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Leia, a seguir, os versos de uma canção de Chico Buarque e uma charge de Ziraldo, e

responda às questões.

Quando o carnaval chegar

Quem me vê sempre parado, distante


Garante que eu não sei sambar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu tô só vendo, sabendo, sentindo, escutando
E não posso falar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Eu vejo as pernas de louça da moça que passa e não posso pegar
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
Há quanto tempo desejo seu beijo
Molhado de maracujá
Tou me guardando pra quando o carnaval chegar
[...]

1. Em ambos os textos o tema é o carnaval. Contudo:


a) Que sentido tem o carnaval para o eu lírico da canção?
b) E para a personagem da charge?

2. Sabendo que a canção de Chico Buarque foi produzida e divulgada antes da charge de
Ziraldo, responda:
a) Que texto estabelece uma relação intertextual com o outro?
b) Essa relação pode ser considerada também interdiscursiva? Por quê?

3. Muitos tipos de intertextualidade implícita ocorrem por meio da substituição de um fonema


ou uma palavra, por meio de acréscimo, supressão ou transposição. Leia os enunciados abaixo
e descubra as frases originais com as quais eles mantêm relação intertextual.
A- "Penso, logo hesito."
B- "Quem vê cara não vê falsificação."
C- "Até que a bebida os separe."
D- "Quem espera nunca alcança."
E- "O Instituto de Cardiologia não vê cara, só vê coração."
F- "Para bom entendedor, meia palavra bas."
G- Diga-me com quem andas e eu prometo que não digo a mais ninguém.

Cigarra, formiga & cia.


Cansadas dos seus papéis fabulares, a cigarra e a formiga resolveram associar-se para reagir
contra a estereotipia a que haviam sido condenadas.
Deixando de parte atividades mais lucrativas, a formiga empresou a cigarra. Gravou-lhe o
canto em discos e saiu a vendê-los de porta em porta. A aura de mecenas a redimiu para
sempre do
antigo labéu de utilitarista sem entranhas.
Graças ao mecenato da formiga, a cigarra passou a ter comida e moradia no inverno. Já
ninguém a poderia acusar de imprevidência boêmia.
O desfecho desta refábula não é róseo. A formiga foi expulsa do formigueiro por lhe haver
traído as tradições de pragmatismo à outrance e a cigarra teve de suportar os olhares de
desprezo
com que o comum das cigarras costuma fulminar a comercialização da arte.
Paes, José Paulo. Socráticas. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. p. 63.

Sobre o texto
4. O que a leitura do título do texto acima evoca no leitor familiarizado com fábulas
tradicionais?

5. A passagem “resolveram associar-se para reagir contra a estereotipia a que haviam sido
condenadas” indica uma reação das personagens em relação aos comportamentos que
apresentam na fábula original.
a) Quais são esses comportamentos?
b) De que maneira, no texto de José Paulo Paes, a cigarra e a formiga reagem à “estereotipia
a que haviam sido condenadas”?

6. Essa “refábula”, como a definiu seu autor, também promove uma mudança de cenário.
Qual?

7. A mudança de atitude das personagens deu a elas um destino glorioso? Justifique sua
resposta com base no texto e compare o desfecho com o da fábula original.
8. Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, é um dos quadros mais importantes do mundo. O olhar, o
meio-sorriso, a postura, a posição das mãos da personagem são alguns dos elementos que
têm encantado milhões de pessoas ao longo dos séculos. A personagem retratada, também
chamada Gioconda, é um dos símbolos universais da feminilidade.
A pintura de Marcel Duchamp, feita quatro séculos depois da de Da Vinci, evidentemente cita a
Mona Lisa renascentista. Responda:
a) O que essencialmente diferencia o quadro de Duchamp do quadro de Mona Lisa?
b) Para você, que sentido tem a "novidade" introduzida por Dechamp: originalidade, inovação,
criatividade, agressão, destruição, provocação?

9. Compare o anúncio publicitário aos outros dois quadros. Note que o anúncio apresenta,
além da parte verbal, a imagem e o logotipo dos produtos anunciados.
a) Que elementos do quadro original foram mantidos?
b) E que elementos do quadro foram modificados?

10. O anúncio divulga uma marca de amaciante de roupa, um produto considerado de luxo. Foi
publicado numa revista voltada a um público predominantemente feminino, de classe média,
com certo grau de escolaridade. Considerando o tipo de produto anunciado e o perfil desse
público, discuta com seus colegas:
a) Utilizar a Mona Lisa no anúncio é um meio de atrair e sensibilizar esse público? Por quê?
b) O uso da Mona Lisa no anúncio pode ser considerado uma forma de valorização do leitor do
anúncio? Justifique sua resposta.
c) Levante hipóteses: Caso uma das leitoras dessa revista não conhecesse o quadro de Da
Vinci, ainda assim o anúncio poderia alcançar seu objetivo? Por quê?
d) Pense nas reações da leitora da revista ao se deparar com o anúncio. Que vantagens há,
para o anunciante, em criar um anúncio como esse, em vez de um anúncio tradicional, com
mensagens com slogans como "compre", "use", "experimente", etc.?

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