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\ Introdução à Economia

Capítulo

A demanda e a oferta
Estruturas de mercado. Função demanda.
Função oferta. Preço de equilíbrio no mercado de
concorrência perfeita. Escassez e excedente. Tabelamento.
Deslocamentos das curvas de demanda e de oferta.

ENEED=EL
O mercado é o local onde se encontram os vendedores e compradores de determinados bens ou
serviços. Antigamente, a palavra mercado tinha uma conotação geográfica que hoje não mais sub-
siste, uma vez que os avanços tecnológicos nas comunicações permitem que haja transações eco-
nómicas até sem contato físico entre o comprador e o vendedor, tais como nas vendas por telefone.
Os economistas classificam os mercados da seguinte forma:
• Concorrência perfeita — Trata-se de um mercado caracterizado pelos seguintes fatores:

a) existência de um grande número de pequenos vendedores e compradores, de tal forma


que cada vendedor e cada comprador, individualmente, representam muito pouco no total do
mercado (mercado atomizado);
b) o produto transacionado é homogêneo, ou seja, todas as empresas participantes do mercado
EM fabricam produtos rigorosamente iguais que não se distinguem um dos outros por qualidade,
marca, rótulo e quaisquer outras características (produto padronizado);
c) há livre entrada e saída de empresas no mercado; qualquer empresa pode entrar ou sair do
mercado a qualquer momento, sem quaisquer restrições das demais concorrentes, tais como práticas
desleais de preços, associações de produtores visando impedir a entrada de empresas novas etc.
d) perfeita transparência, ou seja, perfeito conhecimento, pelos compradores e vendedores,
de tudo o que ocorre no mercado; assim, por exemplo, se uma empresa obtiver uma inovação
tecnológica no processo produtivo, as outras saberão deste fato imediatamente.
e) perfeita mobilidade dos recursos produtivos; isto significa que a mão de obra e os outros
insumos utilizados na produção podem ser facilmente desllocados da fabricação de uma
mercadoria para outra; além disso, no mercado dos fatores de produção vigora também a
concorrência perfeita, de tal forma que cada empresa poderá adquirir a quantidade desejada
do fator por um preço que será fixado concorrencialmente.
Como se percebe por suas características, o mercado de concorrência perfeita não é facil-
mente encontrado na prática, embora possa se afirmar que os mercados que mais se aproximam
dela são os mercados de produtos agrícolas.

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Capitulo 2 / A demanda e a oferta Int oduçao a Economia

O mercado de concorrência perfeita é estudado pelos economistas para servir como um paradig- absoluto para fixar o preço para o produto que lhe for mais conveniente. No oligopólio, os poucos
ma (referencial de perfeição) para análise dos outros mercados. Ou seja, o mercado de concorrência vendedores existentes podem se unir para evitar a concorrência entre eles e impor um preço ao
perfeita é o mercado ideal, ao qual serão referenciados os mercados de concorrência imperfeita mercado, Na concorrência monopolística - embora o poder do vendedor em fixar preços seja me-
(existentes no mundo real e listados a seguir) para se verificar no que diferem do modelo idealizado. nor que no monopólio e no oligopólio, uma vez que existe um grande número de concorrentes - o
• Monopólio - é o mercado que se caracteriza pela existência de um único vendedor. O mo- fato de seu produto ser diferenciado dos demais lhe dá uma certa autonomia para determinar o seu
nopólio pode ser legal ou técnico. preço. Da mesma forma, no oligopsônio e no monopsônio, o comprador tem o poder de impor seu
preço aos vendedores, já que é responsável por uma parcela significativa da demanda do mercado.
Monopólio legal ocorre quando uma lei assegura ao vendedor a primazia no mercado. Exem-
plo: até 1995, no Brasil, a empresa Petróleo Brasileiro S/A (Petrobrás) possuía, por lei, o monopólio
das atividades de extração e refino do petróleo.
Ocorre o Monopólio técnico quando a produção através de única empresa é a forma mais
barata de fabricação do produto. Ou seja, quanto maior o tamanho da empresa (escala), menor o =MIK
A demanda de um determinado bem (doravante, denominado de bem X) é dada pela quan-
Custo Médio de fabricação do produto. As atividades de geração e distribuição de energia elétri-
ca são apontadas na literatura especializada como exemplo deste tipo de monopólio. tidade deste bem que os compradores (doravante, denominados de consumidores) desejam
adquirir num determinado período de tempo3. Ela será representada pelo símbolo D.
• Oligopólio - é o mercado em que existe um pequeno número de vendedores ou em que, A demanda do bem X depende de uma série de fatores. Os economistas consideram como
apesar de existir um grande número de vendedores, uma pequena parcela destes domi- mais relevantes os seguintes fatores:
na a maior parte do mercado. São exemplos de oligopólios a indústria automobilística e a
indústria de bebidas, entre muitas outras. Embora não haja barreiras explícitas, o poderio • o preço do bem X (Px) - de fato, esta é a variável mais importante para que o consumidor
das grandes firmas que dominam o mercado é um fator desestimulante à entrada de novas decida o quanto vai comprar do bem.; se o preço for considerado barato, provavelmente ele
empresas no oligopólio, adquirirá maiores quantidades do que se for considerado caro-,
• Monopsônio - é um mercado em que há apenas um único comprador. Imaginemos, por exem- • a renda do consumidor (Y) - embora muitas vezes o consumidor considere atrativo o preço
plo, uma região em que há um número expressivo de pequenos produtores de leite e apenas do bem X, ele pode não ter renda suficiente para comprálo como, por exemplo, se o bem
uma grande usina onde este leite pode ser pasteurizado. A usina será a única opção de venda X for um carro de luxo; por outro lado, se a renda do consumidor aumentar num período de
para os produtores, de modo que ela terá condições de impor preços para a compra do leite, tempo, provavelmente ele adquirirá maiores quantidades do bem X a um determinado nível
• Oligopsônio - é o mercado caracterizado pela existência de um pequeno número de com- de preço do que antes e menores, se a renda diminuir, de forma que esta é uma variável que
pradores ou ainda em que, embora haja um grande número de compradores, uma pequena condiciona a decisão de consumo;
parte destes é responsável por uma parcela bastante expressiva das compras ocorridas no • o preço de outros bens (Pz) - se o consumidor deseja adquirir manteiga, por exempllo, ele
mercado. A indústria automobilística, por exemplo, constituída por um pequeno número de não olhará somente o preço desta mas também o preço de bens substitutos4 tais como a
empresas, tem um poder oligopsonista em relação à indústria de autopeças, uma vez que margarina ou o requeijão cremoso; da mesma forma, se ele desejar adquirir arroz, considerará
é responsável por um grande volume das compras da produção desta última. As grandes não somente o preço do arroz, mas também o do feijão já que, em nosso país, o consumo
empresas beneficiadoras de produtos agrícolas também formam um oligopsônio em relação destes bens está frequentemente associado um ao outros.
aos agricultores, já que compram uma parcela expressiva da produção destes. • os hábitos e gostos dos consumidores (H) - esta é uma das variáveis das mais importan-
• Concorrência Monopolística - trata-se de um mercado em que, apesar de haver um tes porque, embora o preço do bem X esteja adequado, inclusive comparado ao de bens
grande número de produtores (e, portanto, ser um mercado concorrencial), cada um deles é substitutos e o consumidor possua renda para adquiri-lo, muitas vezes deixa de fazê-lo por
como se fosse monopolista de seu produto, já que este é diferenciado dos demais. A diferen- não estar habituado ou condicionado ao seu consumos.
ciação do produto se dá por meio de características do mesmo, tais como, qualidade, mar-
Matematicamente, pode-se expressar a demanda do bem X através da seguinte expressão:
ca (griffe), padrão de acabamento, existência ou não de asslstência técnica etc. Exemplos
de mercados de concorrência monopolística são as lojas de confecções e os restaurantes. Dx = f (Px, Y, H etc.)
Nestes últimos, por exemplo, o produto (a comida) é diferenciada pela natureza (pode ser onde a letra f signifca que Dx é função de e a palavra etc. abarca as outras possíveis variáveis
comida chinesa, japonesa, alemã, italiana, brasileira típica etc), qualidade (boa, regular, ruim que influenciam o consumo do bem X, mas que não serão considerados em nossa análise.
etc), pelas instalações (luxuosas, simples, médias) e por variados outros fatores. A demanda do bem X é, portanto, a resultante da ação conjunta ou combinada de todas
Esta não é a única classificação possível dos mercados, embora seja a mais utilizada. Na res- essas variáveis. Entretanto, para que se possa analisar o efeito na demanda de uma mudança no
posta à questão n° 1 dos exercícios resolvidos, é exposta a classificação de Stakelberg. valor de uma variável considerada isoladamente, os economistas recorrem à hipótese do coete-
Uma importante diferenciação entre as estruturas de mercados reside no grau de controle que ris paribus, expressão latina que significa tudo mais permanecendo constante.
vendedores e compradores têm sobre o preço pelo qual o produto é transacionado no mercado. Assim, por exemplo, caso se deseja saber o que ocorre com a demanda do bem X se o preço
do mesmo aumentar, é preciso supor que todas as demais variáveis que influenciam a deman-
Na concorrência perfeita, nenhum vendedor ou comprador, considerado isoladamente, tem
da permaneçam com o mesmo valor', de modo que a variação da demanda seja atribuível
influência (ou seja, poder de determinação) sobre o preço de mercado. De fato, nenhum vende-
exclusivamente à variação do preço.
dor conseguirá vender o produto por um preço superior ao preço de mercado, já que, existindo
Nesse caso, podemos reescrever a demanda do bem X como sendo apenas a função do
um grande número de outros vendedores e o produto sendo homogêneo, o comprador sim-
preço de X, já que as demais variáveis ficam com seu valor inalterado:
plesmente fará a aquisição numa outra empresa concorrente. Similarmente, nenhum comprador
conseguirá comprar o produto a um preço abaixo do de mercado, já que existindo um grande
número de consumidores, o vendedor sabe que, se não vender para ele, venderá para outro.
I E claro que mesmo o monopolista tem de respeitar as condições da demanda para fixar seus preços. Se a Petrobras estabelecer o preço da
Neste mercado, portanto, é somente a influência conjunta de todos os vendedores (repre- gasolina em $ 100,00 o litro, praticamente nada vendera pois tornara o custo do transporte absurdamente elevado
sentada pela oferta do produto no mercado) e de todos os compradores (representada pela Demanda e Procura são expressões sinônimas. Da mesma forma, quantidade procurada e quantidade demandada também são sinônimos
f Assim, a demanda pode ser semanal, quinzenal, mensal, anual etc
demanda do produto no mercado) quem determina o preço de mercado, conforme será exposto i1 Bens substl!Iutos são bens em que o consumo de um substitui o consumo de outro, tals como manteiga e margarina, chá e café, carne de vaca
no decorrer deste capítulo. e carne de porco etc. São também denominados bens sucedâneos
Nas demais estruturas de mercado, ou o vendedor ou o comprador, isoladamente, pode Bens cujo consumo estã associado sici denominados bens complementares
ii Por exemplo, ha uma crença de que não se deve consumir leite com manga] uma campanha publicitaria bem feita que demonstre que esta crença
Impor um preço ao mercado. No monopólio, por exemplo, o único vendedor tem poder quase que imo tem validade cpentífica e que a comblinação destes dois bens e saborosa poderá induzir ao aumento do consumo de ambos,
/ Observe que a suposição não e de que as outras variáveis não existam mas apenas de que o seu valor permanece inalterado durante a analise.

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Capítulo 2 / A demanda e a oferta \ Introdução à Economia

Os bens de Veblen são bens de consumo ostentatório, tais como obras de arte, joias, tapeçarias
= f (Px), sendo que Y =Y(constante) e automóveis de luxo. Como o objetivo de seu consumidor é mostrar aos outros que é possuidor de
grande renda (e não o consumo do bem em si), quanto mais caros, mais são procurados.
Pz = Pz (constante)
Tanto os bens de Giffen como os de Veblen têm curvas de demanda com inclinação positiva,
H = T-I-(constante). ou seja, ascendentes da esquerda para a direita.

A esta relação denominaremos de função da demanda do bem X e à sua representação 2.2.3 CURVA DE DEMANDA DO MERCADO
gráfica será chamada de curva de demanda do bem X.
Tudo o que foi exposto até agora referia-se ao consumidor individual, mas vale também para o
Supondo-se que o bem X seja perfeitamente divisível, ou seja, possa ser consumido em
quantidades tão pequenas quanto se deseje8, sua curva de demanda provavelmente assumirá mercado como um todo, já que a curva de demanda do mercado resulta da agregação das curvas
o formato a seguir individuais.
Assim, por exemplo, se o mercado for composto por dois consumidores (A e B), ter-se-ia:
Preço do bem x ($)

10 10 10
10
8 8 8
8
I
I

100 120 Quantidade procurada do bem x


20 40 Qf) 15 28 QP„ 35 68 QP„
ou seja, é uma curva descendente da esquerda para a direita, evidenciando o seguinte fato, tam-
Consumidor A Consumidor B Mercado
bém chamado de lei da procura: a quantidade procurada do bem X varia inversamente ao com-
portamento do seu preço, ou seja, se o preço do bem X aumentar, a sua quantidade demandada
diminuirá e se o preço de X diminuir, a quantidade procurada do bem aumentará.
Ao preço de 10, a demanda do mercado é de 35 unidades do bem X (20 unidades deman-
Matematicamente, pode-se dizer que a Demanda (ou Procura) do bem X é uma função inversa
dadas pelo consumidor A mais 15 pelo consumidor B). Ao preço de 8, de 68 unidades (40 por
ou decrescente do seu preço.
Embora seja perfeitamente aceitável ao bom senso comum que a quantidade procurada do A e 28 por B). Portanto, agregando-se as demandas individuais a cada nível de preço possível,
bem X varie inversamente ao seu preço, os economistas justificam tal comportamento da deman- obtém-se a demanda do mercado.
da em função de dois efeitos:
a) efeito-renda - quando o preço do bem X aumenta, o consumidor fica, em termos reais, mais 2.1 A OFERTA
pobre' e, portanto, irá reduzir o consumo do bem; o inverso ocorrerá se o preço do bem X diminuir. A quantidade do bem X, por unidade de tempo, que os vendedores desejam oferecer no
b) efeito-substituição - se o preço do bem X aumenta e o de outros bens fica constante, o con-
mercado constitui a oferta do bem X. Similarmente à demanda, a oferta também é influencia-
sumidor procurará substituir o seu consumo pelo de outro bem similar; se o preço diminuir,
o consumidor aumentará o consumo do bem X às expensas da diminuição do consumo dos da por diversas variáveis, entre elas:
bens sucedâneos. • o preço do bem X (Px): para decidir qual será a quantidade a ser oferecida no mercado,
sem dúvida em primeiro lugar, os vendedores levarão em consideração o nível de preço
'2.2.2 EXCEÇÕES À LEI DA PROCURA do bem X;
Há duas exceções à lei da procura: os chamados bens de Giffen e bens de Veblen. • preço dos insunnos utilizados na produção (Pi): alterações nos níveis de preço das maté-
Os bens de Giffen são bens de pequeno valor, porém de grande importância no orçamento rias-primas, dos combustíveis, da energia e de outros insumos terão como consequência
dos consumidores de baixa renda. Caso haja uma elevação em seus preços, seu consumo alterações na quantidade a ser ofertada no mercado;
paradoxalmente tende a aumentar, uma vez que, embora seu preço tenha sido majorado, são • tecnologia (T): inovações tecnológicas que reduzam o Custo de Produção do bem X ou
ainda mais baratos que os demais bens; como ao consumidor após o aumento, sobra menos
propiciem sua produção em maiores quantidades ao mesmo custo tornarão sua oferta
renda, ele não poderá adquirir outros bens (por serem mais caros) e acabará consumindo maio-
mais abundante;
res quantidades do bem de Giffen10.
• preço de outros bens (12z): o agricultor, por exemplo, ao considerar quanto produzirá
8 Desse modo, a função demanda será uma função continua
de milho levará em conta não apenas o preço do mesmo mas também o preço de uma
9 Como foi suposto que a renda do consumidor é constante, o aumento do preço do bem reduz a quantidade máxima possível de compra, ou cultura alternativa tal como a do feijão; este mesmo fato pode ocorrer também com pro-
sela, o consumidor está mais pobre.
10 Um economista e estatístico Inglês chamado Robert Giffen deu origem ao nome de bens de Giffen no século XIX, ele observou que o consumo dutos industriais, quando a fábrica tem a opção de produzir mais de um bem (dois tipos
de pão nas classes mais pobres de Londres paradoxalmente aumentava quando seu preço subia; a explicação era de que, antes do aumento
do preço do pão, os consumidores pobres ainda podiam comprar alguns outros bens que eram mais caros do que o pão, após a elevação do
de parafusos ou pneus, por exemplo).
preço do pão não sobrava renda suficiente aos pobres para adquirir os outros produtos mais caros e. consequentemente, acabavam consu-
mindo maiores quantidades do pão, que ainda era o bem mais barato que podiam comprar

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Capítulo 2 / A demanda e a oferta \Introdução à Economia

Matematicamente, pode-se expressar a oferta do bem X (0x) pela seguinte função: Suponha-se que o mercado comece trabalhando ao preço de $ 20. A este preço, os vende-
dores estarão dispostos a oferecer 150 unidades do bem X, porém os compradores só desejam
Ox = f(Px, P, T, P, etc.") adquirir 60 unidades A quantidade transacionada no mercado ao preço de $ 20 será portanto, de
Assumindo-se a hipótese do coeteris paribus: 60 unidades e haverá um excedente (excesso de quantidade ofertada sobre a demandada) de 90
unidades (150 unidades ofertadas menos 60 adquiridas pelos compradores).
Ox = f(Px) Nesse caso, os vendedores não estarão satisfeitos porque ficaram com um estoque inclese-
jade de 90 unidades nas mãos. Para livrar-se do excedente, oferecerão o bem X a preços mais
expressão que é denominada função de oferta do bem X; a sua representação gráfica, mostrada baixos. de modo que a tendência que será observada no mercado é a baixa do preço de X.
a seguir, é denominada de curva da oferta do bem X. Logo, o mercado nào está oro equilíbrio, já que o preço está flutuando.
Ao inversa, suponha-se agora que o mercado iniciou trabalhando ao preço de $ 10. Ocorrerá
Preço do uma escassez (excesso de quantidade demandada sobre a ofertada) no mercado, já que os
Bem X (Px) compradores desejarão adquirir 170 unidades do bem X, enquanto os vendedores estarão dis-
postos a oferecer apenas 40 (escassez de 130 unidades). Os compradores 'ficarão insatisfeitos e.
para adquirir o produto que está escasso no mercada, oferecerão preços maiores pelo mesmo para
induzir a oferta a aumentar. A tendência no mercado será, portanto, a de elevação do preço de X.
Ao preço de $ 14 correspondente à intersecção das duas curvas, ocorrerá o equilíbrio no
mercado. Nesse caso., tanto os vendedores desejam oferecer quanto os compradores tencionam
adquirir 100 unidades do bem X. Ambos os grupos estarão satisfeitos e a tendência do mercado
Quantidade ofertada do bem X (Q05) será que o preço de $ 14 e a quantidade de 100 unidades fiquem estáveis (ou seja, emequilibrio).
O preço e a quantidade de equilíbrio somente serão alterados no mercado se ocorrer um des-
A oferta do bem X é uma curva ascendente da esquerda para a direita, mostrando que, quanto locamento das curvas de oferta e procura, assunto a ser tratado no item 2.5 a seguir.
maior o preço, maior será a quantidade que os produtores desejarão oferecer no mercado.
A oferta do bem X é portanto, uma função direta ou crescente do preço. Os economistas ex-
plicam esse formato da curva de oferta com base no comportamento dos custos de produção, 11=111=IL
supostos crescentes no curto prazo". Embora os economistas refiram-se às curvas de demanda e de oferta, estas também podem
Da mesma forma como a demanda, a oferta de mercado resulta da somatória das ofertas ser expressas linearmente (ou seja, na forma de uma linha reta) como, por exemplo:
individuais de cada produtor.
QDx = 280 - 4Px (demanda)
2.4 O EQUILÍBRIO DE MERCADO NA CONCORRÉNCIA PERFEITA Q0x = -20 + 2Px (oferta)
2.4.1 CONCEITO
Nesta seção, será mostrado como a oferta e a demanda do bem X conjuntamente determi- onde:
nam o preço de equilíbrio no mercado de concorrência perfeita. O preço de equilíbrio é definido
como o preço que Iguala as quantidades demandadas pelos compradores e as quantidades QDx = quantidade demandada (ou procurada) do bem X
ofertadas pelos vendedores, de tal modo que ambos os grupos fiquem satisfeitos. Q0x = quantidade ofertada do bem X
Veja o gráfico a seguir: Px = preço do bem X

Preço do À Estas duas retas evidenciam as funções de procura e oferta do bem X. De fato., supondo-se
bem X (Px) Ox
diversos possíveis níveis de preço no mercado, aplicando-se a função, obter-se-iam as respecti-
vas quantidades procuradas e ofertadas":

'
excedente Px QDx = 280 - 4Px Q0x -, - 20 + 2Px

20 30 280 - (4 x 30) =. 160 - 20 + (2 x 30) = 140


40 280 - (4 x 40) = 120 - 20 + (2 x 40) = 160
14 50 280 - (4 x 50) = 180 - 20 + (2 x 50) = 180
60 280 - (4 x 60) = 140 - 20 + (2 x 60) = 100
10
.#
escassez
Quantidade do Observando-se a tabela acima, percebe-se facilimente que o preço de equilíbrio é $ 50, já
40 60 100 150 170 bem X (Q5)
que, nesse caso, as quantidades ofertadas e demandadas são iguais em 80 unidades. Preços
O gráfico apresenta as curvas de demanda e oferta do bem X e sua interaçãono mercado, maiores que $ 50 teriam como consequência um excedente no mercado e menores que $ 50, uma
escassez e, portanto, não seriam de equilíbrio.
11 Refere-se a outras possíveis variávers que possam influenciar a oferta tal como, por exemplo, o clima no caso de produtos agrícolas.
12 Assunto que será abordado no Capítulo 5_ 13 Na realidade. infinitos preços são possíveis. Na tabela, colocou-se apenas quatro.

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Capítulo 2 A demanda e a oferta Introdução à Economia

Para se obter o preço de equilíbrio, dadas as funções da oferta e da procura, ao invés de A representação gráfica desta curva seria:
construir a tabela, seria mais fácil igualar-se as quantidades demandadas e ofertadas (já que o
preço de equilíbrio iguala as duas quantidades): Px •

280 - 4Px = - 20 + 2Px


300 = 6Px
= 3006 = 50

2.4.3 TABELAMENTO
A definição teórica de mercado em concorrência perfeita (ver item 2.1) pressupõe a não inter-
venção governamental no processo de fixação de preços. Entretanto, é possível que o governo, por
76 81 90 100
razões de política econômica, julgue conveniente tabelar os preços de um mercado em concorrên-
cia perfeita que perderá, portanto, essa condição. Nesse caso, se o governo tabelar o preço num
valor inferior ao de equilíbrio, ocorrerá escassez do bem (excesso de quantidade demandada sobre Caso a renda dos consumidores se eleve (portanto, estão mais ricos), provavelmente'" eles
a ofertada). aumentarão também as quantidades demandadas do bem X de tal forma que, para os possíveis
Utilizando-se os dados numéricos do exemplo precedente, caso o governo fixe o preço de níveis de preços:
mercado em $ 40, haverá uma escassez de 60 unidades, pois a quantidade demandada a este
preço será de 120 unidades e a oferta, de 60.
Tendo em vista que a solução adequada para esta escassez, que seria a elevação do preço
de mercado, não é possível pois o mesmo está tabelado, não há outra alternativa a não ser a ad-
ministração da escassez. Esta pode assumir a forma de filas no mercado (os primeiros a chegar
ao mercado são atendidos e os demais não) ou do surgimento de um mercado paralelo (mercado
negro), onde a mercadoria é negociada com pagamento de um sobrepreço que é denominado de
ágio14. Outra forma de administrar a escassez seria a imposição de um racionamento por parte do
governo, em que a cada consumidor seria permitida uma determinada cota máxima de aquisição
do produto para que todos (ou quase todos) possam ser atendidos.
onde QPx = quantidades procuradas ao nível de renda antigo
2.5 MUDANÇA NO PREÇO DE EQUILÍBRIO DE MERCADO EM VIRTUDE DE DESLOCAMENTO QP'x = quantidades procuradas ao nível de renda novo.
DAS CURVAS DE OFERTA E PROCURA
No gráfico, a situação ficaria assim:
DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DE DEMANDA
A curva de demanda se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variá-
veis que supusemos constantes quando traçamos a curva (renda do consumidor, preço dos outros
bens e hábitos e gostos) mudar de valor. Ela se deslocará para a direita da posição original quando
a mudança do valor da variável antes suposta constante contribuir para aumentar a demanda e para a
esquerda da posição original quando contribuir para diminuir a demanda. Os exemplos seguintes
esclarecerão a questão.

L. 1. 1 MUDANÇA NA RENDA DOS CONSUMIDORES ( Y1


I BENS NORMAIS
Bens normais são aqueles cujo consumo aumenta à medida que a renda do consumidor se eleva.
Suponha-se que a um determinado nível de renda dos consumidores, a curva de demanda do
bem X apresente os seguintes pares de preços e quantidades procuradas

76 81 86 90 91 100 110

A nova curva de demanda (D'x) situa-se à direita da curva de demanda antiga (Dx), indicando
que, para cada nível de preço de mercado possível, os consumidores estarão dispostos a
adquirir maiores quantidades do bem X, porque estão com maior nível de renda que antes.I6

14 Na prática, filas e ágio também podem resultar da existência de um açambarcamento por parte dos vendedores O açambarcamento consiste 15 Utilizamos apalavra provavelmente porque há uma exceção à esta regra, os chamados bens interiores, que serão tratados a seguir
na não-colocação no mercado, pelos vendedores, de uma parte da produção com objetivo de elevar artificialmente os preços do bem O 16 Observe que este efeito-renda é similar ao analisado no subitem 2 2, com a diferença de que lá o preço do bem X se alterava e a renda
açambarcamento não pode exisl ir no mercado de concorrência perfeita em virtude da hipótese de transparência nesse mercado (ver item 21) permanecia constante

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Capítulo 2 A demanda e a oferta Introdução à Economia

Qual será o reflexo no mercado do deslocamento para a direita da curva de demanda? Px • Px Á


O gráfico a seguir demonstrará isso:

Px

PE
PE
Dx
D'x (Y aumentou)
P
QPx QE CrE QPx
PE
D'x (Y aumentou)
2.5.1.2 MUDANÇAS NOS PREÇOS DE OUTROS BENS iPZi
Um determinado bem Z pode ter as seguintes relações com o bem X:
QPx
a) Z é um bem de consumo independente de X;
b) Z é substituto de X;
Como a curva de demanda nova (D'x) está à direita da antiga (Dx), a intersecção da curva de
c) Z é complementar de X.
oferta de X (Ox) com D'x dará origem a um preço e quantidade de equilíbrio (FF e Q'E) maiores
que o preço e a quantidade de equilíbrio antigos (P[ e QE). Ou seja, o aumento da demanda do
Quando Z e X são independentes, o preço de Z nada tem a ver com a demanda de X. Assim,
bem X em função da elevação da renda dos consumidores (refletido no deslocamento da curva
por exemplo, feijão e automóveis são bens de consumo independente: alterações no preço do
de procura para a direita de sua posição original) tem como consequência uma elevação no pre-
feijão não provocarão nenhuma modificação na demanda de automóveis e vice-versa.
ço de mercado e na quantidade nele transacionada.
Entretanto, quando Z e X são substitutos ou complementares, modificações no preço de um
Caso a renda monetária dos consumidores diminua ao invés de se elevar, o raciocínio é inverso:
ocasionam mudanças na demanda do outro, conforme será demonstrado a seguir.
a diminuição da demanda do bem X em função do decréscimo da renda, que será refletido no des-
locamento da curva para a esquerda de sua posição original, provocará uma diminuição no preço
de mercado e na quantidade transacionada. 2.5.1.2.1 BENS SUBSTITUTOS
São aqueles bens em que o consumo de um deles exclui (mesmo que parcialmente) o consu-
Veja o gráfico a seguir: mo do outro. Exemplos: manteiga e margarina, café e chá, carne de vaca e carne de porco etc.
Observe que a substituição não precisa ser total, ou seja, se o consumidor adquirir manteiga ele
Px necessariamente não deixa de comprar margarina, basta o fato de elle comprar maiores quantida-
des de manteiga implicar uma certa redução do seu consumo de margarina.
Se Z e X são substitutos, o aumento no preço do bem Z tornará seu consumo menos atrativo
que o do bem X, de maneira que a demanda deste último deverá se elevar e seu preço e a quan-
tidade de equilíbrio no mercado também aumentarão. Efeitos inversos ocorrerão no mercado de
X se o preço de Z diminuir. Veja os gráficos:

Px À Px •
Ox
D'x (Y diminuiu)

QE C)Px

EEMIMIIMM PE
D'x (P, aumentou) I
1 X
Bens inferiores são bens cuja demanda diminui quando o nível de renda do consumidor aumen- 1 (P, dimi;nuiu)
ta e aumenta quando o consumidor fica mais pobre. Um exemplo típico é a carne de segunda. Se o 1
consumidor tiver sua renda aumentada, ele diminui a procura por carne de segunda, substituindo o QE QPx QE QPx
seu consumo por carne de primeira, mais cara (por ser de qualidade melhor) porém agora acessível
graças ao aumento da renda. Se a renda do consumidor diminui, ocorre o fenômeno inverso: ele
reduz o consumo de carne de primeira e aumenta o da carne de segunda. 2.3.1.2.2 BENS COMPLEMENTARES
Se o bem X for um bem inferior, o aumento de renda dos consumidores reduz a sua deman- São os bens cujo consumo é feito geralmente de forma simultânea, ou seja, o consumo de um
da, a curva desloca-se, para a esquerda e o preço e a quantidade de equilíbrio diminuem. Um complementa o do outro. Exemplos: pão e manteiga, café e leite, caderno e caneta, microcompu-
decréscimo na renda dos consumidores terá consequências Inversas. Veja os gráficos a seguir: tador e impressora etc. Observe que, da mesma forma que a substitubilidade, a complementariedade

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Capítulo 2 A demanda e a oferta
Introdução à Economia

não precisa ser total, ou seja, o consumo de um implicar necessariamente no consumo do outro, Suponhamos, por exemplo, a curva de oferta do bem X apresentasse os seguintes preços
bastando que o consumo de ambos seja associado de alguma forma. e quantidades:
Se Z e X são complementares, o aumento no preço de Z provocará uma diminuição no seu
consumo no mercado; como o seu consumo está associado ao de X, a demanda deste também
tenderá a diminuir, deslocando a curva para a esquerda e provocando uma queda no preço e na
quantidade de equilíbrio do mercado do X. Efeitos inversos ocorrerão se o preço de Z diminuir

Px • Px •

e que um dos ínsumos que é utilizado na produção de X (na proporção de um para um) tivesse
seu preço aumentado em $ 1. Como o Custo de Produção unitário do bem X está mais caro em
$ 1, os produtores, para fabricar as mesmas quantidades do bem X, desejarão elevar os preços
em $ 1 também para que seu lucro permaneça inalterado. Logo, a nova curva de oferta será:
PE
PE
I D'x (Pz diminuiu)

1 I
D'x (P, aumentou)

Q'E QE QPx QE QPx

o'x
2.5.1.3 HÁBITOS E GOSTOS DOS CONSUMIDORES No gráfico, teríamos. Px •
Esta variável é influenciada principalmente por campanhas de publicidade e propaganda do 14
bem X. Por exemplo, se uma campanha publicitária convencer o consumidor que o consumo de 13
um determinado produto faz bem a saúde, a demanda deste deverá aumentar e, consequente-
12
mente, elevar seu preço e quantidade de equilíbrio.
A demonstração gráfica desta proposição está a seguir; 11

10 —

Px •
ox
110 120 130 140 Q05
PE Verifica-se que a curva de oferta deslocou-se para a esquerda de sua posição original. Tecni-
PE camente, diz-se que a oferta diminuiu, pois para os mesmos preços possíveis, os produtores estão
dispostos a oferecer menores quantidades do bem no mercado (por exemplo, ao preço de $ 11, os
D'x (depois da propaganda) produtores ofereciam 120 unidades do bem X no mercado; após o aumento do preço do insumo, eles
Dx (antes da propaganda) oferecem apenas 110 unidades).
Em princípio, sempre que o Custo de Produção é aumentado, a oferta diminui e sua curva se des-
loca para a esquerda de sua posição original; se o Custo de Produção é reduzido, ocorre o inverso 7.
QE Q'E QPx A consequência da diminuição da oferta é um aumento do preço e redução da quantidade tran-
sacionada do bem X no mercado:

Mudanças no preço de X não provocam deslocamentos na curva de demanda. O des- Px


L locamento, no caso, é ao longo da própria curva. Consultar a respeito o item 2.6 deste
capítulo e a resposta à questão nQ 15 dos testes de fixação.

2.5.2 DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA


A curva de oferta se desloca em relação à sua posição original quando uma daquelas variá-
veis que foram supostas constantes ao se traçar a curva (preço dos insumos, tecnologia, preço 0', C), 00x
de outros bens etc.) mudar de valor. Se a mudança do valor da variável aumentar a oferta, ela se
deslocará para a direita e se diminuir, para à esquerda da posição original. 17 A oferta também poderá aumentar ou diminuir em função da variação do numeio de empresas no mercado, se entrarem no mercado mais
empresas produzindo o bem X. sua oferta aumentará e a curva de oferta deslocap-se-á para a direita se empresas desistirem de fabricar o
bem X, saindo de seu mercado, ocorrerá o inverso

24 25
Capítulo 2 / A demanda e a oferta \ In rodução à Economia

Se a oferta tivesse aumentado, o deslocamento da curva para a direita provocaria a diminui- Nesse caso, fala-se que houve uma redução na demanda do bem X. Observe que a redução
ção do preço e elevação da quantidade de equilíbrio no mercado: da demanda do bem X ocorre apesar de seu preço de equilíbrio ter caído de Po para Pr Isso não
significa, entretanto, uma negação de lei da demanda.
Px A De fato, a dei da demanda assevera que quantidade procurada do bem X é função inversa de
seu preço (ver subitem 2_2.1). A lei é demonstrada pela inclinação negativa da curva de demanda.
Note que a nova função de demanda de X (D'x) continua negativamente inclinada, à semelhança
de Dx, confirmando a vigência da lei que, como vimos, depende da hipótese coeteris paribus.
O que ocorreu é, como o preço do bem substituto variou de valor, a hipótese coeteris
paribus deixou de existir e a curva de demanda inteira se desloca para a esquerda, ocasio-
nando a coexistência de preço de mercado mais baixo e, apesar disso, redução na quantidade
adquirida do bem X.

Q0x iEm resumo:


0E Q'E
* se a curva de demanda se desloca, houve uma variação da demanda do bem X
2.6 DIFERENÇA ENTRE VARIAÇÃO NA DEMANDA E NA QIJANTIDADI DT MANDADA •• se a variação ocorre na própria curva de demanda, então houve uma variação na
quantidade demandada do bem X
Mudanças no preço de X não provocam o deslocamento da curva de demanda. A mudança
no valor da demanda ocorre, nesse caso, ao longo da própria curva. Suponhamos, por exemplo,
que a oferta diminui e a curva respectiva se desloca para a esquerda, conforme análise feita no Veja a resolução do teste de fixação nº 15 para esclarecimentos suplementares, bem como o
subitem 2.5.2. item 2.7 a seguir

Px A 2.7 TRATAMENTO MATEMÁTICO DAS FUNÇÕES DEMANDA E OFERTA REVISITADO


2.7.1 FUNÇÃO DEMANDA
Conforme visto na seção 2,2, a demanda do bem X pode ser expressa matematicamente da
PI seguinte forma:
Dx = f(Px, Y, Pz, H etc.)
PO
Assumindo-se que a função demanda seja linear, pode-se ter, por exemplo:

QD, = - 2P0 + 0,05v .- 1,5 P 7


Qx
Q, 0°
Supondo-se que as variáveis assumam os seguintes valores:
Observe que a diminuição da oferta deslocou a respectiva curva para a esquerda, ocasionando
a mudança do preço de equilíbrio Po para P,, mais alto. A consequência é que a quantidade de- Px = 10
mandada se reduziu de Qo para 0 1. Y = 1.000
Quando os consumidores reduzem a quantidade adquirida do bem X em virtude da elevação
de seu preço no mercado, a curva de demanda não se desloca.Nesse caso, fala-se que houve Pz = 8
uma redução da quantidade demandada do bem X. segue-se que:
Caso os consumidores reduzam a quantidade adquirida do bem X porque ocorreu uma dimi-
nuição de preço do bem Z, que é substituto de X, a curva de demanda do bem X se desloca para 000 = ( - 2 x 10) + (0,05 x 1 000) - (1,5 x 8)
esquerda, conforme análise efetuada no subitem 2.5.1.2.1: QDx = - 20 + 50 - 12
• QDx = 18
Px
ou seja, caso a renda dos consumidores seja 1.000, o preço de um outro bem seja 8 e o
preço do bem X seja 10, a quantidade demandada do bem X será de 18 unidades por unidade
de tempo.
Po
Aplicando-se a hipótese do coeteris paribus, se for suposto que a renda do consumidor e o
Pi preço do outro bem permaneçam constantes em 1.000 e 8, respectivamente, obter-se-á a curva
de demanda do bem X.

QDx = - 2Px +(0,05 x 1.000) - (1,5 x 8)


QDx = - 2Px + 50 - 12
01 Qa QDx = 38 - 2Px

26 27
\
Capítulo 2 / A demanda e a oferta \ Introdução à Economia

A representação gráfica da reta seria: o a curva de demanda deslocou-se para a esquerda da posição original. Logo, conforme aná-
lise no subdem 2.5.1.2„ X e Z são complementares, pois o aumento do preço de 2 diminuiu
Px À a demanda de X.
Poderíamos ter chegado às mesmas conclusões apenas analisando os sinais dos coeficientes
das variáveis na função demanda:
19
a) o sinal do coeficiente da variável renda é positivo (+ 0,05): isto significa que se a renda aumen-
tar, o valor de QDX aumentará também; logo, o bem X é normal. Caso o sinal do coeficiente
fosse negativo, um aumento da renda diminuiria QDx; logo, o bem X seria inferior.
b) o sinal do coeficiente do preço do outro bem é negativo (-1,5): isto significa que se o preço
x
QDx do outro bem aumentar, QDX diminuirá; logo, X e Z são complementares. Se o sinal do coefi-
38
ciente fosse positivo, um aumento em PZ aumentaria também QDX e XeZ seriam substitutos,
Note que a quantidade de 38 unidades seria a quantidade máxima possível demandada pelos c) X não é um bem de Giffen; de fato, o coeficiente de Px é negativo, indicando uma relação
consumidores caso o preço do bem X (hipótese altamente irrealista) fosse zero, ou seja, o bem X inversa entre o preço e a quantidade demandada do bem X. Caso o sinal do coeficiente de
não tivesse custo algum para o consumidor. P›< fosse positivo, X seria um bem de Giffen, pois o aumento do seu preço ocasionaria uma
Observe também que 19 é o preço que anula a demanda do bem X, ou seja, nenhum consu- elevação na sua quantidade demandada.
midor estaria disposto a pagar este preço para adquiri-lo.
Caso a renda dos consumidores aumentasse para 1,200, a curva da demanda se deslocaria Note que a função demanda também pode ser expressa colocando-se o preço do bem X
para a direita, pois: como função da quantidade demandada. Assim, se:
QDx = - 2Px + (0,05 x 1.200) - (1,5 x 8)
QDx = - 2Px + 60 - 12 QD, = 48 - 21Px
QDx = 48 - 2Px (nova curva de demanda D'x)
então:
Px
2Px = 48 - QDx
24
p , 48 _ 1 0Dx
19 2 2
Px = 24 - 0,5 QD,

x
=MIEM
Se assumirmos uma função ofeirla linear, poder-se-ia ter, por exemplo:
38 48 QD,

Q0 < = 6Px - 3P,


O aumento da renda deslocou a curva de demanda para a direita de sua posição original, logo
X é um bem normal, conforme análise teórica do subitem 2.5.1.1.1. onde P, = preço dos insumos
Se, em vez do nível de renda, o preço do outro bem é que tivesse variado, por exemplo de 8
para 10, ter-se-ia: Supondo-se P, = 10 constante, a função passa a ser:

QDx = - 2Px + (0,05 x 1.000) - (1,5 x 10) Q0x = 6Px - 30


QDx = - 2Px + 50 - 15
0Dx = 35 - 2P, (nova curva de demanda D'x) IPx •
Q0, = 6P, -30
Px •

19

17,50

Q0,

35 38 DD,

28 29
Capítulo 2 / A demanda e a oferta Inirodução à Economia

Observe que, para preços inferiores a 5, os produtores nada oferecerão ao mercado, uma vez 5. No Brasil, qual dos seguintes produtos é produzido numa estrutura de mercado oiligopolista?
que o custo do insumo torna proibitiva a produção. a) milho;
Se P1 baixasse de 10 para 6, ter-se-ia: b) eletricidade;
c) roupas;
Q0x = 6Px - (3 x 6) d) automóveis;
Q0x = 6Px - 18 e) café.

Px 6. Não se inclui entre os determinantes da procura individual:


a) o preço do bem;
Q0, = 6P, -30 b) a renda do consumidor;
- Q0, = 6P„ -18 c) o preço dos outros bens;
d) a quantidade ofertada do bem;
e) o gosto ou preferência do indivíduo.
5 7. A forma de uma curva de oferta normal implica que, coeteris paribus:
a) quanto maior o preço, maior será a quantidade demandada;
b) quanto menor o preço, menor será a quantidade demandada;
Q0„ c) quanto maior o preço, maior será a quantidade ofertada;
A curva da oferta se desloca para a direita, uma vez que a redução do preço do ínsumo tornou d) quanto menor o preço, maior será quantidade ofertada;
a produção mais barata. e) a quantidade ofertada independe do preço,

8. Considere F (falsa) ou V (verdadeira) cada uma das proposições abaixo sobre o modelo de
TESTES DE FIXAÇÃO equilíbrio de mercado, de oferta/demanda. A seguir, assinale a alternativa correta.
1. ( ) Uma curva típica de demanda evidencia, coeteris paribus, que as quantidades procuradas
1. O mercado de um bem X se caracteriza por um grande número de produtores e poucos compra-
diminuem à medida que os preços aumentam.
dores. A denominação técnica de um mercado desse tipo é:
2. ( ) Na curva de oferta, coeteris paribus, quanto mais se elevam os preços de um produto,
a) monopólio;
menores serão as quantidades, por período de tempo, que os produtores estarão
b) oligopólio;
dispostos a produzir, embora nem sempre estejam aptos no curto prazo.
c) monopsônio;
3. ( ) O preço de equilíbrio é, efetivamente, o único preço que harmoniza os interesses confli-
d) oligopsônio; tantes dos produtores e dos consumidores.
e) concorrência monopolistica. 4. ( ) Os preços e as quantidades demandadas, coeteris paribus, variam na mesma direção:
quanto mais altos aqueles forem, maiores estas serão.
2. Oligopólio significa: 5. ( ) Uma curva típica de oferta evidencia, coeteris paribus, que as quantidades ofertadas
a) o mesmo que concorrência perfeita; crescem à medida que os preços aumentam.
b) uma situação em que o número de firmas no mercado é grande, mas os produtos não são
homogêneos; a) F, V, F, V, F;
c) uma situação em que o número de firmas concorrentes é pequeno; b) V, F, V, F, V,
d) a condição especial da concorrência perfeita que se acha próxima do monopólio; c) F, V, F, F, V;
e) que as firmas são monopolistas entre si, d) V, F, V, V, F.,
e) V, F, F, F, V.
3. Quais dos seguintes pares são incompatíveis?
a) perfeita competição - muitos vendedores; 9. Num mercado de concorrência perfeita, a oferta e procura de um produto são dadas, respecti-
b) monopsônio - um único comprador; vamente, pelas seguintes equações:
c) monopólio - um único vendedor de um bem com substitutos próximos;
d) oligopólio - poucas firmas vendendo produtos que são substitutos próximos; Qs = 48 + 10P
e) concorrência monopolística - produtos diferenciados. = 300 - 8P

4. Um mercado de concorrência monopolística é aquele em que atuam: onde Qs, Qn e P representam, na ordem, a quantidade ofertada, a quantidade demandada e o preço
a) um grande número de pequenas firmas que vendem produtos diferenciados; do produto. A quantidade transacionada, nesse mercado, quando ele estiver em equilíbrio, será:
b) um pequeno número de grandes firmas que vendem produtos diferenciados;
c) um grande número de pequenas firmas que vendem produtos homogêneos; a) 2 unidades;
d) um pequeno número de grandes firmas que vendem um produto homogêneo; b) 188 unidades;
e) um pequeno número de grandes firmas que vendem produtos que são substitutos próximos c) 252 unidades,
d) 14 unidades;
e) 100 unidades.

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