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Ariel Kostman
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pasmos, tiveram de mudar. Algo semelhante acontece agora, com menos traumas,
em relação aos tweens. Os mais novos têm 8, 9 anos; os mais velhos, 12 ou 13. Até
recentemente, pertenciam ao vasto e indiferenciado mundo das crianças. Agora,
essa turminha ultrajovem tem voz ativa em casa, sabe muito bem o que quer,
namora, sai com os amigos e consome como gente grande. E, claro, se rebela
contra país controladores. Devido a contração da unidade familiar, muitas vezes são
filhos únicos, ou no máximo divide o trono com um irmão. Mimados e paparicados,
são o equivalente ocidental dos pequenos imperadores, como os chineses chamam
os frutos da política oficial de um só filho. Quem tem um desses em casa já sabe:
eles mandam e desmandam como gente grande.
A mãe de Marina, Maria Cecília Camargo Victolo, terapeuta em São Paulo, acha que
a filha é bem mais madura do que ela era aos 10 anos. Em todos os sentidos. "Meu
mundo era bem menor. Marina já viajou duas vezes para o exterior, tem muito mais
conhecimentos e informações do que eu tinha", diz. "E meche muito melhor do que
eu no computador. Muitas vezes, ela é que me ensina o que fazer." Nascidos e
criados com a internet já como um mero fato da vida, os tweens costuma ter maior
facilidade para lidar com informática do que os adultos – uma fonte inesgotável de
espanto, admiração e orgulho para a maioria dos pais de tão informatizados, põem o
computador em posição mais importante, na ordem das prioridades, do que a
televisão. Faz sentido: vieram justamente da internet, dos bate-papos e dos games,
mais do que de qualquer outra fonte, a informação e a desenvoltura que puseram
essa turminha na porta do mundo dos adultos. Mais decididos e mais independentes,
os tweens de classe média, em consequência, adquiriram um alto poder de compra.
Nunca garotos e garotas de 10 anos tiveram tanto dinheiro nas mãos e tamanha
autonomia para decidir o que fazer com ele. Os meninos gastam com cinema, CDs,
cartuchos de videogame e ingressos para jogos de futebol. As garotas compram
roupas, cosméticos, perfumes, bijuterias e, também elas, CDs. A maioria não ganha
mesada – prefere ir tirando dinheiro dos pais aos poucos. É trabalhoso, mas
compensa, porque "rende mais". Detestam mágicos, palhaços e qualquer coisa que
se relacione ao universo infantil; suas festas tem, isso sim, dança e horário
avançado. Começam por volta das 21 horas, acabam lá pelas 2. Quando estão com
amigos abominam a presença de papai e mamãe, uma dupla posta no mundo, como
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se sabe, para constranger filhos. "Uma das coisas que eu mais detesto é quando
meu pai me beija na frente dos meus amigos", declara o precoce Martim. [...]
VERMELHO)
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