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Segurança social obrigatória dos Funcionários e Agentes do Estado

Autora:
Paulina Paulino Rafael Mussa1
paulinarafaelmussa@gmail.com
+258 844544082/ +258 864544082

Co-Autor:
Morais Barbosa
barbosamorais@gmail.com

Resumo

O presente trabalho, centra-se na abordagem da temática: Segurança Social Obrigatória dos


Funcionários e Agentes do Estado com principal foco a segurança social obrigatória, aprovada pelo
Decreto n.º 51/2017, de 9 de Outubro que revoga o Decreto n.º 53/2007, de 3 de Dezembro cuja
instituição gestora é o Instituto Nacional de Segurança Social criada pelo Decreto n.º 17/1988, de 27
de Dezembro e a partir do Decreto n.º 4/1990, de 13 de Abril. A Lei 8/2021, de 30 de Dezembro, que
aprova o regime jurídico da segurança social obrigatória dos funcionários do Estado, aplica-se aos
funcionários e agentes do Estado que contribuam ou tenham contribuído para o sistema da segurança
social obrigatória dos funcionários do Estado. A relevância deste trabalho se baseia na sua actualidade,
objectivando-se em querer saber analisar o nível de cobertura de Segurança social obrigatória dos
Funcionários e Agentes do Estado em Moçambique e o contributo da Lei vigente no País em benefício
dos Funcionários e Agentes do Estado. Em termos metodológicos, para o alcance dos objectivos e
materialização da presente pesquisa, no que refere ao tipo de pesquisa, quanto a natureza optou-se por
uma pesquisa bibliográfica e quanto a estrutura, o trabalho começa pela Introdução, O sistema de
segurança social em Moçambique, Alargamento da segurança social a curto prazo, A segurança social
para a pessoa idosa, Aspectos legais e institucionais, Segurança Social, Segurança Social Obrigatória,
Conclusão e as Referências Bibliográficas.

Palavras-Chave: Segurança social, Funcionários, Agentes do Estado.

Abstract
This work focuses on addressing the theme: Mandatory Social Security for State Employees and
Agents with the main focus on mandatory social security, approved by Decree no. 53/2007, of
December 3rd, whose managing institution is the National Social Security Institute created by Decree
no. 17/1988, of December 27th and from Decree no. 4/1990, of April 13th. Law 8/2021, of 30
December, which approves the legal regime for mandatory social security for State employees, applies
to State employees and agents who contribute or have contributed to the mandatory social security
system for State employees . The relevance of this work is based on its relevance, aiming to know how
to analyze the level of mandatory social security coverage for State Employees and Agents in
Mozambique and the contribution of the Law in force in the country to the benefit of State Employees
and Agents. In methodological terms, to achieve the objectives and materialization of this research,
with regard to the type of research, in terms of nature, we opted for a bibliographical research and in
terms of structure, the work begins with the Introduction, The social security system in Mozambique,
Expansion of social security in the short term, Social security for the elderly, Legal and institutional
aspects, Social Security, Mandatory Social Security, Conclusion and Bibliographical References.

Keywords: Social security, Employees, State Agents.

1
Mestranda em Formação, Trabalho e Recursos Humanos, Academia Militar, Nampula
1
Introdução

O presente trabalho, centra-se na abordagem da temática: Segurança Social Obrigatória dos


Funcionários e Agentes do Estado com principal foco a segurança social obrigatória, aprovada
pelo Decreto n.º 51/2017, de 9 de Outubro que revoga o Decreto n.º 53/2007, de 3 de
Dezembro cuja instituição gestora é o Instituto Nacional de Segurança Social criada pelo
Decreto n.º 17/1988, de 27 de Dezembro e a partir do Decreto n.º 4/1990, de 13 de Abril foi
aprovada a taxa contributiva dos trabalhadores por conta de outrem e recentemente foi
aprovada a taxa contributiva dos trabalhadores por conta própria pelo Decreto n.º 14/2015, de
16 de Julho, por um lado, plano quinquenal do Governo 2015-2019.

Pois que esta Lei reforça na sua prioridade III2, no objectivo estratégico (iii) promover o
emprego, a legalidade e a segurança social. E uma das acções prioritárias desse documento
consiste em, fortalecer o quadro legal laboral visando proteger os interesses dos empregadores
e trabalhadores, contribuindo na promoção da estabilidade laboral; e alargar a cobertura do
sistema de segurança social obrigatória e garantir a sua sustentabilidade.

A Lei 8/2021, de 30 de Dezembro, que aprova o regime jurídico da segurança social


obrigatória dos funcionários do Estado, aplica-se aos funcionários e agentes do Estado que
contribuam ou tenham contribuído para o sistema da segurança social obrigatória dos
funcionários do Estado e revoga o Decreto n.° 27/2010, de 12 de Agosto, que aprova o
Regulamento da Previdência Social dos Funcionários e Agentes do Estado.

A relevância deste trabalho se baseia na sua actualidade, objectivando-se em querer saber


analisar o nível de cobertura de Segurança social obrigatória dos Funcionários e Agentes do
Estado em Moçambique e o contributo da Lei vigente no País em benefício dos Funcionários
e Agentes do Estado.

Em termos metodológicos, para o alcance dos objectivos e materialização da presente


pesquisa, no que refere ao tipo de pesquisa, quanto a natureza optou-se por uma pesquisa
bibliográfica e quanto a estrutura, o trabalho começa pela Introdução, O sistema de segurança
social em Moçambique, Alargamento da segurança social a curto prazo, A segurança social
para a pessoa idosa, Aspectos legais e institucionais, Segurança Social, Segurança Social
Obrigatória, Conclusão e as Referências Bibliográficas.

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2. O sistema de segurança social em Moçambique

Os cidadãos têm direito à Protecção Social, independentemente da cor, raça, sexo, origem
étnica, lugar de nascimento, religião, grau de instrução, posição social, estado civil dos pais
ou profissão.
Lei da Protecção Social (Quive (2009). Em Moçambique, a Segurança Social
é um direito consagrado pela Lei da Protecção Social de 2007. Esta lei
estabelece os três eixos do sistema de Segurança Social. O primeiro é o
subsistema da Segurança Social Obrigatória para trabalhadores assalariados na
economia formal e, crescentemente, trabalhadores por conta própria.

Este proporciona benefícios a curto e longo prazo, incluindo o subsídio de maternidade e de


doença e a pensão de velhice e de sobrevivência. O subsistema é financiado pelas
contribuições dos trabalhadores e empregadores (ou, no caso de trabalhadores independentes,
apenas dos trabalhadores). No sector privado, é gerido pelo Instituto Nacional de Segurança
Social; e no sector público, pelo Instituto Nacional de Previdência Social e pelo Banco de
Moçambique.
O segundo é o subsistema da Segurança Social Básica, que proporciona
transferências sociais aos cidadãos incapacitados para o trabalho e a pessoas
vulneráveis que vivem em situação de pobreza absoluta. Este subsistema é
financiado principalmente pelo Orçamento Geral do Estado e gerido pelo
Instituto Nacional de Acção Social (INAS). Em 2019, o subsistema visava
cobrir 609 405 agregados familiares, o que é significativamente inferior às
metas aprovadas pelo Conselho de Ministros através da Estratégia Nacional de
Segurança Social Básica (UNICEF & ILO, 2019).

Apesar de um avanço gradual na cobertura do sistema de Segurança Social, apenas 10 % da


população moçambicana tem acesso a Segurança Social Obrigatória ou a Segurança Social
Básica. Existem três desafios principais. O primeiro desafio é o elevado índice de
informalidade.

Segundo o último censo, aproximadamente 88 % da população economicamente activa


depende de uma multiplicidade de actividades na economia informal, incluindo o cultivo da
machamba, biscates e actividades por conta própria (INE, 2019).

Logo, nunca tiveram a oportunidade de contribuir para o subsistema da


Segurança Social Obrigatória por um período suficientemente longo de modo
a poderem usufruir dos benefícios acima indicados. Dada a divisão sexual do
trabalho e as relações sociais de género, as mulheres são
desproporcionalmente excluídas do subsistema da Segurança Social
Obrigatória. Em 2015, os trabalhadores por conta própria foram integrados no
subsistema da Segurança Social Obrigatória (Castel-Branco (2017).

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Enquanto a contribuição para os trabalhadores por conta de outrem é repartida entre a
entidade empregadora e o trabalhador, em 4 % e 3 % respectivamente, os trabalhadores por
conta própria são responsáveis por contribuir com os 7 %.

Segundo o decreto, a contribuição é calculada com base no rendimento mensal declarado, que
deve ser pelo menos igual ao salário mínimo do sector em que está enquadrado. Porém, os
trabalhadores por conta própria não têm uma entidade patronal, exibem um elevado nível de
mobilidade e têm rendimentos irregulares e baixos. Actualmente, o salário mínimo mais baixo
é de 4266 meticais para o sector de pesca de Kapenta. Considerando que 80 % da população
moçambicana tem um consumo mensal per capita inferior ao salário mínimo mais baixo, o
grosso dos trabalhadores por «conta própria» simplesmente não tem capacidade contributiva.

O terceiro desafio são as baixas alocações orçamentais para os programas do INAS. De modo
a atingir as metas definidas pela Estratégia Nacional de Segurança Social Básica (ENSSB)
2016-2024, e garantir a adequação das transferências monetárias, será necessária uma maior
priorização da despesa pública com a Segurança Social Básica.

Existe hoje uma maior coordenação entre o Ministério de Trabalho e


Segurança Social e o Ministério do Género, Criança e Acção Social, o que
permite uma maior articulação entre os dois subsistemas. Além disso, os dois
subsistemas já estão informatizados, o que facilita a harmonização de
informação e a focalização administrativa, de modo a garantir uma cobertura
universal segundo a Lei da Protecção Social (Castel-Branco & Vicente, 2019).
A próxima secção analisa as propostas para a expansão da Segurança Social a
curto prazo.

Alguns questionam se a discussão sobre a expansão da Segurança Social não é apenas


conversa para o boi dormir. Porém, é importante reconhecer que, em Moçambique, políticas
redistributivas não faltam; o que falta são políticas redistributivas orientadas para a maioria da
população. Felizmente, Moçambique tem um sistema, ainda que incipiente, de Segurança
Social que pode ser rapidamente alargado.

2.1. Alargamento da segurança social a curto prazo

A crise da Covid-19 salientou a importância de sistemas robustos de Segurança Social, que


possam garantir uma segurança de rendimento para os trabalhadores formais e informais
durante momentos de crise. No contexto do Estado de Emergência, foram discutidas e
custeadas várias opções para canalizar fundos rapidamente para as famílias pobres e
vulneráveis a curto prazo (Castel-Branco, 2017a).

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A primeira opção foi o pagamento de um subsídio de desemprego de Estado de Emergência
pelo Instituto Nacional de Segurança Social (INSS) aos seus segurados, independentemente
do respectivo historial contributivo. Estes incluem quase 40 000 trabalhadores informais no
meio urbano e peri-urbano, principalmente trabalhadores domésticos e vendedores nos
mercados.

A segunda opção foi a expansão da cobertura dos programas do INAS através da integração
dos candidatos na lista de espera. Ao mesmo tempo, foi proposto um aumento do valor da
transferência monetária para 1000 meticais por pessoa, o que corresponde a três quartos da
linha de pobreza média individual.

A ajuda externa é uma possível fonte de financiamento. Porém, a ajuda


externa vem com condicionalismos, e um deles tem sido a terceirização do
processo de pagamentos de acção social (World Bank, 2013). Actualmente, os
funcionários das delegações do INAS são responsáveis por efectuar os
pagamentos dos subsídios, função que foram aperfeiçoando ao longo das
últimas décadas, mas que continua longe de estar perfeita.

Os funcionários viajam quinze dias por mês, contornando vias frequentemente inacessíveis
por entre três e sete distritos, para chegar aos beneficiários. É um trabalho árduo e por vezes
perigoso que, com a crise da Ematum, se tornou um verdadeiro desafio, pois não há fundos
para o combustível, para a manutenção dos carros, para as ajudas de custo e até para pagar os
próprios subsídios (Castel-Branco, 2017).

Para economizar, os funcionários do INAS têm vindo a acumular dois ou três


meses de pagamentos. Às vezes o INAS aparece sem informar os beneficiários
com antecedência, criando as condições para o desvio de fundos. Outras vezes
o INAS avisa com antecedência, mas não aparece, deixando os beneficiários à
espera todo o dia (Castel-Branco, 2017a). De modo a melhorar a
previsibilidade dos pagamentos, a Estratégia Nacional de Segurança Social
Básica propõe a sua terceirização, ou seja, a contratação de terceiros privados
para assumir esta função.

Esta proposta foi promovida pelos doadores, apoiada pela maioria das organizações da
sociedade civil, frustradas com a ineficiência do processo de pagamentos do Estado e acabou
por ser aceite por um Estado em crise e refém dos condicionalismos da ajuda externa.

Houve várias tentativas de terceirização falhadas, pois para os terceiros parecia pouco
lucrativa. O País é vasto, as distâncias longas, e as vias de acesso difíceis de atravessar,
particularmente durante a época chuvosa. Nem todos os beneficiários têm telemóveis, nem
todas as povoações têm rede ou energia ou rede bancária, e nem todos os agentes de serviços

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móveis têm a capacidade de efectuar os pagamentos mensalmente, o que constrange o uso de
tecnologias móveis.

Porém, sob pressão dos doadores, o INAS improvisou uma solução; fragmentou o País em
seis regiões e contratou a M-Mola e a MozSecurity para pilotar a terceirização nos municípios
de Nampula e Chôkwè. Em Dezembro de 2018 foi assinado um contrato de quase 6,5 milhões
de dólares com a M Mola, mais do que seis vezes o valor inicialmente orçamentado.
Entretanto, o INAS continua a fazer os pagamentos no resto do País, diminuindo a
possibilidade de economias de escala.

Através deste contrato, a Net 1 teve acesso aos dados confidenciais dos beneficiários e
partilhou-os ilegalmente com os seus subsidiários. Estes, por sua vez, cobraram juros de, em
média, 34,1 %, mergulhando os beneficiários num ciclo de dívida vicioso. Como tinha acesso
às contas bancárias dos beneficiários, a CPS efectuou 2,3 milhões de descontos não
autorizados, transformando os subsídios em colateral para a aquisição de dívida.

Graças ao activismo da organização Black Sash, o Tribunal


Constitucional anulou o contrato com a CPS; mas, tendo desfeito a
infra-estrutura de pagamentos, o Estado teve de renová-lo
repetidamente até conseguir nacionalizar os serviços de pagamentos
através dos correios (Castel-Branco (1995).

Na África do Sul, por exemplo, a terceirização resultou numa crise tão profunda, que o
tribunal constitucional teve de intervir. Em 2012, o Estado sul-africano assinou um contrato
com a Cash Paymaster Services (CPS), uma subsidiária da empresa Net 1, que vende um
leque de serviços financeiros predatórios a utentes de baixo rendimento em nome da «inclusão
financeira».

Em princípio, a terceirização deveria tornar o processo de pagamentos mais eficiente, eficaz e


transparente. Porém, os indícios iniciais sugerem que apenas o tornará mais caro e complexo,
como o fiasco da Semlex (Mabunda, 2015). As experiências com a terceirização dos
pagamentos da Segurança Social na África Austral são ainda mais alarmantes.

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2.1.1. A segurança social para a pessoa idosa

A crise de reprodução social em Moçambique é profunda e enraizada na trajectória de


desenvolvimento do País. Antes da crise, existiam já várias propostas de como alargar e
melhorar o sistema de Segurança Social. A primeira é uma pensão universal para a pessoa
idosa.
Segundo os dados da Helpage, Moçambique é o terceiro pior país para
envelhecer (Helpage, 2017). As leis de protecção da pessoa idosa definem a
família como a base da sociedade. Porém, a rede alargada de apoio familiar
encontra-se hoje cada vez mais fragmentada. Neste contexto, o Estado tem
uma responsabilidade cada vez maior perante as nossas chamadas
«bibliotecas».

A Estratégia Nacional de Segurança Social Básica visa expandir a cobertura do subsistema


não contributivo a mais de um milhão de pessoas idosas até 2024 através do Programa de
Subsídio Social Básico (PSSB).

Serão elegíveis homens e mulheres acima dos 60 anos que vivam num
agregado familiar sem capacidade para o trabalho, num local onde o programa
esteja a ser implementado há pelo menos seis meses e que forem identificados
pela comunidade e verificados pelos técnicos do INAS como sendo «pobres»
(Quive e Patrício (2005).

Uma abordagem administrativa diminuiria o custo de identificação e selecção dos


beneficiários, reduziria os erros de exclusão e inclusão e garantiria o direito a Segurança
Social na terceira idade. Quem não recebesse uma pensão contributiva através do INSS ou do
INPS, receberia automaticamente uma pensão não contributiva através do INAS.

Dada a fraca diferenciação de consumo nos primeiros três quintis da população, a natureza
dinâmica da pobreza e a incapacidade de verificar o nível de rendimento do agregado familiar
num contexto de informalidade, uma focalização com base em parâmetros socioeconómicos
tem um elevado risco de erros de inclusão e exclusão, enquanto uma focalização
administrativa não. Evidentemente, a curto prazo, será necessário aumentar as alocações
orçamentais.

3. Aspectos legais e institucionais

O compromisso do Governo de Moçambique para responder às necessidades relativas à


segurança Social é demonstrado pelo facto de Moçambique ser signatário de várias
convenções e declarações internacionais e de ter aprovado várias políticas e estratégias
nacionais com foco na segurança social da população.

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Ao nível internacional, Moçambique é signatário, de entre outros, da Declaração Universal
dos Direitos do Homem (1948) que estabelece no Artigo 22:

Toda a pessoa, como membro da sociedade, tem direito à segurança social; e


quem trabalha tem direito a uma remuneração equitativa e satisfatória, que lhe
permita e à sua família uma existência conforme com a dignidade humana e
completada, se possível, por todos os outros meios de protecção social.

Na mesma senda, enquadra-se a Convenção nº 102 da OIT de 1952 sobre a Segurança Social
(Normas Mínimas) que se baseia no princípio contributivo e no de solidariedade; e a
Recomendação nº 202 da OIT sobre os Escalões Nacionais de Protecção Social, de 2012.

Ao nível regional, Moçambique ratificou entre outros, a Carta Africana dos Direitos Humanos
e dos Povos que estabelece:

Todo indivíduo tem direito à liberdade e à segurança da sua pessoa. E toda a


pessoa tem direito de trabalhar em condições equitativas e satisfatórias e de
receber um salário igual por um trabalho igual. Toda pessoa tem direito ao
gozo do melhor estado de saúde física e mental que for capaz de atingir. Os
Estados Partes a presente Carta comprometem-se a tomar as medidas
necessárias para proteger a saúde das suas populações e para assegurar-lhes
assistência médica em caso de doença.

Ao nível nacional, a Constituição da República, defende no Artigo 85 que “Todo o


trabalhador tem direito à protecção, segurança e higiene no trabalho”. E defende no Artigo 95
que “Todos os cidadãos têm direito à assistência em caso de incapacidade e velhice e o Estado
promove e encoraja a criação de condições para a realização deste direito”.

Outras medidas desenvolvidas pelo Governo envolvem a criação da Lei do Trabalho (Lei n.º
23/2007, de 01 de Agosto) e a criação da Lei da Protecção Social (Lei n.º 4/2007, de 7 de
Fevereiro) no qual estabelece que:

A protecção social tem por objectivo atenuar, na medida das condições


económicas do País, as situações de pobreza absoluta das populações,
garantir a subsistência dos trabalhadores nas situações de falta ou
diminuição de capacidade para o trabalho, bem como dos familiares
sobreviventes em caso de morte dos referidos trabalhadores e conferir
condições suplementares de sobrevivência (Artigo 2 da Lei n.º 4/2007,
de 7 de Fevereiro).

3.1. Segurança Social

A segurança social é um direito garantido a todo o cidadão moçambicano pela Constituição da


República, nos nºs 1 e 2 do artigo 95 da Constituição da República de Moçambique. Este

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sistema visa garantir a assistência material ao trabalhador, nas situações de falta ou
diminuição da capacidade para o trabalho. O sistema abrange também aos familiares dos
trabalhadores em casos de morte segundo elucida o artigo nº 2 da Lei nº 05/89 de 18 de
Setembro.

São abrangidos pelo sistema de segurança social os trabalhadores assalariados nacionais e


estrangeiros residentes bem como os familiares sob sua dependência. Podem também ser
abrangidos pelo sistema os moçambicanos que laboram no estrangeiro desde que para o efeito
tenham sido celebrados acordos sobre a matéria, de acordo com os nºs 1 e 2 do artigo nº 04 da
Lei nº 05/89 de 18 de Setembro.

O regime de segurança social compreende os seguintes ramos, segundo elucidam as alíneas


a), b) e c) do nº 1 do artigo 05 da Lei 05/89 de 18 de Setembro: O ramo de doença; O ramo de
pensões de velhice, invalidez e sobrevivência; e O ramo de subsídio por morte. No entanto,
desde a sua criação o sistema preconiza o alargamento do âmbito material, assim que as
condições sócio-económicas o permitirem.

Francisco (2010) diz que a Organização Internacional dos Trabalhadores


define a Segurança Social como sendo a protecção que a sociedade
proporciona aos seus membros através de uma série de medidas públicas,
contra as carências sociais e económicas que de outra forma poderiam ocorrer
pela supressão ou redução substancial dos rendimentos por motivos de doença,
maternidade, acidente de trabalho, desemprego, invalidez, velhice e morte.

A categoria de “sistemas de segurança social” contempla os mecanismos estruturantes, parcial


ou integralmente inseridos no sistema formal de administração pública ou matrizes privadas
(como seguros específicos, de saúde, trabalho, acidentes, viagem ou de vida), ou ainda
mecanismos de ajuda mútua, redes comunitárias e esquemas informais (FRANCISCO, 2010:
43).

Segundo este autor “A classificação dos sistemas de segurança social, entre formais e
informais, é um assunto que deveria merecer melhor qualificação e debate. Neste âmbito, esta
classificação serve para realçar dois dos principais domínios, para a protecção social. Existem
outros, como os mecanismos privados ou das famílias”.

Segurança Social Básica De acordo com o Artigo 7 da Lei da Protecção Social, a segurança
social básica abrange os cidadãos nacionais incapacitados para o trabalho, sem meios próprios
para satisfazer as suas necessidades básicas, nomeadamente:
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a) Pessoas em situação de pobreza absoluta;
b) Crianças em situação difícil;
c) Idosos em situação de pobreza absoluta;
d) Pessoas portadoras de deficiência em situação de pobreza absoluta;
e) Pessoas com doenças crónicas e degenerativas.

De acordo com o número 1 do Artigo 8 da mesma lei, a Segurança Social Básico concretiza-
se através de: a) prestações de risco; e b) prestações de apoio social.

3.1.1. Segurança Social Obrigatória

De acordo com o Artigo 11 da Lei da Protecção Social a segurança social obrigatória


compreende os regimes12 e a respectiva entidade gestora e concretiza-se através de
prestações previstas nos Artigos 19 e 21 da Lei de PS. E o Artigo 13 da mesma Lei estabelece
que no âmbito da SSO são desenvolvidos programas de acção sanitária e social. Esta Lei
estabelece também no seu Artigo 14 quanto a inscrição na SSO:

1. A inscrição na segurança social obrigatória abrange os trabalhadores por conta de outrem e


por conta própria, nacionais e estrangeiros residentes em território nacional e as respectivas
entidades empregadoras;

2. As entidades empregadoras são obrigadas a inscrever os trabalhadores ao seu serviço;

3. Incumbe aos trabalhadores por conta própria proceder à sua inscrição.

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Conclusão

Para terminar esta pesquisa que tinha por objectivo, analisar o nível de cobertura de
Segurança social obrigatória dos Funcionários e Agentes do Estado em Moçambique,
concluímos que:

 A renda básica universal tem atraído cada vez mais atenção como uma forma de
expandir rapidamente a segurança social, onde as políticas públicas de Estado
concebem o valor como adicional e não como substituto, pois, às formas existentes de
provisão de segurança social reconhecem que este provimento da segurança social faz
parte de um conjunto mais amplo de políticas destinadas a aumentar o salário social e
a melhorar as condições de trabalho.

 Houve uma ressurgência de interesse na Segurança Social como instrumento


redistributivo capaz de reduzir a pobreza e a desigualdade e promover o crescimento
económico inclusivo. Este crescente interesse a nível global deve-se ao
reconhecimento de que o desenvolvimento social não resulta inevitavelmente do
crescimento económico, e, aliás, pode ser bem o contrário: que formas de Segurança
Social vinculadas ao emprego formal são inadequadas dada a informalidade
generalizada e que transferências monetárias não contributivas são possíveis mesmo
em países em vias desenvolvimento como Moçambique;

 São abrangidos pelo sistema de segurança social os trabalhadores assalariados


nacionais e estrangeiros residentes bem como os familiares sob sua dependência.
Podem também ser abrangidos pelo sistema os moçambicanos que laboram no
estrangeiro desde que para o efeito tenham sido celebrados acordos sobre a matéria, de
acordo com os nºs 1 e 2 do artigo nº 04 da Lei nº 05/89 de 18 de Setembro.

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Referências Bibliográficas

Castel-Branco Ruth, Andrés, Rubén Vicente (2017). Rumo a uma Segurança Social Universal
para a Pessoa Idosa em Moçambique. Maputo: OIT, 2019. P.10

Castel-Branco, Carlos (1995). Opções Económicas de Moçambique 1975-95: Problemas,


Lições e Ideias Alternativas; Mazula, Moçambique Eleições Democracia e
Desenvolvimento.

Francisco, António (2010). Moçambique: Protecção Social no contexto de um Estado Falido


mas não Falhado. Maputo: IESE, p. 39-47.

Quive, Samuel António (2009). Sistemas formais e informais de protecção social


desenvolvimento em Moçambique. Maputo: IESE. p. 7.

Quive, Samuel; Patrício, Gonçalves (2005). Sistemas Informais de Segurança social em


Desenvolvimento. Maputo: Fundação Friedrich Ebert, p. 1, 3, 18, 25.

Documentos oficiais:

Carta Africana dos Direitos Humanos e dos Povos. Aprovada pela Conferência Ministerial da
Organização da Unidade Africana (OUA) em Banjul, Gâmbia, em Janeiro de 1981, e
adoptada pela XVIII Assembleia dos Chefes de Estado e Governo da Organização da Unidade
Africana (OUA) em Nairobi, Quénia, em 27 de Julho de 1981. Artigos 6, 15 e 16.

Convenção nº 102 da OIT de 1952 sobre a Segurança Social (Normas Mínimas de Segurança
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1952), entrou em vigor no plano internacional em 27 de Abril de 1955.

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