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Jesus Foi Gerado Pelo Pai?

A doutrina da divindade de Jesus, aceita quase universalmente pelas


pessoas que se consideram cristãs, afirma que Jesus compartilha das
mesmas qualidades que definem a divindade do Pai. Entre estas
características únicas de Deus é a sua existência eterna. Diferente de
homens, anjos e outras criaturas que passaram a existir, Deus sempre
existiu. Moisés articulou bem esse fato quando escreveu: “Antes que os
montes nascessem e se formassem a terra e o mundo, de eternidade a
eternidade, tu és Deus” (Salmo 90.2).

Pessoas que negam a divindade de Jesus dizem que ele não é eterno, que
passou a existir em algum momento. A apresentação comum de Jesus nas
Escrituras como o Filho de Deus é compreendida por algumas pessoas
como apoio a essa doutrina. Um filho nasce, ou seja, passa a existir depois
do pai.

Uma explicação que parece coerente para alguns, seria o nascimento de


Jesus em Belém há mais de 2.000 anos. Mas a investigação mais profunda
das Escrituras mostra que o nascimento foi a maneira que Deus escolheu
para a encarnação de uma pessoa que já existia. O próprio Jesus
disse: “Antes que Abraão existisse, EU SOU” (João 8.58). Abraão viveu
uns 1.800 anos antes de Maria ficar grávida, mas Jesus já existia. Esse é
um dos principais problemas com a doutrina tradicional theotokos. Maria
foi escolhida por Deus para ser mãe de Jesus em carne, mas seus atributos
divinos não vieram da sua mãe. Jesus já era Deus antes de Maria nascer. A
doutrina de theotokos nasceu do zelo apologético de alguns seguidores de
Jesus nos séculos depois do Novo Testamento e apresenta um apelo
atraente à lógica humana, mas não tem respaldo bíblico.

Um argumento mais forte e mais comum para negar a eternidade e a


divindade de Jesus vem das afirmações bíblicas sobre a geração de Jesus
pelo Pai. Vamos considerar o significado dos trechos que dizem que Jesus
foi gerado.
Hebreus 1.5 diz: “Pois a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, eu
hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei Pai, e ele me será Filho?”

Pelo nosso entendimento comum de filhos gerados pelos seus pais, daria
para entender esse versículo como declaração da origem de Jesus e, por
isso, uma negação da sua divindade. Mas tal conclusão seria consequência
do grande erro de isolar um versículo do seu contexto. Quando
consideramos essa afirmação no seu contexto bíblico, torna-se impossível
usá-la para defender a ideia de Jesus ser uma criatura. Vamos observar o
significado real da geração de Jesus pelo Pai.

Hebreus 1.5 cita a profecia de Salmo 2.7. Salmo 2 é uma das mais fortes
afirmações bíblicas da posição gloriosa de Jesus acima de todos os seus
inimigos. A figura do Salmo é da coroação do Rei Messiânico, que recebe
autoridade para dominar todas as nações. Deus gerou Jesus no sentido
que o Filho foi exaltado e colocado acima de todos. Foi nesse sentido que
Jesus disse, depois de sua ressurreição: “Toda a autoridade me foi dada
no céu e na terra” (Mateus 28.18). Usando uma ilustração da política
atual, poderíamos dizer que o Pai gerou o Filho no sentido que muitos
dizem que Luiz Inácio Lula da Silva gerou Dilma Vana Rousseff. Não é uma
questão de origem da pessoa “gerada”, e sim uma maneira de afirmar que
esta chegou à sua posição com a aprovação e o apoio da outra pessoa.

Qualquer dúvida sobre o significado de Salmo 2.7 e Hebreus 1.5


desaparece quando notamos um fato claro. Todas as vezes que a profecia
de Salmo 2:7 (“Tu és meu Filho, eu, hoje, te gerei”) é citada na Bíblia, a sua
interpretação por autores inspirados por Deus concorda com seu contexto
original que trata da exaltação, e não da origem, de Jesus. O apóstolo
Paulo disse que essa profecia foi cumprida quando Jesus foi
ressuscitado: E nós vos anunciamos que a promessa que foi feita aos
pais, Deus a cumpriu a nós, seus filhos, ressuscitando a Jesus, como
também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és tu; hoje te
gerei (Atos 13.32-33). Aqui na terra, Jesus se qualificou para ser nosso
sumo sacerdote, e foi exaltado a essa posição quando venceu a morte e
subiu ao céu (Hebreus 5.1-10).
Ninguém hoje tem direito de interpretar esses trechos de outra maneira,
porque Deus já falou! Deus colocou Jesus no trono, como nosso Senhor e
Cristo (Atos 2.22-36). “Jesus Cristo, ontem e hoje, é o mesmo e o será
para sempre” (Hebreus 13.8).

-por Dennis Allan (estudosdabiblia.net)

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