Você está na página 1de 27

O contributo do educador para o

desenvolvimento linguístico das crianças do

Pré-Escolar

Trabalho realizado para a


Unidade curricular “Aquisição e
Desenvolvimento da Linguagem”, no
âmbito da Licenciatura em Educação
Básica

Estudantes: Beatriz Mariano, Bruna


Cândido, Inês Filipe, Lara Santos e
Maria Serafim
Docente: Sandra Tavares

Ano letivo 2022-2023 | 1º Ano/ 2º semestre


Índice
Índice de Tabelas...................................................................................................4

Índice de Apêndices...............................................................................................5

Introdução.............................................................................................................6

1. Revisão de literatura sobre aquisição da linguagem..................................7

O que é a linguagem?........................................................................................7

Neurolinguística: Relação entre o Cérebro e a linguagem................................9

O desenvolvimento linguístico das crianças....................................................11

Consciência linguística: consciência fonológica..............................................16

1.4.1 Consciência Fonológica...........................................................................16

2. Contributo do educador no desenvolvimento linguístico das crianças....18

2.1. Atividades para desenvolver a consciência fonológica das crianças.....19

2.1.1. Jogo dos animais................................................................................19

2.1.2. Jogo das rimas....................................................................................19

.........................................................................................................................20

2.1.3. Jogo das sílabas..................................................................................20

2.1.4. Encontrar objetos com o começo dos sons.......................................21

2.1.5. Trava-Línguas.....................................................................................21

Reflexão final e conclusões..................................................................................22

Referências..........................................................................................................23

Apêndices............................................................................................................25

Apêndice I....................................................................................................25

Apêndice II...................................................................................................25

.........................................................................................................................25

Apêndice III..................................................................................................26

Página 2 de 27
Apêndice IV.................................................................................................26

Apêndice V..................................................................................................27

.........................................................................................................................27

Página 3 de 27
Índice de Tabelas
Tabela 1- Tabela de planeamento do jogo dos animais.........................................19
Tabela 2- Tabela de planeamento do jogo das rimas.............................................20
Tabela 3- Tabela de planeamento do jogo das sílabas...........................................20
Tabela 4- Tabela de planeamento do jogo de encontrar objetos com o som.........21
Tabela 5- Tabela de planeamento do jogo de trava-línguas...................................21

Página 4 de 27
Índice de Apêndices
Apêndice I...........................................................................................................25
Apêndice II.........................................................................................................25
Apêndice III........................................................................................................26
Apêndice IV........................................................................................................26
Apêndice V.........................................................................................................27

Página 5 de 27
Introdução
O desenvolvimento da linguagem nas crianças é um fator importante no seu
crescimento e na sua educação. Quando as crianças atingem a idade pré-escolar, estão
rodeadas por um ambiente que promove o desenvolvimento das suas capacidades
linguísticas, sendo que o professor é um elemento crucial nesse processo.
Os educadores devem promover o desenvolvimento da linguagem e este
trabalho tem como objetivo analisar o papel e o contributo dos educadores nessa área.
O presente trabalho irá abordar as várias contribuições que o educador tem,
destacando os métodos e as técnicas que podem ser utilizadas.
Os primeiros anos da infância são marcados pelo desenvolvimento contínuo da
linguagem, onde as crianças estão a aprimorar constantemente as suas habilidades e a
adquirir novas ferramentas linguísticas. Neste trabalho iremos aprofundar esse
desenvolvimento e outros temas importantes, tal como a neurolinguística, a
consciência linguística e entre outros.
Assim sendo os educadores desempenham um papel crítico no processo de
aquisição linguística.
A metodologia utilizada consistiu na recolha e análise de informação online.
Este trabalho irá ser apresentado em formato PowerPoint e entrega em formato
Word.
Este trabalho está estruturado por uma capa, uma introdução, o
desenvolvimento, a conclusão e as respetivas referências bibliográficas.
No desenvolvimento, o presente estudo encontra-se organizado em duas partes.
Na primeira parte está dividido em quatro capítulos, o primeiro capítulo apresenta o
que é a linguagem? No segundo capítulo é abordado a neurolinguística: Relação entre
o Cérebro e a linguagem. No terceiro capítulo aprofunda-se no desenvolvimento
linguístico das crianças. No quarto capítulo fala-se sobre a consciência linguística:
consciência fonológica.
Na segunda parte deste trabalho, são propostas algumas atividades para
desenvolver a consciência fonológica das crianças.

Página 6 de 27
1. Revisão de literatura sobre aquisição da linguagem

O que é a linguagem?

Desde os tempos antigos, a linguagem tem sido uma característica notável que é
exclusiva dos seres humanos. Nós usamos a linguagem para criar ligações entre
pessoas, para transmitir ideias, informações, emoções, entre outros. Ao longo da
história, a língua desempenhou um papel importante nas sociedades, contribuindo
para o seu desenvolvimento e progresso desde os primórdios da humanidade.
Dr. Paulo Broca em 1861, descobriu que a linguagem está especificamente
relacionada com o lado esquerdo do cérebro. Este médico descobrira que lesões ou
traumatismos ocorridos na parte da frente do hemisfério esquerdo do cérebro
provocavam distúrbios na linguagem ao nível da articulação.
Como refere Clark (2000, p. 49) “A linguagem é usada para se fazer coisas”. Além
da linguagem verbal, há outro tipo de linguagem, a linguagem não verbal.
E leva-nos à pergunta: O que é afinal a linguagem?
A linguagem pode ser definida como a capacidade inata,
biologicamente determinada e específica do ser humano, que lhe
permite comunicar através de um sistema de signos vocais, pondo
em jogo um sistema funcional físico complexo e pressupondo a
existência e intervenção de centros nervosos geneticamente
especializados (Tavares, O que é a Linguagem?, 2023, p. 1)

Assim sendo, a linguagem verbal tem várias propriedades:


 Diferimento
Esta propriedade da linguagem é a que nos permite fazer referências a objetos, a
acontecimentos do passado, a pessoas, etc. Por exemplo: Na quinta-feira passada,
fomos ao cinema.
Na linguagem é possível diferenciar três caracteres, como refere Xavier (2018, p.
2), “o real ou o imaginário, temporal e espacial, isto é a informação é transmitida em
relação ao momento presente, passado e futuro em diversas localizações”.
 Criatividade
A criatividade é a propriedade da linguagem verbal que capacita ao ser humano
falar um infinito número de enunciados que nunca tinham ouvido nem falado. Por

Página 7 de 27
exemplo, eu hoje escrevi com queijo e como fiquei com as mãos sujas fui lavar com
pasta de dentes.
O ser humano é capaz de usar a linguagem de forma criativa e única, como
podemos reparar em vários autores já lidos ao longo da nossa formação escolar.
Pode assim incluir dois aspetos, o alcance ilimitado, ou seja, é capaz de fazer
enunciados que nunca foram produzidas e a independência de estímulos, por outras
palavras, o ser humano pode utilizar a linguagem independente do estímulo anterior.
 Reflexividade
Esta propriedade da reflexividade da linguagem refere-se à capacidade da
linguagem de se referir a si mesma. É a habilidade de usar a linguagem para falar sobre
a própria linguagem, para refletir sobre o seu próprio uso e funcionamento.
Quando a linguagem é reflexiva, podemos utilizar palavras e expressões para
descrever e analisar o próprio sistema linguístico. Por exemplo, podemos fazer
perguntas como "O que significa esta palavra?", "Como é que esta frase está
estruturada?", etc.
Assim sendo, permite nos analisar, discutir e refletir sobre o próprio processo
comunicativo.
 Arbitrariedade
Ferdinand de Saussure, linguista suíço, introduziu o termo arbitrariedade, que
consiste na relação direta e convencional entre o signo e o seu significado, ou seja, na
relação não condicionada entre as coisas e os seus nomes. Não existe nenhum vínculo
interno entre o conceito e a série de sons que o representam, por isso, o léxico é
aprendido; não se deduz o nome das coisas pelo contacto com os objetos. Se assim
fosse, falaríamos todos a mesma língua e a aquisição de uma língua pelas crianças
seria instantânea.
Os animais, pelo contrário, comunicam através de sistemas não arbitrários, mas
sim naturais
A propriedade da arbitrariedade da linguagem refere-se ao fato de que não há
uma relação intrínseca ou natural entre as palavras e os conceitos que elas
representam. Em outras palavras, a escolha de determinadas palavras para
representar objetos, ações ou ideias não é baseada em uma conexão lógica ou
necessária entre a forma sonora das palavras e O seu significado.

Página 8 de 27
Essa arbitrariedade é uma característica fundamental da linguagem humana e
permite uma flexibilidade e expressividade linguística significativas. Também significa
que a relação entre a palavra e o seu significado é aprendida socialmente e pode variar
de uma língua para outra.
 Descontinuidade ou Dupla Articulação
A dupla articulação refere-se ao facto de que as palavras e os elementos
gramaticais de uma língua são compostos por unidades distintas, são chamadas de
"fonemas" na articulação fonética e de "morfemas" na articulação morfológica. Esta
caraterística consiste na decomposição de qualquer enunciado até ao seu ponto mais
básico ou unidades mínimas.
Os morfemas, a primeira articulação, são as unidades mínimas de significado
que são combinadas para formar palavras, que têm forma fónica e valor semântico.
Por exemplo, na palavra "injustiça”, pode ser decomposta em in+ justiça, o prefixo "in"
indica a falta ou ausência de justiça, “justiça" representa o “princípio ou virtude moral
que inspira o respeito pelos direitos de cada pessoa e pela atribuição do que é devido
a cada um” (Editora, s.d.), ou conformidade com o direito.
Os morfemas podem ser decompostos em fonemas, que são as unidades
mínimas de som distintivas na linguagem, a segunda articulação desta propriedade. Os
fonemas não têm significado em si mesmos, mas são responsáveis por diferenciar
palavras na língua.
Vamos considerar os exemplos das palavras "pato", "gato" e "rato". Ao
analisarmos essas palavras. A mudança da consoante inicial resulta em uma alteração
do significado das palavras. A substituição da consoante inicial nessas palavras cria
uma distinção semântica clara entre elas.
Esta propriedade permite que as línguas gerem um número infinito de palavras
e expressões a partir de um conjunto finito de unidades básicas, ou seja, os fonemas e
morfemas. Essa propriedade é fundamental para a estrutura e a produtividade das
línguas humanas.

Neurolinguística: Relação entre o Cérebro e a linguagem

Página 9 de 27
O ser humano desde o princípio da sua existência, sempre se destacou perante
as outras espécies no domínio físico e cognitivo. Ao analisar a nossa espécie
conseguimos concluir que o homem possui pré-requisitos físicos, anatómicos e
mentais que possibilitam a utilização da linguagem verbal. Esta capacidade específica,
destaca o ser humano como o único ser que utiliza a linguagem como meio de
comunicação social e de interação com o outro. Esta distinção apenas é possível com o
auxílio/existência de dois sistemas, que permitem a compreensão da linguagem, entre
eles o sistema vocal e neurológico.
O sistema vocal é responsável pela distinção entre os outros primatas, estando
presentes a posição da laringe, tamanho e mobilidade da língua, formação dos lábios e
a relação entre os maxilares superiores e inferiores.
O sistema neurológico (cérebro), distingue-se de outras espécies devido ao seu
tamanho, ao peso relativamente ao tamanho do corpo, especificidades de cada um
dos seus hemisférios, quantidade e rapidez do processamento de informação e a sua
plasticidade. Dentro deste órgão estão presentes bilhões de células nervosas, incluindo
os neurónios (massa cinzenta) formando o córtex, localizado na superfície do cérebro.
Este constituinte do cérebro é responsável pelas decisões do nosso corpo, fazendo
ligação ao armazenamento de toda a nossa memória. Aqui encontramos toda a
informação sobre a linguagem e a gramática, localizada mais especificamente no
hemisfério esquerdo.
Em contexto histórico, o estudo relacionado com a localização da linguagem no
cérebro teve início no século XIX, sendo documentada pela primeira vez em 1861 pelo
Doutor Paul Bronca. Durante a sua investigação, Bronca descobriu que se ocorresse
um traumatismo ou lesão no hemisfério esquerdo, mais especificamente na parte da
frente a linguagem seria afetada ao nível da articulação, produzindo um discurso
"telegráfico", dando origem a uma deficiência fonológica. Como referiu por Bronca
(2023, p. 1), “There are in the human mind a group of faculties and in the brain groups
of convolutions, and the facts assembled by science so far allow to state, as I said
before, that the great regions of the mind correspond to the great regions of the
brain.”. Atualmente esta condição médica intitula-se por Afasia de Bronca.
Em 1873, foram desenvolvidas novas investigações, sendo descoberto por Karl
Wernicke que se ocorresse um acidente, que danifica se a parte de trás do lóbulo

Página 10 de 27
temporal esquerdo, a linguagem do paciente era afetada a nível de conteúdos
semânticos, compreensão e a ocorria a separação de conteúdo semântico e sintático.
Atualmente está investigação é confirmada, referida na área da medicina como a
deficiência da Fatia de Wernicke.

O desenvolvimento linguístico das crianças

O desenvolvimento linguístico do ser humano é um sistema que muda de


acordo com a fase que este se encontra, desde a sua preconceção até ao dia da sua
morte física. As crianças adquirem de forma espontânea o desenvolvimento linguístico
pois estas “fazem perguntas, exprimem negação, selecionam os pronomes adequados,
usando as regras fonológicas, morfológicas, sintáticas e semânticas da gramática”
(Tavares, 2023, p. 1).
As regras as fonológicas são uma componente fechada que trata dos sons. As
regras morfológicas e sintáticas são componentes abertas, enquanto as morfológicas
tratam da formação de palavras, as sintáticas combinam palavras para a construção de
frases. As regras semânticas abordam os significados das palavras e das frases
No entanto o ser humano é capaz de viver sem ter estudado como se lê ou
escreve, ou seja, pode ser assegurado que adquirir uma língua é um ato distinto da
aprendizagem. Assim a aquisição da linguagem é um procedimento natural e
espontâneo, que a criança possui ao ouvir a sua comunidade linguística onde está
inserida, enquanto a aprendizagem de uma língua é realizada num local de ensino e
precisa de ser estudada. “Uma língua materna adquire-se; uma língua estrangeira
aprende-se.” (Tavares, 2023, p. 1)
A aquisição da linguagem possui duas grandes fases, cada uma com as suas
características especificas que acompanham a idade da criança ao longo do seu
desenvolvimento.
 Fase Pré-Linguística
1. Fase Pré-Natal
Esta fase acontece desde a preconceção até ao nascimento do bebé, onde este
identifica a voz da progenitora e consegue distinguir os diferentes tipos de sons que
estão à sua volta mesmo estando dentro da barriga. Começa a ouvir partir da primeira

Página 11 de 27
semana do 4º mês da gravidez, ruídos que o corpo da progenitora produz e no final da
gravidez já consegue responder a estímulos externos.
2. Fase Silenciosa
Esta fase dá-se desde o nascimento do bebé até aos seus 3/4 meses. Quando o
bebé nasce este é exposto a realizar a aprendizagem da sua língua materna, pois ao
falarem com ele este aprende a aliar as expressões faciais e o movimento da boca que
o adulto faz ao projetar os sons da fala. A sua forma de comunicar é através do choro e
do sorriso. Algumas atividades de estimulação segundo Oliveira (2019, p. 6) são:
“falar com o bebé, mexer as pernas e pegar no bebé ao colo, deixar à mão do bebé
objetos de pressão e diferentes texturas”.
 Fase Linguística
3. Fase do Balbucio
A fase do balbucio acontece a partir dos 4 meses e decorre até ao primeiro ano de
vida do bebé. Nesta fase o bebé identifica o seu nome, brinca com a sua voz ao
aperceber-se que através da sua voz consegue produzir intensidades variadas e
consegue identificar instruções simples como por exemplo: “não”, “beijo” e “adeus”.
Produz vogais e sequências de consoantes de forma redobrada como por exemplo
“dadada”, “papapa” ou “mamama”, começa a utilizá-las pois percebe que um som está
associado a um significado como por exemplo “á”, que poderá significar água.
4. Fase Holofrástica.
A fase holofrástica decorre entre o primeiro e o segundo ano de vida do bebé.
Este começa a produzir palavras isoladas, que normalmente têm apenas uma sílaba
como “dá” e “pé”. Manifesta vontades, sentimentos e designações por meio de uma
só palavra. Esta possui a tendência em simplificar palavras que possuem sílabas
ramificadas (br, pr), por exemplo dizem “Buna” em vez de “Bruna”. As palavras que
produz com duas silabas normalmente são “mamã”, “papá” e “bebé”, pois os
articuladores são os lábios não dependendo de outros da cavidade bucal.
5. Fase das Duas Palavras
Esta fase acontece entre o segundo e o terceiro ano de vida do bebé, onde esta
articula frases simples apenas com verbos e nomes, ou seja, são omitidos os
marcadores sintáticos e os morfológicos. Ao realizar uma estrutura frásica de duas
palavras esta pode querer expressar diferentes significados.

Página 12 de 27
Por exemplo, “chucha, mãe”, pode ter significados diferentes pois pode querer
expressar que quer a chucha ou que a mãe está com a chuca na mão.
6. Fase dos Porquês
A fase dos porquês acontece entre os 3 e os 4 anos da vida da criança, nesta
fase a criança começa a explorar o mundo que a rodeia e possui um vocabulário para
exprimir as suas curiosidades, e assim faz a “utilização social da linguagem não se
limitando à transmissão de informação” (Tavares, 2023, p. 2). Pois esta consegue
expressar morfemas flexionais, sintáticos e faz a utilização de sufixos e prefixos.
O vocabulário que uma criança de 4 anos possui é cerca de 5000 palavras.
7. Fase do Aperfeiçoamento
Esta fase dá-se desde os 4 aos 6 anos da criança, onde a mesma produz frases
complexas e esta possui um discurso fluente. No entanto, ainda possui dificuldades em
compreender ironias, e conotativos da linguagem como por exemplo o uso da
expressão “ter dor de cotovelo”. Aos 6 anos, a língua materna já foi completamente,
“do ponto de vista sintático, morfológico e semântico. O enriquecimento, a partir daí,
dá-se sobretudo a nível lexical.” (Tavares, 2023, p. 2)
Existem variadas teorias sobre a aquisição da linguagem, no entanto as mais
conhecidas são a teoria cognitivista, a teoria comportamentalista e a teoria inatista.
A teoria cognitivista resguarda a teoria que a aquisição da linguagem resulta da
evolução psicológicas das crianças, onde segundo Tavares (2023, p. 1) “aprender a
falar é um fenómeno dependente do desenvolvimento e da maturação de outras
capacidades cognitivas”. No entanto o contra-argumento desta teoria, refere que este
progresso é autónomo da evolução de outras aptidões cognitivas.
De acordo com (Costa & Duque, 2010, p. 3) que citaram o autor Neisser que
abordou o tema sobre a teoria cognitivista diz que:

“(...) Isto porque as atividades do computador em si pareciam em


alguns aspectos semelhantes aos processos cognitivos. Os
computadores recebem informação, manipulam símbolos,
armazenam itens na “memória” e buscam-nos novamente,
classificam inputs, reconhecem padrões e assim por diante... Na
verdade, os pressupostos que servem de base a maior parte dos
trabalhos contemporâneos sobre processamento de informação
são surpreendentemente parecidos com os da psicologia
introspeccionista do século XIX,”

Página 13 de 27
A teoria comportamentalista, foi defendida por Skinner, expõe que a linguagem
é fundamentalmente feita a partir da aprendizagem (observação e memorização) das
crianças, logo os estímulos feitos por parte dos adultos ajudam-na a “produzir palavras
e frases “corretas”” (Tavares, 2023, p. 1), porque para o mesmo existem dois tipos de
reforço: o positivo, quando a criança diz algo correto; e o negativo, quando esta erra.
Concluindo a criança aprende a sua língua materna por meio de experimentos e
interações verbais de tipo estímulo-resposta. O contra-argumento desta teoria
contrapõe que a imitação das palavras e das frases ditas pela criança sejam uma forma
de aquisição da linguagem, pois as mesmas não estão a imitar o que o adulto fala,
como no exemplo em vez de dizer “dei” diz “di”. Ou seja, as crianças não percebem o
que estão a articular de forma incorreta as palavras e assim são inaptas de realizar as
devidas correções linguísticas.
A teoria inatista foi desenvolvida pelo linguista Noam Chomsky, que acredita
que todos nascem com uma pré-disposição biológica e neurológica para o
entendimento da linguagem e designou-a de bioprograma. Ou seja, a o cérebro do ser
humano, só se desenvolve em termos linguísticos se a criança for exposta a vários
estímulos.
Os argumentos a favor da teoria inatista são:
1. Os erros que as crianças cometem revelam conhecimento de gramática
(«cabeu» em vez de “coube”);
2. O desenvolvimento da linguagem é universal e sequencial (“nenhuma criança
produz frases complexas, sem ser capaz de produzir frases simples; frases com sujeito,
verbo e complemento, sem ser capaz de produzir frases só com sujeito e verbo,
consoantes fricativas (…) consoantes oclusivas” (Tavares, 2023, p. 1))
3. A rapidez com que a criança adquire a sua língua materna
4. A pobreza e degradação do input linguístico
5. A criança diz o que não ouve e não diz o que ouve
O bilinguismo pode ser caracterizado pelo uso em simultâneo de duas línguas
por uma pessoa fluente em ambas. Uma criança que adquira duas ou mais línguas
maternas no período da aquisição da linguagem esta pode falar essas línguas durante a
sua vida.

Página 14 de 27
Crianças que não são expostas à linguagem e ao modo como as palavras são
articuladas com frequência só conseguem expelir sons e copiar palavras por imitação,
pois foram privadas do contacto social, ou seja, não foram capazes de adquirir a
gramática da sua língua. Um exemplo bastante conhecido foi “Genie Wiley – conhecida
como a criança selvagem, que, quando foi descoberta aos 13 anos, desconhecia a
linguagem, revelando um desempenho equivalente ao de uma criança de quinze
meses de idade. “ (Tavares, 2023, p. 2)
O desenvolvimento linguístico das crianças é um processo o dinâmico,
contínuo, pessoal, global, cumulativo e gradativo.

Página 15 de 27
Consciência linguística: consciência fonológica

1.4.1 Consciência Fonológica

A consciência fonológica aborda a capacidade de identificar e manipular


conscientemente os elementos sonoros das palavras orais que uma criança possuí.
Como podemos ver conforme os autores, Leite, Brito, Reis e Pinheiro (2018, p.
2), “A capacidade de refletir explicitamente sobre a estrutura da palavra, entendendo-
a como uma sequência divisível de sílabas e de fonemas é conhecida como consciência
fonológica.”
Para que a alfabetização se dê na idade certa, são necessários vários fatores,
como o desenvolvimento das representações lexicais, da memória semântica e
operativa, para além das habilidades da consciência fonológica. De todas as presentes
a mais importante é a consciência fonológica. Mais especificamente, uma criança
necessita de ser capaz de manipular os fonemas, seja invertendo, eliminando ou
segmentando os mesmos de maneira eficaz e correta para considerarmos que têm
uma boa consciência fonológica, tornando-se desta forma bons leitores e escritores,
tendo em conta que esta capacidade é a base da aprendizagem da otografia e do
reconhecimento das palavras.
Porém, como Leite, Brito, Reis, e Pinheiro referem (2018, p. 2)
a manipulação de fonemas só é possível quando ensinada, pois,
sendo o fonema a menor unidade sonora da palavra, ele não será
naturalmente segmentado, necessitará de experiências formalizadas
de ensino para que isso ocorra, como a exposição explícita ao código
alfabético.

No entanto, existem crianças que não conseguem adquirir esta


consciência/capacidade ao nível das outras, ficando para trás na aprendizagem.
Diversos estudos relatam que crianças que possuem um transtorno fonológico
podem demonstrar dificuldades e capacidades inferiores ao de crianças sem as
mesmas, tendo em conta que apresentam complicações na manipulação dos
segmentos sonoros da fala e na perceção da utilização da informação fonológica.

Página 16 de 27
Por isso existem várias áreas que se devem trabalhar com as crianças para o
desenvolvimento da consciência fonológica, como por exemplo: trabalhar a
classificação dos sons distintos da língua em vogais; consoantes e semivogais e a
distinção entre sons orais e nasais; praticar a identificação de ditongos orais e nasais;
procurar ensinar a fazer distinção entre silabas tónicas e átonas; praticar a
classificação das palavras no que respeita à posição da sílaba tónica; e por fim, fazer
entender as correspondências entre o som e letra (s) estabelecidas na ortografia, os
acentos gráficos, os diacríticos cedilha, til e hífen, os sinais de pontuação,
configuração gráfica do parágrafo, as regras ortográficas incluindo as regras de
pontuação e translineação.

Página 17 de 27
2. Contributo do educador no desenvolvimento linguístico
das crianças
Ao longo do desenvolvimento de uma criança no pré-escolar, o educador de
infância deve sempre observar e questionar todas as suas evoluções e recuos. No final
desta etapa, espera-se que a criança já tenha adquirido um conjunto de competências
necessárias para a continuação do seu percurso escolar, entre elas o domínio da
Consciência fonológica, reconhecimento e escrita de palavras, conhecimentos das
convenções gráficas e a compreensão de discursos orais e interação verbal.
No decorrer de todo este processo o papel do Educador torna-se a chave para o
sucesso, tendo como função a construção diária de atividades e estratégias práticas ou
teóricas sobre estes domínios. Segundo a autora Sim-Sim, citado por Xavier (2023, p.
25),
É muito importante que o educador tenha consciência de que é um
modelo, de que há muitas palavras que são ouvidas pela primeira vez
ditas pelo educador, que há regras de estrutura e uso da língua que
são sedimentadas na sala de jardim-de infância

Página 18 de 27
2.1. Atividades para desenvolver a consciência fonológica das
crianças

Como já foi referido, a consciência fonológica consiste na capacidade de


entender os sons da fala. É um aspeto fundamental no desenvolvimento da linguagem.
Envolve várias capacidades e como refere Fernandes e Rosado (s.d.)“é a capacidade de
perceber que a linguagem é formada por palavras, as palavras por sílabas, e as sílabas
por fonemas”
Através de atividades é possível trabalhara consciência fonológica, assim sendo,
desenvolvemos várias atividades com esse propósito.
Esta atividade vai ser realizada com o uso de uma roleta, que irá conter todas
as atividades seguintes. A atividade que calhar é a que se vai realizar.

2.1.1. Jogo dos animais

Tabela 1- Tabela de planeamento do jogo dos animais

2.1.2. Jogo das rimas

Página 19 de 27
Tabela 2- Tabela de planeamento do jogo das rimas

2.1.3. Jogo das sílabas

Tabela 3- Tabela de planeamento do jogo das sílabas

Página 20 de 27
2.1.4. Encontrar objetos com o começo dos sons

Tabela 4- Tabela de planeamento do jogo de encontrar objetos com o som

2.1.5. Trava-Línguas

Tabela 5- Tabela de planeamento do jogo de trava-línguas

Página 21 de 27
A Iara agarra e amarra a rara arara de Araraquara.
O rato roeu a rolha da garrafa do rei da Rússia.
O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem, o tempo respondeu
ao tempo que o tempo tem o tempo que o tempo tem.

Reflexão final e conclusões


Neste trabalho foi abordado o tema “O contributo do educador para o
desenvolvimento linguístico das crianças do Pré-Escolar” e como subtema a fonologia,
uma das mais importantes bases para uma boa aprendizagem das competências de
leitura e de escrita.
O educador de infância, ao longo do desenvolvimento de uma criança no pré-
escolar, deve sempre observar e questionar todas as suas evoluções e recuos e ajudar
a desenvolver todas as competências necessárias.
A consciência fonológica aborda a capacidade de identificar e manipular
conscientemente os elementos sonoros das palavras orais que uma criança possuí, e é
nisso que a nossa atividade se baseia. A nossa atividade tem como objetivos,
desenvolver habilidades de pronúncia e articulação, fortalecer a memória dos sons,
estimular a linguagem verbal, identificar a constituição das palavras e das silabas e
associar os sons de animais.

Página 22 de 27
Referências
AzQuqtes. (22 de 5 de 2023). AzQuqtes. Obtido de AzQuqtes:
https://www.azquotes.com/quote/557671
Clark, H. H. (2000). O uso da linguagem. p. 12. Obtido em 16 de maio de 2023, de
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/249229/000290368.pdf?
sequence=1
Costa, M. A., & Duque, P. H. (2010). Cognitivismo e estudos da linguagem: novas
prespetivas. Obtido em 19 de maio de 2023, de
https://cchla.ufrn.br/shXVII/Anais/GT13/13.5.pdf
Editora, P. (s.d.). justiça. Obtido em 19 de maio de 2023, de infopédia:
https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/justi%C3%A7a
Leite, R., Brito, L., Reis, V., & Pinheiro, A. (3 de 10 de 2018). Revista Psicopedagogia.
Consciência fonológica e fatores associados em crianças no início da
alfabetização, p. 12. Obtido de
http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicoped/v35n108/06.pdf
Oliveira, M. J. (2019). Crescimento e desenvolvimento na primeira infância. 32. Torres
Vedras.
Tavares, S. D. (2023). A aquisição da linguagem. Obtido em 18 de maio de 2023, de
https://moodle.ensinolusofona.pt/pluginfile.php/567562/mod_resource/
content/1/Gui%C3%A3o%203%20AQUISI%C3%87%C3%83O.pdf
Tavares, S. D. (2023). O que é a Linguagem? Obtido em 16 de maio de 2023, de
https://moodle.ensinolusofona.pt/pluginfile.php/567560/mod_resource/
content/1/Gui%C3%A3o%201%20AQUISI%C3%87%C3%83O.pdf
Tavares, S. D. (2023). Teoria Inatista de Noam Chomsky. Obtido em 18 de maio de
2023, de
https://moodle.ensinolusofona.pt/pluginfile.php/571957/mod_resource/
content/1/Gui%C3%A3o%205%20AQUISI%C3%87%C3%83O.pdf
Tavares, S. D. (2023). Teorias sobre a aquisição da linguagem. Obtido em 18 de maio
de 2023, de
https://moodle.ensinolusofona.pt/pluginfile.php/567563/mod_resource/
content/1/Gui%C3%A3o%204%20AQUISI%C3%87%C3%83O.pdf

Página 23 de 27
Xavie, N. V. (22 de 5 de 2023). O Contributo do Educador para o Desenvolvimento
Línguistico das Crianças do Pré-Escolar. A Consciência Linguística/Práticas, p.
47.
Xavier, N. V. (janeiro de 2018). O CONTRIBUTO DO EDUCADOR PARA O
DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO DAS CRIANÇAS DO PRÉ-ESCOLAR. p. 47.
Obtido em 16 de maio de 2023, de
https://comum.rcaap.pt/bitstream/10400.26/35703/1/Natacha
%20Xavier.pdf#page=10&zoom=100,109,222

Página 24 de 27
Apêndices
Apêndice I

Apêndice II

Página 25 de 27
Apêndice III

Apêndice IV

Página 26 de 27
Apêndice V

Página 27 de 27

Você também pode gostar