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RESUMO
PALAVRAS - CHAVE
O relato sobre a história do DIU (Dispositivo Intra-Uterino) é bastante interessante. Segundo Hipócrates,
considerado o pai da medicina, fez a primeira citação à utilização de um objeto inserido na cavidade uterina. De
acordo com Hipócrates, ele a percepção de que a colocação de objetos no interior do útero funcionasse e
impedisse a fecundação (FEBRASGO, 2015).
Também existe a história de que era prática dos nômades que através de suas longas travessias pelo
deserto, colocavam pedras no útero de camelâs capaz de evitar a gravidez. Apesar desses relatos históricos, a
utilização e estudo do DIU começaram a partir do século XX (SILVA, 2001).
De acordo com relatos, o primeiro estudo científico do DIU foi publicado na Alemanha, em 1909, quando o
Dr. Richards Richter disse ter inserido anéis feitos de intestino de bichos de seda dentro do útero de mulheres.
Porém, o estudo não teve aceitação por parte da comunidade médica. Quase na mesma época, o berlinense
Ernest Graenfenberg começou a substituir bichos de seda por anéis feitos de prata, cobre, níquel e zinco como
dispositivos mais eficazes. Esse método desenvolvido por Graenfenberg teve boa repercussão e entusiasmo
sendo bastante utilizados em diversos países, porém, precisou ser interrompida após notarem que esses
instrumentos eram prejudiciais a saúde das mulheres causando infecções e até mesmo câncer (FEBRASGO,
2014).
No final da década de 1950, os Estados Unidos passaram a dedicar-se com maior interesse aos dispositivos
intra-uterinos. O crescimento populacional desordenado entrou em pauta e foi tratado como uma questão de
saúde pública (DEVELLIS 2012)
Com o surgimento do dispositivo Bimberg em 1963, composto de polietileno, passou a apresentar boa
eficácia, cerca de 90% e passou a ser utilizado por diversos países. Sua formação superior era parecida com um
arco e seu formato inferior era mais retangular (MISHELL, 1998).
Nos anos seguintes, vários dispositivos foram criados, mas problemas começaram aparecer, como mortes e
problemas de obstrução intestinal. O produto Dalkon Shields foi o principal responsável e teve sua produção
suspensa (FINOTTI, 2015).
Após esses episódios envolvendo Dalkon Shields, a imagem dos dispositivos ultra-uterino ficou arranhada,
principalmente nos EUA. Essa confiança só começou aparecer mais à frente, quando em 1969, o DIU de cobre foi
lançado no mercado se mostrando seguro e eficaz, reconquistando a confiança por parte da medicina e das
mulheres em busca de contracepção (KENNEDY, 1996).
É possível encontrar vários métodos para prevenir uma gravidez. Alguns métodos são considerados
práticos e baratos, outros, porém, caros e difíceis para utilizar. Cada mulher deve fazer uma avaliação sobre os
métodos, incluindo sua praticidade e eficáci (DIAS DA COSTA, 2002).
O DIU pode ser caracterizado como sendo uma pequena estrutura, sendo colocada no interior da
cavidade uterina, por meio de um procedimento simples. A sua eficácia gira em torno de 99%m sendo possível
permanecer no útero entre 5 a 10 anos (SANTOS; FREITAS, 2009).
Os tipos de DIU existentes são o DIU de cobre e o DIU hormona, DU de cobre com prata e o mais atual,
Kyllena. Há diferença entre eles em suas composições e funcionamento (PORTAL BRASIL, 2016).
O DIU de cobre é formado por uma haste revestida com o metal, que durante a sua ação libera pequenas
quantidades de cobre no útero, causando alterações no endométrio, no muco e na mobilidade das trompas.
Quando esse processo é feito, ocorre uma reação inflamatória que não afeta o organismo negativamente, mas
que torna a região hostil ao espermatozóide evitando que ocorra a fecundação (POLI, 2009).
O seu uso é altamente eficaz. Suas chances de gravidez variam de 0,6% a 0,8%, segundo Febrasgo. Seu
efeito colateral mais freqüente é o aumento no fluxo menstrual, além de poder permanecer no corpo da mulher por
pelo menos 10 anos (Febrasgo, 2014).
O DIU de Mirena, também pode ser chamado de SIU ou DIU hormonal. Ele produz reações inflamáveis no
útero e sua estrutura é feita com hormônio progesterona. As mulheres que utilizam desse dispositivo têm sua
menstruação bloqueada, considerando um efeito colateral positivo (PORTAL BRASIL, 2001)
Por outro lado, com o DIU de Mirena as chances de engravidar diminuem para 0,2%. É indicado para
tratamentos como: mioma uterino, endometriose e adenomiose. O DIU de Mirena pode permanece no corpo da
mulher por ate 5 anos (POLI, 2009).
A diferença entre esses dois tipos de DIU estão ligadas a tempo de validade, vantagens, indicações, riscos
de engravidar, efeitos hormonais e carga hormonal (GIORDANNO, PANISSET, 2016).
O DIU de cobre com prata, não apresenta hormônios em sua composição, sendo que sua finalidade é
reduzir o fluxo menstrual e as cólicas as quais estão ligadas ao DIU de cobre. O DIU de cobre com prata,
apresenta em sua composição, sobre, mas está ligado a outro metal, neste caso a prata. O mecanismo que
impede a gravidez, é o mesmo, mas neste caso, promete efeitos menores sobre o ciclo menstrual. É importante
ressaltar que ainda não há composição científica sobre seus efeitos. No caso da parte prática, ele se assemelha
muito com o DIU de cobre. Sua duração é por no máximo cinco anos, sendo que pode ser retirado em um
consultório médico, a qualquer momento (GIORDANNO, PANISSET, 2016).
O DIU de Kyllena, é um DIU recém chegado ao Brasil, tornando-se uma nova opção segura para a
contracepção. Este DIU foi projetado com o intuito de se adequar as mulheres as quais possuem o canal cervical
estreito ou até mesmo aquelas mulheres que apresentam uma cavidade uterina menor. Neste caso, são aquelas
mulheres que ainda não tiveram filhos. O tamanho reduzido deste DIU, também torna-se um diferencial, quando
se fala em inserção em úteros pequenos, nos casos mais comuns em adolescentes. Apresenta uma baixa dose
hormonal, gerando menos efeitos colaterais, sendo ganho de peso, tonturas, mudanças de humor e até mesmo a
diminuição da libido. Essa é uma opção para as mulheres que buscam métodos contraceptivos que tenham longa
duração e que são seguros e eficazes. Nas figuras 1 e 2, apresentamos os tipos de DIU (EQUIPE EDITORIAL
BIBLIOMED, 2016)
A Organização Mundial de Saúde (OMS), coloca que a relação do farmacêutico com o paciente deve ser
confiável e esclarecedora, pois é importante que não haja dúvidas sobre o tratamento correto (OMS, 2004).
Através de uma boa orientação, as chances de eficiência do método aumentam. O melhor aconselhamento
é aquele que atende ao perfil do indivíduo.
Quando a pessoa é bem informada e atualizada, ela torna-se um potencial multiplicador de informações
corretas e seguras. Pode promover o aconselhamento e a prevenção de gestações não planejadas e, até mesmo,
evitar usos errôneos do método por pessoas sem informação (VIEIRA, 2008).
O fato do DIU ser um dispositivo que tem uma longa duração no útero e uma boa eficácia são muitas as
vantagens dependendo do dispositivo.
As principais vantagens específicas do DIU de cobre são (SUGIMOTO, 2005):
● baixo custo;
● duração por até 10 anos;
● não tem eficácia reduzida por medicamentos.
As principais vantagens do DIU de Mirena (BAHAMONDES, 2006):
● redução ou até mesmo suspensão da menstruação;
● proteção contra o câncer endométrio;
● benefício da mulher com endometriose ou que estão em fase de transição após a menopausa.
Com relação, ao DIU de cobre com prata, as vantagens são as seguintes (POLI, 2009):
● é isento de ação hormonal na mulher. O DIU de prata é mais fácil de ser inserido no útero, já que é mais
fininho e maleável quando comparado aos outros modelos de cobre e hormonais.
● Outro ponto positivo é que ele possui eficácia contraceptiva melhor do que as pílulas anticoncepcionais -
com taxa de falha de 0,5% ao ano ou 1 falha a cada 2 anos em um grupo de 100 usuárias.
● pode ser usado em mulheres que tiveram câncer de mama, pois tem menor fragmentação do cobre no
organismo e mais estabilidade quando comparado aos outros DIUs não hormonais.
● por não utilizar hormônios, o DIU de prata é isento de efeitos colaterais possíveis com o DIU de Mirena,
como acne, oleosidade de pele, queda de cabelo e retenção hídrica.
O DIU não pode ser colocado em mulheres que apresentem (NELSON, 2007):
● Anormalidades anatômicas do útero;
● Infecção ginecológica ativa;
● Gravidez presente ou suspeita (mulheres grávidas não podem usar DIU, pois há elevado risco de aborto);
● Câncer uterino (mulheres com câncer do endométrio ou câncer do colo do útero não devem utilizar o DIU);
● Sangramento ginecológico de origem não esclarecida (antes da implantação do DIU, qualquer
sangramento anormal deve ser investigado);
● O DIU de cobre, especificamente, também é contraindicado a mulheres com alergia à cobre. Já o DIU de
Mirena não deve ser utilizado por mulheres que tiveram câncer de mama nos últimos 5 anos ou doenças
hepáticas, devido aos hormônios.
Devido à desinformação, equívocos e falta de treinamento clinico, há vários mitos existentes em relação
ao DIU, como por exemplo (DECHENEY, 2013):
● causa infecções;
● aumenta o risco de gravidez;
● causa infertilidade;
● atrapalha a relação sexual;
● é abortivo;
● durante a relação sexual, o homem não consegue sentir o DIU;
● não causa câncer.
No Brasil há uma grande falha desigual no acesso a métodos contraceptivos oferecidos pelo SUS
(HOLANDA, 2013).
As dificuldades incluem falta de informações, falta de equipamentos e treinamento dos profissionais de
saúde, além da diferença entre Estados. Mulheres com idades entre 10 a49 anos, que procuram o SUS, podem
escolher alguns métodos, sendo eles: injetável mensal, injetável trimestral, mini-pílula, pílula combinada,
diafragma, o DIU de cobre, além da camisinha. A pílula do dia seguinte é oferecida gratuitamente, alem de ser
possível fazer laqueadura e esterilização (BOUZAS, 2004).
Apesar dessa disponibilidade, na pratica existe uma dificuldade com o agendamento do DIU, e em alguns
estados esse método nem sequer é oferecido (COELHO, 2000).
Métodos contraceptivos de longa duração não estão acessíveis a grande parte das mulheres, contribuindo
para o aumento de gravidez indesejadas. Entre os métodos DIU hormonal, o DIU de cobre e implante hormonal
que possuem longa duração, apenas o DIU de cobre é distribuído pelo SUS. Embora o procedimento seja simples
(duração de 15 a 30 minutos sem precisar de anestesia), há uma enorme diferença desse método por região.
Mulheres da região Norte e Nordeste são as que menos têm acesso, sendo por falta de DIU, por falta de
informação ou pela falta de profissionais habilitados para fazer a implantação do dispositivo (OLIVEIRA, 2008).
Apesar disso, desde 2017, o Ministério da Saúde informou a iniciação da implantação do acesso ao DIU de
cobre nas maternidades para as mulheres que tiveram filhos ou passaram por processo abortivo. De acordo com o
Ministério da Saúde, o objetivo é ampliar o acesso em 20% em todos os Estados até 2022 e qualificar ainda mais
profissionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
2. JUSTIFICATIVA
Embora a contracepção intrauterina representada pelo dispositivo intrauterino de cobre (DIU) seja eficaz, há
muito tempo é questionada principalmente em mulheres que nunca pariram. Aspectos de segurança, como o
maior número de complicações causadas pela inserção, o maior impacto na doença inflamatória pélvica e o
impacto na fertilidade são uma das principais controvérsias na indicação do DIU em puérperas.
Uma análise da literatura baseada em publicações reflete evidências suficientes para apontar com
segurança os anticoncepcionais intrauterinos para mulheres que nunca passaram pelo parto e apoiar o
fornecimento e uso rotineiro de dispositivos intrauterinos para mulheres neste grupo. Nos últimos anos, o uso de
dispositivos intrauterinos aumentou em 2002, 2% das mulheres nos Estados Unidos usavam DIU, e entre 2011 e
2013, essa proporção subiu para 10,3%. No Brasil, a taxa de uso do DIU entre as mulheres permanece ainda
próxima a 3%.
Recentemente houve um aumento significativo de publicações relacionadas ao uso de DIU em mulheres
que não deram à luz, principalmente aquelas relacionadas a eficácia, aceitação e o número de complicações. Por
outro lado, ainda existem dúvidas e desentendimentos de profissionais da saúde e pacientes, o que mostra a falta
de informação e o maior obstáculo ao uso massivo do DIU entre as mulheres.
3. OBJETIVOS
4. METODOLOGIA
5. CONCLUSÃO
Conclui-se que o DIU é um ótimo método contraceptivo, uma vez que pode ser utilizado pela maioria das
mulheres e têm poucas contra indicações. Entre os diferentes tipos de DIU disponíveis no mercado, as pesquisas
mostram a grande procura pelo DIU de cobre, devido a suas poucas contraindicações e grandes vantagens.
Ainda assim, faz-se necessário um incentivo para a utilização desse método contraceptivo. Muitas mulheres
não possuem acesso a informações a respeito desse dispositivo, ou ainda, quando as possuem muita apresentam
dúvidas das diferenças, onde buscar tais orientações e ajuda.
Com isso, concluímos a necessidade de aumentar as informações e orientações a respeito desse
dispositivo. Os profissionais da saúde, como farmacêuticos, têm o papel de orientar as mulheres e incentiva-las a
buscar um acompanhamento médico para um melhor uso e informações a respeitos dos diferentes tipos de DIU e
demais dúvidas.
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