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Modernismo no Brasil

Semana de Arte Moderna de 1922


A Semana de Arte Moderna de 22,
realizada no Teatro Municipal de São
Paulo, contou com a participação de
escritores, artistas plásticos,
arquitetos e músicos.
Inserida nas festividades de
comemoração do centenário da
independência do Brasil, em 1922, a
Semana de Arte Moderna apresenta-
se como a primeira manifestação
coletiva pública na história cultural
brasileira a favor de um espírito novo
e moderno em oposição à cultura e à
arte de teor conservador,
predominantes no país desde o
século XIX. Imagem: Cartaz da Semana de Arte Moderna de 1922 / Di Cavalcanti / Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros - USP - Arquivo Anita
Malfatti / http://www.arquitetonico.ufsc.br/wp-content/uploads/semana-de-arte-moderna-de-1922.jpg
Contexto histórico
O ano de 1922 foi emblemático para o Brasil. Afinal, essa data
contempla tanto a comemoração de um século de independência de
nosso país de Portugal, como também marca a fama da arte
brasileira no circuito internacional. Essa notoriedade surgiu com a
“Semana de Arte Moderna”, um evento polêmico que revolucionou a
estética e a ideologia da época.
A Semana de Arte Moderna aconteceu em um contexto de inquietude
cultural, política e social. Por meio desse movimento, artistas de
diferentes nichos queriam desconstruir as artes, propondo inovação e
vanguardismo.
Entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, realiza-se um
festival com uma exposição com cerca de 100 obras e
três sessões literárias e musicais noturnas.

As principais atividades da Semana da Arte Moderna


englobaram:

- exposição de pinturas;
- exibições de música e de dança;
- palestras sobre arte moderna;
- leitura de poemas complexos.
A produção de uma arte brasileira, afinada com as tendências
vanguardistas da Europa sem perder o caráter nacional, era uma das
grandes aspirações que a Semana tinha de divulgar.

Esse era o ano em que o país comemorava o primeiro centenário da


Independência e os jovens modernistas pretendiam redescobrir o Brasil,
libertando-o das amarras que o prendiam aos padrões estrangeiros.
Seria, então, um movimento pela independência artística do Brasil.

Os jovens modernistas da Semana negavam, antes de mais nada,


o academicismo nas artes. A essa altura, estavam já influenciados
esteticamente por tendências e movimentos como o Cubismo, o
Expressionismo e diversas ramificações pós-impressionistas.
Até aí, nenhuma novidade nem renovação. Mas, partindo desse ponto,
pretendiam utilizar tais modelos europeus, de forma consciente, para uma
renovação da arte nacional, preocupados em realizar uma arte nitidamente
brasileira, sem complexos de inferioridade em relação à arte produzida na
Europa.
Essa arte nova aparece inicialmente através da atividade crítica e literária de
Oswald de Andrade, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros
artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem.
Imagem: Oswald de Andrade / Autor

Imagem: Menotti del Picchia / Autor


desconhecido / Domínio Publico.

Michelle Rizzo / Public Domain.


desconhecido / Public Domain.

Imagem: Mario de Andrade /


Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de
pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para
os brasileiros: a de Lasar Segall, em 1913 e a de Anita Malfatti,
em 1917.

Imagem: A Família/ Lasar Segall / Imagem: A estudante/ Anita Malfatti / Museu de Arte de São
http://www.febf.uerj.br/pesquisa/semana_22.html Paulo Assis / Copyright - Elizabeth Cecília Malfatti
Vindo da Alemanha, o pintor Lasar Segall
realizou uma exposição em São Paulo e
outra em Campinas, ambas recebidas
com uma fria polidez.

Desanimado,
Segall seguiu
de volta à
Alemanha, só
retornando ao
Brasil dez anos
depois, quando
os ventos
sopravam mais
a favor. Imagem: Os mercadores/ Lasar Segall /
http://www.mac.usp.br/mac/templates/projetos/seculoxx/modulo2/
Imagem: Perfil de Zulmira / Lasar Segall / Museu de arte modernismo/artistas/segall/obras.htm
contemporânea da universidade de São Paulo / Direitos do MAC
ARTE, 1º. Ano
A exposição– de
Modernismo Anita de
Semana Malfatti em 1917,
Arte Moderna norecém
Brasilchegada dos Estados Unidos e da
Europa, foi outro marco para o Modernismo brasileiro. As obras da pintora, então
afinadas com as tendências vanguardistas do exterior, chocaram grande parte do
público, causando violentas reações da crítica conservadora.

Imagem: A boba/ Anita Mafaltti/ Museu de arte contemporânea da Imagem: O homem amarelo / Anita Mafaltti / Ilustração do colega
universidade de São Paulo / Copyright - Elizabeth Cecília Malfatti Mario de Andrade / Instituto de Estudos Brasileiros da USP/
Dessa polêmica, o artigo de Monteiro Lobato para o jornal O Estado de S.
Paulo, intitulado: “A propósito da Exposição Malfatti”, publicado na seção
“Artes e Artistas” da edição de 20 de dezembro de 1917, foi a reação mais
contundente dos espíritos conservadores.

Chateaubriand Bandeira de Mello / Copyright -


Imagem: O farol / Anita Mafaltti / Col.

Elizabeth Cecília Malfatti.


Imagem: Monteiro Lobato/ "Nosso Século"
(1980) da Editora Abril / Public Domain
A exposição, entretanto, marcou o
início de uma luta, reunindo ao redor
dela jovens despertos para uma
necessidade de renovação da arte
brasileira.
Além disso, traços dos ideais que a
Semana propunha já podiam ser
notados em trabalhos de artistas que
dela participaram (além de outros que
foram excluídos do evento).

Imagem: Interior de residência / Antonio Moya


http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/01/28/a-
arquitetura-na-semana-de-arte-moderna-de-1922/

Imagem: Taperinha na praia grande / Georg Przyrembel /


http://coisasdaarquitetura.wordpress.com/2011/01/28/a-
arquitetura-na-semana-de-arte-moderna-de-1922/
No interior do teatro, foram apresentados concertos e
conferências, enquanto no saguão foram montadas
exposições de artistas plásticos, como:

• os arquitetos Antonio Moya e George Prsyrembel;

Imagem: Capa do catálogo da Semana de arte


•os escultores Vítor Brecheret e W. Haerberg;

moderna 1922 / Autor Desconhecido / United


•os desenhistas e pintores Anita Malfatti, Di Cavalcanti,
John Graz, Martins Ribeiro, Zina Aita, João Fernando de
Almeida Prado, Ignácio da Costa Ferreira, Vicente do
Rego Monteiro e Di Cavalcanti (o idealizador da Semana

States Public Domain


e autor do desenho que ilustra a capa do catálogo).
Além disso, havia escritores como
Mário de Andrade, Oswald de
Andrade, Menotti del Picchia,
Sérgio Milliet, Plínio Salgado,
Ronald de Carvalho, Álvaro
Moreira, Renato de Almeida,
Ribeiro Couto e Guilherme de
Almeida.

Na música, estiveram presentes


nomes consagrados, como Villa-
Lobos, Guiomar Novais, Ernâni
Braga e Frutuoso Viana. Imagem: Pierrô e Colombina / John Graz / Acervo Pessoal de John Graz /
http://7c3grupodeestudos2011.blogspot.com/2011/05/john-graz-caroline-
nomura-09-7c.html
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil
A Semana, de uma certa maneira,
nada mais foi do que uma
ebulição de novas ideias
totalmente libertadas;
nacionalistas em busca de uma
identidade própria e de uma
maneira mais livre de expressão.
Não se tinha, porém, um
programa definido: sentia-se muito
mais um desejo de experimentar
diferentes caminhos do que de
definir um único ideal moderno.
Imagem: Morro Vermelho / Lasar Segall / Museu Lasar Segall /
http://www.museusegall.org.br/mlsItem.asp?sSume=2&sItem=125
Lasar Segall - Morro Vermelho, 1926
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

Entretanto, acredita-se que a


Semana de Arte Moderna não
tenha tido originalmente o alcance
e amplitude que posteriormente
foram atribuídos ao evento.

A exposição de arte, por exemplo,


parece não ter sido coberta pela
imprensa da época. Somente teve
nota publicada por participantes da
Semana que trabalhavam em
jornais como Mário de Andrade,
Menotti del Picchia e Graça Aranha
(justamente os três conferencistas,
cujas ideias causaram grande Imagem: Retirantes / Candido Portinari / Col. Museu de Arte de São Paulo Assis
alarde na imprensa). Chateaubriand /
http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/id_portinari_retirantes.html
ARTE, 1º. Ano
AModernismo
Semana não foi tão
– Semana importante
de Arte Modernano
no seu
Brasilcontexto
temporal, mas o tempo a
presenteou com um valor histórico e cultural talvez inimaginável naquela época.
Não havia entre seus participantes uma coletânea de ideias comum a todos, por
isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, todas pleiteando a mesma
herança.

Artes / http://www.portinari.org.br/candinho/candinho/gen_1.pl-
Imagem: Café / Candido Portinari / Museu Nacional de Belas

BR+exact+OA-1191+GT-02++.htm
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

O Manifesto Antropofágico
foi um marco no Modernismo
brasileiro, pois não somente
mudou a forma do brasileiro
de encarar o fluxo de
elementos culturais do
mundo, mas também colocou
em evidência a produção
própria, a característica
brasileira na arte,
ascendendo uma identidade
tupiniquim no cenário artístico
mundial.

Imagem: A Lua / Tarsila do Amaral /


http://www.tarsiladoamaral.com.br/versao_antiga/historia.htm
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

A própria tentativa de estabelecer uma arte brasileira, livre da mera repetição de fórmulas europeias foi
de extrema importância para a nossa cultura e a iniciativa da Semana, uma das pioneiras nesse sentido.
Aliás, o principal legado da Semana de Arte Moderna foi libertar a arte brasileira da reprodução nada
criativa de padrões europeus, e dar início à construção de uma cultura essencialmente nacional.

Imagem: Sapateiro de Brodowski/ Cândido Portinari / Imagem: Catequese / Cândido Portinari /


http://www1.folha.uol.com.br/folha/galeria/album/20031229-portinari- http://www.andreamachado.com.br/2011/07/no-atelie-de-
10.shtml portinari.html
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

Imagem: Meninos brincando / Cândido Portinari/


http://www.imaginariopoetico.com.br/manoel-de-barros-de-calcas-
curtas/

Imagem: Grupo de meninas / Cândido Portinari/ Col. Museus Castro Maya /


http://www.proa.org/exhibiciones/pasadas/portinari/salas/portinari_grupo_menina
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

Imagem: Os operarios/ Tarsila do Amaral / Acervo Artístico-Cultural


dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo /
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/em-dia/yes-nos-temos-
muito-mais-que-bananas

Imagem: Abaporu / Tarsila do Amaral / Colección Costantini (Buenos


Aires, Argentina) / Material protegido por direitos autorais no Brasil até
2043. / http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Abaporu.jpg
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Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

Imagem: Mulheres na Janela / Di Cavalcanti / Estação Pinacoteca /


ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

http://www.itaucultural.org.br/

fuseaction=obra&cd_verbete
aplicExternas/enciclopedia_I
Alfredo Volpi / Coleção do
Imagem: Bandeirinhas /

=17&cd_obra=1795
C/index.cfm?
artista /
Imagem: Mastros e Bandeirinhas de fundo azul / Alfredo Volpi /
http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_ic/index.cf
m?
fuseaction=artistas_obras&acao=mais&inicio=49&cont_acao=7&cd_

Imagem: Composição em ogiva

o=menos&inicio=57&cont_acao
http://www.itaucultural.org.br/ap
verbete=17

fuseaction=artistas_obras&aca
licExternas/enciclopedia_ic/ind

=8&cd_verbete=17
/ Alfredo Volpi /

ex.cfm?

Imagem: Mastros e Bandeirinhas / Alfredo Volpi / Coleção Particular /


http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?
ARTE, 1º. Ano
Modernismo – Semana de Arte Moderna no Brasil

Imagem: Menino e Ovelha / Alfredo Volpi / Coleção


Gilberto Chateaubriand /
http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia_I
C/index.cfm?
fuseaction=obra&cd_verbete=3494&cd_obra=2503
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Imagem: Mural de Vidro em homenagem a imprensa / Di


cavalcanti / fachada do hotel Novotel Jaraguá /
http://toursp.blogspot.com/2009/02/di-cavalcanti.html

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