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@theartidote

BIOPODER, CORPO E
NEUROSE: SOBRE
NEOLIBERALISMO E
GESTALT-TERAPIA
GESTALT-TERAPIA - POLÍTICA E CLÍNICA

Isaura Caroline Abrantes


CRP 11/14656
Gestalt-terapeuta
BIOPODER, CORPO E NEUROSE:
SOBRE NEOLIBERALISMO E
GESTALT-TERAPIA

“Parafuso e fluído em lugar de articulação “O que transforma o velho no novo


Até achava que aqui batia um coração bendito fruto do povo será
Nada é orgânico, é tudo programado E a única forma que pode ser norma
é nenhuma regra ter
Pense, fale, compre, beba
é nunca fazer nada que o mestre mandar
Leia, vote, não se esqueça Sempre desobedecer
Use, seja, ouça, diga Nunca reverenciar”
Tenha, more, gaste e viva” (Belchior, como o diabo gosta)
(Pitty, admirável chip novo)
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 Corpo-alvo-flecha de poder soberano e
biopoder

 Biopoder e neoliberalismo: homo economicus e


governamentalidade em uma sociedade do
controle-espetáculo-cansaço

 Self, sistema organizado e neurose: homem eficaz


e vulnerabilidade política

 Re-existências do povo e clínica gestáltica em um


estado suicidário: cuidado de si, biopotência e
contraduta no comum

EIXOS DO SEMINÁRIO
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HISTÓRIA DO
PRESENTE
Na ausência de um cais para
ancorar a verdade, há portos de
passagem. Desnaturalizar,
desterritorializar e gerar
estranhamento. História feita de
atravessamentos e rupturas.

(VEIGA-NETO, 2007)
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SER-SABER, SER-PODER E SER-CONSIGO


COMO CHEGAMOS A SER O QUE SOMOS?
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• "O corpo também está diretamente mergulhado num


campo político; as relações de poder têm alcance
imediato sobre eles; elas o investem, o marcam o
dirigem, o supliciam, sujeitam-no a trabalhos; obrigam-
no a cerimônias, exigem-lhe sinais" (FOUCAULT,
2014a, p. 29);
• O poder é um exercício, jogo de forças instável e
agonístico. Efeito de uma ação sobre as ações dos
outros. Não é meramente proibitivo, mas produtor de
modos de subjetivação;
• Regimes de governo: lógicas distinstas para a morte e
vida do corpo.

CORPO-PODER-POLÍTICA
"[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir
perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris
[aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu, de
camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras;
[em seguida], na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um
patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, PODER
coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca
com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de
enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão
SOBERANO
chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre Monarca – direito de espada
derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e Fazer morrer e deixar viver
desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo Ostentação dos suplícios
consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas
ao vento" (FOUCAULT, 2014a, p. 9).
Julien Pacaud
• Foucault (1979, p. 230): “pode- se estranhar que a
prisão se assemelhe às fábricas, às escolas, aos
quartéis, aos hospitais, todos os quais se
assemelham às prisões?”
• Disciplina: controle minucioso das operações do
corpo, obediência pautada na docilidade-utilidade;
• Anatomia política do detalhe.

PODER DISCIPLINAR
Julien Pacaud
BIOPODER

• Poder de conduzir a vida (FOUCAULT 2014a; 2014b)


• Dois pólos interconectados: anátomo-política (corpo
individual) e biopolítica (população);
• Foucault (1999, p. 148): “um poder destinado a produzir
forças, a fazer crescê-las e a ordená- las mais do que barrá-las,
dobrá-las ou destruí-las”.
• Esquadrinhamento do tempo e espaço para

Julien Pacaud
assegurar a ordem:
É preciso anular os efeitos das repartições indecisas, o
desaparecimento descontrolado dos indivíduos,
sua circulação difusa, sua coagulação inutilizável e
perigosa; tática de antideserção, de antivadiagem,
de antiaglomeração. Importa estabelecer as presenças e
as ausências, saber onde e como encontrar os
indivíduos, instaurar as comunicações
úteis, interromper as outras, poder a cada instante
vigiar o comportamento de cada um, apreciá-lo,
sancioná-lo, medir as qualidades ou os méritos.
Procedimento, portanto, para conhecer, dominar e
utilizar. A disciplina organiza um espaço analítico
(FOUCAULT, 2014a, p. 140).

ANÁTOMO-POLÍTICA
Homem-corpo
Gestos com máxima eficiência
Padronização da vida
Julien Pacaud
BIOPOLÍTICA

• Homem-espécie;
• Gestão das forças estatais em tecnologias
de governo;
• Governamentalidade e homo
economicus: neoliberalismo;
• Mecânica do ser vivente e
de fatores biológicos como a mortalidade,
natalidade, longevidade, vigilância sanitária
e controle populacional.
• (FOUCAULT, 1999)
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RACISMO-BIOPOLÍTICA
NECROPOLÍTICA

• Massacres pela gestão da vida: a) separações em quem deve


viver e quem deve viver; b) a indispensabilidade de fazer
morrer o outro, a raça inferior, para preservação biológica;
c) eliminação legitimada daqueles considerados perigosos
(PELBART, 2011);
• Foucault (1999, p. 305): “é a relação guerreira: para viver, é
preciso que você massacre seus inimigos [...] se você quer
viver, é preciso que o outro morra”;
• Necropolítica: política de morte. Desviantes como inimigos,
matados por máquinas de guerra. Devir-negro no mundo, a
fusão entre capitalismo e animismo, corpos transformados
em códigos, dados e moedas (MBEMBE, 2018).
• HOMO ECONOMICUS: homem empreendedor, o
Julien Pacaud
empresariamento da vida e o gerenciamento de si culminam na
mercantilização da existência;

• GOVERNAMENTALIDADE: táticas, cálculos, estratégias e


dispositivos para governar a população.Vida como alvo do poder -
estratégias para gerir afetos, desejos e interesses da população;

•Tríade individualismo-meritocracia-culpabilização;

• Foucault (1999, p. 151-152): “esse biopoder, sem a menor dúvida, foi


elemento indispensável ao desenvolvimento do capitalismo, que só pôde
ser garantido à custa da inserção dos corpos no aparelho de produção e
por meio de um ajustamento dos fenômenos da população aos
processos econômicos”.

BIOPODER E NEOLIBERALISMO
Racionalidade política-governamental
(DARDOT; LAVAL, 2016)
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NOVA RAZÃO
DO MUNDO: EMPRESA
• Não somos seres humanos, políticos ou sociais, mas seres
econômicos;
• Missão (crescer, produzir e ampliar infinitamente, valorizando
a si mesmo), visão (liberdade para negociação e
empreendedorismo no mundo-mercado) e valores (eficiência,
desempenho, liderança, dedicação totalizadora e servidão);
• “Um por todos e todos por um" por “cada um por si”;
• Carne disposta a venda, capital humano;
• NORMA
(DARDOT; LAVAL, 2016)
• SOCIEDADE DISCIPLINAR: panóptico
como princípio de poder visível e inverificável
para fabricar efeitos de homogeneização.
- a visibilidade é uma armadilha
- padronização dos corpos aos imperativos sociais

(FOUCAULT, 2014a)

• SOCIEDADE DO ESPETÁCULO: relações


sociais mediadas por imagens, marketing de
objetos, produtos e corpos. Produção-consumo
de mercadorias. O que parece ser verdadeiro é
um monumento falso.

(DEBORD, 2003)
Julien Pacaud
• Sociedade do desempenho;
• Sujeito como senhor e soberano de si;
• Autoexploração - culpa;
SOCIEDADE DO • Positividade tóxica (tudo é possível) - geradora
de autoagressão e autoacusação;
CANSAÇO • Depressão, Síndrome de Bornout e suicídio;
• Algoz e prisioneiro de seu sofrimento.

(HAN, 2019)
Banksy
SISTEMA SELF, SISTEMA ORGANIZADO E
NEUROSE: HOMEM EFICAZ
E VULNERABILIDADE POLÍTICA
@luna_bastos
SELF COMO EXPERIÊNCIA DE
CAMPO
• Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 179): “parafraseando Aristóteles:
quando se aperta o polegar, o self existe no polegar dolorido”;
• “O self é o sistema de contatos presentes e o agente de crescimento
(PHG, 1997, p. 178)”;
• Estruturas parciais da experiência: id (fundo de hábitos, irracional,
indizível) , ego/ato (princípio de individuação - manipulação, agressão,
assimilação e alienação) e personalidade (identidades e representações
sociais);
• Formas clínicas como ajustamentos criadores;
• Vulnerabilidade da função ego/ato: ajustamento evitativo (neurose);
• Dimensão política: convocação do outro as relações de poder.
(MÜLLER-GRANZOTTO; MÜLLER-GRANZOTTO, 2012)
• POLÍTICA É DESEJO E ATO NO MUNDO.
Julien Pacaud
• Antropologia da neurose - Corpo em posição de defesa, rígido,
vigilante e cristalizado a espera do perigo (PHG, 1997);
• De acordo com Fugler (2008, p. 35-36): “a perspectiva de
sobrevivência do neurótico (mesmo que pareça ridícula pra quem
olha de fora) exige que ele se torne tenso, que ele censure [...]
NEUROSE Suas intenções de não censurar são tão eficazes quanto à decisão
de ano-novo de um alcoolista de não beber mais”;
• Fugler (2008, p. 35) diz: “a inibição tornou-se rotina, um
comportamento padronizado, da mesma maneira que, ao lermos,
esquecemos a grafia de cada palavra em separado”;
• Interrupção da autorregulação organísmica - conflito entre
necessidades x demandas sociais - repressão da agressão
(PERLS, 2002)
• Vive-se a partir do gemido silencioso e amedrontado: “segurança primeiro,
nunca arrisque”. O esquadrinhamento do tempo-espaço, inscrição da
anatomia-política no corpo de atos do sujeito - neurotização diária em
um estado de tensão permanente:
[...] um homem ao ir à cama, se preocupa a respeito de como dormirá; pela
manhã, está cheio de resoluções sobre o trabalho que vai fazer no escritório,
ao chegar lá, ele não executará suas resoluções, mas prepará todo o material
que pretende transmitir ao analista, embora não vá mencionar este material
na análise. Quando chega o momento de usar os fatos que preparou, sua
mente se ocupa com a expectativa de jantar com sua namorada, mas durante
a refeição contará à garota tudo sobre o trabalho que precisa fazer antes de
ir para a cama, e assim por diante (PERLS, 2002, p. 151-152).
• Terceirização de responsabilidades - evitação de contato e hetero-suporte

Pinterest
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• Propulsores da neurose: capitalismo e religião
• Perls (2002, p. 194), “a introjeção significa preservar a estrutura
das coisas ingeridas, enquanto o organismo ordena sua
destruição”;
• Mecanismo de biopoder: “O judeu religioso não culpa a Jeová
por nenhum fracasso ou desgraça. Ele não arranca o seu cabelo,
não bate no seu peito – retroflete o próprio aborrecimento,
culpa a si mesmo por toda a desgraça, arranca seu próprio
cabelo, bate no seu próprio peito” (PERLS, 2002, p. 182-183).
• Foucault (2014,a p. 150): “um corpo disciplinado é a base de um
gesto eficiente”. Opera-se com a internalização de um olhar
vigilante, discreto e punitivo sobre si.
SISTEMA ORGANIZADO – BIOPODER
• Goodman (1960), estratégias de coercitividade com base tecnocientífica para
promover a burocratização da vida. Dinâmica de funcionamento centralista,
recorrendo a coerção e controle social para a erupção de subjetividades alienadas.
Auto-aprisionamento as normas como única maneira de garantir a proteção, a
segurança e o bem-estar geral.
• Dispositivos de saber- poder que governam as condutas e acarretam o anseio por
resguardo, segurança e policiamento da população mediante instituições.
• Atributos do sistema organizado – "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos":
- sociolatria (subordinação e veneração ao Estado, segurança social e combate as
revoluções - violência) e centralização (igrejas, hospitais, exércitos, escolas e prisões
para resolver os problemas e as adversidades criadas pelos próprios dispositivos a
quem se recorre)
• Em troca: embotamento afetivo, fragilização de vínculos, enrijecimento,
previsibilidade e apatia política.

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Julien Pacaud
H O M E M E F ET IV O

• HOMEM-CÁLCULO: funcional e enquadrado.


Adaptação ao mercado, usando o critério de falha-
zero para validar suas ações, empreendedor de si. O
autocontrole e o autogoverno são mais eficazes do
que a coerção externa (DARDOT; LAVAL, 2016);
• CORPO ENDIVIDADO: não é de estranhar que,
a certa altura, nós nos coloquemos prostrados,
deprimidos, desanimados, porque o lugar que o
outro nos promete nunca conseguimos
alcançar (MÜLLER- GRANZOTTO; MÜLLER- • "Trabalho edifica o homem"
GRANZOTTO, 2012a, p. 132). • "Só o primeiro lugar importa"
• “O homem não pode demonstrar fraquezas”
• “As relações amorosas são
como relações empresariais, regida por leis de
procura e oferta, se a pessoa não se dá valor, não
age com desdém, não é valorizada”

“Ávido por afeto, mas esta avidez nunca é satisfeita.


Ele não assimila o afeto que lhe é oferecido, se
recusa a aceitá-lo, ou o condena, de modo que ele se
torna desagradável ou sem valor assim que é obtido”
(PERLS, 2002, p. 169).
"E DAÍ? EU
NÃO SOU
COVEIRO"

• Fazemos parte de um experimento, alcançando um


novo estágio de gestão do neoliberalismo em seu
estado cruel e terminal, formacontrarrevolucionária
direcionada a catástrofe. O Estado fascista atua
como gestor da morte e do desaparecimento de
corpos, cultivando sua própria explosão por rituais
de sacrífico e destruição dos corpos trabalhadores.
O engenho não pode parar.
(SAFATLE, 2020)

ESTADO SUICIDÁRIO

@clebsonfranciscoo
Os gêmeos
RE-EXISTÊNCIAS DO POVO E CLÍNICA
GESTÁLTICA EM UM ESTADO SUICIDÁRIO:
CUIDADO DE SI, BIOPOTÊNCIA E
CONTRACONDUTA NO COMUM

CLÍNICA GESTÁLTICA
• Frustração/suporte - novo prisma (PERLS, 2002)
• Reestabelecer conflitos para aumento da variabilidade experiencial
• Encontro e acolhimento ao discurso, a ação, ao não-dito
• Êthos: abrigo, refúgio e acolhida a diferença e a estranheza
• Desiderium: desejo – algo que muda o curso natural das coisas
• Desvio político como ética do risco
(MÜLLER-GRANZOTTO; MÜLLER-GRANZOTTO, 2012)

• Perls, Hefferline e Goodman (1997, p. 48): “certas tensões e


bloqueios não podem ser liberados a não ser que haja uma mudança
real do ambiente que ofereça novas possibilidades. Se as instituições
e os costumes fossem alterados, muitos sintomas recalcitrantes
desapareciam repentinamente”.
RESISTÊNCIA E LIBERDADE
• ONDE HÁ PODER, HÁ RESISTÊNCIA;
• Micropolíticas são doses de encorajamento;
• A liberdade é insubmissa, crítica e agonística.
• Criação e experimente-ação de novas formas de subjetivação,
colocando a revolução como denúncia:
• Revoltando-se, os iranianos diziam – e talvez seja essa a alma da
revolta: é preciso mudar, certamente, de regime e livrar-nos desse
homem, é preciso mudar esse pessoal corrupto, é preciso mudar tudo no
país, a organização política, o sistema econômico, a política estrangeira.
Mas, sobretudo, é preciso mudar a nós mesmos. É preciso que nossa
maneira de ser, nossa relação com os outros, com as coisas, com a
eternidade, com Deus sejam completamente modificadas, e não haverá
revolução real sem que essa mudança radical aconteça em nossa
experiência (Foucault, 2009, p. 749)

Banksy
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• CUIDADO DE SI: autodeterminação, tensionamento entre


autoafecção e práticas de assujeitamento-dominação; potência
dos corpos pelo afeto (GIMBO, 2018);
• POVO: recusa a ser acabado como estatuto de população,
resistindo a regulação ao desajustar o sistema, produz fraturas e
rasga o contrato social. Como dispõe Foucault (2014a), o povo
faz tumulto contra as sentenças, perturbam e desorganizam.
• "EU QUERO É QUE ESSE CANTO TORTO FEITO
CUIDADO DE SI FACA CORTE A CARNE DE VOCÊS"
• CORAÇÃO SELVAGEM: Diante de tanta amorosidade
E POVO disseminada pela sociedade de controle ou de segurança, todos
os corações devem bater no mesmo ritmo da satisfação obtida
e a ser distendida com eficiência e eficácia. Espera-se que entre
os desafinados também bata um coração pluralista, de cores,
desejos e preferências variadas, mantido nos solavancos [...] Mas
aí não seria mais desafinar, mas um estranho jeito de cantar que
fere os ouvidos educados em padrões estéticos consagrados e
convencionais (BRANCO, 2015, p. 13).
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RE-EXISTÊNCIA

• MULTIDÃO: contra o império em


sua força para cooperação em
comunidade, criação de êxodos,
escapes e linhas de fuga. Difere de
massa, dispersa, heterogênea, plural.
• BIOPOTÊNCIA: força sobre
potência de vida. O poder da vida
expande suas formas e cria novas
coordenadas e caminhos de anunciação:
re-invenção. Coletividade em ação.
(PELBART, 2011)
REVOLUÇÃO DO SÉCULO XXI
POR-VIR

• CONTRACONDUTA: Modo de resistência a


governamentalidade. Reformulação da conduta consigo e
com os outros. Dulpa recusa: empresa e concorrência
(DARDOT; LAVAL, 2016)
• Diante da implementação de um Estado suicidário só nos
restaria uma greve geral por tempo indeterminado, uma
recusa absoluta em trabalhar até que esse governo caia. Só
nos restaria queimar os estabelecimentos dos
‘empresários’ que cantam a indiferença de nossas mortes.
Só nos restaria fazer a economia parar de vez utilizando
todas as formas de contra-violência popular
(SAFATLER, 2020)
• COMUM: princípio político em contestação a ordem
neoliberal, por-vir de autogoverno e autogestão, convulsão
Os gêmeos

para a elaboração de novas práticas. Uso da propriedade


comum. Trabalho e soberania coletiva
(DARDOT; LAVAL, 2017)
• BRANCO, G. C. Michel Foucault: filosofia e biopolítica. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.
• DARDOT, P.; LAVAL, C. A nova razão do mundo: ensaio sobre a sociedade neoliberal. São Paulo: Boitempo, 2016.
• DARDOT, P.; LAVAL, C. Comum: ensaio sobre a revolução no século XXI. São Paulo: Boitempo, 2017.
• FOUCAULT, M. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.
• FOUCAULT, M. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes, 1999.
• FOUCAULT, M. Ditos e escritos IV: estratégia, poder-saber. Rio de Janeiro: Forense Universitário, 2006.
• FOUCAULT, M. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Rio de Janeiro: Vozes, 2014a.
• FOUCAULT, M. História da sexualidade: a vontade de saber. São Paulo: Paz e Terra, 2014b.
• FUGLER, R. L´anarchisme pragmatique de Paul Goodman. Écologie Graines d´anarchie. Revist Refraction:
Recherche et expressions anarchistes. Nº18. Outubro/2008. Disponível em: http://refractions.plusloin.org/IMG/pdf/1809.pdf.
Acesso em 14 de set. de 2019.

REFERÊNCIAS
• HAN, B. Sociedade do cansaço. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 2017.
• GIMBO, F. Entre autonomia e heteronomia: para uma concepção crítica do cuidado de si em Michel Foucault. Revista

BIBLIOGRÁFICAS
princípios, Natal, v. 25, n.46, p. 59-83, 2018.
• GOODMAN, P. Growing up absurd: problems of youth in the organized system. New York: New York Review
Books, 1960.
• MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. São Paulo: n-1, 2018.
• MÜLLER GRANZOTTO, M.; MÜLLER-GRANZOTTO, R. L. Clínicas gestálticas: sentido ético, político e
antropológico da teoria do self. São Paulo: Summus, 2012.
• PERLS, S.; HEFFERLINE, R; GOODMAN, P. Gestalt-Terapia. 2 ed. São Paulo: Summus, 1997.
• PERLS, F. Ego, fome e agressão: uma revisão da teoria e do método de Freud. São Paulo: Summus, 2002.
• PELBART, P. P. Vida capital: ensaios de biopolítica. São Paulo: Iluminuras, 2011.
• SAFATLE, V. Bem-vindo ao estado suicidário. São Paulo: n-1 edições, 2020.
• VEIGA-NETO, A. Foucault e a educação. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.
O problema é que, de modo geral, existimos
em um estado de emergência crônico, e a
maior parte de nossas capacidades de amor e
perspicácia , raiva e indignação será reprimida
ou embotada. Aqueles que exergam de
maneira mais penetrante, sentem mais
intensamente e agem mais corajosamente em
geral se desgastam e sofrem, porque é
impossível que alguém seja extremamente feliz
até que sejamos felizes de maneira mais geral.
Contudo, se entramos em contato com
essa realidade terrível, nela existirá
também uma possibilidade criativa
(PHG, 1997, p. 64).

É muito mais importante demosntrar que, ao olhar para o


futuro e buscar segurança, ele estraga sua vida presente; que
seu ideal de acumular riquezas supérfluas está isolado do
sentido da vida. É essencial que esse homem aprenda a
"sensação de si mesmo", restaurando todos os impulsos e as
necessidades, todos os prazeres e as dores, todas as
emoções e sensações que fazem a vida valer a pena ser
vivida, e se tornaram fundo ou foram reprimidas em nome
GESTALT-TERAPIA E
do seu ideal dourado. Deve aprender a fazer outros
contatos na vida além de suas relações comerciais. Deve
(IN)CONCLUSÕES
aprender a trabalhar e a se divertir (PERLS, 2002, p. 152).

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