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ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – RS

SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR

SISTEMA DE COMANDO DE
INCIDENTES

1
Porto Alegre / 2021
ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – RS

SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

CADERNO TEMÁTICO DE SISTEMA DE COMANDO DE


INCIDENTES

Comandante Geral do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul


CEL QOEM CÉSAR EDUARDO BONFANTI

Diretor da Academia de Bombeiro Militar


TC QOEM CARLOS ALBERTO DA SILVA SOUTO

Orientador
Cap QOEM SANDRO BORGES SELAU

Organizador
Ten CRISTIANO PETTER DE CAMARGO

Colaboração Técnica
Ten CRISTIANO PETTER DE CAMARGO
1º Ten QTBM LUIZ LIMA DA LUZ
Maj QOEM DEOCLIDES SILVA DA ROSA
Maj QOEM RODRIGO DA SILVA CAVALHO
Cap QOEM DANIEL BORGES MORENO
Cap QOEM ESTEVAN FALCÃO PAGLIARIN
Maj QOEM EDERSON FIOVARAVANTE SILVA LUNARDI
TC QOEM CLAUDIO MORAES SOARES JUNIOR
TC QOEM ROMEU RODRIGUES DA CRUZ NETO

Porto Alegre / 2021

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Porto Alegre/RS

2018
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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Sistema de Comando de Incidentes...............................................................8

Figura 2 - Alcance de Controle......................................................................................11

Figura 3: Staff Geral......................................................................................................15

Figura 4: Estrutura expandida.......................................................................................19

Figura 5: Staff de Comando..........................................................................................20

Figura 6: Staff Geral......................................................................................................23

Figura 7: Título das Posições........................................................................................30

Figura 8: Ilustração de Instalações...............................................................................32

Figura 9: Posto de Comando........................................................................................34

Figura 10: Área de espera.............................................................................................34

Figura 11: Área de concentração de vítimas................................................................36

Figura 12: Triagem método START..............................................................................36

Figura 13: Base.............................................................................................................38

Figura 14: Acampamento..............................................................................................38

Figura 15: Helibase.......................................................................................................39

Figura 16: Heliponto......................................................................................................39

Figura 17: Incêndio no Mercado Público.......................................................................40

Figura 18: Status da situação........................................................................................47

Figura 19: Acidente de Trânsito....................................................................................55

Figura 20: Tarjeta de Campo........................................................................................58

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................7
ASPECTOS GERAIS SCI...............................................................................................8
1 .1 - HISTÓRICO DO SCI............................................................................................ 9
1.1.1 – No Mundo...........................................................................................................9
1.1.2 – Problemas Encontrados:..................................................................................9
1.1.3 – No Brasil...........................................................................................................10
1.2 - CONCEITO DE SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES.............................10
1.3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES.........10
1.3.1 – Terminologia comum:.....................................................................................11
1.3.2 – Alcance de Controle........................................................................................11
1.3.3 – Organização modular......................................................................................12
1.3.4 – Comunicações integradas.............................................................................12
1.3.5 Plano de ação no incidente (PAI).....................................................................12
1.3.5.1 – Matriz de Análise de Trabalho.......................................................................12
1.3.6 – Cadeia de Comando........................................................................................13
1.3.7 – Comando Unificado........................................................................................13
1.3.8 – Instalações Padronizadas..............................................................................14
1.3.9 – Gerenciamento integral de recursos.............................................................14
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SCI.................................................................15
2.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES.........................16
2.1.1 – Responsabilidades do Comandante do Incidente.......................................17
2.1.2 – Decisão de expandir ou contrair a estrutura................................................18
2.1.3 – Staff de Comando............................................................................................19
2.1.3.1 – Oficial de Segurança......................................................................................20
2.1.3.2 – Oficial de Informações Públicas.....................................................................21
2.1.3.3 – Oficial de Ligação...........................................................................................21
2.2 – STAFF GERAL E SUAS COMPOSIÇÕES.........................................................22
2.2.1 – Seção de Operações.......................................................................................23
2.2.2 – Seção de Logística..........................................................................................24
2.2.2.1 – Unidade de Comunicações............................................................................25
2.2.2.2 – Unidade Médica.............................................................................................25
2.2.2.3 – Unidade de Alimentação................................................................................25
2.2.2.4 – Unidade de Suprimentos................................................................................25
2.2.2.5 – Unidade de Instalações..................................................................................26
2.2.2.6 – Unidade de Apoio Terrestre...........................................................................26
2.2.3 – Seção de Planejamento..................................................................................26
2.2.3.1 – Unidade de Recursos.....................................................................................27
2.2.3.2 – Unidade de Situação......................................................................................28
2.2.3.3 – Unidade de Documentação............................................................................28
2.2.3.4 - Unidade de Desmobilização...........................................................................28

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2.2.4 – Seção de Administração e Finanças.............................................................28
2.2.4.1 – Unidade de Tempo.........................................................................................30
2.2.4.2 – Unidade de Provedoria...................................................................................30
2.2.4.3 – Unidade de Custos.........................................................................................30
2.3 – TÍTULOS DAS POSIÇÕES.................................................................................30
2.3.1 – Setor.................................................................................................................31
2.3.2 – Unidade............................................................................................................31
2.3.3 – Divisão..............................................................................................................31
2.3.4 – Grupo................................................................................................................31
2.4 – INSTALAÇÕES...................................................................................................32
2.4.1 Posto de Comando.............................................................................................33
2.4.2 – Área de Espera................................................................................................34
2.4.3 Área de Concentração de Vítimas....................................................................35
2.4.4 Base.....................................................................................................................37
Base
2.4.5 Acampamento.....................................................................................................38
2.4.6 Helibase...............................................................................................................38
2.4.7 Heliponto.............................................................................................................39
ASPECTOS OPERACIONAIS DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES.......40
3.1 – RECURSOS........................................................................................................41
3.1.2 – Categoria dos Recursos.................................................................................41
3.1.2.1 – Recurso Único................................................................................................41
3.1.2.2 – Equipe de Intervenção...................................................................................42
3.1.2.3 – Força-Tarefa...................................................................................................42
3.1.2.4 – Estado dos recursos.......................................................................................42
3.2 – GERENCIAMENTO DE RECURSOS.................................................................43
3.3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS....................43
3.3.1 – Fases para empregar os recursos:...............................................................43
3.3.2 – Solicitação de Recursos.................................................................................43
3.3.3 – Quem pode solicitar recursos no incidente.................................................44
3.3.4 – Considerações fundamentais na gerência de recursos.............................44
3.4 – O LÍDER DA UNIDADE DE RECURSOS...........................................................45
3.5 – SITUAÇÃO DO INCIDENTE...............................................................................45
3.5.1 – Informações necessárias para os quadros:.................................................45
3.5.2 – Locais que podem necessitar de quadros:..................................................46
3.6 – O LÍDER DA UNIDADE DE SITUAÇÃO.............................................................46
3.6.1 – Os Observadores de Campo..........................................................................46
3.6.2 – Expositores de mapas e painéis....................................................................47
3.6.3 – Exposição do Status da Situação..................................................................47
3.6.3.1 – Histórico..........................................................................................................48
3.6.3.2 – Matriz Operacional.........................................................................................48
3.6.3.3 – Recursos designados;....................................................................................48
3.6.3.4 – Mapa de exposição;.......................................................................................48
3.6.3.5 – Programação de reuniões;.............................................................................48
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3.6.3.6 – Organograma.................................................................................................48
3.7 – INSTRUMENTO DE REGISTRO E CONSULTA.................................................49
3.7.1 Tarjeta de Campo...............................................................................................49
3.7.1.1 – Informar a base a chegada no incidente........................................................50
3.7.1.2 – Assumir e estabelecer o Posto de Comando.................................................50
3.7.1.3 – Avaliar a situação...........................................................................................50
3.7.1.4 – Estabelecer um perímetro de segurança.......................................................50
3.7.1.5 – Estabelecer os objetivos................................................................................51
3.7.1.6 – Determinar as estratégias..............................................................................51
3.7.1.6 – Determinar as prioridades de recursos e possíveis instalações...................51
3.7.1.7 – Preparar as informações para transferir o comando.....................................51
3.8 – FORMULÁRIOS DE UM SCI..............................................................................52
3.8.1 – Formulário SCI 201..........................................................................................52
3.8.2 – Formulário SCI 202..........................................................................................52
3.8.3 – Formulário SCI 204..........................................................................................52
3.8.4 – Formulário SCI 205..........................................................................................53
3.8.5 – Formulário SCI 206..........................................................................................53
3.8.6 – Formulários SCI 211 e 219.............................................................................53
3.8.7 – Formulário SCI 215..........................................................................................53
3.8.8 – Formulário SCI 234..........................................................................................54
PRÁTICAS OPERACIONAIS.......................................................................................55
4.1 – DOS MATERIAIS................................................................................................56
4.1.1 – Materiais indispensáveis utilizados no Posto de Comando (PC)..............56
4.1.2 – A montagem do Posto de Comando.............................................................57
4.1.3 – Controle dos recursos disponíveis e utilizados..........................................58
4.2 – A TARJETA DE CAMPO.....................................................................................58
4.2.1 – Como utilizar a Tarjeta de Campo (8 passos)..............................................59
4.3 –UTILIZAÇÃO PRÁTICA DA TARJETA DE CAMPO............................................60
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS..............................................................................65

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INTRODUÇÃO

“O Sistema de Comando de Incidentes é uma ferramenta de gerenciamento


que tem como objetivo a estabilização do incidente e a proteção da vida, da
propriedade e do meio ambiente” (SENASP/MJ 2008, p 2). Pode ser utilizado tanto
para as pequenas ocorrências como para as de grande complexidade, é capaz de
suprir as adversidades e demandas que nosso trabalho Bombeiro Militar possui, com
foco na padronização dos atendimentos. É a ferramenta adotada pelo Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Rio Grande do Sul na gestão de desastres.
Neste curso aprenderemos o conceito, a estrutura, como utilizá-la, suas formas
de emprego, seus aspectos operacionais, a importância de suas instalações, suas
sinalizações diversas e a confecção de relatórios.
O curso se destina aos profissionais da área de segurança pública em especial
neste caso, ao Curso Básico Formação Bombeiro Militar/2019.

LIÇÃO 1
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ASPECTOS GERAIS SCI


Figura 1 - Sistema de Comando de Incidentes

Fonte: Internet - bombeiros.go.gov.br

Objetivos:
Ao concluir esta aula você será capaz de:

 Conhecer e compreender a história do SCI;

 Conhecer e compreender o conceito de SCI;

 Conhecer e compreender os princípios básicos do SCI.

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1 .1 - HISTÓRICO DO SCI

1.1.1 – No Mundo

Conforme Manual de SCI do CBM DF (2011, p 13)

O sistema de comando de Incidentes (SCI) ou Incident Command System


(ICS) foi desenvolvido nos anos 70, em reposta a uma série de incêndios
florestais que praticamente destruíram o sudoeste da Califórnia. Naquela
ocasião, as autoridades de munícipios, de condados e do próprio governo
estadual colaboraram para formar o Firefighiting Resources of California
Organized for Potential Emergencies (FIRESCOPE).

1.1.2 – Problemas Encontrados:

Depois de verificar os resultados negativos da atuação integrada e improvisada


de diversos órgãos e jurisdição naquele episódio, o FIRESCOPE chegou à conclusão
que o problema não era a quantidade nem a qualidade de recursos envolvidos, mas
sim a dificuldade em manter as ações de diferentes órgãos e jurisdições coordenadas
de forma eficiente.

Segundo SENASP (2008, p 4) os principais problemas encontrados foram:

a) Falta de uma estrutura de comando clara, definida e adaptável às


situações;

b) Dificuldade de estabelecer prioridades e objetivos comuns;

c) Falta de uma terminologia comum entre os órgãos envolvidos;

d) Falta de integração e padronização das comunicações;

e) Falta de planos e ordens consolidadas.

Depois de analisado e resolvido esse problema foi desenvolvido o modelo


original do Sistema de comando de Incidentes que evolui para um sistema aplicável a
qualquer tipo de emergência, usando uma estrutura organizacional comum e
princípios de gerenciamento padronizados.

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1.1.3 – No Brasil

O estado de Santa Catarina em parceria com a Defesa Civil estadual e a


Universidade de Santa Catarina iniciou um estudo e processo de implantação do
modelo utilizando bem como seus princípios, só que com outra denominação
diferente de Sistema de Comando de Incidentes, era chamada de Sistema de
Comando em Operações.

1.2 - CONCEITO DE SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES

De acordo com o Manual de SCI – CBM CF 2011, p 22)

É uma ferramenta de gerenciamento de incidentes padronizada, para todos


os tipos de sinistros, que permite a seu usuário adotar uma estrutura
organizacional integrada para suprir as complexidades e demandas de
incidentes únicos ou múltiplos, independentes das barreiras jurisdicionais.

a) Sistema: Combinação de partes coordenadas para um mesmo resultado, com a


finalidade de formar um conjunto;

b) Comando: responsável pela chefia geral de administração dos recursos;

c) Incidente: Evento de causa natural ou provocado por ação humana que requer a
intervenção de equipes dos serviços de emergência para proteger vidas, bens e
ambiente.

1.3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES

Conforme extraído da doutrina nacional, SENASP/MJ (2008, p 23) De acordo


com as particularidades de todos os entes envolvidos em um incidente, o SCI tem por
base nove princípios que permitem assegurar uma rápida intervenção coordenada e
usar efetivamente os recursos, de forma a minimizar todas as alterações políticas e
procedimentos operacionais próprios das instituições envolvidas:

a) Terminologia comum;

b) Alcance de controle;

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c) Organização modular;

d) Comunicações integradas;

e) Plano de ação no incidente;

f) Cadeia de comando;

g) Comando unificado;

h) Instalações padronizadas;

i) Manejo integral dos recursos.

1.3.1 – Terminologia comum:

Deve ser usado nomes comuns para os recursos e as instalações, funções e


níveis do Sistema Organizacional, padronizando-se a terminologia de forma que todos
os órgãos envolvidos no incidente tenham conhecimento.

1.3.2 – Alcance de Controle

Trata-se da quantidade de pessoas que serão coordenadas por um


responsável. No SCI considera-se que o número de indivíduos que uma pessoa pode
ter sob sua supervisão com efetividade é no máximo sete, sendo o ideal cinco. A
estrutura pode se expandir com a chegada de recursos, mas importante que se
mantenha sempre o alcance do controle.

Figura 2 - Alcance de Controle

Fonte: ABM RS/2018

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1.3.3 – Organização modular

De acordo com Manual do Distrito Federal 1º edição (2011, p 23)

Baseia-se no tipo, magnitude e complexidade do incidente, sendo que a sua


expansão ocorre de baixo para cima, à medida que os recursos são
designados na cena e estabelecidos de cima para baixo de acordo com as
necessidades determinadas pelo comandante do incidente. Esse princípio
permite que as posições de trabalho possam somar-se (expansão) ou serem
retiradas (contração) com facilidade.

1.3.4 – Comunicações integradas

Conforme Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 24)

As comunicações são estabelecidas em um único plano, no qual é utilizada a


mesma terminologia, os canais e frequências são comuns ou interconectados
e as redes de comunicação são estabelecidas dependendo do tamanho e
complexidade do incidente.

1.3.5 Plano de ação no incidente (PAI)

Conforme Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 27)

É um planejamento operacional específico para a resposta a um incidente.


Estes planos são elaborados no momento da resposta e consolidados em um
só. A grande maioria dos incidentes não necessita de um PAI escrito, mas
sim mental, uma vez que, para o período inicial (fase reativa), ou seja, as
primeiras quatro horas do incidente, ele não se faz necessário, e se estrutura
nos seguintes tópicos: objetivos, estratégias, organização e recursos
requeridos.

1.3.5.1 – Matriz de Análise de Trabalho

Conforme Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 27)

A Matriz de Análise de Trabalho serve de apoio e facilita o estabelecimento


dos objetivos, das estratégias e das táticas para a elaboração do PAI. Ele é
confeccionado em conjunto pelos chefes das Seções de Operações e
Planejamento, sendo afixada em local visível, normalmente no Posto de
Comando, uma vez que será o foco permanente da operação, pois ali
estabelecidos objetivos, estratégias e táticas.

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1.3.6 – Cadeia de Comando

Cada pessoa responde e informa somente a uma pessoa designada que pode
ser o:

 Comandante do Incidente;

 Oficial;

 Chefe;

 Encarregado;

 Coordenador;

 Líder;

 Supervisor.

1.3.7 – Comando Unificado

De acordo com Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 29)

O Comando Unificado aplica-se quando várias instituições com competência


técnica e jurisdicional promovem acordos conjuntos para gerenciar um
incidente em que cada instituição conserva sua autoridade, responsabilidade
e obrigações de prestar contas.
Por mais que as decisões sejam tomadas em conjunto, deve haver um único
comandante. Será da instituição de maior pertinência ou competência legal
no incidente.

São características principais do Comando Unificado:

a) Instalações compartilhadas;

b) Um posto de comando do incidente;

c) Operações, planejamento, logística administração e finanças


compartilhadas;

d) Um processo coordenado para requisitar recursos;

e) Um só processo de planejamento e Plano de Ação de Incidente (PAI)

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1.3.8 – Instalações Padronizadas

As instalações devem possuir localização precisa, denominação comum e estar


bem sinalizadas e em locais seguros. Exemplo algumas das instalações que são
estabelecidas em um incidente:

a) Posto de comando do Incidente;

b) Base;

c) Área de Espera;

d) Área de Concentração de Vítimas;

e) Heliponto.

1.3.9 – Gerenciamento integral de recursos

Este princípio garante o aproveitamento eficaz do recurso, estabelece o


controle a e contabilidade, garante um fluxo melhor nas comunicações e também
proporciona a segurança do pessoal.

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LIÇÃO 2
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO SCI
Figura 3: Staff Geral

Fonte: Manual SCI CBM DF

Objetivos:

Ao concluir esta aula você será capaz de:

 Conhecer e compreender a estrutura do SCI;

 Conhecer e compreender a função do SCI;

 Conhecer e compreender as instalações e recursos de um SCI.

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2.1 - ESTRUTURA DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES

O militar mais antigo da primeira guarnição de resposta ao incidente é o


responsável de assumir oficialmente o evento, Comandante do Incidentes (CI), até a
chegada de uma autoridade superior, uma ocorrência ou evento, por simples que
seja, desde seu início, faz-se necessário a definição de um comandante e a
efetivação de uma estrutura básica de SCI com definição e distribuição de funções. A
qual poderá se expandir de acordo com o número e disponibilidade de pessoal e a
evolução da situação.
O Sistema de Comando de Incidentes está baseado em oito funções:

1 - Comando do Incidente;

2 - Planejamento;

3 - Operações;

4 - Logística;

5 - Administração e Finanças;

6 - Segurança;

7 - Informação Pública;

8 - Ligação.

De acordo com o Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 54)

Em casos onde incidente necessite carga de trabalho maior ou recursos


especializados, serão estabelecidas cada uma das seções que sejam
necessárias: Planejamento, Operações, Logística e Administração e
Finanças.
A organização do SCI é modular, pois tem a autonomia de ampliar-se ou
contrair-se para se adequar-se às necessidades do incidente.
Todos os incidentes, qualquer que seja sua magnitude e complexidade,
devem ter somente um Comandante do Incidente (CI). O CI é quem,
chegando à cena, assume a ocorrência com todas as ações pertinentes até
que a autoridade de comando seja transferida a outra pessoa.

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2.1.1 – Responsabilidades do Comandante do Incidente

“O Comandante do Incidente (CI) é a pessoa encarregada e que possui a


máxima autoridade do Sistema de Comando e deve estar plenamente qualificado
para conduzir a resposta ao incidente”. SENASP/MJ (2009, p 3)

Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 54) as responsabilidades do


CI são:

a) Assumir o comando e estabelecer o PC;

b) Zelar pela segurança de todos os envolvidos no incidente;

c) Avaliar as prioridades do incidente;

d) Determinar os objetivos operacionais;

e) Desenvolver e executar o Plano de Ação do Incidente (PAI);

f) Desenvolver uma estrutura organizacional apropriada;

g) Manter o Alcance de Controle;

h) Administrar os recursos;

i) Controlar todas as atividades;

j) Coordenar as ações dos órgãos envolvidos no evento;

k) Autorizar a publicação de informações pelos meios de comunicação;

l) Ter o controle e quadro específico onde conste o estado e a aplicação dos


recursos;

m) Encarregar-se de toda a documentação, manter controle dos gastos e


confeccionar o Relatório Final.

O Comandante do Incidente deve ter decisão, ser seguro, objetividade nas


decisões, manter a calma, adequar-se ao meio físico, discernimento e ter
flexibilidade. Deve ter plena convicção de suas limitações e ter a competência de

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE


delegar funções de forma apropriada e oportuna para sempre manter o alcance do
controle.

O comando do incidente será assumido pelo militar mais antigo ou pessoa de


maior competência que chegar primeiro à cena. Quando houver a chegada de
outros, será transferido o comando a quem possua a competência requerida para
assumir o controle geral do incidente.

Conforme SENASP/MJ (2008, p 6)

Quando os incidentes crescem em dimensão ou complexidade, a autoridade


jurisdicional, técnica ou institucional correspondente, responsável pelo seu
atendimento, pode designar um CI melhor qualificado. Ao transferir o
comando, o CI que sai deve entregar um relatório completo ao que o
substituiu e também notificar ao pessoal sob sua direção acerca dessa
mudança.

Caso o incidente cresça e haja a necessidade de utilizar mais recursos, o CI


pode passar autonomia a outros para desempenhar de certas atividades. Quando a
expansão for necessária, em se tratando de segurança, esclarecimentos para a mídia
e a necessidade de tratamento com outras instituições, o CI implantará as posições
do Staff de Comando.

2.1.2 – Decisão de expandir ou contrair a estrutura

Conforme extraído de SENASP/MJ (2008, p 6) em um incidente, a decisão de


expandir ou contrair a estrutura do SCI fundamentar-se-á em:

a) Proteção à vida - A primeira prioridade do Comandante do Incidente é


sempre a proteção da vida dos que respondem ao incidente e da comunidade;

b) Estabilidade do incidente - O CI é o responsável por estabelecer uma


estratégia que minimize o efeito do incidente sobre a área circundante e maximize a
resposta utilizando eficientemente os recursos. Em um incidente de pequena
magnitude, pode ser que a estrutura deva expandir-se devido à complexidade (nível
de especificidade da resposta). Ex.: um incêndio em um pequeno depósito de
produtos químicos agropecuários necessitará de uma estrutura expandida com
posições especializadas (inflamáveis, tóxicos, venenos, explosivos). Em um incidente

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de grande magnitude, por exemplo um incêndio em uma grande madeireira, pode ser
que se requeira uma estrutura simples de manejo de fogo e nada mais;

c) Preservação de bens - O CI tem a responsabilidade de minimizar os


danos aos bens, ao mesmo tempo em que cumpre com os objetivos de atendimento
do incidente.

Figura 4: Estrutura expandida


COMANDO do
INCIDENTE

STAFF de
COMANDO

OPERAÇOES PLANEJAMENT LOGISTICA ADM/FINANÇAS


O

SETOR DE
ACV ÁREA DE ESPERA UNID. DE UNID. DE TEMPO
SERVIÇOS
RECURSOS
UNID. DE
UNID. DE
SETOR UNID. DE COMUNICAÇOES PROVEDORIA
SITUAÇAO
UNID. MÉDICA

UNID. DE UNID. DE CUSTOS


UNID. DE
DOCUMENTAÇAO ALIMENTAÇAO

GRUPO DIVISÃO
UNID. DE SETOR DE APOIO
DESMOBILIZAÇÃO

FORÇA TAREFA UNID. DE


FORÇA TAREFA UNID. DE MEIO SUPRIMENTOS
AMBIENTE

EQUIPE DE INT. UNID. DE


INSTALAÇOES
EQUIPE DE INT. ESPECIALISTAS
UNID. DE APOIO
RECURSO UNICO TERRESTRE
RECURSO UNICO TERRESTRE

Fonte: Manual de SCI do CBM DF

2.1.3 – Staff de Comando

Figura 5: Staff de Comando

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

Fonte: Manual de SCI do CBM DF

Cada posição possui um profissional responsável (oficial, praça, delegado,


agente). As funções e responsabilidades estão descritas nos tópicos a seguir.

2.1.3.1 – Oficial de Segurança

Tem a função de manter todo o pessoal envolvido no incidente em segurança


através do monitoramento e avaliação das situações perigosas e inseguras.

Conforme SENASP/MJ (2008, p 25) são as seguintes as responsabilidades do


oficial de segurança:

a) Obter um breve relato do Comandante do Incidente;

b) Identificar situações perigosas associadas com o incidente;

c) Participar das reuniões de planejamento e revisar os Planos de Ação do


Incidente;

d) Identificar situações potencialmente inseguras durante as operações


táticas;

e) Fazer uso de sua autoridade para deter ou prevenir ações perigosas;

f) Investigar/pesquisar os acidentes que ocorram nas áreas do incidente;

g) Revisar e aprovar o Plano Médico;

h) Revisar o Plano de Ação do Incidente.

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2.1.3.2 – Oficial de Informações Públicas

Será o responsável por repassar as informações sobre o incidente para os


meios de comunicação ou qualquer outra organização que busque a informação
direta. Mesmo que os entes envolvidos no evento nomeiem oficiais de informações
haverá somente um “Porta-Voz”. Os outros poderão servir como auxiliares. Toda a
informação será de conhecimento e aprovada pelo CI.

Conforme SENASP/MJ (2008, p 26) são as seguintes as responsabilidades do


oficial de Informações Públicas:

a) Obter um breve relato do Comandante do Incidente;

b) Estabelecer contato com a instituição jurisdicional para coordenar as


atividades de informação pública;

c) Estabelecer um centro único de informações, sempre que possível;

d) Tomar as providências para proporcionar espaço de trabalho, materiais,


telefone e pessoal;

e) Obter cópias atualizadas dos formulários SCI 201 e 211;

f) Preparar um resumo inicial de informações depois de chegar ao incidente;

g) Respeitar as limitações para a emissão de informação que imponha o CI;

h) Obter a aprovação do CI para a emissão de informação;

i) Emitir notícias aos meios de imprensa e enviá-las ao Posto de


Comando e outras instâncias relevantes;

j) Participar das reuniões para atualizar as notas de imprensa;

k) Responder às solicitações especiais de informação.

2.1.3.3 – Oficial de Ligação

Tem como responsabilidade por manter as instituições que estão trabalhando


no incidente interligadas para que possam a qualquer momento serem convocadas.

21
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Incluindo por exemplo os organismos de primeira resposta como saúde, obras
públicas ou outras organizações. Para isso o Oficial de Ligação deve conhecer o
pessoal de todas as instituições atuantes no incidente.

Conforme SENASP/MJ (2008, p 27) são as seguintes as responsabilidades do


oficial de ligação:

a) Obter um breve relato do Comandante do Incidente;

b) Proporcionar um ponto de contato para os representantes de todas as


instituições;

c) Identificar os representantes de cada uma das instituições, incluindo sua


localização e linhas de comunicação;

d) Responder às solicitações do pessoal do incidente para estabelecer


contatos com outras organizações;

e) Observar as operações do incidente para identificar problemas atuais ou


potenciais entre as diversas organizações.

2.2 – STAFF GERAL E SUAS COMPOSIÇÕES


É composto de quatro seções ou níveis da estrutura que são responsáveis por
uma determinada uma área funcional no incidente. São ele: Planejamento,
Operações, Logística, Administração e Finanças.

As Seções estão subordinadas diretamente ao CI; sempre possuem um


determinado chefe de responsável e contêm unidades específicas.

Figura 6: Staff Geral

22
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Fonte: Manual de SCI do CBM DF

2.2.1 – Seção de Operações

Conforme extraído do Manual de SCI do CBM DF (2011, p 63)

A Seção de Operações é a responsável pela execução das ações de


resposta. O Chefe da Seção de Operações reporta-se ao CI, determina a
estrutura organizacional interna da Seção, dirige e coordena todas as
operações cuidando da segurança do pessoal da Seção, assiste o CI no
desenvolvimento dos objetivos da resposta ao incidente e executa o Plano de
Ação do Incidente (PAI).

De acordo com SENASP/MJ (2008, p 32) segue as responsabilidades da


Seção de Operações:

a) Reportar-se diretamente ao CI;

b) Obter um rápido relatório do CI;

c) Desenvolver a parte operacional do Plano de Ação do Incidente (PAI) em


conjunto com a seção de planejamento;

d) Apresentar um rápido relato e dar destino ao pessoal de operações, de


acordo com o PAI;

e) Supervisionar as operações;

f) Determinar as necessidades e solicitar recursos adicionais;

g) Compor as equipes de resposta designadas para a Seção de Operações;

h) Manter informado o CI acerca de atividades especiais da operação.

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2.2.2 – Seção de Logística

De acordo com o Manual de SCI do CBM DF (2011, p 64)

A Seção de Logística é a responsável por prover instalações, serviços e


materiais, incluindo o pessoal que operará os equipamentos solicitados para
atender no incidente. Essa Seção é indispensável quando as operações são
desenvolvidas em áreas muito extensas e quando são de longa duração. As
funções da Seção são de apoio exclusivo aos que respondem ao incidente.
Ela supervisiona o Coordenador do Setor de Serviços e o Coordenador do
Setor de Apoio; os Líderes das Unidades Médica (proporciona atendimento
ao pessoal de resposta ao incidente, e não às vítimas), de Comunicações, de
Recepção e Distribuição, de Instalações, de Provisões, de Apoio Terrestre e
de Alimentação; os Encarregados de Base, de Equipes, de Acampamento, de
Segurança e de Requisições.

Conforme extraído da Doutrina SENASP/MJ (2008, p 32) segue as


responsabilidades da Seção de Logística:

a) Reportar-se diretamente ao CI;

b) Planejar a organização da Seção de Logística;

c) Designar lugares de trabalho e tarefas preliminares ao pessoal da seção;

d) Notificar à unidade de recursos acerca das unidades da Seção de Logística


que sejam ativadas, incluindo nome e localização do pessoal designado;

e) Compor os setores e proporcionar informação sumária aos coordenadores


e aos líderes das unidades;

f) Participar da preparação do Plano de Ação do Incidente;

g) Identificar os serviços e as necessidades de apoio para as operações


planejadas e esperadas;

h) Dar opinião e revisar o plano de comunicações, o plano médico;

i)Coordenar e processar as solicitações de recursos adicionais;

j)Revisar o Plano de Ação do Incidente e fazer uma estimativa das necessidades


da Seção para o período operacional seguinte;

k) Apresentar conselhos acerca das capacidades disponíveis de serviços e


apoio;
24
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l)Preparar os elementos de serviços e apoio do Plano de Ação do Incidente;

m) Fazer uma estimativa das necessidades futuras de serviços e apoio;

n) Receber o Plano de Desmobilização da Seção de Planejamento;

o) Recomendar a descarga de recursos da unidade de acordo com o Plano de


Desmobilização;

p) Assegurar o bem-estar geral e a segurança do pessoal da Seção de


Logística.

2.2.2.1 – Unidade de Comunicações

Deve proporcionar um canal seguro e confiável que possibilite a troca de


informações, sendo está restrita ao pessoal que esteja operando em determinado
cenário, ou que tenha alguma relação de causa e efeito com a situação. D esenvolve
um Plano de Comunicações, distribuir e mantém todos os tipos de equipamentos de
comunicações e se encarregar do Centro de Comunicações do Incidente.

2.2.2.2 – Unidade Médica

Deve confeccionar o Plano Médico, prestar os primeiros socorros e prestar o


atendimento médico intensivo ao pessoal em emergência. Essa unidade também é
responsável pelo transporte das vítimas do incidente, tato por terra como pelo ar.
Deverá confeccionar todos os relatórios médicos do incidente.

2.2.2.3 – Unidade de Alimentação

É responsável pela alimentação e fornecimento de água potável nas diversas


instalações envolvidas no incidente, bem como possui o controle de todos os recursos
ativos dentro da seção de Operações. Poderá contratar serviços terceirizados para
suprir essa demanda.

2.2.2.4 – Unidade de Suprimentos

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Relaciona o pessoal, equipamentos e materiais. É responsável pelo controle e
armazenagem dos materiais que serão distribuídos nas instalações. Também executa
a manutenção e conserto dos equipamentos.

2.2.2.5 – Unidade de Instalações

Responsável pela instalação e manter qualquer estabelecimento requerido


para apoiar o incidente. Relaciona os recursos humanos que irão trabalhar nas bases
e acampamentos. Também executa a segurança das instalações e do incidente
quando houver necessidade.

2.2.2.6 – Unidade de Apoio Terrestre

Oferece transporte aos envolvidos no incidente, faz a manutenção e conserto


dos veículos empregados.

2.2.3 – Seção de Planejamento

Tem a função de recolher informações, avaliar e processar para a elaboração


do Plano de Ação do Incidente (PAI) para definir as atividades de intervenção e a
melhor administração dos recursos durante um Período crítico. Sob sua direção,
estão os Líderes das Unidades de Recursos, de Situação, de Documentação,
Desmobilização e Unidades Técnicas.

De acordo com SENASP/MJ (2008, p34) segue as responsabilidades da Seção


de Planejamento:

a) Reportar-se diretamente ao CI

b) Obter breve informação do CI;

c) Ativar as unidades da Seção de Planejamento;

d) Designar o pessoal de intervenção para as posições do incidente, de forma


apropriada;

e) Estabelecer as necessidades e agendas de informação para todo o Sistema


de Comando do Incidente (SCI);

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f) Notificar a unidade de recursos acerca de todas as unidades da Seção de
Planejamento que tenham sido ativadas, incluindo os nomes e os locais
onde está todo o pessoal designado;

g) Estabelecer um sistema de obtenção de informações meteorológicas,


quando necessário;

h) Supervisionar a preparação do Plano de Ação do Incidente;

i) Organizar as informações acerca de estratégias alternativas;

j) Organizar e desfazer as equipes de intervenção que não sejam designadas


às operações;

k) Identificar a necessidade de uso de recursos especializados;

l) Dar conta do planejamento operacional da Seção de Planejamento;

m) Proporcionar previsões periódicas acerca do potencial do incidente;

n) Compilar e distribuir informações resumidas acerca do estado do incidente.

2.2.3.1 – Unidade de Recursos

Responsável por controlar todos os recursos, manter atualizada a relação do


pessoal envolvido e monitorar o estado dos equipamentos destinados para o incidente.

O Líder da unidade de recursos possui o controle máximo dos recursos, deve


ter muita atenção quando houver mais de uma área de espera no incidente. Tem as
seguintes atribuições:

a) Manter o controle de todo o pessoal envolvido e dos recursos destinados


ao incidente;

b) Estabelecer as prioridades de emprego dos recursos;

c) Controlar a requisição de recursos;

d) Registrar os recursos;

e) Controlar do uso, o ajuste e a manutenção dos recursos;

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f) Desmobilizar os recursos;

g) Avaliar a necessidade e o custo de cada recurso utilizado.

2.2.3.2 – Unidade de Situação

Acompanha a evolução do incidente, compila e processa as informações sobre


a situação atual, confecciona gráficos e apresenta um resumo da situação.
O Líder da Unidade de Situação é encarregado de tomar conhecimento da
situação geral do evento, prevendo possíveis evoluções do incidente, colher todas
informações de inteligência, publicar e disseminar as novidades internamente.

2.2.3.3 – Unidade de Documentação

Responsável por toda a parte escrita do Plano de Ação do Incidente, registra e


faz o arquivamento dos relatórios relacionados ao incidente e providencia todas
cópias de documentos que forem necessárias.

2.2.3.4 - Unidade de Desmobilização

É responsável pela organização dos recursos de forma segura e equilibrada.


Após o encerramento do evento é responsável pela desmobilização de todo o pessoal
envolvido no incidente.

2.2.4 – Seção de Administração e Finanças

É responsável por administrar todos os aspectos financeiros de resposta ao


incidente. Manter sobre controle todos os gastos de recursos e manter arquivada toda
a documentação que poderá posteriormente ser requerida para processos de
indenizações.

A Seção de Administração e Finanças tem grande importância pois é através


dela que servirá de subsidio para a Decretação de Situação de Emergência ou Estado
de Calamidade Pública.

Responsabilidades:

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a) Reportar-se diretamente ao CI;

b) Obter breve informação do CI;

c) Participar das reuniões de informação aos representantes de instituições


para receber informação;

d) Participar das reuniões sobre o planejamento estratégico dos recursos;

e) Solicitar sempre que necessário recursos e apoio para a Seção de


Administração e Finanças;

f) Desenvolver um planejamento operacional para emprego das finanças no


incidente;

g) Preparar objetivos de trabalho para seus subordinados, prestar breve relato


ao seu Pessoal;

h) Fazer designações e avaliar desempenhos;

i) Informar ao CI e ao pessoal quando sua seção estiver em completa


operacionalidade;

j) Reunir-se com os representantes das instituições de apoio, quando seja


necessário;

k) Manter controle diário com todas as instituições sobre os recursos


financeiros;

l) Manter sob controle e transmitir a instituição todos os registros de tempo do


pessoal de acordo com as normas estabelecidas;

m) Manter presença durante todo o planejamento de desmobilização;

n) Assegurar que todos os documentos de obrigações iniciados durante o


incidente estejam devidamente preparados e completos;

o) Informar ao pessoal administrativo sobre todos os negócios que foram


efetuados durante o incidente, proporcionando-lhes andamento antes de
deixar o incidente.

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2.2.4.1 – Unidade de Tempo

Responsável por registrar todos os horários do pessoal que trabalham no


incidente.

2.2.4.2 – Unidade de Provedoria

Responsável pelos processos administrativos referentes a todos alugueis e


contratos de equipamentos e aquisição de materiais. Tem a responsabilidade de
confeccionar relatório das horas em que os equipamentos foram utilizados.

2.2.4.3 – Unidade de Custos

Responsável por orçar todos os custos previstos a fim de planejamento e


recomendações para melhor economia de gastos.

2.3 – TÍTULOS DAS POSIÇÕES


Para manter uma coordenação de todas as atividades são realizadas deve-se
manter o princípio da terminologia comum, as posições e os responsáveis têm títulos
diferentes que devem ser do conhecimento de todos que trabalham no sistema.
Observe o quadro a seguir:

Figura 7: Título das Posições

Nível Organizacional Título

Comando Comandante / Oficial

Seções Chefes

Setor Coordenador

Divisão/Grupo Supervisor

Unidades Líder

Instalações Encarregado

Fonte: Elaborado pelo autor

Conforme SENASP/MJ (2008, p29) segue:

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2.3.1 – Setor

Nível da estrutura com responsabilidade funcional ou geográfica designada


pelo CI, sob direção de um chefe de seção.

O CI pode implementar setores funcionais (Ex: Operações Aéreas, Controle de


Trânsito). Também podem ser setores geográficos que conduzirão operações em
áreas geográficas pré-definidas.

2.3.2 – Unidade

Nível da estrutura que tem a função de apoiar as atividades de Planejamento,


Logística e Administração e Finanças

Por exemplo, a Seção de Planejamento tem a Unidade de Documentação que


recolhe e mantém todos os documentos do incidente; a Seção de Logística possui a
Unidade Médica, a Unidade de Alimentos e outras.

2.3.3 – Divisão

As Divisões cobrem operações em áreas geográficas delimitadas quando o


número de Divisões ou Grupos excede os cinco recomendados para o Alcance de
Controle do Chefe de Seção. Caso existam várias instituições com competência no
incidente, convém que os recursos sejam administrados sob suas linhas de
subordinação.

2.3.4 – Grupo

Nível da estrutura que tem a responsabilidade de uma designação funcional


específica. Os Grupos cobrem funções específicas de operação.

Observações:

A Divisão e o Grupo são níveis organizacionais que se encontram entre Força-


Tarefa, Equipe de Intervenção, Recursos Únicos e o nível de Setor (caso este tenha
sido implementado).

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Note-se que a partir de Grupo, as posições que seguem indicam níveis dentro
da estrutura. Esses níveis irão sendo estabelecidos à medida que o alcance de
controle se faça necessário. Podem ter obrigações funcionais específicas (Grupo) ou
desempenhar funções em uma área geográfica delimitada (Divisão). Em uma divisão
poderão funcionar vários grupos.

Divisões e grupos são empregados em um incidente quando o número de


forças tarefas, equipes de intervenção ou recursos únicos excedem o alcance do
controle.

2.4 – INSTALAÇÕES

Figura 8: Ilustração de Instalações

Fonte: ABM RS/2018

Instalações são espaços físicos ou estruturas fixas ou móveis, estabelecidas


pelo Comandante do Incidente (CI) para desempenhar uma função específica no SCI.

Durante a instalação do SCI há a necessidade de uma organização do espaço


físico para desenvolver as atividades de resposta ao evento. Na instalação deve ser
utilizada a terminologia comum como padronização para o entendimento de todos os
evolvidos no evento.

As instalações do SCI não serão necessariamente edificações construídas


podendo ser apenas demarcações no terreno estabelecidas pelo comandante do
Incidente.

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Conforme SENASP/MJ (2008, p 39) alguns fatores devem ser observados nas
instalações em um incidente:

a) Necessidades prioritárias;

b) Tempo que cada instalação estará em operação;

c) Elementos ambientais que podem afetar as instalações;

d) Condições de pessoal para garantir seu funcionamento.

As principais instalações são:

 Posto de Comando;

 Áreas de Espera;

 Área de concentração de vítimas;

 Base;

 Acampamento;

 Helibase;

 Heliponto.

2.4.1 Posto de Comando

De acordo com o Manual de SCI do Distrito Federal 1º edição (2011, p 32)

É o local a partir do qual se exercem as funções de comando, devendo ser


instalado em todas as ocorrências que se utiliza a ferramenta SCI,
independentemente do tamanho e da complexidade da situação, no entanto,
as características terão relação direta com esses fatores. Sempre haverá um
PC para cada evento e este deverá ser a sinalizado com um retângulo
alaranjado, medindo 110 cm x 90 cm, com as letras PC em preto.

Figura 9: Posto de Comando

PC
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Fonte: Senasp, 2008

Ao Instalar o Posto de Comando você deverá se assegurar de que:

a) Segurança e visibilidade;

b) Facilidades de acesso e circulação;

c) Disponibilidade de comunicações;

d) Lugar distante da cena, do ruído e da confusão e

e) Capacidade de expansão física.

2.4.2 – Área de Espera

É o local delimitado e identificado, para onde se dirigem os recursos


operacionais, que serão integrados ao SCI.

Figura 10: Área de espera

Fonte: Senasp, 2008

Vantagens da Área de Espera conforme SENASP/MJ (2008, p 42):

a) Melhora a segurança do pessoal de resposta e otimiza o emprego dos


recursos;

b) Evita a designação prematura de recursos;

c) Facilita a entrada oportuna e controlada do pessoal na área do incidente;

d) Proporciona um lugar para registro de chegada e entrada de pessoal,


equipamentos e ferramentas, tornando mais fácil o controle.

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Características da Área de Espera conforme SENASP/MJ (2008, p 42):

a) Estar afastadas da cena do incidente a uma distância não superior a cinco


minutos de deslocamento;

b) Estar longe de qualquer zona perigosa;

c) Ter rotas diferentes para a entrada e saída dos recursos;

d) Ser suficientemente grandes para acomodar os recursos disponíveis e para


expandirem-se caso o incidente o necessite;

e) Oferecer segurança tanto para o pessoal quanto para os equipamentos

2.4.3 Área de Concentração de Vítimas

É o local no cenário do incidente onde estarão concentradas as vítimas,


esperando o momento para serem transportadas ao hospital de referência. A equipe
que presta o atendimento começa a atuação conduzindo as vítimas de maneira
ordenada, de acordo com a gravidade, para a Área de Concentração de Vítimas. Nela
as vítimas são constantemente monitoradas e reclassificadas pela equipe de
atendimento pré-hospitalar, que deve atuar nas divisões de Transporte, Estabilização
e monitoramento, Triagem e Manejo de mortos.

Sinal de identificação da área é um círculo com fundo amarelo e um “ACV” de


cor preta em seu interior, com 90 cm de diâmetro.

Figura 11: Área de concentração de vítimas

Fonte: Senasp, 2008

A equipe do ACV atua em quatro divisões conforme SENASP/MJ (2008, p 44):

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a) Estabilização e Atendimento;

b) Transporte;

c) Triagem e

d) Manejo de Mortos.

Figura 12: Triagem método START

Fonte: Elaborada pelo autor

Lona Preta:

Vítimas com incompatibilidade a vida, sem respostas de abertura de vias


aéreas e com ferimentos críticos que indicam morte iminente, Exemplo: Paciente com
parada cardíaca e sinais de rigidez cadavérica, exposição de massa encefálica,
calcinações e decapitações.

Lona Vermelha

Vítimas com ferimentos graves, que necessitam atendimento de urgência,


devido ao risco morte. Devem ter prioridade elevada para atendimento e do transporte
imediato da cena para um atendimento especializado médico. Exemplo: Grandes
hemorragias, trauma torácico, Traumatismos Crânio Encefálico - TCE, Parada
Cardiorrespiratório, Queimaduras Graves.

Lona Amarela

Vítimas com ferimentos moderados. Podem aguardar um tempo na cena até o


transporte. Exemplo: membros fraturados, torções.

Lona Verde

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE


Vítimas com ferimentos mínimos, que podem deambular sem muitas restrições,
respostas verbais claras e alertas. Não costumam causar alguns problemas, pois
estão deambulando, assustadas e com dores, normalmente necessitam apoio
psicológico e orientação no local do acidente. Exemplo: Pequenos edemas e
escoriações difusas no corpo.

Características da Área de Concentração de Vítimas:

 Segura;

 Próxima à cena;

 Acessível para os veículos;

 Facilmente ampliável

 Isolada do público

 Deve possuir um fluxo eficiente de vítimas bem como de pessoal médico

2.4.4 Base

Esta instalação é empregada nos incidentes de maior complexidade, é local


onde se realizam as funções logísticas do incidente, como almoxarifado, reparo de
equipamentos, geralmente há somente uma base em cada incidente, no entanto,
existem eventos em que podem haver bases auxiliares, por exemplo nos incêndios
florestais, que muitas vezes atuam em mais de uma frente de combate. A base, pela
própria característica, muitas vezes é um bom local para instalar-se o PC.

A identificação da base corresponde a um círculo com fundo amarelo e um “B”


de cor preta em seu interior, com 90 cm de diâmetro.

Figura 13: Base

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE


Fonte: Senasp, 2008

2.4.5 Acampamento

Local onde está localizado o alojamento da equipe do incidente, montado para


proporcionar ao pessoal um local para alimentação e instalações sanitárias, pode
estar localizada junto da base e desempenhar a partir daí suas funções específicas.
Em incidente, poderão estabelecer-se vários acampamentos, tendo um encarregado
em cada, sendo identificado por nome geográfico ou número.

A identificação do Acampamento é um círculo com fundo amarelo e um “A” de


cor preta em seu interior, com 90 cm de diâmetro.

Figura 14: Acampamento

Fonte: Senasp, 2008

2.4.6 Helibase

É o local onde ficarão estacionados os helicópteros, assim como o


abastecimento e a manutenção dos mesmos.

A identificação corresponde a um círculo com fundo amarelo e um “H” de cor


preta em seu interior, com 90 cm de diâmetro.

Figura 15: Helibase

Fonte: Senasp, 2008

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2.4.7 Heliponto

Zona de pouso de helicópteros, local preparado para que a aterrissagem desse


tipo de aeronave, desembarque de pessoas e a carga e descarga dos diversos tipos
de equipamentos e materiais.

“A identificação do heliponto corresponde a um círculo com fundo amarelo e


um “H1” (“H2”, “H3”...) de cor preta em seu interior, com 90 cm de diâmetro”.
Conforme SENASP/MJ (2008, p 42):

Figura 16: Heliponto

Fonte: Senasp, 2008

LIÇÃO 3

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ASPECTOS OPERACIONAIS DO SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTES
Figura 17: Incêndio no Mercado Público

Fonte: (Félix Zucco/Agência RBS/VEJA)

Objetivos:

Ao final desta aula você será capaz de:


· Conhecer e compreender o que é um recurso;

· Conhecer e compreender o processo de utilização e gerenciamento dos recursos;

· Conhecer e compreender os formulários empregados no SCI e saber como utiliza-


los.

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3.1 – RECURSOS
Os recursos são definidos como pessoal, equipes, equipamentos,
suprimentos e instalações disponíveis ou potencialmente disponíveis para
serem empregado no apoio ao gerenciamento do incidente ou nas atividades
operacionais de resposta. (Manual de SCI do CBPR 1º edição (2011, p 30).

Os recursos devem estar prontos para serem utilizados taticamente em um


incidente, a exemplo podemos citar:

a) Desfibrilador;

b) Prancha;

c) Desencarcerador;

d) Policial e Bombeiro.

Estes recursos podem ser descriminados por sua classe ou tipo, sendo que a
classe está relacionada à função do recurso (ex.: viatura para incêndio, salvamento,
policiamento, transporte de carga). O tipo de recurso deve estar relacionado com o
nível de sua capacidade operacional (ex: capacidade de trabalho, carga, número de
pessoas).

3.1.2 – Categoria dos Recursos

Essa categoria refere-se a combinações de equipamento e pessoal, no qual


dividimos em três categorias de recursos:

a) Recurso Único

b) Equipe de Intervenção

c) Força Tarefa

3.1.2.1 – Recurso Único

Corresponde a um equipamento junto com seu complemento que pode ser


designado para uma ação tática em um incidente, sendo responsável um líder. O
recurso só passará a ter a denominação de Recurso Único quando estiver registrado
na área de espera ou for classificado para o incidente.

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Exemplos: helicóptero com a sua tripulação, a ambulância e a sua guarnição,
equipes de intervenção com uma pessoa no comando (líder), cão de resgate e seu
guia.

3.1.2.2 – Equipe de Intervenção

Trata-se de um conjunto de recursos únicos da mesma classe e tipo, deve


contar com um único líder e as comunicações devem estar sempre integradas. Esta
equipe possui uma jurisdição geográfica onde deverá atuar, sempre deve ser
respeitado o alcance de controle.

Os recursos são descritos por sua classe e por seu tipo. A classe do recurso
está relacionada à função que o mesmo será empregado; ex.: Viatura de combate a
incêndio, material de salvamento, policiamento ostensivo, equipe para transporte de
carga. O tipo de recurso está relacionado com o nível de sua capacidade; ex.:
Capacidade de trabalho, carga que suporta e a quantidade de recursos humanos.

3.1.2.3 – Força-Tarefa

Nesse caso pode ser qualquer combinação de Recursos Únicos de diferentes


classes e ou tipos, geralmente é constituída para atender uma necessidade
operacional em evidência, sempre somente com um líder e a comunicação integrada.
A equipe deve ter autonomia e atuar, respeitando o alcance do controle, dentro da
uma mesma área jurisdicional.

3.1.2.4 – Estado dos recursos

Refere-se a forma que os recursos poderão estar apresentados no incidente.


Conforme SENASP/MJ (2008, p 53) são três as condições de estado possíveis:

a) Designados - São os que estão trabalhando no incidente, com uma tarefa


específica;

b) Disponíveis - São os que estão prontos para uma designação imediata na


Área de Espera;

c) Indisponíveis - Recurso que não é possível utilizar.

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3.2 – GERENCIAMENTO DE RECURSOS

A capacidade de gerenciar recursos em um incidente é um fator decisivo para


a eficiência da resposta. Desta forma, pelo princípio do Gerenciamento
Integral dos Recursos é possível a categorização, solicitação, despacho,
controle e otimização do emprego dos recursos. (Manual de SCI do CBPR
2011, p 30)

3.3 – PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA A UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS


O emprego certo dos recursos no incidente é de suma importância para o
cumprimento dos objetivos determinados pelo Comandante do incidente e a
facilitação na execução dos objetivos. O Líder da Unidade de Recursos, que está sob
a coordenação do Chefe da Seção de Planejamento tem toda a responsabilidade pelo
controle dos recursos do incidente.

3.3.1 – Fases para empregar os recursos:

Conforme Manual de SCI do CBM DF (2011, p 44)

a) Estabelecer as necessidades de recurso para responder ao incidente;

b) Estabelecer um processo coordenado de solicitação;

c) Registrar os recursos no incidente;

d) Empregar os recursos, ajustar e manutenir caso necessário;

e) Desmobilizar quando não se fizer necessário os seus objetivos.

3.3.2 – Solicitação de Recursos

O pedido de recursos pode ser feito tanto internamente, com os recursos


disponíveis no incidente, quanto externamente, aquisição de outros recursos
necessários para o incidente.

“Solicitações verbais de requisição de recursos deverão receber uma atenção


especial quanto a confirmação do pedido, registrando hora da solicitação e o nome do
responsável da instituição ao qual o recurso pertence”. Manual de SCI do CBM DF
(2011, p 45)

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A requisição do recurso poderá ser feita através do telefone, rádio, ou de forma
escrita, onde deverá conter:

a) Nome do Incidente;

b) Data e hora necessária do recurso;

c) Quantidade e tipo dos recursos, sendo específico quanto possível;

d) Local de entrega;

e) Hora aproximada da chegada na cena.

3.3.3 – Quem pode solicitar recursos no incidente

a) Comandante do Incidente;

b) Chefe da seção de operações;

c) Chefe da seção de planejamento;

d) Chefe da seção de logística

3.3.4 – Considerações fundamentais na gerência de recursos

Conforme Manual de SCI do CBM DF (2011, p 45)

a) Direito de recusa – O comandante do incidente poderá recusar recursos


que forem enviados para a cena do incidente sem serem solicitados, ou
que não tenham aplicabilidade.

b) Custo – eficácia – deverá ser feita uma análise da relação do custo do um


acompanhamento.

c) O recurso se tornará disponível com tempo de chegada conhecido e


registrado na instalação em formulários específicos (211 e 219) para o
incidente.

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d) Outro ponto a ser ressaltado é a necessidade de ocorrer uma troca de
informações entre o encarregado da área de espera e o líder da unidade de
recursos, para um eficiente e eficaz controle dos recursos no incidente.

3.4 – O LÍDER DA UNIDADE DE RECURSOS


De acordo com a Doutrina SENASP/MJ (2008, p 55) o Líder da unidade de
Recursos deverá ter o controle macro dos recursos, principalmente na situação
quando existir mais de uma área de espera no incidente, tendo por atribuição:

a) Manter o controle de todo o pessoal empregado e recursos táticos em um


incidente;

b) Catalogar as prioridades de recursos no incidente;

c) Controlar a requisição de recursos;

d) Registrar os recursos;

e) Controlar do uso, o ajuste e a manutenção dos recursos;

f) Desmobilizar os recursos;

g) Manter atualizado o custo e a aplicabilidade de cada recurso utilizado.

3.5 – SITUAÇÃO DO INCIDENTE


Nessa situação ocorre a coleta, organização e disseminação de informações
acerca da situação do incidente, devendo ser avaliado e analisado ficando a
informação a disposição para o pessoal do SCI. Essas informações são
disponibilizadas através de planilhas, de quadros ou de mapas.

3.5.1 – Informações necessárias para os quadros:

É importante que se tenham as seguintes informações de acordo com


SENASP/MJ (2008, p 56):

a) Composição do staff do Incidente e recursos;

b) Acidentes e feridos;

45
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c) Tópicos de segurança;

d) Interesses da mídia;

e) Instalações de apoio;

f) Projeções do incidente;

g) Visitas de Autoridades ao incidente;

h) Sumário de custos

i) Prioridades e limitações da resposta;

j) Tópicos ambientais;

k) Decisões determinadas pelo comando do incidente;

l) Ações que já foram realizadas.

3.5.2 – Locais que podem necessitar de quadros:

a) Centro de Informações Públicas;

b) Local de reunião do Comando do incidente;

c) Local da reunião tática e de planejamento;

d) Local de orientação operacional.

3.6 – O LÍDER DA UNIDADE DE SITUAÇÃO


É o responsável pela elaboração e divulgação de todas as informações
pertinentes ao incidente. São duas funções padronizadas no sistema que vão auxiliar
o trabalho do líder da unidade de situação: Observadores de Campo e Expositores de
mapas e painéis, vejamos:

3.6.1 – Os Observadores de Campo

Conforme Manual de SCI do CBM DF (2011, p 48)

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Profissionais que têm a responsabilidade de realizar o levantamento da
situação do incidente e repassar para o líder da unidade de situação.

a) Devem ter orientação clara sobre as exigências de informação;

b) As pessoas que estão designadas para a resposta do incidente podem ser


utilizadas;

c) Normalmente o trabalho dos observadores é em campo, porém algumas


informações importantes poderão ser adquiridas em outro local;

d) Asseguram o cumprimento dos horários para o relatório da informação;

e) Considerar o apoio de transporte e comunicações para as atividades dos


observadores de campo.

3.6.2 – Expositores de mapas e painéis

Composto pelos profissionais responsáveis pela montagem dos mapas da


situação do incidente.

3.6.3 – Exposição do Status da Situação

Figura 18: Status da situação

Fonte: Manual de SCI – CBMDF – 2011

47
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3.6.3.1 – Histórico

Informações iniciais do evento, data, local, horário, tipo de situação, quais os


órgãos foram acionados e quem são os primeiros respondedores. Enfim, toda a
informação que diz respeito as condições iniciais do problema.

3.6.3.2 – Matriz Operacional

Onde estão definidas em forma de tabela os objetivos, as estratégias


operacionais, bem como as táticas que serão aplicadas para a resolução do incidente.

3.6.3.3 – Recursos designados;

Local em que se terá uma amostra total dos recursos que estão designados.
Geralmente serão utilizados os formulários SCI 219, cartão tipo T para efetuar tal
controle.

3.6.3.4 – Mapa de exposição;

Trata-se de um mapa impresso, planta, ou croqui de tamanho apropriado de


forma que possibilite uma identificação e visualização da área em crise, das rotas de
acesso e rotas para evacuação, limites de atuação, dos grupos funcionais
(posicionamento de equipes de intervenção, força tarefa ou recursos únicos), também
deve identificar as zonas de segurança e os locais onde estão posicionadas as
instalações (PC, E, ACV, etc).

3.6.3.5 – Programação de reuniões;

Nos eventos em que demande a aplicação ou implementação de períodos


operacionais, e daí, necessariamente a realização das fases do planejamento “P”, ter-
se-á realização de reuniões em determinados horários. Então, para o fiel cumprimento
das demandas deve-se ter a vista de todos a agenda indicando os horários definidos
para cada acontecimento do ciclo de planejamento.

3.6.3.6 – Organograma

48
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Nada mais é que a divulgação escrita das funções estabelecidas no SCI,
identificando quem é o responsável naquele momento por determinada função.

3.7 – INSTRUMENTO DE REGISTRO E CONSULTA


A gestão de um incidente é iniciada pela primeira guarnição de serviço que
chega à cena, que são os “primeiros respondedores”. A responsabilidade dos
primeiros respondedores em executar corretamente determinadas tarefas pode
determinar se o incidente será resolvido com sucesso ou não.

Desta forma sendo imprescindível que o SCI seja instalado o mais rápido
possível e as ações sejam coordenadas desde o início da operação, o mais antigo da
guarnição deve assumir o Comando.

Conforme SENASP/MJ (2011, p 60)

O SCI se expande e se contrai de acordo com o tamanho e a complexidade


da situação, seguindo um organograma previamente delineado em que as
posições são ativadas de acordo com a necessidade de delegar atribuições.
Assim, com o cenário das operações organizado, o Comando começa a
reunir informações para formar um quadro mais completo da situação, tendo
a necessidade registrar as informações.

Cabe destacar que em algumas ocorrências o Comando será assumido por


alguém de nível operacional inadequado e a importância da situação exija alguém
com mais autoridade ou conhecimento técnico. As vezes outro órgão deve assumir o
comando da operação por possui maior competência técnica ou legal.

Nessas situações deve ser transferido o Comando e este deve ser feito de
forma formal, no Posto de Comando e com a troca de todas as informações
necessárias.

Veremos alguns instrumentos de consulta, registro e controle que são


necessários para dar suporte técnico e aplicação prática do sistema.

3.7.1 Tarjeta de Campo

Trata-se de um cartão que contém um pequeno check-list que determina o que


o primeiro a chegar na ocorrência deve fazer para assumir o comando, assim como
quais informações deve colher para quando repassar ou transferir o comando. As

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fases são as responsabilidades do primeiro respondedor, que devem ser incluídos em
programas de treinamento de todas as entidades.

3.7.1.1 – Informar a base a chegada no incidente

Conforme SENASP/MJ (2008, p 61)

Ao chegar ao local do incidente, o primeiro respondedor, deve informar de


sua chegada, identificar o comandante e seu contato, confirmar o evento e,
se possível, já identificar o PC. Muito frequentemente, as chamadas feitas
aos bombeiros são diferentes das circunstâncias declaradas nas
comunicações iniciais. O primeiro respondedor precisa verificar a veracidade
da chamada e do local do incidente.

3.7.1.2 – Assumir e estabelecer o Posto de Comando

Ao assumir o Comando, o comandante deve estabelecer o Posto de Comando


utilizando critérios como instalar em um local adequado. Deve se preocupar com a
segurança do local, sendo distante da ocorrência, do ruído e da confusão, com
disponibilidade de comunicação e boa visibilidade do sinistro. Além desses aspectos,
o PC deve ter capacidade de expansão física e facilidades de acesso e circulação.

3.7.1.3 – Avaliar a situação

Conforme SENASP/MJ (2008, p 61)

Com o estabelecido o Posto de Comando, o comandante deve fazer o


reconhecimento do local considerando alguns aspectos importantes, tais
como: Qual a natureza do incidente? O que ocorreu? Quais são as ameaças
presentes? Qual o tamanho da área afetada? Como poderia evoluir? Como
poderia isolar a área? Como adquirir os recursos e providenciar a
organização? Lugares mais adequados para estabelecer as instalações
necessárias, bem como rotas de saídas e entradas.

3.7.1.4 – Estabelecer um perímetro de segurança

O primeiro respondedor do incidente deve estabelecer inicialmente um


perímetro de segurança, que isolará a área onde qualquer um da equipe pode ficar
vulnerável. Esse procedimento deve ser adotado principalmente quando houver riscos
de desabamento ou produtos perigosos envolvidos. Ninguém deve entrar no
perímetro interno sem o conhecimento e avaliação do comandante incidente.

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O comandante do incidente deve retirar todos os feridos e outras pessoas que
correm perigo, desde que seja possível fazerem segurança. Caso contrário, deve-se
aguardar a chegada de um grupo de respostas adequadamente equipados.

3.7.1.5 – Estabelecer os objetivos

O CI deve expressar claramente qual é seu objetivo frente ao incidente. Devem


ser alcançáveis, específicos, observáveis e avaliáveis.

3.7.1.6 – Determinar as estratégias

As estratégias são os métodos de como será realizado o trabalho para atingir


os objetivos. As estratégias devem ser determinadas conforme possam ser
concretizadas dentro de um período operacional. Antes de coloca-las em prática
deve-se fazer uma análise se há disponibilidade de recursos ou outros apoios que
poderiam ser necessários.

Uma análise mal feita em relação ao apoio logístico pode estabelecer a


diferença entre o êxito e o fracasso dos objetivos. Caso os recursos não sejam
contemplados conforme o planejamento as estratégias operacionais poderão sofrer os
ajustes necessários. Estas mudanças poderão requerer também uma nova análise
dos objetivos.

3.7.1.6 – Determinar as prioridades de recursos e possíveis instalações

São os recursos requeridos para implementar as estratégias, podem ser


recursos simples, equipes de intervenção, forças tarefas, ferramentas, equipamentos
e materiais de comunicação. As instalações quando estabelecidas devem ser
considerados alguns fatores: necessidades prioritárias, tempo de operação de cada
instalação, custo para o estabelecimento e operação e condições ambientais que
podem afetar as instalações.

3.7.1.7 – Preparar as informações para transferir o comando

Conforme SENASP/MJ (2011, p 63)

A transferência do comando deve ser feita pessoalmente. O Comandante que


sai deve apresentar ao que entra seu Staff de Comando e os Chefes de

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Seção e informar-lhe: estado do incidente, situação atual de segurança,
objetivos estabelecidos e suas prioridades, designação dos recursos,
recursos solicitados e a caminho, instalações estabelecidas, o plano de
comunicações, o PAI e seu estado atual, a estrutura organizacional e a
provável evolução.

Sempre que houver passagem de comando tanto o que sai como o que entra,
devem notificar as mudanças à Central de Comunicações e ao resto do efetivo de
resposta.

3.8 – FORMULÁRIOS DE UM SCI


Os formulários são documentos onde são descritas as informações do
incidente e controle das operações.

3.8.1 – Formulário SCI 201

Conforme Manual de SCI CBM DF (2011, p 101)

As informações contidas no SCI 201 podem ser usadas como ponto de


partida para outros formulários ou documentos do SCI, portanto o
comandante deve conhecer e saber preencher. Está estruturado da seguinte
forma:
Página 1 (Croquis) pode converter-se depois no Mapa de Situação do
Incidente;
Página 2 (Resumo das Ações) pode ser utilizada para dar seguimento
contínuo às ações de resposta;
Página 3 (Organização Atual) útil para auxiliar na transição imediata à Lista
de Organização;
Página 4 (Resumo dos Recursos) pode ser utilizada para mapear os
recursos empregados no atendimento ao incidente e, individualmente, para
os Cartões – T (SCI 219) ou outro sistema de controle.

3.8.2 – Formulário SCI 202

Conforme Manual de SCI CBM DF (2011, p 108)

O Formulário SCI 202 é dos objetivos da resposta do Plano de Ação do


Incidente (PAI), o qual serve para descrever os objetivos para o período
operacional, estratégia, recursos e organização. Inclui a previsão do tempo e
as considerações de segurança para ser utilizado durante o período
operacional. Este formulário é confeccionado pela Seção de Planejamento.

3.8.3 – Formulário SCI 204

O formulário SCI 204 mostra a designação de trabalho dos recursos,


mostrando onde devem atuar, sempre informado os contatos com os líderes.

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As guarnições de bombeiros devem atuar empregando técnicas e táticas
próprias de suas instituições ou atividades. (Manual de SCI CBM DF 2011, p
112)

3.8.4 – Formulário SCI 205

O SCI 205 (Plano de Comunicações) descreve uma série de condições


operacionais e administrativas, como: quem está falando com quem, como,
quando, por que meio, etc. Serve para controlar os meios de comunicações
dentro de um evento. (Manual de SCI CBM DF 2011, p 112)

3.8.5 – Formulário SCI 206

Para o controle detalhado de vítimas, na ACV, usa-se o formulário SCI 206,


sendo que este permite saber pelo método START qual a gravidade da
vítima, nome, idade e referências sobre transporte: para onde, horário e por
quem? (Manual de SCI CBM DF 2011, p 116)

3.8.6 – Formulários SCI 211 e 219

Cabe destacar que para fazer o controle dos recursos são utilizados os
formulários SCI 211 e SCI 219. Esses formulários permitem ao comandante
do incidente saber quais os recursos estão disponíveis, indisponíveis e os
designados. (Manual de SCI CBM DF 2011, p 118)

Os formulários dentre outras informações mostram a data e a hora da


chegada dos recursos no local do incidente, a qual instituição pertence o recurso,
nome e contato da instituição, quantas pessoas estão empregadas e o local de
trabalho onde foi designado o recurso.

Estes devem ser preenchidos inicialmente no Posto de Comando, podendo


também, caso haja a necessidade na Área de Espera e na Seção de Planejamento.

O chefe da Seção de Planejamento utiliza o formulário SCI 219, que serve


para controlar os recursos envolvidos no evento dentro de sua seção, enquanto o
formulário SCI 211 destina-se para controlar somente os recursos de sua área de
espera. Os dois formulários estão subordinados a seção de operações.

3.8.7 – Formulário SCI 215

Conforme Manual de SCI CBM DF (2011, p 124)

Este formulário de Planejamento Operacional SCI-215, podemos dizer que é


uma das principais ferramentas que o Chefe da Seção de Operações (CSO)

53
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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE


tem a sua disposição. O Chefe de Operações será capaz de conduzir as
reuniões táticas efetivamente e desenvolver o plano tático de uma forma
estruturada e disciplinada, para isso deve apontar um CSO substituto a
quem será atribuída a responsabilidade de supervisionar as operações que
estarão em andamento, durante aqueles momentos nos quais o titular
estiver envolvido nas missões de planejamento.

3.8.8 – Formulário SCI 234

Esse formulário trata-se da Matriz de Análise de Trabalho que é preenchida


pelo Chefe da Seção de Operações e Planejamento. Sendo definido os
objetivos do incidente, os chefes dessas seções preenchem o formulário SCI
234, estabelecendo as estratégias e táticas a serem debatida na reunião
tática. Manual de SCI CBM DF (2011, p 127)

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LIÇÃO 4
PRÁTICAS OPERACIONAIS
Figura 19: Acidente de Trânsito

Fonte: Bombeiros de Goiás


www.bombeiros.go.gov.br/notícias/109378.html

Objetivos:

Ao final desta aula você será capaz de:

 Conhecer e compreender os materiais empregados no SCI e no Posto de


Comando;

 Conhecer e compreender a utilização da Tarjeta de Campo.

 Caso prático de emprego da Tarjeta de Campo

55
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4.1 – DOS MATERIAIS
Os principais materiais no Sistema de Comando de Incidentes são os
seguintes:

 Formulários;

 Identificadores de instalações;

 Tarjeta de campo.

Além destes materiais, é importante destacar uma série de outros materiais de


suma importância que, a seguir, serão descritos.

4.1.1 – Materiais indispensáveis utilizados no Posto de Comando (PC)

Conforme SENASP/MJ (2008, p 78)

a) Identificação das instalações;

b) Coletes de identificação de funções;

c) Lápis, caneta, marcadores e pincel atômico;

d) Papel e clipes;

e) Formulários do Sistema de Comando de Incidentes ou específicos do


evento;

f) Manual do Sistema de Comando de Incidentes;

g) Planos de emergência;

h) Mapas e anexos;

i) Painel e formulários para o quadro de situação;

j) Fita crepe e alfinetes ou percevejos para o quadro ou mapas;

k) Pranchetas com prendedor para anotações;

l) Cartões para o controle de recursos;

56
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m) Painel de controle de recursos.

Os materiais relacionados acima devem estar disponíveis em tempo integral,


bem como seu armazenamento deve estar de forma organizada. Indica-se que o
melhor local para estes materiais estarem armazenados, quando não há viatura
específica para esta atividade é a viatura operacional a cargo do comandante do
socorro.

Melhor ainda se houver uma viatura específica e dedicada para funcionar como
um posto de comando móvel. Esse tipo de viatura tem dupla função: além de ser o
local onde se exerçam as atividades de comando, pode transportar o material para a
expansão da estrutura do Posto de Comando conforme a necessidade do incidente
em específico.

4.1.2 – A montagem do Posto de Comando

Uma vez dentro do Posto de Comando, há de se considerar diversas


informações importantes sobre o incidente que devem ficar sob a responsabilidade do
Líder da Unidade de Situação, subordinado ao chefe da Seção de Planejamento. Este
Líder da Unidade de Situação monta o Mapa Situacional devendo conter, no mínimo,
as seguintes informações:

a) Quadro histórico do incidente que deve conter a notificação inicial e


condições do clima;

b) Objetivos da resposta;

c) Recursos empregados em área de risco;

d) Mapa de exposição da situação com a área do impacto, trajetórias das


equipes, limites de atuação, grupos funcionais, zonas de segurança e
instalação do SCI;

e) Programação de reunião;

f) Organograma;

g) Plano de comunicação;

57
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h) Sumário do incidente.

4.1.3 – Controle dos recursos disponíveis e utilizados

O controle dos recursos disponíveis e utilizados são de suma importância no


Sistema de Comando de Incidentes. O objetivo é simples: manter o controle de todo o
pessoal designado e dos recursos táticos no incidente.

Uma vez preenchidos os T-cards (quem preenche é o líder da unidade de


recursos), deverão ser colocados no painel de controle dos recursos. Isto facilita a
visualização para todos os eventuais interessados dentro do Posto de Comando. Vale
ressaltar outros mecanismos que podem ser utilizados para facilitar a visualização do
controle de recursos em um incidente:

a) Computadores (ou notebooks);

b) Quadro branco com pincel;

c) Papelógrafo;

d) Pranchetas;

e) Formulários específicos para o incidente em questão.

4.2 – A TARJETA DE CAMPO


A Tarjeta de Campo é utilizada para auxiliar o primeiro respondedor que chegar
ao local do incidente. Sua vantagem está em ser uma fonte de consulta rápida para o
estabelecimento das primeiras ações frente ao incidente. O comandante do incidente
deverá utilizar a sempre a Tarjeta de Campo para as primeiras ações.

Figura 20: Tarjeta de Campo


GUIA DE TRABALHO (período inicial) 8. Quais são as rotas de acesso e de saída mais
seguras para permitir o fluxo do pessoal e do
Primeiro a chegar a cena com capacidade equipamento?
operacional:
9. Quais são as capacidades presentes e futuras,
1. Informar ao QTL de sua chegada a zona de em termos de recursos e organização?
impacto;
Ao estabelecer um perímetro de segurança,
2. Assumir e estabelecer o Posto de Comando; considerar:

- Tipo de incidente;

58
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3. Avaliar a situação; - Tamanho da área afetada;

4. Estabelecer um perímetro de segurança; - Topografia;

5. Estabelecer seus objetivos; - Localização do incidente em relação a via de


acesso e áreas disponíveis ao redor;
6. Determinar as estratégias;
- Áreas sujeitas a desmoronamentos, explosões
7. Determinar a necessidade de recursos e potenciais, queda de escombro, cabos elétricos;
possíveis instalações;
- Condições atmosféricas;
8. Preparar as informações para transferir o
comando. - Possível entrada e saída de veículos;

Assegure-se que o Posto de comando tenha: - Coordenar a função de isolamento perimetral


com organismo de segurança correspondente;
- Segurança e visibilidade;
- Solicitar ao organismo de segurança
- Facilidades de acesso e circulação; correspondente a retirada de todas as pessoas
que se encontram na zona de impacto, exceto o
- Disponibilidade de comunicações; pessoal de resposta autorizado.
- Lugar distante da cena, do ruído e da confusão; Ao transferir o comando, considerar:
- Capacidade de expansão física. - Estado do incidente;
Ao avaliar a situação: - Situação atual de segurança;
1. Qual é a natureza do incidente? - Objetivos e prioridades;
2. O que ocorreu? - Organização atual;
3. Quais ameaças estão presentes? - Designação de recursos;
4. Qual o tamanho da área afetada? - Recursos solicitados e a caminho;
5. Como poderia evoluir? - Instalações estabelecidas;
6. Como seria possível isolar a área? - Plano de comunicações;
7. Quais seriam os lugares mais adequados para - Provável evolução.
PC, E e ACV?

Fonte: SENASP/MJ (2008, p 81)

4.2.1 – Como utilizar a Tarjeta de Campo (8 passos)

Após a chegada do primeiro respondedor ao local do incidente, com a tarjeta


em mãos, deverá seguir os seguintes passos:

1. Informar ao seu Comando imediato ou ao Oficial de Serviço de sua chegada à


zona de impacto;

2. Estabelecer e assumir o Posto de Comando, informando à Central de


Comunicações o prefixo da viatura ou local onde o PC foi instalado;

59
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3. Avaliar a situação, analisando os riscos potenciais para as guarnições de
serviço, as possíveis vítimas e terceiros envolvidos no incidente;

4. Estabelecer um perímetro de segurança levando em consideração o tipo de


incidente, a área afetada, topografia do terreno, vias de acesso e áreas de
fuga, áreas com risco de desmoronamento, explosões, quedas de escombros,
perigo com eletricidade etc;

5. Estabelecer os objetivos para a solução do incidente;

6. Determinar as estratégias;

7. Determinar a necessidade de recursos e instalações;

8. Preparar as informações para transferir o comando de modo a situar o futuro


comandante do incidente e de todo o procedimento realizado até o momento.

4.3 –UTILIZAÇÃO PRÁTICA DA TARJETA DE CAMPO

Incidente: acidente automobilístico grave


Cenário:
Em 142300Fev2019, você e o motorista, retornando de um curso de
aperfeiçoamento em Logística e Patrimônio em Porto Alegre, deslocavam na VTR de
prefixo 10517 na rodovia ERS 118. Entre os quilômetros 20 e 21, próximo à Freeway.
Deparam-se com uma caminhonete gabine dupla que acabara de colidir com o
canteiro central que divide as pistas. Dentro do veículo está apenas o motorista,
aparentemente inconsciente e com uma hemorragia na cabeça. Observa-se que o
combustível do veículo está vazando. O trânsito está lento e os transeuntes começam
a se aproximar do local do acidente.

Condições meteorológicas:

Céu nublado, com muitas nuvens e brisa suave.

Capacitação profissional:

Bombeiro 01: 15 anos de serviço, sendo que desde o início da carreira


trabalhou em funções operacionais. Há cerca de seis meses assumiu uma função

60
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administrativa no quartel de seu município e após um dia extenuante no curso com
muitas instruções retornava à unidade onde trabalha para depois deslocar para casa.

Bombeiro 02: Motorista 01ano de serviço, soldado da última turma de


formação, trabalha habitualmente em função operacional, mas não dispõe de
experiência suficiente ou curso de especialização. A viatura não dispõe de materiais
de primeiros socorros, porém há cones de sinalização.

Recursos disponíveis:

 Viatura administrativa que serve como controle de trânsito;

 1 Auto Bomba Tanque;

 1 Ambulância.

Utilização da Tarjeta de Campo no caso prático:

1. BRAVO, CHARLIE! Acabamos de chegar ao local da ocorrência e nos


deparamos com uma caminhonete cabine dupla colidida com a mureta central que
divide as duas pistas. Dentro do veículo encontra-se o motorista aparentemente
inconsciente. Apresenta hemorragia na cabeça.

2. Informo que acabei de assumir a ocorrência e o comando do incidente, sendo


designado como Posto de Comando a VTR 10517, que está no local do incidente
na altura do KM 20.

3. Avaliando a situação, constata-se:

 Qual a natureza do incidente?

 Trata-se de acidente trânsito com vítima.

 O que ocorreu?

 Caminhonete cabine dupla que acabara de colidir com a mureta central


que divide as pistas, dentro do veículo encontra-se o motorista
aparentemente inconsciente e com hemorragia na cabeça.

 Quais ameaças estão presentes?

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SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE


 Vazamento de combustível do veículo acidentado;

 Grande fluxo de veículos trafegando na via

 Risco de incêndio.

 Qual o tamanho da área afetada?

 Via onde ocorreu o acidente e pistas de acesso.

 Como poderia evoluir?

 Com incêndio e/ou acidentes com outros veículos.

 Como isolar a área?

 Bloquear o fluxo de veículos em ambos os sentidos da via.

 Locais adequados para o PC, E e ACV?

 Posto de Comando foi utilizada a VTR 10517;

 Não foi necessário montar área de espera e nem área de concentração


de vítimas.

 Rotas de acesso e de saída mais seguras para o fluxo de pessoal e


equipamento?

 Devem ser feitas usando o sentido normal da via, sendo que as áreas
isoladas serão liberadas momentaneamente para entrada e saída das
VTR.

 Capacidades presentes e futuras em termos de recursos e organização?

 No momento há somente a VTR 10517 onde está localizado o Posto de


Comando;

 Para o futuro será necessário ambulância e Auto Bomba Tanque.

4. Estabelecimento do perímetro de segurança considerando os seguintes


aspectos:

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 Tipo de incidente.

 Acidente veicular. Verificar a velocidade da via e redobrar a atenção,


considerando o risco aumentado de outras colisões.

 Tamanho da área afetada.

 Área afetada com diâmetro de aproximadamente 20 metros. Caso haja


aumento do vazamento de combustível, este diâmetro deverá aumentar.

 Topografia.

 Pista relativamente plana, sem maiores riscos aparentes.

 Localização do incidente.

 Deve ser localizado informando as vias de acessos e as áreas


disponíveis ao redor, não há congestionamento nos dois sentidos da
pista.

 Áreas sujeitas a explosões, quedas de escombros, desmoronamentos, redes


energizadas.

 Apenas o risco do vazamento de combustível. Os demais riscos não se


aplicam.

 Condições atmosféricas.

 Boa, sem risco de chuvas, porém com vento.

 Entrada e saída de veículos que possam atrapalhar.

 Pela própria via.

 Coordenação da função de isolamento perimetral com outro organismo de


segurança.

 Necessidade de solicitar à Polícia Rodoviária Estadual (PRE), da


Brigada Militar, para o isolamento da área e informar a melhor maneira
de isolar afim de não colocar em risco o atendimento da ocorrência pelo
CBMRS.
63
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5. Estabelecimento dos seguintes objetivos (adaptáveis aos recursos
disponíveis):

 Isolamento de parte da via, permitindo que apenas uma das faixas continue
liberada;

 Impedir que qualquer pessoa estranha se aproxime do local da ocorrência.

6. Estabelecimento das estratégias:

 Utilização do motorista para auxiliar no isolamento da via;

 Utilização de fitas e cones que estão disponíveis na viatura para o isolamento.

7. Necessidade dos recursos a seguir para melhorar a resposta ao incidente:

 Viatura de combate a incêndio;

 Ambulância.

8. Pontos a serem observados ao transferir o comando do incidente:

 A transferência do comando do incidente deverá ocorrer sempre pessoalmente.


Deverá ser repassado o maior quantitativo de informações possíveis, sendo
que o graduado deverá empenhar esforço para buscar todas as informações
omissas ou pendentes. Após isso, o graduado substituído (ou qualquer militar
estadual que venha a passar o comando), deverá preencher o formulário SCI
201.

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ACADEMIA DE BOMBEIRO MILITAR – RS

SISTEMA DE COMANDO DE INCIDENTE

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
Manual de Sistema de Comando de Incidentes – SCI – Corpo de Bombeiros Militar
do Distrito Federal – CBMDF, 2011. Disponível também em:
<http://www.cbm.df.gov.br>
Manual de Sistema de Comando de Incidentes – SCI – Corpo de Bombeiros do
Paraná – CBPR - 1º Edição. Disponível em:
http://www.defesacivil.pr.gov.br/arquivos/File/publicacoes/ManualSCI.pdf
Sistema de Comando de Incidentes 1 – SCI1. Secretaria Nacional de Segurança
Pública – SENASP. Brasília, 2008. Disponível em: <http://portal.ead.senasp.gov.br>

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