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RESENHA

O IMPACTO DA SELETIVIDADE PENAL AO LONGO DO TEMPO 1

Eduarda Toledo 2

Jacqueline Sinhoreto, autora do artigo “Seletividade Penal e Acesso à Justiça”, presente


no livro, “Crime, Polícia e Justiça no Brasil”, é uma renomada professora de sociologia na
Universidade Federal de São Carlos. A socióloga é conhecida por lutar por causas como, o acesso a
segurança pública e sistema de justiça, de forma generalizada, e por liderar grupos de pesquisas
ligadas a implementação de políticas públicas e segurança pública e prevenção à violência. Suas
composições mais famosas são: Os justiçadores e sua justiça: Linchamentos, costume e conflito”
(2002) e “A Justiça perto do povo. Reforma e gestão de conflitos” (2011).

O objetivo da obra “Seletividade Penal e Acesso à Justiça “é apresentar ao leitor as


falhas, desleixos e ilegalidades do sistema judiciário em relação as minorias, e como a justiça tem sido
seletiva entre as populações carcerarias. Ademais, a autora elabora argumentos baseando-se em
escritores, pesquisadores e sociólogos, a fim de estabelecer a relação requerida. A obra é baseada em
incontáveis citações diretas e indiretas de outros estudiosos.

A princípio, Jacqueline Sinhoretto começa apontando os problemas do acesso à justiça, a


seleção de casos e o desfavorecimento de minorias perante a justiça. Ao longo dos primeiros parágrafos,
a autora apresenta considerações importantes acerca do assunto, como por exemplo: o problema se
encontra principalmente no estado que persegue os indivíduos e suas infrações. Segundo a escritora a
Justiça privilegia certas condutas ou certos criminosos, como por exemplo: os bem afortunados, que
atraem menos atenção da repressão.

Em seguida, o objetivo do capítulo é demonstrar a falha policial, que se utiliza de


informações informais, que consiste em basear o seu julgamento a partir de vestuário, linguajar ou lugar
de atuação. Sendo assim, a polícia já trabalha com um público específico, focalizando favelas e periferias
num geral. Por conseguinte, o público carcerário aumentou por conta de pequenos delitos e falta de
julgamento devido, ao mesmo tempo em que a porcentagem da resolução de crimes contra a vida foi
apenas diminuindo. Dando a entender que o preconceito paira sobre a justiça.

A autora encerra o capítulo citando as quatro lógicas vigentes, a primeira consiste em: um
potencial de excelência e alta efetivação de direitos, a segunda constitui em um serviço deficiente,

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Trabalho realizado na disciplina de linguagens e Interpretações no primeiro semestre de 2021
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Graduanda do curso de Direito das Faculdades Integradas Vianna Junior
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onde existem barreiras de acesso à justiça, a terceira baseia-se na informalização na administração, a


quarta e última, em projetos de inovação, que são soluções ilegais.
A partir desse estudo, fica claro o posicionamento da autora acerca do sistema judiciário
brasileiro, um sistema retrogrado, com intensas ilegalidades e altamente seletivo, levando a um Brasil
com diferenças sociais grotescas e deixando claro o pouco acesso à informação por parte das
populações periféricas e menos beneficiadas. Em conclusão, o estudo é didático e de fácil
compreensão. Como é composto de muitas citações, é rico em conhecimento e argumentação. Não é
recomendado apenas para estudiosos interessados no assunto, e sim para toda a população, já que
constrói uma crítica social importante e bem elaborada. Conclui-se, ainda, que o assunto tratado e de
extrema importância no Direito, a fim de gerar um senso crítico sobre o sistema judiciário brasileiro.

REFERÊNCIAS
SINHORETTO, J.” Seletividade penal e acesso à justiça”. In: LIMA, R. S. de; RATTON, J. L;
AZEVEDO, R. G. de (Orgs.). Crime, polícia e justiça no Brasil. São Paulo: Contexto, 2014. pp.329-
337

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