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O que foi a Semana de Arte Moderna de 22?

O Theatro Municipal foi palco da Semana de Arte Moderna de 1922

O momento era de uma forte industrialização em São Paulo que afastava


a cidade de se tornar um polo cultural no Brasil – esse título pertencia ao
Rio de Janeiro. Muito inspirados nas vanguardas europeias, os artistas se
reuniram no Teatro Municipal para apresentar um novo conceito
artístico, que mais tarde influenciaria em diversas vertentes como o
Tropicalismo de Caetano Veloso e Gilberto Gil.
A Semana de Arte Moderna aconteceu entre os dias 13 e 18 de fevereiro
de 1922. Música, poesia, pintura, dança, entre outros foram apresentados
durante o período. Apesar de inspirações europeias, a proposta foi
explorar a brasilidade e valorizar o território nacional como berço de
inspiração cultural.

Quadro “A Estudante” de Anita Malfatti


Durante o evento, houve uma agitação coletiva (algumas positivas e
outras nem tanto assim), já que o encontro dos artistas pretendia criar
uma ruptura no modo de se fazer e consumir arte – que, na época, era
algo mais elitista e voltado para um público seleto.

Quem participou da Semana de Arte Moderna de 22?

Cartaz de Di Cavalcanti anunciando a Semana da Arte Moderna em 1922

Grandes nomes de artistas brasileiros se destacaram no evento. Entre


eles podemos citar alguns:
 Oswald de Andrade;
 Anita Malfatti;
 Mário de Andrade;
 Manuel Bandeira;
 Heitor Villa-Lobos;
 Di Cavalcanti;
 Graça Aranha;
 Sérgio Milliet;
 Guimar Novaes.
O que estava acontecendo no mundo?

Amigos – Di Cavalcanti (1918). Acervo Palácio Boa Vista. Pinacoteca de São Paulo

O ano de 1922 foi bastante simbólico: era o primeiro centenário da


independência do Brasil, e o país passava por uma série de mudanças
sociais, políticas e econômicas – especialmente após o fim da Primeira
Guerra Mundial.
A movimento artístico predominante era o parnasianismo (caracterizado
por um pensamento bastante formal, mais preocupado com a forma do
que com a mensagem). E a SAM surgiu como uma intervenção a esse
modelo.
“O Homem de Sete Cores” de Anita Malfatti

Os artistas da Semana de Arte Moderna eram, em sua maioria,


descendentes de famílias cafeeiras de São Paulo, em uma época que
predominava a política do “Café com Leite” e por isso tinham grande
influência nos assuntos sociais da cidade.
Boa parte dos artistas também haviam estudado na Europa e trouxeram
de lá algumas tendências artísticas como o futurismo, cubismo, dadaísmo,
surrealismo, expressionismo; e incorporaram técnicas e um lado mais
brasileiro para criar suas próprias obras.
Quais foram as consequências da Semana de Arte
Moderna?

O Abaporu surgiu em 1928 e foi exposto no evento de celebração aos 50 anos da Semana de
Arte Moderna GUSTAVO LOWRY

O evento foi muito criticado na época, recebendo adjetivos como “pouco


moderno”, mas a verdade é que serviu como um divisor de águas entre a
forma de fazer (e consumir) arte da época, já que fez críticas bem severas
ao modelo parnasiano
Após esse evento, algumas obras de grande importância surgiram no país,
como o Abaporu, em 1928, de Tarsila do Amaral, considerada hoje a obra
de arte brasileira de porta de entrada para o país – que inclusive, foi
exibida em uma exposição de comemoração aos 50 anos da Semana de
Arte Moderna.
A poesia, que antes era só escrita, passou a ser declamada também; e
surgiu também o movimento Tropicália na música brasileira.
De maneira geral, houve uma grande revolução na linguagem artística e
uma ruptura na arte erudita que predominava até então.
Di Cavalcanti foi um dos grandes artistas brasileiros do século XX e o idealizador da Semana de Arte
Moderna, em 1922.

Di Cavalcanti, como é mais conhecido Emiliano Augusto Cavalcanti de


Albuquerque Melo, foi um importante pintor brasileiro, marcado como o
idealizador da Semana de Arte Moderna de 1922. Foi um dos grandes
expoentes do modernismo no Brasil e influenciado por pintores como
Pablo Picasso. Foi eleito o melhor pintor nacional na década de 1950.
Di Cavalcanti chegou a ser preso duas vezes, e, por conta da perseguição
política, decidiu abandonar o Brasil por alguns anos. Fundou o Clube dos
Artistas Modernos e pintou obras conhecidas, como Samba, Vênus e
Ciganos.

Vida adulta de Di Cavalcanti


Ainda jovem, Di Cavalcanti começou a trabalhar como ilustrador para a
Fon-Fon. A partir de 1916, mudou-se para São Paulo, a fim de fazer o
curso de Direito na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, uma
das mais tradicionais do Brasil. Enquanto isso, seguia trabalhando como
ilustrador, e, já em 1917, teve sua primeira exposição, expondo suas
caricaturas, em São Paulo.
Selo estampado com parte da obra “Cinco Moças de Guaratinguetá”, produzida, em 1930, por
Di Cavalcanti.

Últimos Anos de Di Cavalcanti


Na década de 1950, Di Cavalcanti doou centenas de trabalhos seus para o
Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Masp. Recebeu o prêmio de
melhor pintor nacional, em 1954, juntamente de Alfredo Volpi, e, no
exterior, ele também recebeu homenagens pelo conjunto de seu trabalho
artístico. Quando Brasília estava em construção, foi convidado para
produzir uma tapeçaria para o Palácio da Alvorada e produziu as pinturas
da Via-Sacra na Catedral Metropolitana de Brasília.

Obras de Di Cavalcanti
A longa carreira de Di Cavalcanti fez com que ele produzisse centenas de
obras, e algumas delas são consideradas importantes para a cultura
brasileira. Os principais destaques do trabalho do pintor são:
Samba (1925); Mangue (1929); Cinco moças de Guaratinguetá (1930);
Vênus (1938); Ciganos (1940); Noturno na Gamboa (1963).

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