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NO MUNDO DAS COISAS E DOS ANIMAIS EM CHAD GADYA

por Ives Rosenfeld

Monografia final da disciplina "Teorias e práticas artísticas", ministrada pela professora


Helena Martins

Julho de 2023
1.

Em sua obra Introductio in Praedicamenta, o filósofo neoplatônico grego Porfírio propõe


uma forma de classificação dos seres existentes em uma escala hierárquica, organizada
de acordo com suas características e relações entre si. Segundo essa ordenação, os
conceitos se subordinam partindo dos mais gerais até os menos extensos. Os seres podem
ser classificados em diferentes categorias ou gêneros, e cada categoria é dividida em
espécies. Essas categorias e espécies formam uma estrutura de níveis, semelhante a uma
árvore. No topo dessa árvore porfírica está a categoria mais geral e abrangente, chamada
“substância”, que inclui todos os seres existentes. De acordo com Porfírio, a substância é
o que define a essência de um ser e o torna o que ele é. É a natureza ou a realidade básica
que está por trás de todas as características e atributos de um ser particular. Abaixo dessa
categoria, nas ramificações inferiores, estão as mais específicas. Lá encontramos as
divisões em gêneros, como “animal” e “planta”, e em seguida, as espécies específicas
dentro desses gêneros, como por exemplo, “cabrito” ou “rosa”.

2.

De acordo com o dogma judaico-cristão, o homem foi feito à imagem e semelhança do


seu Deus monoteísta. Essa crença sustenta a ideia de superioridade do homem sobre às
demais espécies, sedimentando a relação de hierarquia que marcou o pensamento
ocidental com o antropocentrismo. Nossa espécie, a humana ocupa o centro da existência,
respaldada por um argumento religioso, pois dentre todas as demais espécies, somos a
que mais se assemelha a Deus. Aristóteles, em Das partes dos animais, encontra-se em
ressonância com essa episteme judaico-cristã, quando afirma que a espécie humana é
aquela que em maior grau partilha da natureza divina. Talvez a passagem bíblica que nos
mostra com maior clareza esse antropocentrismo seja aquela encontrada na história de
Noé, quando a um homem é delegada a tarefa de salvar todas as demais espécies da
extinção. Mas não apenas.

Chad Gadya ou "Um Cabritinho", é uma canção cumulativa judaica. Ela é


tradicionalmente cantada ao final da cerimônia da festa de Pessach. A música conta a
história de um cabritinho comprado pelo pai do narrador por duas moedas. Em seguida,
vem um gato e come o cabrito. E, em cada verso, um novo personagem é chamado à
história, em uma repetição progressiva, criando uma sequência que se acumula e se
expande à medida que a música avança. Um cachorro, um pedaço de pau, o fogo, a água,
um boi, um açougueiro, o anjo da morte e Deus. Essa cena, aparentemente, está
reforçando a hierarquia antropocêntrica. Neste caso, imerso na cosmogonia judaica, Deus
é a substância superior a todas as demais. Ao homem, por sua vez, é reservado o lugar
acima de todos os demais seres viventes.

Entretanto, a canção nos surpreende, torcendo o estruturalismo inicial. Coloca debaixo da


mesma classificação um gato, um cachorro e um boi com um pedaço de pau, o fogo e a
água. Carregada de simbolismos, dentro da tradição judaica, essa música geralmente é
lida a partir das metáforas.

Uma interpretação simbólica comum é associar os personagens da música a diferentes


nações e acontecimentos relacionados à história judaica. Por exemplo, o cabritinho pode
representar o próprio povo judeu, enquanto o gato pode simbolizar os assírios, o cachorro
os babilônicos, o bastão os persas, o fogo os macedônios, a água os Império Romano, o
boi os sarracenos, o matador os cruzados e o anjo da morte o Império Otomano. Essa
interpretação abrange diferentes períodos de opressão e exílio aos quais os judeus foram
submetidos ao longo da história.

Outra interpretação simbólica considera Chad Gadya como uma representação da jornada
do desenvolvimento humano. Nessa perspectiva, cada elemento da música pode ser visto
como uma metáfora para os desafios e obstáculos encontrados ao longo da vida. Neste
caso, o cabritinho pode simbolizar a inocência, o gato pode representar as tentações, o
pedaço de pau a força e determinação, o fogo os desejos e paixões, a água a sabedoria e
purificação, e assim por diante, refletindo a jornada do homem em busca do crescimento
pessoal e espiritual.

Proponho, entretanto, nas linhas que seguem, abandonar as interpretações simbólicas.


Ignorar a tradição judaica antropocêntrica onde Chad Gadya se insere, e trazer ao tablado
alguns desses personagens enquanto formas de vida em sua completude. Inspirado por
Francis Ponge, tento tomar o partido das coisas. Sabotar a monarquia ontológica que
hierarquiza os seres e experimentar um olhar generoso e horizontal para todos eles,
homens, animais, minerais, coisas.

3.

E Deus, bendito seja, feriu o anjo da morte, que matou o açougueiro, que matou o boi,
que bebeu a água, que apagou o fogo, que queimou a madeira, que bateu no cachorro, que
mordeu o gato, que comeu o cabritinho, que meu pai comprou por dois zuzins. Nesse
entrelaçamento de relações termina o último verso de Chad Gadya. É uma construção
simples que, certamente, não se propõe a esmiuçar cada uma dessas existências. Mas,
apesar de sua simplicidade, a canção sugere uma definição desses seres não em absoluto,
em sua essência, mas a partir de relações. Um gato, por exemplo, dentro da classificação
porfírica, é uma substância corporal, animada, vivente, sensível, animal e irracional. Em
uma classificação biológica, o gato pertence ao reino dos animais, na subclasse dos
mamíferos digitígrados, da família dos felídeos, da ordem dos carnívoros. Em Chad
Gadya, entretanto, esse gato essencial não existe. Nosso personagem é definido por suas
relações, e desempenha papéis distintos a partir de cada uma delas. Ele é uma existência
que, em seu encontro com cabritinhos, se alimenta destes. Mas que também pode ser
mordida por cachorros.

Todo animal tem um mundo, diz Deleuze. Podemos dizer o mesmo das coisas. Um
mundo, ou uma história, ressonando Tim Ingold. Em um exercício de perspectiva e
fabulação, abandonemos nossa racionalidade para entrarmos nestes mundos e nestas
histórias.

4.

O gato (Vinícius de Moraes)

Com um lindo salto


Lesto e seguro
O gato passa
Do chão ao muro
Logo mudando
De opinião
Passa de novo
Do muro ao chão
E pega corre
Bem de mansinho
Atrás de um pobre
De um passarinho
Súbito, para
Como assombrado
Depois dispara
Pula de lado
E quando tudo
Se lhe fatiga
Toma o seu banho
Passando a língua
Pela barriga.

Pois olhemos para o gato a gatear, senhor de seu mundo. Lesto e seguro, como diz
Vinícius de Morais, o gato corre de mansinho. Em sua agilidade desliza pela casa com
destreza. Fosse ele dotado de características humanas, poderíamos dizer que o gato é
elegante. Tal gesto, no entanto, parece emoldurar a experiência gato em uma caixa
conhecida. Elegância não é um atributo felino.

Nem a domesticação é um atributo felino. Embora o homem pense que o tenha


domesticado, o gato é quem parece domesticar o homem. “Domesticar” pode se referir a
tornar algo mais manso, controlado. Pleno em seu mundo, para o felino o homem existe
para lhe fornecer alimento. No entanto, ao esperar retribuição, geralmente o homem sai
frustrado dessa relação. Talvez no fundo, o homem, apóstolo da hierarquia natural, espere
do gato alguma dose de subserviência. Mas não o gato.

Dois gatos gateiam no sítio em que passei os primeiros meses do confinamento


pandêmico. Diariamente, lhes oferecíamos comida. Aparentemente desinteressados e, no
entanto, atentos, esperavam que saíssemos da varanda para se servirem da ração que lhes
deixávamos. Nossos gatos, podíamos pensar, pois nós quem cuidamos deles.
Domesticados. (“todos aqueles que amam os gatos, [...] são idiotas”, sentenciam Deleuze
e Guattari).

Um dia, nasceram os filhotes da cadela do sítio. Uma dezena deles. Fizeram da varanda
dos gatos, o seu ninho. E, como sabemos, cachorros podem morder gatos. Os gatos
também parecem saber. Assim, por semanas, notamos que a ração permanecia intocada.
Os gatos sumiram para longe dos cachorros. Do alto da pirâmide hierárquica, temíamos
a morte dos gatos por falta de comida, afinal, somos nós quem os alimentamos. Mas não
os gatos.

Nos dias que se seguiram, aos poucos, encontramos restos de pequenos animais mortos,
abandonados pelo sítio. Algumas partes de um pequeno pássaro, de um pequeno rato, de
uma pequena cobra. Todo animal tem um mundo, e em seu mundo, aqueles gatos caçam.
O gato come pássaro, rato, cobra. O gato come o cabritinho que meu pai comprou por
dois zuzins.

Em um dia, no palco da rotina diária, onde os objetos mais comuns se mostram apenas
aos olhos atentos, flagrei um dos gatos surpreender um pequeno sabiá-laranjeira. Uma
cena peculiar então começa a se desenrolar. No espetáculo sutil que se apresenta, os
personagens assumiam outros papéis, e o pequeno sabiá-laranjeira ganha um outro
significado nas patas habilidosas do felino. Antes de ser alimento, o pequeno pássaro
tornara-se brinquedo para o gato.

É como se o gato, ao se deparar com seu alimento, não se limitasse apenas a saciar sua
fome, mas também encontrasse prazer em explorar as possibilidades lúdicas que aqueles
pequenos pedaços oferecem. Ele transformara a presa em brinquedos de sua predatória
imaginação. Um pedaço de carne que tenta escapar de suas garras habilidosas. Seus
movimentos graciosos, ágeis e precisos exibiam a destreza de um caçador, ao mesmo
tempo em que transmitem uma graciosidade quase etérea. É como se a própria comida,
ao ser manipulada por suas patas habilidosas, se rendesse à dança, obedecendo às regras
implícitas de um jogo ancestral.

Até que chega o cachorro, e o gato foge em disparada.

5.

A árvore é um objeto? Em caso positivo, como a definiríamos? O que é árvore, e o


que é não árvore? Onde termina a árvore e começa o resto do mundo? [...] A casca,
por exemplo, é parte da árvore? Se eu retiro um pedaço e o observo mais de perto,
constatarei que a casca é habitada por várias pequenas criaturas que se meteram por
debaixo dela para lá fazerem suas casas. Elas são parte da árvore? E o musgo que
cresce na superfície externa do tronco, ou os liquens que pendem dos galhos? Além
disso, se decidimos que os insetos que vivem na casca pertencem à árvore tanto
quanto a própria casca, então não há razão para excluirmos seus outros moradores,
inclusive o pássaro que lá constrói seu ninho ou o esquilo para o qual ela oferece
um labirinto de escadas e trampolins. (INGOLD, 2012, p. 28)

Um pedaço de pau. Tecido vegetal morto, essa ripa de madeira um dia já foi uma
majestosa árvore. Um dia dela já brotaram flores. Um dia ela ofereceu sombra. Já nos
ofereceu o som do farfalhar de suas folhas. Hoje, não mais. Inerte, aquela árvore
transformou-se em pedaço de pau. No entanto, não podemos dizer que está morto. Vidas
o habitam, uma colônia delas, um mundo delas. Um universo microscópico de pequenas
criaturas. Existências minúsculas, que encontram abrigo em suas fissuras e galerias,
transformando-o em um verdadeiro ecossistema de dimensões reduzidas. Suas vidas
secretas, inaudíveis aos ouvidos humanos, desdobram-se em um jogo silencioso, onde
cada movimento é uma pequena conquista em meio à rigidez aparente do material. Da
madeira se faz casa. Casa para homens, casa para bichos.

Mas a madeira da Chad Gadya nem inerte está. Ela bate no cachorro que mordeu o gato.
Madeiras não batem, um leitor cético poderia afirmar, quem bate é o homem. Mas não
aqui. Aqui, esse pedaço de pau bateu. Madeiras não tem atributos, madeiras tem história,
outra vez pensemos com Tim Ingold. Seus veios e texturas, antes testemunhas silenciosas
da passagem do tempo, tornam-se agora os protagonistas de uma narrativa impiedosa. No
encontro com o cachorro, o pedaço de pau assume o papel de agressor, rompendo a
tranquilidade com sua presença imponente. O animal foge, acuado, enquanto a ripa de
madeira reina soberana.

Mas esse pedaço de pau que bate não é mais o mesmo quando chega o fogo. Uma
atmosfera nebulosa e quente enfatiza esse encontro. Com sua dança hipnotizante, o fogo
cobre a madeira em um abraço ardente e, aos poucos, a distinção entre ambos se desfaz.
Em uma relação simbiótica, nos torna impossível distinguir o que é madeira do que é
fogo. Aquela pequena brasa, antes foguinho, aos poucos engrandece e se torna fogueira,
enquanto aquele pedaço de pau que, outrora vigoroso, bateu em um cachorro, aos poucos
torna-se pó. O calor intenso consome sua estrutura, reduzindo a madeira a cinzas, que se
misturam com as chamas dançantes.

Nessa fusão, o pedaço de pau experimenta uma existência efêmera. Ele se torna parte
integrante do fogo, perdendo-se nas chamas e, ao mesmo tempo, ganhando uma outra
forma de existir. Como se renunciasse à sua forma anterior para se transformar em outra,
aderir ao fogo. Cantando (“a madeira quando morre, canta”, cantam João Nogueira e
Paulo Cesar Pinheiro). Resta o fogo.

6.

LÍQUIDO é por definição o que prefere obedecer ao seu peso a manter sua forma,
o que recusa toda forma para obedecer ao seu peso. (PONGE, 2022, p. 34)

Não nos deixemos enganar pela beleza hipnótica do fogo. Ele, o fogo, é destruidor.
Queima consigo tudo que encontra pela frente. Arrasta em seu bloco quem atravessa seu
caminho, mostrando-se enquanto um ser indomável em sua missão de consumir e
transformar tudo o que toca. Toda e qualquer matéria que o alimenta, pau, galho, folha,
mistura-se a ele. Soma-se ao seu corpo-fogo, que cresce, que se alastra, que foge ao
controle, que não encontra limites.

Não encontra limite, até que encontra a água. E nesse embate de opostos, água e fogo se
confrontam em um diálogo quase silencioso. Fluida, a água recusa toda forma fixa. Ela
pode até fingir se deixar contornar por algum recipiente, mas apenas por um instante. Pois
no momento seguinte, a água escorre. Despeja-se. Abraça o desenfreado fogo que, por
sua vez, encontra na água um convite a se acalmar. Perde a sua fúria e, moribundo, sobe
ao céu em forma de fumaça.

Mas o fogo não recua, não desiste facilmente. Sua labareda ainda dança, procurando
desafiar a água. Estende seus tentáculos flamejantes, na esperança de conseguir consumir
algo ao seu redor. Em vão. Todo peso da água desaba sobre o fogo, que desaparece por
completo.
Quanto à aguerrida água, cansada de tanta guerra, ela agora se acomoda em poças nos
pequenos sulcos no chão, aderindo à outra forma temporária, até que um próximo
personagem cruze o seu caminho.

7.

Considera o rebanho que passa ao teu lado pastando: ele não sabe o que é ontem e
o que é hoje; ele saltita de lá para cá, come, descansa, digere, saltita de novo; e
assim de manhã até a noite, dia após dia; ligado de maneira fugaz com seu prazer e
desprazer à própria estaca do instante, e, por isto, nem melancólico nem enfadado.
Ver isso desgosta duramente o homem porque ele se vangloria de sua humanidade
frente ao animal, embora olhe invejoso para a sua felicidade – pois o homem quer
apenas isso, viver como o animal, sem melancolia, sem dor; e o quer entretanto em
vão, porque não quer como o animal. (NIETZSCHE, 2003, p. 7)

Um boi pasta pelo campo. O boi não faz planos. Zanza daqui, zanza para acolá. Ele tem
fome, ele come. Ele tem sede, ele bebe. Para diante de uma poça d'água. Todo um mundo
do boi nesse encontro. No instante efêmero, o animal se aproxima cauteloso, com suas
patas pesadas e imponentes que deixam marcas firmes na terra úmida, pegadas que
demarcam seu território. Com sua língua rústica, o boi se inclina sobre a poça, fazendo
com que a água lhe toque os lábios. E, sem um grande e eloquente confronto, foi-se a
água. E o boi, saciado (e feliz?), descansa.

Desatento, não repara a aproximação do homem.

8.

O camponês se afeiçoa a seu porco e fica satisfeito em salgar a carne deste mesmo
animal. O que é significativo nessa frase, e de difícil compreensão para um
forasteiro da cidade, é que as duas orações estão conectadas por um e e não por um
mas. (BERGER, 2021)

Pois como temer o homem? Aquele homem rural cuidou do boi quando bezerro. E cuidou
do boi quando novilho. Por qual razão precisaria suspeitar o boi adulto? Aquele homem,
que um dia até desejou ser feliz como o boi. O boi não tem problemas, o boi não tem
boletos. Aquele homem rural, que talvez um dia tenha pastado e ruminado e também
esquecido dos problemas. Talvez aquele homem pense, no entanto, que abater o animal
seja o preço a pagar para que sua condição de homem fosse recuperada. Talvez.

Mas Chad Gadya é uma canção judaica, e chegando ao homem, torna-se mais difícil
continuar o nosso exercício de perspectiva. O homem é um shochet, o açougueiro judeu,
treinado nas leis e técnicas do abate kosher. Eles são responsáveis por garantir que a morte
do animal seja rápida e humanitária, sem causar sofrimento desnecessário. Uma morte
humanitária. Para essa tradição antropocêntrica, nós, os humanos, somos superiores às
demais espécies não apenas por nossa capacidade lógica e cognitiva. Somos superiores,
também, por conta da nossa empatia.
Referências:

BERGER, John. Por que olhar para os animais?. São Paulo: Fósforo, 2021.
DE MORAES, Vinícius. A arca de Noé. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs 4. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1997.
INGOLD, Tim. “Trazendo as coisas de volta à vida”. Horizontes Antropológicos. Porto
Alegre, ano 18, n. 37, p. 25-44, jan./jun, 2012.
INGOLD, Tim. “Materiais contra a materialidade”. Estar vivo. Rio de Janeiro: Editora
Vozes, 2015.
NIETZSCHE, Friedrich. Segunda consideração intempestiva. Rio de Janeiro: Relume
Dumará, 2002.
PONGE, Francis. Partido das coisas. São Paulo: Editora Iluminuras, 2022.

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