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BELÉM-PA
2023
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BELÉM-PA
2023
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RESUMO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 13 – Curvas de perda de massa (TG) e taxa de perda de massa (DTG). ............................ 25
Figura 17 – Curvas de DTA para cinzas volantes de resíduos sólidos urbanos. ........................... 28
Figura 22 – Amostras: a) carvão mineral, b) caroço com fibra, c) caroço sem fibra. ................... 37
Figura 27 – Interface do programa “ImageJ” para conversão da escala de pixel para mm........... 43
Figura 38 – Curvas de redução de área (%) para cinzas de carvão mineral. ................................. 52
Figura 40 – Curvas de taxa de redução de área (%.°C-1) para cinzas de carvão mineral. ............. 53
Figura 41 – Curvas de taxa de redução de área (%.°C-1) para cinzas de caroço-de-açaí. ............. 54
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LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................11
2 JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................13
6 RESULTADOS ..........................................................................................................................45
7 CONCLUSÃO............................................................................................................................57
8. REFERÊNCIA ..........................................................................................................................60
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11
1 INTRODUÇÃO
O atual cenário energético exige medidas mais efetivas para o uso de fontes renováveis,
redução no desperdício de insumos e na geração de resíduos prejudiciais ao meio ambiente. O
Brasil ganha destaque com uma matriz energética diversificada dada ao aumento na oferta de
energia hidráulica e com redução no uso de fontes não renováveis (gás natural, carvão, petróleo e
derivados), com crescimento do setor renovável, figura 1, desde 2015 atingindo o total de 47,4%
em 2022 na oferta interna de energia (OIE) (EPE, 2023).
2 JUSTIFICATIVA
A Hydro possui três caldeiras de leito fluidizado para geração de vapor por meio do
processo de combustão de carvão mineral, sendo duas de leito borbulhante e uma de leito
circulante. A utilização de caroço-de-açaí em tais equipamentos é fundamental para uma
transição energética limpa., Diante disto, para o gerenciamento eficiente de tal resíduo, é
necessário compreender, por meio de suas propriedades físico-químicas, a forma como o caroço-
de-açaí e as cinzas geradas afetará o desempenho dos sistemas que compõem as caldeiras, de
modo a incentivar o seu uso na região, o que por sua vez irá garantir benefícios de ordem
ambiental, social e econômica e em longo prazo abrir oportunidades para a utilização de novos
resíduos.
14
3 OBJETIVO GERAL
4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
É importante ressaltar que algumas das espécies químicas presentes nas cinzas não
representam de fato sua composição inorgânica original, visto que algumas espécies volatizam
durante o processo de combustão e sua composição é geralmente representada em análises em
seu maior grau de oxidação, como SiO2, Al2O3, K2O, Na2O, CaO, MgO, F2O3, entre outros
(LOO, 2008). Deste modo é necessário avaliar não somente a composição química, mas também
quais são as substâncias formadas pelos elementos presentes assim como a temperatura na qual as
cinzas estarão sendo submetidas.
16
Si
Fe Al
Mg Cinzas Na
Ca K
P
Segundo LOO (2008) as cinzas podem ser divididas em dois grandes grupos:
inorgânicos inerentes à estrutura dos combustíveis e inorgânicos por contaminação externa (por
meio do solo ou outros matérias que irão se misturar ao combustível durante sua extração,
transporte e armazenamento).
17
Os problemas ocasionados pela sinterização das cinzas são fortemente influenciados por
potássio, sódio, cálcio, magnésio, cloro e fósforo, presentes em grande quantidade, situação
comum nas cinzas de biomassa (RUIZ, 2008). A combinação de elevados teores de metais
alcalinos (sódio e potássio) e silício tendem a formar compostos com baixo ponto de fusão o que
ocasiona a fusão parcial das cinzas na faixa entre 700ºC e 800°C (LLORENTE et al. 2006 e
NIEVA et al. 2015). Este fato causa problemas em caldeiras que operam com leitos a base de
areia devido a formação de compostos como Na2O2SiO2 e K2O4SiO2 cujas temperaturas de fusão
são respectivamente 874°C e 764°C (WERTHER et al. 2000). Outros compostos com baixo
ponto de fusão podem ser formados dependo das concentrações e condições de operação, tais
como Na2S2O7 (401°C), K2S2O7 (325°C) e Na3K3Fe2(SO4)6 (552°C) (PRONOBIS, 2005).
Compostos como CaO podem ser tanto benéficos quanto prejudiciais de acordo com sua
concentração dentro do sistema ternário K2O-CaO-SiO2 no qual elevados teores tendem a formar
compostos com elevado ponto de fusão, como o K2CaSiO4 cuja temperatura de fusão varia em
torno de 1600°C, todavia variações nas concentrações tendem a formar fases com temperaturas
de fusão em torno de 850°C (LLORENT 2008).
O Fe2O3 pode ser benéfico devido a preferência deste em reagir com compostos a base
de metais alcalinos, como exemplificado pelas reações 1 e 2 onde “X” representa
respectivamente potássio (K) e sódio (Na) cujas fases minerais formadas podem apresentar
temperaturas de fusão em torno de 1135°C (WERTHER et al. 2000).
A norma NBR 16586 é aplicada para produção de cinzas de carvão mineral cuja
temperatura de trabalho é de 775°C, enquanto a norma CEN/TS 14775 especifica uma
temperatura de 550°C para combustíveis sólidos em geral, sendo este procedimento amplamente
aplicado na caracterização de resíduos de biomassas (LOO, 2008).
a) b)
Fonte: https://thermodyneboilersblog.wordpress.com/2017/04/06/what-is-slagging-and-fouling-in-boilers.
O fenômeno de aglomeração, figura 7, é mais relevante em caldeiras de leito fluidizado
e ocorre quando partículas de cinzas começam a se unir a outras partículas devido a sinterização
o que origina aglomerados que dificultam o processo de fluidização e por consequência reduzem
a eficiência da transferência de calor do sistema (ROSENDAHL, 2013).
Por ser uma análise voltada para aplicação em cinzas de carvão mineral, quando
aplicado a biomassas a precisão diminui, ±60°C para a temperatura de deformação inicial (IT) e
±80°C para as demais temperaturas características (TENG et al. 2016).
Independente das limitações, os dados obtidos são usados para o controle da operação de
caldeiras e para a avaliação do comportamento térmico das cinzas justamente por ser um método
de observação empírica do fenômeno que serve de base para outras metodologias como cálculos
de equilíbrio químico e índices empíricos de sinterização (LV et al. 2021).
GUPTA et al. (1999) avaliou o novo método obteve uma correlação com as
temperaturas obtidas pela análise de AFT e identificou quatro temperaturas características
referentes a uma porcentagem de redução do volume dos corpos de prova de 25% (T25), 50%
(T50), 75% (T75) e 90% (T90) cujos resultados apresentaram uma precisão de ±10°C em
comparação ao método convencional, ±40°C. A TMA e as temperaturas adotadas por GUPTA et
al. (1999) vem sendo utilizadas em estudos sobre fusibilidade de cinzas por apresentar maior
precisão e permitirem uma melhor caracterização do fenômeno.
YAN et al. (2016) utilizou a análise de TMA em conjunto com a análise de DSC
(Calorimetria Exploratória Diferencial) para avaliar a reatividade das cinzas sintéticas do ponto
de vista endotérmico ou exotérmico. A figura 11 (a) representa o gráfico obtida por TMA na qual
é representado a redução da altura da amostra (%) e a taxa de redução (%.°C-1) em função da
temperatura.
A figura 11 (b) representa a curva de DSC que indica a variação de energia por massa da
amostra (mW.mg-1) indicando dois picos de reação endotérmica, o primeiro a 1225°C e segundo
a 1308°C. Três estágios relacionados ao fenômeno de fusão foram identificados com base nos
picos na curva da taxa de redução: estágio I-sinterização (1203°C a 1295°C), estágio II-fusão
primária (1295°C a 1389°C) e estágio III-líquido livre (1389°C a 1480°C).
O autor também avaliou a redução de área da seção transversal da amostra após a TMA
obtendo uma curva de redução de área, figura 11 (c). O autor conclui que o fenômeno de redução
da área no estágio I está relacionado à sinterização, enquanto no estágio II o aumento da área é
associado ao espalhamento da amostra devido a presença de fases minerais no estado líquido.
Para ambos os estágios a presença de picos endotérmicos reforçam a ocorrência do fenômeno de
mudança de fases relacionado a fusão.
TENG et al. (2016) avaliou seis amostras de cinzas de biomassa por TMA e identificou
dois estágios característicos do fenômeno de fusibilidade: sinterização e amolecimento. O autor
adota duas temperaturas para identificar o início de cada estágio, são elas Ts (Temperatura de
sinterização) e Tm (Temperatura de amolecimento), sendo esta última proposta no trabalho como
uma nova estimativa para o fenômeno de fusão e ambas são estimadas quando a taxa de redução
de área atinge 0,1%.°C-1, representado na figura 12 para a curva de cinzas de palha de milho.
A figura 13 exibe a curva de TG e DTG na qual é possível observar duas zonas de perda
de massa (Δm) em função da temperatura (°C) que resultam em dois picos da taxa de perda de
massa (dm.dT-1), um próximo de 150°C e outro em 350°C. É importante ressaltar que cinzas de
biomassa possuem componentes que volatizam em temperaturas convencionais de combustão,
tais como metais alcalinos (K e Na) e compostos de cálcio e silício (LOO, 2008).
O autor conclui que análise de TGA permite compreender com mais clareza o fenômeno
de fusão ao indicar perdas de massa associado à decomposição de certas componentes minerais
que volatizam em determinadas temperaturas, que pode ser um indicativo da fusão das cinzas.
Dados sobre a composição química das cinzas são extremamente importantes ao avaliar
uma biomassa em processos de combustão, pois de acordo com sua composição e as condições
de operação o fenômeno de sinterização pode ser intensificado ou reduzido. A principal
metodologia para obter dados de composição química é a Análise de Espectrometria de
Fluorescência de Raios-X (FRX) que permite identificar os componentes químicos presentes nas
cinzas na forma de óxidos (LOO, 2008).
BAGATINI et al. (2007) utiliza tal análise para caracterizar e avaliar a influência de
cada componente na fusibilidade das cinzas ao identificar quais são mais relevantes na elevação
ou diminuição da temperatura de fusão. Existe uma relação entre a composição química e a
fusibilidade das cinzas que pode ser utilizada para estimar índices empíricos que permitem prever
os fenômenos de sinterização (MARAVER et al. 2017).
O fato de tal índice levar em consideração apenas o efeito individual da sílica pode levar
a erros em análise de biomassa, principalmente na aplicação em caldeiras de leito fluidizado cuja
temperatura de operação gira em torno de 800°C a 900°C, onde sua reatividade com elementos
como potássio tende a diminuir a temperatura de fusão das cinzas.
A principal limitação na aplicação para cinzas de biomassas é o fato de tal índice ser
baseados na fusibilidade de cinzas de sistemas alumínio-silicato como é o caso do carvão mineral
(LOO, 2008). Outro fator relevante é a presença do pentóxido de fósforo (P2O5) que segundo
PROBOBIS (2005) os estudos sobre tal componente, quando em teores elevados, tende a
diminuir a temperatura de fusão das cinzas volantes, sendo necessário modificar o índice para
adicionar o teor de P2O5, equação 4.
31
A faixa de valores para a propensão a formação de depósitos são: abaixo de 0,5 (baixa),
0,5-1,0 (média), 1,0-1,75 (alta) e acima de 1,75 (extremamente alta) (MARAVER et al. 2017).
Embora a presença de metais alcalinos e alcalinos terrosos tenha efeito de diminuir a temperatura
de fusão, principalmente em contato com SiO2, algumas destas componentes, em certos sistemas,
tendem a elevar a temperatura, como é o caso do sistema ternário “K2O-CaO-SiO2” cuja elevação
na concentração de CaO em relação ao K2O tende a formar fases com elevado ponto de fusão
(TEIXEIRA et al. 2012).
∆𝐺 = ∆𝐻 − 𝑇∆𝑆 (6)
Autores como MAGDZIARZ et al. (2018), MORRIS (2021), LINK et al. (2022) e
DZAJI et al. (2022) utilizam o FactSage para calcular e estimar a composição de equilíbrio de
sistemas de cinzas de diversos combustíveis de modo a compreender e prever o fenômeno de
sinterização. Cada autor faz a seleção do banco de dados com base na composição de seus
respectivos materiais de. A tabela 1 exibe o banco de dados utilizado por cada autor.
Outro ponto em comum entre os autores é a faixa e o passo de temperatura utilizada nos
cálculos, onde quanto mais refinado for maior será o custo computacional. A tabela 2 exibe os
parâmetros de temperatura utilizados pelos autores:
O primeiro é referente à composição da fração sólida presente nas cinzas, figura 19,
onde a composição até 950°C consiste primariamente de KAlSi3O8, CaMgSi2O6, Na2Mg5Si12O30
e Mg2SiO4, com teores acima de 10%. As demais componentes ficaram abaixo de 5%.
O segundo é referente as frações de cinzas na fase líquida, figura 20, onde o início do
amolecimento começa por volta de 620°C cuja composição consiste de KCl, NaCl, K 2SO4 e
Na2O4, todavia suas concentração são muito baixas para serem exibidas separadamente. O
amolecimento se intensifica por volta de 990°C com cerca de 16,7% de massa líquida, onde
KAlSi3O8 se decompõe em SiO2 e KAlO2, e Na2Mg5Si12O30 se decompõe em NaAlO2 e SiO2.
O autor conclui que o mecanismo par o início amolecimento das cinzas para a amostra
20R/80DF consiste no comportamento eutético do KCl-K2SO4 e que há uma liberação de cloro
por volta de 700°C, visto que tal elemento não foi detectado acima desta temperatura pela análise
de Espectroscopia de energia dispersiva de raios-X (EDS), que permite identificar elementos
presentes em uma amostra.
36
5 MATERIAIS E MÉTODOS
Fonte: https://www.hydro.com/pt-BR/sobre-a-hydro/a-hydro-no-mundo/north-america/brasil/barcarena/alunorte/.
37
Nesta etapa foram obtidos dados experimentais acerca das propriedades físico-químicas
das cinzas de carvão mineral e caroço-de-açaí, com fibra e sem fibra, para avaliação do fenômeno
de sinterização e fusibilidade.
Para a realização desta pesquisa foram utilizados ao todo quatro materiais: dois tipos de
carvões minerais do tipo betuminoso, um tipo de caroço-de-açaí com fibra e outro sem fibra. Para
organização dos dados as amostras foram identificadas pelos códigos apresentados na tabela 3.
Figura 22 – Amostras: a) carvão mineral, b) caroço com fibra, c) caroço sem fibra.
região na qual existem valores de pico nos gráficos de DTG ou DTA para a realização dós
cálculos de extrapolação de temperatura.
A metodologia apresentada neste trabalho tem como referência a norma ASTM D1857
que especifica o procedimento para determinação de quatro temperaturas características ao
fenômeno de fusibilidade das cinzas de carvão mineral: deformação inicial (IT), amolecimento
(ST), hemisférica (HT) e fluida (FT). O procedimento padrão requer uma observação na mudança
da geometria do corpo de prova cônico em função da temperatura, figura 8. Dado a dificuldade
em garantir um meio de observar o fenômeno ao levar em consideração a segurança do operador
de modo a evitar interferências durante o aquecimento, foram sugeridas alterações à metodologia
padrão de modo a se obter dados quantitativos e uma observação empírica do fenômeno.
A inspeção da redução da área das amostras é realizada por meio de uma análise dos
pixels das fotos obtidas durante a análise. As fotos são avaliadas por meio do “ImageJ”, programa
computacional de linguagem e interface simples e intuitiva que permite a quantificação e
conversão dos pixels de uma imagem em função de uma imagem com escala padronizada.
A conversão dos pixels é realizada com base em uma foto com escala padronizada
(papel milimetrado com menor leitura de 1 mm). A figura 27 exibe a interface do programa onde
é feita a determinação da escala ao se medir uma linha em pixel (178 pixels) e fornecer a
distância de referência conhecida (10 mm no papel milimetrado). Com base nestas informações o
programa realiza a conversão de modo automático que servirá de base para a análise de outras
imagens na mesma escala.
43
Figura 27 – Interface do programa “ImageJ” para conversão da escala de pixel para mm.
Fonte: ImageJ.
A partir dos índices apresentados no tópico 4.4.4 deste trabalho (teor de sílica, razão
entre compostos básicos e ácidos e índice de aglomeração do leito) será realizado uma avaliação
do grau de sinterização referente a cada índice e comparado com os dados experimentais obtidos
pela análise de fusão por redução de área (ARF). Os dados necessários para os cálculos dos
índices são referentes à análise de composição química das cinzas obtidas por análise de
espectrometria de fluorescência de raios-x (FRX). Os dados devem ser utilizados em
porcentagem mássica de modo a representar a composição das cinzas.
A avaliação e apuração dos conjuntos de dados é a parte mais importante antes do início
da simulação, pois é nesta etapa em que são eliminados quaisquer dados que possam ser
redundantes ou irrelevantes para os cálculos dos sistemas de cinzas. Após a obtenção dos dados
serão gerados dois tipos de gráficos para cada amostra: um gráfico com as frações sólidas das
principais componentes em função e outro com as frações líquidas, ambos em função da
temperatura, de modo a se identificar quais componentes e em que temperatura ocorrem a
sinterização e fusão das cinzas.
6 RESULTADOS
O fato das cinzas de carvão mineral apresentarem elevados teores de SiO2 e Al2O3
sugere elevadas temperaturas de fusão. A amostra de caroço com fibra (CCF-01) apresenta
elevados teores de SiO2, K2O e P2O5 o que indica uma tendência a formar compostos com baixo
ponto de fusão. A amostra de caroço sem fibra (CSF-01) tenderá a formar fases com baixo ponto
de fusão devido aos elevados teores de K2O que tenderão a reagir com SiO2, todavia, a presença
de elevados teores de Fe2O3 pode vir a neutralizar o potássio (K) formando fases com elevado
ponto de fusão, como abordado por WERTHER et al. (2000).
Elementos secundários (entre 10% e 1%) não podem negligenciados devido à influência
na reatividade de cada sistema de cinzas, como a presença do Fe2O3 nas cinzas de carvão mineral
devido à reatividade com o K2O. Para as amostras de caroço-de-açaí a presença de CaO junto do
K2O e SiO2 tenderá a formar fases com elevado ou baixo ponto de fusão (LLORENT et al. 2008).
Elementos terciários (abaixo de 1%) podem ser negligenciados dado sua baixa
concentração como é o caso do P2O5 para as amostras de carvão mineral (CM-01 e CM-02), TiO2
para o caroço com fibra (CCF-01) e ZnO para o caroço sem fibra (CSF-01).
O primeiro ponto a ser observado são as curvas de DTG obtidas pela análise
termogravimétrica (TGA) para identificação das regiões de perda de massa. As amostras de
carvão mineral (CM-01 e CM-02), figura 28, apresentaram sinais de perda de massa acima de
800°C cujas temperaturas de pico de DTG ocorrem por volta de 1000°C ou acima. A reatividade
pode ser associada à liberação de enxofre presentes em ambas às amostras.
O segundo ponto a ser avaliado são as curvas de DTA que indicam de modo qualitativo
se as amostras reagem de modo endotérmico ou exotérmico. As curvas para as amostras de
carvão mineral (CM-01 e CM-02), figura 29, apresentaram um pico endotérmico acima de 700°C
e um exotérmico acima de 900°C.
O 1° pico foi identificado entre 600-700°C para ambas as amostras com temperaturas de
pico de 676°C (CCF-01) e 641°C (CSF-01). O 2º pico foi identificado entre 800-900°C para
ambas as amostras com temperaturas de pico de 840°C (CCF-01) e 858°C (CSF-01).
A figura 32 exibe a fração mássica (sólido, líquido e gasoso) presente nas cinzas de
carvão mineral. O primeiro ponto a ser observado é que para ambas as amostras de carvão (CM-
01 e CM-02) não há a presença de fase líquida, o que indica que não ocorre o processo de fusão
na faixa de temperatura de 700-1000°C. O segundo ponto é a formação de fase gasosa por volta
de 950°C, com cerca de 0,17% (CM-01) e 0,27% (CM-02) em massa.
49
A composição da fase líquida para a amostra de caroço com fibra (CCF-01) é formada
predominantemente por SiO2 e K2O com cerca de 64% e 26% em massa respectivamente. A fase
líquida para a amostra de caroço sem fibra (CSF-01) é formada predominantemente por SiO2 e
K2O com cerca de 33% e 40% em massa respectivamente. A presença dos picos endotérmicos
por volta de 700ºC, como observado na figura 31 podem ser relacionadas a formação da fase
líquida, visto que processos de mudança de fase são de caráter endotérmico. A presença do 2°
pico de DTG entre 800-900°C, como observado nas figuras 30, pode ser um indício de liberação
de cinzas volantes, pois não foi observado a formação de fases gasosas pelos cálculos do
FactSage, todavia uma análise mais detalhada da composição deverá ser realizada para justificar
a presença do pico exotérmico em 900°C, figura 31.
A partir da medição da área da seção transversal das amostras foram obtidos dois
gráficos para avaliar o grau de redução e associa-los ao fenômeno de sinterização e fusão: gráfico
de redução de área (%), figura 38 e 39, e taxa de redução de área (%.°C-1), figura 40 e 41.
52
Figura 40 – Curvas de taxa de redução de área (%.°C-1) para cinzas de carvão mineral.
A tabela 5 exibe os valores dos índices de sinterização apresentados no item 4.4.4 deste
trabalho. Os índices avaliados são: teor de sílica (SiO2), razão entre compostos básicos e ácidos
(RB/A) e índice de aglomeração do leito (BAI). Os índices aqui calculados serão utilizando
somente a composição do combustível como se fosse utilizado isoladamente na caldeira.
Para a amostra de caroço sem fibra (CSF-01) o índice sugere baixo grau de sinterização
por silicatos, fato este devido à baixa concentração de SiO2, todavia tal amostra apresenta um
elevado grau de sinterização como observado pela análise de fusão por redução de área, logo
podemos concluir que a formação de fases líquidas não será formada predominantemente por
SiO2, mas sim K2O, como calculado pelo FactSage, com cerca de 40%.
O índice para o caroço com fibra (CCF-01) sugere um médio grau de sinterização
devido aos elevados teores de K2O, P2O5 e SiO2, enquanto o caroço sem fibra (CSF-01) apresenta
um elevado grau de sinterização devido aos elevados teores de K2O e P2O5 e baixos teores de
SiO2. Os resultados de análise de fusão por redução de área e equilíbrio químico evidenciam o
contrário para ambas as amostras de caroço-de-açaí.
56
O caroço com fibra apresenta maior fração de fase líquida (via FactSage) e redução de
área mais intensa que o caroço sem fibra. Tal contradição pode estar relacionado ao princípio do
índice onde óxidos ácidos como o SiO2 tendem a elevar o ponto de fusão, enquanto óxidos
básicos como K2O e P2O5 tendem a diminuir o ponto de fusão, logo a presença de elevados teores
de SiO2 podem elevar a temperatura de fusão, todavia na presença de elevados teores de K2O
haverá a formação de fases com baixa temperatura de fusão, como é observado para ambas
amostras de caroço-de-açaí.
7 CONCLUSÃO
Os dados de TGA permitiram identificar regiões de reatividade por perda de massa por
meio dos picos de DTG:
A fase gasosa para o carvão mineral é composta por cerca de 62% de SO2 dado a
decomposição térmica do K2Mg2(SO4)3.
A amostra de caroço com fibra (CCF-01) apresentou fase líquida na faixa de
700-1000°C composta por cerca de 64% de SiO2 e 26% de K2O.
A amostra de caroço sem fibra (CSF-01) apresentou fase líquida na faixa de 850-
1000°C com 33% de SiO2 e 40% de K2O.
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