de determinado país, que mantém relações
diplomáticas com o Brasil, foi convidado para um casamento realizado na casa de um empresário
brasileiro. No decorrer da recepção, um garçom derruba, acidentalmente, um copo de vinho em
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sua camisa. Pablo agride fisicamente o trabalhador, além de proferir-lhe palavras ofensivas, de
conteúdo racista e discriminatório.
A) Pablo não poderá ser processado e julgado no Brasil, pois goza de imunidade de
jurisdição;
B) Pablo poderá ser processado e julgado no Brasil, pois sua imunidade de jurisdição só se
aplica quando este se encontra no exercício de suas funções, hipótese não verificada;
C) Pablo poderá ser processado e julgado no Brasil desde que renuncie expressamente à
Comentário: A questão pode ser respondida como um detalhe bem simples. No enunciado, o
texto refere-se a situação envolvendo cônsul. Assim, relembremos quais as imunidades que este
possui em decorrência da Convenção de Viena de 1963, que por sua vez, confere imunidade
em matéria penal apenas para os atos de ofício, ou seja, que guardem relação direta com a
função desempenhada pelo cônsul. O que observamos no caso em tela, observamos que na
festa e na ocasião da agressão, o cônsul estava ali presente como mero cidadão, sendo assim,
deve ser tratado como tal. Portanto, poderá ser processado e julgado normalmente.
Portanto, vejamos as alternativas. A primeira pode ser eliminada de pronto, pois se opõe
ao que acabamos de dizer, já que neste caso o cônsul não goza de imunidade. A terceira
alternativa exige a renúncia para que possa ser processado e julgado, contudo, não há sequer
imunidade para que se requeira renúncia. A letra “d” exige novamente uma renúncia, mas que
seja feita de forma expressa pelo Estado acreditante. A alternativa tenta induzir ao erro
misturando o conceito com a imunidade de jurisdição do agente diplomático, contudo, estamos
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aqui falando do cônsul. Já a última alternativa justifica a submissão à jurisdição do Estado
assim, a letra “b” está correta pois faz a devia correlação entre o processamento julgamento por
Questão 10
Certo Errado
Comentário: A assertiva afirma que o agente diplomático pode renunciar à sua imunidade
diplomática. Discutimos que apenas o Estado pode expressar tal renúncia, de forma expressa,
em relação ao Chefe de Missão. Apenas admite-se que o Chefe da Missão renuncie em relação
à outros membros da Missão posto que fala em nome do Estado, mas no que concerte à própria
Questão 11
68
II- O Estado acreditante não pode renunciar à imunidade de jurisdição de seus agentes
diplomáticos.
III- E facultado ao agente diplomático invocar a imunidade de jurisdição em reconvenção
diretamente ligada à ação principal por ele ajuizada.
IV- A imunidade de jurisdição do agente diplomático no Estado acreditado o isenta da jurisdição
do Estado acreditante.
V- O agente diplomático pode renunciar à sua imunidade de jurisdição.
Agora responda:
executória é necessária uma nova renúncia nos mesmos termos da primeira, ou seja, feita de
maneira expressa pelo Estado acreditante especificamente para a execução. Portanto, essa
alternativa é falsa.
Já a segunda assertiva diz que o Estado não pode renunciar a imunidade de seus agentes
imunidade, portanto a alternativa está falsa. Talvez você pudesse confundir com a possibilidade
do Chefe da Missão renunciar à imunidade em relação aos membros da Missão. Contudo,
69
cuidado com a casca de banana. De fato, o Chefe da Missão pode renunciar para os membros
(não para si mesmo), mas somente o faz porque fala em nome do Estado.
ingressar em juízo, nos termos da Convenção de Viena de 1961, a qual pressupõe que
apresentou inicialmente renúncia à imunidade para então pode se submeter à jurisdição do
Estado acreditado; não pode, na hipótese de uma reconvenção ligada a esta ação principal
invocar a imunidade de jurisdição, ou seja, apenas quando lhe convém. Neste caso, a primeira
renúncia, que o fez se submeter à jurisdição quando inicia a ação abrange também a
reconvenção, fazendo com que a afirmativa seja falsa.
A quarta alternativa versa justamente sobre uma previsão da Convenção de 1961 que visa
coibir a impunidade de eventuais agentes que busquem se valer de sua posição oficial para
cometer ilícitos no Estado em que se encontrem. As imunidades são apenas uma questão de
cometer o ilícito, se protegido pela imunidade, visando proteger o desempenho de suas funções
oficiais, poderá e deverá ser julgado pelo Estado ao qual pertence.
Já a última alternativa peca ao afirmar que o agente pode renunciar à própria imunidade.
No entanto, sendo a imunidade concedida aos Estados, na pessoa de seus representantes, cabe
ao mesmo Estado renuncia-la. Quanto aos membros da missão, pode o Chefe da Missão
renunciar, por estar falando em nome do Estado acreditante. No entanto, não há hipótese em
que o membro da missão renuncie da própria imunidade.
Sendo assim, nenhuma das alternativas está correta e a alternativa “E” é a resposta da
questão.
Questão 12
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Com relação aos órgãos das relações entre os Estados e a imunidade de jurisdição dos Estados
é INCORRETO afirmar:
bens deste que não estejam afetados à sua representação diplomática e consular,
podendo sobre eles recair medida executória de sentença proferida pela Justiça do
Trabalho.
B) As imunidades dos funcionários de repartições consulares são extensíveis a seu cônjuge
Comentário: Esta questão mistura o conteúdo de dois capítulos deste material, o que nos ajuda
a praticar. A primeira alternativa versa sobre as hipóteses, fruto de construção jurisprudencial
quanto à execução contra Estado estrangeiro. Vamos recapitular por partes. Primeiramente,
vimos que a exceção, aqui no Brasil, em relação à imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro
consiste em processos de matéria trabalhista, se aplicando, contudo, apenas para a fase de
conhecimento a priori. Depois, fruto de decisão do STF, entendeu-se que era possível executar
tal sentença, desde que isso não afetasse o desempenho das funções do Estado acreditante
aqui no Brasil, o que significa que apenas bens desvinculados desta atividade podem ser objeto
de medidas executórias. Sendo assim, a alternativa está correta por descrever exatamente essas
hipóteses.
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A terceira alternativa traz uma das exceções previstas pelo artigo 31 da Convenção de 1961, em
que se afasta a imunidade de jurisdição em matéria civil. A letra “D”, de forma correta, trata da
renúncia à imunidade de jurisdição do agente diplomático. Como vimos, eventual renúncia do
Estado acreditante apenas atinge o processo de conhecimento. Para que possam ser aplicadas
medidas executórias contra o agente diplomático, é necessária que haja nova renúncia expressa
utilizada de maneira automática para organizações internacionais. Aqui no Brasil, apenas a ONU,
por acordo direto com o Brasil e com a internalização da respectiva norma, goza de imunidade
Por fim, a letra “b” afirma que as imunidades de funcionários consulares abrangem seus
familiares, no entanto, vimos que as imunidades dos funcionários consulares está condicionada
ao exercício de sua função. Assim, não há como abranger sua família visto que estes não
desempenham funções oficiais. Sendo assim, a incorreta letra “b”, resposta da questão.
Questão 13
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a) gozam de imunidade plena, equiparável à dos diplomatas;
b) gozam de imunidade quanto aos atos oficiais, dentro da jurisdição consular;
c) têm que ser recrutados entre agentes da carreira diplomática;
d) não gozam de imunidade pessoal, ainda que exerçam funções consulares em seção
agentes consulares, tendo estes um rol mais restrito que os agentes diplomáticos, portanto a
primeira alternativa está falsa.
A terceira alternativa diz que estes precisam ser recrutados apenas entre os agentes de
carreira diplomática. De forma geral, a alternativa está falsa diante da existência de cônsules
honorários, que não necessariamente são funcionários públicos do Estado acreditante.
Já a última alternativa afirma que os agentes consulares não possuem imunidade pessoal,
no entanto, estudamos que estes a possuem apenas para atos de ofício, ou seja, possuem,
ressaltando ainda que contradiz a alternativa “D”, ao fazer referência aos atos de ofício. Sendo
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GABARITO
Questão 1 - D
Questão 2 - C
Questão 3 – A
Questão 4 - E
Questão 5 - Errado
Questão 6 - D
Questão 7 - B
Questão 8 - Errado
Questão 9 - B
Questão 10 - Errado
Questão 11 - E
Questão 12 - B
Questão 13 - B
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LEGISLAÇÃO COMPILADA
Versa sobre as proteções pessoas, de residência, além das isenções das quais gozam esses
sujeitos e suas famílias.
Versa sobre a renúncia à imunidade, como esta deve ser feita e quais as circunstâncias e
implicações que acarretam.
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Proteção especial para agentes diplomáticos
Versa sobre os crimes contra agentes diplomáticos e a devida proteção que lhes deve ser
conferida.
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JURISPRUDÊNCIA
ESTRANGEIRO. O Município não pode cobrar IPTU de Estado estrangeiro, embora possa
cobrar taxa de coleta domiciliar de lixo. Encontra-se pacificado na jurisprudência do STJ
o entendimento de que os Estados estrangeiros possuem imunidade tributária e de
jurisdição, segundo os preceitos das Convenções de Viena de 1961 (art. 23) e de 1963
(art. 32), que concedem isenção sobre impostos e taxas, ressalvadas aquelas decorrentes
da prestação de serviços individualizados e específicos que lhes sejam prestados. Assim,
em tese, a Taxa de Coleta Domiciliar de Lixo que decorra da prestação de serviço
Comentário: Tratou-se de cobrança de IPTU e de taxa de coleta domiciliar de lixo por parte do
Rio de Janeiro contra a República da Argentina. Na situação, em primeiro grau, o processo foi
extinto sem julgamento de mérito e o Estado estrangeiro não chegou a tomar conhecimento
da demanda. Decidiu-se no sentido da impossibilidade de cobrança de IPTU, em virtude da
imunidade tributária prevista nas Convenções de Viena de 1961 e 1963, entendendo-se assim
que sequer poderia se discutir sobre execução em face deste Estado estrangeiro. Contudo,
ressalta o Ministro que é possível a cobrança por serviço prestado de forma específica, no qual
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consiste a cobrança por taxa de coleta domiciliar de lixo. No entanto, a imunidade executória
Observe que aqui misturamos algumas partes de nosso estudo. Inicialmente a impossibilidade
de cobrança de impostos, os quais decorrem das imunidades da Missão, seja diplomática ou
imunidade de execução a qual gozam os Estados estrangeiros. Assim, decidiu-se que o processo
deveria retornar ao plano inicial, para que se oportunizasse à República da Argentina renunciar
à imunidade de execução, caso o queira. Se o fizer, poderá então a execução seguir, havendo
no entanto, o limite em decorrência da imunidade dos bens do Estado estrangeiro, a qual
protege aqueles que tenham relação direta com o desempenho das funções diplomáticas ou
consulares.
DJe 01/07/2010)
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Comentário: Versou o referido julgado de cobrança de IPTU e taxa de limpeza e iluminação
pública do Estado da Bolívia. Reiterou-se o entendimento do STF e STJ de que há imunidade
em matéria tributária para Estados estrangeiros, sendo assim, a cobrança de IPTU considera-se
indevida. Ainda alegou-se que deveria retornar à primeira instância para oportunizar a renúncia
à imunidade por parte do Estado estrangeiro, contudo, a relatora ressaltou que o Estado em
Assim, não havia outro caminho, em relação à cobrança de IPTU, que não a extinção sem
resolução de mérito. Em relação à cobrança de taxa de iluminação e de limpeza, em tese, de
acordo com as Convenções de Viena, poderiam ser cobradas, visto que não se tratam de
impostos, no entanto, por entendimento do STF, estas taxas foram declaradas inconstitucionais
em decorrência da ausência de especificidade. Sendo assim, nenhuma das cobranças poderia
prosperar, uma pela imunidade em matéria tributária e a outra pela inconstitucionalidade.
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de fuga do acusado, com indicados riscos à instrução e à aplicação da lei penal. 3. Não
ele plenamente possível - sequer o júri restaria no caso impedido (nova redação do art.
475 CPP da Lei nº 11.689/08). 4. Tampouco é justificável a proteção por magistrado
provimento ao recurso em habeas corpus para tornar sem efeito a cautelar fixada de
proibição de ausentar-se do país sem autorização judicial, sem prejuízo de nova e
fundamentada decisão de necessárias medidas cautelares penais.
(RHC 87.825/ES, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 05/12/2017,
DJe 14/12/2017)
Comentário: Caso bem interessante que nos oportuniza comentar vários pontos.
Primeiramente, tratou-se de acusação de crime de homicídio de diplomata francês, na qual a
vítima foi sua esposa. Já havia sido proferida sentença de pronúncia, uma vez verificada a
de jurisdição de seu agente diplomático, fazendo a ressalva em seu ato, embora desnecessário,
que esta renúncia não se aplicava para medidas de execução, para a qual nova renúncia seria
necessária. Significa que o agente diplomático pode aqui ser processado e julgado, contudo a
Assim, foi aplicada medida cautelar de proibição de se ausentar do país, visando coibir que o
agente, o qual goza de livre circulação em vários países em decorrência de sua condição oficial
poderia obstar o curso do processo. Ressaltou-se ainda a existência de acordo entre Brasil e
Espanha, o qual desobrigava a extradição de nacional. Assim, o Habeas Corpus discutia a
aplicação da referida cautelar, se possível, diante da comprovação das hipóteses legais diante
da imunidade executória da qual ainda gozava o agente, visto que não houve renúncia expressa
da França neste sentido.
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Assim, debate-se sobre a imunidade de jurisdição a qual gozam os agentes diplomáticos, que,
como ocorreu neste caso concreto, foi renunciada pelo Estado acreditante. Na decisão que
Ou seja, havia o temor de que, uma vez condenado pelo homicídio, não se pudesse lhe aplicar
a sentença condenatória. No entanto, como bem ressaltamos, a não ser que haja renúncia por
parte do Estado acreditante, não pode o agente diplomático ser submetido às medidas
executórias em virtude de sua inviolabilidade pessoal. Sendo assim, a decisão retira a aplicação
da medida cautelar, entendendo ser esta descabida diante da impossibilidade de aplicação de
medidas executórias.
estrangeiro. Deste modo, não era o caso de se impedir de pronto a persecução penal
contra o paciente, mas sim, de indagar o Estado de El Salvador acerca do interesse em
que a compra inicial revelava uma intenção de obtenção de lucro por parte do cônsul, no ato
de revenda, que beneficiava pessoas de uma determinada família da região.
Para concretizar as compras, que fraudavam o caminho do veículo e seu futuro destinatário,
foram forjados documentos para atestar a legalidade da compra.
Alega o paciente que a imunidade de jurisdição não seria automática, sendo necessário invoca-
la por meio de consulta ao Estado acreditante para então dar prosseguimento ou não à
persecução penal, motivo pelo qual alega serem todos os atos anteriores à consulta ao Estado
acreditante nulos em decorrência da condição oficial do cônsul. Ou seja, alega que a referida
renúncia à imunidade de jurisdição seria requisito para o recebimento da denúncia, tentando se
utilizar da cronologia para se isentar da persecução penal
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Contudo, como bem ilustra a relatoria do caso, não se tratava de impedir a investigação ou
persecução penal de forma imediata apenas pela condição de cônsul, mas sim de consulta o
Estado de El Salvador se esta quer se submeter à jurisdição brasileira. Ainda mais no caso de
imunidade conferida aos cônsules, que apenas a possuem quando relacionados a atos de ofício.
Comentário: Uma situação peculiar em que alega o embargante que houve “confusão” inicial
quanto a quem se pretendia configurar no polo passivo da demanda. Uma ação de danos morais
e materiais, que objetivava responsabilizar o Estado de Portugal, que contudo, acabou colocando
o cônsul deste mesmo Estado como polo passivo. Alega ainda o embargante que deveria ter
sido direcionado ao representante diplomático, sendo este o responsável por representar o
Estado estrangeiro numa situação como esta, portanto requer que seja oportunizado emenda à
inicial para tal redirecionamento. A decisão final não acolheu os argumentos acima, tendo
entendido que o embargante estava apenas manifestando sua insatisfação com a decisão inicial,
a qual não motivava a interposição de recurso. Apenas um caso para observar a diferença entra
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MAPA MENTAL
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL JÚNIOR, Alberto do. Introdução ao direito internacional público. São Paulo: Atlas,
2008.
MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de direito internacional público. 9. ed. rev., atual. e
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PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. 9ª ed. Salvador:
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2018.
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Internacional Diplomático: Convenção de Viena sobre as relações diplomáticas na teoria e
na prática. 4ª ed. Revista atualizada e ampliada - São Paulo: Saraiva, 2012.
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