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Virtutem Forma Decorat ou “a beleza adorna a virtude”.

Com essa frase, escrita no detalhe de uma tela, o famoso


pintor Leonardo da Vinci estabelece estreita relação entre
esses dois termos.

De um lado a beleza que, assim como a verdade, são


expressões da própria bondade e sempre se encontram
juntas, como um conceito que não se resume apenas ao
aspecto estético, mas como expressão de Deus, pois é da
“conduta moralmente correta”, aquela que repousa na
verdade e busca o bem, que surge a palavra virtus, e origina
para o nosso português a palavra virtude.
Alguns pensadores afirmam que o homem é o único ser vivo
capaz de reconhecer a beleza na sua essência pois esta não
pode ser consumida ou guardada como um patrimônio, mas
contemplada, exigindo de quem a percebe um “interesse
desinteressado” sendo nós, os homens, a única espécie capaz
de desenvolver tal condição.

Maria é uma síntese de tal ideia, pois carrega consigo as


mais altas virtudes, sendo dotada também de extraordinária
beleza.
A tradição cristã a retrata Maria como de uma beleza
sem igual entre as mulheres do lugar.

Uma carta subscrita pelo então presidente da Judéia,


Publius Lentulus, e dirigida ao imperador Tibério Cézar,
contém a descrição que um soldado, sob sua encomenda,
fez da aparência de Jesus, afirmando que: “É o mais belo
homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua
mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais,
visto por estas partes uma mulher tão bela”.
Maria é filha de Joaquim e Ana. Quando criança, registra
o protoevangelho de Tiago que Maria foi educada “sem
que nenhuma coisa impura ou vulgar passasse por suas
mãos”, revelando que foi criada numa atmosfera de
santidade voltada e enaltecer suas virtudes, propiciando
que mais adiante viesse a receber a graça sem igual de
ser a mãe do Messias prometido, o Filho do Altíssimo.
Na pintura de Leonardo da Vinci, vê-se Maria, Sant’Ana,
sua mãe, Jesus ainda criança, segurando um cordeiro.

Maria é uma bela e jovem senhora que pega o filho com


carinho. Ela está sentada no colo de sua mãe e as
imagens das duas personagens se “entrelaçam”: o braço
direito de Maria se alinha ao ombro de Sant’ana como se
a avó também segurasse o menino Jesus.
É esse amor de mãe que a torna “um” com o filho e
com a mesma ternura que a Virgem olha para o filho,
ela é olhada por sua mãe

Jesus agarra com firmeza o cordeiro, que representa o


sacrifício. Maria, a bendita entre as mulheres, também
abraça seu filho com um leve sorriso, num sinal de que
também estava pronta para aceitar com amor a sua
missão.
A chamada “visitação” foi o momento em que Maria
visitou Isabel, já estava grávida de João Batista e que
mexeu em seu ventre, sinalizando que sentira a presença
do Senhor.

Isabel encheu-se do Espírito Santo e saudou Maria


dizendo: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o
fruto do vosso ventre”. Maria então, sem enaltecer-se com
a reverência, atribui a Deus a graça recebida, revelando
sua humildade e proclamando-se serva do Senhor.
Domenico representa o momento em que Isabel se
aproxima de Maria e se ajoelha em adoração e
reconhecimento por estar diante, não mais da sua jovem
prima Maria, mas sim da mãe do Messias e “mãe de
toda humanidade”.

Em verdade, ela percebe a natureza da Virgem Mãe, mas


esta não se coloca distante ou superior a prima e se
esforça para impedir que Isabel a reverencie, pois sua
graça provém de Deus, sendo ela apenas sua serva.
O humanismo, natural do período Renascentista
não significa ateísmo, mas uma forma de
aproximar o divino da experiência humana e, por
mais que os relatos bíblicos não descrevam
tamanho detalhe, não é impossível imaginar que
Maria tivesse tão bela demonstração de humildade
em uma circunstância como essa.
Maria, ao lado de João Evangelista, Maria Madalena e
Maria de Clopas, assistiu os suplícios de seu filho no
madeiro.

Tamanha era sua fé que sabia que o martírio era parte da


sua divina Missão e que sua presença estava muita além
da cruz que foi testemunha ocular de todos os
acontecimentos do calvário, não era só a mãe, mas
também seguidora do Divino Mestre.

A fé em Jesus que está presente na Virgem, se vê desde a


Anunciação. É através da fé que podemos crer naquilo que
nos é revelado por Deus e não pode ser provado, e em
Maria essa palavra alcança uma dimensão maior pois é ela
a tesoureira dessa Verdade divina que é Jesus.
Pietá ou Piedade representa o momento em
que Jesus é retirado da cruz após a crucificação
e colocado nos braços de Maria.

Na pintura se observa uma mãe com um olhar


longe e que parece se esforçar para conter o
choro ao ter em seus braços o próprio filho
desfalecido.
É como uma mãe que se resigna e, mesmo sofrendo,
aceita os desígnios de Deus, conformando-se com o
destino inevitável, vaticinado pelos profetas do Antigo
Testamento e anunciado pelo próprio Jesus.

A divindade se faz presente na cena através dos anjos,


mas nenhum deles toca em Jesus pois é dela o direito de
segurá-lo em seu colo como uma espécie de despedida.
A coroação de Maria é um tema comum na idade média e
está relacionado ao quinto “mistério glorioso” que
compõe o rosário da fé católica. A mesma palavra que é
utilizada para designar este conjunto de orações
sucessivas, vem de rosarium que pode significar “jardim
de rosas”.

A tradição cristã considera que, por tudo o que Maria


passou quando esteve na terra em cumprimento de sua
missão, mantendo-se na Graça Divina devido a sua
perseverança e fé, foi glorificada no céu através de uma
coroação.
Na pintura de Velazquez, a trindade se faz presente
neste momento sublime, onde uma coroa de flores
é segurada pelo Pai (Deus) e pelo Filho (Jesus) e a
luz do Espirito Santo, representado por uma
pomba, passa por ela até tocar a face de Maria
Referência das Pinturas:

Madonna del cardelino, 1505-06


Raphaell Sanzio

A virgem, a criança e Santana, 1508-19


Leonardo Da Vinci

Visitação, 1491
Domenico Ghirlandaio,

Crucificação com a Virgem e os Santos, 1630


Pier Antonio Bernabei

Pietá, 1876
Willian Bouguereau

A Coroação da Virgem, 1635-1636


Diego Velázquez

Ficha Técnica:
Textos: Wagner Jales e Tito Liberato
Diagramação: Wagner Jales

Esse ebook é um brinde da jornada “As Virtudes Cristãs”


e saúda as virtudes de Maria, a mãe de Jesus, que suas
virtudes inspirem todas as mães do mundo!

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“E viu-se um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, tendo’


a lua debaixo dos seus pés, e uma coroa de doze estrelas sobre a sua
cabeça”. (Ap 12:1)

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