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“Eu sou a Graça”: um estudo sobre as presumíveis aparições marianas em meio às

crises em Portugal e no Brasil (1917 – 1936)

RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar a construção de uma Cultura Visionária a partir
das supostas aparições marianas em Portugal durante os eventos de Nossa Senhora de
Fátima (1917) e no Brasil, mais precisamente em Pesqueira, Pernambuco, com Nossa
Senhora da Graça (1936). O estudo visa oferecer novas perspectivas para a análise das
religiões sob uma abordagem histórica, com foco na influência das aparições em
Portugal na formação do culto mariano no Brasil ao longo do século XX. Para alcançar
esse objetivo, nossa pesquisa se baseia na abordagem da Escola Italiana da História das
Religiões, que direciona seus estudos utilizando as contribuições da História Cultural.
Isso nos permite examinar as religiões considerando sua historicidade e compreendê-las
como representações de uma cultura entrelaçada com questões políticas, sociais e
econômicas. Ao analisar os periódicos da época, disponíveis na base de dados da
Biblioteca Nacional que foram o Jornal Pequeno e o Diario de Pernambuco, pudemos
investigar as dimensões políticas e sociais que moldaram as aparições no contexto luso-
brasileiro entre 1917 e 1936. Também utilizamos alguns documentos eclesiásticos,
como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Carta Pastoral da
Diocese de Pesqueira, publicada em outubro de 2021, para compreendermos como quais
eram os discursos políticos dos religiosos sobre o evento naquele contexto, como
também na atualidade. Assim, conseguimos identificar semelhanças e diferenças entre
os eventos ocorridos nos dois países, observando que, embora tenham origens em
contextos locais distintos, ambos utilizaram o contexto político e social como meio para
promover o culto mariano.
Palavras chaves: Aparições marianas; Portugal – Brasil; Nossa Senhora de Fátima;
Nossa Senhora da Graça.
Introdução

Os séculos XIX e XX foram marcados por profundas transformações na


sociedade, incluindo o advento da República e o processo de secularização que se
espalhou por diversos países. Eric Hobsbawm argumenta que em contextos de crises e
mudanças, as pessoas tendem a se apegar à religiosidade como uma forma de escapar da
dura realidade, desviando o olhar das condições presentes e depositando esperanças no
futuro. É dentro desse contexto que testemunhamos uma disseminação significativa de
cultos místicos e apocalípticos em todo o mundo, um exemplo notável sendo as
aparições marianas (HOBSBAWM, 1996).

Foi durante os períodos de guerras, crises e mudanças que caracterizaram os


séculos XIX e XX que as aparições marianas se proliferaram na Europa e na América,
passando a ser percebidas como respostas aos desafios enfrentados pela sociedade.
Nesse momento, observou-se uma ampla disseminação desses eventos marianos,
chegando a registrar cerca de 310 ocorrências relacionadas às supostas manifestações de
Nossa Senhora em todo o mundo. Como afirmou a Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB) em 2009, "[...] no século XX, há um expressivo número de casos, reais
ou presumidos, ainda não depurados pelo tempo, ligados principalmente a aparições de
Nossa Senhora" (CNBB, 2009, p. 23).

Acredita-se que um dos fatores que contribuíram para o aumento das aparições
marianas em todo o mundo foram os acontecimentos que ocorreram na Europa nos
séculos XIX e XX, exemplificados por Lourdes (1858) na França e Fátima (1917) em
Portugal. Essas aparições tinham uma perspectiva voltada para uma rede internacional
de devoção e suas mensagens abordavam as agitações políticas da época, incluindo as
grandes guerras, a secularização e o comunismo (STEIL, 2003, p. 29).

A divulgação desses eventos resultou na criação de santuários internacionais,


que serviram de modelo para outros episódios marianos após a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918). Nesse contexto, concentramos nosso estudo nas supostas aparições de
Nossa Senhora de Fátima, cujas mensagens referenciavam não apenas os problemas de
Portugal, mas também questões políticas, religiosas e econômicas globais, incluindo
críticas ao republicanismo, ao anticlericalismo, ao comunismo e aos desafios do
pensamento moderno (MOURA, 2016, p. 563).
A disseminação das mensagens de Fátima teve um impacto significativo na
construção de novas devoções ao redor do mundo, inclusive no Brasil. Portanto, nossa
análise se estendeu às supostas aparições de Nossa Senhora da Graça em Cimbres,
Pernambuco, com o objetivo de compreender a formação do culto mariano nessa região.

Nesse contexto, torna-se perceptível que as aparições marianas emergiram como


aliadas valiosas em meio ao turbulento cenário do século XX, que ficou conhecido
como o “século do ouro” do culto mariano, período em que há uma grande expansão
global desses eventos (MOURA, 2019). Conforme destacado por Carlos Steil (2003),
com a chegada do período considerado moderno, a principal bandeira levantada pelo
catolicismo é contra esse dito “modernismo racionalista”, sendo as devoções marianas
utilizadas como escudo para combater essas "enfermidades morais", ao mesmo tempo
em que as utilizava como parte de sua estratégia para enfrentar o racionalismo
positivista e o protestantismo, além de se posicionar na polarização política entre o
capitalismo e o socialismo (STEIL, 2003).

Diante desse panorama, compreendemos que a vasta disseminação do culto


mariano foi resultado de ações coordenadas por intelectuais e líderes religiosos que
trabalharam estrategicamente para transformar esses eventos em uma devoção
internacional. Isso ocorreu em resposta às profundas mudanças socioculturais
desencadeadas pelo advento das instituições republicanas. Esse fenômeno é o que
chamamos de formação de uma cultura visionária (MOURA, 2019).

Sendo assim, em resposta a estas propostas seculares surgiu a


internacionalização do culto mariano, com a utilização das aparições como uma
ferramenta de combate a estas “doutrinas morais” advindas da esquerda (MOURA,
2018, p.142). É a partir disso que esses eventos marianos chegam ao Brasil no século
XX com elementos políticos, com foco nos debates acerca da chamada “Fátima II”1 que
tinha suas mensagens voltadas em combate ao comunismo e em favor da
internacionalização do culto mariano (MOURA, 2016, p. 580).

Salientamos que o culto mariano está presente no Brasil há séculos passados,


sendo sempre uma figura central no catolicismo não só no país, mas em toda a América
Latina (CIPOLINI, 2010, p. 37). Contudo, é durante a modernidade que se estrutura o
culto a Maria com elementos políticos inseridos nos projetos da Igreja Católica “[...]
com as aparições, visões ou achados das suas diferentes representações” (MOURA,
2022, p. 05). Assim, é durante esse contexto que o culto mariano se adequa às agitações
sociopolíticas da época, como também com os trabalhos que vinham sendo
desenvolvidos pela Cúria Romana.

Nessa perspectiva, a nossa investigação visa analisar a construção de uma


Cultura Visionária em torno das devoções de Nossa Senhora de Fátima (1917) em
Portugal, entre 13 de maio a 13 de outubro de 1917, e no Brasil, mais precisamente em
Cimbres, município de Pesqueira - Pernambuco, a partir de 06 de agosto de 1936, na
região da Aldeia da Guarda2, com Nossa Senhora da Graça (1936).

Para a elaboração deste trabalho, fundamentamo-nos no campo da História das


Religiões, seguindo a abordagem da História Cultural. Dentro dessa perspectiva,
investigamos a cultura e as várias manifestações culturais a partir do contexto em que
são geradas, com foco nos elementos de "práticas" e "representações", que, como
apontado por Barros (2003), correspondem respectivamente aos "modos de fazer" e aos
"modos de ver".

No que diz respeito ao conceito de representação, adotamos a visão defendida


por Roger Chartier. De acordo com o autor “[...] a representação faz ver uma ausência, o
que supõe uma distinção clara entre o que representa e o que é representado; de outro, é
a apresentação de uma presença, a apresentação pública de uma coisa ou de uma
pessoa” (CHARTIER, 1990, p. 184). Portanto, considerando a ideia de que a
representação é uma relação na qual um objeto ausente é substituído por uma imagem
presente (CHARTIER, 1990), analisamos a construção dos relatos, das mensagens, dos
segredos e dos próprios eventos relacionados às aparições de Fátima e em Cimbres
como representações elaboradas por grupos ligados aos projetos da Igreja Católica.

Nesse sentido, investigamos as religiões e seus fenômenos intrinsecamente


relacionados à cultura de determinados locais que atuam na sua construção e
representação (MOTA, 2016, p. 03), como as supostas aparições, que podem ser
compreendidas como construções históricas de temporalidades específicas (SILVA,
2010, p. 12). Consideramos que toda religião é um produto histórico, dependente do
contexto cultural e social que está inserido, cabendo ao historiador/a das religiões o
papel fundamental de investigar todos os fatores condicionantes que o rodeiam
(PETERS, 2015, p. 97).
Assim sendo, apesar do crescente número de produções no que tange as
aparições marianas em âmbito internacional, chegando até a romper com barreiras
confessionais, deixando de ser algo restrito do catolicismo, o tema ainda é pouco
explorado por historiadores, principalmente a respeito de uma análise comparativa dos
eventos nos dois países (STEIL; MARIZ; REESINK, 2003, p. 08). Nesse viés, com a
pesquisa pudemos não apenas comparar os eventos, mas sim analisá-los de uma maneira
transnacional (PURDY, 2012, p, 67).

Por meio da abordagem transnacional, podemos analisar as interações entre o


local e o global, ou seja, buscamos investigar os reflexos das aparições marianas que
ocorreram na Europa no interior de Pernambuco. Dessa maneira, fugimos de uma
análise meramente comparativa e dual, que coloque uma prática religiosa na condição
de inferior ou superior frente a outras, mas por meio da história transnacional, busca
relacionar suas trocas culturais e fenômenos internacionais (BARROS, 2019, p. 07 –
08).

As possíveis aparições de Nossa Senhora de Fátima e a suas contribuições para a


Restauração Católica

As possíveis aparições de Nossa Senhora de Fátima ocorreram na Cova da Iria,


em Portugal entre 13 de maio a 13 de outubro de 1917 às crianças Lúcia de Jesus, de 10
anos, Jacinta, de 7 anos, e Francisco Marto, de 9 anos, quando estavam cuidando do
rebanho de ovelhas na propriedade dos seus pais (MOURA, 2016; STEIL, 2003). Sobre
a origem da devoção, encontramos uma matéria no Diario de Pernambuco, no dia 08 de
setembro de 1935, que fala a respeito:

A devoção de N. S. de Fátima teve sua origem nas apparições de


Nossa Senhora a três pastorinhos nos dias 13 dos mezes de maio a
outubro de 1917, nas cercanias de Fátima, pequena aldeia de Portugal,
situada a uns 100 kilometros ao Norte de Lisboa. Em razão do
grandioso prodígio presenciado na ultima aparição a 13 de outubro de
1917, prodígio attestado por mais de cincoenta mil pessoas de todas as
cathegorias sociaes e promettido pela celestial Senhora para
confirmação de suas apparições a affluencia do povo ao local da Visão
começou a ser tão grande logo após os phenomenos maravilhosos que
a Fátima depressa se tornou o maior centro religioso de Portugal e um
dos santuários mais concorridos do mundo todo (A IGREJA..., 1935,
p. 10).
Ao analisar as razões que levaram o local das aparições de Fátima a se tornar um
dos maiores centros religiosos do mundo, podemos observar que um dos principais
fatores que contribuíram para essa significativa repercussão foi o contexto político e
social da época. No período que precedeu os eventos em Portugal, o país enfrentou
grandes turbulências devido às mudanças políticas e culturais em curso, como a
instauração da República Portuguesa, a Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)
acompanhada de uma grave crise econômica e diversas epidemias (TORGAL, 2011).

Todo esse clima apocalíptico, repleto de insegurança, medo e mudanças,


propiciou à população encontrar nas aparições marianas uma fonte de esperança em
meio a tamanha calamidade. Isso contribuiu para que esses eventos se difundissem
facilmente na sociedade, promovendo um renascimento da fé (TORGAL, 2011). Carlos
Steil também argumenta que a igreja começou a incentivar a crença em milagres como
uma resposta à prevalente ideia racionalista secular da época (STEIL, 2003).

É importante destacarmos que as mensagens de Fátima estavam diretamente


relacionadas ao contexto da época, não só de Portugal, mas de todo mundo. Torgal
(2011) coloca:
Numa primeira fase, Fátima é um pólo de cruzada pela restauração do
país cristão que corre a par e em estreita ligação política e ideológica
com a reação nacionalista e antiliberal, com a redescoberta da tradição
e dos valores eternos da nação orgânica operada pela Revolução
Nacional e pelo advendo do Estado Novo salazarista. A partir da
segunda metade dos anos trinta, sob os ventos da Guerra Civil de
Espanha, Fátima torna – se um símbolo internacional: o pólo de
“irradiação moral” da resistência ao comunismo, o centro espiritual
cristão dessa “luta da civilização contra a barbárie”, já plenamente
reconhecida e apoiada como símbolo cimeiro do culto mariano por
Roma e pelo papa (TORGAL, 2011, p. 13 – 14, grifo nosso).

Fatima primeiro surgiu para restaurar o “país cristão” fragmentado - que nessa
altura já era laico - e depois para salvar o mundo do comunismo, se tornando um
símbolo internacional de combate a estas doutrinas de esquerda. Ainda na matéria do
Diario de Pernambuco, pudemos encontrar a narrativa das curas e prodígios que
ocorriam na Cova da Iria, local onde as crianças supostamente viram a Santa, afirmando
que anualmente milhões de pessoas vão ao local em busca de graças e favores. No texto,
é destacado que as curas de doenças incuráveis tão pedidas pelos devotos fez que com
que o santuário de Fátima se tonasse uma nova Lourdes, “[...] crescendo a sua Fama
cada vez mais através do mundo catholico” (A IGREJA..., 1935, p. 10). Essas questões
são de suma importância para o imaginário dos fiéis e para a crença católica, que
passam a legitimar os eventos antes mesmo de um posicionamento das autoridades
eclesiásticas.

Carlos Steil (2003) nos oferece uma perspectiva valiosa sobre como a
peregrinação a esses lugares considerados sagrados desempenha um papel significativo
para os devotos. Esses santuários servem como locais terapêuticos, onde os fiéis buscam
encontrar curas miraculosas para suas enfermidades. Isso nos ajuda a compreender por
que os eventos ocorridos na Cova da Iria foram tão bem recebidos pela população e a
entender o amplo crescimento das aparições marianas de forma transnacional, incluindo
sua chegada ao Brasil.

Além disso, a popularidade e difusão das aparições marianas também podem ser
relacionadas à crescente busca por experiências espirituais e transcendentes em um
mundo cada vez mais secularizado e tecnológico. A fé desempenha um papel crucial na
vida de muitas pessoas, oferecendo conforto, significado e esperança em meio às
incertezas da vida moderna.

É válido salientar que devido à cultura laicista instaurada em Portugal e a forte


perseguição a membros religiosos, vários portugueses fugiram para o Brasil, se
refugiando em inúmeros estados brasileiros, principalmente Pernambuco, preenchendo
assim o vazio que a falta de religiosos havia deixado nas paróquias (CASALI, 1995).
No jornal Diario de Pernambuco em 1934, é narrado sobre os benefícios trazidos à
cidade do Recife devido à expulsão dos Jesuítas de Portugal e sua importância para o
país (COUSA..., 1934, p. 02). Uma das principais razões para a vinda desses religiosos
para as terras brasileiras foi, especialmente, devido às afinidades entre o Estado e a
Igreja, e o movimento de Restauração Católica (MOURA, 2016).

É importante salientar que nesse momento o Brasil já era Laico, ao menos em


tese, a partir do Decreto 119-A, publicado em janeiro de 1890, em que institui a
separação entre o Estado e a Igreja no país. No entanto, com a ascensão dos
movimentos de esquerda, começou-se a incentivar a participação eclesiástica na política
para moldar a consciência moral da sociedade, reestruturando assim a união da Igreja
com o poder político, sobretudo a aliança com governos autoritários (AZZI, 1994).
A permanência desses membros religiosos em Pernambuco resultou em trocas
culturais e no fortalecimento do culto mariano no Brasil, uma vez que, ao se
estabelecerem nas cidades, deram continuidade aos projetos que já estavam em
desenvolvimento em suas dioceses (MOURA, 2016). Esses aspectos desempenharam
um papel fundamental na construção da devoção a Maria na região. Portanto, as
possíveis aparições de Fátima em Portugal desempenharam um papel crucial na
restauração e reafirmação do catolicismo no país durante o século XX. Esse processo,
impulsionado pelo trabalho de intelectuais e religiosos, também influenciou a promoção
da devoção mariana em outros países, como é o caso das possíveis aparições de Nossa
Senhora da Graça no interior de Pernambuco, que serão analisadas no próximo tópico.

“Parece que lá está Ela, para já nos proteger!”: uma análise sobre as presumíveis
aparições de Nossa Senhora em Cimbres - PE

As supostas aparições de Nossa Senhora da Graça, na Aldeia da Guarda, em


Cimbres, Pernambuco, são associadas a duas figuras centrais: Maria da Luz Teixeira de
Carvalho (1922 – 2013) e Maria Conceição da Silva (1920 – 1999) (AGUIAR NETO,
2016, p. 26). No momento em que as crianças alegam testemunharam a aparição da
representação de Maria, a região de Pesqueira estava imersa em ameaças de ataques de
cangaceiros, epidemias, secas e o temor do comunismo. Além disso, na década de 1930,
Cimbres enfrentava uma escassez significativa de recursos (MOURA, 2021, p. 153).

Em relação aos relatos do evento, Ana Lígia (2018) afirma que no dia 06 de
agosto de 1936 a mãe de Maria de Luz, de 13 anos, pede a sua filha e a Maria da
Conceição que tinha entre 15 para 16 anos e vivia na casa da família, ir quebrar
mamona no sítio da Guarda. Preocupadas com as notícias de ataques de cangaceiros na
região, Maria da Luz questiona a Maria da Conceição o que ela faria se o cangaceiro
aparecesse novamente na Serra e a menina responde que faria a mesma coisa que fez da
outra vez, levaria numa cuia uma estampa de N. Senhora, enfeitada com flores, e o livro
de orações, fazendo a devoção ao ar livre, escondida dentre os rochedos, e assim Nossa
Senhora as protegeria (LIRA, 2018)..

Múcio Aguiar Neto, que também analisou os eventos em Cimbres, afirma que
durante esse momento “[...] Maria da Luz levantou a cabeça para o alto e viu diante de
si uma parede formada de um rochedo e nela uma figura luminosa vestida de branco,
dizendo à menina “parece que lá está Ela, para já nos proteger!” (AGUIAR NETO,
2016, p. 40).

O autor continua a narração afirmando que nesse mesmo instante começa a cair
chuva fina, onde de repente um relâmpago rasga o céu com um enorme clarão em
direção ao monte. Maria da Conceição fica assustada pois parece ver no alto da serra
uma mulher com uma criança no braço que fazia sinais com a mão (AGUIAR NETO,
2016). É nesse momento em que as meninas supostamente veem a representação de
Maria, em que, segundo Ana Lígia, ao longo das 40 aparições da virgem na Vila de
Cimbres, a santa faz uma alerta sobre os tempos sombrios que haveria de vir, se
referindo ao comunismo e pedindo que os devotos fizessem rezas e penitências para
evitar os castigos (LIRA, 2018).
Segundo Ana Lígia (2018), após as primeiras supostas aparições, não demorou
para se espalhar as notícias sobre o evento pelos moradores da Serra, fazendo com que
várias pessoas fossem para o lugar onde supostamente a "Santa" apareceu (LIRA,
2018). Ademais, encontramos nos jornais do período, sobretudo o Jornal Pequeno,
algumas matérias sobre o acontecimento, na qual é destacado acerca da circulação dos
devotos para o local onde presumidamente Nossa Senhora da Graça surgiu.

O Jornal Pequeno (1936) descreve sobre a multidão de fiéis e curiosos que


vinham de diversas regiões para o vilarejo de Cimbres, local onde as duas crianças
viram Nossa Senhora, em busca de cura, milagres ou apenas por curiosidade. Destaca-se
que “A notícia do ‘milagroso acontecimento logo chegou aos ouvidos de todos os
sertanejos, que cheios de fé e confiança no poder de Maria Santissima, abandonaram as
suas casas à procura do local onde tamanho phenomeno se havia operado”
(VISÃO...,1936, p. 01).
O período demonstra que é evidente que a notícia desse suposto milagre se
espalhou rapidamente pela região, influenciando os sertanejos a abandonarem suas
casas em busca do local onde esse extraordinário evento havia ocorrido. Esse
movimento de peregrinação demonstra como a religiosidade desempenhava um papel
central em suas vidas, proporcionando-lhes conforto e esperança diante dos desafios e
perigos que enfrentavam no sertão pernambucano.
Carlos Moura (2021, p. 156), afirma que o periódico conta com muitos
colaboradores católicos, fato que possivelmente influenciou para que o jornal desse
destaque ao acontecimento, que pouco foi descrito nos jornais da época, auxiliando na
construção e legitimação da narrativa.

Em relação ao medo de ataques do lampião na região, visualizamos inúmeras


matérias que mencionam sobre os ataques de cangaceiro no período que ocorre às
possíveis aparições em Cimbres. O Jornal Pequeno em 1936 denuncia um ataque de
Virgulino, cunhado de Lampião, à Fazenda Catolé do sr. Rogerio Britto, que fica
localizado a três léguas de Pesqueira. O lampião cobrava um valor para que não matasse
o sr. Britto, que foi solto após o delegado e alguns homens armados irem até o local
levarem o dinheiro (O BANDITISMO...., 1936, p. 03):

[...] Os bandidos não andam pela rodagem, e sim por dentro


dos mattos, verêdas etc. O grupo anda bem armado e com
farta munição e é o mesmo que parece vai regressando dos
limites de Pernambuco com Parahyba (Alagoas do Monte)
para Alagoas atravessando para Alagoas cujo itinerarão é
Mimôso, Catolé (Pesqueira), Bôa – Sorte (Pedra) Guaribas
(Buique) etc (O BANDITISMO...., 1936, p. 03).

Em outra matéria, desta vez no Diario de Pernambuco em 1936, encontramos


uma notícia do aparecimento de um grupo de Lampião na região de Cimbres, Pesqueira
(ANORMALIDADES..., 1036, p. 05). No jornal é mencionado que o delegado de
Pesqueira e o Capitão Manoel Neto foram ao local à procura dos criminosos, mas não
encontraram os cangaceiros. Além disso, o jornal relata que o grupo praticava
espancamentos e que uma vítima ficou bastante ferida e foi transportada para a cidade
para receber tratamento e os fanáticos se refugiaram na “serra verde”, localizado em
Pesqueira (ANORMALIDADES..., 1036, p. 05). Assim, o pânico da população era
tamanho que recorriam a reza aos santos protetores para que os livrasse desses castigos.

Ainda em relação ao medo dos cangaceiros, Ana Lígia destaca algo curioso que
antecede as supostas aparições em Cimbres. A autora afirma que em junho, Lidio, irmão
de Maria da Luz, que tinha três meses de vida, foi morto. Devido ao sofrimento do
filho, D. Auta estava muito triste e no dia 06 de junho reza junto com os vizinhos
“Lídio, nós que estamos vendo que não escapas, morreras, mas quando chegares lá em
cima, disse a Jesus e a Maria quanto nós (isto é, nossa família e outras) estamos
sofrendo aqui na Serra por causa do perigo dos cangaceiros!” (LIRA, 2018, p. 24, grifo
nosso). Tais questões são importantes ao analisar os eventos, pois, além de percebermos
como os cangaceiros influenciavam na logística da região, destacamos também que as
possíveis aparições que vem ocorrer meses depois desse acontecimento podem ser
interpretadas como uma interferência divina, tendo em vista que se acredita que a
Virgem apareceu devido aos clamores da população.

Todo esse contexto de crise fez com que a década de 1930 fosse marcada por um
apego religioso e uma forte devoção a Maria, no qual as mensagens facilmente se
espalharam na população atraindo curiosos e devotos, que encontraram nos eventos uma
resposta aos problemas enfrentados. Deste feito, “Com uma população essencialmente
católica, as devoções a Maria se intensificaram, com notícias de visões, aparições e
manifestações divinas locais em diferentes” (MOURA, 2021, p. 155).

Sobre o lugar onde apareceu a imagem, Severino Silva (2003, p. 69) afirma que
o Sítio da Guarda, lugar onde supostamente as meninas viram a representação de Maria,
pertencia a Arthur Teixeira, e Auta pais de Maria de Luz. O autor narra o
acontecimento:

[...] Maria da Luz, que na época tinha 14 anos, e sua amiga


Maria da Conceição, de 15 anos, teriam visto uma senhora
com uma criança, no alto do penhasco, nesse sítio. Narraram
depois que, de maneira surpreendente, foram levadas ao topo
do penhasco e mantiveram uma conversação com a aparição.
Souberam então que se trava de Nossa Senhora, a mãe de
Jesus (SILVA, 2003, p. 69).

O Jornal Pequeno também descreve que a pedra onde as meninas viram N.


Senhora apresenta um formato interessante. Detalha-se que “[...] é um grande bloco de
granito, medindo pouco mais de 5 metros, com um quadro em baixo relevo feito pela
própria natureza. Essa moldura desempenhada ao natural chama logo a attenção
daquelles que veem a pedra” (NO LOGAR..., 1936, p. 01). Na imagem, podemos ver o
local onde presumivelmente a Santa tenha aparecido, mostrando também a grande
quantidade de fieis em volta.

Carlos Moura (2021, p. 159) aponta também que as marcas mais claras
existentes na pedra são utilizadas para comprovar a veracidade do evento, sendo vista
como um lugar sagrado. Além disso, o jornal continua a descrição, pontuando que as
notícias das aparições de Nossa Senhora da Graça no Sertão chegaram à capital, levando
mais de três mil pessoas ao local para verificar o milagre. O número de romeiros
aumentava a cada dia, com expectativa de “ver a Santa ou ouvir das meninas, que têm
esse privilégio, palavras de conforto” (NO LOGAR..., 1936, p. 01).
O jornal segue narrando sobre as aparições, no qual foi se espalhando pelo
município até chegar ao conhecimento do vigário de Pesqueira. O local em poucas horas
se tornou um arraial de romaria, no qual se reunia família e muitos levavam doentes em
busca da cura. De tal maneira, “o local onde tinha apenas uma pedra fosca estava em
pouco tempo rodeado de barracas. Comerciantes improvisados negociam alimentação
própria aos movimentos festivos” (NO LOGAR..., 1936, p. 01).

Sobre as supostas águas milagrosas que jorravam da pedra com sinal das
aparições de Nossa Senhora, há relatos de muitas curas em torno desse acontecimento.
É importante destacarmos as palavras de Nossa Senhora dita as videntes era de “A água
é para curar qualquer doença, mas só de pessoas que tiverem fé” (LIRA, 2018, p. 109).
Desse modo, a Carta Pastoral da Diocese de Pesqueira, escrita por Dom José Luiz
Ferreira Salles, bispo da Diocese6 e publicada em 2021 (SALLES, 2021), coloca que na
localidade que ocorre o evento há vários relatos de curas, graças e conversões, sendo
considerado, segundo o documento, como a demonstração da presença da Santa.
Letícia Querétte afirma que houve também pressões da diocese e da polícia para
controlar a presença de fiéis no local, temendo que o espaço tornasse um ponto de
fanatismo religioso (QUERÉTTE, 2006). Nesse ensejo, a Igreja procura impor limites
em relação ao acesso no território, colocando-se como mediadora das manifestações,
visando manter o controle social e a hegemonia (AGUIAR NETO, 2016), pois não era
interessante para a hierarquia eclesiástica que um grupo de leigos tivesse contato direto
com o sagrado, pois temia que isso pudesse colocar em risco o “arcabouço social”
(SILVA, 2003).

Apesar da tentativa do silenciamento do acontecimento, em nada influenciou na


devoção da população, que continuou frequentando o espaço reunindo centenas de fiéis
em busca de milagres (AGUIAR NETO, 2016). Desse modo, a Pastoral também cita
que mesmo com as tentativas das autoridades religiosas em interromper as práticas
religiosas no local, os fiéis continuaram a ir ao local mesmo sem uma autorização da
igreja ou uma legitimação oficial (SALLES, 2021).

Deste feito, para atestar a veracidade das aparições, o bispo Dom Adalberto
Accioli Sobral designou o monsenhor José Kehrle para investigar acerca do evento em
Cimbres (SILVA, 2003). Nesse viés, no dia 20 de agosto de 1936 o padre Kehrle vai ao
Sítio Guarda onde encontrou a família das meninas. Quando ele chega ao local, Ana
Lígia pontua que Maria da Luz afirma que a imagem aparece novamente, e ela diz “[...]
eu então disse à Imagem: ‘lá vem o padre’ – e ela sorriu – se” (LIRA, 2018, p. 33), e as
meninas juntamente com o padre sobe à serra. A 50 metros de distância do local as
meninas dizem “Olhe, a Santa está na porta e nos abençoa”. De acordo com a autora, o
padre faz referência a uma água que saia do pé da laranjeira, no qual pergunta às
meninas o que significa aquela água e elas respondem que a água era uma resposta para
acreditar nas aparições (LIRA, 2018).

Posteriormente, Ana Lígia descreve que o padre pediu para que levasse a menina
Maria da Conceição longe para fazer o interrogatório individual para que ninguém
pudesse ouvir e interferir. O padre Kehrle pede para que a menina descreva a imagem.
Maria da Luz descreve: “Ela é como a imagem de Nossa Senhora do Carmo na Catedral
de Pesqueira, porém o manto é azul e o vestido de cor branca creme (amarelado) e tem
uma faixa. Tem um Menino braço esquerdo e ambos têm uma coroa muito bonita na
cabeça [...]” (LIRA, 2018, p. 35).
Quando termina o interrogatório com Maria da Luz, o padre pede ao pai que
trouxesse Maria da Conceição. Ele tenta “enganar” a menina mostrando um lugar
diferente, sugerindo que sua amiga viu a aparição ali, mas Maria da Conceição diz que
viu a aparição em outro lugar - o lugar supostamente verdadeiro (LIRA, 2018). Logo
depois pede para que o pai trouxesse novamente Maria da Luz e solicita para que ela
pergunte à “Santa” quem ela era, e a imagem responde “Sou a Graça” (LIRA, 2018, p.
36, grifo nosso). Ao continuar o interrogatório, é perguntado se poderia fazer as
perguntas em outro idioma e é autorizado. As perguntas seguem com indagações sobre o
ocorrido e o contexto político da época (LIRA, 2018).

A partir disso, visualizamos que grande parte das perguntas são voltadas para as
questões políticas do período, além da religiosa. Os questionamentos são ligados ao
comunismo, a aliança dos religiosos com a Ação Integralista, como também as rezas e
penitências sendo utilizadas como solução para as questões.

Assim, percebemos que as supostas mensagens proferidas por Nossa Senhora da


Graça em Pernambuco, alinhada às questões políticas e interpretadas como intervenção
divina para a salvação do povo, segue os direcionamentos dos eventos de Fátima,
estando em consonância com os projetos de Restauração Católica pensada pela Cúria
Romana que também tinha como desígnio a invenção de novas devoções. Desse modo,
as supostas aparições em Cimbres, como outras que ocorreram durante o século XX,
colaboraram para o fortalecimento e valorização do catolicismo em um contexto que a
Igreja Católica vinha sendo enfraquecida com leis dessacralizantes e o advento de novas
religiões.

Considerações finais

A partir das considerações apresentadas, podemos inferir que o contexto político,


cultural e religioso do século XX se tornou uma arena significativa para a atuação da
Igreja Católica, que buscava se adaptar às mudanças da sociedade. As aparições, nesse
cenário, surgiram como aliadas a esse processo de reestruturação. Consequentemente,
com a disseminação internacional dos eventos ocorridos em Portugal, essas aparições
passaram a exercer influência na formação de outras devoções, desempenhando um
papel crucial na promoção do culto mariano no Brasil. Um exemplo notável desse
fenômeno pode ser observado nas supostas aparições de Nossa Senhora da Graça em
Pesqueira.

Nesse contexto, as aparições marianas não apenas fortaleceram a fé e a devoção


dos fiéis, mas também serviram como uma espécie de “interferência divina” em tempos
de incerteza e desafio. Percebemos que as mensagens e apelos à oração e penitências,
com mensagens escatológicas voltadas para a solução dos conflitos, inseridos em um
contexto de efervescência política, epidemias e conflitos religiosos, algo característico
das aparições de Fátima, se repetem também no interior de Pernambuco. Dessa maneira,
consideramos que essas aparições seguem um modelo padronizado, pois podemos
encontrar diversas características similares nesses relatos (STEIL, 2003).

Por fim, é válido considerar também que as aparições resguardam suas


características particulares a partir do contexto em que elas estão inseridas. No caso das
aparições de Fátima, visualizamos que a Guerra e o comunismo eram os principais
discursos proferidos pela Santa, já o de Nossa Senhora da Graça era o medo do
comunismo e a aliança com o movimento Integralista uma das principais pautas
levantadas.
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