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Conservação e Manutenção
O futuro das Termas não parece para já traçado mas não se pode
descurar um possível investimento transformando-as num local rentável e com
uma nova vivência. Poderá esse investimento colidir com a preservação do
conjunto de edifícios enquanto património edificado ou poderemos olhar para
essa nova etapa como o desenvolvimento económico natural de uma estrutura
que foi criada para prestar serviços pagos a quem deles necessitava? (Pais,
1999)
As lamas dos Cucos com cerca de quatro por cento de matéria orgânica
pertencem à categoria lutum, em que a substância orgânica não ultrapassa 10
a 15 por cento de lama seca, tem características de naturale thermale, por
serem originadas imediatamente nas águas termais, e de naturale
thermalisatum, sendo o lodo obtido por mistura duma terra com água termal
com que fica em contato durante um certo tempo.
As lamas dos Cucos são colhidas no sítio dos Cucos Velhos, formadas
por terras dos aluviões, argílo-calcários, impregnadas dos sais das águas
termais e com detritos orgânicos.
b) A utilização Romana
Miguel Lourenço Peres, que tinha herdado o Sítio dos Cucos do Dr.
António de Matos Pereira, influenciado por vários notáveis de Torres Vedras
que já então reconheciam as virtudes terapêuticas das águas dos Cucos,
convenceram-no da necessidade para o bem da humanidade de melhorar as
instalações tão rudimentares. Foram construídos três barracas de madeira (a
primeira, com dois banhos, a segunda com cinco e a terceira com um), uma
bomba para “choques parciais” e um depósito que alimentava a bomba.
Estavam a nível inferior ao do leito do Rio Sizandro, levando cerca de cinco
horas a encher, devido ao pequeno débito das nascentes. Eram despejadas à
mão e o acesso aos banhos fazia-se por degraus feitos na terra. Apesar de um
marachão (dique), estas instalações também não resistiam às cheias do Rio
Sizandro. O seu herdeiro, José Lourenço Peres, fez construir algumas casas
de habitação térreas a uma certa distância dos banhos para alojamento dos
doentes. No entanto, estas eram inabitáveis no Inverno e, destruídas quase
todos os anos pelas cheias. (Vieira, 1964)
Foi o facto de estas águas atraírem muitos doentes apesar das fracas
condições das instalações que levou o proprietário a fazer uma Estância
Termal de acordo com todas as exigências da época (Vieira, 1947).
O Jornal "A Semana" foi dos que mais se bateu por esses
melhoramentos. Em 12 de Julho de 1888 esse jornal chamava a atenção para
a “grande conveniencia e maior necessidade que há de construir um edíficio,
apropriado e decente, onde os doentes de rheumatismo gottoso possam vir
receber, com commodidades e asseio, os manifestos benefícios das nossas
especialissimas águas dos Cucos”. (Matos, 2009)
Em 1866, foi também nomeada uma comissão para o estudo das águas
minerais que elaborou um estudo sobre as principais águas minerais do Reino
com referências aos Cucos.
O curso do rio foi desviado no início das obras de captação para o atual
percurso, que contorna o monte do Cabrito, afastando-o das nascentes
exploradas e deixando espaço livre para a urbanização do local. (Vieira, 1964)
O plano da Vila Neiva dos Cucos foi traçado por António Jorge Freire,
compreendendo mais de 40 moradias iguais aos atuais chalés (Foto 4);
albergaria com casas mais modestas; um hotel com 300 quartos; hospital
termal; capela; mercado; casino; a Avenida de Torres que vinha da praça do
mercado e cruzaria a atual avenida das Termas, atravessaria o Rio Sizandro e,
depois de ladear o Casal do Cabrito, dirigir-se-ia à Estação do Caminho-de-
ferro; no alto da Serra da Macheia, instalar-se-ia um solário para crianças e no
Morro dos Cucos um pequeno chalé para repouso dos doentes. A Serra seria
intensamente arborizada, tendo vindo do Buçaco 2400 árvores. (Vieira, 1964)
O plano das Termas dos Cucos é o único que traça de raiz o conjunto de
equipamentos essenciais ao funcionamento de uma estância termal e, com tal,
possui um valor analítico ímpar, embora nunca tenha sido concretizado na sua
totalidade, perdendo o efeito urbano que projetava. (Mangorrinha, 2000)
O Dr. José António Neiva Vieira foi um dos mais brilhantes hidrologistas
do nosso País, mas também não conseguiu avançar com um projeto de
remodelação para as Termas – faleceu em 1987. (Pereira, 2008)
Em 1996 foi efetuado um novo furo de captação de águas termais (Foto
14), comprovativo de que as características hidromedicinais das águas se
mantinham, projetava-se a construção de um novo balneário, destinando as
instalações existentes para outros fins: “… já sabemos que temos água
suficiente e de qualidade para expandir o negócio”, dizia Hélder Pinto Santos,
administrador da sociedade formada por herdeiros da família Neiva ao repórter
do Jornal de Notícias em 1 de Agosto de 1999, justificando a razão porque não
abriam as termas nesse ano, mas não voltaram a abrir até ao presente.
O projeto Termas Vale dos Cucos é um desafio arrojado (Foto 15) que
pretende garantir toda a herança histórica, patrimonial e cultural dos espaços já
existentes, conjugado com novos espaços e um maior âmbito de serviços que
permitirá a criação de um novo conceito e de um novo envolvimento entre os
princípios das termas e de SPA em Portugal.
5. Conclusão
A mesma ideia pode ser formulada ainda de outro modo: para que o
edificado reconstruído não volte rapidamente a degradar-se, é preciso que seja
apropriado, cuidado, investido por todos, que se transforme efetivamente num
bem comum, na regulação e proteção do qual todos participam. (Domingues et
al., 2003)
6. Anexos documentais e fotográficos
Foto 1 – Nascente dos Cucos Novos que se situa num nível superior
ao do edifício termal
Foto 12 – Em segundo plano o Hotel das Termas que servia de apoio aos
utentes das mesmas
Foto 13 – A buvette da Fonte Termal
Webgrafia
- http://www.igespar.pt/pt/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/
11133235/
- http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=6345
- http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=25191
- http://www.acqualibrium.pt/index.asp
- http://www.aguas.ics.ul.pt/lisboa_cucos.html
- http://vedrografias2.blogspot.pt/2009_07_01_archive.html