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TECNOLOGIA E TRADICIONALISMO NA MODA

Rafaela Vieira dos Santos1


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Aluno do curso tecnológico Design de Mídias Digitais da Fatec Barueri
e-mail dos autores: 1rafaela.santos43@fatec.sp.gov.br

A nostalgia é um tópico amplamente investigado no campo do marketing


(MORAIS et al., 2015). Assim, pesquisadores e especialistas nesse domínio se
esforçam para compreender como elementos vintage, retrô e Y2K influenciam os
padrões de consumo em larga escala. Contudo, a visão enviesada e fantasiosa dos
tempos passados revelou-se perigosa. Grandes corporações foram levadas à ruína
devido à sua resistência à evolução das inovações e às mudanças nas demandas
sociais.

Audrey Hepburn, a eterna bonequinha de luxo é adorada e usada como padrão de beleza e estética
até os dias atuais, mesmo depois de 63 anos do seu primeiro sucesso.

De acordo com Botelho (1960), a manifestação do sentimento saudosista


surge em conjunto com a falta de tecnologia e estagnação no âmbito estético e
conceitual, um traço evidenciado em empresas que desapareceram devido à falta
de adaptabilidade em sua identidade de marca. Um exemplo desse cenário é
ilustrado pelo caso da grife Lagerfeld (ROCHA, 2018), fundada pelo renomado
estilista, designer e ex-diretor de arte da Chanel, Karl Lagerfeld. No início dos anos
2000, a marca encerrou suas operações devido à abordagem tradicionalista,
resistência aos novos métodos de costura e modelagem e declarações
discriminatórias relacionadas ao peso e à raça feitas publicamente por Karl. Esses
aspectos acabam gerando insatisfação na comunidade de alta-costura, uma vez
que a estética de um corpo saudável e autêntico já estava sendo promovida e
admirada na época.

Lagerfeld veste a modelo alemã Claudia Schiffer, o photoshoot se mostrou problemático e racista
pela incitação de blackface e yellowface.

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A extinção de uma marca cria espaço para o surgimento de uma nova. Em
2017, nasceu a Fenty Beauty, criada pela cantora e empresária barbadiana
Rihanna. Com abordagens inovadoras voltadas para a inclusão de entusiastas da
moda e maquiagem, a empresa da cantora introduziu produtos como bases e
corretivos para peles negras profundas, os quais eram escassos no mercado devido
à falta de investimento na área cosmética. Adaptada às necessidades atuais da
sociedade e do mercado, a empresa prospera ao investir em tecnologia e questões
em ascensão, contrastando com o tradicionalismo da marca Lagerfeld.

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BIBLIOGRAFIA

MORAIS, A. S. C.; GOMES, K. M. C.; DE AZEVEDO, L. R.; PESSANHA, W. A.


Design Retrô e Marketing do Saudosismo: Influência da tendência nostálgica no
comportamento de consumo. Revista Vértices, [S. l.], v. 17, n. 3, p. 215–233, 2016.
DOI: 10.19180/1809-2667.v17n315-12. Disponível em:
https://editoraessentia.iff.edu.br/index.php/vertices/article/view/1809-2667.v17n315-1
2. Acesso em: 26 ago. 2023.

BOTELHO, A. “Saudosismo Como Movimento.” Revista Portuguesa de Filosofia,


vol. 16, no. 2, 1960, pp. 218–30. JSTOR, http://www.jstor.org/stable/27860086.
Acesso em: 26 ago. 2023.

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http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-672520100002
00016&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 26 ago. 2023.

MARTÍNEZ, C. L.; MARTÍNEZ, M. M. Evolución y análisis del canon de belleza


aplicado a la moda : análisis de Karl Lagerfeld, John Galliano y Victoria’s
Secret (1995 – 2007 – 2016). Universidad de Sevilla, 2017.

ROCHA, M. L. N. Los universos transmedia en la democratización del consumo de


lujo en la moda: el caso de Chanel y Karl Lagerfeld. 1. ed. Granada: Egregius
Ediciones, 2018.

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