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PROJETO DE RESTAURO DE ESCULTURA DE ANJO NO CEMITÉRIO DO

CATUMBI A PARTIR DE IMPRESSÃO 3D COM RESINA

RESTORATION PROJECT FOR AN ANGEL SCULPTURE AT THE


CATUMBI CEMETERY USING 3D PRINTING WITH RESIN

Vitória da Silva Freitas

Aluna de Graduação em Conservação e Restauração, 7º período,


Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Período PIBIC ou PIBITI/CETEM: de março a agosto de 2023,


freitasvitoria803@gmail.com
Marceli do Nascimento da Conceição

Orientadora, Química, D.Sc.

mconceicao@cetem.gov.br

Roberto Carlos Ribeiro

Orientador, Engenheiro Químico, D.Sc.

rcarlos@cetem.gov.br

Resumo
A utilização de arte funerária data aproximadamente do século XIX, mesmo período em
que foi construído o Cemitério São Francisco de Paula no bairro do Catumbi, Rio de
Janeiro. Entretanto as esculturas lá presentes vêm sofrendo com ações humanas,
acarretando danos na parte pétrea dos monumentos, além das intempéries às quais as
obras estão expostas. O presente trabalho tem como objetivo realizar a caracterização
físico química de uma estátua de anjo lá presente para avaliar os níveis de degradação
da obra a partir de análise macroscópica e utilizando-se equipamentos portáteis de
dureza, rugosidade colorimetria e analisando-se por ICP-plasma as águas de lavagem da
rocha, além dos métodos FRX, DRX e MEV, tornando possível a reintegração
volumétrica com impressão 3D de metade da asa direita, perdida graças aos fatores
humanos e naturais. Comprovou-se tratar de um mármore carrara, com mais de 50% da
dureza comprometida, depósito de sujidades, presença de crosta negra, e colonização
biológica presente em diversos pontos. Os ensaios também apontaram a presença
intensa de poluentes como enxofre superior a 120 mg.L -1, que por sua associação ao
cálcio gera a gipsita, fragilizando ainda mais as áreas onde se encontra, além de um

2023 - XXX I Jornada de Iniciação Científica e VII Jornada de Iniciação em Desenvolvimento


Tecnológico e Inovação
aumento da rugosidade de mais de 50cm-1 do considerado ideal. Testes com resina
foram realizados para possibilitar a reintegração de sua asa perdida. Sugere-se limpeza
mecânica para retirada de crostas negras com bisturi, e logo após limpeza química geral
da obra com solução surfactante (detertec) a 1% seguida de escovação com náilon, e
finalmente a reintegração volumétrica da asa com impressão 3D utilizando-se de resina.
Palavras chave: arte funerária, rochas ornamentais, conservação.

Abstract
Keywords: keyword 1, keyword 2, keyword 3.

1. INTRODUÇÃO
Durante os últimos anos a pandemia trouxe para foco um assunto que sempre esteve
presente na história da humanidade: o luto. Em meio a tantas dificuldades e perdas,
alguns recursos podem tornar este processo menos doloroso para aqueles que lidam com
o sofrimento de perder um parente.
Estima-se que a presença de monumentos funerários tenha tido seu início marcante por
volta do século XIX, período onde foi construído o Cemitério São Francisco de Paula
no bairro do Catumbi, que antes localizava-se anexo a igreja homônima. Entretanto com
a promulgação em 1828 da lei imperial que determinava que os sepultamentos não
poderiam mais ser realizados no interior das igrejas, somado a superlotação devido à
epidemia de febre amarela, foi efetuada a compra da chácara do Catumbi, onde o
cemitério está abrigado até hoje.
A presença deste tipo de patrimônio escultórico muitas vezes traz iconografias artísticas
como virtudes teologais, tochas, cruzes e estátuas de anjos, como é o foco do presente
trabalho. Porém, essas obras escultóricas vem sofrendo com diversos danos muitas
vezes causados por roubos e furtos de partes de cobre para venda, que acabam
danificando a parte pétrea dos monumentos, em conjunto com a exposição excessiva a
intempéries como chuva ácida, depósito de poluentes, entre outros, que pode acarretar
em danos que, á primeira vista, podem parecer irreversíveis.

2. OBJETIVOS
O presente trabalho teve como objetivo realizar a caracterização físico-química além do
projeto de restauração de uma escultura de anjo localizada no cemitério do Catumbi -
RJ, com base no uso de impressão 3D com resina.

3. METODOLOGIA
Foram coletadas amostras de água de lavagem utilizando água destilada
devidamente armazenada em potes de coleta, com o auxílio de escova, a água foi
destinada para análise da presença de microrganismos, e o corpo de fundo foi
analisado separadamente para determinação da mineralogia e tamanho das
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partículas, além dos ensaios de microscopia eletrônica de varredura (MEV),
caracterização mineralógica por difração de raios-x (DRX) e caracterização
química por fluorescência de raios-x (FRX).
Com o auxílio de equipamentos portáteis foi possível verificar as alterações de
cor e brilho da rocha, dureza e rugosidade.
Após a compreensão do estado de degradação da escultura iniciaram-se os testes
de granulometria utilizando diferentes composições de peneiras passantes em
malha 9, 20 e 150. As amostras passantes em malha 150 foram pulverizadas em
no moinho de bolas XXX. Os testes se deram utilizando a resina XXX nas
proporções a seguir. Diferentes quantidades de resina foram utilizadas em cada
uma para que se chegasse a um objeto de estudo mais direcionado.

corpo de prova corpo de prova corpo de prova corpo de prova


1 2 3 4

150# 25g 20g 15g 10g

20# 5g 5g 10g 15g

9# 0g 5g 5g 5g

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

figura 1:
Os resultados da determinação da mineralogia e tamanho das partículas
comprovaram se tratar de um mármore carrara, além da visualização da
alteração dos grãos graças às degradações sofridas. No MEV pode-se comprovar
a presença marcante de NaCl e enxofre (figura 1), que por sua vez teve sua
presença ainda mais intensa, ultrapassando a 120 mg.L -1. A associação do
enxofre ao cálcio da rocha forma cristais de gipsita (figura 2), gerando pontos
ainda mais frágeis e acelerando a degradação da escultura.

3
figura 2: presença de cristais de gipsita nas amostras

4 CONCLUSÕES

5 AGRADECIMENTOS
Ao CETEM pela infraestrutura, ao CNPq pelo apoio financeiro. Agradecimento especial
a toda equipe do LACON.

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BATISTA, H. S. A. Jardim regado com lágrimas de saudade: Morte e cultura


visual da Venerável Ordem Terceira dos Mínimos de São Francisco de Paula (Rio
de Janeiro, século XIX). Ceará: Prêmio Arquivo Nacional de Pesquisa, 2009.

MATOS, M. Catumbi: Um bairro do tempo do império. Rio de Janeiro: A Noite,


2005.

RODRIGUES, C. Lugares dos mortos na cidade dos vivos: tradições e


transformações fúnebres no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Biblioteca Carioca, 1995.

GOLENIA, C. Arte funerária vem sendo abandonada e perde espaço para


crematórios. Jornal da Universidade UFRGS. Disponível em:
https://www.ufrgs.br/ciencia/arte-funeraria-vem-sendo-abandonada-e-perde-espaco-
para-crematorios/

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