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CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA E PROPOSTA DE RESTAURAÇÃO DE

ESCULTURA DE ANJO, PRESENTE NO CEMITÉRIO DO CATUMBI, RIO DE


JANEIRO
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Freitas, V. S.; 2Silva, R. E. C. e 2Ribeiro, R. C. C. ;
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EBA/UFRJ, 2Centro de Tecnologia Mineral – CETEM

RESUMO: O uso de rochas em arte funerária remonta ao século XIX, período em que foi construído o
Cemitério São Francisco de Paula no bairro do Catumbi na cidade do Rio de Janeiro. Entretanto com a
promulgação em 1828 da lei imperial que determinava que os sepultamentos não poderiam mais ser
realizados no interior das igrejas, somado a superlotação devido a epidemia de febre amarela, foi efetuada
a compra da chácara do Catumbi, onde o cemitério está abrigado até hoje. A presença deste tipo de
patrimônio escultórico muitas vezes traz iconografias artísticas como virtudes teologais, tochas, cruzes,
mas principalmente estátuas de anjos, como é o foco do presente trabalho. Dentro da análise iconográfica
cada detalhe em uma escultura funerária tem seu significado para o todo, na estátua aqui abordada as asas
abertas representam a transição da alma até o céu, a mão ao peito representa a vitória, enquanto o inscrito
em que se apoia na mão direita representa a saudade. Porém, essas obras escultóricas vêm sofrendo com
diversos danos muitas vezes causados por roubos e furtos de partes de metálicas para venda, que acabam
danificando a parte pétrea dos monumentos, em conjunto com a exposição excessiva a intempéries como
chuva ácida, depósito de poluentes, entre outros, que pode acarretar danos que, à primeira vista, podem
parecer irreversíveis. A obra em questão é a representação da essência da arte tumular cumprindo seu
objetivo de confortar aqueles que ali lamentam perdas, entretanto, os danos causados pelos agentes aqui
citados suas instâncias estéticas e históricas são diretamente alteradas, tendo sofrido especialmente com o
desprendimento parcial de uma das asas, o que compromete completamente seu significado. No
desenvolvimento do presente trabalho avaliou-se o estado de conservação e os níveis de degradação
causados na estátua fazendo uso de análise macroscópica e utilizando-se equipamentos portáteis de
dureza, rugosidade colorimetria e analisando-se por ICP-plasma as águas de lavagem da rocha. Os
resultados indicaram que a escultura é composta por mármore de Carrara com diversos pontos de
fragilidade, visto os resultados de dureza que deveriam estar na ordem de 600 HLD se encontram em
muitos pontos entre 200 e 300 HLD indicando o estado de desagregação e fragilidade da escultura. Foram
verificadas alterações superficiais cromáticas por deposições de dejetos de animais, crostas negras e
sujidades. Observou-se colonização biológica em vários pontos e perda de boa parte da asa esquerda. Os
principais poluentes encontrados são o NaCl e o enxofre, sendo este último o mais intenso, ultrapassando
a 120 mg.L-1. O enxofre associa-se ao cálcio da rocha formando cristais de gipsita, que são pontos mais
frágeis e aceleram a degradação da escultura. A ação dos poluentes é tão intensa que os resultados de
rugosidade se alteraram de 25cm-1 para regiões polidas para diversos setores superiores a 75 cm-1
indicando o alto grau de alterabilidade. Conclui-se que a escultura de mármore de Carrara encontra-se em
acelerado processo de degradação devido à poluição ambiental, formando gipsita em diversos pontos,
ocasionando diminuição da dureza em mais de 50% do valor considerado ideal, aumento de rugosidade,
perdas de massa e propagação microbiológica intensa formando crostas negras em boa parte da escultura.
Sugere-se limpeza mecânica para retirada de crostas negras com bisturi, e logo após limpeza química
geral da obra com solução surfactante (detertec) a 1% seguida de escovação com náilon.

PALAVRAS-CHAVE: ARTE FUNERÁRIA, ROCHAS ORNAMENTAIS, CONSERVAÇÃO.

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