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Colégio Naval

Aluno do Colégio Naval

Biologia

Genética e Evolução: Teorias pré-Darwinistas da evolução das espécies; Teoria sintética da


evolução; Hipóteses sobre a origem do Universo, da Terra e dos seres vivos................................1
Hereditariedade e diversidade da vida. Lei de Mendel e os princípios básicos que regem a
transmissão de características hereditárias; Mutações gênicas e cromossômicas.........................4
Ecologia e Meio Ambiente: Populações e Comunidades; Conceito de Espécie, População e
Comunidade Biológica; Ecossistemas: fatores bióticos e abióticos; Habitat e nicho ecológico;
Cadeia alimentar, teia alimentar, sucessão ecológica e comunidade clímax; Interações entre os

Biologia
seres vivos (relações intraespecíficas e relações interespecíficas)...............................................37
Planeta Terra em transformação: Universo, Sistema Solar e Terra: Origem, Forma, Estrutura e
Movimentos da Terra;.....................................................................................................................41
Efeito Estufa e outras transformações na Terra: El Niño, Mudanças Climáticas, Poluição da
água, do solo e do ar e Erosão. desmatamento e conservação da biodiversidade.......................46
Ciclos biogeoquímicos (ciclos da água, carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e fósforo).......62
Biomas brasileiros..........................................................................................................................63
Saúde Pública e Saneamento: Noções de saneamento básico e suas relações com a qualidade
de vida das populações humanas..................................................................................................71
Aspectos biológicos da pobreza e do desenvolvimento humano; Indicadores sociais, ambientais
e econômicos; Índice de desenvolvimento humano......................................................................79
Agentes causadores de doenças: caracterização de vírus e bactérias; Os principais parasitas
humanos (ectoparasitas e os endoparasitas) e as medidas preventivas de saúde.......................79
Epidemias recorrentes e pandemias..............................................................................................99
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Agenda 2030...........................................................126
Seres Vivos - Características Gerais: Organização celular (membrana plasmática, citoplasma,
organelas e núcleo); Divisão celular (mitose e meiose); Metabolismo energético (fotossíntese
e respiração celular).....................................................................................................................143
Classificação dos seres vivos: procariontes e eucariontes; sistema de cinco Reinos (Monera,
Protista, Fungi, Plantae e Animalia).............................................................................................220
Funções vitais dos seres vivos e adaptação ao ambiente. Corpo Humano e Fisiologia Humana:
Antígenos e anticorpos; Soros e Vacinas; Grupos sanguíneos, transplantes e doenças
autoimunes. Coordenação das funções vitais dos seres humanos: o sistema nervoso e o
sistema endócrino; Reprodução humana....................................................................................226
Doenças Sexualmente Transmissíveis e métodos contraceptivos..............................................269
Alimentação e saúde: carboidratos, proteínas e lipídios; Transtornos alimentares.....................276
Exercícios.....................................................................................................................................287
Gabarito........................................................................................................................................292

Apostila gerada especialmente para: Histórias do Igor 195.701.847-01


Genética e Evolução: Teorias pré-Darwinistas da evolução das espécies; Teoria sinté-
tica da evolução; Hipóteses sobre a origem do Universo, da Terra e dos seres vivos

A Teoria da Evolução descreve o desenvolvimento das espécies que habitavam ou habitam o planeta Terra.
Assim, as espécies atuais descendem de outras espécies que sofreram modificações ao longo do tempo e
transmitiram novas características aos seus descendentes.
Charles Darwin, autor de “Origem das Espécies” (1859) é um dos grandes nomes sobre teorias relacionadas
ao evolucionismo. A sua teoria baseia-se na seleção natural das espécies e é aceita até hoje.
Quais são as teorias da evolução?
Quando nos referimos à evolução das espécies, as teorias criadas baseiam-se em duas vertentes:
Criacionismo: As forças divinas são responsáveis pelo surgimento do planeta e de todas as espécies exis-
tentes. Nesse caso, não houve nenhum processo evolutivo e as espécies são imutáveis. Essa teoria relacio-
na-se com questões religiosas.
Evolucionista: Propõe a evolução das espécies por meio da seleção natural conforme ocorrem as mudan-
ças ambientais.
Criacionismo
A Teoria da Criação ou “Criacionismo” aponta para a origem do Universo e da vida através de explicações
mítico-religiosas, as quais não estariam sujeitas às evoluções ou transformações ocorridas na evolução das
espécies e sim de um Criador.
O criacionismo destaca-se como oposta à ciência evolutiva, sendo discutido por diversas civilizações e
gerando diversas hipóteses acerca da criação do mundo, sendo que cada religião o abordou de diferentes
maneiras.
Lamarckismo
O naturalista francês Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) foi muito importante para o desenvolvimento
das ideias evolucionistas, tendo publicado o livro «Filosofia Zoológica» com suas conclusões em 1809. O con-
junto de suas teorias é denominado de “Lamarckismo”.
Ele propunha a “Lei do uso e desuso” que consistia no desenvolvimento ou atrofiamento de partes do corpo,
de acordo com seu uso ou desuso, respectivamente. Com isso, tais características seriam passadas ao longo
do tempo para as gerações seguintes, o que ele explicou na “Lei da transmissão dos caracteres adquiridos”.
Darwinismo
A teoria da evolução das espécies tem como principal articulador o naturalista britânico Charles Darwin
(1809-1882) sendo o conjunto de suas teorias evolutivas nomeada de «Darwinismo”.
Darwin afirmou que os seres vivos, inclusive o homem, descendem de ancestrais comuns, que modificam-
-se ao longo do tempo. Assim, as espécies existentes foram evoluindo de espécies mais simples que viveram
antigamente.
A seleção natural foi o princípio utilizado por Darwin para defender a sua teoria. Desse modo, somente as
espécies adaptadas às pressões do ambiente, são capazes de sobreviver, se reproduzir e gerar descendentes.
A partir de suas observações e pesquisas, as principais ideias de Darwin foram:
Indivíduos de uma mesma espécies apresentam diferenças entre si, resultado de variações entre as suas
características;
Indivíduos com características vantajosas às condições do ambiente possuem mais chances de sobreviver
do que aqueles que não apresentam tais características;
Indivíduos com características vantajosas também possuem mais chances de deixar descendentes.
Quando falamos da teoria da evolução de Charles Darwin não podemos deixar de mencionar outro perso-
nagem, o naturalista britânico Alfred Russel Wallace (1823-1913). Ele desenvolveu uma teoria semelhante a de

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Darwin sobre a evolução das espécies.
Wallace enviou a Darwin os seus manuscritos e em 1858 a teoria da evolução foi publicada no nome dos
dois naturalistas. Porém, por Charles Darwin ser mais reconhecido, acabou por receber o mérito e prestígio de
criador da teoria.
Neodarwinismo
O Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução surgiu no século XX e caracteriza-se pela união dos estu-
dos de Darwin, principalmente a seleção natural, com as descobertas na área da genética.
Isso porque na época dos primeiros estudos evolucionistas, ainda não se conhecia como funcionava o me-
canismo de hereditariedade e mutação, os quais só foram desvendados tempos depois a partir dos estudos de
Gregor Mendel.
A influência atual dos estudos sobre a evolução pode ser percebida em todas áreas da biologia, destacando-
-se a citologia, que estuda as células, e a sistemática, responsável pela classificação biológica.
O neodarwinismo é a teoria aceita pela ciência para explicar a evolução das espécies.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/teoria-da-evolucao/
Quando se fala em evolução,temos que utilizar um ponto de partida.Para entender como ela ela fun-
ciona,precisamos estar bem familiarizados com os mecanismos que fazem com que ela aconteça.
Existem basicamente dois tipos de mecanismos evolutivos.Aqueles que criam variação,e aqueles
que são responsáveis pela distribuição dessas variações nas populações.Sendo assim,podemos dizer
que os mecanismos que geram variação são o substrato de ação para os mecanismos que são respon-
sáveis por determinar a frequência das variações.E vamos ao que interessa:
MECANISMOS QUE SÃO RESPONSÁVEIS PELO SURGIMENTO DA VARIAÇÃO GENÉTICA NA
POPULAÇÃO:
1-Mutação
Sempre que uma molécula de DNA se replica,a sua cópia pode acabar contendo erros.Como eu já
havia explicado anteriormente,por mais eficiente que seja a DNA polimerase de um organismo,sempre
haverá mutações.As mutações podem ser nucleotídicas ou cromossômicas.
Mutações nucleotídicas são aquelas que ocorrem nas menores unidades genéticas:os genes.Um
gene é formado por vários nucleotídeos,e quando um nucleotídeo é trocado,há uma mutação.Essa mu-
tação pode ser silenciosa,fazendo que o produto proteico de um gene mutado seja igual ao original;Po-
de ser sinônima,quando o produto proteico produzido pelo gene mutado é similar ao original;E também
podem ocorrer mutações onde o produto do gene mutado seja bem diferente do gene original.
Mutações cromossômicas são mutações que modificam o DNA de um organismo a nível genômico,e
são caracterizadas por inversões,deleções,e até mesmo duplicações,fatores que podem alterar subs-
tancialmente a genética dos organismo.
2-Recombinação
Vocês já devem ter ouvido falar na meiose,um tipo de divisão celular especial,que principalmente em
animais,está envolvido na formação de células germinativas ou gametas.Neste tipo de divisão celular,o
objetivo é justamente aumentar a variabilidade genética.Mas preste bem atenção:A recombinação não
cria novos genes,e sim,novos genomas.Quando a meiose acontece,os cromossomos homólogos do pai
e da mãe se pareiam,e trocam pedaços de genes entre si,e isto faz com que seja originada variabilidade
genética a partir desse mecanismo.Caso não houvesse recombinação,seríamos muito parecidos e nos-
sos irmãos seriam idênticos a nós.Nós,seres humanos,possuímos um genoma com aproximadamente
30.000 genes.Levando em conta que todos esses genes possuem pelo menos 2 alelos diferentes,o
número teoricamente possível de genótipos humanos seria de 2x10^30.000,um número absurdamente
grande.

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Mecanismos que são responsáveis pela distribuição da variação genética
3-Migração
A ideia é muito simples de compreender.É bom relembrar que as mudanças evolutivas acontecem
em populações.E muitas vezes,as populações são conjuntos genéticos abertos,quando os organis-
mos dessa espécie apresentam uma certa capacidade de dispersão.Sendo assim,considerando duas
populações,nos quais os indivíduos tem uma certa capacidade de dispersão,pode acontecer,de uma
população conter um determinado genótipo que na outra população não esteja presente.Se ocorrer a
migração,uma nova variação genética pode ser trazida para a outra população,e de certa forma,a migra-
ção também seria um mecanismo que traz novas variações genéticas,uma vez que estamos falando de
populações.Se uma quantidade substancial de indivíduos de uma população migrar para a outra,isto
pode fazer com que as frequências genotípicas na população “alvo” se modifiquem.
4-Seleção Natural
O mecanismo proposto por Charles Darwin é o principal responsável pela distribuição da variação
genética.A seleção natural parte do pressuposto de que indivíduos com genótipos diferentes possuem
valores adaptativos diferentes,no qual os mais adaptados geram mais filhos e/ou sobrevivem por mais
tempo.Este valor adaptativo pode ser determinado por fatores abióticos,como a temperatura,pres-
são,pH,nível de salinidade,quantidade de O2,etc...;bióticos,como predadores,competidores e parasi-
tas;ou também podem ser determinados por fatores intrínsecos do organismo,como é o caso de genes
letais,que reduzem o valor adaptativo a praticamente zero.
EXISTEM BASICAMENTE 3 TIPOS DE SELEÇÃO;
Seleção Estabilizadora:Este tipo de seleção mantém os fenótipos intermediários e tende a excluir os
extremos.É o caso dos bebês humanos,em que os que têm peso muito baixo são muito fracos e tendem
a morrer,e também os maiores bebês passam por uma dificuldade maior no parto.
Seleção direcional:Talvez o tipo mais intuitivo de seleção.Quando imaginamos a seleção natural
agindo,logo imaginamos a seleção do mais forte,ou mais alto,ou mais inteligente.Sendo assim,na sele-
ção direcional,um indivíduo que possui um genótipo que se situa em um dos extremos tende a ter um
valor adaptativo maior do que todo o resto.Um exemplo é a cor da pele na África,em que as peles mais
escuras são mais vantajosas sobre as demais.É interessante frisar que este tipo de seleção reduz a
variabilidade genética.
Seleção disruptiva:Este tipo de seleção é parecido com a seleção direcional,mas com a diferença de
que os dois genótipos extremos são selecionados.Um exemplo são os tentilhões de Galápagos,no qual
os mais adaptados ou tem bicos grandes,ou tem bicos pequenos.
5-Deriva genética
E por último,o mecanismo evolutivo que com certeza os leigos estão menos familiarizados.A deriva
é um processo totalmente aleatório,e parte do pressuposto de que os gametas se encontram ao acaso
e por isso as frequências gênicas das gerações sempre tendem a desviar um pouco das frequências
gênicas das gerações anteriores.Imagine dois lançamentos de moedas.Em um desses lançamentos,-
você lança 1.000 moedas,e no outro,você lança apenas 5 moedas.A pergunta:em qual dos lançamentos
existe a maior probabilidade de se chegar mais perto de 50%caras/50% coroas,e em qual dos lança-
mentos existe a maior probabilidade de discrepâncias entre caras e coroas.Pela probabilidade,é muito
mais provável haver discrepância no lançamento de 5 moedas do que no de 1000 moedas.Isto também
se aplica a populações de seres vivos.Quanto menor for uma população,maior é a chance da deriva
genética atuar em grande escala,fixando um alelo que pode até mesmo ser prejudicial,pois numa popu-
lação pequena,é muito mais fácil este mesmo alelo “atingir” a população inteira do que numa população
grande.
ORIGEM DA VIDA
Até o presente momento, a Teoria do Big Bang é utilizada para explicar o surgimento da Terra. Acredi-
ta-se que nosso planeta formou-se há 4,5 bilhões de anos e, durante cerca de um bilhão de anos, sofreu
processos importantes, como seu resfriamento, viabilizando o surgimento da vida.

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→ Abiogênese x Biogênese
Estudiosos mais antigos acreditavam que os seres vivos surgiam espontaneamente da matéria bruta
– a hipótese da geração espontânea, também chamada de abiogênese. Entretanto, por meio de diver-
sos experimentos executados por cientistas, como Redi, Needham, Spallanzani e Pasteur, foi possível
descartar essa hipótese, adotando a biogênese, que afirma que os micro-organismos surgem a partir
de outros preexistentes.
→ Evolução química
Embora tenha respondido a uma grande questão, a biogênese não explica como ocorre o processo
de surgimento de uma espécie a partir de outra. Assim, existem algumas explicações para tal, sendo
a origem por evolução química a mais aceita pela categoria científica. Essa teoria propõe que a vida
surgiu a partir do arranjo entre moléculas mais simples, arranjo esse aliado a condições ambientais
peculiares, o que resultou na formação de moléculas cada vez mais complexas até o surgimento de
estruturas dotadas de metabolismo e capazes de se autoduplicar, dando origem aos primeiros seres
vivos. Oparin, Haldane e Miller são os precursores dessa hipótese.
→ Hipótese autotrófica
Atualmente, acredita-se que o primeiro ser vivo era autotrófico. Dois motivos justificam sua ampla
aceitação: 1) até o surgimento da fotossíntese, o planeta provavelmente não apresentava moléculas
orgânicas suficientes para sustentar as multiplicações dos primeiros seres vivos; 2) em razão da insta-
bilidade do planeta, esses organismos só conseguiriam sobreviver se estivessem em locais mais prote-
gidos, como fontes termais submarinas dos mares primitivos. Assim, a hipótese autotrófica sugere que
os primeiros seres vivos surgiram primeiramente em ambientes mais extremos, nutrindo-se a partir da
reação entre substâncias inorgânicas, tal como algumas archaeas atuais: processo esse denominado
de quimiossíntese. Essa hipótese sugere ainda que, a partir desses primeiros seres vivos, surgiram
aqueles capazes de realizar fermentação, depois os fotossintéticos e, por último, os seres heterotrófi-
cos.
Acredita-se que esses primeiros indivíduos eram procarióticos, compartilhando diversas semelhan-
ças com as arqueas. A célula eucariótica provavelmente surgiu há dois bilhões de anos.

Hereditariedade e diversidade da vida. Lei de Mendel e os princípios básicos que re-


gem a transmissão de características hereditárias; Mutações gênicas e cromossômicas

A Genética nasceu das pesquisas de Gregor Johann Mendel. Monge agostiniano, professor de Física e His-
tória Natural desenvolveu seu trabalho durante os anos de 1845 a 1865 com alunos secundaristas em Brunn,
hoje Brno, maior cidade da República Tcheca, cultivando ervilhas de jardim (Lathyrus odoratus) tentando escla-
recer o comportamento de algumas das características.
Mendel não foi o primeiro a se dedicar ao estudo da hereditariedade, mas foi o que obteve resultados posi-
tivos, devido sua capacidade de interpretar corretamente os resultados dos cruzamentos feitos. Seu trabalho
assíduo e paciencioso foi o de cultivar e analisar cerca de 10.000 plantas de ervilhas, para elaborar suas duas
leis que formaram as bases da Genética, até então.
As Leis de Mendel publicadas em 8 de fevereiro de 1865 no Proceedings of Natural History Society of Brunn
podem ser assim resumidas: 1º - Os caracteres herdados são produzidos por “fatores” independentes que se
transmitem inalterados, de geração a geração; e 2º - Estes fatores se apresentam aos pares nos indivíduos,
cada um deles originário de cada um dos pais; geralmente um domina o outro, e é chamado dominante, ao
passo que o outro, mais fraco, cujos efeitos desaparecem numa geração é chamado recessivo. Na formação
de gametas, os dois fatores de cada par em cada um dos pais, se separam ou segregam, e apenas um de cada
par vai para o descendente. Qualquer gene de um determinado par que vai para um dado gameta, independe
de qualquer outro par que vai para o mesmo gameta.
Os trabalhos de Mendel ficaram obscurecidos por cerca de 35 anos sendo então descobertos por três pes-
quisadores independentes, em 1900. Foram eles Correns, na Alemanha; Tchesmak, na Áustria e De Vries, na
Holanda.

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Mendel, de posse dos trabalhos anteriores a ele que não tiveram sucesso, abordou a questão da heredita-
riedade com visão moderna para a época. Escolheu sete características facilmente identificáveis e que não se
modificavam com o ambiente, autocruzou as plantas e obteve estabilidade das características a serem anali-
sadas. Eram elas: forma da semente, cor dos cotilédones, cor da casca da semente, forma da vagem, cor da
vagem imatura, posição das flores e comprimento do caule.
Os resultados de Mendel foram tão bem sucedidos que até hoje se estuda características governadas por
um ou dois genes em todas as plantas, principalmente as cultivadas.
As Leis de Mendel são um conjunto de fundamentos que explicam o mecanismo da transmissão hereditária
durante as gerações.
Os estudos do monge Gregor Mendel foram à base para explicar os mecanismos de hereditariedade. Ainda
hoje, são reconhecidos como uma das maiores descobertas da Biologia. Isso fez com que Mendel fosse consi-
derado o “Pai da Genética”.
Em seus experimentos, Mendel teve o cuidado de utilizar apenas plantas de linhagens puras, por exemplo,
plantas de sementes verdes que só originassem sementes verdes e plantas de sementes amarelas que só
originassem sementes amarelas. Você deve estar se perguntando, como Mendel sabia que as plantas eram
puras? Pois bem, para que ele tivesse certeza de qual planta era pura, ele as observava durante seis gerações,
período de aproximadamente dois anos. Se durante essas gerações as plantas originassem indivíduos dife-
rentes da planta inicial, elas não eram consideradas puras, mas se ocorresse o contrário e elas só originassem
descendentes com as mesmas características da planta inicial, eram consideradas puras.
Primeira Lei de Mendel ou Princípio da Segregação ou Lei da pureza dos gametas:
Mendel concluiu que os padrões hereditários são determinados por fatores (genes) que ocorrem em pares
em um indivíduo, mas que segregam um do outro na formação das células sexuais (gametas) de modo que
qualquer gameta recebe apenas um ou outro alelo pareado. O número duplo de genes é então estabelecido na
prole.
Mendel observou que as diferentes linhagens de um ancestral comum para os diferentes caracteres esco-
lhidos, eram sempre puras, isto é, não apresentavam variações ao longo das gerações. Por exemplo, a linha-
gem que apresentava sementes da cor amarela produziam descendentes que apresentavam exclusivamente a
semente amarela. O mesmo caso ocorre com as ervilhas com sementes verdes. Essas duas linhagens eram,
assim, linhagens puras. Mendel resolveu então estudar esse caso em especifico.
A flor de ervilha é uma flor típica da família das Leguminosae. Apresenta cinco pétalas, duas das quais estão
opostas formando a carena, em cujo interior ficam os órgãos reprodutores masculinos e femininos. Por isso,
nessa família, há autofecundação, ou seja, o grão de pólen da antera de uma flor cair no pistilo da própria flor,
não ocorrendo fecundação cruzada. Logo, para cruzar uma linhagem com a outra era necessário evitar a au-
tofecundação.
Mendel escolheu alguns pés de ervilha de semente amarela e outros de semente verde, emasculou as flores
ainda jovens, ainda não-maduras. Para isso, retirou das flores as anteras imaturas, tornando-as, desse modo,
completamente femininas. Depois de algum tempo, quando as flores se desenvolveram e estavam maduras,
polinizou as flores de ervilha amarela com o pólen das flores verdes, e vice-versa. Essas plantas constituem
portanto as linhagens parentais. Os descendentes desses cruzamentos constituem a primeira geração em es-
tudo designada por geração F1, assim como as seguintes são designadas por F2.
A Primeira Lei de Mendel também recebe o nome de Lei da Segregação dos Fatores ou Moibridismo. Ela
possui o seguinte enunciado:
“Cada caráter é determinado por um par de fatores que se separam na formação dos gametas, indo um fator
do par para cada gameta, que é, portanto, puro”.

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▪ Geração F1:
Todas as sementes obtidas em F1, foram amarelas, portanto iguais a um dos pais. Uma vez que todas as
sementes eram iguais, Mendel plantou-as e deixou que as plantas quando florescessem, autofecundassem-se,
produzindo assim a geração F2.
▪ Geração F2:
As sementes obtidas na geração F2 foram amarelas e verdes, sempre na proporção de 3 para 1.
Interpretação dos resultados:
Para explicar a ocorrência de somente sementes amarelas em F1 os dois tipos em F2, Mendel admitiu a
existência de fatores que passassem dos pais para os filhos por meio dos gametas, que são haplóides em
relação ao conjunto cromossômico. Cada fator seria responsável pelo aparecimento de um caráter. Assim,
existiria um fator que condiciona o caráter amarelo e que podemos representar por A, e um fator que condiciona
o caráter verde e que podemos representar por v. Quando a ervilha amarela pura é cruzada com uma ervilha
verde pura, o híbrido F1, recebe o fator A e o fator v, sendo portanto, portador de ambos os fatores. As ervilhas
obtidas em F1 eram todas amarelas, isso quer dizer que, embora tendo o fator v para verde, esse não se ma-
nifestou. Mendel chamou de dominante o fator que se manifesta em F1, e de recessivo o que não aparece. Já
os indivíduos em F2 ocorrem sempre na proporção de 3 dominantes para 1 recessivo.
Mendel chegou à conclusão de que o fator para verde só se manifesta em indivíduos puros, ou seja com
ambos os fatores iguais a v. Em F1 as plantas possuiam tanto os fatores A quanto o fator v sendo, assim, ne-
cessariamente amarelas. Podemos representar os indivíduos da geração F1 como Av. Logo, para poder formar
indivíduos vv na geração F2 os gametas formados na fecundação só poderiam ser vv.
O fenômeno só seria possível se ao ocorrer a fecundação houvesse uma segregação dos fatores A e v pre-
sentes na geração F1, esse fatores seriam misturados entre os fatores A e v provenientes do pai e os fatores A
e v provenientes da mãe, tendo como possíveis resultados AA, Av, Av e vv.
Esse fato foi posteriormente explicado pela meiose, que ocorre durante a formação dos gametas. Mendel
havia criado então sua teoria sobre a hereditariedade e da segregação dos fatores.
→ Cruzamento monoíbrido: Aquele no qual apenas um caráter está sendo considerado.
I) Dominância completa: Situação na qual um dos alelos de um gene se expressa totalmente em relação
ao outro alelo também presente. Ao realizar o cruzamento monoíbrido entre dois indivíduos homozigotos, um
verde e outro amarelo, todos os filhos nascem amarelos, como um dos genitores. O caráter expresso é deno-
minado dominante e outro, recessivo.
II) Dominância incompleta: Situação na qual um dos alelos de um gene se expressa parcialmente em relação
ao outro alelo também presente. Ocorre em indivíduos heterozigóticos que apresentam fenótipos intermédios
entre os seus progenitores de linhagens puras, isto acontece porque uma única copia do gene funcional não ser
suficiente para assegurar o fenótipo, em outras palavras, a expressão gênica de um único gene não é suficiente
para produzir uma quantidade mínima de enzima, por exemplo.
Cor das pétalas da flor “maravilha”:
A cor das pétalas pode ser, quando em homozigose, vermelha ou branca. O cruzamento de linhagens puras
dos dois tipos origina uma flor rosa, ou seja, com características intermédias às dos progenitores. Isto acontece
porque a expressão gênica de um único alelo para pétalas vermelhas, não é capaz de produzir uma dada quan-

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tidade de enzima e, conseqüentemente, pigmento vermelho suficiente para dar à pétala a cor vermelha. Assim,
a pouca quantidade de pigmento vermelho origina a cor rosa.
-Proporção fenotípica: 1:2:1
-Proporção genotípica: 1:2:1
III) Codominância: Condição de heterozigotos na qual os dois membros de um par de alelos contribuem para
o fenótipo, o qual é então uma mistura das características fenotípicas produzidas por ambas as condições ho-
mozigotas. Em outras palavras, o indivíduo heterozigoto que apresenta dois genes funcionais, produz os dois
fenótipos, isto é, ambos os alelos do gene em um indivíduo diplóide se expressam, produzindo proteínas distin-
tas, que são detectadas isoladamente. Nessa interação entre alelos de um gene não há relação de dominância.
Cor da pelagem de bovinos da raça Shorthorn:
A raça possui genes para as pelagens vermelha e branca. O cruzamento entre indivíduos homozigotos para
as características vermelha (R1R1) e branca (R2R2) produz uma prole (R1R2) cuja pelagem a distância parece
cinzaavermelhada ou cor ruão. Superficialmente, esse caso parece ser de dominância incompleta, porém o
exame minucioso revela que os ruões apresentam uma mistura de pêlos vermelhos e brancos, em vez de pêlos
de tonalidade intermediária.
-Proporção fenotípica: 1:2:1
-Proporção genotípica: 1:2:1
Tipos sangüíneos:
O tipo sanguíneo humano, apresenta 3 alelos IA, IB e i. Portanto, existem 6 genótipos diferentes que origi-
nam 4 fenótipos diferentes: A, B, AB e O.
IA IA / IA i → Tipo A
IB IB / IB i → Tipo B
IA IB → Tipo AB, no qual são expressos os dois antígenos de membrana.
i i → Tipo O
Uma vez constatado que as plantas eram puras, Mendel escolheu uma característica, por exemplo, plantas
puras de sementes amarelas com plantas puras de sementes verdes, e realizou o cruzamento. Essa primeira
geração foi chamada de geração parental ou geração P. Como resultado desse cruzamento, Mendel obteve to-
das as sementes de cor amarela e a essa geração denominou de geração F1. Os indivíduos obtidos nesse cru-
zamento foram chamados por Mendel de híbridos, pois eles descendiam de pais com características diferentes.
Em seguida, Mendel realizou uma autofecundação entre os indivíduos da geração F1, chamando essa se-
gunda geração de geração F2. Como resultado dessa autofecundação, Mendel obteve três sementes amarelas
e uma semente verde (3:1). A partir dos resultados obtidos, Mendel concluiu que como a cor verde não apare-
ceu na geração F1, mas reapareceu na geração F2, as sementes verdes tinham um fator que era recessivo,
enquanto as sementes amarelas tinham um fator dominante. Por esse motivo, Mendel chamou as sementes
verdes de recessivas e as sementes amarelas de dominantes.
Em diversos outros experimentos, Mendel observou características diferentes na planta, como altura da
planta, cor da flor, cor da casca da semente, e notou que em todas elas algumas características sempre se
sobressaíam às outras.
Diante desses resultados, Mendel pôde concluir que:
- Cada ser vivo é único e possui um par de genes para cada característica;
- As características hereditárias são herdadas metade do pai e metade da mãe;
- Os genes são transmitidos através dos genes;
- Os descendentes herdarão apenas um gene de cada característica de seus pais, ou seja, para uma deter-
minada característica, haverá apenas um gene do par, tanto da mãe quanto do pai.
Dessa forma, podemos enunciar a primeira lei de Mendel, também chamada de lei da segregação dos fato-
res da seguinte forma: Todas as características de um indivíduo são determinadas por genes que se segregam,

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separam-se, durante a formação dos gametas, sendo que, assim, pai e mãe transmitem apenas um gene para
seus descendentes. Texto adaptado de BURNS. G. W; BOTTINO. P. J.
Probabilidade genética
Acredita-se que um dos motivos para as idéias de Mendel permanecerem incompreendidas durante mais de
3 décadas foi o raciocínio matemático que continham. Mendel partiu do princípio que a formação dos gametas
seguia as leis da probabilidade, no tocante a distribuição dos fatores.
Para que Mendel pudesse chegar aos seus resultados, ele utilizou muitos métodos estatísticos para sua
interpretação, calculando as probabilidades de ocorrer os eventos. A probabilidade serve para estimar matema-
ticamente a possibilidade de ocorrer eventos que acontecem ao acaso, ou seja, por questão de sorte. Pode ser
definida pela seguinte fórmula:

Onde P é a probabilidade de um evento ocorrer, A é o número de eventos desejados e S é o número total de


eventos possíveis.
Exemplo: Quando jogamos uma moeda para cima, temos duas possibilidades de resultado: ela cair com a
face “cara” voltada para cima, ou com a face “coroa” voltada para cima. Portanto temos duas possibilidades.
A possibilidade de sair cara é de 1/2 ou 50%, pois temos uma chance (sair cara) em duas possibilidades (cara
ou coroa).

A probabilidade é um evento esperado, uma possibilidade, portanto, não é certeza que vá ocorrer. Quanto
mais repetições ocorrerem, mais chances a previsões terão de dar certo.
Quando utiliza-se cálculos de probabilidades em genética, não pode-se dizer que os indivíduos que irão nas-
cer terão obrigatoriamente os genótipos calculados, pois é questão de sorte. Quanto mais indivíduos nascerem,
mais chances dos resultados práticos se aproximarem dos cálculos.
Eventos independentes
Quando a ocorrência de um evento não afeta a probabilidade de ocorrência de um outro, fala-se em eventos
independentes. Por exemplo, ao lançar várias moedas ao mesmo tempo, ou uma mesma moeda várias vezes
consecutivas, um resultado não interfere nos outros. Por isso, cada resultado é um evento independente do
outro.
Da mesma maneira, o nascimento de uma criança com um determinado fenótipo é um evento independente
em relação ao nascimento de outros filhos do mesmo casal. Por exemplo, imagine uma casal que já teve dois
filhos homens; qual a probabilidade que uma terceira criança seja do sexo feminino? Uma vez que a formação
de cada filho é um evento independente, a chance de nascer uma menina, supondo que homens e mulheres
nasçam com a mesma frequência, é 1/2 ou 50%, como em qualquer nascimento.

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A regra do “e”
A teoria das probabilidades diz que a probabilidade de dois ou mais eventos independentes ocorrerem con-
juntamente é igual ao produto das probabilidades de ocorrerem separadamente. Esse princípio é conhecido
popularmente como regra do “e”, pois corresponde a pergunta: qual a probabilidade de ocorrer um evento E
outro, simultaneamente?
Suponha que você jogue uma moeda duas vezes. Qual a probabilidade de obter duas caras, ou seja, cara no
primeiro lançamento e cara no segundo? A chance de ocorrer cara na primeira jogada é, como já vimos, igual
a 1/2; a chance de ocorrer cara na segunda jogada também é igual a1/2. Assim a probabilidade desses dois
eventos ocorrer conjuntamente é 1/2 X 1/2 = 1/4.
No lançamento simultâneo de três dados, qual a probabilidade de sortear face 6 em todos? A chance de
ocorrer face 6 em cada dado é igual a 1/6. Portanto a probabilidade de ocorrer face 6 nos três dados é 1/6 X
1/6 X 1/6 = 1/216. Isso quer dizer que a obtenção de três faces 6 simultâneas se repetirá, em média, 1 a cada
216 jogadas.
Um casal quer ter dois filhos e deseja saber a probabilidade de que ambos sejam do sexo masculino. Admi-
tindo que a probabilidade de ser homem ou mulher é igual a 1/2, a probabilidade de o casal ter dois meninos é
1/2 X 1/2, ou seja, 1/4.
A regra do “ou”
Outro princípio de probabilidade diz que a ocorrência de dois eventos que se excluem mutuamente é igual
à soma das probabilidades com que cada evento ocorre. Esse princípio é conhecido popularmente como regra
do “ou”, pois corresponde à pergunta: qual é a probabilidade de ocorrer um evento OU outro?
Por exemplo, a probabilidade de obter cara ou coroa, ao lançarmos uma moeda, é igual a 1, porque repre-
senta a probabilidade de ocorrer cara somada à probabilidade de ocorrer coroa (1/2 + 1/2 =1). Para calcular
a probabilidade de obter face 1 ou face 6 no lançamento de um dado, basta somar as probabilidades de cada
evento: 1/6 + 1/6 = 2/6.
Em certos casos precisamos aplicar tanto a regra do “e” como a regra do “ou” em nossos cálculos de pro-
babilidade. Por exemplo, no lançamento de duas moedas, qual a probabilidade de se obter cara em uma delas
e coroa na outra? Para ocorrer cara na primeira moeda E coroa na segunda, OU coroa na primeira e cara na
segunda. Assim nesse caso se aplica a regra do “e” combinada a regra do “ou”. A probabilidade de ocorrer cara
E coroa (1/2 X 1/2 = 1/4) OU coroa e cara (1/2 X 1/2 = 1/4) é igual a 1/2 (1/4 + 1/4).
O mesmo raciocínio se aplica aos problemas da genética. Por exemplo, qual a probabilidade de uma casal
ter dois filhos, um do sexo masculino e outro do sexo feminino? Como já vimos, a probabilidade de uma criança
ser do sexo masculino é ½ e de ser do sexo feminino também é de ½. Há duas maneiras de um casal ter um
menino e uma menina: o primeiro filho ser menino E o segundo filho ser menina (1/2 X 1/2 = 1/4) OU o primeiro
ser menina e o segundo ser menino (1/2 X 1/2 = 1/4). A probabilidade final é 1/4 + 1/4 = 2/4, ou 1/2.
A regra do produto
Uma regra de probabilidade que é muito útil na genética é a regra do produto, a qual afirma que a probabi-
lidade de dois (ou mais) eventos independentes ocorrerem juntos pode ser calculada multiplicando-se as pro-
babilidades individuais dos eventos. Por exemplo, se você rolar um dado de seis lados de uma vez, você tem
uma chance de 1/6 de conseguir um seis. Se você rolar dois dados ao mesmo tempo, sua chance de conseguir
duas vezes o seis é: (a probabilidade de um seis no dado 1) x (a probabilidade de um seis no dado 2) = (1/6).
(1/6) = 1/36.
Em geral, você pode pensar na regra do produto como a regra do “e”: se ambos evento X e evento Y devem
acontecer para que ocorra um determinado resultado, e se X e Y são independentes um do outro (um não afeta
a probabilidade do outro), então você pode usar a regra do produto para calcular a probabilidade do resultado
multiplicando as probabilidades de X e Y.
Podemos usar a regra do produto para prever a frequência de eventos de fertilização. Por exemplo, consi-
dere o cruzamento entre dois indivíduos heterozigotos (Aa). Quais são as chances de se ter um indivíduo aa
na próxima geração? A única forma de se ter um indivíduo aa é se a mãe contribui com um gameta a e o pai
contribui com um gameta a. Cada progenitor tem 1/2 das chances de fazer um gameta a. Logo, a chance de
uma prole aa é: (probabilidade da mãe contribuir a) x (probabilidade do pai contribuir a) = (1/2). (1/2) = 1/4.

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A regra da adição de probabilidades
Em alguns problemas genéticos, você pode precisar calcular a probabilidade de que qualquer um de vários
eventos ocorra. Nesse caso, você precisará usar outra regra de probabilidade: a regra da soma. Segundo a
regra da soma, a probabilidade de que qualquer um de vários eventos mutuamente excludentes ocorra é igual
a soma das probabilidades individuais dos eventos.
Por exemplo, se você jogar um dado de seis lados, você terá 1/6 de chance de tirar qualquer um dos núme-
ros, mas você pode tirar apenas um número em cada jogada. Você nunca pode tirar 1 e 6 ao mesmo tempo; os
resultados são mutuamente excludentes. Assim, a probabilidade de tirar ou 1 or 6 é: (probabilidade de tirar 1) +
(probabilidade de tirar 6) = (1/6) +(1/6) = 1/3.
Você pode pensar na regra da soma como a regra do “ou”: se um resultado requer que ou o evento X ou o
evento Y ocorra, e se X e Y são mutuamente excludentes (se apenas um dos dois eventos podem ocorrem em
uma dada situação), então a probabilidade do resultado pode ser calculada somando-se as probabilidades de
X e Y.
Como exemplo, vamos usar a regra da soma para prever a fração da prole de um cruzamento Aa x Aa que
terá o fenótipo dominante (genótipo AA ou Aa). Nesse cruzamento, há três eventos que podem gerar um fenó-
tipo dominante:
Dois gametas A se encontram (formando um genótipo AA), ou o gameta;
A da mãe encontra o gameta a do pai (formando um genótipo Aa), ou;
O gameta a da mãe encontra o gameta A do pai (formando um genótipo Aa).
Em cada evento de fertilização, apenas uma dessas três possibilidades pode acontecer (eles são mutua-
mente excludentes).
Como essa é uma situação “ou” em que os eventos são mutuamente excludentes, podemos aplicar a regra
da soma. Usando a regra do produto, como fizemos acima, podemos determinar que cada evento individual
tem a probabilidade de 1/4. Então, a probabilidade de uma prole com fenótipo dominante é: (probabilidade de
A da Mãe e A do Pai) + (probabilidade de Ada Mãe e a do Pai) + (probabilidade de a da Mãe e A do Pai) = (1/4)
+ (1/4) + (1/4)= 3/4. Texto adaptado de MENDONÇA. A.
Árvore genealógica
Temos mais em comum do que aparentamos. A matemática assim como muitas religiões afirma, com grande
propriedade, que somos todos irmãos. Se não fôssemos todos parentes, cada habitante da Terra hoje teria um
número astronômico de antepassados contabilizados até o ano 1 do calendário cristão.
Ao refletir sobre a árvore genealógica de cada indivíduo, podemos notar facilmente que qualquer pessoa foi
gerada por outras duas: o pai e a mãe. Para gerar esse pai e essa mãe, foram necessárias mais quatro pessoas
(quatro avós). Considerando uma duração aproximada de 25 anos para cada geração já que, segundo o físico
australiano John Pattison, a idade média em que as mulheres têm engravidado nos últimos séculos em várias
civilizações é de 26 ± 2 anos, verificamos que, do ano 1 d.C até agora, já se passaram 80 gerações. Em con-
tagem retroativa, cada indivíduo deveria ter, em um século, dois pais, quatro avós, oito bisavós e 16 trisavós.
No século anterior, seriam 32 tetravós, 64 pentavós, 128 hexavós e 256 heptavós; um verdadeiro crescimento
exponencial. Isso nos leva à conclusão, improvável, de que a existência de uma única pessoa no início do sé-
culo 21 exigiu o incrível número de 279 (ou 604 sextilhões) de pessoas no ano 1. Apenas para comparação, os
astrônomos Pieter von Dokkum (holandês) e Charlie Conroy (norte-americano) estimam existirem por volta de
300 sextilhões de estrelas no universo. Embora o raciocínio matemático da árvore genealógica esteja correto,
é evidente que tal resultado é impossível.
Trata-se de um aparente paradoxo ou colapso genealógico, já que o número de ancestrais em qualquer ge-
ração não pode ser superior à população da referida época.
Se as contas estão coerentes, o que estaria errado? Uma das razões para essa contradição seria a existên-
cia de casamentos entre parentes próximos, consanguíneos.
Embora seja uma situação difícil de admitir nos dias atuais por questões culturais com algumas exceções, é
bastante plausível que casamentos entre parentes tenham acontecido em um passado não tão remoto assim.

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Provavelmente a prática tenha sido mais comum do que imaginamos, sobretudo se considerarmos cidades
com pequenas populações, vilarejos e povoados há mais de 100 anos, com pessoas se deslocando por enor-
mes distâncias e sem facilidade de comunicação. E o que poderíamos esperar de pequenas vilas e aldeias,
com apenas dezenas ou centenas de moradores há cinco séculos, no início da colonização brasileira? Nesse
contexto, os parentes mais próximos deviam ser considerados na formação de uma família, pois fortaleceriam
laços, seriam de classes sociais semelhantes, teriam a mesma religião, cultura e tradições, pertenceriam ao
mesmo grupo étnico e falariam a mesma língua, além de fazerem parte do mesmo círculo social.

Esquema da árvore genealógica de qualquer pessoa, evidenciando o rápido crescimento de antepassados


em aproximadamente 175 anos, considerando que toda nova geração surja a cada 25 anos. Caso não houves-
se casamentos consanguíneos, um número muito grande de ancestrais seria necessário para a existência de
cada um de nós no presente.
Portanto, provavelmente temos em cada árvore genealógica alguns ramos ausentes por estarem sendo
preenchidos pelas mesmas pessoas. Exemplo disso foi observado em algumas tribos da Amazônia, em que os
índios se casavam com suas primas tradição que foi cunhada como ‘teoria da aliança’ por grandes pesquisado-
res como o antropólogo francês Claude Lévi-Strauss (1908-2009).
Em geral, nossos ancestrais casavam-se com pessoas próximas da família, frequentemente sem conhe-
cimento, mas em outras situações de forma intencional. Basta lembrar que casamentos reais entre parentes
foram uma prática costumeira entre nobres famílias européias, em particular a Dinastia dos Habsburgo. Casos
clássicos também foram os casamentos do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), que era neto de
dois primos e casou-se com sua prima em primeiro grau, Emma. O mesmo fez o físico de origem alemã Albert
Einstein (1879-1955) em seu segundo casamento, com sua prima Elsa, ou ainda o poeta e dramaturgo norte-a-
mericano Edgar Allan Poe (1809-1849), com sua prima Virginia. Por sinal, um dos primeiros a tratar da questão
do paradoxo genealógico foi o próprio filho de Darwin, o astrônomo e matemático inglês George Howard (1845-
1912), em 1875. Ao chamar a atenção para o assunto, os geneticistas de populações passaram a perceber e
estudar esse problema.
As migrações, que têm modificado o povoamento de alguns países de tempos em tempos, como o Brasil,
poderiam ser apontadas como um fator relevante para essa questão e que aparentemente evitaria a consan-
guinidade, mantendo intactos grandes ramos da árvore genealógica e diversificando a carga genética nas famí-
lias. No entanto, observando a história mundial, o número de imigrantes e emigrantes representa apenas uma
pequena parcela da população de um país (caso da Grã-Bretanha, por exemplo) e, mesmo nos locais onde as
levas migratórias não são desprezíveis, nada impede que a consanguinidade tenha se estabelecido em gera-
ções anteriores às que migraram.
É um grande alento, portanto, perceber que os pouco mais de 7,3 bilhões de seres humanos que vivem hoje
na Terra têm muito mais em comum do que se pensa. Mensagens como as de paz e igualdade entre os homens
poderiam também ser apresentadas em termos matemáticos, seguindo esse raciocínio sobre a árvore genea-

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lógica de cada um. Esse argumento poderia ser aprendido desde a mais tenra idade nas escolas, associando,
quem diria, matemática e fraternidade.
Somos de fato mais aparentados uns com os outros do que pensamos, apesar das visíveis diferenças de
crença, ideologia, cor da pele, traços culturais, língua e perfil econômico. Nesse contexto, parece ingênuo o ho-
mem que procura se convencer de que, não sendo galho da mesma árvore, não é, também, árvore da mesma
floresta. Somos realmente frutos de uma mesma árvore, a da vida.
Normalmente coloca-se o nome do ancestral mais antigo de que se conseguiu dados e, a partir desse, seus
descendentes até chegar ao membro mais novo da família ou então até na pessoa que se tem interesse.
Para montar a árvore genealógica é preciso primeiramente descobrir de onde vieram os ancestrais de uma
família, o que pode ser feito buscando a origem dos sobrenomes do pai e da mãe de um indivíduo. Posterior-
mente devem ser anotados os seguintes dados:
Nome completo de todas as pessoas pesquisadas;
Data e local do nascimento das mesmas;
Certidão de casamento, constando data e local;
Certidão de óbito, constando data e local;
Informações gerais sobre cada indivíduo, como profissão, escolaridade, títulos especiais, história da família
no Brasil, origem do nome, do sobrenome e mais.
Normalmente quando se estrutura a árvore genealógica de uma família com poucas informações ela é re-
presentada por uma pequena árvore, quando os elementos são de maior proporção a sua feição torna-se mais
complexa, pois os dados passam a ficar mais desarranjados; quando isso acontece a visualização melhora
através de uma representação gráfica.
Uma árvore genealógica é de extrema importância para as famílias, pois por meio delas é possível ter conhe-
cimento da ascendência familiar, da existência de títulos até então desconhecidos, sem dizer que futuramente,
ela pode ser útil nos tratamentos de diversas anomalias e doenças genéticas. Texto adaptado de NASCIMEN-
TO. M. L. F.
Genes letais
Alguns alelos, formas alternativas de um mesmo gene, causam a morte de seus portadores e, por isso, são
chamados de letais. Os alelos letais podem ser completos, quando matam seus portadores antes da idade re-
produtiva, ou semiletais, quando os portadores sobrevivem além da idade reprodutiva.
Como os alelos letais foram descobertos?
Os alelos letais, como muitas informações importantes das ciências, foram descobertos ao acaso. Um ge-
neticista, Lucien Cuenot, estudava a cor da pelagem em camundongos em 1905 quando percebeu que era
impossível conseguir linhagem pura desses animais com fenótipo amarelo.
Diante desses resultados, o geneticista resolveu realizar alguns cruzamentos-teste. Nesses cruzamentos,
ele utilizou dois indivíduos amarelos, e o resultado sempre era 2/3 de camundongos amarelos e 1/3 de camun-
dongos cinza.
Ao observar a proporção de 2:1, Cuenot percebeu que indivíduos homozigóticos para a pelagem amarela
não se desenvolviam e que o alelo condicionante provavelmente era letal. Sendo assim, todo camundongo
amarelo deveria ser obrigatoriamente heterozigoto.
Para ter certeza de sua descoberta, o geneticista resolveu testar sua hipótese. Para isso, cruzou um camun-
dongo amarelo com um camundongo cinza e obteve metade dos descendentes amarelos e a outra metade
cinza. Esse resultado confirmou, então, sua teoria.
Exemplos de alelos letais
Existem diversos casos de alelos que, em homozigose, causam a morte do indivíduo, inclusive na espécie
humana. Um desses alelos é responsável pela Tay-Sachs, isto é, uma doença neurodegenerativa que provoca
degeneração física e mental intensa e normalmente ocasiona a morte do indivíduo antes dos cinco anos de
vida.

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Além da doença de Tay-Sachs, a acondroplasia também é um exemplo de problema desencadeado por um
alelo letal. Se os alelos para acondroplasia, que são dominantes, aparecerem em homozigose, o embrião mor-
rerá antes mesmo do nascimento. Se o alelo aparecer em dose simples, ocorrerá o nanismo.
Podemos citar ainda a fibrose cística, que é causada por um gene autossômico recessivo. O gene causador
dessa doença afeta as glândulas exócrinas, o que desencadeia problemas na produção de secreções, que se
tornam espessas e apresentam-se em maior quantidade, afetando o desenvolvimento de alguns órgãos, como
os pulmões.
Podemos citar ainda casos de genes letais que ocorrem em outros organismos, como é o caso de plantas.
No milho, por exemplo, podem nascer plantas homozigóticas recessivas completamente desprovidas de cloro-
fila. Sem esse pigmento, as plantas não realizam fotossíntese e, consequentemente, morrem.
Em camundongos um gene dominante A determina pigmentação amarela dos pêlos, e seu alelorecessivo a
determina um padrão de pigmentação acinzentada denominada aguti. Observou-se que ocruzamento de ratos
amarelos entre si sempre resulta em uma prole na qual há 2 indivíduos amarelospara cada um aguti (2:1).
A presença dos descendentes aguti indica que os pais amarelos são heterozigotos. E neste caso, apropor-
ção fenotípica esperada entre descendentes dominantes (amarelos) e recessivos (agutis) seriade3:1. A expli-
cação para o aparecimento da inesperada proporção 2:1 é o fato de que indivíduoshomozigotos dominantes (A
A) morrem ainda no estágio embrionário.

Posteriormente descubriu-se que camundongos homozigotos não chegavam a nascer, morrendo no útero
materno na fase embrionária. Concluiu-se então que os genes para pelagem amarela em dose dupla são letais
ao indivíduo, já que provocam sua morte. Textos adaptado de SANTOS. V. D.
Herança semdominância
O gene dominante bloqueia totalmente a atividade do seu alelo recessivo, de maneira que apenas o caráter
condicionado pelo gene dominante se manifesta.Nesses casos, portanto, um indivíduo heterozigoto(Aa) exibirá
o mesmo fenótipo do homozigoto(AA). Tal fenômeno é chamado de dominância completa.
Mas existem casos em que o gene interage com seu alelo, de maneira que o híbrido ou o heterozigoto apre-
senta um fenótipo diferente e intermediário em relação aos pais homozigotos ou então expressa simultanea-
mente os dois fenótipos paternos.Fala-se, então, de ausência de dominância.
Podemos identificar dois tipos básicos de ausência de dominância, cujos os estudos foram desenvolvidos
em épocas posteriores á de Mendel:a herança intermediária e co-dominância.
Herança intermediária
Aherança intermediária é o tipo de dominância em que o indíviduo heterozigoto exibe um fenótipo diferente
e intermediário em relação aos genitores homozigotos.Vejamos os seguintes exemplos:
Exemplo 1.A planta Maravilha (Mirabilis jalapa) apresenta duas variedades básicas para a coloração das
flores: a variedade alba(com flores brancas) e a variedade rubra (com flores vermelhas). chamando o gene
que condiciona flores brancas de B e o gene para flores vermelhas de V, o genótipo de uma planta com flores
brancas é BB, e o genótipo de uma planta com flores rubras é VV. Cruzando-se esses dois tipos de plantas (VV

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X BB), os descendentes serão todos VB; as flores dessas plantas (VB) serão rosas, isto é, exibirão um fenótipo
intermediário em relação aos fenótipos paternais(flores vermelhas e brancas).
Plantas que produzem flores cor-de-rosa são heterozigotas, enquanto os outros dois fenótipos são devidos
à condição homozigota. Supondo que o gene V determine a cor vermelha e o gene B, cor branca, teríamos:
VV = flor vermelha
BB = flor branca
VB = flor cor-de-rosa
Apesar de anteriormente usarmos letras maiúsculas para indicar, respectivamente, os genes dominantes e
recessivos, quando se trata de dominância incompleta muitos autores preferem utilizar apenas diferentes letras
maiúsculas.
Fazendo o cruzamento de uma planta de maravilha que produz flores vermelhas com outra que produz flores
brancas e analisando os resultados fenotípicos da geração F1eF2, teríamos:

Agora, analisando os resultados genotípicos da geração F1e F2, teríamos:

Cruzando, agora, duas plantas heterozigotas (flores cor-de-rosa), teríamos:

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Exemplo 2. Nas galinhas de raça andaluza, o cruzamento de um galo de plumagem preta(PP) com uma
galinha de plumagem branca(BB) produz descendentes com plumagem azulada (PB). Percebe-se então que a
interação do gene para a plumagem preta(P) com o gene para plumagem branca(B) determina o surgimento de
um fenótipo intermediário(plumagem azulada).
Co-dominância
A co-dominância é o tipo de ausência de dominância em que o indivíduo heterozigoto expressa simultanea-
mente os dois fenótipos paternos.Como exemplo podemos considerar da cor da pelagem em bovinos da raça
Shorthon: os indivíduos homozigotos AA tem pelagem vermelha; os homozigotos BB tem pelagem branca;e os
heterozigotos AB têm pêlos brancos e pêlos vermelhos alternadamente distribuídos. Texto adaptado de SAN-
TOS. V. D.
Segunda lei de Mendel
A segunda lei de Mendel ou também enunciada por diibridismo, refere-se à segregação independente dos
fatores, isto é, a separação de dois ou mais pares de genes alelos localizados em diferentes pares de cromos-
somos homólogos, para formação dos gametas.
O princípio para essa segregação tem suporte na anáfase I da divisão meiótica, instante em que ocorre o
afastamento dos cromossomos homólogos (duplicados), paralelamente dispostos ao longo do fuso meiótico
celular.
Mendel, ao obter o mesmo resultado para todas as características estudadas em separado, decidiu verificar
qual era o comportamento se seu estudo fosse dirigido para duas características juntas. O cruzamento reali-
zado foi entre plantas que produziam sementes amarelas com tegumento liso cruzadas com sementes verdes
com tegumento rugoso.
Dessa forma, a proposição da segunda lei de Mendel, tem como fundamento a análise dos resultados de-
correntes às possibilidades que envolvem não mais o estudo de uma característica isolada (Primeira Lei de
Mendel), mas o comportamento fenotípico envolvendo duas ou mais características, em consequência da pro-
babilidade (combinação) de agrupamentos distintos quanto à separação dos fatores (genes alelos / genótipo)
na formação dos gametas.
Após o estudo detalhado de cada um dos sete pares de caracteres em ervilhas, Gregor Mendel passou a
estudar dois pares de caracteres de cada vez. Para realizar estas experiências, Mendel usou ervilhas de linha-
gens puras com sementes amarelas e lisas e ervilhas também puras com sementes verdes e rugosas. Portanto,
os cruzamentos que realizou envolveram os caracteres cor (amarela e verde) e forma (lisas e rugosas) das
sementes, que já haviam sido estudados, individualmente, concluindo que o amarelo e o liso eram caracteres
dominantes. Mendel então cruzou a geração parental (P) de sementes amarelas e lisas com as ervilhas de se-
mentes verdes (vv) e rugosas (rr), obtendo, em F1, todos os indivíduos com sementes amarelas e lisas, como
os pais dominantes. O resultado de F1 já era esperado por Mendel, uma vez que os caracteres amarelo e liso
(LL ou Lr) eram dominantes. Posteriormente, realizou a autofecundação dos indivíduos F1, obtendo na geração
F2 indivíduos com quatro fenótipos diferentes, incluindo duas combinações inéditas.
Os números obtidos aproximam-se da proporção 9:3:3:1 Observando-se as duas características, simultane-

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amente, verifica-se que obedecem à Primeira Lei de Mendel. Em F2, se considerarmos cor e forma, de modo
isolado, a proporção de três dominantes para um recessivo permanece. Analisando os resultados da geração
F2, percebe-se que a característica cor da semente segrega-se de modo independente da característica forma
da semente e vice-versa. Essa geração dos genes, independente e ao acaso, constituiu-se no fundamento bá-
sico da Segunda lei de Mendel ou Lei da segregação independente.
→ Cruzamento diíbrido:
Aquele entre indivíduos que diferem em dois pares de genes.
P: LL AA x rr vv → F1: Lr Av
F1 x F1: Lr Av x Lr Av → F2:

Mendel concluiu que as características analisadas não dependiam uma das outras, portanto, são
consideradas características independentes. Texto adaptado de MORAES. P. L.
Alelosmúltiplos: grupos sanguíneos dos sistemas ABO, Rh e MN
Polialelia, ou alelos múltiplos, é o nome dado ao fenômeno em que os genes possuem mais de duas formas
alélicas, ou seja, uma mesma característica pode ser determinada por três ou mais alelos (formas alternativas
de um gene).
A explicação para a coexistência polialélica, deriva dos processos mutagênicos produzindo séries alélicas
selecionadas e adaptadas ao ambiente.
Um alelo é cada uma das várias formas alternativas do mesmo gene, ocupando um dado locus num cromos-
somo. Consiste em uma sequência de núcleotídeos de um gene específico.
Um alelo pode ser mutante, resultando em um fenótipo alterado, ou selvagem, caracterizado por um produto
gênico ativo e um fenótipo “normal”.
Indivíduos diplóides → cromossomos homólogos → 2 alelos do mesmo gene

Alelos múltiplos ou polialelia:


Quando existe mais de dois alelos para um dado gene em uma espécie. Assim, um locus específico pode
ser ocupado por uma série de alelos múltiplos, de forma que um indivíduo diplóide possa apresentar quaisquer

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dois alelos de um gene. Eles produzem variabilidade genética na população.
Exemplos de polialelia:
- Alelos sanguíneos ABO em seres humanos:

O locus ABO tem 3 alelos comuns: IA, IB e i. O locus controla o tipo de glicosídeo encontrado na superfície
do eritrócito. Um determinado glicolipídeo fornece determinantes antigênicos que reagem com anticorpos es-
pecíficos presentes no soro sanguíneo.
Os tipos sanguíneos são determinados por três alelos diferentes para um único gene: IA, IB e i. O alelo IA é
responsável pela presença do antígeno A na hemácia; o alelo IB é responsável pela presença do antígeno B,
e o alelo i é responsável pela ausência desse antígeno. Os alelos IA e IB exercem dominância sobre o alelo i,
mas entre IA e IB existe um caso de codominância.
Os três alelos existentes nos grupos sanguíneos permitem a existência de seis diferentes genótipos para
os quatro fenótipos encontrados na população. Veja abaixo os genótipos e fenótipos dos grupos sanguíneos:
IAIA, IAi – Sangue A
IBIB, IBi – Sangue B
IAIB – Sangue AB
ii – Sangue O
O alelo i é recessivo.
Os alelos IA e IB são co-dominantes, ou seja, indivíduos heterozigotos IAIB têm tanto antígeno A como B nas
hemáceas, sendo essas proteínas detectadas isoladamente na corrente sanguínea. Porém, indivíduos AB não
apresentam anticorpos anti-A e anti-B. Assim:

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Em coelhos
Um exemplo disso ocorre em coelhos, onde podem ser distinguidos quatro fenótipos distintos para a cor da
pelagem: selvagem (cinza-escuro, quase negro), chinchila (cinza-claro homogêneo), himalaia (branco, com
focinho, orelhas e extremidades das patas e da cauda negras) e albino (inteiramente branco).
Esses quatro fenótipos originam-se a existência de quatro alelos distintos de um mesmo lócus. O gene C de-
termina a manifestação selvagem e é dominante sobre todos os outros alelos. O gene cchcondiciona o fenótipo
chinchila e é recessivo para selvagem, mesmo sendo dominante para os outros. O gene ch é determinante da
manifestação da pelagem Himalaia, sendo dominante apenas sobre o albino. O gene c produz o fenótipo albino
e é recessivo para todos os demais alelos.

O interessante de observar nos coelhos, é que esses quatro fenótipos diferentes, estão na depen-
dência de 10 genótipos distintos, conforme o quadro a seguir:

A diferença na cor da pelagem do coelho em relação à cor da semente das ervilhas é que agora temos mais
genes diferentes atuando (4), em relação aos dois genes clássicos. No entanto, é fundamental saber a 1ª lei

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de Mendel continua sendo obedecida, isto é, para a determinação da cor da pelagem, o coelho terá dois dos
quatro genes. A novidade é que o número de genótipos e fenótipos é maior quando comparado, por exemplo,
com a cor da semente de ervilha.
O surgimento dos alelos múltiplos (polialelia) deve-se a uma das propriedades do material genético, que é a
de sofrer mutações. Assim, acredita-se que a partir do gene C (aguti), por um erro acidental na duplicação do
DNA, originou-se o gene Cch (chinchila). A existência de alelos múltiplos é interessante para a espécie, pois
haverá maior variabilidade genética, possibilitando mais oportunidade para adaptação ao ambiente (seleção
natural).
A herança dos tipos sanguíneos do sistema ABO constitui um exemplo clássico de alelos múltiplos e também
de codominância na espécie humana.
Por volta de 1900, o médico austríaco Karl Landsteiner (1868 – 1943) verificou que, quando amostras de
sangue de determinadas pessoas eram misturadas, as hemácias se juntavam, formando aglomerados seme-
lhantes a coágulos.
Landsteiner concluiu que determinadas pessoas têm sangues incompatíveis.
E, de fato, pesquisas posteriores revelaram a existência de diversos tipos sanguíneos nos diferentes indiví-
duos da população.
Aglutinogênios e aglutininas

No sistema ABO existem quatro tipos de sangue: A, B, AB e O.


Esses tipos são caracterizados pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias:
os aglutinogênios.
E pela presença ou ausência de outras substâncias – as aglutininas – no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de aglutinogênio ou antígeno – A e B – e dois tipos de aglutinina ou anticorpo – anti-A e
anti-B.
Pessoas do grupo A possuem aglutinogênio A nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma.
As do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma.
Pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina no plasma.
E pessoas do grupo O não têm aglutinogênios nas hemácias, mas possuem os dois anticorpos anti-A e an-
ti-B no plasma.
O que acontece quando você recebe um sangue diferente do seu
Quando, em uma transfusão, uma pessoa recebe um tipo de sangue incompatível com o seu, as hemácias
transferidas vão se aglutinando assim que penetram na circulação.
Ocorre então a formação de aglomerados compactos que podem obstruir os capilares prejudicando a circu-
lação do sangue.
Essas aglutinações, que caracterizam as incompatibilidades sanguíneas do sistema, acontecem quando
uma pessoa possuidora de determinada aglutinina (anticorpo) recebe sangue com o aglutinogênio correspon-

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dente (antígeno).

Indivíduos do grupo A não podem doar sangue para indivíduos do grupo B.


Isso porque as hemácias A, ao entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente aglutina-
das pelo anti-A nele presente.
A recíproca é verdadeira.
Indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A.
Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O.
Uma vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias portadoras de aglutinogênios
A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da transfusão é o tipo de aglutinogênio (antígeno) da hemácia do
doador e o tipo de aglutinina (anticorpo) do plasma do receptor.
Indivíduos do tipo O podem doar sangue para qualquer pessoa.
Isso porque não possuem aglutinogênios A e B em suas hemácias.
Esses indivíduos são chamados doadores universais.
Já os indivíduos AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de sangue, porque não possuem aglutini-
nas no plasma.
Por isso, pessoas do grupo AB são chamadas receptores universais.
Devemos ressaltar que indivíduos com o tipo sanguíneo O podem doar seu sangue para qualquer indivíduo.
Entretanto, só podem receber sangue de pessoas do mesmo grupo sanguíneo O.
Herança dos Grupos Sanguíneos no Sistema ABO

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A produção de aglutinogênios A e B é determinada, respectivamente, pelos alelos IA e IB.
Um terceiro alelo, chamado i, condiciona a não produção de aglutinogênios.
Trata-se, portanto, de um caso de alelos múltiplos.
Entre os alelos IA e IB há codominância (IA = IB), uma vez que o heterozigoto AB produz os dois tipos de
proteínas (aglutinogênio).
Entretanto, cada um deles é dominante em relação ao alelo i (IA > i e IB> i).
O Fator Rh do sangue

O fator Rh é um dos dois grupos de antígenos eritrocitários (encontrados nas hemácias) de maior importân-
cia clínica, estando envolvido nas reações de transfusão de sangue, juntamente com os antígenos pertencen-
tes ao sistema ABO.

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O fator Rh foi descoberto em 1940 por Landesteiner e Wiene em experimentos realizados com coelhos e
macacos.
Nesses experimentos, foi injetado sangue de um macaco do gênero Rhesus em cobaias, onde se obteve
como resposta a formação de anticorpos capazes de aglutinar as hemácias provenientes do macaco.
O anticorpo produzido no sangue da cobaia foi denominado anti-Rh e usado para testar sangue humano.
Os indivíduos cujo sangue aglutinava com o anticorpo produzido pela cobaia apresentavam o fator Rh e
passaram a ser designados Rh+, o que geneticamente se acreditava corresponder aos genótipos RR ou Rr.
Os indivíduos que não apresentavam o fator Rh foram designados Rh- e apresentavam o genótipo rr, sendo
considerados geneticamente recessivos.
Herança do fator Rh na população humana
Os anticorpos extraídos das cobaias foram testados na população humana.
Nesses testes, verificou-se que parte da população humana apresentava reação de aglutinação enquanto
outra se mostrava insensível.
Os indivíduos que apresentavam reação de aglutinação com anticorpos foram considerados pertencentes
ao grupo Rh+.
Os demais, que não apresentavam aglutinação, pertenciam ao grupo Rh-.
Em estudos genéticos, ficou comprovado que a herança do fator Rh é monogênica com apenas 2 alelos.
Sendo que a presença do antígeno Rh é condicionada pela presença de um alelo dominante (R) e a ausên-
cia do antígeno Rh, pelo alelo recessivo (r).
Doença Hemolítica do Recém-nascido (Dhr) – Eritroblastose Fetal: um problema genético

Mulheres Rh- (rr) que se casam com homens Rh+ (RR ou Rr) podem dar origem a crianças Rh+.
Como existe a possibilidade de o sangue materno ser transferido para o feto, em razão de um defeito na
placenta ou hemorragias durante a gestação e o parto, é possível que se formem, no organismo materno, anti-
corpos anti-Rh na primeira gestação.
Com isso, as crianças de partos subsequentes, que forem do grupo Rh+ podem apresentar sérios proble-
mas.
Os anticorpos produzidos pela mãe na gestação anterior poderão atingir o sangue do feto e provocar a des-
truição de suas hemácias.
Isso resulta em problemas para o bebê. Tais como: morte intrauterina; morte logo após o parto; anemia gra-
ve; crianças surdas ou deficientes mentais; icterícia (coloração amarela anormal devido ao derrame da bile no
corpo e no sangue, devido às bilirrubinas) e insuficiência hepática.
Essa doença que resulta da incompatibilidade sanguínea entre mãe e feto é chamada Eritroblastose Fetal.

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O que se faz nesses casos
Nos dias atuais, já existem algumas alternativas para contornar ou amenizar o problema decorrente do risco
da Eritroblastose fetal.
Como, por exemplo, utilizar anticorpos incompletos após a primeira gestação de uma criança Rh+ por uma
mãe Rh-.
Isso é feito injetando-se na mãe uma quantidade de anticorpos anti-Rh, que é uma imunoglobulina, cuja fun-
ção é destruir rapidamente as hemácias fetais Rh+ que penetram na circulação da mãe durante o parto, antes
que elas sensibilizem a mulher, para que não haja problemas nas seguintes gestações.
A vacina injetada é chamada Rhogan.
Este tipo de anticorpo não aglutina os glóbulos vermelhos do sangue Rh+.
Em vez disso, os anticorpos anexam-se aos antígenos receptores, nas suas superfícies, e os revestem.
Esses anticorpos incompletos podem ser injetados na mãe Rh- imediatamente após o parto e são destruídos
dentro de poucos meses, não apresentando qualquer perigo para a mãe ou suas gerações posteriores. Esse é
o procedimento padrão atualmente.
Nos casos em que a mãe é do grupo Rh+ e o filho é Rh-, não há problemas para a mãe, pois a produção de
anticorpos pela criança só se inicia cerca de seis meses após o seu nascimento.
Em um processo de doação de sangue, devemos considerar o sistema ABO juntamente com o fator Rh para
prever a compatibilidade sanguínea entre o doador e o receptor.
Interação Gênica
A interação gênica ocorre quando dois ou mais pares de genes, com distribuição independente, determinam
conjuntamente um único caráter. Esses pares de genes interagem entre si.
É possível explicar a interação gênica através de um exemplo clássico na genética: a forma da crista nas
galinhas. Existem quatro tipos distintos de cristas na galinha; a crista simples, a crista rosa, a crista ervilha e a
crista noz. Cada forma distinta de crista é condicionada pela interação de dois pares de genes, resultando nos
seguintes genótipos:
- Crista simples: eerr
- Crista rosa: eeR_ (eeRr/eeRR)
- Crista ervilha: E_rr (EErr/Eerr)
- Crista noz: E_R_ (EeRr/EERR)
No caso dos genótipos acima apresentados, note que nas cristas em forma de ervilha, noz e rosa os ge-
nes vêm acompanhados de um traço. Esse traço significa um gene desconhecido. Portanto, tomando como
exemplo a crista rosa, é possível afirmar que essa crista irá se manifestar toda vez que aparecerem, ao mesmo
tempo, os genes (e) em dose dupla e o (R) em dose simples, ou seja, os genótipos eeRr e eeRR manifestam
a forma da crista rosa.
Da mesma maneira, a crista em forma de ervilha irá se manifestar sempre que aparecerem, ao mesmo tem-
po, os genes (E) em dose simples e o (r) em dose dupla. A crista em forma de noz surgirá com os genes (E) e
(R) em dose simples e juntos. Já a crista simples sempre será determinada pela dose dupla dos genes (e) e (r),
manifestando sempre com o mesmo genótipo: eerr.
Portanto, ao cruzar galinhas de crista ervilha, puras, com galinhas de crista simples obtêm-se uma F1 com
100% de seus descendentes de crista ervilha. Cruzando as galinhas de F1 entre si, obtêm-se uma F2 com ga-
linhas de crista ervilha e de crista simples, na proporção de 3:1.
Proporção: 3:1 (três galinhas de crista ervilha e uma galinha de crista simples)
Quando galinhas de crista em forma de ervilha são cruzadas com galinhas com crista rosa obtêm-se uma
F1 com 100% de seus descendentes de crista em forma de noz. Ao cruzar as galinhas de F1 entre si, obtêm-se
uma F2 com galinhas de crista noz, crista ervilha, crista rosa e crista simples, na proporção de 9:3:3:1.
Proporção: 9:3:3:1 (nove galinhas de crista noz, três galinhas de crista ervilha, três galinhas de crista rosa e

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uma galinha de crista simples).
Como é possível galinhas de crista ervilha cruzarem com galinhas de crista rosa e gerarem descendentes
de crista noz? E ainda, como é possível esses descendentes de crista noz cruzarem entre si e gerarem quatro
fenótipos distintos?
Isso acontece porque a forma da crista é definida por dois pares de genes, (E) e (e) no caso da crista ervilha
e (R) e (r) no caso da crista rosa. Esses pares de genes possuem segregação independente, porém não se
manifestam de forma independente.
Epistasia
A epistasia é uma modalidade da interação gênica na qual, genes de um lócus inibem a manifestação de
genes de outro lócus. O efeito epistático manifesta-se entre genes não alelos. Genes epistáticos são os que
impedem a atuação de outros, e hipostáticos são os genes inibidos.
Portanto consideraremos dois pares de genes:
O gene (A) é dominante sobre o alelo recessivo (a), assim como o gene (B) é dominante sobre o alelo re-
cessivo (b). Porém, o gene (A) não é dominante sobre o par Bb, pois são genes diferentes em lócus diferentes.
Nesse caso, o gene (A) é epistático sobre o par Bb, já que inibe seu efeito. E os genes (B) e (b) são hipostáticos,
pois são inibidos pelo gene (A).
A epistasia pode ser dominante ou recessiva. Será dominante quando uma característica determinada por
um par de genes depende, em parte, da ação de outro par de genes. Galinhas da raça Leghorn apresentam
plumagem colorida condicionada pelo gene dominante (C), assim galinhas coloridas terão os genótipos: CC ou
Cc. O gene recessivo (c) condiciona plumagem branca, assim galinhas brancas terão o genótipo cc. E o gene
(I) é epistático em relação a (C), inibindo a manifestação de cor. Seu alelo recessivo (i) permite que a cor se
manifeste. Assim, sempre que os genótipos forem CCii ou Ccii as galinhas terão plumagem colorida, e quando
os genótipos forem CCII, CcII, CcIi, ccII, ccIi e ccii as galinhas terão plumagem branca.
A epistasia recessiva ocorre quando o alelo recessivo em homozigose funciona como epistático de um gene
em outro lócus. É possível exemplificar através da cor da pelagem de certos ratos. A cor da pelagem depende
dos dois pares de genes: Aa e Cc. Sendo que, (A) determina a pelagem amarela, (C) determina a pelagem
preta, (a) não produz pigmento, e (c) em homozigose condiciona a ausência total de pigmento, ou seja, o albi-
nismo. Sempre que o gene (a) aparecer a coloração dos pelos será determinada pelo gene dominante (A ou
C). Quando os genes A e C aparecem juntos a coloração produzida é pardo-acinzentada. E quando o gene (c)
surge em homozigose junto ao gene (A) os ratos serão albinos, já que o par cc é epistático sobre o locus (A).
Herança Quantitativa
A herança quantitativa ou herança poligênica também é uma modalidade da interação gênica, na qual se
avalia variações de caracteres, ao contrário dos caracteres que apresentam fenótipo sim ou não, como no caso
do daltonismo, onde o indivíduo é daltônico ou apresenta visão normal.
Caracteres com variações apresentam gradação contínua do fenótipo entre os extremos. Como por exem-
plo, o tom de pele. Não existe apenas pele branca ou escura. Existem peles alvas, brancas, morenas, amarelas,
pardas, mulatas, negras. Assim, a herança quantitativa irá estudar todos esses fenótipos intermediários entre
os extremos.
Essas variações contínuas ocorrem de maneira suave, como no caso da estatura. Existem indivíduos com
altura de 1,50m, 1,51m, 1,52m, 1,53m, e assim por diante.
A herança quantitativa não apresenta dominância. Um gene não apresenta dominância sobre o outro. Nessa
herança, considera-se o número de genes aditivos. Voltando ao exemplo da tonalidade de pele, consideram-se
os genes (A) e (B) como genes que acrescentam melanina ao fenótipo básico, já os genes (a) e (b) não acres-
centam melanina. Os genes (A) e (B) são chamado de genes acrescentadores ou aditivos.
Portanto, a tonalidade da pele será determinada pela quantidade de genes aditivos no fenótipo. No caso da
pele negra os dois genes aditivos são encontrados (AABB), na pele mulata escura são encontrados 3 genes
aditivos (AaBB ; AABb), na pele mulata média dois genes aditivos (aaBB; AaBb ; AAbb), na pele mulata clara
apenas um gene(aaBb ; Aabb) e na branca, nenhum gene aditivo é encontrado (aabb). Esse exemplo foi dado
de maneira simplificada, apenas para facilitar o entendimento, já que existe uma variação muito maior na tona-

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lidade da pele e portanto, mais genes aditivos.
Logo, a herança quantitativa é determinada por dois ou mais pares de genes que apresentam seus efeitos
somados, em relação a um mesmo caráter, de maneira a ocasionar a manifestação de um fenótipo em diferen-
tes intensidades.
Na herança quantitativa o número de fenótipos é determinado por:
Número de genes +1
Diante disso, se considerarmos os fenótipos da cor da pele do exemplo citado acima, quatro genes são atu-
antes. Assim, 4 genes +1 = 5 fenótipos. Os cinco fenótipos são representados por peles branca, mulata clara,
mulata média, mulata escura e negra.
Outro exemplo é o da flor maravilha que apresenta como genes atuantes o (V) e o (B), mas apresenta três
fenótipos, já que 2 genes +1 = 3 fenótipos. Sendo assim, os três fenótipos das cores das flores são cor-de-rosa,
vermelha e branca.
Pleiotropia
A Pleiotropia é a denominação utilizada para definir o estado de um gene, quando esse possui mais de uma
atuação sobre o fenótipo, ou seja, é um mecanismo genético controlador de várias características a partir da
expressão de um único gene.
Os processos pleiotrópicos ocorrem com frequência nas espécies. Contudo para facilitar a compreensão,
não é mencionado didaticamente, sendo cada genótipo estudado de forma isolada.
Um bom exemplo da influência gênica envolvendo esse fenômeno é a manifestação condicionante de um
gene em ervilhas, as mesmas estudadas por Mendel. Tanto a cor do tegumento da semente (a casca), a colo-
ração das flores e a presença de manchas na base das folhas, são codificadas por um único gene.
Em organismos homozigóticos dominantes e heterozigóticos, são produzidas ervilhas com tegumento acin-
zentado da semente, as flores são púrpuras e as folhas são caracterizadas por uma mancha roxa nas proximi-
dades da inserção ao ramo. O contrário é observado nas espécimes homozigóticas recessivas: a cor das flores
é branca, a casca da semente também é branca e as folhas não possuem manchas.
Na espécie humana um exemplo típico de pleiotropia bem observado é a fenilcetonúria. Condicionada por
uma falha cromossômica responsável pela tradução de uma enzima que metaboliza o aminoácido fenilalanina
presente no fígado, provoca diversos danos ao organismo: diminuição da quantidade de pêlos, efeito sobre a
pigmentação da pele e redução da capacidade intelectual.
Outro aspecto está relacionado à dominância gênica em algumas síndromes (síndrome de Marfan), cau-
sando deformidades ósseas, deformidades nos olhos e afecções pulmonares e cardíacas. Texto adaptado de
MELDAU. D. C.
Determinação do sexo
O sexo genético é estabelecido na fertilização, mas a genitália externa não adquire características masculi-
nas ou femininas distintas até a décima segunda semana. Os órgãos reprodutores se desenvolvem a partir de
primórdios, que são idênticos em ambos os sexos. Durante o estágio indiferenciado, um embrião tem potencial
para se desenvolver tanto como no macho quanto como na fêmea.
O desenvolvimento do sistema genital é conseguido através da produção de gametas e de hormônios. A pro-
dução de gametas (espermatozóides e óvulos) se dá através das células da linhagem germinativa, as quais são
mantidas por células de natureza epitelial (células de Sertoli e células Foliculares). Já a produção de hormônios
depende de uma outra população celular, as células intersticiais e as células da teca interna.
Apesar do sexo cromossômico e genético de um embrião ser determinado na fertilização pelo tipo de es-
permatozóide que fertiliza o óvulo, as características masculinas e femininas só começam a se desenvolver na
sétima semana.
O sistema genital se desenvolve em íntima associação com o sistema urinário ou excretor.
A linhagem germinativa provêm de células chamadas gonócitos, as quais têm origem extragonadal, pois for-
mam-se no endoderma do saco vitelino. Os gonócitos, idênticos em ambos os sexos, são células grandes que
migram para o local onde as gônadas se formam. Eles misturam-se com células epiteliais proliferantes e juntos

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se dispõem formando cordões, chamados cordões sexuais primitivos.
Os cordões sexuais primitivos formam-se na parede do saco vitelino, durante a quarta semana e migram
para as gônadas em desenvolvimento, onde se diferenciam em células germinativas, ovogônias/espermatogô-
nias.
Desenvolvimento do Órgão Reprodutivo Masculino
Na 6ª semana, a região cortical das gônadas começa a se degenerar e a região medular origina-se em
formação tubular (túbulos seminíferos) contendo as células germinativas migratórias e as células mesenquiais
derivadas do epitélio superficial que darão origem às células de sustentação, as células de Sertoli.
As funções desempenhadas pelas células de Sertoli são diversas. Dentre elas, auxiliam na troca de nutrien-
tes e metabólitos dos espermatócitos, espermátides e espermatozóides. A barreira formada pelas células de
Sertoli também protege os espermatozóides em desenvolvimento de ataque imunológico. Outra função desem-
penhada pelas células em questão é a fagocitose de excessos de fragmentos de citoplasma liberados durante
a espermiogênese.
Também secretam continuamente nos túbulos seminíferos um fluído que étransportado na direção dos duc-
tos genitais e é usado para transporte de espermatozóides. A secreção de uma proteínaligante de andrógeno
pelas células de Sertoli é controlada por hormônio folículo-estimulante e testosterona e serve para concentrar
testosterona nos túbulos seminíferos, onde ela é necessária para a espermatogênese. Células de Sertoli po-
dem converter testosterona em estradiol e também secretam um peptídeo denominado inibina, que suprime a
síntese e a liberação de FSH pela hipófise.
A partir da sétima semana, se o embrião é geneticamente do sexo masculino, observa-se que os cordões
sexuais desenvolvem-se e invadem a medula da gônada.
O mesênquima intertubular, origina-se e dá origem a um mesênquima intertubular diferenciado, com células
potencializadas para formação de um grupo de células endócrinas (as células intersticiais de Leydig, que na 8ª
semana começam a secretar testosterona) e as células conjuntivas. As células germinativas primordiais origi-
nam espermatogônias no interior dos túbulos seminíferos e são de grande importância para o desenvolvimento
gonadal, uma vez que o desenvolvimento das gônadas depende da chegada destas células às saliências.
Os cordões testiculares separam-se da superfície que lhes deu origem e abaixo desta aparece uma cápsula
de tecido conjuntivo denso, a albugínea.
O desenvolvimento de uma túnica albugínea densa é a indicação característica do desenvolvimento testi-
cular no feto. Gradualmente, o testículo em crescimento se separa do mesonefro em degeneração e torna-se
suspenso pelo seu próprio mesentério, o mesorquidio.
Os cordões testiculares permanecem sólidos até o sexto mês quando também formam os túbulos seminífe-
ros, túbulos retos e rede testicular.
Os túbulos seminíferos sofrem canalização e adquirem luz, ao mesmo tempo em que às células germinati-
vas primordiais dão origem a duas categorias de espermatogônias (a tipo A e a tipo B). As espermatogônias do
tipo A originam as células troncas, e as do tipo B formam os espermatócitos primários.
Os cordões sexuais primitivos dão origem aos tubos retos e à rede testicular, além dos túbulos seminíferos.
A diferenciação destes cordões está na presença do cromossomo Y, que possui um fator determinante capaz
de induzir a região medular das gônadas indiferenciadas, recebendo o nome de fator Testículo Determinante.
Na 8ª semana, os túbulos mesonéfricos iniciam um processo de desenvolvimento no qual sua parte proximal
estrutura-se em ductos eferentes e porção epididimárias, enquanto a distal constitui os canais deferentes e a
porção corresponde ao ducto ejaculador, além das vesículas seminais.
Evaginações múltiplas de porção prostática da uretra em formação crescem e constituem a porção epitelial
glandular da próstata. Já na porção membranosa da uretra, desenvolvem-se evaginações que levam a forma-
ção das glândulas de Cowper. O pênis se forma com o desenvolvimento do seio urogenital. O mesenquima
forma as saliências genitais, que se diferenciarão em saliências escrotais para formar o escroto, que ficam
separados um do outro pelo septo escrotal.

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Ovários, tubas uterinas, útero, vagina, vulva e mama
Os ovários, situados um em cada lado da linha média do corpo, têm origem semelhante à dos testículos,
considerando-se que de sua formação tomam parte as células germinativas primordiais e as saliências genitais
até a fase gonadal indiferenciada, na qual os cordões sexuais primitivos ocupam as regiões cortical e medular
das estruturas gonadais em desenvolvimento. Deste modo, não temos como distingui-los dos testículos, antes
do primeiro mês de vida fetal. A presença de dois cromossomos X nas células do embrião é de suma impor-
tância na caracterização fenotípica feminina e no desenvolvimento de partes gonadais e ductais do sistema
genital. Todavia, parece que o desenvolvimento ovariano não se limita à dependência da carga genética do
cromossomo X, admitindo-se o envolvimento de um gene autossômico neste processo. Nestas gônadas, os
cordões sexuais primitivos que brotam do seu epitélio superficial e mergulham no mesênquima formam na re-
gião medular em desenvolvimento a rete ovarii que degenera posteriormente.
Com a degeneração da porção cordonal medular, o córtex se estrutura através de novos cordões mergu-
lhados no mesênquima subjacente, agora denominados cordões corticais, aos quais se incorporam as células
germinativas primordiais no 3º mês de vida pré-natal. Mais tarde, com a desagregação das células cordonais,
grupos isolados destas células se dispõem ao redor de células germinativas primordiais, que dão origem a
ovogônias, estas apresentam grande atividade mitótica, e muitas delas degeneram durante a vida fetal, as res-
tantes aumentam ligeiramente de volume, transformando-se em ovócitos.
No 7º mês de vida intra-uterina, estes ovócitos, que já entraram na primeira divisão meiótica e permanecem
na fase de diplóteno até a puberdade, circundados por células planas oriundas da desagregação cordonal,
formando nesta região os folículos primordiais. Os ovócitos encontrados nestes folículos são ditos ovócitos
primários. Alguns destes folículos degeneram antes da puberdade, outros podem entrar em degeneração nesta
época, enquanto alguns experimentam crescimento e maturação sob a influência hormonal.
O gubernáculo prende-se ao útero, próximo ao local de ligação da tuba uterina. A parte cranial do guberná-
culo torna-se o ligamento ovariano, e a parte caudal forma o ligamento redondo do útero.
Há evidências de que as células planas (células foliculares) que envolvem os ovócitos secretam uma subs-
tância inibidora da meiose, e, por isso, os ovócitos primários não completam sua divisão antes da puberdade.
As tubas uterinas têm origem nos ductos paramesonéfricos (ductos de Müller) respondendo pela formação
das camadas de tecido conjuntivo e muscular. Logo, das porções cefálicas destes ductos é que deriva o epitélio
tubário. As porções caudais dos ductos de Müller fundem-se, originando o epitélio uterino e o epitélio da parte
superior da vagina. O mesênquima circundante se encarrega de originar o restante da parede destes órgãos
(útero e vagina). Desta fusão também resulta a aproximação das duas pregas peritoneais, formando os liga-
mentos largos direito e esquerdo e as bolsas retouterinas e vesicouterinas.
Já que a parte superior da vagina originou-se da fusão dos ductos paramesonéfricos, o restante da vagina
no que diz respeito ao seu epitélio, deriva-se do endoderma do seio urogenital. Quando os ductos de Muller se
fundirem e formarem o conduto uterovaginal, que fica em contato com o seio urogenital, originase o tubérculo
do seio. Tal contato induz à formação dos bulbossinovaginais que, ao se fundirem originam a placa vaginal,
cujas células centrais se desintegram para o surgimento da luz vaginal e as periféricas parecem contribuir para
a formação do epitélio dos dois terços inferiores da vagina, embora haja quem admita que todo o epitélio vaginal
venha destas células
As pregas urogenitais não se fundem, exceto na parte posterior, onde elas se unem para formar o frênulo
dos pequenos lábios. As partes não fusionadas das pregas urogenitais formam os pequenos lábios. A maior
parte da pregas labioescrotais permanece não fusionada e forma duas grandes pregas de pele, os grandes
lábios. Enquanto isso o clitóris surge com discreto alongamento do tubérculo genital. Com a abertura do sulco
urogenital, surge o vestíbulo.
O hímen é formado devido a uma invaginação da parede posterior do seio urogenital, o que resulta na ex-
pansão da porção caudal da vagina. O hímen geralmente se rompe durante o período perinatal e permanece
como uma delgada prega de membrana mucosa dentro do orifício vaginal.
Os restos do ducto mesonéfrico formam o sexo feminino e as mamas surgem durante o período de organo-
gênese, que se desenvolvem em direção ao mesênquima subjacente. O mesênquima aprofunda-se ao longo
de faixas ectodérmicas desde as regiões axilares às inguinais, estas faixas são as cristas mamárias. De um
broto mamário inicial surgem vários brotos secundários de onde resultam os ductos lactíferos, sob a influência

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de hormônios que atravessam a placenta e chegam ao feto.
Determinação do sexo
O sexo cromossômico e genético é estabelecido na fertilização e depende da fertilização de um óvulo que
contenha um cromossoma X e por um espermatozóide que contenha um X ou um Y. O tipo de gônada que se
desenvolve depende do complexo cromossômico sexual do embrião (XX ou XY). Antes da sétima semana, as
gônadas dos dois sexos são idênticas em aparência e são chamadas de gônadas indiferenciadas. O desenvol-
vimento do fenótipo masculino requer um cromossoma Y. Dois cromossomas X são necessários para o desen-
volvimento do fenótipo feminino.
A ausência de um cromossoma Y resulta na formação de um ovário. Consequentemente, o tipo de complexo
cromossômico sexual estabelecido na fertilização, determina o tipo de gônada que se diferenciará a partir da
gônada indiferenciada. O tipo de gônada presente, então, determina o tipo de diferenciação sexual que ocorre
nos ductos genitais e na genitália externa. A testosterona, produzida pelo testículo fetal, determina masculini-
dade. A diferenciação sexual feminina ocorre se os ovários estiverem ausentes e, aparentemente, não está sob
influência hormonal.
Texto adaptado de FERREIRA, R. B. R. T; MARTINS, M. M. G; SILVA, I.
Herança dos cromossomos sexuais
Na natureza, a maioria dos animais e muitas plantas, apresentam diferença sexual, onde encontramos or-
ganismos masculinos e femininos. Geralmente, essa diferenciação é determinada por cromossomos especiais,
denominados cromossomos sexuais. As características determinadas pelos genes presentes nesses cromos-
somos também terão padrão de herança diferente dos genes localizados nos demais cromossomos (autosso-
mos).
Todos os gametas (óvulos) formados por meiose em uma mulher possuem o cromossomo X, enquanto os
homens podem formar gametas (espermatozóides) que apresentam o cromossomo X e outros, que apresen-
tam o cromossomo Y. Por isso dizemos que as mulheres são o sexo homogamético e os homens são o sexo
heterogamético.
Embora não sejam totalmente homólogos, os cromossomos X e Y possuem pequenas regiões homólogas
nas pontas, o que garante, num indivíduo do sexo masculino, o emparelhamento dos dois cromossomos e sua
distribuição normal para as células filhas na primeira divisão da meiose.
O cromossomo Y é mais curto e possui menos genes que o cromossomo X, além de conter uma porção
encurtada, em que existem genes exclusivos do sexo masculino. Observe na figura 1 abaixo que uma parte do
cromossomo X não possui alelos em Y, isto é, entre os dois cromossomos há uma região não-homóloga.

Entretanto, o fato de apresentarem regiões sem homologia tem implicações na herança de algumas carac-
terísticas. Os genes localizados na região do cromossomo X, que não possui homologia em Y, seguem um pa-
drão de herança denominada herança ligada ao cromossomo X ou herança ligada ao sexo. Herança ligada ao
cromossomo Y ou herança restrita ao sexo é a que se refere aos genes localizados somente no cromossomo
Y, chamados de genes holândricos.

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HERANÇA DE CARACTERÍSTICAS RELACIONADAS AO SEXO
A diferença cromossômica entre machos e fêmeas promove também a ocorrência de um mecanismo de he-
rança característico para os genes localizados nestes cromossomos. Havendo uma diferença morfológica entre
os cromossomos sexuais, regiões homólogas e não homólogas serão encontradas nos mesmos. As regiões
não homólogas são chamadas de regiões diferenciais, pois apresentarão genes presentes apenas naquele tipo
de cromossomo, assim, esses genes não terão homólogos no outro cromossomo sexual.

Figura 2. Representação dos cromossomos X e Y humanos, destacando as regiões de homologia e região


não homóloga.
A região homóloga entre X e Y são importantes por promover um pareamento parcial entre esses cromos-
somos durante a divisão meiótica, o que garante sua segregação na formação dos gametas. Nas regiões não
homólogas do cromossomo X, encontram-se genes de importância estrutural, inclusive genes para algumas
doenças que serão estudadas a seguir. No cromossomo Y, em sua porção não homóloga, encontramos genes
masculinizantes e de características exclusivas para o sexo masculino. Esses genes são denominados holân-
dricos.
HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO X
Também conhecida como “herança ligada ao sexo”, engloba o estudo de genes presentes no cromossomo
X. Estes genes apresentam padrão de herança diferente do convencional, descrito pelas leis mendelianas,
pois, nos machos, se encontram em hemizigose. Como no cromossomo Y não existe a região de homologia
para esses genes, os machos apresentam apenas um alelo e vão expressar a característica determinada por
ele. Características de expressão recessiva, basta um alelo presente no X para que a mesma se expresse em
indivíduos do sexo masculino. Nesses casos dizemos que a característica foi transmitida pela mãe, pois, o alelo
responsável está presente no cromossomo X herdado dela. Vejamos alguns exemplos:
DALTONISMO
A percepção de cores pelo olho humano ocorre em células dos cones que revestem a retina. Estas células
detectam três tipos de cores específi cas: azul, verde e vermelho (as demais cores são resultado da combi-
nação realizada em nosso cérebro). O tipo mais comum de daltonismo em humanos é o que não distingue as
cores vermelho e verde. Os genes que determinam a capacidade para a percepção destas cores estão locali-
zados no cromossomo X.
Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:

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# FICADICA:
Os homens daltônicos e hemofílicos transmitem os alelos d e h somente para as filhas.
Um exemplo de teste para daltonismo está na Figura 3. Observação: O gene para detecção da cor azul está
localizado no cromossomo 7, portanto, tem padrão de herança autossômica.

Figura 3. Exemplo de teste para daltonismo. Indivíduos daltônicos não conseguem visualizar o número na
figura.
Veja o cruzamento (Figura 4) apresentando um casal formado por uma mulher portadora (XDXd) e um ho-
mem normal (XDY). A possibilidade de descendentes é de 25% para mulher normal (XDXD), 25% para mulher
portadora (XDXd), 25% para homem normal (XDY) e 25% para homem daltônico (XdY). Neste cruzamento é
possível visualizar que, para características ligadas ao cromossomo X, é a mãe portadora quem transmite o
alelo defeituoso ao filho.

Figura 4. Cruzamento entre um homem normal XDY e uma mulher portadora do alelo para o daltonismo
XDXd. Os descendentes.
Nos heredogramas para características ligadas ao sexo usa-se representar o indivíduo portador com
um sinal diferente ao do indivíduo normal. Veja a representação deste padrão de herança na Figura 5.
Observe também que homens que apresentam a característica não a transmitem para seus filhos do
sexo masculino, mas, suas filhas serão todas portadoras do alelo para a característica

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Figura 5. Heredograma para representação de característica ligada ao sexo
HEMOFILIA
A hemofilia é uma doença caracterizada pela deficiência na produção de fatores de coagulação do sangue.
Esta característica é determinada por um gene presente no cromossomo X. Indivíduos portadores do alelo XH
são capazes de produzir a proteína responsável pela coagulação do sangue, enquanto o alelo Hh não produz
essa proteína.
Os possíveis genótipos e fenótipos correspondentes são:

DISTROFIA MUSCULAR DE DUCHENNE


Doença caracterizada pelo enfraquecimento e atrofia progressiva dos músculos, manifesta-se por volta dos
quatro anos de idade, quando os meninos começam a apresentar dificuldades em movimentos comuns do co-
tidiano como se levantar de uma cadeira ou subir uma escada. A doença progride lentamente até comprometer
funções vitais, causando insuficiência cardíaca e respiratória. Geralmente os indivíduos com esta característica
sobrevivem até por volta dos vinte anos de idade. Como estes pacientes ao atingirem a idade fértil já se encon-
tram muito comprometidos pela doença, não chegam a se reproduzir e por esse motivo, não são encontradas
mulheres com distrofia muscular, pois, para estas apresentarem a doença, seria necessário herdar um par de
alelos defeituosos (Xd) do pai e da mãe.
HERANÇA LIGADA AO CROMOSSOMO Y
Na porção diferencial do cromossomo Y não vamos encontrar genes estruturais como encontramos no cro-
mossomo X. Nesse cromossomo encontramos apenas genes ligados a características exclusivas ao sexo mas-
culino, como o gene SRY que produz o fator de diferenciação testicular (TDF), responsável pela diferenciação
embrionária do testículo. Outra característica também ligada ao cromossomo Y é a ocorrência de pêlos nas bor-
das das orelhas (Figura 6), característica não muito comum, mas, exclusiva a indivíduos do sexo masculino. Um
homem que apresente essa característica vai transmiti-la a todos os seus descendentes do sexo masculino.

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Figura 6. Indivíduo normal e indivíduo com pêlos nas bordas das orelhas
HERANÇA INFLUENCIADA PELO SEXO
Alguns genes localizados em autossomos tem comportamento diferente dependendo do sexo do individuo,
comportando a característica, hora como dominante, hora como recessiva, se o individuo for do sexo masculino
ou feminino. Um exemplo para esse tipo de herança é a calvície, que no homem é uma característica domi-
nante, enquanto na mulher, é recessiva.Portanto, enquanto as mulheres precisam apresentar dois genes para
serem calvas, basta um gene C para a calvície se manifestar nos homens. (Figura 7).

Figura 7. Calvície – característica dominante no sexo masculino e recessiva no sexo feminino


MECANISMO DE COMPENSAÇÃO DE DOSES
No início do período embrionário das fêmeas de mamíferos ocorre a inativação aleatória de um dos cromos-
somos X em cada célula. Essa inativação ocorre por meio da compactação do material genético que fica visível
como uma pequena região de coloração mais densa no núcleo.
Essa inativação persiste por todas as mitoses, sendo transmitida às células filhas seguintes e, dessa forma,
uma célula que anulou um cromossomo X herdado do pai, vai gerar toda uma linhagem de células com este
mesmo cromossomo compactado. Por esse motivo de apresentarem linhagens uma de células com inativação
do cromossomo X paterno, e outra do X materno, as fêmeas são consideradas mosaicos de células.Na visuali-
zação microscópica, esse ponto do material genético correspondente ao cromossomo X anulado por compac-
tação é denominado cromatina sexual ou corpúsculo de Barr (Figura 8) e fica localizado próximo à membrana
do núcleo. A cromatina sexual está presente apenas em células femininas, pois, os machos apresentam apenas
um cromossomo X não sofrem inativação desse cromossomo.

Figura 8. Cromatina sexual presente em células femininas

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Texto adaptado de OLIVEIRA. G. V. D.
Doenças genéticas
As doenças genéticas podem ser classificadas em três grupos principais: (1) distúrbios cromossômicos, (2)
distúrbios monogênicos e (3) distúrbios poligênicos. Os distúrbios cromossômicos são o resultado da perda, do
ganho ou do rearranjo anormal de um ou mais cromossomos, resultando em deficiências do material genético
ou em material genético excessivo. Os distúrbios monogênicos são o resultado de um único gene mutante e
apresentam padrões típicos de herança mendeliana (autossômico dominante, autossômico recessivo e ligado
ao X). Os distúrbios poligênicos ou multifatoriais resultam de múltiplos fatores genéticos e/ou epigenéticos que
não se encaixam nos padrões típicos de herança mendeliana.
Distúrbios de um Único Gene
Distúrbios de único gene envolvem a mutação de um gene que é responsável pelo fenótipo observado no
indivíduo afetado. Esses distúrbios em geral acompanham um dos três padrões de herança: (1) autossômico
dominante, (2) autossômico recessivo ou (3) ligado ao X. A frequência de distúrbios monogênicos entre a popu-
lação geral é de cerca de 10 em 1.000 nascidos vivos.
Distúrbios Autossômicos Dominantes
Distúrbios autossômicos dominantes são aqueles em que a presença de uma única cópia de um gene mu-
tante (alelo) resulta em doença. Desse modo, tanto indivíduos homozigotos quanto heterozigotos expressam o
fenótipo da doença, homens e mulheres são igualmente afetados, e qualquer indivíduo afetado pode transmitir
a condição para seus descendentes. Na maioria dos casos, os indivíduos afetados por um desses distúrbios
apresentam pelo menos um dos pais que também é afetado. O padrão autossômico dominante de herança é
caracterizado pela transmissão vertical da doença de uma geração para outra, expressão igual entre homens e
mulheres, ausência de filhos afetados a partir de pais não afetados, chance de 50% de filhos afetados a partir
de pais afetados, e a maioria dos indivíduos afetados apresenta um dos pais afetado. Indivíduos com distúrbio
autossômico dominante, mas sem um dos pais afetado, em geral apresentam uma mutação fundadora no gene
da doença. Mutações fundadoras não são encontradas nas linhagens germinativas dos pais, mas ocorrem no
espermatozóides ou no óvulo antes da fertilização. Desse modo, o filho afetado carrega o gene mutante em
sua linhagem germinativa e pode passar a mutação para sua prole. Os irmãos de indivíduos com mutações
fundadoras não são afetados e não apresentam um risco maior de desenvolvimento da doença.

Padrões de herança associados a distúrbios monogênicos autossômicos dominantes e autossômicos reces-


sivos. (A) Heredograma representando o padrão de herança autossômico dominante de uma doença genética.
Este é o padrão associado a doenças como doença de Huntington, neurofibromatose, distrofia miotônica, hiper-
colesterolemia familiar e várias outras. Círculo, mulher; quadrado, homem; aberto, não afetado; sólido, afetado.
(B) Heredograma apresentando o padrão de herança autossômico recessivo de uma doença genética. Este é o
padrão associado a doenças como fibrose cística, doença de Tay-Sachs, anemia falciforme e vários distúrbios
metabólicos. Círculo, mulher; quadrado, homem; aberto, não afetado; sólido, afetado; parcialmente preenchido,
portador.

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A expressão da doença refletida nas características clínicas entre indivíduos afetados por distúrbios autos-
sômicos dominantes pode variar em função da penetrância reduzida e da expressividade variável. Do mesmo
modo, a idade do início da doença pode variar, indo da primeira infância à fase adulta tardia. Alguns indivíduos
que herdam um gene mutante serão fenotipicamente normais (sem evidência da doença).
Isso reflete uma penetrância incompleta da doença associada à mutação. A penetrância é uma medida de
quão frequentemente os pacientes com um alelo mutante expressam a doença associada à mutação. Dessa
forma, uma mutação que apresente 100% de penetrância irá produzir doença em todo indivíduo portador da
mutação. Em contrapartida, uma mutação que apresente 50% de penetrância irá produzir doença em apenas
50% dos portadores da mutação. A expressividade variável refere-se à observação de que, em um grupo de
indivíduos com uma doença associada à mutação, a manifestação da doença pode ser diferente (diferenças na
gravidade, no fenótipo da doença). Os mecanismos responsáveis pela penetrância reduzida e pela expressivi-
dade variável não são bem conhecidos. Entretanto, acredita-se que os efeitos de outros genes ou fatores am-
bientais possam influenciar a expressão das mutações causadoras de doenças. Diferenças na idade de início
da doença refletem a observação de que algumas doenças associadas a mutações se desenvolvem no início
da vida e outras se desenvolvem em adultos ou mais tarde na vida. Esse fenômeno provavelmente está rela-
cionado ao contexto fisiológico e de desenvolvimento em que os genes causadores de doença se expressam.
Distúrbios autossômicos dominantes afetam vários sistemas, incluindo o sistema nervoso (doença de Hun-
tington, neurofibromatose, distrofia miotônica, esclerose tuberosa), o sistema urinário (doença do rim policísti-
co), o sistema gastrintestinal (polipose colônica familiar), o sistema hematopoiético (doença de von Willebrand)
e o sistema esquelético (síndrome de Marfan, osteogênese imperfeita, acondroplasia e outras). Além disso,
alguns distúrbios autossômicos dominantes representam doenças metabólicas (tais como hipercolesterolemia
familiar). Essa lista de exemplos procura ser representativa, mas não completa.
Distúrbios Autossômicos Recessivos
Distúrbios autossômicos recessivos são aqueles em que duas cópias do gene mutante são necessárias para
a expressão do fenótipo da doença. Desse modo, indivíduos heterozigotos são indistinguíveis de indivíduos
portadores de duas cópias normais do gene associado à doença. Entretanto, deve ser observado que, em al-
guns indivíduos heterozigotos, há alterações sutis em vários parâmetros bioquímicos, que não são facilmente
detectáveis, pois não provocam sintomas discerníveis. Esses indivíduos heterozigotos (que carregam um gene
normal e um gene mutante) são denominados portadores. A prole de dois portadores do mesmo gene mutante
terá uma chance de 25% de desenvolver a doença (devido à herança homozigótica do gene mutante) e uma
chance de 50% de se tornar portadora (devido à herança heterozigótica do gene mutante). Em contraste com
os distúrbios autossômicos dominantes, os distúrbios autossômicos recessivos apresentam uma expressão
mais uniforme do defeito, a penetrância completa é comum, e o iní- cio da doença em geral ocorre precoce-
mente na vida. Dessa maneira, o padrão de herança autossômico recessivo é caracterizado por penetrância
horizontal, indivíduos homozigóticos afetados apresentando pais heterozigóticos não afetados, e pais heterozi-
góticos (mãe e pai) com uma chance de 25% de ter um filho afetado.
Distúrbios Ligados ao X
Genes responsáveis por distúrbios ligados ao X são transportados pelo cromossomo X. O risco de desenvol-
vimento desses distúrbios e sua gravidade variam entre homens e mulheres em função do fato de os homens
apresentarem um cromossomo X e as mulheres dois. Desse modo, as mulheres podem ser heterozigóticas ou
homozigóticas para um gene mutante ligado ao X, e a característica associada pode se expressar de modo
dominante ou recessivo. Em contrapartida, os homens expressam o gene mutante ligado ao X sempre que ele
for herdado.
Não há transmissão de homem para homem de distúrbios ligados ao X, e todas as filhas de homens afetados
herdam o gene mutante da doença. Distúrbios recessivos ligados ao X afetam principalmente homens. No caso
de distúrbios dominantes ligados ao X, todas as filhas de homens afetados também são afetadas. A inativação
do X resulta na expressão de genes ligados ao X de apenas um cromossomo X. Assim, a expressão de um
distúrbio ligado ao X em uma mulher dependerá da presença do gene mutante, bem como de sua localização
em um cromossomo X ativo.
A herança recessiva ligada ao X é responsável por um pequeno número de condições clínicas bem defini-
das. Alguns desses distúrbios ligados ao X afetam sistemas de órgãos específicos, incluindo o sistema mus-
culoesquelético (distrofia muscular de Duchenne), o sangue (hemofilia A, hemofilia B, doença granulomatosa

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crônica, deficiência de glicose-6-fosfato-desidrogenase), o sistema imune (agamaglobulinemia) ou o sistema
nervoso (síndrome do X frágil). Além disso, alguns distúrbios metabólicos são doenças ligadas ao X, incluindo
a síndrome de Lesch-Nyhan e o diabetes insípido. Essa lista de exemplos procura ser representativa, mas não
completa.
Distúrbios Mitocondriais
A mitocôndria humana (e de outros mamíferos) contém sua própria molécula de DNA de cerca de 17 kb, que
apresenta vários genes que codificam proteínas associadas à função mitocondrial e especificamente ao meta-
bolismo energético (codificando algumas das proteínas dos complexos enzimáticos da cadeia transportadora
de elétrons e a enzima ATP-sintase mitocondrial). Cada mitocôndria pode conter várias cópias do cromossomo
mitocondrial, e cada célula contém um grande número (talvez centenas) de mitocôndrias. Mutações em genes
codificados pelo DNA mitocondrial estão associadas a várias doenças. Entretanto, a expressão de um esta-
do doente necessita do acúmulo de números suficientes de cópias do DNA mitocondrial mutante (por deriva
aleatória e segregação citoplasmática) para resultar em disfunção mitocondrial no nível celular. A herança de
distúrbios associados à mitocôndria é estritamente materna. Portanto, mulheres transmitem características de-
terminadas pelas mitocôndrias a todos os seus filhos. Em casos raros, mães afetadas terão uma criança não
afetada. Esse fenômeno provavelmente reflete segregação citoplasmática de mitocôndrias mutantes no tecido
formador de gametas.
Distúrbios mitocondriais incluem epilepsia mioclônica e doença de fibras vermelhas rotas, neuropatia óptica
hereditária de Leber, fraqueza muscular neurogênica/ataxia/retinite pigmentosa, síndrome de Kearns-Sayre,
síndrome hereditária materna de Leigh, oftalmoplegia progressiva e várias outras doenças. Essa lista de exem-
plos procura ser representativa, mas não completa. É notável que muitas dessas doenças mitocondriais se ma-
nifestem como defeitos musculares, refletindo o grande consumo energético dos tecidos musculares e o fato de
que a maioria dessas doenças mitocondriais se caracteriza por comprometimento do metabolismo energético.
Doenças Poligênicas
Doenças poligênicas ou multifatoriais resultam de múltiplos fatores genéticos e/ou epigenéticos (mutações
ou eventos de silenciamento gênico) e não se encaixam nos padrões mendelianos tradicionais de herança.
Desse modo, elas representam patologias em que um único gene ou evento mutacional não irá diagnosticar
definitivamente ou ser capaz de prever o risco. Distúrbios poligênicos incluem doenças crônicas da fase adulta,
malformações congênitas e síndromes dismórficas.
Em alguns casos, amplas classes de doenças refletem patogênese molecular poligênica; por exemplo, cân-
cer (em quase todos os casos) é um distúrbio de genes múltiplos. Outros exemplos de doenças poligênicas in-
cluem hipertensão, doença cardíaca isquêmica, doença de Alzheimer e diabetes melito. Em todos esses casos,
a manifestação da doença está associada a interações de vários genes alterados e fatores ambientais. Dada
a complexidade dessas doenças (e famílias de doenças), não há uma compreensão das complexidades gené-
ticas da maioria das doenças poligênicas, e a elucidação da patogênese molecular de distúrbios multifatoriais
permanece pouco conhecida.
Distúrbios Citogenéticos
Distúrbios citogenéticos são doenças que estão associadas a alterações cromossômicas. Em alguns casos,
essas doenças são caracterizadas por anomalias do cariótipo envolvendo números anormais de cromossomos
(perdas ou ganhos), enquanto, em outros, elas estão associadas ao rearranjo anormal de um ou mais cromos-
somos. Independente da manifestação molecular da anomalia cromossômica, todos esses distúrbios resultam
em deficiências de material genético ou em material genético excessivo. O complemento cromossômico normal
de uma mulher é 46XX (referindo-se a 22 pares de autossomos e os cromossomos sexuais XX), e o comple-
mento cromossômico normal de um homem é 46XY (referindo-se a 22 pares de autossomos e os cromossomos
sexuais XY). A monossomia envolvendo um autossomo normalmente é fatal na fase embrionária, refletindo a
perda de muitas informações genéticas para a viabilidade do feto em desenvolvimento. Entretanto, algumas
anomalias numéricas, envolvendo a trissomia de autossomos, permitem um nascimento vivo. No entanto, com
raras exceções (síndrome de Down), essas trissomias autossômicas levam a recém-nascidos gravemente in-
capacitados, que morrem em uma idade precoce. Em contraste, vários distúrbios cromossômicos afetando o
nú- mero de cromossomos sexuais foram caracterizados.

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DOENÇAS NEOPLÁSICAS
Classificação de Doenças Neoplásicas
A palavra neoplasia é derivada do grego, significando condição de novo crescimento. O termo tumor com
frequência é utilizado para se referir a uma neoplasia. Tumor significa literalmente um inchaço. No início dos
anos de 1950, R.A. Willis forneceu uma descrição de neoplasia que ainda utilizamos nos dias de hoje: Uma ne-
oplasia é uma massa de tecido anormal cujo crescimento é excessivo e descontrolado em relação àquele dos
tecidos normais e persiste da mesma maneira após a interrupção dos estímulos que provocaram a alteração.
Mais recentemente, outros pesquisadores descreveram os tumores como resultado de um processo patológico
em que uma única célula adquire a capacidade de proliferar de modo anormal (crescimento clonal), resultando
em acúmulo de células da progênie, e definem o câncer como tumores que adquiriram a capacidade de invadir
os tecidos normais circundantes. Essa definição ressalta um dos fatores de distinção mais importantes na clas-
sificação geral de neoplasias a distinção entre tumores benignos e malignos.
A divisão de doenças neoplásicas em benignas e malignas é extremamente importante, tanto para a com-
preensão da biologia dessas neoplasias quanto para o reconhecimento das alterações clínicas potenciais para
tratamento. No nível mais básico, as neoplasias são classificadas como benignas ou malignas. As neoplasias
benignas não apresentam características invasivas e são consideradas como tumores que apresentam baixa
probabilidade de invasão e dispersão. Em contraste, as neoplasias malignas apresentam comportamentos in-
vasivos e/ou alto risco de dispersão metastática. Uma subclassificação adicional das neoplasias malignas traça
uma distinção entre (1) cânceres da infância versus cânceres que afetam principalmente adultos, (2) tumores
sólidos versus neoplasias hematopoiéticas e (3) cânceres hereditários versus neoplasias esporádicas. Tanto
neoplasias benignas quanto malignas são compostas por células neoplásicas que formam o parênquima e por
estroma não neoplásico que é composto de tecido conectivo, vasos sanguíneos e outras células que dão su-
porte ao parênquima do tumor.
O estroma do tumor apresenta uma função crítica no apoio do crescimento das neoplasias fornecendo irri-
gação sanguínea para nutrientes e oxigênio. Em quase todos os casos, as células do parênquima determinam
o comportamento biológico (e o curso clínico) da neoplasia. Além disso, o tipo de célula do parênquima da ne-
oplasia determina como a lesão é nomeada.
Predisposição Genética de Doença Neoplásica
O câncer não é uma doença, mas uma miríade de doenças com tantas manifestações diferentes quanto
tecidos ou tipos celulares no corpo humano. Todos esses estados de enfermidade têm em comum certas
propriedades biológicas das células que compõem os tumores, incluindo crescimento celular descontrolado
(clonal), dificuldade de diferenciação celular, invasividade e potencial metastático. Atualmente, sabe-se que
o câncer, na sua forma mais simples, é uma doença genética. Mais precisamente, ele é uma doença de ex-
pressão gênica anormal. Os mecanismos moleculares que governam a proliferação celular descontrolada na
doença neoplásica envolvem perda, mutação ou desregulação de genes que positivamente ou negativamente
controlam a proliferação, a migração e a diferenciação celulares. A carcinogênese é um processo em múltiplas
etapas pelas quais o câncer se desenvolve em resposta a alterações na expressão gênica conduzidas por alte-
rações cromossômicas, mutações gênicas e alterações epigenéticas do DNA. A ideia de que a carcinogênese
é um processo em etapas múltiplas é apoiada por observações morfológicas das transições entre crescimento
celular pré-maligno (benigno) e tumores malignos. No câncer colorretal (e em alguns outros tipos de câncer),
a transição de uma lesão benigna para uma neoplasia maligna pode ser facilmente documentada e ocorre em
etapas discerníveis, incluindo adenoma benigno, carcinoma in situ, carcinoma invasivo e finalmente metástase
local e distante. Além disso, demonstrou-se que alterações genéticas específicas se correlacionam com cada
uma dessas etapas histopatológicas bem definidas do desenvolvimento e da progressão do tumor. Entretanto,
é importante reconhecer que é o acúmulo de alterações genéticas múltiplas em células afetadas (e padrões de
expressão gênica anormais associados), e não necessariamente a ordem em que essas alterações se acumu-
lam, que determina a formação e a progressão do câncer.
Interação entre Genética e Epigenética no Câncer
O sequenciamento completo do genoma revelou uma alta frequência de mutações específicas do câncer em
genes conhecidos por direcionar e participar de processos epigenéticos que ocorrem em múltiplos tipos de cân-
cer. Esses genes incluem enzimas que são necessárias para a metilação do DNA (DNMTs), a metilação de lisina
de histona (EZH2, MLL) e a remodelagem da cromatina (SMARCB1). Portanto, eventos epigenéticos aberran-

Apostila gerada especialmente para: Histórias do Igor 195.701.847-01


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tes podem ser a base das anomalias genéticas. As consequências fenotípicas das mutações não são bem co-
nhecidas. Além disso, a herança de algumas alterações ou mutações genéticas pode aumentar a probabilidade
de a metilação do DNA ter como alvo genes-chave tais como MLH1 e possivelmente contribuir aos cânceres fa-
miliares e ao início precoce da doença. Texto adaptado de ASHLEY G. RIVERBARK E WILLIAM B. COLEMAN.
Ecologia e Meio Ambiente: Populações e Comunidades; Conceito de Espécie, Popula-
ção e Comunidade Biológica; Ecossistemas: fatores bióticos e abióticos; Habitat e nicho
ecológico; Cadeia alimentar, teia alimentar, sucessão ecológica e comunidade clímax;
Interações entre os seres vivos (relações intraespecíficas e relações interespecíficas)

Entende-se, por fluxo de matéria e/ou energia, o “caminho” percorrido pela matéria, também chamada de
biomassa, ou pela energia ao longo de um ecossistema. Trata-se de um processo fundamental para o funcio-
namento e a manutenção de um ecossistema, podendo ser representado como uma pirâmide chamada de
pirâmide trófica ou pirâmide ecológica.
A pirâmide ecológica é, portanto, um modelo didático usado na Ecologia para esquematizar o fluxo de ma-
téria e energia presente em um ambiente, com base nas relações ecológicas existentes entre os seres vivos
que ali habitam.
Ecossistema e Cadeia Alimentar
Para compreender o conceito de fluxo de energia, ou de biomassa, é importante entender como estão dis-
postos os organismos em um ecossistema, bem como as relações estabelecidas entre eles, pois é através
dessa relação que a energia e a matéria são deslocadas no ecossistema.
Entende-se por ecossistema o conjunto de fatores bióticos (seres vivos) e abióticos (clima, água, nutrientes
no solo, luminosidade, etc) que se interagem em uma determinada localidade ou região. Pode ser entendido
também como o conjunto de comunidades existentes em uma região junto com os fatores ambientais e climá-
ticos disponíveis.
Uma característica fundamental de um ecossistema é a relação estável entre o espaço físico, o fluxo de
energia e os fatores bióticos e abióticos. Com isso, nem todo sistema biológico pode ser chamado de ecossis-
tema, caso não seja autossuficiente e não possua autorregulação.
Os seres vivos que compartilham o mesmo ecossistema podem se relacionar através de relações ecológicas
que podem ser harmônicas, quando há o benefício de pelo menos um dos integrantes sem o prejuízo do outro,
ou desarmônicas, quando há o prejuízo de pelo menos um dos integrantes que se relacionam.
Dentre as relações desarmônicas já conhecidas, o predatismo e a herbivoria estão diretamente relacionadas
com o conceito de fluxo de matéria e energia. O predatismo é a relação ecológica em que um animal consome
outro animal para fins alimentares e de sobrevivência. Já a herbivoria, é o consumo de plantas e vegetais por
outros animais, estes herbívoros, também para se alimentar e sobreviver.
Dessa forma, a matéria consumida pelos organismos e a energia gerada estão diretamente relacionadas
com esse tipo de relação e, portanto, as relações ecológicas estão relacionadas com o fluxo de energia.
Outro conceito importante para auxiliar a compreender a complexidade do fluxo de matéria em um ecossiste-
ma, que também está relacionado com as relações desarmônicas já citadas, é o conceito de Cadeia Alimentar.
A cadeia alimentar é um modelo didático que visa organizar e exemplificar o percurso de matéria orgânica
dentro de um ecossistema através das relações de herbivoria ou predatismo existentes entre os integrantes
desse ecossistema.
Dentro de uma cadeia alimentar, os organismos que a constituem e que se relacionam estão dispostos em
níveis chamados de níveis tróficos. Cada nível trófico apresenta um animal, ou um conjunto de animais, que
compartilham, nutricionalmente, o mesmo nicho ecológico, possuindo, assim, os mesmos hábitos alimentares.
Os níveis tróficos podem ser divididos em:
Produtores: Organismos autótrofos que produzem o próprio alimento. Em termos energéticos, são os orga-
nismos que convertem a energia química inorgânica ou luminosa em energia bioquímica;
Consumidores: Organismos heterótrofos que consomem a energia e a biomassa presente no nível trófico
abaixo do que se encontram. São, portanto, organismos que consomem outros organismos e podem ocupar

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diferentes níveis tróficos. Por exemplo, os consumidores primários se alimentam dos produtores através da re-
lação de herbivoria; os consumidores secundários se alimentam dos consumidores primários; os consumidores
terciários se alimentam dos consumidores secundários através de relações de predatismo.
Decompositores: O último nível trófico é composto pelos organismos que se alimentam de matéria morta
e em decomposição São organismos que se alimentam dos restos mortais ou alimentares dos demais níveis
tróficos. Dentro desse nível estão os fungos, algumas bactérias e alguns protozoários.

Exemplo de uma Cadeia Alimentar.


Fluxo de Energia
A energia presente em um ecossistema caminha entre os diversos níveis tróficos com base na alimentação
dos organismos, que tem como objetivo principal adquirir energia para ser armazenada e utilizada nos diversos
processos metabólicos. Dessa forma, o fluxo de energia em um ecossistema inicia-se com os produtores, que
conseguem converter a energia luminosa, através da fotossíntese, ou inorgânica, através da quimiossíntese,
em energia bioquímica, que o organismo utilizará para o seu desenvolvimento e sobrevivência.
Conforme o nível trófico vai se elevando ao longo da cadeia, a energia do sistema tende a diminuir, ao passo
que um organismo se alimenta de outro. Parte dessa energia é perdida na forma de calor ou utilizada para os
seus próprios processos metabólicos. Portanto, a energia dentro de uma cadeia alimentar tende a diminuir de
um nível trófico para outro.
A pirâmide ecológica de energia, dessa forma, apresentará um único arranjo, com a base sempre maior que
os demais níveis, sempre expressa em cal/m².ano (calorias por metro quadrado ao ano) ou ainda kcal/m².ano
(quilocalorias por metro quadrado ao ano).

Os decompositores geralmente não são considerados nas pirâmides ecológicas, pois isto dificultaria o en-
tendimento didático do esquema, uma vez que todos os organismos estão submetidos a ação dos decompo-
sitores. Ainda assim, em algumas pirâmides, os decompositores são representados como um bloco à parte, o
qual está presente em todos os níveis tróficos.

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Pirâmide de Energia considerando os decompositores
.
Fluxo de matéria ou biomassa
O fluxo de matéria, ou biomassa, está diretamente relacionado com o fluxo de energia em um ecossistema,
isso porque ao se alimentar para adquirir energia e outros compostos, o organismo ingere uma quantidade de
biomassa pertencente ao organismo que ele consumiu.
Dessa forma, a quantidade de matéria consumida em um determinado nível trófico pode ser esquematizada
em uma pirâmide de biomassa, geralmente expressa em g/m² (gramas por metro quadrado).
De forma mais comum, em um ecossistema, a quantidade de biomassa ou matéria pertencente ao nível
trófico dos produtores é maior e, à medida que se avança para os níveis tróficos posteriores, a quantidade de
matéria tende a diminuir.
Por exemplo, a quantidade de vegetais em um determinado bioma é maior em biomassa que a quantidade
de gafanhotos que se alimentam desses vegetais. A quantidade de gafanhotos, por sua vez, é maior que a
quantidade de pássaros que se alimentam deles. Com isso, a pirâmide de matéria é comumente representada
com a base maior que o topo.

Pirâmide de matéria ou biomassa.


Em alguns casos, entretanto, a pirâmide de biomassa terá a base menor que os níveis subsequentes. Isso
ocorre quando os produtores, embora ocupem uma área extensa, possuem biomassa bem pequena, como nos
biomas marinhos, em que os produtores podem ser espécies de fitoplânctons que possuem massa (em gra-

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mas) pequena, muito embora ocupem uma extensa área (m²) do território.

Exemplo de uma pirâmide de biomassa de uma cadeia alimentar de ambientes marinhos com o fitoplâncton
ocupando a posição de produtor, zooplâncton ocupando a posição de consumidor primário e peixes ocupando
a posição de consumidores secundários e terciários.
Uma desvantagem da pirâmide de biomassa é que ela não considera o tempo de produção dessa biomassa
e, dessa forma, não mostra a velocidade com que a matéria é produzida.
No exemplo da cadeia alimentar que tem fitoplânctons como produtores, à primeira vista, parece que o
ecossistema não está em equilíbrio, já que a quantidade de matéria pertencente aos produtores é menor que a
quantidade de matéria dos demais níveis tróficos, porém, o fitoplâncton tem uma taxa de reprodução elevada,
se dividindo rapidamente e aumentando a biomassa em um curto período de tempo e com uma velocidade
elevada, por isso, conseguem ser os produtores da maioria das cadeias alimentares de ambientes aquáticos.
Pirâmide de número
Na pirâmide ecológica de número, cada nível trófico visa representar a quantidade de organismos per-
tencentes àquela posição. Portanto, esse tipo de pirâmide pode apresentar diversos arranjos, principalmente
quando se analisa pequenos ecossistemas.
Normalmente, a pirâmide de número apresenta bases maiores que o topo, mostrando, geralmente, que a
quantidade de produtores em um ecossistema é maior que a quantidade de consumidores primários, que, por
sua vez, é maior que a quantidade de consumidores secundários - formando, assim, o arranjo normal de um
pirâmide com a base maior que o topo.

Em alguns casos, como em pequenos ecossistemas, o arranjo da pirâmide pode mudar. Por exemplo: uma
cadeia alimentar composta por uma única árvore produtora, que serve de alimento para vários insetos, que, por
sua vez, servem de alimento para pássaros: a base da pirâmide será menor que os demais níveis.

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Pirâmide ecológica de número em um ecossistema composto por uma árvore, insetos como consumidores
primários,pássaros menores como consumidores secundários e pássaros maiores como consumidores secun-
dários.
No caso de uma cadeia alimentar contendo espécies de parasitas, a pirâmide terá outra conformação, esta
chamada de pirâmide invertida. Considerando o exemplo de uma árvore produtora, da qual se alimentam uma
maior quantidade de insetos: se, nesses insetos, houver a incidência de parasitas, como algumas bactérias,
a quantidade desses parasitas será maior que a população de insetos presentes na cadeia. Dessa forma, a
pirâmide, nesse caso específico, terá a base menor que o topo.

Pirâmide ecológica de número invertida em um ecossistema composto por uma árvore, insetos como consu-
midores primários e parasitas como consumidores secundários.
A desvantagem da pirâmide ecológica de número é a sua simplicidade. Ela desconsidera o tamanho do indi-
víduo presente em cada nível trófico, bem como não apresenta a quantidade de biomassa ou matéria orgânica
que é deslocada de um nível para outro. Todas essas informações precisam ser fornecidas e não estão incluí-
das no desenho esquemático da pirâmide de número.

Planeta Terra em transformação: Universo, Sistema Solar e Terra: Origem, Forma, Es-
trutura e Movimentos da Terra;

Vivemos no planeta chamado Terra, também conhecido como mundo, e até onde sabemos, trata-se do único
planeta habitável do Sistema Solar. Também conhecido como “planeta água”, a Terra possui características
bastante peculiares quando comparadas aos demais planetas. Sua posição em relação ao Sol é um dos prin-
cipais motivos para a existência de vida e para a existência de água em seus três estados físicos, e, por isso,
precisamos entender seu lugar no Universo.
Conhecer a Terra é o início do saber sobre a origem da vida, e entender sua estrutura é fundamental para
compreender a dinâmica do planeta, seja na sua atmosfera, seja na própria crosta terrestre.
Dados sobre o planeta Terra
Denominações: Terra, mundo, planeta água ou planeta azul
Diâmetro: aproximadamente 12.756,2 km

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Área da superfície: aproximadamente 510.072.000 km2
Massa: 5,9736 x 1024 kg
Distância do Sol: cerca de 149.600.000 km
Satélite natural: Lua
Período de rotação: 23 horas 56 minutos e 4 segundos
Período de translação: 365 dias 5 horas e 48 minutos
Temperatura média: 14 ºC
População terrestre: aproximadamente 7.722.522.000 habitantes
Características
O planeta Terra é um dos quatro planetas rochosos que compõem o Sistema Solar, localizado na Via Láctea.
Ao dizer que ele é um planeta rochoso, estamos falando basicamente da sua composição, sua superfície sólida
é formada por rochas e metais pesados, como o ferro. A composição rochosa e a presença de metais pesados
fazem com que o planeta desse tipo apresente maior densidade. Por isso, a Terra está mais próxima do Sol
quando comparada aos planetas gasosos.
Nós não a habitamos por acaso. A localização da Terra no Universo possibilita que nela haja água em seus
três estados físicos: líquido, sólido e gasoso, assim como também influencia na presença de gases que colabo-
ram para que sua temperatura média seja mantida por volta dos 14 ºC.
Vamos entender um pouco sobre a atmosfera terrestre? Basicamente, ela é composta por oxigênio, nitro-
gênio, vapor d’água e dióxido de carbono. Este é um dos principais responsáveis por um fenômeno natural
conhecido como efeito estufa, que permite a existência de vida no planeta.
Os gases presentes na atmosfera, especialmente o dióxido de carbono, possuem a capacidade de absorver
os raios solares emitidos à superfície terrestre. Uma vez que esses são absorvidos, evita-se que o calor seja
totalmente irradiado de volta ao espaço. A parcela de energia solar absorvida fica então retida na atmosfera,
permitindo que haja um equilíbrio energético e evitando uma grande amplitude térmica (diferença entre a tem-
peratura máxima e a temperatura mínima). Assim, o planeta consegue manter temperaturas que possibilitam a
existência de vida, diferentemente dos demais planetas que se encontram no Sistema Solar.
Os seres vivos que habitam a Terra retiram dela tudo aquilo que precisam para sobreviver. Os recursos natu-
rais, renováveis ou não renováveis, permitem que os seres humanos, animais e vegetais mantenham-se vivos.
Ao longo da história, mecanismos de adaptação foram desenvolvidos para que esses recursos pudessem ser
aproveitados. Contudo, o uso excessivo e irracional desses tem provocado grandes danos ao planeta.
O meio ambiente tem sido constantemente degradado, comprometendo a vida das gerações futuras. A
busca por um modelo de desenvolvimento sustentável é um dos principais temas de discussões em todas as
regiões da Terra.
→ Estrutura interna da Terra

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A Terra é divida em três camadas: crosta terrestre, manto e núcleo.
Crosta terrestre
A crosta é também conhecida como litosfera e corresponde à camada mais externa da Terra, formada por
rochas e minerais, como silício, magnésio, ferro e alumínio. Possui em média 10 quilômetros sob os oceanos e
entre 25 e 100 quilômetros sob os continentes.
Nela, são encontrados os continentes, as ilhas e o fundo oceânico. Além disso, observa-se que ela não é
uma camada inteiriça, pois há divisões que formam grandes blocos rochosos conhecidos como placas tectôni-
cas, que se movimentam e podem provocar tremores na superfície terrestre.
Manto
O manto localiza-se entre a crosta terrestre e o núcleo. É conhecido como camada intermediária, que se
divide em manto superior e manto inferior. Ele pode apresentar profundidade de cerca de 30 a 2900 km abaixo
da crosta e, ao contrário dela, o manto não é sólido.
Com temperatura média de até 2.000°C, essa camada é composta por material magmático (em estado
pastoso) composto principalmente por ferro, magnésio e silício. A movimentação do magma, conhecida como
correntes de convecção, provoca a movimentação dos blocos rochosos que compõem a crosta terrestre.
Núcleo
O núcleo é a camada mais interna da Terra e divide-se em núcleo externo e núcleo interno. É também a
camada que apresenta a maior temperatura, que, segundo cientistas, pode alcançar 6.000°C.
Ele é formado por ferro, silício, níquel e, apesar das altas temperaturas que deveriam manter esses com-
postos no estado líquido, o núcleo apresenta elevada pressão, que acaba por agrupar essas substâncias,
mantendo-as sólidas.
O planeta Terra possui formato de uma esfera, apresentando as regiões dos polos um pouco achatadas.
Esse formato arredondado é possível porque o planeta possui massa suficiente para que a sua gravidade exer-
ça a forma do equilíbrio estático. Em seu interior, o planeta apresenta algumas divisões, mais conhecidas como
camadas da Terra. Veja quais são:

→ Estrutura externa da Terra


A Terra é composta por camadas externas que estão intrinsecamente ligadas à dinâmica do planeta. Nosso
planeta é vivo não apenas do ponto de vista biológico mas está em constante movimentação geológica e fisica-
mente. Há três importantes componentes de sua estrutura externa:

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Como o Planeta Terra originou-se?
Os planetas, bem como a Terra, originaram-se há bilhões de anos, contudo sua formação e a do Sistema
Solar é controversa. Nenhuma teoria nesse sentido foi 100% aceita pela astronomia. A mais convincente foi
elaborada, em 1644, por René Descartes, e ficou conhecida como Teoria da Nebulosa Solar.
Essa teoria, reformulada em 1796 por Pierre-Simon de Laplace, acredita que a origem do Sol e dos planetas
deve-se ao colapso de uma nuvem, que, ao rotacionar em grande velocidade, acabou contraindo-se e “explo-
dindo”. Na explosão, a concentração central, de maior densidade, deu origem ao Sol. As partículas remanes-
centes do centro, e que se espalharam, deram origem então aos planetas.
As partículas mais densas, com substâncias menos voláteis, ficaram mais próximas do Sol, formando então
os planetas rochosos. Já as substâncias mais voláteis foram arrastadas para mais longe, formando os planetas
gasosos.
Planeta Terra no Universo

Em relação ao Sol, o planeta Terra é o terceiro em distanciamento. Anterior a ele estão Mercúrio e Vênus, e
posterior a ele estão Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Entre os planetas rochosos ou terrestres, a Terra
é o maior deles, tanto em densidade quanto em diâmetro.
O planeta possui um satélite natural, a Lua, possivelmente formada devido à colisão entre o planeta e um
outro corpo celeste. A rotação do satélite é sincronizada com a do planeta, e sua existência está associada às
marés (alterações do nível do mar).
A Terra não é um corpo celeste de luz própria e não é estática. O planeta está em constante realização de
diversos movimentos, como:
Rotação: é o movimento realizado pela Terra em torno do seu próprio eixo, e é responsável pela existência
do dia e da noite.
Translação: é o movimento realizado pela Terra em torno do Sol, e é responsável pela existência das esta-
ções do ano.
Precessão: é o movimento em que há deslocamento do eixo da Terra.

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Nutação: é o movimento de oscilação do eixo da Terra com relação à posição média de sua órbita.
Curiosidades sobre o planeta Terra
A circunferência da Terra foi calculada por Eratóstenes há mais de dois mil anos. Eratóstenes foi um geógra-
fo, matemático, gramático, poeta e astrônomo da Grécia Antiga.
O movimento de rotação da Terra tem diminuindo, aproximadamente, 17 milissegundos a cada 100 anos.
Apesar de praticamente imperceptível, a longo prazo, essa diminuição acarretará no aumento da duração do
dia.
A movimentação das placas tectônicas que formam a crosta terrestre provoca fenômenos como os terremo-
tos e tsunamis, e está também relacionada à existência dos vulcões.
Em um ano, acontecem na Terra cerca de 50.000 terremotos, dos quais, aproximadamente, 100 são capa-
zes de causar grandes estragos.
Segundo a força aérea americana, cerca de 2.783 satélites orbitam a Terra atualmente.

O planeta Terra possui 70% da sua superfície coberta por água.


Fontes naturais de água quente
Em alguns pontos do planeta, o magma está localizado próximo à superfície o que acaba aquecendo a água
subterrânea. Essa água quente jorra na forma de jatos: é o gêiser, que pode ultrapassar os 100ºC de tempe-
ratura.
Na Islândia, a água quente dos gêiseres (Gêiser em islandês significa ‘que jorra’) é bombeada para as casas
e usada para aquecimento.

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Efeito Estufa e outras transformações na Terra: El Niño, Mudanças Climáticas, Polui-
ção da água, do solo e do ar e Erosão. desmatamento e conservação da biodiversidade

A questão ambiental
O Brasil é famoso por seu território continental e por seus diversos ecossistemas. O país é também conhe-
cido por possuir a maior diversidade biológica do planeta. O gigantesco patrimônio ambiental do Brasil inclui
cerca de 13% das espécies de plantas e animais existentes no mundo.

O Brasil possui também as maiores reservas de água doce da Terra e um terço das florestas tropicais. Quase
um terço de todas as espécies vegetais do mundo se concentram no Brasil. A Amazônia por si só abriga aproxi-
madamente um terço das florestas tropicais do mundo e um terço da biodiversidade global, além da maior bacia
de água doce da Terra. Cabe ressaltar que 63,7% da região amazônica se encontra em território brasileiro.
A conservação do meio ambiente brasileiro é um desafio, pois o crescimento econômico do país aumenta a
demanda por recursos naturais. Utiliza-se mais a terra, extraem-se mais minerais e torna-se necessário expan-
dir a infraestrutura. Evidentemente, a agricultura, a mineração e a realização de novas obras impactam o meio
ambiente.
Nas conferências internacionais sobre o Meio Ambiente, há um embate ideológico entre o mundo desenvol-
vido e o subdesenvolvido. Se torna inviável preservar a natureza em espaços habitados por uma população mi-
serável. Alguém que encontra dificuldades para se alimentar não vai se preocupar com as consequências das
queimadas nas lavouras e do desmatamento nas florestas; ações que resultam na emissão de gases estufa.
Por outro lado, as mudanças climáticas agravam ainda mais a miséria. Na maioria dos casos, as pessoas
que mais sofrem as consequências dos desastres naturais e dos eventos climáticos extremos – inundações,
furacões, deslizamentos, etc. – são os pobres. Mesmo quando sobrevivem à tragédia, muitas vezes acabam
perdendo todos seus bens materiais: o pouco que se acumulou após anos de trabalho pode ser perdido algu-
mas horas.
As mudanças climáticas dificultam a redução da pobreza no mundo e ameaçam a sobrevivência física de
milhões de pessoas. Em outras palavras, é praticamente impossível dissociar a preservação ambiental da pés-
sima qualidade de vida de milhões de seres humanos.
A riqueza material também pode causar mudanças climáticas, pois uma pesada pegada ecológica e de car-
bono exerce pressão sobre o ambiente e o clima.
O Brasil vem apresentando melhorarias em alguns indicadores ambientais. Apesar de tal progresso, ainda
há grandes desafios que o país precisa superar.
A Floresta Amazônica e o desflorestamento

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Desflorestamento da Floresta Amazônica
O desflorestamento e a degradação produzem mais de 10% das emissões mundiais de carbono.
A Floresta Amazônica é a maior floresta tropical do mundo. Abrange 6,9 milhões de quilômetros quadrados
em nove países sul-americanos (Brasil, Bolívia, Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Guiana, Suriname e
Guiana Francesa). No Brasil, cobre 49% do território nacional e faz parte de nove estados brasileiros: Amazo-
nas, Pará, Mato Grosso, Acre, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins e Maranhão.
A Floresta Amazônica compreende a maior biodiversidade do mundo, que inclui mais de cinco mil espécies
de árvores, três mil de peixes, 300 de mamíferos e 1,300 de pássaros. Além disso, conta com um quinto da
disponibilidade de água potável do mundo - a maior bacia hidrográfica do planeta. No território brasileiro da
Floresta Amazônica habitam 20 milhões de pessoas, entre elas, 220 mil indígenas de inúmeras tribos.
Na Floresta Amazônica, há muitas espécies em perigo de extinção. A Amazônia sofre um ritmo acelerado de
destruição. Na década de 1970, o governo brasileiro, com o objetivo de desenvolver essa região e integrá-la ao
restante do país, criou inúmeros incentivos para que milhões de brasileiros passassem a habitá-la. Contudo,
os limites de propriedades não foram claramente delineados e o caos fundiário passou a ser uma realidade na
região.
A Floresta Amazônica contém uma das maiores reservas de madeira tropical do mundo. A extração dessa
madeira e a ampliação de áreas usadas para o gado e o plantio da soja resultam em desmatamento. O garimpo
e as grandes hidroelétricas também são nocivos para os rios da região.
O governo brasileiro precisa conter o desmatamento, demarcar as propriedades privadas e implementar leis
que protejam as áreas de conservação.
É importante não confundir a Amazônia Legal com a Floresta Amazônica. A Amazônia Legal é uma área
geoeconômica, delimitada em 1966 pelo Governo Federal, por meio da Superintendência de Desenvolvimento
da Amazônia (Sudam). Inclui a Floresta Amazônica, os cerrados e o Pantanal. A taxa anual de desflorestamento
na Amazônia Legal (Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Pará, Amapá, Tocantins, Maranhão e Mato Grosso)
foi reduzida significativamente nos últimos anos. A quantidade de árvores desflorestadas em 2011 foi a menor
desde 1988. Contudo, por mais que o número tenha diminuído, ainda é elevado: em 2009, 14,6% da Amazônia
Legal já havia sido desflorestada.
As queimadas e o desflorestamento são os principais responsáveis pelas emissões de gases do efeito estufa
no Brasil. Outros países pressionam o Brasil a tomar medidas eficazes para preservar a Floresta Amazônica,
por esta ser considerada “o pulmão do mundo”.
Desmatamento dos outros ecossistemas
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que foi mais alterado pela ocupação huma-
na. O Cerrado, que é o segundo maior bioma brasileiro e que abrange as savanas do centro do país, teve sua
cobertura vegetal reduzida pela metade. O percentual de área desmatada nesse bioma é maior que o verificado
na Floresta Amazônica.
Um dos impactos ambientais mais graves na região foi causado por garimpos: os rios foram contaminados
com mercúrio e houve o assoreamento dos cursos de água.

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Nos últimos anos, porém, a maior fator de risco para o Cerrado tem sido a expansão da agricultura, principal-
mente do cultivo da soja, e da pecuária. Graças ao desenvolvimento de tecnologia que permitiu corrigir o pro-
blema da baixa fertilidade de seus solos, o Cerrado se tornou área de expansão da plantação de grãos, como
a soja, para exportação. As atividades agropecuárias, por meio do desmatamento e das queimadas, estão
devastando a formação vegetal dos cerrados, causando processos erosivos e levando à compactação do solo.
A Mata Atlântica continua a ser desflorestada. É um dos biomas mais ameaçados do mundo. No presente,
há apenas 133.010 km² de área remanescente – menos de 10% do que havia originalmente.
A Mata Atlântica é um conjunto de formações florestais que possui uma enorme biodiversidade e que se
estende por uma faixa do Rio Grande do Sul ao Rio Grande do Norte, passando por 17 estados brasileiros.
Originalmente, a Mata Atlântica se estendia por toda a costa nordeste, sudeste e sul do Brasil, com faixa de
largura variável. Na tentativa de preservar o que restou dessa incalculável riqueza, foram criadas Unidades de
Conservação. A maior delas é o Parque Estadual da Serra do Mar, que contém 315 mil hectares. Não obstan-
te, a Mata Atlântica continua a ser ameaçada pelo constante aumento das cidades e pela poluição que muito
dificultam as tentativas de preservá-la. Na Mata Atlântica, há várias espécies em risco de extinção, como a onça
pintada e o mico-leão dourado.
As frentes humanas contra o desmatamento são chamadas de: empates. A “política dos empates” foi a for-
ma encontrada pelo grupo de Chico Mendes para impedir que madeireiros e fazendeiros do Acre praticassem
o desmatamento ilegal. Já que o grupo não possui os recursos para enfrentar seus adversários, adotaram a
estratégia de formar uma corrente humana, com as mãos de pessoas dadas, para impedir que os tratores pas-
sassem.
Vamos aqui falar dos principais problemas ambientais brasileiros
O Brasil, assim como qualquer país do mundo, enfrenta ameaças ao meio ambiente. De acordo com uma
pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 90% dos municípios brasileiros
apresentam problemas ambientais, e entre os mais relatados estão as queimadas, desmatamento e assore-
amento. A seguir, falaremos um pouco a respeito de cada um deles:
- Queimadas: As queimadas são geralmente utilizadas para limpar uma determinada área, renovar as pas-
tagens e facilitar a colheita de produtos como a cana-de-açúcar. Essa prática pode ser prejudicial para o ecos-
sistema, pois aumenta os riscos de erosão, mata micro-organismos que vivem no solo, retira nutrientes e causa
poluição atmosférica.
- Desmatamentos: Os desmatamentos acontecem por vários motivos. Entre eles, podemos citar a amplia-
ção da agropecuária, extração da madeira para uso comercial, criação de hidrelétricas, mineração e expansão
das cidades. O desmatamento prejudica o ecossistema de diferentes maneiras, provocando erosões, agrava-
mento dos processos de desertificação, alterações no regime de chuvas, redução da biodiversidade, assorea-
mento dos rios, etc.
O desmatamento no Brasil foi iniciado a partir do processo de colonização implementado pelos portugueses.
Desde então, boa parte da vegetação do país foi devastada.
O Brasil conta com seis tipos diferentes de florestas: a Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado, a Mata de
Araucária, o Pantanal e a Floresta Amazônia. Dentre eles, apenas a Floresta Amazônica possui um relativo
grau de preservação, apesar do aumento do desmatamento nos últimos anos.
A floresta do Brasil que mais sofreu com a devastação foi a Mata Atlântica. Como ela se encontra no litoral
do país, acabou se tornando o primeiro local para a ocupação da sociedade. Com isso, estima-se que restam
apenas 7% da vegetação original da Mata Atlântica.
O Cerrado também sofreu com o desmatamento, restam atualmente cerca de 20% da vegetação original.
Sua destruição se iniciou a partir do século XVIII, quando os colonizadores iniciaram a ocupação desse territó-
rio. Entretanto, foi a partir da metade do século XX que a devastação dessa floresta aconteceu de forma mais
intensa, com a expansão das atividades agrícolas e da pecuária.
Atualmente, a Floresta Amazônica, por ser a área atualmente mais preservada, vem sofrendo cada vez mais
com o crescimento do desmatamento. O principal motivo é a expansão da fronteira agrícola do país.
Fronteira agrícola é a área de expansão das atividades humanas, sobretudo da agropecuária, sobre as flo-
restas e os recursos naturais.

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A Floresta Amazônica começou a sofrer com o desmatamento a partir da década de 1970, quando foi cons-
truída a Rodovia Transamazônica. Depois disso, boa parte de sua área começou a ser destruída para a reali-
zação de práticas agrícolas e criação de gado.
Estima-se que, em todo o Brasil, 21 mil km² de florestas são destruídos por ano. Essa área é equivalente
à do estado do Sergipe. Além de melhorar a nossa consciência ambiental e deixar de desmatar as florestas,
precisamos cobrar dos nossos governantes o fim dessa destruição, através de medidas de controle, monitora-
mento e vigilância.
- Assoreamento: O assoreamento acontece com o acúmulo de sedimentos em ambientes aquáticos. Seus
impactos para o meio ambiente são grandes, como a obstrução de cursos de água, destruição de habitats
aquáticos, prejuízos na água destinada ao consumo e veiculação de poluentes.
Apesar de esses serem os mais relatados, não significa que sejam os únicos problemas ambientais enfren-
tados em nosso país. Podemos citar ainda como ameaças ao meio ambiente: a poluição das águas, que cau-
sam doenças e prejuízo no abastecimento, a poluição atmosférica, responsável por uma grande incidência
de doenças respiratórias, e a poluição do solo, desencadeada principalmente pelo acúmulo de lixo e pelo uso
de agrotóxicos.
Todos essas questões que afetam e ameaçam os ecossistemas e a saúde humana devem ser comba-
tidas. Para isso, necessitamos de urgente criação de políticas mais eficientes a fim de evitar crimes ambientais,
assim como precisamos de programas voltados à conscientização da população acerca de como diminuir os
problemas ambientais em nosso país. Se todos fizerem sua parte, poderemos deixar um Brasil com muito
mais qualidade de vida para nossos descendentes.
Degradação Ambiental
Os problemas ambientais de âmbito nacional (no território brasileiro) ocorrem desde a época da colonização,
estendendo-se aos subsequentes ciclos econômicos (cana, ouro, café etc.).
Atualmente, os principais problemas estão relacionados com as práticas agropecuárias predatórias, o extra-
tivismo vegetal (atividade madeireira) e a má gestão dos resíduos urbanos.
Os principais agravantes de ordem rural e urbana são:
- perda da biodiversidade em razão do desmatamento e das queimadas;
- degradação e esgotamento dos solos por causa das técnicas de produção;
- escassez da água pelo mau uso e gerenciamento das bacias hidrográficas;
- contaminação dos corpos hídricos por esgoto sanitário;
- poluição do ar nos grandes centros urbanos.
Impactos Ambientais
Efeito estufa
Efeito estufa é um fenômeno atmosférico natural responsável pela manutenção da vida na Terra. Sem a
presença desse fenômeno, a temperatura na Terra seria muito baixa, em torno de -18ºC, o que impossibilitaria
o desenvolvimento de seres vivos.
Existem, na atmosfera, diversos gases de efeito estufa capazes de absorver a radiação solar irradiada pela
superfície terrestre, impedindo que todo o calor retorne ao espaço.
Parte da energia emitida pelo Sol à Terra é refletida para o espaço, outra parte é absorvida pela superfície
terrestre e pelos oceanos. Uma parcela do calor irradiado de volta ao espaço é retida pelos gases de efeito
estufa, presentes na atmosfera. Dessa forma, o equilíbrio energético é mantido, fazendo com que não haja
grandes amplitudes térmicas e as temperaturas fiquem estáveis.
Para entender melhor, podemos comparar o efeito estufa ao que acontece em um carro parado sob a luz so-
lar. Os raios solares passam pelos vidros e aquecem o interior do veículo. O calor, então, tende a sair pelo vidro,
porém encontra dificuldades. Portanto, parte do calor fica retido no interior do carro, aquecendo-o. Os gases
de efeito estufa, presentes na atmosfera, funcionam como o vidro do carro, permitindo a entrada da radiação
ultravioleta, mas dificultando que toda ela seja irradiada de volta ao espaço.

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Contudo, a grande concentração desses gases na atmosfera dificulta ainda mais a dispersão do calor para o
espaço, aumentando as temperaturas do planeta. O efeito estufa tem-se agravado em virtude da emissão cada
vez maior de gases de efeito estufa à atmosfera.
Essa emissão é provocada por atividades antrópicas, como queima de combustíveis fósseis, gases emitidos
por escapamentos de carros, tratamento de dejetos, uso de fertilizantes, atividades agropecuárias e diversos
outros processos industriais.
Quais são os gases de efeito estufa?
Existem quatros principais de gases de efeito estufa.
1. Dióxido de carbono: é o mais abundante entre os gases de efeito estufa, visto que pode ser emitido a partir
de diversas atividades humanas. O uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo, é uma das
atividades que mais emitem esses gases. Desde a Era Industrial, houve um aumento de 35% da quantidade de
dióxido de carbono na atmosfera.
2. Gás metano: é o segundo maior contribuinte para o aumento das temperaturas da Terra, com poder 21
vezes maior que o dióxido de carbono. Provém de atividades humanas ligadas a aterros sanitários, lixões e pe-
cuária. Além disso, pode ser produzido por meio da digestão de ruminantes e eliminado por eructação (arroto)
ou por fontes naturais. Cerca de 60% da emissão de metano provém de ações antrópicas.
3. Óxido nitroso: pode ser emitido por bactérias no solo ou no oceano. As práticas agrícolas são as principais
fontes de óxido nitroso advindo da ação humana. Exemplos dessas atividades são cultivo do solo, uso de fer-
tilizantes nitrogenados e tratamento de dejetos. O poder do óxido nitroso de aumentar as temperaturas é 298
vezes maior que o do dióxido de carbono.
4. Gases fluoretados: são produzidos pelo homem a fim de atender às necessidades industriais. Como
exemplos desses gases, podemos citar os hidrofluorocarbonetos, usados em sistemas de arrefecimento e
refrigeração; hexafluoreto de enxofre, usado na indústria eletrônica; perfluorocarbono, emitido na produção de
alumínio; e clorofluorcarbono (CFC), responsável pela destruição da camada de ozônio.

A emissão de gases de efeito estufa é proveniente, principalmente, de atividades industriais.


Além desses gases, há também o vapor d’água, um dos principais responsáveis pelo efeito estufa. O vapor
d’água capta o calor irradiado pela Terra, distribuindo-o novamente em diversas direções, aquecendo, dessa
forma, a superfície terrestre.
Causas do efeito estufa
Nos últimos anos, houve um considerável aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera.
As atividades humanas ligadas à indústria, as atividades agrícolas, o desmatamento e o aumento do uso dos
transportes são os principais responsáveis pela emissão desses gases.
É válido ressaltar que o efeito estufa é um fenômeno natural essencial para manutenção da vida na Terra,
já que mantém as temperaturas médias, evitando grandes amplitudes térmicas e o esfriamento extremo do
planeta. Contudo, a intensificação de atividades industriais e agrícolas, que demandam áreas para produção e,
consequentemente, geram desmatamento, e o uso dos transportes aumentaram a emissão de gases de efeito
estufa à atmosfera.

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A queima de combustíveis fósseis é uma das atividades que mais produzem gases de efeito estufa. A con-
centração desses gases na atmosfera impede que o calor seja irradiado, aquecendo ainda mais a superfície
terrestre, aumentando, portanto, as temperaturas. Esse aumento das temperaturas decorrente da intensifica-
ção do efeito estufa é conhecido como aquecimento global.

O efeito estufa é um fenômeno natural que, apesar de ser essencial para a manutenção da vida, tem sido
agravado pela emissão de gases decorrente da ação antrópica.
Aquecimento global e efeito estufa
O efeito estufa é um fenômeno atmosférico de ordem natural capaz de garantir que a Terra seja habitável.
Esse efeito é responsável por manter a temperatura média do planeta, de forma que o calor não seja totalmente
irradiado de volta ao espaço, mantendo, portanto, a Terra aquecida e evitando que a temperatura não baixe
drasticamente.
A concentração dos gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono e o óxido nitroso, elevou-se signifi-
cativamente nas últimas décadas. Segundo diversos estudiosos, essa concentração tem provocado mudanças
na dinâmica climática do planeta, provocando o aumento das temperaturas da Terra.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, a temperatura do planeta aumentou apro-
ximadamente 0,85º C nos continentes e 0,55º C nos oceanos em um período de cem anos. Com esse aumento,
foi possível constatar o derretimento das calotas polares e a elevação do nível do mar.
A comunidade científica relaciona, portanto, o aumento dos gases de efeito estufa ao aumento das tem-
peraturas médias globais. A concentração desses gases impede cada vez mais que o calor irradiado pela su-
perfície seja disperso no espaço, aumentando a temperatura e reafirmando a questão do aquecimento global.
Contudo, é válido ressaltar que essa relação entre efeito estufa e aquecimento global, bem como a existência
do aquecimento global não são unanimidades entre os estudiosos. Muitos pesquisadores desacreditam que a
concentração dos gases tem agravado o aumento das temperaturas do planeta. Para eles, esse aquecimento
elevado constitui apenas uma fase de variação da dinâmica climática da Terra.

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O aquecimento global representa o aumento das temperaturas médias do planeta.
Consequências do efeito estufa
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, o sistema climático pode ser alterado
trazendo danos irreversíveis, como:
→ Derretimento das calotas polares e aumento do nível do mar.
→ Agravamento da segurança alimentar, prejudicando as colheitas e a pesca.
→ Extinção de espécies e danos a diversos ecossistemas.
→ Perdas de terras em decorrência do aumento do nível do mar, que provocará também ondas migratórias.
→ Escassez de água em algumas regiões.
→ Inundações nas latitudes do norte e no Pacífico Equatorial.
→ Riscos de conflitos em virtude da escassez de recursos naturais.
→ Problemas de saúde provocados pelo aumento do calor.
→ Previsão de aumento da temperatura em até 2º C até 2100 em comparação ao período pré-industrial
(1850 a 1900).

O derretimento das calotas polares e o consequente aumento do nível do mar são consequências do efeito
estufa.
Como evitar o efeito estufa?
O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas sinaliza que a emissão de gases de efeito estufa
deve ser reduzida de 40% a 70% entre os anos 2010 e 2050. Os países precisam estabelecer metas de redu-
ção de emissão desses gases a fim de conter o aumento das temperaturas.
É preciso investir no uso de fontes de energia renováveis e alternativas, abandonando o uso dos combus-
tíveis fósseis, cuja queima libera diversos gases de efeito estufa. Outras ações cotidianas também podem ser
adotadas, como redução do uso de transportes em trajetos pequenos, optando por ir a pé ou de bicicleta, pre-
ferência pelo uso de transporte coletivo e de produtos biodegradáveis e incentivo à coleta seletiva.

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Resumo

Fenômeno atmosférico Efeito Estufa


Fenômeno de ordem natural responsável por man-
ter as temperaturas médias globais, possibilitando a
existência de vida na Terra. É agravado pela ação hu-
Principais características mana por meio da emissão de gases de efeito estufa
à atmosfera, que impedem a dispersão da radiação
solar irradiada pela superfície terrestre, aumentando
a temperatura do planeta.
Dióxido de carbono
Gás metano
Gases de efeito estufa
Óxido nitroso
Gases fluoretados
É um fenômeno natural que tem-se intensificado
em decorrência de atividades humanas ligadas à in-
Causas
dústria, atividades agropecuárias, uso de transportes
e desmatamento.
Derretimento das calotas polares.
Aumento do nível do mar.
Agravamento da segurança alimentar.
Consequências
Aumento dos períodos de seca.
Escassez de água.
Aumento das temperaturas.
El Niño e La Niña
O fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS) é caracterizado por anomalias, positivas (El Niño) ou negativas
(La Niña), de temperatura da superfície do mar (TSM) no Pacífico equatorial, e sua caracterização é feita atra-
vés de índices, como o Índice de Oscilação Sul (IOS – calculado através da diferença de pressão entre duas
regiões distintas: Taiti e Darwin) e os índices nomeados Niño [(Niño 1+2, Niño 3, Niño 3.4 e Niño 4), que nada
mais são do que as anomalias de TSM médias em diferentes regiões do Pacífico equatorial].
As previsões da anomalia da TSM para Dezembro-Janeiro-Fevereiro de 2019 (DJF-2019) dos modelos nu-
méricos de previsão climática analisados indicam que as águas sobre o Pacífico Equatorial devem manter-se
mais quentes que o normal, indicando a permanência do fenômeno El Niño. A previsão da ocorrência de ENOS
realizada pelo IRI/CPC no início de novembro aponta que a maior probabilidade (80%) é de que o próximo tri-
mestre (DJF) ainda tenha a influência do fenômeno El Niño, e assim segue até Abril-Maio-Junho de 2019 (AMJ-
2019) (49%). Para o último trimestre da previsão (Junho-Julho-Agosto de 2019) a maior probabilidade (51%) é
de que retorne a neutralidade, ou seja, sem a ocorrência do El Niño ou da La Niña.
El NiÑo
El Niño é um fenômeno atmosférico-oceânico caracterizado por um aquecimento anormal das águas super-
ficiais no oceano Pacífico Tropical, e que pode afetar o clima regional e global, mudando os padrões de vento a
nível mundial, e afetando assim, os regimes de chuva em regiões tropicais e de latitudes médias.
La NiÑa
La Niña representa um fenômeno oceânico-atmosférico com características opostas ao EL Niño, e que
caracteriza-se por um esfriamento anormal nas águas superficiais do Oceano Pacífico Tropical. Alguns dos
impactos de La Niña tendem a ser opostos aos de El Niño, mas nem sempre uma região afetada pelo El Niño
apresenta impactos significativos no tempo e clima devido à La Niña.

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Aquecimento Global
O aquecimento global pode ser definido como o processo de elevação média das temperaturas da Terra ao
longo do tempo. Segundo a maioria dos estudos científicos e dos relatórios de painéis climáticos, sua ocor-
rência estaria sendo acelerada pelas atividades humanas, provocando problemas atmosféricos e no nível dos
oceanos, graças ao derretimento das calotas polares.
O principal órgão responsável pela divulgação de dados e informações sobre o Aquecimento Global é o
Painel Internacional sobre Mudanças Climáticas (IPCC), um órgão ligado à Organização das Nações Unidas
(ONU). Segundo o IPCC, o século XX foi o mais quente dos últimos tempos, com um crescimento médio de
0,7ºC das temperaturas de todo o globo terrestre. A estimativa, segundo o mesmo órgão, é que as temperaturas
continuem elevando-se ao longo do século XXI caso ações de contenção do problema não sejam adotadas em
larga escala.
O IPCC trabalha basicamente com dois cenários: um otimista e outro pessimista. No primeiro, considerando
que o ser humano consiga diminuir a emissão de poluentes na atmosfera e contenha ações de desmatamento,
as temperaturas elevar-se-iam em 1ºC até 2100. No segundo cenário, as temperaturas poderiam elevar-se de
1,8 até 4ºC durante esse mesmo período, o que comprometeria boa parte das atividades humanas.
Em um relatório de grande repercussão, publicado em março de 2014, o IPCC afirma que o aquecimento
global seria muito grave e irreversível, provocando a elevação dos oceanos, perdas agrícolas, entre outras
inúmeras catástrofes geradas pelas alterações no clima e na disposição dos elementos e recursos naturais.
Causas do Aquecimento Global
A principal entre as causas do aquecimento global, segundo boa parte dos especialistas, seria a intensifica-
ção do efeito estufa, um fenômeno natural responsável pela manutenção do calor na superfície terrestre, mas
que estaria sendo intensificado de forma a causar prejuízos. Com isso, a emissão dos chamados gases-estufa
seria o principal problema em questão.
Os gases-estufa mais conhecidos são o dióxido de carbono e o gás metano. Além desses, citam-se o óxido
nitroso, o hexafluoreto de enxofre, o CFC (clorofluorcarboneto) e os PFC (perfluorcarbonetos).
Essa listagem foi estabelecida pelo Protocolo de Kyoto, e sua presença na atmosfera estaria sendo inten-
sificada por práticas humanas, como a emissão de poluentes pelas indústrias, pelos veículos, pela queima de
combustíveis fósseis e até pela pecuária.

O CO2 (dióxido de carbono) seria o grande vilão do aquecimento global


Outra causa para o aquecimento global seria o desmatamento das florestas, que teriam a função de ameni-
zar as temperaturas através do controle da umidade. Anteriormente, acreditava-se que elas também teriam a
função de absorver o dióxido de carbono e emitir oxigênio para a atmosfera, no entanto, o oxigênio produzido
é utilizado pela própria vegetação, que também emite dióxido de carbono na decomposição de suas matérias
orgânicas.
As algas e fitoplânctons presentes nos oceanos são quem, de fato, contribuem para a diminuição de dióxido
de carbono e a emissão de oxigênio na atmosfera. Por esse motivo, a poluição dos mares e oceanos pode ser,
assim, apontada como mais uma causa do aquecimento global.

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Consequências do Aquecimento Global
Entre as consequências do aquecimento global, temos as transformações estruturais e sociais do planeta
provocadas pelo aumento das temperaturas, das quais podemos enumerar:
- aumento das temperaturas dos oceanos e derretimento das calotas polares;
- eventuais inundações de áreas costeiras e cidades litorâneas, em função da elevação do nível dos ocea-
nos;
- aumento da insolação e radiação solar, em virtude do aumento do buraco da Camada de Ozônio;
- intensificação de catástrofes climáticas, tais como furacões e tornados, secas, chuvas irregulares, entre
outros fenômenos meteorológicos de difícil controle e previsão;
- extinção de espécies, em razão das condições ambientais adversas para a maioria delas.
Como combater o aquecimento global?
A primeira grande atitude, segundo apontamentos oficiais e científicos, para combater o aquecimento global
seria a escolha de fontes renováveis e não poluentes de energia, diminuindo ou até abandonado a utilização
de combustíveis fósseis, tais como o gás natural, o carvão mineral e, principalmente, o petróleo. Por parte das
indústrias, a diminuição das emissões de poluentes na atmosfera também é uma ação necessária.
Outra forma de combater o aquecimento global seria diminuir a produção de lixo, através da conscientização
social e do estímulo de medida de reciclagem, pois a diminuição na produção de lixo diminuiria também a po-
luição e a emissão de gás metano, muito comum em áreas de aterros sanitários.
Soma-se a essas medidas a preservação da vegetação, tanto dos grandes biomas e domínios morfoclimáti-
cos, tais como a Amazônia, como o cultivo de áreas verdes no espaço agrário e urbano. Assim, as consequên-
cias do efeito estufa na sociedade seriam atenuadas.
As posições céticas quanto ao aquecimento global
Há, no meio científico, um grande debate sobre a existência e as possíveis causas do aquecimento global,
de forma que a sua ocorrência não estaria totalmente provada e nem seria consenso por parte dos especialistas
nas áreas que estudam o comportamento da atmosfera.
Existem grupos que afirmam que o aquecimento global seria um evento natural, que não seria influenciado
pelas ações humanas e que, tampouco, seria gravemente sentido em um período curto de tempo. Outras posi-
ções afirmam até mesmo que o aquecimento global não existe, utilizando-se de dados que comprovam que o
ozônio da atmosfera não está diminuindo, que o dióxido de carbono não seria danoso ao clima e que as geleiras
estariam, na verdade, expandindo-se, e não diminuindo.

Para alguns analistas, as calotas polares no sul e no norte estariam expandindo-se


Essas posições mais céticas consideram que as posições sobre o Aquecimento Global teriam um caráter
mais político do que verdadeiramente científico e acusam o IPCC de distorcer dados ou apresentar informações
equivocadas sobre o funcionamento do meio ambiente e da atmosfera. Tais cientistas não consideram o painel
da ONU como uma fonte confiável para estudos sobre o tema.
Divergências à parte, é importante considerar que o aquecimento global não é a única consequência das
agressões ao meio ambiente. Diante disso, mesmo os críticos ao aquecimento global admitem a importância

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de conservar os recursos naturais e, principalmente, os elementos da biosfera, vitais para a qualidade de vida
das sociedades.
Impactos ambientais
A principal ênfase dos estudos ambientais na Geografia refere-se aos temas concernentes à degradação e
aos impactos ambientais, além do conjunto de medidas possíveis para conservar os elementos da natureza,
mantendo uma interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento, como a Biologia, a Geologia, a Econo-
mia, a História e muitas outras.
Nesse sentido, o principal cerne de estudos é o meio ambiente e as suas formas de preservação. Entende-
-se por meio ambiente o espaço que reúne todas as coisas vivas e não vivas, possuindo relações diretas com
os ecossistemas e também com as sociedades. Com isso, fala-se que existe o ambiente natural, aquele consti-
tuído sem a intervenção humana, e o ambiente antropizado, aquele que é gerido no âmbito das práticas sociais.
De um modo geral, é possível crer que o mundo e os fenômenos que nele se manifestam são resultados do
equilíbrio entre os mais diversos eventos. Desse modo, alterar o equilíbrio pode trazer consequências severas
para o meio ambiente, de forma que se tornam preocupantes determinadas ações humanas, como o desmata-
mento, a poluição e a alteração da dinâmica dos ecossistemas.
A agropecuária e os problemas ambientais

O desmatamento é um dos grandes problemas ambientais provocados pela agropecuária


A agropecuária é o conjunto das atividades ligadas à agricultura e à pecuária. Apresenta grande importân-
cia para a humanidade e para a economia, visto que sua produção é destinada ao consumo humano e para a
venda dos produtos obtidos.
No entanto, vários problemas ambientais estão sendo desencadeados em virtude da expansão da agrope-
cuária e da utilização de métodos para o cultivo e criação de animais.
O desmatamento é uma prática muito comum para a realização da agropecuária. A retirada da cobertura
vegetal provoca a redução da biodiversidade, extinção de espécies animais e vegetais, desertificação, erosão,
redução dos nutrientes do solo, contribui para o aquecimento global, entre outros danos.
As queimadas, método muito utilizado para a retirada da vegetação original, intensificam a poluição atmos-
férica, além de reduzirem os nutrientes do solo, sendo necessário usar uma quantidade maior de produtos
químicos (fertilizantes) durante o cultivo de determinados alimentos, fato que provoca a poluição do solo.
Outro agravante é a utilização de agrotóxicos (inseticidas e herbicidas), que contaminam o solo, o lençol
freático e os rios. Esses produtos, destinados à eliminação de insetos nas plantações, infiltram-se no solo e
atingem as águas subterrâneas. As águas das chuvas, ao escoarem nessas plantações, podem transportar os
agrotóxicos para os rios, causando a contaminação da água.
Na pecuária, além da substituição da cobertura vegetal pelas pastagens, outro problema ambiental é a com-
pactação do solo gerada pelo deslocamento dos rebanhos. O solo compactado dificulta a infiltração da água e
aumenta o escoamento superficial, podendo gerar erosões. Esses animais, através da liberação de gás meta-
no, também contribuem para a intensificação do aquecimento global.

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Portanto, diante da necessidade de produzir alimentos para atender a demanda global e ao mesmo tempo
preservar a natureza, é necessário que métodos sustentáveis sejam implantados na agropecuária, de forma a
reduzir os problemas ambientais provocados por essa atividade. O pousio, por exemplo, é uma técnica que visa
o “descanso” do solo até que haja a recuperação da sua fertilidade.
O solo, quando não recebe tratamento apropriado, pode perder suas propriedades naturais e se tornar infér-
til. Para a conservação do solo, algumas medidas podem ser adotadas:
• Conservação da vegetação nativa: uma das mais importantes medidas para conservar o solo é não praticar
o desmatamento. A vegetação natural possui características que conservam o solo.

Conservação de vegetação nativa


• Combate à erosão: feito através do sistema de curvas de nível. Valas em sentido circular são feitas no solo
de regiões altas (montanhas, morros, serras). Estas valas absorvem a água, evitando assim as enxurradas que
levam as terras.

Combate à erosão
• Reflorestamento: a falta de vegetação pode provocar a ocorrência da erosão. Com a plantação de árvores
em regiões que passaram por desmatamentos, evita-se a erosão. O eucalipto e o pinheiro são as árvores mais
utilizadas neste processo, pois suas raízes “seguram” a terra e absorvem parte da água.

Antes e depois do Reflorestamento

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• Rotação de cultura: a área de plantações pode ser dividida em partes, de forma que uma delas ficará sem-
pre em repouso. As outras partes recebem o plantio de culturas diversas. Após a colheita, ocorre uma rotação,
sendo que a parte que havia ficado em repouso recebe o plantio, e uma que foi usada vai para o descanso.
Desta maneira, evita-se o desgaste da terra (perda de nutrientes), dificultando sua infertilidade.

Rotação de cultura
Em busca de seu próprio conforto e de aperfeiçoamento da tecnologia, há muito tempo o homem vem pro-
movendo modificações no ambiente, prejudicando o ecossistema do qual ele faz parte. O aperfeiçoamento
tecnológico, industrial e científico, nos últimos tempos, tem provocado drásticas alterações na atmosfera, na
água de mares, lagos, rios, e no solo. Além do mais, provocou desequilíbrio nas cadeias alimentares. Levando
a extinção de certos componentes da cadeia alimentar, com isso provocou o aumento numérico de espécies de
níveis tróficos mais inferiores produzindo efeitos muito desagradáveis.
*Poluição ambiental
Nem todo desequilíbrio ecológico é produzido pelo homem, como por exemplo, os incêndios acidentais pro-
vocados por raios devastando áreas florestais, no entanto, o homem é o maior causador de tais desequilíbrios.
Dentre eles, o de importância maior, que é a poluição do ambiente.
*Poluição da água
Os principais poluentes da água são: lançamento de esgoto, detergentes, resíduos industriais e agrícolas e
petróleo nos rios.
*Poluição atmosférica
Os poluentes encontrados no ar, principalmente das cidades industrializadas, são: monóxidos de carbono
(CO), dióxido de carbono (CO2), fração particulada, óxido de nitrogênio (NO2) e óxido de enxofre (SO2).
*Inversão térmica
A camada de ar próxima à superfície do globo terrestre é mais quente. Sendo menos densa ela sobe e à
medida que atinge alturas maiores vai esfriando. Com o movimento do ar as partículas sofrem dispersão. No
inverno pode ocorrer inversão térmica, ou seja, nas camadas próximas ao solo fica o ar frio e acima dessa ca-
mada, o ar quente. Os poluentes liberados na camada de ar frio estacionam.
*Poluição radioativa
A poluição radioativa aumenta a taxa de mutação, uma de suas maiores consequências é o surgimento de
variados tipos de câncer, alguns com cura desconhecida.1
Poluição do Ar
O desenvolvimento dos grandes centros urbanos e o consumo cada vez mais exagerado dos humanos são
os grandes responsáveis por tornar o mundo cada dia mais poluído. A poluição é um problema real que atinge
o ar, a água e o solo, tornando-se cada vez mais acentuada graças às nossas atitudes.
A poluição do ar pode ser definida como a presença de substâncias provenientes de atividades humanas ou
da própria natureza que podem colocar em risco a qualidade de vida dos seres vivos. O ar poluído pode causar
1Fonte: www.meuartigo.brasilescola.uol.com.br

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sérios problemas ao homem e a outros seres, portanto, ele é impróprio e nocivo.
A poluição do ar tem se intensificado desde a primeira metade do século XX com o aumento crescente de
indústrias e carros, que lançam diversos poluentes na atmosfera. Vale destacar, no entanto, que também exis-
tem fontes naturais de poluição atmosférica, tais como a poeira da terra e vulcões.
Os poluentes atmosféricos podem ser divididos em dois grandes grupos: os poluentes primários e os poluen-
tes secundários. Os poluentes primários são aqueles emitidos diretamente por uma fonte de poluição, como
um carro. Já os poluentes secundários são aqueles que sofrem reações químicas na atmosfera, ou seja, são
formados a partir da interação do meio com o poluente primário.
Dentre os principais poluentes do ar, podemos citar a fumaça, partículas inaláveis, dióxido de enxofre, ozô-
nio, dióxido de nitrogênio e monóxido de carbono. Essas substâncias podem causar sérios danos à saúde de
homem. O monóxido de carbono, por exemplo, diminui a capacidade do sangue de transportar oxigênio pelo
corpo, podendo causar hipóxia tecidual. Já o ozônio possui papel oxidante e citotóxico, podendo causar irri-
tação nos olhos e diminuição da capacidade pulmonar, por exemplo. O dióxido de enxofre relaciona-se com
irritações nas vias aéreas superiores, assim como o dióxido de nitrogênio. Esse último também pode provocar
danos graves aos pulmões.
Além desses problemas, a poluição do ar desencadeia diversas outras consequências para nosso corpo.
Ela está relacionada com a diminuição da eficácia do sistema mucociliar das nossas narinas, aumento dos sin-
tomas da asma, infecções das vias aéreas superiores e incidência de câncer de pulmão e doenças cardiovas-
culares. É importante frisar que crianças e idosos são os mais vulneráveis, sendo frequentemente internados,
principalmente com doenças respiratórias.
A qualidade do ar pode melhorar ou piorar de acordo com as condições do tempo de uma cidade. Quando há
períodos com baixa umidade e pouco vento, é comum vermos cidades com maior concentração de poluentes.
Isso se deve ao fato de que a dispersão dessas substâncias ocorre lentamente. Sendo assim, é fundamental
atenção redobrada nessas épocas do ano.2
Doenças relacionadas à poluição do ar
As doenças relacionadas à poluição do ar são consideradas doenças pulmonares ambientais. (Consulte
também Considerações gerais sobre doenças pulmonares ambientais.)
Os principais componentes da poluição do ar em países desenvolvidos são
- Dióxido de nitrogênio (proveniente da queima de combustíveis fósseis como carvão, petróleo e gás natural)
- Ozônio (devido ao efeito da luz solar sobre o dióxido de nitrogênio e hidrocarbonetos)
- Partículas sólidas ou líquidas suspensas
A queima de combustível de biomassa (como madeira, resíduos animais e colheitas) é uma fonte importante
de partículas em ambientes internos em países em desenvolvimento. O fumo passivo é também uma importan-
te fonte de poluição do ar em ambiente interno.
Altos níveis de poluição do ar podem desencadear crises (exacerbações) em pessoas com asma ou doença
pulmonar obstrutiva crônica. As doenças pulmonares relacionadas à poluição do ar também aumentam o risco
de distúrbios do coração e dos vasos sanguíneos e podem aumentar o risco de câncer de pulmão. Pessoas que
vivem em áreas com tráfego intenso estão particularmente em risco.
A maioria dos poluentes atmosféricos causam a contração dos músculos das vias aéreas, estreitando as vias
aéreas (hiperreatividade das vias aéreas).
Dentre os membros da população geral, especialmente crianças, a exposição em longo prazo à poluição do
ar pode aumentar a ocorrência de infecções respiratórias e sintomas de distúrbios respiratórios (como tosse e
dificuldade respiratória) e uma diminuição da função pulmonar.
O ozônio, o principal componente da poluição, é um forte irritante pulmonar. Os níveis tendem a ser mais
elevados no verão em comparação com outras estações e relativamente mais elevados no final da manhã e
início da tarde em comparação com outros momentos do dia. Exposições em curto prazo podem causar dificul-
dades respiratórias, dores torácicas e hiperreatividade das vias aéreas. As crianças que praticam atividades ao
ar livre em dias em que a poluição por ozônio é elevada estão mais propensas a desenvolver asma. A exposição
2Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br

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prolongada ao ozônio causa uma pequena, porém permanente, redução da função pulmonar.
A combustão de combustíveis fósseis ricos em enxofre pode criar partículas ácidas que se depositam facil-
mente nas vias aéreas superiores. Essas partículas, chamadas óxidos de enxofre, podem causar a inflamação
e constrição das vias aéreas, causando sintomas como dificuldade respiratória e aumento do risco de bronquite
crônica.
A poluição do ar por partículas derivadas da queima de combustíveis fósseis (principalmente óleo diesel) é
uma mistura complexa. As partículas podem causar inflamação das vias aéreas ou podem afetar outras partes
do corpo, como o coração. Os dados de alguns estudos sugerem que a poluição do ar por partículas aumenta
as taxas de mortalidade por todas as causas, principalmente mortalidade por causas cardíacas e pulmonares.
As partículas que afetam os pulmões o fazem de maneira diferente dependendo das substâncias que as
compõe. As partículas do mesmo material também podem ter efeitos diferentes, dependendo do seu tamanho
e forma. A indústria de nanotecnologia cria partículas extremamente pequenas de diferentes substâncias, como
o carbono, para várias utilizações. Nanopartículas têm um tamanho inferior a 100 nanômetros. Partículas ultra-
finas são ainda menores. Para efeitos de comparação, um fio de cabelo humano tem cerca de 100.000 nanô-
metros de diâmetro, de modo que seriam necessárias 1000 nanopartículas para se chegar à espessura de um
fio cabelo. Testes em animais e testes laboratoriais mostram que altas concentrações de nanopartículas ou de
partículas ultrafinas podem ser perigosas. Alguns trabalhadores acidentalmente expostos a quantidades muito
altas desenvolveram líquido ao redor dos pulmões ou lesão nas pequenas vias aéreas pulmonares. Porém, os
médicos não sabem ao certo os efeitos sobre os profissionais do setor de nanotecnologia das quantidades e
tipos de nanopartículas às quais eles estão expostos. Estudos estão em andamento para avaliar os riscos e
garantir a proteção dos profissionais.
Os níveis de poluentes no ar variam com base na localização e nas condições ambientais. Por exemplo,
o ozônio tende a permanecer no ar em dias quentes e úmidos, particularmente à tarde e início da noite. O
monóxido de carbono tende a estar mais elevado durante períodos de alto fluxo de veículos indo ou voltando
do trabalho. O Índice de qualidade do ar é usado para comunicar o nível de poluição do ar em um dado ponto
no tempo. As pessoas, especialmente aquelas com distúrbios cardíacos ou pulmonares, podem usar o Índice
de qualidade do ar para orientar suas escolhas de atividades ao ar livre em dias em que os níveis de poluição
estiverem elevados.
Diagnóstico
Histórico de exposição
O médico baseia o diagnóstico no histórico de exposição e sintomas da pessoa, nos testes de função pul-
monar e na exposição a altas concentrações de poluentes conhecidos no ar em casa e no trabalho. O médico
pergunta a pessoas com doenças pulmonares, como asma e doença pulmonar obstrutiva crônica, se seus
sintomas pioram quando expostos a poluição do ar.
É frequente que os testes não ajudem a diferenciar as doenças relacionadas à poluição do ar de outras do-
enças pulmonares. O diagnóstico pode ficar claro se muitos trabalhadores do mesmo setor, e com exposições
semelhantes, desenvolverem a mesma doença pulmonar, ainda mais após exposições súbitas muito elevadas.
Prevenção
Trabalhadores com exposições a poluição do ar devem seguir as recomendações feitas pelas principais
agências governamentais que limitam a exposição a gases, poeiras e vapores no ar. Crianças, idosos e pesso-
as com asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e outras doenças pulmonares devem evitar exercícios ao ar
livre quando o ar apresentar níveis elevados de poluentes.
Tratamento
Tratamento de sintomas
Os tratamentos são administrados para aliviar os sintomas. Por exemplo, medicamentos usados para tratar
asma (como broncodilatadores, que abrem as vias aéreas) podem aliviar alguns sintomas. Se os sintomas fo-
rem graves, as pessoas podem precisar de oxigênio suplementar ou ventilação mecânica.

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Ecossistema
A preocupação com o meio ambiente3 vem sendo questionada e centro de tomada de decisões, pois, a gra-
ve problemática ameaça romper com o equilíbrio ecológico do Planeta.
Grande marco a respeito da preocupação ambiental está na Declaração de Estocolmo, de 1972, onde se
enunciou, dentre outros, os direitos fundamentais do homem à liberdade, à igualdade e ao gozo de condições
de vida adequadas num meio ambiente de tal qualidade que lhe permita levar uma vida digna com solene obri-
gação de proteger e melhorar o meio ambiente para as gerações presentes e futuras.
Já na Declaração do Rio de Janeiro, de 1992, a formulação é mais sutil, reza que os seres humanos estão no
centro da preocupação com o desenvolvimento sustentável, com direito a uma vida mais saudável e produtiva,
em harmonia com a natureza.
Breve histórico
A sociedade passou por profundas transformações em que a realidade socioeconômica se modificou com
rapidez junto ao desenvolvimento incessante das economias de massas.
Os mecanismos de produção desenvolveram-se de tal forma a adequar às necessidades e vontades huma-
nas. Contudo, o homem não mediu as possíveis consequências que tal desenvolvimento pudesse causar.
Não apenas o meio natural foi alterado, como também a globalização e seus mecanismos trouxeram para
grande parcela da população mundial o aumento da pobreza, desigualdade social, além dentre outros, a ex-
clusão estrutural e cultural, como a perda de identidade cultural e social, dando lugar ao consumismo cultural.
Ou seja, os avanços tecnológicos não tão adequados e preparados ameaçam aos Direitos Humanos, onde
as classes excluídas sofrem diretamente muito mais com todo este cenário.
Sociedade atual – a crise e os riscos
A sociedade atual é caracterizada por uma sociedade de risco ambiental, em que não se sabe exatamente
quais os riscos, quais suas proporções e devidas consequências.
A exploração irracional dos recursos naturais pelo homem desencadeou uma série de eventos negativos em
que a própria vida do planeta se coloca em risco.
Destarte, o próprio homem se colocou na situação de crise ambiental e sociedade de risco, pois, os fatos
como o advento da industrialização, globalização, crescimento populacional, guerras mundiais, fixação da cul-
tura do consumismo, falta de estrutura e adequação, dentre outros, contribuíram para a atual crise ambiental.
Ainda, verifica-se que o modelo capitalista, irracional de exploração e apropriação dos recursos naturais não
apenas alterou o meio natural, mas também houve o desencadeamento da miséria, de desigualdade social,
concentração de renda e a própria violação aos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. E, também,
desestruturou ou extinguiu a identidade cultural de muitos povos.
Segundo, PHILIPPI Jr., o modelo de desenvolvimento econômico escolhido e assumido pelo governo bra-
sileiro, nem sempre esteve associado ao meio ambiente, provocando, dentre outros, o incremento de uma
sociedade dita consumista onde impera a força do mercado com regras que priorizam “ter” e não o “ser”, a
quantidade, não a qualidade, de vida ou de qualquer outro objeto, de onde emerge o vocábulo “descartável”,
neologismo que provoca a geração alucinada de resíduos sólidos, de todos os tipos, tamanhos e matérias.
(Fonte: Urbanização e Meio Ambiente, Suetônio Mota, ABES, RJ, 2003, pg.50)
Isto é, o resultado desse tipo de desenvolvimento tem sido a degradação dos recursos naturais. Sendo que,
respeitar a vida compreende respeitar ao meio ambiente e, sendo assim, o cuidado com o meio ambiente exige
“ultrapassar fronteiras e gerações”, pois requer o “dever de atuação” da presente geração a fim de resguardar
o “direito à vida” das futuras gerações.

3https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-ambiental/educacao-ambiental-perspectivas-e-desafios-na-sociedade-ade-risco/

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Ciclos biogeoquímicos (ciclos da água, carbono, oxigênio, nitrogênio, hidrogênio e
fósforo)

O ciclo da água, também conhecido como ciclo hidrológico, refere-se ao movimento contínuo que a água
faz pelo meio físico e pelos seres vivos do ecossistema, passando através da atmosfera, hidrosfera, litosfera e
biosfera. Trata-se, portanto, de um importante ciclo biogeoquímico que faz com que esse indispensável recurso
natural esteja constantemente no ambiente.
O Sol é o responsável por proporcionar energia para que o ciclo aconteça. Sua luz provoca a evaporação
da água presente na superfície terrestre. Em alguns locais, no entanto, a neve e o gelo sublimam, passando do
estado sólido para o vapor, pulando as fases de fusão (sólido para o líquido) e de evaporação.
A água, agora em estado gasoso, sobe para camadas mais altas da atmosfera, onde a temperatura é mais
baixa. Ao alcançar determinada altitude, essa substância passa do estado de vapor para o líquido (condensa-
ção) e forma as nuvens, que são, na realidade, uma grande quantidade de gotículas de água. Em locais frios,
essas gotículas podem solidificar-se e dar origem à neve ou ao granizo.
Ao iniciar a chuva, processo também chamado de precipitação, a água começa a retornar para a superfície
terrestre e é influenciada diretamente pela gravidade. Nesse momento, ela pode atingir rios, lagos e oceanos,
infiltrar-se no solo e nas rochas ou pode ser impedida de voltar à superfície terrestre pela vegetação.

Os seres vivos possuem papel determinante no ciclo da água. Como todos os organismos possuem essa
substância em seu corpo, a água também flui pelas cadeias alimentares. Além disso, as raízes das plantas ab-
sorvem água, e os animais obtêm essa substância bebendo-a ou retirando-a dos alimentos. Os animais perdem
água por meio de processos como a eliminação de urina e fezes, respiração e transpiração. Já as plantas per-
dem água por transpiração, processo em que vapor de água é liberado pelos estômatos (estruturas presentes
na epiderme vegetal que atuam nas trocas gasosas), e por gutação, processo no qual a água eliminada en-
contra-se no estado líquido. Além disso, parte da água que fica incorporada nesses seres é eliminada durante
o processo de decomposição.4
Poluição da água
A poluição hídrica corresponde ao processo de poluição, contaminação ou deposição de rejeitos na água
dos rios, lagos, córregos, nascentes, além de mares e oceanos. Trata-se de um problema socioambiental de
elevada gravidade, pois, embora a água seja um recurso natural renovável, ela pode tornar-se cada vez mais
escassa, haja vista que apenas a água potável é própria para o consumo.
A principal causa da poluição das águas é o desenvolvimento desenfreado das atividades econômicas, so-
bretudo nas cidades, com o aumento da deposição indevida de rejeitos advindos do sistema de esgoto e sane-
4Fonte: www.brasilescola.uol.com.br

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amento. Outra causa também apontada é o destino incorreto do lixo por parte da população, que atira objetos
nos cursos d’água por pura falta de conscientização ambiental.
Há de se levar em consideração que, em uma bacia hidrográfica, tudo o que é gerado em sua área de abran-
gência é escoado para o leito do seu rio correspondente. Dessa forma, o aumento da poluição no espaço das
cidades gera uma maior carga de poluentes para o leito dos rios que cortam essas áreas urbanas.
No campo, o mesmo procedimento acontece, quando o uso indiscriminado de agrotóxicos faz com que os
recursos hídricos sejam contaminados, uma vez que essa carga toda de compostos químicos acaba se desti-
nando ao lençol freático ou ao curso d’água mais próximo.
Com o desenvolvimento das sociedades e a intensificação do processo de industrialização, além da introdu-
ção de novas técnicas de plantio no campo, cada vez mais as reservas hídricas encontram-se poluídas, o que
gera uma maior escassez de lugares que podem ser aproveitados para a utilização da água para consumo e
outras funções.
Nos mares e também nos oceanos, também há muita poluição, gerada tanto pelo destino indevido do lixo
em práticas turísticas e de lazer nos ambientes litorâneos quanto, em alguns casos, pelo derramamento de
petróleo, que é de difícil controle.
As consequências da poluição das águas são diversas. A primeira, como já dissemos, é a perda dos recur-
sos hídricos para consumo. Além disso, vale lembrar que esses locais são o habitat de várias espécies, algu-
mas delas em risco de extinção.
Outro efeito da poluição hídrica é a ocorrência de um fenômeno chamado de eutrofização da água. Esse
processo consiste na presença excessiva de nutrientes oriundos de produtos químicos que contaminam os rios,
provocando a proliferação desenfreada de algas e cianobactérias, que impedem a entrada de luz nos ambien-
tes fluviais e reduzem a disponibilidade de oxigênio na água, o que pode gerar a morte de incontáveis espécies.
Para combater a poluição das águas, é preciso intensificar as campanhas de conscientização ambiental,
promover medidas de controle e fiscalização, além de se realizar o correto manejo dos resíduos sólidos e o
tratamento da água. É necessário, pois, que sejam adotadas medidas sustentáveis, sobretudo no sentido de
garantir esse e outros recursos naturais para as gerações futuras.5

Biomas brasileiros

Biomas brasileiros
Podemos definir bioma como um conjunto de ecossistemas que funcionam de forma estável. Um bioma é ca-
racterizado por um tipo principal de vegetação (num mesmo bioma podem existir diversos tipos de vegetação).
Os seres vivos de um bioma vivem de forma adaptada as condições da natureza (vegetação, chuva, umidade,
calor, etc) existentes.
Há no mundo uma imensa variedade de vegetação, dentre todos os países o Brasil possui um lugar de des-
taque em relação à quantidade de tipos de vegetação e belezas naturais. O Brasil possui um território continen-
tal, devido a isso apresenta vários tipos de vegetação, clima, relevo, hidrografia, esses são aspectos físicos e/
ou naturais. Cada região do país possui uma particularidade acerca de uma vegetação, a variação corresponde
à interrelação entre todos os elementos naturais. A vegetação é um dos aspectos naturais que mais se destaca
na paisagem, apresenta caraterísticas devido a sua formação a partir de aspectos de solo, clima entre outros
elementos.

5Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br

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Floresta Amazônica
Corresponde à mata fechada com árvores de grande, médio e pequeno porte, a densidade dessa vegeta-
ção é proveniente do clima quente e úmido que favorece o desenvolvimento da biodiversidade. Na Floresta
Amazônica prevalece o relevo plano, clima com elevadas temperaturas com baixa amplitude térmica e chuvas
frequentes bem distribuídas durante todos os meses do ano. As temperaturas variam entre 25o a 28o C e os
índices pluviométricos são superiores a 2.000 mm.

Calcula-se que dentro da floresta amazônica convivem em harmonia mais de 20% de todas as espécies vivas
do planeta, sendo 20 mil de vegetais superiores, 1400 de peixes, 300 de mamíferos e 1300 de pássaros, sem
falar das dezenas de milhares de espécies de insetos, outros invertebrados e micro-organismos. Para se ter
ideia do que isso significa, existem mais espécies vegetais num hectare de floresta amazônica de que em
todo o território europeu. A castanheira é o exemplo mais típico de árvore amazônica, sendo uma das mais
imponentes da mata. De toda essa variedade, metade permanece ainda desconhecida da ciência, havendo
muitas espécies endêmicas, ou seja, que vivem apenas numa localidade restrita, não ocorrendo em outras
regiões. A vegetação pode ser classificada em: mata de terra firme (sempre seca), mata de várzea (que se
alaga na época das chuvas) e mata de igapó (perenemente alagada). Existem, também, em menor quantida-
de, áreas de cerrado, campos e vegetação litorânea.
a) Mata de Igapó ou Caaigapó: Essa composição vegetativa ocorre em áreas de baixo relevo próximas a rios
e por causa disso permanecem alagadas, as plantas dessas áreas apresentam estatura máxima de 20 metros,
além de cipós e plantas aquáticas.
b) Mata de Várzea: Vegetação que se estabelece em áreas mais elevadas em relação às matas de igapó,
mesmo assim sofre inundações, porém somente nos períodos de cheias. As árvores presentes possuem em
média 20 metros de altura, sem contar com uma imensa quantidade de galhos repletos de espinhos, essa parte
da floresta é de difícil acesso por ser muito fechada.
c) Mata de Terra Firme ou Mata Verdadeira (Caaetê): Ocorre nas regiões que não sofrem com as ações das
cheias, nessa parte da floresta as árvores apresentam alturas que oscilam entre 30 e 60 metros e se desenvol-
vem com distâncias restritas entre si, fato que dificulta a inserção de luz, uma vez que as copas das mesmas
ficam muito próximas, devido a isso quase não existem outras plantas menores, pois o interior dessas matas é
escuro, tornando-se impróprias para reprodução de vegetais por não ocorrer o processo de fotossíntese.

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Mata Atlântica
Considerada um dos biomas mais ameaçados do planeta, a Mata Atlântica é o domínio de natureza mais
devastado do Brasil. Ela estende-se do Piauí ao Rio Grande do Sul, e correspondia a, aproximadamente, 15%
do território nacional, no entanto, a intensa devastação desse bioma para plantação de cana-de-açúcar, café,
mineração e outras atividades econômicas, reduziram drasticamente essa cobertura vegetal, restando, atual-
mente, apenas 7% da mata original, localizada principalmente na Serra do Mar.
A Mata Atlântica é composta por um conjunto de fisionomias e formações florestais, com estruturas e inte-
rações ecológicas distintas em cada região, ela está na faixa de transição com os mais importantes biomas do
Brasil: caatinga, cerrados, mangues, campestres e planaltos de araucárias. Seu clima predominante é o tropical
úmido, no entanto, existem outros microclimas ao longo da mata. Apresenta temperaturas médias elevadas
durante o ano todo; a média de umidade relativa do ar também é elevada. As precipitações pluviométricas são
regulares e bem distribuídas nesse bioma. Quanto ao relevo, é caraterizado por planaltos e serras. A importân-
cia hidrográfica da Mata Atlântica é grande, pois essa região abriga sete das nove maiores bacias hidrográficas
do país, entre elas estão: Paraná, Uruguai, Paraíba do Sul, Doce, Jequitinhonha e São Francisco.
Esse bioma é um dos mais ricos do mundo em espécies da flora e da fauna. Sua vegetação é bem diversifi-
cada e é representada pela peroba, ipê, quaresmeira, cedro, jambo, jatobá, imbaúba, jequitibá-rosa, jacarandá,
pau-brasil, entre outras. Esses dois últimos (jacarandá e pau-brasil) são o principal alvo da atividade madeireira,
fato que ocasionou sua redução e quase extinção.
A fauna possui várias espécies distintas, sendo várias delas endêmicas, ou seja, são encontradas apenas na
Mata Atlântica. Entre os animais desse bioma estão: tamanduá, tatu-canastra, onça-pintada, lontra, mico-leão,
macaco muriqui, anta, veado, quati, cutia, bicho-preguiça, gambá, monocarvoeiro, araponga, jacutinga, jacu,
macuco, entre tantos outros.
Existe uma grande necessidade de políticas públicas para a preservação da Mata Atlântica, visto que da
área original desse bioma (1,3 milhão de km2) só restam 52.000 Km2. Outro fator é a quantidade de espécies
ameaçadas de extinção: das 200 espécies vegetais brasileiras ameaçadas, 117 são desse bioma. Conforme
dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), a Mata Atlântica
abriga 383 dos 633 animais ameaçados de extinção no Brasil.

Mata dos Pinhais ou Floresta de Araucária

As Matas de Araucárias são encontradas na Região Sul do Brasil e nos pontos de relevo mais elevado da
Região Sudeste. Existem pelo menos dezenove espécies desse tipo de vegetação, das quais treze são en-

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dêmicas (existe em um lugar específico). São encontradas na Ilha Norfolk, sudeste da Austrália, Nova Guiné,
Argentina, Chile e Brasil. Essa cobertura vegetal se desenvolve em regiões nas quais predomina o clima
subtropical, que apresenta invernos rigorosos e verões quentes, com índices pluviométricos relativamente
elevados e bem distribuídos durante o ano. A araucária é um vegetal da família das coníferas que pode ser
cultivado com fins ornamentais, em miniaturas. O Pinheiro-do-Paraná ou Araucária (Araucaria angustifolia)
era encontrado com abundância no passado, atualmente no Brasil restaram restritas áreas preservadas. 


As árvores que compõem essa particular cobertura vegetal possuem altitudes que podem variar entre 25 e 50
metros e troncos com 2 metros de espessura. As sementes dessas árvores, conhecidas como pinhão, podem
ser ingeridas, os galhos envolvem todo o tronco central. Os fatores determinantes para o desenvolvimen-
to dessa planta é o clima e o relevo, uma vez que ocorre principalmente em áreas de relevo mais elevado.
Outra particularidade das araucárias é a restrita ocorrência de flores, provenientes das baixas temperaturas;
além de não desenvolver outros tipos de plantas nas proximidades dos pinheiros. Diante disso, a composição
paisagística dessa vegetação fica Caracterizada principalmente pelo espaçamento entre as árvores, pois não
existem vegetais de pequeno porte que poderiam fazer surgir uma vegetação densa; essas são compostas
por florestas ralas. 


Infelizmente, no Brasil, a proliferação das Araucárias está bastante comprometida e corre sério risco de
entrar em extinção, fato decorrente das atividades produtivas desenvolvidas há várias décadas na região, es-
pecialmente na extração de madeira e ocupação agropecuária, reduzindo a 3% a forma original.

Mata dos Cocais


Mata dos cocais é um tipo de vegetação brasileira que ocorre entre a região norte e nordeste do Brasil,
região denominada de meio-norte. Corresponde a uma área de transição envolvendo vários estados e vege-
tações distintas. Na região onde se encontra o meio-norte é possível identificar climas totalmente diferentes,
como equatorial superúmido e semiárido. A mata dos cocais é composta por babaçu, carnaúba, oiticica e buriti;
se estabelece entre a Amazônia e a caatinga, essa região abrange os estados do Maranhão, Piauí e norte do
Tocantins. 

Nas áreas mais úmidas do meio-norte, que se encontram no Maranhão, norte do Tocantins e oeste
do Piauí, ocorre o desenvolvimento de uma espécie de coqueiro ou palmeira chamada de babaçu. Essa planta
possui uma altura que oscila entre 15 e 20 metros. O babaçu produz amêndoas que são retiradas de cachos de
coquilhos do qual é extraído um óleo com uso difundido na indústria de cosméticos e alimentos. 

Nas regiões
mais secas do meio-norte, que se estabelecem no leste do Piauí, e nas áreas litorâneas do Ceará desenvolve
outra característica vegetal, a carnaúba. Carnaúba é uma árvore endêmica que pode alcançar aproximadamen-
te 20 metros de altura, das folhagens se extrai a cera e a partir dessa matéria-prima são fabricados lubrificantes,
a cera também é usada em perfumarias, na confecção de plásticos e adesivos. 

A mata dos cocais encontra-se
em grande risco de extinção, pois tais regiões estão dando lugar a pastagens e lavouras, especialmente no
Maranhão e boreal de Tocantins.

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Matas-Galerias ou Matas Ciliares
Mata Ciliar e Mata de Galeria são vegetações existentes em terrenos drenados ou mal drenados, estão as-
sociadas a cursos d´agua. No Cerrado, a mata ciliar segue os rios de médio e grande porte, sendo uma mata
estreita. Geralmente, a mata ciliar incide em terrenos acidentados. Ocorrem diferentes graus de queda das fo-
lhas na estação seca. Na mata de galeria há maior resistência das folhas nas estações secas. A mata de galeria
possui dois subtipos, a não-inundável e a inundável. No Cerrado, por exemplo, ainda há a mata seca que apre-
senta três subtipos: Sempre-verde, Semidecídua e Decídua. Na vegetação de galeria é comum a existência de
espécies epífitas, que são plantas que utilizam uma árvore como suporte ao seu crescimento, não fazendo da
mesma fonte de sua nutrição, pois não são parasitas, por exemplo, as orquídeas.
É comum que a vegetação da mata de galeria não seja padronizada, há casos de vegetação não-inundável
em área inundada.

Caatinga – (mata branca)


A caatinga, palavra originária do tupi-guarani, que significa “mata branca”, é o único sistema ambiental exclu-
sivamente brasileiro. Possui extensão territorial de 734.478 de quilômetros quadrados, correspondendo a cerca
de 10% do território nacional, está presente nos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Sergipe, Alagoas, Bahia, Piauí e norte de Minas Gerais. As temperaturas médias anuais são elevadas, oscilam
entre 25° C e 29° C. O clima é semiárido; e o solo, raso e pedregoso, é composto por vários tipos diferentes de
rochas. A ação do homem já alterou 80% da cobertura original da caatinga, que atualmente tem menos de 1%
de sua área protegida em 36 unidades de conservação, que não permitem a exploração de recursos naturais.
As secas são cíclicas e prolongadas, interferindo de maneira direta na vida de uma população de, aproximada-
mente, 25 milhões de habitantes.
As chuvas ocorrem no início do ano e o poder de recuperação do bioma é muito rápido, surgem pequenas
plantas e as árvores ficam cobertas de folhas.
Vegetação – As plantas da caatinga são xerófilas, ou seja, adaptadas ao clima seco e à pouca quantidade de
água. Algumas armazenam água, outras possuem raízes superficiais para captar o máximo de água da chuva.
E há as que contam com recursos pra diminuir a transpiração, como espinhos e poucas folhas. A vegetação é
formada por três estratos: o arbóreo, com árvores de 8 a 12 metros de altura; o arbustivo, com vegetação de 2
a 5 metros; e o herbáceo, abaixo de 2 metros. Entre as espécies mais comuns estão a amburana, o umbuzeiro

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e o mandacaru. Algumas dessas plantas podem produzir cera, fibra, óleo vegetal e, principalmente, frutas.
Fauna – A fauna da caatinga é bem diversificada, composta por répteis (principalmente lagartos e cobras),
roedores, insetos, aracnídeos, cachorro-do-mato, arara-azul, (ameaçada de extinção), sapo-cururu, asa bran-
ca, cutia, gambá, preá, veado catingueiro, tatupeba, sagui-do-nordeste, entre outros animais.

Cerrado (ou Savana do Brasil)

O Cerrado é um tipo de vegetação que compõe a fitogeografia brasileira, já ocupou 25% do território brasilei-
ro, fato que lhe dá a condição de segunda maior cobertura vegetal do país, superada somente pela floresta
Amazônica. No entanto, com o passar dos anos o Cerrado diminuiu significantemente. A vegetação do Cerra-
do se encontra em uma região onde o clima que predomina é o tropical, apresenta duas estações bem defini-
das: uma chuvosa, entre outubro e abril; e outra seca, entre maio e setembro. O Cerrado abrange os Estados
da região Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal), além do sul do Pará e
Maranhão, interior do Tocantins, oeste da Bahia e Minas Gerais e norte de São Paulo.


A vegetação predominante é constituída por espécies do tipo tropófilas (vegetais que se adaptam às duas
estações distintas, como ocorre no Centro-Oeste), além disso, são caducifólias (que caem as folhas no pe-
ríodo de estiagem) com raízes profundas. A vegetação é, em geral, de pequeno porte com galhos retorcidos
e folhas grossas. Apesar dessa definição generalizada, o cerrado é constituído por várias caraterísticas de
vegetação, é classificado em subsistemas: de campo, de cerrado, de cerradão, de matas, de matas ciliares e
de veredas e ambientes alagadiços. O Cerrado já ocupou uma área de 2 milhões de km2, entretanto, hoje são
aproximadamente 800 mil km2. Essa expressiva diminuição se deve à intervenção humana no ecossistema.
Em geral, os solos são pobres e muito ácidos. Até a 1970 o cerrado era descartado quanto ao seu uso para a
agricultura, mas com a modernização do campo surgiram novas técnicas que viabilizaram a sua ocupação para
essa finalidade. Então foi realizada a correção do solo e os problemas de nutriente foram solucionados, atual-
mente essa região se destaca como grande produtor de grãos, carne e leite. Embora esses sejam os grandes
“vilões” da devastação do Cerrado.

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Campos (ou Estepes Brasileiros)
Os campos são formados por herbáceas, gramíneas e pequenos arbustos esparsos com caraterísticas di-
versas, conforme a região. Esse bioma pode ser classificado da seguinte forma: - Campos limpos – Predomínio
das gramíneas. - Campos sujos – Há a presença de arbustos, além das gramíneas. Campos de altitude – Áreas
com altitudes superiores a 1,4 mil metros, encontrados na serra da Mantiqueira e no Planalto das Guianas.
- Campos da hileia – É um tipo de formação rasteira encontrado na Amazônia, é caraterizado pelas áreas
inundáveis da Amazônia oriental, como a ilha de Marajó, por exemplo.
- Campos meridionais – Não há presença arbustiva, predomina uma extensa área com gramíneas, propícia
para o desenvolvimento da atividade agropecuária. Destaca-se a Campanha Gaúcha, no Rio Grande do Sul e
os Campos de Vacaria, no Mato Grosso do Sul. Os campos ocupam áreas descontínuas do Brasil, na Região
Norte esse bioma está presente sob a forma de savanas de gramíneas baixas, nas terras firmes do Amazonas,
de Roraima e do Pará. Na Região Sul, surge como as pradarias mistas subtropicais.
Os campos do Sul são formados principalmente pelos pampas gaúchos, com clima subtropical, região plana
de vegetação aberta e de pequeno porte que se estende do Rio Grande do Sul à Argentina e ao Uruguai. A
vegetação campestre forma um tapete herbáceo com menos de 1 metro, com pouca variedade de espécies.
Sete tipos de cacto e de bromélia são endêmicos da região, além de uma espécie de peixe - o cará, ou seja,
são espécies encontradas apenas nesse local. A terra possui condições adequadas para o desenvolvimento da
agricultura, além de comportar água em abundância. Os principais produtos agrícolas cultivados nessa região
são arroz, milho, trigo e soja. No entanto, muitas áreas desse bioma já foram degradadas em razão da atividade
econômica desenvolvida com a utilização de máquinas, e a intensa ocupação de rebanhos bovinos e planta-
ções de trigo e, principalmente, de soja. A pecuária extensiva desgasta o solo, o plantio de soja e trigo diminuem
a fertilidade do mesmo, além dos desmatamentos que causam erosão e desertificação.

Pantanal
O Brasil apresenta ao longo de seu território diversas composições vegetais, dentre elas o Pantanal, que é
conhecido também por Complexo do Pantanal; sua formação vegetal recebe influência da floresta Amazônica,
Mata Atlântica, Chaco e do Cerrado. Ocupando uma área de 210 mil km2, o Pantanal é considerado a maior
planície alagável do mundo, está situado sobre uma enorme depressão cuja altitude não ultrapassa os 100

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metros em relação ao nível do mar. Esse domínio encontra-se ao sul do Estado de Mato Grosso e noroeste do
Mato Grosso do Sul, esse possui um percentual maior de Pantanal, cerca de 65%, enquanto que aquele detém
35%. O alagamento do Pantanal acontece no período chuvoso, nas épocas de estiagem formam-se pastagens
naturais, situação que favorece a ocupação para criação de gado. A inundação do Pantanal acontece por causa
das cheias do rio Paraguai e afluentes.
As superfícies pantaneiras mais elevadas abrangem a vegetação do Cerrado e, em áreas mais úmidas, apre-
sentam florestas tropicais do tipo arbóreas. Essa parte da fitogeografia brasileira foi reconhecida pela UNESCO
como um Patrimônio Natural da Humanidade, isso pelo fato de ser um dos ecossistemas mais bem preservados
do mundo. Além disso, abriga uma imensa biodiversidade, são cerca de 670 espécies de aves, 242 de peixes,
110 de mamíferos, 50 de répteis. Incluindo ainda aproximadamente 1500 variedades de plantas. As atividades
econômicas desenvolvidas no Pantanal que mais se destacam são a pecuária e a pesca. A criação de gado é
uma atividade que consegue aliar preservação e renda. Porém, nas últimas décadas, gradativamente tem sido
inserido na região pantaneira o cultivo de culturas monocultoras comerciais (ex. soja), provocando impactos
negativos no ambiente pela aplicação de agrotóxicos, além da retirada da cobertura vegetal original que pode
comprometer todo o ecossistema. Outro problema enfrentado está ligado à fauna, tendo em vista que ocorre
uma intensa caça de jacarés e pesca indiscriminada.

Mangue
Os mangues correspondem a uma característica vegetativa que se apresenta em áreas costeiras, compre-
ende uma faixa de transição entre aspectos terrestres e marinhos, esse tipo de cobertura vegetal se estabelece
em lugares no qual predominam o clima tropical e subtropical. Os mangues se encontram em ambientes alaga-
dos com águas salobras, os vegetais do mangue são constituídos por raízes expostas favorecendo uma maior
retirada de oxigênio e também proporcionando maior fixação.
Essa composição vegetal é fundamental na produção de alimentos para suprir as necessidades de diversos
animais marinhos. O mangue é formado por plantas com aspecto arbustivo e também arbóreo, no entanto, os
manguezais não são homogêneos, uma vez que há diferenças entre eles, desse modo são classificados ou
divididos em: mangue vermelho, mangue branco e mangue-siriuba.
Apesar da importância dos manguezais na manutenção da vida marinha, esse ambiente tem sofrido profun-
das alterações promovidas principalmente pela ocupação urbana e especialmente para atender a especulação
imobiliária. Dos 172.000 quilômetros quadrados de manguezais existentes no mundo, o Brasil responde por
15% do total, ou seja, 26.000 quilômetros quadrados distribuídos em todo litoral brasileiro, partindo do Amapá
até Santa Catarina.

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Saúde Pública e Saneamento: Noções de saneamento básico e suas relações com a
qualidade de vida das populações humanas

Saneamento
É o conjunto de medidas que visa preservar ou modificar as condições do meio ambiente com a finalidade
de prevenir doenças e promover a saúde, melhorar a qualidade de vida da população e à produtividade do in-
divíduo e facilitar a atividade econômica.
Quando se fala em saneamento básico, estamos nos referindo basicamente às medidas aplicadas ao abas-
tecimento de água e tratamento do esgoto, incluindo também a destinação correta do lixo.
Fazem parte ainda do conceito saneamento todas as ações que produzam prevenção à doenças, geração
de qualidade de vida e preservação do meio ambiente, tais como, controle de animais e insetos, limpeza e pre-
servação de espaço públicos, alimentos, habitações, entre outras.
No Brasil, o saneamento básico é um direito assegurado pela Constituição e definido pela Lei nº. 11.445/2007
como o conjunto dos serviços, infraestrutura e Instalações operacionais de abastecimento de água, esgotamen-
to sanitário, limpeza urbana, drenagem urbana, manejos de resíduos sólidos e de águas pluviais.
Embora atualmente se use no Brasil o conceito de Saneamento Ambiental como sendo os serviços citados
acima, o mais comum é que o saneamento seja visto como sendo os serviços de acesso à água potável, à
coleta e ao tratamento dos esgotos.
Sua importância
Ter saneamento básico é um fator essencial para um país poder ser chamado de país desenvolvido. Os ser-
viços de água tratada, coleta e tratamento dos esgotos levam à melhoria da qualidade de vidas das pessoas,
sobretudo na saúde Infantil com redução da mortalidade infantil, melhorias na educação, na expansão do turis-
mo, na valorização dos imóveis, na renda do trabalhador, na despoluição dos rios e preservação dos recursos
hídricos, etc.
Em 2017, segundo o Ministério da Saúde (DATASUS), foram notificadas mais de 258 mil internações por
doenças de veiculações hídricas no país.
Em vinte anos (2016 a 2036), considerando o avanço gradativo do saneamento, o valor presente da eco-
nomia com saúde, seja pelos afastamentos do trabalho, seja pelas despesas com internação no SUS, deve
alcançar R$ 5,9 bilhões no país.
O Saneamento Básico
Abastecimento de água
A água potável é a água própria para o consumo humano. Para ser assim considerada, ela deve atender aos
padrões de potabilidade. Se ela contém substâncias que desrespeitam estes padrões, ela é considerada impró-
pria para o consumo humano. As substâncias que indicam esta poluição por matéria orgânica são compostos
nitrogenados, oxigênio consumido e cloretos.

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De acordo com Barros et al. (1995), o Sistema de Abastecimento de Água representa o “conjunto de obras,
equipamentos e serviços destinados ao abastecimento de água potável de uma comunidade para fins de con-
sumo doméstico, serviços públicos, consumo industrial e outros usos”.
A água constitui elemento essencial à vida. O homem necessita de água de qualidade adequada e em quan-
tidade suficiente para atender a suas necessidades, para proteção de sua saúde e para propiciar o desenvol-
vimento econômico.
Para o abastecimento de água, a melhor saída é a solução coletiva, exceto no caso das comunidades rurais
que se encontram muito afastadas. As partes do Sistema Público de Água são: captação; adução (transporte);
tratamento; reservação (armazenamento) e distribuição (LEAL, 2008).
Portanto, um sistema de abastecimento de água é composto pelas seguintes unidades:
- Manancial: fonte de onde se retira a água.
- Captação: conjunto de equipamentos e instalações utilizado para a tomada de água do manancial.
- Adução: transporte da água do manancial para a estação de tratamento de água ou da água tratada para
a reservação.
- Tratamento: melhoria das características qualitativas da água, dos pontos de vista físico, químico, bacte-
riológico e organoléptico, a fim de que se torne própria para o consumo. É feito nas Estações de Tratamento de
Água (ETA).
- Reservação: armazenamento da água para atender a diversos propósitos, como a variação de consumo e
a manutenção da pressão mínima na rede de distribuição.
- Rede de distribuição: condução da água para os edifícios e pontos de consumo, por meio de tubulações
instaladas nas vias públicas.
A importância da implantação do sistema de abastecimento de água, dentro do contexto do saneamento
básico, deve ser considerada tanto no aspecto sanitário e social quanto nos aspectos econômicos, visando
atingir aos seguintes objetivos:
* Nos aspectos sanitário e social:
- melhoria da saúde e das condições de vida de uma comunidade;
- diminuição da mortalidade em geral, principalmente da infantil;
- aumento da esperança de vida da população;
- diminuição da incidência de doenças relacionadas à água;
- implantação de hábitos de higiene na população;
- facilidade na implantação e melhoria da limpeza pública;
- facilidade na implantação e melhoria dos sistemas de esgotos sanitários;
- possibilidade de proporcionar conforto e bem-estar;
- incentivo ao desenvolvimento econômico.
* Nos aspectos econômicos:
- aumento da vida produtiva dos indivíduos economicamente ativos;
- diminuição dos gastos particulares e públicos com consultas e internações hospitalares;
- facilidade para instalações de indústrias, onde a água é utilizada como matéria-prima ou meio de operação;
- incentivo à indústria turística em localidades com potencialidades para seu desenvolvimento.
Sistema de esgotos
O sistema de esgotos sanitários é o conjunto de obras e instalações que propicia coleta, transporte e afasta-
mento, tratamento, e disposição final das águas residuárias, de uma forma adequada do ponto de vista sanitário
e ambiental. O sistema de esgotos existe para afastar a possibilidade de contato de dejetos humanos com a
população, com as águas de abastecimento, com vetores de doenças e alimentos.

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Com a construção de um sistema de esgotos sanitários em uma comunidade procura-se atingir os seguintes
objetivos: afastamento rápido e seguro dos esgotos; coleta dos esgotos individual ou coletiva (fossas ou rede
coletora); tratamento e disposição adequada dos esgotos tratados, visando atingir benefícios como conserva-
ção dos recursos naturais; melhoria das condições sanitárias locais; eliminação de focos de contaminação e
poluição; eliminação de problemas estéticos desagradáveis; redução dos recursos aplicados no tratamento de
doenças; diminuição dos custos no tratamento de água para abastecimento (LEAL, 2008). A Tabela 1 relaciona
as principais consequências, no meio ambiente e na saúde, de poluentes encontrados nos esgotos.

Disposição do lixo
O lixo é o conjunto de resíduos sólidos resultantes da atividade humana. Ele é constituído de substâncias
putrescíveis, combustíveis e incombustíveis. O lixo tem que ser bem acondicionado para facilitar sua remoção.
Quando o lixo é disposto de forma inadequada, em lixões a céu aberto, por exemplo, os problemas sanitá-
rios e ambientais são inevitáveis. Isso porque estes locais tornam-se propícios para a atração de animais que
acabam por se constituírem em vetores de diversas doenças, especialmente para as populações que vivem da

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catação, uma prática comum nestes locais. Além do mais, são responsáveis pela poluição do ar, quando ocorre
a queima dos resíduos, do solo e das águas superficiais e subterrâneas.
À medida que soluções técnicas são adotadas, e quanto mais adequada for a operação dos sistemas de
disposição final do lixo, que incorporem modernas tecnologias de tratamento, menores são os impactos para a
saúde pública e para o meio ambiente.
No que diz respeito aos aterros controlados, embora os problemas sanitários sejam bastante minimizados
em relação aos lixões, pois adotam a técnica do recobrimento dos resíduos com terra diariamente, os proble-
mas ambientais ainda persistem, uma vez que são responsáveis pelo comprometimento das águas subterrâne-
as e superficiais, pois não adotam medidas como a impermeabilização da base do aterro, além de não haver
tratamento dos líquidos percolados pela decomposição do lixo. A coleta e o tratamento do biogás também não
são feitos, havendo, portanto, a poluição atmosférica.
Já os aterros sanitários incorporam avanços tecnológicos da Engenharia Sanitária e Ambiental, e por isso
mesmo minimizam os impactos em relação aos sistemas anteriores, lixões a céu aberto e aterros controlados..
Além de promoverem a adequada disposição final dos resíduos, são áreas impermeabilizadas com mantas sin-
téticas de alta resistência que minimizam o comprometimento dos lençóis freáticos. A captação e o tratamento
dos líquidos percolados são outras medidas trazidas pela Engenharia Sanitária e Ambiental que colocam estes
sistemas entre aqueles que podem ser utilizados para a disposição adequada do lixo urbano.
A boa operação e a incorporação dessas modernas tecnologias, no entanto não eliminam a necessidade
de políticas públicas voltadas para mudanças nos padrões de consumo, incentivo à minimização da geração
de resíduos, à coleta seletiva e à reciclagem, também importantes ferramentas do processo de gerenciamento
integrado de resísuos sólidos que está cada vez mais deixando de ser resíduo para se transformar em novos
produtos, num círculo virtuoso para a saúde pública e o meio ambiente (APETRES, 2009).
Drenagem urbana
Os sistemas de drenagem urbana são essencialmente sistemas preventivos de inundações; empoçamentos;
erosões, ravinamento e assoreamentos, principalmente nas áreas mais baixas das comunidades sujeitas a ala-
gamentos ou marginais de cursos naturais de água. No campo da drenagem urbana, os problemas agravam-se
em função da urbanização desordenada e falta de políticas de desenvolvimento urbano.
Um adequado sistema de drenagem urbana, quer de águas superficiais ou subterrâneas, onde esta drena-
gem for viável, proporcionará uma série de benefícios, tais como: desenvolvimento do sistema viário; redução
de gastos com manutenção das vias públicas; valorização das propriedades existentes na área beneficiada;
escoamento rápido das águas superficiais, reduzindo os problemas do trânsito e da mobilidade urbana por
ocasião das precipitações; eliminação da presença de águas estagnadas e lamaçais; rebaixamento do lençol
freático; recuperação de áreas alagadas ou alagáveis; segurança e conforto para a população.
Doenças relacionadas com a falta de Saneamento Básico
Os parasitas em geral possuem duas fases de vida: uma dentro do hospedeiro e outra no meio ambiente.
Enquanto estão no corpo do hospedeiro, eles possuem condições ideais para seu desenvolvimento, como
temperatura e umidade adequadas, além de dispor de alimento em abundância.
Quando estão no meio ambiente, ao contrário, estão ameaçados e morrem com facilidade, devido à lumino-
sidade excessiva, à presença de oxigênio, de calor, e à falta de alimentos. O tempo que esses microrganismos
passam fora do hospedeiro deve ser suficiente apenas para que alcancem novos organismos, continuando seu
ciclo de vida.
Normalmente os parasitas são eliminados pelo portador junto com suas excretas, isto é, fezes, urina e catar-
ros, e então se misturam com os microrganismos que vivem livremente no solo, na água e no ar.
Assim, uma pessoa ainda sadia poderá ficar doente se ingerir água ou alimentos contaminados e também se
andar descalça ou mexer diretamente na terra que contenha excretas de pessoas enfermas.
É comum os parasitas serem disseminados por insetos (moscas, mosquitos, pulgas e baratas), ratos e ou-
tros animais que, por essa razão, são chamados de vetores. Muitas vezes, a transmissão de doenças ocorre
quando estes animais picam uma pessoa enferma e em seguida uma pessoa sadia.
A maior parte das doenças transmitidas para o homem é causada por microrganismos, organismos de pe-

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quenas dimensões que não podem ser observados a olho nu.
Os principais grupos de microrganismos que podem provocar doenças no homem são:
- os vírus (ex.: vírus da hepatite);
- as bactérias (ex.: vibrião colérico, que é o agente da cólera);
- os protozoários (ex.: ameba);
- os helmintos, que provocam as verminoses, podem ser microscópicos (ex.: filaria, que é o agente da ele-
fantíase), ou apresentarem maiores dimensões (ex.: a lombriga).
Aos profissionais da área de Engenharia Sanitária e Ambiental interessa conhecer as formas de transmissão
e as medidas de prevenção das doenças relacionadas com a água, com as fezes, om o lixo e com as condições
de habitação.
Doenças relacionadas com a água
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), grande parte de todas as doenças que se alastram nos
países em desenvolvimento são provenientes da água de má qualidade. A água contaminada pode prejudicar
a saúde das pessoas, nas seguintes situações:
- através da ingestão direta;
- na ingestão de alimentos;
- pelo seu uso na higiene pessoal e no lazer;
- na agricultura;
- na indústria.
As doenças relacionadas com a água podem ser agrupadas conforme a Tabela 2, a seguir.

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Doenças relacionadas com as fezes
A presença de coliformes fecais é indicação de contaminação fecal. Quando se observa presença de bacté-
rias do grupo coliforme, considera-se a água como contaminada por fezes.
Estes coliformes também podem ser encontrados no solo, nos alimentos. Essas bactérias são oriundas da
presença de animais que utilizam o rio para dessedentação ou de esgotos sanitários que são lançados direta-
mente no rio, tornando a água imprópria para o consumo.
As doenças relacionadas com as fezes podem ser agrupadas conforme a Tabela 3 a seguir.

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Doenças relacionadas com o lixo
Várias doenças podem ser transmitidas quando não há coleta e disposição adequada do lixo. Os mecanis-
mos de transmissão são complexos e ainda não totalmente compreendidos.
Como fator indireto, o lixo tem grande importância na transmissão de doenças através, por exemplo, de ve-
tores que nele encontram alimento, abrigo e condições adequadas para proliferação. São muitas as doenças
relacionadas ao acúmulo de lixo e a sua falta de tratamento, conforme Tabela 4.

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Doenças relacionadas com a habitação
Em moradias construídas próximas a concentrações elevadas de vetores, há o aumento de transmissão de
doenças como, por exemplo, a malária. Assim, o local onde as moradias são construídas, bem como a qualida-
de dessas habitações, tem efeito importante na saúde da população.
Nas habitações também deve ser promovida a higiene doméstica, pois esta é uma das estratégias preventi-
vas na transmissão de doenças feco-orais e das controladas pela limpeza com a água.
As habitações ainda têm influência nas doenças transmitidas pelo ar, como catapora, cachumba, meningite,
difteria e doenças respiratórias. O projeto de uma habitação deve prever condições adequadas de espaço, ven-
tilação, temperatura do ar e umidade, de forma a não favorecer a transmissão de patogênicos pelo ar.
Finalmente, é importante ressaltar que o material e o acabamento inadequados nas habitações podem favo-
recer a proliferação de ratos, mosquitos, carrapatos, piolhos etc., animais estes transmissores de doenças. Um
exemplo é a infestação dos barbeiros, que são os vetores da doença de Chagas (PHILIPPI JR., 2004).
Controle de vetores
As populações animais portadoras de doenças apresentam um risco à saúde pública. A transmissão de do-
enças dos animais para o homem pode se dar de forma direta, indireta ou através de vetores, que são seres
vivos capazes de transferir um agente infeccioso de um hospedeiro a outro.
O controle de vetores tem importância sanitária, na medida em que propicia:
- redução da mortalidade infantil;
- redução da mortalidade e aumento da vida média do homem;
- prevenção de doenças cuja transmissão esteja relacionada aos vetores;
- preservação das condições de conforto à vida humana.

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As formas de controle de vetores dividem-se em controle químico, controle ambiental e controle biológico
(BARROS et al., 1995).
O controle químico é bastante empregado no Brasil e consiste no emprego de agentes químicos, com o
intuito de destruir os vetores. Vários dos produtos empregados são tóxicos ao homem e podem desenvolver
resistência nos vetores. Além disso, são medidas que necessitam ser repetidas periodicamente.
O controle ambiental significa o saneamento do meio, de tal modo a criar condições adversas ao desen-
volvimento de vetores. Além de ser uma medida com efeito de longo prazo, traz muitos outros benefícios à
saúde, ao conforto da população e à atividade econômica, não causando impactos ambientais como o controle
químico. Por esses motivos, sempre deve ser a estratégia preferida.
O controle biológico consiste em se lançar no meio outros organismos, que são predadores dos vetores
ou que estabelecem uma competição com eles. É uma técnica cujo desenvolvimento ainda não está totalmente
concluído, encontrando-se em fase de pesquisas. Quando podem ser aplicadas as três modalidades de con-
trole em conjunto, a estratégia é denominada de controle integrado de vetores, sendo esta a mais eficaz forma
de intervenção.

Aspectos biológicos da pobreza e do desenvolvimento humano; Indicadores sociais,


ambientais e econômicos; Índice de desenvolvimento humano

Prezado Candidato, o tema acima supracitado, já foi abordado na matéria de GEOGRAFIA DO BRA-
SIL

Agentes causadores de doenças: caracterização de vírus e bactérias; Os principais


parasitas humanos (ectoparasitas e os endoparasitas) e as medidas preventivas de saú-
de

Microbiologia
A microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os microrganismos.
Os microrganismos são seres vivos de tamanho pequeno, cujas dimensões não permitem que sejam obser-
vados a olho nu pelo homem. Assim, eles só podem ser visualizados ao microscópio.
A palavra microbiologia, deriva da combinação das palavras gregas mikros, “pequeno”, bios e logos “estudo
da vida”. Dessa forma, o estudo da microbiologia abrange a identificação, forma, modo de vida, fisiologia e me-
tabolismo dos microrganismos, além das suas relações com o meio ambiente e outras espécies.
De modo geral, os microrganismos contribuem na fertilização do solo, reciclagem de substâncias e parti-
cipam de ciclos biogeoquímicos. Ainda podem ser usados na fabricação de produtos como iogurte, vinhos,
queijos, vinagres e pães.
Existem ainda os microrganismos patogênicos que causam doenças em seres humanos, animais e plantas.
Grupos de microrganismos
Os principais grupos de microrganismos são: vírus, bactérias, protozoários, algas e fungos.

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Vírus

Os vírus são organismos microscópicos que não possuem células. Por isso, são considerados parasitas
intracelulares.
Os vírus só conseguem realizar suas atividades vitais dentro de outra célula viva.
Alguns vírus são patogênicos e causam doenças ao homem. Alguns exemplos são: gripe, sarampo, febre
amarela, meningite, caxumba, hepatite, aids e varíola.
Bactérias

As bactérias são seres unicelulares e procariontes. Elas fazem parte do Reino Monera.
As bactérias podem ser encontradas em diversos ambientes e são capazes de suportar condições ambien-
tais inóspitas à maioria dos seres vivos.
Mesmo sendo imperceptível, as bactérias desenvolvem importantes funções no ambiente. Elas atuam nos
ciclos biogeoquímicos e na produção de alimentos e medicamentos.
Algumas bactérias podem ser patogênicas e causam doenças como a cólera, difteria, febre tifoide, lepra,
meningite, tuberculose.
Protozoários

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Os protozoários são seres eucariontes, unicelulares e heterótrofos. Pertencem ao Reino Protista, junto com
as algas que são organismos aquáticos que têm a capacidade de realizar fotossíntese. Elas podem ser micro
ou macroscópicas, eucariontes ou procariontes.
Os protozoários apresentam variadas formas corporais e ocupam ambientes úmidos ou o interior de outros
organismos.
Alguns são parasitas, causadores de doenças. Entre as doenças causadas por protozoários estão: amebía-
se, giardíase, malária e doença de chagas.
Fungos
Os fungos são seres macroscópicos ou microscópicos, unicelulares ou pluricelulares, eucariontes e heteró-
trofos. Eles fazem parte do Reino Fungi.
Os fungos possuem diversos tipos de habitat visto que são encontrados no solo, na água, nos vegetais, nos
animais, no homem e nos detritos em geral.
Diante do grande número de espécies, cerca de 1,5 milhão, os fungos são utilizados para diferentes fins,
como na produção de medicamentos e até mesmo na produção de queijos.
O cogumelo é um tipo de fungo que é muito apreciado na culinária, sendo fonte de proteínas.
Alguns fungos podem ser patogênicos. Entre as doenças relacionadas com fungos estão: micoses, sapinho,
candidíase e histoplasmose.
Áreas de estudo da microbiologia
A microbiologia abrange uma área de estudo ampla, podendo ser fonte de diferentes pesquisas.
Os campos de atuação que a microbiologia pode atuar são:
• Microbiologia médica: tem como foco de estudo os microrganismos patogênicos. Sua atuação está direta-
mente ligada ao controle e prevenção de doenças, estando assim relacionada à imunologia.
• Microbiologia farmacêutica: tem como objetivo o estudo dos microrganismos que podem contribuir com a
produção de medicamentos, especialmente antibióticos.
• Microbiologia ambiental: tem como foco de estudo as bactérias e fungos que atuam na decomposição de
matéria orgânica e dos elementos químicos da natureza. Está relacionada aos ciclos biogeoquímicos.
• Microbiologia de alimentos: tem como objetivo estudar os microrganismos envolvidos na indústria alimen-
tícia, especialmente no controle da produção e industrialização dos alimentos.
• Microbiologia microbiana: tem como foco os processos que envolvem manipulação genética e molecular
dos microrganismos.
Parasitologia
A parasitologia é a ciência que estuda os parasitos, seus hospedeiros e as relações entre eles.
Os parasitos são organismos que vivem em associação com outros (hospedeiros), retirando destes, os
meios para sua sobrevivência, processo conhecido como parasitismo. Dentre os parasitos temos representan-
tes dos protozoários (ex: Giardia lamblia), nematódeos (ex: Ascaris lumbricoides), trematódeos (ex: Schistoso-
ma mansoni), cestódeos (ex: Taenia solium), acantocéfalos (ex: Macracantorhynchus ingens) e artrópodes (ex:

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Culex quinquefasciatus).
Os parasitos podem ser classificados de acordo com a parte do corpo do hospedeiro que atacam:
- Ectoparasitos: parasitam a parte exterior do corpo do hospedeiro. Ex: pulgas, piolhos;
- Endoparasitos: parasitam a parte interior do corpo do hospedeiro. Ex: lombrigas e solitárias; - Hemoparasi-
tos: parasitos que vivem na corrente sanguínea do hospedeiro. Ex. Trypanosoma cruzi.
Os hospedeiros podem ser classificados como:
- Hospedeiros definitivos: são aqueles que abrigam a forma adulta do parasito;
- Hospedeiros intermediários: são aqueles que abrigam a forma larval do parasito;
- Hospedeiros paratênicos: também chamados de hospedeiros de transporte, são aqueles que apenas trans-
portam o parasito, não havendo desenvolvimento do mesmo.
Os parasitos precisam recolher nutrientes para sua alimentação e agem sob diversas formas em seus hos-
pedeiros:
- Ação espoliativa: absorvem sangue e nutrientes dos seus hospedeiros;
- Ação enzimática: produzem enzimas que dissolvem partes do corpo dos seus hospedeiros;
- Ação irritativa: causam irritação no local parasitado;
- Ação mecânica: podem interferir no fluxo alimentar e na absorção dos alimentos;
- Ação tóxica: produzem substancias que podem ser toxicas para o hospedeiro;
- Ação traumática: produzem lesões nos tecidos dos hospedeiros;
- Anóxia: podem consumir oxigênio presente nas hemoglobinas e causar anemias.
A presença de parasitos e consequentemente de doenças parasitárias, está intimamente relacionada com o
meio ambiente.
A falta de higiene e saneamento básico aumenta gradativamente a presença de parasitos e de pessoas do-
entes. Muitas parasitoses, como Enterobius vermicularis, podem ser controladas apenas com ações de higiene
coletivas e individuais.
Para evitar as parasitoses, basta inserir no cotidiano algumas medidas básicas como:
- Ingerir água filtrada ou fervida;
- lavar bem frutas e verduras antes de ingeri-las;
- evitar andar descalço;
- combater/afastar moscas do ambiente;
- lavar as mãos antes de comer;
- promover saneamento básico nas comunidades.
Para que ocorram infecções parasitárias é fundamental que haja elementos básicos expostos e adaptados
às condições do meio.
Os elementos básicos da cadeia de transmissão das infecções parasitárias são o hospedeiro, o agente
infeccioso e o meio ambiente. No entanto, em muitos casos, temos a presença de vetores, isto é, insetos que
transportam os agentes infecciosos de um hospedeiro parasitado a outro, até então sadio, ou seja, não infecta-
do, como podemos citar nos casos da febre amarela, da leishmaniose e outras doenças.
São elementos básicos da cadeia de transmissão:
Hospedeiro: Em uma cadeia de transmissão, o hospedeiro pode ser o homem ou um animal, sempre ex-
posto ao parasito ou ao vetor transmissor. Na relação parasito-hospedeiro, esse pode comportar-se como um
portador que não apresenta sintomas ou como um indivíduo que apresente sintomas, sendo que os dois são
capazes de transmitir a doença. O hospedeiro pode ser chamado de intermediário quando os parasitas nele
existentes se reproduzem de forma assexuada, ou ainda podem ser considerados como definitivo, quando os

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parasitas alojados nele se reproduzem de modo sexuado.
Agente infeccioso: É um ser vivo capaz de reconhecer seu hospedeiro, penetrar, desenvolver-se, multiplicar-
-se neste ser vivo e, mais tarde, sair para alcançar novos hospedeiros.
Meio ambiente: É o espaço constituído pelos fatores físicos, químicos e biológicos, cujo intermédio são in-
fluenciados o parasito e o hospedeiro.
Tipos de doenças: Destacam-se as doenças transmissíveis, são causadas somente por seres vivos, chama-
dos de agentes infecciosos ou parasitos. E as doenças não transmissíveis, que podem ter várias causas, tais
como deficiências metabólicas, acidentes, traumatismos ou ainda ser de origem genética.
Vírus: Os vírus são considerados partículas ou fragmentos celulares capazes de se cristalizar até alcançar
o novo hospedeiro. Por serem tão pequenos, só podem ser vistos com o auxílio de microscópios eletrônicos.
São formados apenas pelo material genético, que pode ser o DNA ou RNA, e uma membrana proteica. Não
dispõem de metabolismo próprio e são incapazes de se reproduzir fora de uma célula. Podem causar doenças
no homem, animais e plantas.
Bactérias: São micro-organismos muito pequenos, porém maiores que os vírus, mas visíveis somente ao
microscópio. Apresentam formas variadas e pertencem ao reino Monera, sendo considerados como seres uni-
celulares, ou seja, procariontes.
Embora não tenha sido o primeiro a tentar classificar os seres vivos, Linnaeus é considerado o “pai” da
taxonomia moderna. Seus estudos são considerados os pilares da taxonomia botânica e zoológica, pois foi o
primeiro estudioso a utilizar o sistema binomial de classificação.
Haeckel em 1866 incluiu o reino Protista, para classificar “animais” e “vegetais” unicelulares. Haeckel apre-
sentou um esquema que representaria a árvore da vida, classificando os seres vivos em três reinos.
Whittaker em 1969 propôs um novo sistema de classificação, em que os seres vivos seriam agrupados em
cinco reinos, sendo separados principalmente pelas características morfológicas e fisiológicas, tais como:
Monera: Procariotos;
Protista: Eucariotos unicelulares, protozoários sem parede celular e algas com parede celular;
Fungi: Eucariotos aclorofilados;
Plantae: Vegetais;
Animalia: Animais.
Doenças Infecciosas podem ser evitadas através do conhecimento. Conheça abaixo algumas doenças
transmitidas por bactérias, vírus, fungos ou protozoários.
Protozoário
• MALÁRIA
Segundo Araguaia a malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium, como o Plasmodium vivax,
Plasmodium falciparum, Plasmodium malariae e Plasmodium ovale: os dois primeiros ocorrem em nosso país
e são mais freqüentes na região amazônica.
No homem, os esporozoítos infectantes se direcionam até o fígado, dando início a um ciclo que dura, aproxi-
madamente, seis dias para P. falciparum, oito dias para a P. vivax e 12 a 15 dias para a P. malariae, reproduzin-
do-se assexuadamente até rebentarem as células deste local (no mosquito, a reprodução destes protozoários
é sexuada). Após esses eventos, espalham-se pela corrente sanguínea e invadem hemácias, até essas terem
o mesmo fim, causando anemia no indivíduo.(Araguaia. M.)
A malária pode ser transmitida acidentalmente por transfusão de sangue (sangue contaminado com plas-
módio), pelo compartilhamento de seringas (em usuários de drogas ilícitas) ou por acidente com agulhas e/ou
lancetas contaminadas. Há, ainda, a possibilidade de transmissão neonatal. (Brasil-2005)
Sintomas da malária incluem febre, calafrio, dor nas articulações, vômito, anemia, hemoglobinúria e convul-
sões. O sintoma clássico da malária é ocorrência cíclica de frio súbito seguido por tremores de calafrio e então
febre e sudorese que duram de 4 a 6 horas, ocorrendo a cada 2 dias nas infecções pelos protozoários P. vivax
e P. ovale, e a cada 3 dias pelo P. malariae. Infecção de malária pelo protozoário P. falciparum pode ocasionar

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febre recorrente a cada 36-48 horas ou febre menos pronunciada e quase contínua. Por razões ainda pouco
compreendidas, crianças com malária freqüentemente exibem postura anormal, a qual pode estar relacionada
a dano cerebral. Malária pode causar problemas cognitivos, principalmente em crianças.
No Brasil, a grande extensão geográfica da área endêmica e as condições climáticas favorecem o desenvol-
vimento dos transmissores e agentes causais da malária pelas espécies de P. vivax, P. falciparum e P. malariae
(este último com menor freqüência). Especialmente na Amazônia Legal, a transmissão é instável e geralmente
focal, alcançando picos principalmente após o período chuvoso do ano. (Brasil-2005)
As principais formas de prevenção são o uso de inseticidas, que matam os insetos adultos, a eliminação dos
criadouros de mosquitos mediante aterros, drenagens, limpeza e desobstrução das margens de rios e canais e
a substituição da irrigação com canais a céu aberto por sistemas que utilizem tubos fechados, já que os mos-
quitos se criam em coleções de água como represas, lagos, lagoas, rios, valas, alagadiços temporários, etc.
Como proteção individual recomenda-se o uso de repelentes, telas nas janelas, mosquiteiro ao redor da cama
e que se evite viajar para áreas onde há alta incidência da doença. Não existe vacina disponível para malária.
Atualmente, uma vacina para a doença vem sendo testada em Moçambique e os testes iniciais vêm mostrando
bons resultados.
Bactéria
• INFECÇÃO URINÁRIA
A maior percentagem das infecções urinárias é provocada pela bactéria Escherichia coli, proveniente das
fezes. São raros os casos em que a bactéria entra no aparelho urinário através do sangue. Só em doentes com
septicemia, diabéticos ou com o sistema imunitário deprimido.A infecção urinária é uma doença provocada es-
sencialmente por bactérias no aparelho urinário. As bactérias penetram pelo meato urinário em sentido ascen-
dente e podem instalar-se na uretra (uretrite), bexiga (cistite), próstata (prostatite) ou no rim (pielonefrite). São
mais freqüentes nas mulheres devido a apresentarem a uretra mais curta, o que permite as bactérias atingirem
a bexiga com maior facilidade.
Segundo Lima, as pessoas podem se infectarem quando bactérias se multiplicam ao redor da uretra (colo-
nização) para, logo após, ascenderem através desta, penetrando na bexiga. Elas podem se manter na bexiga
ou continuar na subida até o rim. A colonização de bactérias no trato urinário pode ser facilitada por diversos
fatores como, por exemplo: obstrução urinária: próstata aumentada, estenose de uretra; doenças neurológicas:
mielomeningocele, traumatismo de coluna; corpo estranho: sonda vesical, cálculo urinário. Lima ainda comenta
que, geralmente os sintomas estão relacionados ao órgão (bexiga, rim) afetado. Quando a bexiga (cistite) ou
a próstata (prostatite) estão envolvidas é comum: disúria; polaciúria; hematúria; febre (na prostatite); micção
imperiosa (urgência).
Quando o rim está envolvido, além dos sintomas acima, poderão ocorrer: náuseas, vômitos, mau estado
geral; febre; calafrios; dor lombar. Na infecção urinária, a urina poderá se tornar fétida, opaca ou escura. As in-
fecções urinárias são tratadas com facilidade a partir do uso de antibióticos de eficácia comprovada. A duração
do tratamento depende do diagnóstico e da gravidade da infecção. Crianças e principalmente mulheres grávi-
das devem receber cuidado médico especial. O antibiótico correto depende da avaliação médica, portanto não
é recomendada automedicação que pode acabar atrasando o tratamento correto e ainda resultar em bactérias
resistentes.
Os principais cuidados de prevenção a serem tomados são: cuidados com a higiene pessoal; evitar transpor-
tar as bactérias da região anal para a uretra, para isso, as meninas devem ser orientadas desde cedo a fazer a
higiene da frente para trás sempre que usarem o banheiro; lavar as mãos antes e após de utilizar o banheiro; no
banho as mulheres e meninas devem lavar-se sempre na direção da frente para trás; durante o período mens-
trual os absorventes devem ser trocados várias vezes, pois o sangue menstrual é um meio de proliferação de
bactérias; ingerir bastante água, pelo menos de 2 litros por dia; não reter a urina por longos períodos, o ideal é
urinar a cada duas ou três horas; para mulheres que sofrem de infecção do trato urinário após atividade sexual,
recomenda-se ingerir água antes e depois da relação, para que, após o ato, esvaziem a bexiga o quanto antes
. Com este procedimento simples, as bactérias que podem ter entrado na uretra são expelidas.

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Vírus
• RUBÉOLA
Doença infecciosa causada por vírus (classificado como um togavirus do gênero Rubivirus), que acomete
crianças e adultos, embora esteja entre as que os médicos comumente denominam como próprias da infância.
Trata-se de doença comumente benigna que cursa com febre, “rash” (manchas tipo “urticária” na pele) que
dura aproximadamente 3 dias e aumento de gânglios linfáticos (linfonodomegalias para os médicos e ínguas
para os leigos) embora possa apresentar-se de forma “subclínica” (quando o paciente praticamente não sente
nada).
Pode tornar-se potencialmente grave quando acomete mulheres grávidas, pois pode causar mal-formações
no feto, sobretudo quando contamina gestantes no primeiro trimestre. Raramente pode ser causa de inflama-
ção em articulações (artrite) em adultos. Outra designação que os médicos comumente usam para doenças
virais que causam manchas na pele como a rubéola é de viroses exantemáticas (que causam exantema que é
a expressão médica para designar as manchas da pele).
A transmissão se dá através da inalação de gotículas de secreção nasal de pessoas contaminadas que
contém o vírus ou via sanguínea, no caso do feto, a partir da mãe grávida. Os períodos mais “contaminantes”
ocorrem desde 10 dias antes do “rash” até 15 dias após o seu surgimento. Crianças nascidas com rubéola, por
contágio da mãe grávida (rubéola congênita) podem permanecer fonte de contágio por muitos meses.
Após o contágio leva-se em média 18 dias até ter o primeiro sintoma (período de incubação). A apresentação
inicial é em geral indistinguível de uma gripe comum e dura de 7 a 10 dias com febre, dores nos músculos e
articulações, prostração, dores de cabeça e corrimento nasal transparente até o surgimento das ínguas (linfo-
nodomegalias) e posteriormente o “rash” (manchas na pele), que duram 3 dias e desaparecem sem deixar se-
quelas, estes dois últimos achados com início na face e no pescoço e disseminação pelo tronco até a periferia.
O diagnóstico clínico (pelo conjunto dos sintomas e achados ao exame físico feito pelo médico) somente é
confiável em vigência de epidemia, uma vez que os sintomas são comuns a muitas viroses, inclusive a gripe
comum, e as manchas de pele também são achados de um significativo número de viroses (mononucleose,
sarampo, dengue, etc). E é justamente esta a forma mais freqüente de diagnóstico. Naqueles casos em que
há necessidade de precisão no diagnóstico (excluir doenças mais graves que determinarão intervenções e/ou
tratamentos) dispõe-se de exames de detecção de anticorpos (substâncias que o nosso corpo produz contra o
vírus da rubéola) no sangue que são bem mais específicos e sensíveis. Não há tratamento específico antiviral.
Poucos pacientes demandam tratamentos sintomáticos, em geral analgésicos comuns controlam as dores arti-
culares e musculares ou febre.
Para diminuir a circulação do vírus da rubéola, a vacinação é muito importante, a qual é recomendada de
rotina aos 15 meses de idade (vacina MMR) e para todos os adultos que ainda não tiveram contato com a do-
ença (vacinação de bloqueio). Gestantes não podem ser vacinadas e as mulheres vacinadas devem evitar a
gestação até o mês seguinte à vacinação. Isolamento: todas as crianças e adultos devem ficar afastados de
outras pessoas durante o período da doença. As gestantes devem fazer controle por exames de sangue quan-
do necessário. Para as pessoas hospitalizadas é feito isolamento até a cura da doença.
Fungo
• CANDIDÍASE
Causada pelo fungo Candida albicans, a candidíase, especialmente a candidíase vaginal, é uma das causas
mais freqüentes de infecção nos genitais. Além do prurido e do ardor, ela também provoca dispareunia, ou dor
durante o coito, e a eliminação do corrimento vaginal em grumos. As lesões podem estender-se pelo períneo,
região perianal e inguinal. No homem, apresenta-se com hiperemia da glande e prepúcio e, eventualmente, por
um leve edema e pequenas lesões puntiformes, avermelhadas e pruriginosas. Não é uma doença de transmis-
são exclusivamente sexual. As mulheres grávidas são bastante propensas a esse tipo de infecção, bem como
as mulheres na fase antes do período menstrual. Pacientes com deficiência do sistema imunológico, como os
portadores de AIDS, são bastante sensíveis a essas infecções por não conseguirem combater esses germes
naturalmente.
É considerado um dos mais irritantes corrimentos, se apresentando bastante espesso, como uma nata de
leite (tipo coalho), geralmente acompanhado de coceira ou irritação intensa. Essa infecção é sexualmente

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transmissível, podendo ser observada eventualmente no parceiro sexual, o qual manifesta pequenas manchas
vermelhas no seu órgão reprodutor. Em geral, os agentes etiológicos das DST (doenças sexualmente transmis-
síveis) têm o trato genital humano como único reservatório e mal sobrevivem fora do corpo humano.
A Candidíase irá afetar os indivíduos de formas diferentes – uns podem ter distúrbios gastro-intestinais,
outros podem ter problemas respiratórios e outros ainda, manifestações dermatológicas. Um problema comum
a muitas pessoas, porém, é que muitos pacientes que sofrem de Candidíase não possuem ácido estomacal
suficiente para impedir que a Candida volte a aparecer assim que eles voltam para sua dieta normal.
É importante citar que a cândida albicans compõe a flora vaginal, só manifestando-se em forma de doença
quando ocorre algum desequilíbrio de ordem imunológica, falta de higiene ou até mesmo por via sexual. Em
geral a transmissão da candidíase ocorrerá se a parceira estiver predisposta a isto, ou seja, se estiver imuno-
logicamente predisposta e os seus mecanismos de defesa falharem por alguma razão. É uma doença muito
comum nas mulheres e em geral é uma doença primária, isto é, surge em decorrência de algum desequilíbrio
da flora vaginal normal da própria paciente.
O sistema imunológico é responsável por manter sob controle o crescimento da Candida albicans. Entretan-
to, se por alguma razão o sistema se tornar deprimido, ou também diante do uso prolongado de antibióticos,
pílulas anticoncepcionais, esteroides como a prednisona, o sistema imunológico já não pode mais controlar o
crescimento desse fungo. Com o crescimento descontrolado, ele pode causar uma série de problemas.
O diagnóstico é feito através do exame ginecológico, além de exames de laboratório e do exame citológico
da flora vaginal, onde o material é colhido e analisado microscopicamente.
Como formas de prevenção, aconselha-se usar sabonete neutro, em banhos diários, preferencialmente
mais de um banho por dia no verão. Usar roupa íntima de algodão, evitando produtos sintéticos, inclusive meia
calça, para que a pele possa respirar e a umidade ser diminuída. No contato sexual, usar preservativo. Ainda,
aconselha-se fazer a higiene genital com muito cuidado, evitando o uso de duchas vaginais.
Bactéria
• CLAMÍDIA
A clamídia é uma doença infecto-contagiosa que pode atingir homens e mulheres sexualmente ativos, sendo
nas mulheres pode se manifestar de forma assintomática.
O agente transmissor é a bactéria Chlamydia trachomatis. Ela atinge a uretra e outros órgãos genitais con-
ferindo ardor, dor ao urinar, aumento do número de micções e, em alguns casos, corrimento translúcido, princi-
palmente ao amanhecer. Este pode se apresentar abundante e com pus, em alguns casos mais raros.
Esta é uma DST (doenças sexualmente transmissível), transmitida em relações sem o uso de preservativos
com parceiro portador. O período de incubação é de aproximadamente quinze dias entre a relação sexual e o
aparecimento dos sintomas. Durante este período, o portador já pode ser capaz de transmitir a doença.
Não há registro de casos de clamídia congênita (transmissão vertical, da mulher grávida para o feto). En-
tretanto, mães infectadas podem contaminar seus filhos no momento do parto, que podem contrair conjuntivite
(oftalmia neonatal) ou mesmo pneumonia. A clamídia também pode causar partos prematuros.
Além do que já foi citado, a infecção pode causar também, nas mulheres, dor no baixo ventre, sangramento
após a relação sexual, câimbra, tontura, vômito, e febre. Nos homens, pode haver inflamação das estruturas
próximas à uretra, como epidídimos, testículos e próstata.
Na ausência de tratamento, indivíduos do sexo masculino podem ter suas uretras estreitadas. Já os do sexo
feminino, gravidez nas trompas, parto prematuro e até esterilidade. Ambos correm o risco de sofrerem de infer-
tilidade e passam a ter maior probabilidade de serem infectados pelo vírus da AIDS.
O diagnóstico consiste na coleta de material por esfregaço na uretra ou colo do útero, para que sejam feitos
exames de imunofluorescência direta, a fim de identificar o agente infeccioso.
Por se tratar de uma doença sexualmente transmissível, o uso de camisinha (mesmo em sexo anal ou oral)
e higiene pós-coito são medidas necessárias quanto à prevenção.
O tratamento consiste no uso de antibióticos e deve envolver tanto o paciente quanto seu (s) parceiro (s). A
abstinência sexual é indicada.

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Pelo fato de haver grandes chances de reinfecção, recomenda-se que novos exames sejam feitos entre três
e quatro meses após o término do tratamento.
Bactéria, vírus ou fungos
• MENINGITE
A meningite é uma inflamação das meninges, incluindo a pia-máter e a membrana-aracnoide, e do líquido
cefalorraquidiano (LCR). Apesar de a causa mais comum ser infecciosa (através de bactérias, vírus ou mesmo
fungos), alguns agentes químicos e mesmo células tumorais poderão provocar meningite.
As bactérias são sem dúvida os agentes etiológicos mais importantes na meningite. Diversas espécies
bacterianas têm capacidade de invadir a barreira hemato-encefálica, sendo que as mais importantes são: Es-
treptococos beta-hemolíticos do grupo B, Haemophilus influenzae, Streptococcus pneumoniae, Neisseria me-
ningitidis, Listeria mocytogenes, entre outros.
Experimentos indicam que a septicemia (circulação de bactérias no sangue) é o principal mecanismo de
infecção das meninges. O meningococo, os estreptococos e outros agentes podem atravessar a barreira he-
mato-encefálica quando estão viáveis na circulação sanguínea. As bactérias também podem entrar diretamente
pelo trato respiratório (estreptococos do grupo b) ou por fraturas cranianas (S. aureus)
A princípio os sintomas resultam da infecção e a seguir do aumento na pressão intracraniana causam febre
alta, vômitos, cefaleia, irritabilidade, confusão, delírio e convulsões, rigidez da nuca, ombro ou das costas,
aparecimento de petéquias (geralmente nas pernas), podendo evoluir até grandes lesões equimóticas ou pur-
púricas.
A meningite pode causar inúmeras complicações e sequelas neurológicas, como epilepsia, infartos cerebrais
e retardo mental em crianças. Por esse motivo o tratamento precisa ser rápido. Fora do sistema nervoso a
meningite também pode causar complicações. A doença inflamatória pode levar ao choque séptico e distúrbios
da coagulação. As bactérias podem também se difundir para outros locais, causando endocardite e pio artrite.
Além disso, há registros de perda de parte da audição.
Para diagnosticar a meningite é primordial exame de sangue e coleta de LCR, sendo este de maior importân-
cia, trata-se de uma punção lombar onde será retirado o líquido cefalorraquidiano para detectar qual o tipo de
meningite (viral ou bacteriana) se for o caso. O LCR do paciente com meningite bacteriana tende a estar mais
turvo, possivelmente purulento, e com taxa de glicose diminuída e contagem celular aumentada. Com a colora-
ção de Gram as bactérias podem ser visualizadas no líquido, e geralmente isso é suficiente para o diagnóstico.
Algumas vezes é necessário realizar uma cultura do material para se encontrar as bactérias.
Para uma maior eficiência, o tratamento deve ser específico para o agente etiológico envolvido. No caso de
meningites virais não há tratamento específico, mas essas tendem a ser infecções menos graves e auto-limita-
das. Para as infecções bacterianas o tratamento deve ser o mais rápido possível, pois a doença pode levar a
morte ou a sequelas neurológicas graves. Na impossibilidade de se conhecer o agente etiológico, o tratamento
empírico deve ser feito com uma cefalosporina de terceira geração mais vancomicina. Para bactérias conheci-
das, o tratamento mais usado é o seguinte: Penicilina G, Cefalosporina, Vancomicina, Ampicilina, Ceftriaxona
Cloranfenicol.
Vigilância Epidemiológica
Área integrante da Vigilância Epidemiológica do Sistema Único de Saúde (SUS), que desenvolve ações,
atividades e estratégias para a vigilância e o controle das zoonoses, das doenças transmitidas por vetores e
dos agravos causados por animais peçonhentos e que têm como enfoque a vigilância e o controle de vetores,
hospedeiros, reservatórios, amplificadores, portadores, suspeitos ou suscetíveis às zoonoses e de animais
peçonhentos.
Objetivos da área de vigilância de zoonoses
Realizar ações, atividades e estratégias de vigilância, de prevenção, de controle de zoonoses e de acidentes
causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública.
Unidade de Vigilância de Zoonoses – UVZ
São estruturas físicas e técnicas, vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela execu-
ção de parte ou da totalidade das atividades, das ações e das estratégias referentes à vigilância, à prevenção

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e ao controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para
a saúde pública, previstas nos Planos de Saúde e Programações Anuais de Saúde. Podem estar organizadas
de forma municipal, regional e/ou estadual (Portaria nº 758/MS/SAS, de 26 de agosto de 2014). As Unidades de
Vigilância de Zoonoses (UVZ) são responsáveis por ações e serviços de vigilância das populações de animais
de relevância para a saúde pública, com o objetivo de identificar oportuna e precocemente o risco, e assim,
prevenir e monitorar as zoonoses e os acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos.
Dos 5.571 municípios do Brasil, 277 possuem UVZ distribuídas em 25 Unidades Federadas (UF) (com ex-
ceção do Amapá) e nas Capitais (com exceção de Macapá/AP), (Figura 1) e 5.294 municípios devem ter estru-
turado um serviço específico, denominado área de vigilância de zoonoses, capaz de executar as atividades da
vigilância de zoonoses definidas na Portaria nº 1.138/GM/MS, de 23 de maio de 2014 e operacionalizadas pelo
Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Operacionais. Cabe ressaltar
que algumas das atividades definidas nesta portaria só podem ser executadas mediante a existência de uma
estrutura física, e para tanto, a área de vigilância de zoonoses pode articular parcerias e meios para a realiza-
ção dessas atividades.
Objetivos Específicos das Unidades de Vigilância de Zoonoses
a) Realizar ações, atividades e estratégias de vigilância, de forma contínua e sistemática, de populações de
animais potencialmente ou sabidamente de relevância para a saúde pública.
b) Realizar ações, atividades e estratégias de prevenção, de forma sistemática, de zoonoses e de acidentes
causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública.
c) Realizar ações, atividades e estratégias de controle, quando pertinente e necessário, de animais peço-
nhentos, venenosos, vetores, hospedeiros, reservatórios, amplificadores, portadores, suspeitos ou suscetíveis
às zoonoses, quando estes forem de relevância para a saúde pública.
Animais Sinantrópicos
Animais sinantrópicos são aqueles que se adaptaram a viver junto ao homem, a despeito da vontade deste.
Diferem dos animais domésticos, os quais o homem cria e cuida com as finalidades de companhia (cães,
gatos, pássaros, entre outros), produção de alimentos ou transporte (galinha, boi, cavalo, porcos, entre outros).
Destacamos, dentre os animais sinantrópicos, aqueles que podem transmitir doenças, causar agravos à
saúde do homem ou de outros animais, e que estão presentes na nossa cidade, tais como:
•Abelha
•Aranha
•Barata
•Carrapato
•Escorpião
•Formiga
•Lacraia ou centopeia
•Morcego
•Mosca
•Mosquito
•Pombo
•Pulga
•Rato
•Taturana
•Vespa
Os animais sinantrópicos, como todo ser vivo, necessitam de três fatores para sua sobrevivência: água,
alimento e abrigo.

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A água não é fator limitante no nosso meio, mas podemos interferir nos outros dois fatores - alimento e abrigo
- de modo que espécies indesejáveis não se instalem ao nosso redor.
Para tanto, é necessário conhecermos o que serve de alimento e abrigo para cada espécie que se pretende
controlar e adotarmos as medidas preventivas, de forma a alcançar esse controle, mantendo os ambientes que
frequentamos mais saudáveis e evitando o uso de produtos químicos (os quais poderão eliminar não somente
espécies indesejáveis, como também espécies benéficas, além de contaminar a água e o solo), que por si só
não evitarão novas infestações.
Vetores e doenças: Fatos principais
- Doenças transmitidas por vetores são responsáveis por mais de 17% de todas as doenças infecciosas,
causando mais de um milhão de mortes anualmente.
- Mais de 2,5 bilhão de pessoas em mais de 100 países estão em risco de contrair dengue.
- A malária causa mais de 600 mil mortes por ano em todo o mundo, a maioria delas em crianças menores
de cinco anos.
- Outras doenças como a doença de Chagas, leishmaniose e esquistossomose afeta centenas de milhões
de pessoas no mundo.
- Muitas dessas doenças são evitáveis através de medidas de proteção informadas.
Principais vetores e doenças que transmitem
Os vetores são organismos que podem transmitir doenças infecciosas entre os seres humanos ou de animais
para humanos. Muitos destes vetores são insetos hematófagos, que ingerem micro-organismos produtores de
doença durante uma refeição de sangue de um hospedeiro infectado (humano ou animal) e, posteriormente, o
injeta em um novo hospedeiro durante a sua subsequente refeição de sangue.
Os mosquitos são os vetores de doença mais conhecidos. Outros vetores incluem carrapatos, moscas, fle-
botomíneos, pulgas, triatomíneos e alguns caracóis aquáticos de água doce.
Mosquitos
- Aedes
Chikungunya
Dengue
Febre do Vale do Rift
Febre amarela
Zika
- Anopheles
Malária
- Culex
Encefalite japonesa
Filaríase linfática
Febre do Nilo Ocidental
- Flebotomíneos
Leishmaniose
Febre de Flebotomíneo
- Carrapatos
Febre hemorrágica da Crimeia Congo
Doença de Lyme

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Febre recorrente (borreliose)
Febre escaronodular
Encefalite transmitida por carrapatos
Tularêmia
- Triatomíneos
Doença de Chagas (tripanossomíase americana)
- Moscas Tsé-Tsé
Doença do sono (tripanossomíase africana)
- Pulgas
Peste (transmitida por pulgas de ratos para os seres humanos)
Rickettsioses
- Moscas pretas
Oncocercose (cegueira dos rios)
- Caracóis aquáticos
Esquistossomose (bilharziose)
Doenças transmitidas por vetores
As doenças transmitidas por vetores são causadas por patógenos e parasitas em populações humanas.
Todos os anos há mais de um bilhão de casos e mais de um milhão de mortes por doenças transmitidas por
vetores mundialmente, como malária, dengue, esquistossomose, tripanossomíase africana, leishmaniose, do-
ença de Chagas, febre amarela, encefalite japonesa e oncocercose.
As doenças transmitidas por vetores são responsáveis ​​por mais de 17% de todas as doenças infecciosas.
A distribuição destas doenças é determinada por um complexo dinâmico de fatores ambientais e sociais.
A globalização das viagens e do comércio, a urbanização não planejada e os desafios ambientais como as
alterações climáticas estão tendo um impacto significativo sobre a transmissão das doenças nos últimos anos.
Algumas doenças, como a dengue, chikungunya e o Vírus do Nilo Ocidental estão surgindo nos países onde
eram desconhecidos.
Mudanças nas práticas agrícolas devido à variação de temperatura e precipitação podem afetar a trans-
missão de doenças por vetores. Dados climáticos podem ser usados ​​para monitorar e prever a distribuição e
tendências de longo prazo da malária e outras doenças sensíveis ao clima.
Um elemento crucial em doenças transmitidas por vetores é a mudança comportamental. A OMS trabalha
com parceiros para fornecer educação e melhorar a sensibilização para que as pessoas saibam como se pro-
teger e proteger suas comunidades de mosquitos, carrapatos, insetos, moscas e outros vetores.
Para muitas doenças tais como a doença de Chagas, malária, esquistossomose e leishmaniose, a OMS
iniciou programas de controle usando medicamentos doados ou subsidiados.
O acesso à água e ao saneamento é um fator muito importante no controle e eliminação da doença.
A OMS trabalha em conjunto com diferentes setores de governo para controlar essas doenças
A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e
os fatores determinantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda a doença em nível indivi-
dual, a epidemiologia aborda o processo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos
grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade
ou agravos à saúde, deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição de saúde.
Usos da Epidemiologia
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia restringia-se ao estudo de epidemias de doen-
ças transmissíveis. Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou

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doença) da população.
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação dos
fatores determinantes de doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a
avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência.
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendimento da saúde da população - partindo do
conhecimento dos fatores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios para a prevenção das
doenças.
Saúde e Doença
Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/ausência, é uma forma simplista para algo
bem mais complexo. O que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evolutivo entre saúde e
doença que, dependendo de cada paciente, poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites
entre um e outro são precisos.
1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de 10% dos pacientes portadores de trombose
venosa profunda acabam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo pulmonar, e que 10%
desses vão ao óbito (Moser, 1990).
2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação. Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na
comunidade, com quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma semana, inicia com febre, tos-
se produtiva com expectoração purulenta, dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia de tórax.
Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e tratamento com beta-lactâmicos, o paciente repete a radio-
grafia e não se observa sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já que a definição de pneumonia
implica recuperação do parênquima pulmonar).
3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: a chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é
reconhecida pelos linfócitos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e provocam uma reação
específica com formação de granuloma; assim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima
pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção tuberculosa adquire uma forma subclínica
sem que o doente sequer percebe sintomas de doença.
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática
que geralmente tem um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência respiratória e hipoxemia se-
vera. As maiores séries da literatura (Turner-Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimento
dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12
meses (Stack, 1972). Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução progressiva e óbito em
longo prazo, dependendo fundamentalmente da continuidade ou não do vício do tabagismo.
5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerbações. Exemplo: a asma brônquica é um dos
exemplos clássicos, com períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, sabe-se que, apesar des-
sa evolução, a função pulmonar de alguns pacientes asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade
(Pizzichini, 2001).
Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da interferência médica, pode ser subdividida em
quatro fases:
a) Fase inicial ou de susceptibilidade.
b) Fase patológica pré-clínica.
c) Fase clínica.
d) Fase de incapacidade residual.
Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que a favoreçam. Dependendo da existência de
fatores de risco ou de proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a determinadas doenças
do que outros. Exemplo: crianças que convivem com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações
por IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fumantes (Macedo, 2000). Na fase patológica
pré-clínica, a doença não é evidente, mas já há alterações patológicas, como acontece no movimento ciliar da
árvore brônquica reduzido pelo fumo e contribuindo, posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase clí-
nica corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda no exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde

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os primeiros sinais da bronquite crônica como aumento de tosse e expectoração até o quadro de cor pulmonale
crônico, na fase final da doença.
Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi curada, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja,
aquele paciente que iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de DPOC, evoluiu para a insufi-
ciência respiratória devido à hipoxemia e passará a apresentar severa limitação funcional fase de incapacidade
residual.
Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história natural da doença, poder-se-á modificar o curso
da mesma; isso envolve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as terciárias, para combater
a fase da incapacidade residual.
Prevenção
As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou manutenção da saúde. Exemplo: a interrupção
do fumo na gravidez seria uma importante medida de ação primária, já que mães fumantes, no estudo de coorte
de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intrauterino e
baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinantes mais importantes de mortalidade infantil (Horta, 1997).
Após a instalação do período clínico ou patológico das doenças, as ações secundárias visam a fazê-lo regredir
(cura), ou impedir a progressão para o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento com
RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura da doença e impede sequelas importantes como
fibrose pulmonar, ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento de primeira linha e a transmissão da
doença para o resto da população. A prevenção através das ações terciárias procura minimizar os danos já
ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente é um resíduo da tuberculose e pode provo-
car hemoptises severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001).
Causalidade em Epidemiologia
A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje seu papel definido na gênese das doenças, em
substituição à teoria da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria das doenças advém de
uma combinação de fatores que interagem entre si e acabam desempenhando importante papel na determina-
ção das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chamadas causas contribuintes citaremos o câncer
de pulmão. Nem todo fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras causas contribuindo
para o aparecimento dessa doença. Estudos mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com
câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a doença do que aqueles sem a doença na fa-
mília; isso indica que há uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão. Ativação dos onco-
genes dominantes e inativação de oncogenes supressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas
no DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de determinantes genéticos nesta doença
(Srivastava, 1995).
A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos distintos, sendo que alguns desses fatores
causais estão mais próximos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. Por exemplo, fatores
biológicos, hereditários e socioeconômicos podem ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a
distância que, através de sua atuação em outros fatores, podem contribuir para o aparecimento da doença. Por
outro lado, alguns fatores chamados determinantes intermediários podem sofrer tanto a influência dos determi-
nantes distais como estar agindo em fatores próximos à doença, como seria o caso dos fatores gestacionais,
ambientais, alérgicos e nutricionais na determinação da asma; os fatores que estão próximos à doença os
determinantes proximais, por sua vez, também podem sofrer a influência daqueles fatores que estão em nível
hierárquico superior (determinantes distais e intermediários) ou agirem diretamente na determinação da doen-
ça. No exemplo da asma, o determinante proximal pode ser um evento infeccioso prévio.
Determinação de causalidade na asma brônquica
Critérios de causalidade de Hill
- Força da associação
- Consistência
- Especificidade
- Sequência cronológica

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- Efeito dose–resposta
- Plausibilidade biológica
- Coerência
- Evidências experimentais
- Analogia
Somente os estudos experimentais estabelecem definitivamente a causalidade, porém a maioria das asso-
ciações encontradas nos estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra os nove critérios para esta-
belecer causalidade segundo trabalho clássico de Sir Austin Bradford Hill.
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a medida de efeito, maior a plausibilidade de que a
relação seja causal. Por exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes mostrou que a força da asso-
ciação entre o fumo do adolescente e a presença do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vezes;
ou seja, adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes maior risco para serem fumantes do que
aqueles sem amigos fumantes (Malcon, 2000).
Consistência da associação. A associação também é observada em estudos realizados em outras popula-
ções ou utilizando diferentes metodologias? É possível que, simplesmente por chance, tenha sido encontrada
determinada associação? Se as associações encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores
não deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, senão a totalidade dos estudos sobre câncer
de pulmão, detectou o fumo como um dos principais fatores associados a esta doença. Especificidade. A expo-
sição está especificamente associada a um tipo de doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode
ser questionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos nódulos fibrosos no pulmão (silicose).
Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede o efeito? A exposição ao fator de risco antecede
o aparecimento da doença e é compatível com o respectivo período de incubação? Nem sempre é fácil estabe-
lecer a seqüência cronológica, nos estudos realizados quando o período de latência é longo entre a exposição
e a doença.
Critérios de causalidade de Hill
- Força da associação
- Consistência
- Especificidade
- Sequência cronológica
- Efeito dose–resposta
- Plausibilidade biológica
- Coerência
- Evidências experimentais
- Analogia
Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo aumentou significativamente durante a primeira
metade do século, mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do número de mortes por
câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo, o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o aumento da mortalidade ocorreu após
várias décadas.
Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente no sexo masculino, só que com um intervalo
de tempo de 40 anos: o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952, quatro em 1972,
atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto, são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade
de 0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões de mortes, por ano, quando esses homens
atingirem idades mais avançadas (Liu, 1998).
Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um aumento do efeito? Sendo positiva essa relação,
há mais um indício do fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill (Doll, 1994) sobre a mortali-

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dade por câncer de pulmão e fumo, nos médicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-1991). As
primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito dose-resposta do fumo na mortalidade por câncer de
pulmão; os resultados finais desse acompanhamento revelavam que fumantes de 1 a 14 cigarros/dia, de 15 a
24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/dia morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 vezes
mais do que os não-fumantes, respectivamente.
Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros conhecimentos? É preciso alguma coerên-
cia entre o conhecimento existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e câncer de pulmão
é um dos exemplos da plausibilidade biológica. Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na
urina de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fumantes e o número de cigarros fumados e anos
de exposição do fumante é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hirayama, 1981).
Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendências temporais, padrões geográficos, distri-
buição por sexo, estudos em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição resultam em
mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem
ser promotores, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afastamento do paciente asmático desses
alergênios é capaz de alterar a hiperresponsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença ou a pre-
cipitação da crise.
Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra doença ou exposição. Exemplo: é bem reco-
nhecido o fato de que a imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte associação entre
AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imunidade está diminuída.
Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma determinada associação. A pergunta-chave
nessa questão da causalidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade ou apenas associa-
ção? O critério de temporalidade, sem dúvida, é indispensável para a causalidade; se a causa não precede o
efeito, a associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para a inferência da causalidade, mas
não necessariamente determinam a causalidade da associação.
Indicadores de Saúde
Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se os indicadores
de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional.
É interessante observar que, apesar desses indicadores serem chamados “Indicadores de Saúde”, muitos
deles medem doenças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às vezes, medir doença do
que medir saúde, como já foi mencionado anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em termos
de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores abso-
lutos são os dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monitoração da ocorrência de
doenças infecciosas; especialmente em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão restri-
tas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que a estrutura populacional é estável e, assim, usar
valores absolutos. Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre diferentes grupos, deve-se ter
em conta o tamanho das populações a serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando os
dados em forma de taxas ou coeficientes.
Indicadores de saúde
- Mortalidade/sobrevivência
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento
- Aspectos demográficos
- Condições socioeconômicas
- Saúde ambiental

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- Serviços de saúde
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da ocorrência das doenças em uma determina-
da população e período. Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número de casos está
relacionado ao tamanho da população que lhes deu origem. O numerador refere-se ao número de casos de-
tectados que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco etc.), e o denominador refere-se
a toda população capaz de sofrer aquele evento - é a chamada população em risco. O denominador, portanto,
reflete o número de casos acrescido do número de pessoas que poderiam tornar-se casos naquele período de
tempo. Às vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algumas pessoas do denominador. Por
exemplo, ao calcular-se o coeficiente de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem ser excluídas
do denominador, pois não estão expostas ao risco de adquirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização
desses coeficientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos:
- Escolha da constante (denominador).
- Intervalo de tempo.
- Estabilidade dos coeficientes.
- População em risco.
Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para evitar que o resultado seja expresso por
um número decimal de difícil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplicação da fração por uma
constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A decisão sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois
depende da grandeza dos números decimais; entretanto, para muitos dos indicadores, essa constante já está
uniformizada. Por exemplo: para os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a constante de 1.000
nascidos vivos.
Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se referem os coeficientes estudados. Nas esta-
tísticas vitais, esse tempo é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verificação contínua dos
fatores que determinam a ocorrência e a distribuição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um
período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo.
Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coeficiente para tempos curtos ou para populações
reduzidas, os coeficientes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gutierrez, no capítulo da epi-
demiologia da tuberculose, exemplifica de que forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar,
conforme o tamanho da população. Para contornar esse problema, é possível aumentar o período de obser-
vação (por exemplo, ao invés de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três anos), aumentar o
tamanho da amostra (observar uma população maior) ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes.
População em risco: refere-se ao denominador da fração para o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil
saber o número exato desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no lugar de números exatos.
Morbidade
A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sendo um dos mais citados coeficientes ao longo
desse livro. Muitas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, como a asma. Morbidade
é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas
as limitações que contribuem para essa dificuldade.
Medidas da morbidade
Para que se possa acompanhar a morbidade na população e traçar paralelos entre a morbidade de um local
em relação a outros, é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas de morbidade mais
utilizadas são as que se seguem:
- Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número total de casos, episódios ou eventos existentes
em um determinado ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a relação entre o número de
casos existentes de uma determinada doença e o número de pessoas na população, em um determinado pe-
ríodo. Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, assim, torna-se um número inteiro fácil
de interpretar (essa constante pode ser 100, 1.000 ou 10.000). O termo prevalência refere-se à prevalência
pontual ou instantânea. Isso quer dizer que, naquele particular ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da

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coleta, por exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, por exemplo. Na interpretação da medida da
prevalência, deve ser lembrado que a mesma depende do número de pessoas que desenvolveram a doença
no passado e continuam doentes no presente. Assim, como já foi descrito no início do capítulo, o denominador
é a população em risco.
Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos da zona urbana de Pelotas, em 1991, detec-
taram-se 135 casos de bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica, seguindo a equação
abaixo, foi de (Menezes, 1994):
Medida da incidência: a incidência mede o número de casos novos de uma doença, episódios ou eventos
na população dentro de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos melhores indicadores
para avaliar se uma condição está diminuindo, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número
de pessoas da população que passou de um estado de não-doente para doente. O coeficiente de incidência é
a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de
tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplica-
ção por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o coeficiente de prevalência. A incidência
é útil para medir a frequência de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo, a pneumonia, ou
doença de duração longa. A incidência pode ser cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência.
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde não há entrada de novos casos naquele de-
terminando período. Por exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, alguns desenvolveram
câncer de pulmão em um período de tempo especificado.
No denominador do cálculo da incidência cumulativa, estão incluídos aqueles que, no início do período, não
tinham a doença.
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto
durante um ano. Incidência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 habitantes em 1 ano.
A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expressa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc.
(o numerador está incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prognósticos em nível individu-
al, pois indica a probabilidade de desenvolver uma doença dentro de um determinado período.
Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma medida de velocidade (ou densidade). Seu
denominador é expresso em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida que as pessoas,
inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que não acontece com a incidência cumulativa).
Relação entre incidência e prevalência
A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma (quanto maior for a ocorrência de casos
novos, maior será o número de casos existentes), como também da duração da doença. A mudança da preva-
lência pode ser afetada tanto pela velocidade da incidência como pela modificação da duração da doença. Esta,
por sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência.
A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fórmula (Vaughan, 1992):
Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença
Mortalidade
O número de óbitos (assim como o número de nascimentos) é uma importante fonte para avaliar as condi-
ções de saúde da população.
Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são os mais tradicionais indicadores de saúde.
Principais coeficientes de mortalidade:
- Coeficiente de mortalidade geral
- Coeficiente de mortalidade infantil
- Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
- Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
- Coeficiente de mortalidade perinatal

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- Coeficiente de mortalidade materna
- Coeficiente de mortalidade específico por doença
Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do número total de óbitos por todas as causas em
um ano pelo número da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no RS, houve 63.961 óbitos
e a população estimada era de 9.762.110; portanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de 6,55
(Estatísticas de Saúde).
Coeficiente de mortalidade específico por doenças respiratórias. É possível obterem-se os coeficien-
tes específicos por determinada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas, por doenças
infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose, dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os
coeficientes conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer importantes dados sobre a saúde de
um país, e, ao mesmo, tempo fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente de mortalidade
por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 habitantes.
O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de crianças menores de um ano e é um dos mais
importantes indicadores de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreende os óbitos fetais (a partir
de 28 semanas de gestação) mais os neonatais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro
importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado, nos últimos anos, é o coeficiente de mortali-
dade materna, que diz respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde).
Letalidade
A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portadores de uma determinada doença, em um certo
período de tempo, dividida pela população de doentes. É importante lembrar que, na letalidade, o denominador
é o número de doentes.
Padronização dos coeficientes
Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de uma doença varia com o sexo e o grupo etário,
a comparação das taxas brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a distribuição por sexo e idade
das mesmas for bastante próxima. Sendo essa uma situação absolutamente excepcional, o pesquisador fre-
quentemente vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou ajustamento), a fim de eliminar os efeitos da
estrutura etária ou do sexo sobre as taxas a serem analisadas.
Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo, os índices de mortalidade da França e do México.
Caso a análise limite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 habitantes/ano, respectivamen-
te, pode parecer que há uma grande diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entretanto, ao
considerar-se a grande diferença na distribuição etária dos mesmos, com o predomínio no México de grupos
com menor idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada a padronização por idade, o
contraste entre os dois países desaparece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano, respec-
tivamente.
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se somente para fins de comparação. Há duas
maneiras de realizar-se a padronização.
Método direto: este método exige uma população padrão que poderá ser a soma de duas populações a
serem comparadas (A e B) ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribuição da população
padrão conforme a idade pelos coeficientes de mortalidade (por exemplo) de cada uma das populações a se-
rem estudadas (A e B).
Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os coeficientes específicos por idade da população
que se quer estudar não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Empregando-se uma
segunda população (padrão) - semelhante à população que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhe-
cidos, multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo número de óbitos de cada categoria de
idade, chegando, assim, ao número de mortes que seria esperado na população que está sendo estudada. O
número total de mortes esperado dessa população é confrontado com o número de mortes efetivamente ocorri-
das nessa população, resultando no que se convencionou chamar de razão padronizada de mortalidade (RPM).
Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados
A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais ou menos mortes do que o esperado, respec-

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tivamente. Resumindo, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente disponíveis; entretanto são
medidas difíceis de interpretar e de serem comparadas com outras populações, pois dependem das variações
na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas limitações, entretanto são fictícias e sua mag-
nitude depende da população selecionada.
Tipologia dos Estudos Epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método para colher informações adicionais não-disponí-
veis a partir dos sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os estudos descritivos são aque-
les em que o observador descreve as características de uma determinada amostra, não sendo de grande utili-
dade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um tratamento, porque não há um grupo-controle para
permitir inferências causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos em que as características
de um grupo de pacientes são descritas. Entretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos e de
baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um outro tipo de estudo epidemiológico. Sua grande
limitação é o fato de não haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados serem comparados com
os de uma outra população. É possível que alguns desses achados aconteçam simplesmente por chance e,
portanto, também aconteceriam no grupo-controle.
Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo de referência, o que permite estabelecer
comparações. Estes, por sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
- Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia clínica).
- Observacionais.
Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada exposição está fora do controle do pesquisa-
dor (por exemplo, exposição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
- Estudo transversal.
- Estudo de coorte.
- Estudo de caso-controle.
- Estudo ecológico.
A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus principais pontos.
Estudo Transversal (Cross-Sectional)
É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determinado momento, fornecendo dados de preva-
lência; aplica-se, particularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa. Envolve um grupo de
pessoas expostas e não expostas a determinados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão
o desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo transversal é que a prevalência da doença
deverá ser maior entre os expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que aquele fator de risco
causa a doença.
As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo, a identificação de casos e a detecção de
grupos de risco. Entretanto algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade reversa – expo-
sição e desfecho são coletados simultaneamente e frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro.
Nesse tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão sobre-representados e doenças com
duração curta estão sub-representadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem é que se a pre-
valência da doença a ser avaliada for muito baixa, o número de pessoas a ser estudado precisará ser grande.
O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra, ou seja, é a natureza com todos os seres vivos
e não vivos que nela habitam e interagem.
Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vivos e não-vivos que estão relacionados com
a vida na Terra. É tudo aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os animais, os seres
humanos, dentre outros.

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Epidemias recorrentes e pandemias

Vigilância sanitária e epidemiológica


Apoiada pela secretaria de saúde do governo federal, a vigilância sanitária não passa de um parte do poder
de polícia do Estado que defende única e exclusivamente a saúde na região.
Com definição legal estimulada no Brasil pela lei federal nº 8.080 de 19 de Setembro de 1990, a vigilância
tem como principal obrigação a realização de atos administrativos em prol da saúde, como fiscalizar, autuar,
intervir e aplicar alvarás para a efetivação da segurança de saúde no país.
Contando com dedicação extrema ao interesse público, a administração da vigilância sanitária objetiva elimi-
nar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, controlando todo tipo de problemas sanitários que possam afetar tanto
o meio ambiente quanto a saúde do ser humano.
Qual o objetivo da vigilância sanitária?
O principal foco do trabalho da vigilância sanitária é garantir a promoção da saúde à população, contando
com ações capazes de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde, intervindo em todo tipo de problema sani-
tário que possa afetar a relação entre meio ambiente, produção e circulação de bens e prestação de serviços
à comunidade.
O interesse da área da saúde é garantir o bem estar físico e moral de todo ser humano, dando condições de
vida a todos para que possam usufruir o dia a dia com total integridade e segurança.
Trabalho da vigilância sanitária no Brasil
No Brasil, as ações da vigilância sanitária são coordenadas pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), que é a responsável por criar normas e regulamentos sobre a saúde no país, dando suporte às ati-
vidades sanitárias pelo Brasil.
Ela é a agente responsável pela execução de atividades de controle sanitário, fiscalizando portos, aeropor-
tos e fronteiras, estabelecendo legislações estaduais para controle regional da saúde, entre outros.
A vigilância sanitária de produtos e alimentos
No cuidado sanitário com produtos de consumo, o objetivo principal da fiscalização é assegurar a qualidade
dos serviços de alimentos, dividindo critérios e estágios para análise que são validos para todos os tipos de
alimentos, matérias-primas, coadjuvantes tecnológicos, processos tecnológicos, aditivos, embalagens, equipa-
mentos, utensílios e, claramente, os aspectos nutricionais da composição alimentar.
A fiscalização, inspeção e monitoramento de produtos, conforme leis federais e estaduais, também visam a
limpeza e controle em produção, distribuição, transporte e comercialização de mercadorias como medicamen-
tos, correlatos, saneantes domissanitários, cosméticos, produtos de higiene, perfumes e agrotóxicos.
Conceitos e abrangência em saúde pública e vigilância sanitária.
A Vigilância Sanitária é a forma mais complexa de existência da Saúde Pública, pois suas ações, de nature-
za eminentemente preventiva, perpassam todas as práticas médico-sanitárias: promoção, proteção, recupera-
ção e reabilitação da saúde. A Vigilância Sanitária atua sobre fatores de risco associados a produtos, insumos
e serviços relacionados com a saúde, com o ambiente e o ambiente de trabalho, com a circulação internacio-
nal de transportes, cargas e pessoas. Os saberes e práticas da Vigilância Sanitária se situam num campo de
convergência de várias disciplinas e áreas do conhecimento humano, tais como química, farmacologia, epide-
miologia, engenharia civil, sociologia política, direito, economia política, administração pública, planejamento e
gerência, biossegurança, bioética e outras. De todas essas disciplinas e áreas a Vigilância Sanitária se alimenta
e se beneficia, no sentido de ganhar mais eficácia.
No Brasil, até 1988, o Ministério da Saúde definia a Vigilância Sanitária como “um conjunto de medidas que
visam elaborar, controlar a aplicação e fiscalizar o cumprimento de normas e padrões de interesse sanitário
relativo a portos, aeroportos e fronteiras, medicamentos, cosméticos, alimentos, saneantes e bens, respeitada
a legislação pertinente, bem como o exercício profissional relacionado com a saúde.” A Lei nl1 8.080, de 19 de

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setembro de 1990, chamada Lei Orgânica da Saúde, organiza o Sistema Único de Saúde e definiu a Vigilân-
cia Sanitária como “um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir, ou prevenir riscos à saúde e de intervir
nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de
ser viços de interesse da saúde.” Ao contrário da anterior - de caráter burocrático, normativo - esta definição
introduz o conceito de risco e confere um caráter mais completo ao conjunto das ações, situando-as na esfera
da produção. E assim, harmoniza-se melhor com o papel do Estado hodierno, em sua função reguladora da
produção econômica, do mercado e do consumo, em benefício da saúde humana.
A evolução de uma definição a outra se deu no processo social no seio do qual se formou o movimento pela
democratização da saúde, cujas proposições, sistematizadas na 8i! Conferência Nacional de Saúde, de 1986,
foram, em grande parte, acolhidas na Constituição Federal de 1988, Segundo esta Constituição, a saúde é um
direito de todos e um dever do Estado. E nesse novo conceito se incluem as ações de Vigilância Sanitária.
Uma das principais características das sociedades modernas é o consumo sempre crescente de mercado-
rias, bens e serviços, inclusive de produtos de interesse sanitário, de tecnologias médicas e de serviços de saú-
de. Esse consumo está distante das reais necessidades das pessoas, pois não se baseia em escolhas livres e
conscientes, mas num sistema de necessidades determinado por toda a organização social. Isso ocorre porque
o modo de produção capitalista - cujo móvel é o lucro - cria o imperativo de produzir e de vender, em escala
crescente, não apenas produtos que aprimoram o bem-estar dos homens, mas também velhos produtos “ma-
quiados”, ou novos produtos, elaborados para atender fictícias necessidades, ou necessidades artificialmente
criadas. Um complexo sistema de propaganda alimenta as necessidades, num processo coletivo que aprisiona
as vontades individuais e estimula incessantemente o consumo. A ideologia do consumo transforma as coisas
e as pessoas em objeto de compra, mascara as diferenças entre os vários segmentos da sociedade e simula
a igualdade entre todos.
Na dinâmica contraditória e complexa desses processos são gerados muitos riscos e danos à saúde do in-
divíduo e da coletividade, assim como ao meio ambiente e à economia do consumidor. As ações de Vigilância
Sanitária se inserem no âmbito das relações sociais de produção e consumo, onde se origina a maior parte dos
problemas de saúde sobre os quais é preciso interferir. Tais problemas podem advir de falhas, ou defeitos, em
algum ponto da cadeia de produção, ou de ilicitudes intencionais de fabricantes, comerciantes ou prestadores
de serviços. Assim, existe a necessidade de regulação das relações de produção e consumo, se reconhece a
vulnerabilidade do consumidor e se criam instrumentos para proteger a saúde de toda a coletividade.
Nos dias atuais, amplia-se a abrangência da Vigilância Sanitária, com o alargamento do campo dos interes-
ses difusos, cujo conceito gira em torno da noção de qualidade de vida. Os interesses difusos dizem respeito à
sociedade de massa, na qual os grupos tomam o lugar dos indivíduos. E se referem a áreas e temas de largo
espectro social, tais como, a ecologia, a qualidade de vida, a tutela de consumidores, a defesa dos direitos
humanos, das etnias e outros. Esses temas ultrapassam os interesses dos indivíduos e alcançam toda a cole-
tividade.
O modelo criado para regular as relações produção-consumo desenvolvido na Vigilância Sanitária, no Brasil,
ao longo do tempo, se Marcos históricos e conceituais tem calcado no poder de polícia, com pouca visibilidade
para o público e até mesmo para os profissionais de saúde. Sua ação mais visível é a fiscalizadora, mesmo
quando insuficientemente exercida. O poder de polícia é inerente ao Estado, é um poder-dever que se concre-
tiza na elaboração de normas jurídicas e técnicas e na fiscalização de seu cumprimento, assim limitando as
liberdades individuais, e as condicionando aos interesses coletivos assegurados pelo Poder Judiciário.
A redução das práticas da Vigilância ao próprio poder de polícia e à fiscalização, tem produzido sérias dis-
torções. A fiscalização é uma função essencial e intransferível do Estado, mas reduzir a ação da Vigilância à
mesma é simplificar o longo processo histórico de construção do seu objeto e limitar seu alcance na transfor-
mação das condições de saúde.
A instrumentalização legal é condição para o exercício de diversas práticas da Vigilância Sanitária, devido à
natureza jurídico-política de sua intervenção, disciplinadora da vida em sociedade, e aos aspectos técnico-sa-
nitários. A lei é uma expressão do sistema jurídico definido na Constituição, a lei magna do país; a lei contém a
essência dos direitos e deveres referentes a seu objeto de normatização, e expressa a vontade da organização
social, através do Poder Legislativo. As normas técnicas, congregando direito e norma, compõem os códigos
que visam assegurar os princípios de saúde pública, acompanhando a evolução da ciência e da tecnologia.
Para que a Vigilância Sanitária possa cumprir suas finalidades, num universo abrangente, dinâmico e com-

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plexo, suas práticas devem articular-se, integrar-se, estrategicamente, ao conjunto das práticas sanitárias, com
o uso concomitante de vários instrumentos, com participação e controle social. Como decorrência do caráter
interdisciplinar, as ações da Vigilância incorporam várias acepções da noção de risco, tais como: perigo virtual
ou ameaça de agravos relacionados com determinados elementos que o homem aprendeu a identificar na
experiência cotidiana; e, na acepção epidemiológica, no sentido de probabilidade, estatisticamente verificável,
de ocorrer um evento adverso à saúde, na presença de determinado fatoro Antes mesmo do surgimento da
medicina científica e do desenvolvimento da epidemiologia, e, consequentemente da elaboração do conceito
de risco, já haviam sido estabelecidas normas de proteção à saúde da coletividade.
Existem riscos à saúde em incontáveis áreas da produção. Há riscos no uso de medicamentos, hemoderi-
vados, vacinas, alimentos, sane antes, cosméticos, agrotóxicos etc. As ações de controle sanitário nos portos,
aeroportos e fronteiras visam proteger não apenas a população dos riscos inerentes à circulação de mercado-
rias e pessoas, como também proteger a agricultura e os rebanhos contra a introdução de doenças exóticas,
que podem acarretar enormes prejuízos econômicos.
Na prestação de serviços - direta ou indiretamente relacionados com a saúde - também há riscos, multipli-
cados pelo uso concomitante de várias tecnologias. Devemos igualmente lembrar os potenciais efeitos nocivos
dos resíduos manejados inadequadamente. O consumo de recursos naturais e outras intervenções sobre o
meio ambiente podem trazer riscos à saúde humana e à saúde animal. São inumeráveis os riscos à saúde em
ambientes de trabalho, devidos a substâncias químicas, máquinas e equipamentos, poeiras, ruídos, tempera-
turas extremas, entre outros. Muitas vezes a deposição dos resíduos industriais constitui sérios riscos à saúde
humana e ambiental, e ultrapassa as fronteiras de um país. Os resíduos radioativos, por exemplo, constituem
sério problema de saúde coletiva, em escala planetária. Esta situação é ainda mais grave em países como o
nosso, onde os problemas ligados ao saneamento básico ainda não foram resolvidos.
Uma vez identificados os riscos, é preciso empreender ações de controle. Para tanto, devem ser empre-
gados múltiplos instrumentos, além da legislação e da fiscalização: a comunicação e a educação sanitária, os
sistemas de informação, o monitoramento da qualidade de produtos e serviços, a vigilância epidemiológica de
eventos adversos, relacionados às condições do trabalho e do ambiente e ao consumo de tecnologias médicas,
de água e de alimentos.
A comunicação e a educação em saúde são de fundamental importância para as ações de Vigilância, tanto
pela democratização do conhecimento, quanto pelo caráter pedagógico dos atos administrativos.
Quando se baseiam no diálogo, as práticas desse campo contribuem para a construção da consciência sa-
nitária, dando aos cidadãos meios de defesa contra inumeráveis riscos, e contra práticas nocivas do sistema
produtivo, na busca incessante de lucros.
Os sistemas de informação alimentam as práticas de Vigilância, fornecendo subsídios para a avaliação do
impacto das ações e para manter a Vigilância atualizada com os avanços do conhecimento científico e tecno-
lógico.
o monitoramento se incorporou recentemente ao campo da Saúde Pública. Essa prática nasceu na área de
cuidados intensivos de saúde, como coleta sistemática de informações, para alertar quanto à necessidade de
intervenção. O termo significa acompanhar e avaliar, controlar mediante acompanhamento, controlar e ajustar
ou olhar atentamente, observar ou controlar com propósito especial.
A Vigilância Epidemiológica criou um modelo de acompanhamento de doenças infecciosas, posteriormente
ampliado a um conjunto de eventos que abrange desde as malformações congênitas até as doenças crônico-
-degenerativas; este instrumento vem, pouco a pouco, sendo empregado pelos órgãos de Vigilância Sanitária
das administrações públicas estaduais e federais.
É importante ressaltar o papel do laboratório na estrutura da Vigilância Sanitária. O laboratório deve ser mo-
derno e estar equipado para dar respostas ágeis na avaliação da qualidade de produtos e das repercussões de
riscos e de agravos sobre a saúde das pessoas.
Conhecer o desenvolvimento histórico da Vigilância Sanitária no Brasil, ainda que de maneira resumida,
assim como a evolução dos conceitos que sustentam a mesma, contribui para a escolha da melhor forma de o
profissional atuar em cada situação.
Área de abrangência

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Vistos os termos, relevantes para a compreensão dos conceitos essenciais da Vigilância Sanitária, a área de
abrangência da mesma pode ser descrita assim:
• normalização e controle de bens, da produção, do armazenamento, da circulação, do transporte, da co-
mercialização e do consumo de produtos de interesse da saúde, e de suas matérias-primas, coadjuvantes de
tecnologias, equipamentos e processos;
• normalização e controle de tecnologias médicas, tanto de equipamentos como de procedimentos, dos mais
rudimentares aos mais requintados, da chamada tecnologia de ponta;
• normalização e controle de serviços direta ou indiretamente relacionados com a saúde, prestados, direta
ou indiretamente, pelo Estado e pelo setor privado. Sob o título de fiscalização das condições do exercício pro-
fissional, o Estado partilha responsabilidades com entidades corporativas, às quais se atribuiu, em época mais
recente, parte dessas competências;
• normalização e controle específico de portos, aeroportos e fronteiras, de veículos, cargas e pessoas;
• normalização e controle de aspectos do ambiente, do ambiente de trabalho e da saúde do trabalhador.
Conceitos e indicadores de nocividade e inocuidade.
Sinteticamente:
- Inocuidade=inofensivo
- Nocividade= “o que prejudica ou causa dano”. Impor medidas de controle.
Os indicadores são instrumentos utilizados para aferição ou medição e para indicar mudanças nos pontos
que se quer avaliar. Assim, consideraram-se três categorias de indicadores, adotando-se os referenciais:
a) análise de situação de saúde, compreendida como identificação, descrição, priorização e explicação dos
problemas com o objetivo de identificar necessidades e determinar prioridades de ação;
b) monitorização, entendida como o processo de acompanhar e avaliar ou ainda controlar mediante acom-
panhamento;
c) avaliação, aqui considerada de modo mais restrito como uma avaliação pontual, refere-se ao julgamento
sobre algumas características de um serviço em um determinado ponto do tempo.
Inocuidade
Termo usado em oposição a nocividade. Tem por referência a noção do que não causa dano a saúde, não
é nocivo. É atributo dos produtos (cosméticos, medicamentos, etc) e também de materiais, equipamentos,
utensílios e embalagens usadas no preparo, no fabrico, no envasamento ou acondicionamento e no transporte
dos mesmos. No caso de alimentos refere- se apenas aos alimentos irradiados, aos aditivos e às embalagens,
equipamentos e utensílios revestidos com produtos e substâncias específicas.
O termo inocuidade, quando diz respeito aos medicamentos e aos aditivos, aparece de modo incoerente nas
normas de controle sanitário, face aos seus significados de inofensivo e inerte. A confusão se explica em virtu-
de do aparecimento do termo na legislação de 1931 no sentido deinerte, como requisito dos materiais usados
na fabricação de aparelhos, instrumentos, utensílios e vasilhames empregados no preparo, na fabricação, no
envasamento e no acondicionamento das substâncias e produtos destinados ao uso farmacêutico. Esse termo,
no sentido de inerte, não se aplica aos fármacos e às especialidades farmacêuticas. Portanto, seu significado
correto corresponde ao da origem do termo, isto é, não-nocivo.
Nocividade
A noção de nocividade permeia todo o campo do controle sanitário, sendo o fundamento da existência das
ações do mesmo. Quando o Estado intervém em atividades de particulares visa evitar que a possível nocivi-
dade de produtos e serviços, apropriada por meio da noção de risco, prejudique a saúde individual, coletiva e
ambiental. Nos textos normativos, um produto, uma substância podem ser nocivos, como também determinada
prática, microrganismos ou seres vivos (neste último caso, aqueles que justificam a permissão para fabricação
de agrotóxicos). A palavra nocividade vem do latim e significa o que prejudica, ou causa dano.
No campo da Vigilância Sanitária essa noção se amplia para abranger a nocividade que não decorre apenas
de delinquência sanitária, por adição ou supressão, mas se relaciona à evolução do conhecimento científico,

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que evidencia que determinado produto ou substância, até então considerado terapeuticamente útil, passa a
ser nocivo à saúde.
Graças à sua função protetora e preventiva, o aparato institucional pode, ante suspeita ou alegação de no-
cividade, ordenar a suspensão da fabricação e venda de produtos que se tornem suspeitos de serem nocivos
à saúde humana, embora tenham registro.
A noção correspondente ao termo - sem definição nas normas -, parece ser socialmente definida, uma vez
que tem sido usada para impor medidas de controle, tais como a proibição da fabricação e do uso de lança-
-perfume, por Jânio Quadros, em 1961, e as restrições, impostas gradualmente, ao uso do fumo e do álcool.
Vigilância Epidemiológica
A Epidemiologia é a ciência que estuda os padrões da ocorrência de doenças em populações humanas e
os fatores determinantes destes padrões (Lilienfeld, 1980). Enquanto a clínica aborda a doença em nível indivi-
dual, a epidemiologia aborda o processo saúde-doença em grupos de pessoas que podem variar de pequenos
grupos até populações inteiras. O fato de a epidemiologia, por muitas vezes, estudar morbidade, mortalidade
ou agravos à saúde, deve-se, simplesmente, às limitações metodológicas da definição de saúde.
Usos da Epidemiologia
Por algum tempo prevaleceu a ideia de que a epidemiologia restringia-se ao estudo de epidemias de doen-
ças transmissíveis. Hoje, é reconhecido que a epidemiologia trata de qualquer evento relacionado à saúde (ou
doença) da população.
Suas aplicações variam desde a descrição das condições de saúde da população, da investigação dos
fatores determinantes de doenças, da avaliação do impacto das ações para alterar a situação de saúde até a
avaliação da utilização dos serviços de saúde, incluindo custos de assistência.
Dessa forma, a epidemiologia contribui para o melhor entendimento da saúde da população - partindo do
conhecimento dos fatores que a determinam e provendo, consequentemente, subsídios para a prevenção das
doenças.
Saúde e Doença
Saúde e doença como um processo binário, ou seja, presença/ausência, é uma forma simplista para algo
bem mais complexo. O que se encontra usualmente, na clínica diária, é um processo evolutivo entre saúde e
doença que, dependendo de cada paciente, poderá seguir cursos diversos, sendo que nem sempre os limites
entre um e outro são precisos.
1. Evolução aguda e fatal . Exemplo: estima-se que cerca de 10% dos pacientes portadores de trombose
venosa profunda acabam apresentando pelo menos um episódio de tromboembolismo pulmonar, e que 10%
desses vão ao óbito (Moser, 1990).
2. Evolução aguda, clinicamente evidente, com recuperação. Exemplo: paciente jovem, hígido, vivendo na
comunidade, com quadro viral de vias aéreas superiores e que, depois de uma semana, inicia com febre, tos-
se produtiva com expectoração purulenta, dor ventilatória dependente e consolidação na radiografia de tórax.
Após o diagnóstico de pneumonia pneumocócica e tratamento com beta-lactâmicos, o paciente repete a radio-
grafia e não se observa sequela alguma do processo inflamatório-infeccioso (já que a definição de pneumonia
implica recuperação do parênquima pulmonar).
3. Evolução subclínica. Exemplo: primo-infecção tuberculosa: a chegada do bacilo de Koch nos alvéolos é
reconhecida pelos linfócitos T, que identificam a cápsula do bacilo como um antígeno e provocam uma reação
específica com formação de granuloma; assim acontece o chamado complexo primário (lesão do parênquima
pulmonar e adenopatia). Na maioria das pessoas, a primo-infecção tuberculosa adquire uma forma subclínica
sem que o doente sequer percebe sintomas de doença.
4. Evolução crônica progressiva com óbito em longo ou curto prazo. Exemplo: fibrose pulmonar idiopática
que geralmente tem um curso inexorável, evoluindo para o óbito por insuficiência respiratória e hipoxemia se-
vera. As maiores séries da literatura (Turner-Warwick, 1980) relatam uma sobrevida média, após o surgimento
dos primeiros sintomas, inferior a cinco anos, sendo que alguns pacientes evoluem para o óbito entre 6 e 12
meses (Stack, 1972). Já a DPOC serve como exemplo de uma doença com evolução progressiva e óbito em
longo prazo, dependendo fundamentalmente da continuidade ou não do vício do tabagismo.

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5. Evolução crônica com períodos assintomáticos e exacerbações. Exemplo: a asma brônquica é um dos
exemplos clássicos, com períodos de exacerbação e períodos assintomáticos. Hoje, sabe-se que, apesar des-
sa evolução, a função pulmonar de alguns pacientes asmáticos pode não retornar aos níveis de normalidade
(Pizzichini, 2001).
Essa é a história natural das doenças, que, na ausência da interferência médica, pode ser subdividida em
quatro fases:
a) Fase inicial ou de susceptibilidade.
b) Fase patológica pré-clínica.
c) Fase clínica.
d) Fase de incapacidade residual.
Na fase inicial, ainda não há doença, mas, sim, condições que a favoreçam. Dependendo da existência de
fatores de risco ou de proteção, alguns indivíduos estarão mais ou menos propensos a determinadas doenças
do que outros. Exemplo: crianças que convivem com mães fumantes estão em maior risco de hospitalizações
por IRAS no primeiro ano de vida, do que filhos de mães não-fumantes (Macedo, 2000). Na fase patológica
pré-clínica, a doença não é evidente, mas já há alterações patológicas, como acontece no movimento ciliar da
árvore brônquica reduzido pelo fumo e contribuindo, posteriormente, para o aparecimento da DPOC. A fase clí-
nica corresponde ao período da doença com sintomas. Ainda no exemplo da DPOC, a fase clínica varia desde
os primeiros sinais da bronquite crônica como aumento de tosse e expectoração até o quadro de cor pulmonale
crônico, na fase final da doença.
Por último, se a doença não evoluiu para a morte nem foi curada, ocorrem as sequelas da mesma; ou seja,
aquele paciente que iniciou fumando, posteriormente desenvolveu um quadro de DPOC, evoluiu para a insufi-
ciência respiratória devido à hipoxemia e passará a apresentar severa limitação funcional fase de incapacidade
residual.
Conhecendo-se e atuando-se nas diversas fases da história natural da doença, poder-se-á modificar o curso
da mesma; isso envolve desde as ações de prevenção consideradas primárias até as terciárias, para combater
a fase da incapacidade residual.
Prevenção
As ações primárias dirigem-se à prevenção das doenças ou manutenção da saúde. Exemplo: a interrupção
do fumo na gravidez seria uma importante medida de ação primária, já que mães fumantes, no estudo de coorte
de Pelotas de 1993, tiveram duas vezes maior risco para terem filhos com retardo de crescimento intrauterino e
baixo peso ao nascer sendo esse um dos determinantes mais importantes de mortalidade infantil (Horta, 1997).
Após a instalação do período clínico ou patológico das doenças, as ações secundárias visam a fazê-lo regredir
(cura), ou impedir a progressão para o óbito, ou evitar o surgimento de sequelas. Exemplo: o tratamento com
RHZ para a tuberculose proporciona cerca de 100% de cura da doença e impede sequelas importantes como
fibrose pulmonar, ou cronicidade da doença sem resposta ao tratamento de primeira linha e a transmissão da
doença para o resto da população. A prevenção através das ações terciárias procura minimizar os danos já
ocorridos com a doença. Exemplo: a bola fúngica que, usualmente é um resíduo da tuberculose e pode provo-
car hemoptises severas, tem na cirurgia seu tratamento definitivo (Hetzel, 2001).
Causalidade em Epidemiologia
A teoria da multicausalidade ou multifatorialidade tem hoje seu papel definido na gênese das doenças, em
substituição à teoria da unicausalidade que vigorou por muitos anos. A grande maioria das doenças advém de
uma combinação de fatores que interagem entre si e acabam desempenhando importante papel na determina-
ção das mesmas. Como exemplo dessas múltiplas causas chamadas causas contribuintes citaremos o câncer
de pulmão. Nem todo fumante desenvolve câncer de pulmão, o que indica que há outras causas contribuindo
para o aparecimento dessa doença. Estudos mostraram que, descendentes de primeiro grau de fumantes com
câncer de pulmão tiveram 2 a 3 vezes maior chance de terem a doença do que aqueles sem a doença na fa-
mília; isso indica que há uma suscetibilidade familiar aumentada para o câncer de pulmão. Ativação dos onco-
genes dominantes e inativação de oncogenes supressores ou recessivos são lesões que têm sido encontradas
no DNA de células do carcinoma brônquico e que reforçam o papel de determinantes genéticos nesta doença
(Srivastava, 1995).

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A determinação da causalidade passa por níveis hierárquicos distintos, sendo que alguns desses fatores
causais estão mais próximos do que outros em relação ao desenvolvimento da doença. Por exemplo, fatores
biológicos, hereditários e socioeconômicos podem ser os determinantes distais da asma infantil são fatores a
distância que, através de sua atuação em outros fatores, podem contribuir para o aparecimento da doença. Por
outro lado, alguns fatores chamados determinantes intermediários podem sofrer tanto a influência dos determi-
nantes distais como estar agindo em fatores próximos à doença, como seria o caso dos fatores gestacionais,
ambientais, alérgicos e nutricionais na determinação da asma; os fatores que estão próximos à doença os
determinantes proximais, por sua vez, também podem sofrer a influência daqueles fatores que estão em nível
hierárquico superior (determinantes distais e intermediários) ou agirem diretamente na determinação da doen-
ça. No exemplo da asma, o determinante proximal pode ser um evento infeccioso prévio.
Determinação de causalidade na asma brônquica.
Critérios de causalidade de Hill
- Força da associação
- Consistência
- Especificidade
- Sequência cronológica
- Efeito dose–resposta
- Plausibilidade biológica
- Coerência
- Evidências experimentais
- Analogia
Somente os estudos experimentais estabelecem definitivamente a causalidade, porém a maioria das asso-
ciações encontradas nos estudos epidemiológicos não é causal. O Quadro mostra os nove critérios para esta-
belecer causalidade segundo trabalho clássico de Sir Austin Bradford Hill.
Força da associação e magnitude. Quanto mais elevada a medida de efeito, maior a plausibilidade de que a
relação seja causal. Por exemplo: estudo de Malcon sobre fumo em adolescentes mostrou que a força da asso-
ciação entre o fumo do adolescente e a presença do fumo no grupo de amigos foi da magnitude de 17 vezes;
ou seja, adolescentes com três ou mais amigos fumando têm 17 vezes maior risco para serem fumantes do que
aqueles sem amigos fumantes (Malcon, 2000).
Consistência da associação. A associação também é observada em estudos realizados em outras popula-
ções ou utilizando diferentes metodologias? É possível que, simplesmente por chance, tenha sido encontrada
determinada associação? Se as associações encontradas foram consequência do acaso, estudos posteriores
não deverão detectar os mesmos resultados. Exemplo: a maioria, senão a totalidade dos estudos sobre câncer
de pulmão, detectou o fumo como um dos principais fatores associados a esta doença. Especificidade. A expo-
sição está especificamente associada a um tipo de doença, e não a vários tipos (esse é um critério que pode
ser questionável). Exemplo: poeira da sílica e formação de múltiplos nódulos fibrosos no pulmão (silicose).
Sequência cronológica (ou temporalidade). A causa precede o efeito? A exposição ao fator de risco antecede
o aparecimento da doença e é compatível com o respectivo período de incubação? Nem sempre é fácil estabe-
lecer a seqüência cronológica, nos estudos realizados quando o período de latência é longo entre a exposição
e a doença.
Critérios de causalidade de Hill
- Força da associação
- Consistência
- Especificidade
- Sequência cronológica
- Efeito dose–resposta

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- Plausibilidade biológica
- Coerência
- Evidências experimentais
- Analogia
Exemplo: nos países desenvolvidos, a prevalência de fumo aumentou significativamente durante a primeira
metade do século, mas houve um lapso de vários anos até detectar-se o aumento do número de mortes por
câncer de pulmão. Nos EUA, por exemplo, o consumo médio diário de cigarros, em adultos jovens, aumentou
de um, em 1910, para quatro, em 1930, e 10 em 1950, sendo que o aumento da mortalidade ocorreu após
várias décadas.
Padrão semelhante vem ocorrendo na China, particularmente no sexo masculino, só que com um intervalo
de tempo de 40 anos: o consumo médio diário de cigarros, nos homens, era um em 1952, quatro em 1972,
atingindo 10 em 1992. As estimativas, portanto, são de que 100 milhões dos homens chineses, hoje com idade
de 0-29 anos, morrerão pelo tabaco, o que implicará a três milhões de mortes, por ano, quando esses homens
atingirem idades mais avançadas (Liu, 1998).
Efeito dose-resposta. O aumento da exposição causa um aumento do efeito? Sendo positiva essa relação,
há mais um indício do fator causal. Exemplo: os estudos prospectivos de Doll e Hill (Doll, 1994) sobre a mortali-
dade por câncer de pulmão e fumo, nos médicos ingleses, tiveram um seguimento de 40 anos (1951-1991). As
primeiras publicações dos autores já mostravam o efeito dose-resposta do fumo na mortalidade por câncer de
pulmão; os resultados finais desse acompanhamento revelavam que fumantes de 1 a 14 cigarros/dia, de 15 a
24 cigarros/dia e de 25 ou mais cigarros/dia morriam 7,5 para 8 vezes mais, 14,9 para 15 e 25,4 para 25 vezes
mais do que os não-fumantes, respectivamente.
Plausibilidade biológica. A associação é consistente com outros conhecimentos? É preciso alguma coerên-
cia entre o conhecimento existente e os novos achados. A associação entre fumo passivo e câncer de pulmão
é um dos exemplos da plausibilidade biológica. Carcinógenos do tabaco têm sido encontrados no sangue e na
urina de não-fumantes expostos ao fumo passivo.
A associação entre o risco de câncer de pulmão em não-fumantes e o número de cigarros fumados e anos
de exposição do fumante é diretamente proporcional (efeito dose-resposta) (Hirayama, 1981).
Coerência. Os achados devem ser coerentes com as tendências temporais, padrões geográficos, distri-
buição por sexo, estudos em animais etc. Evidências experimentais. Mudanças na exposição resultam em
mudanças na incidência de doença. Exemplo: sabe-se que os alergênios inalatórios (como a poeira) podem
ser promotores, indutores ou desencadeantes da asma; portanto o afastamento do paciente asmático desses
alergênios é capaz de alterar a hiperresponsividade das vias aéreas (HRVA), a incidência da doença ou a pre-
cipitação da crise.
Analogia. O observado é análogo ao que se sabe sobre outra doença ou exposição. Exemplo: é bem reco-
nhecido o fato de que a imunossupressão causa várias doenças; portanto explica-se a forte associação entre
AIDS e tuberculose, já que, em ambas, a imunidade está diminuída.
Raramente é possível comprovar os nove critérios para uma determinada associação. A pergunta-chave
nessa questão da causalidade é a seguinte: os achados encontrados indicam causalidade ou apenas associa-
ção? O critério de temporalidade, sem dúvida, é indispensável para a causalidade; se a causa não precede o
efeito, a associação não é causal. Os demais critérios podem contribuir para a inferência da causalidade, mas
não necessariamente determinam a causalidade da associação.
Indicadores de Saúde
Para que a saúde seja quantificada e para permitir comparações na população, utilizam-se os indicadores
de saúde. Estes devem refletir, com fidedignidade, o panorama da saúde populacional.
É interessante observar que, apesar desses indicadores serem chamados “Indicadores de Saúde”, muitos
deles medem doenças, mortes, gravidade de doenças, o que denota ser mais fácil, às vezes, medir doença do
que medir saúde, como já foi mencionado anteriormente. Esses indicadores podem ser expressos em termos
de frequência absoluta ou como frequência relativa, onde se incluem os coeficientes e índices. Os valores abso-
lutos são os dados mais prontamente disponíveis e, frequentemente, usados na monitoração da ocorrência de

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doenças infecciosas; especialmente em situações de epidemia, quando as populações envolvidas estão restri-
tas ao tempo e a um determinado local, pode assumir-se que a estrutura populacional é estável e, assim, usar
valores absolutos. Entretanto, para comparar a frequência de uma doença entre diferentes grupos, deve-se ter
em conta o tamanho das populações a serem comparadas com sua estrutura de idade e sexo, expressando os
dados em forma de taxas ou coeficientes.
Indicadores de saúde
- Mortalidade/sobrevivência
- Morbidade/gravidade/incapacidade funcional
- Nutrição/crescimento e desenvolvimento
- Aspectos demográficos
- Condições socioeconômicas
- Saúde ambiental
- Serviços de saúde
Coeficientes (ou taxas ou rates). São as medidas básicas da ocorrência das doenças em uma determina-
da população e período. Para o cálculo dos coeficientes ou taxas, considera-se que o número de casos está
relacionado ao tamanho da população que lhes deu origem. O numerador refere-se ao número de casos de-
tectados que se quer estudar (por exemplo: mortes, doenças, fatores de risco etc.), e o denominador refere-se
a toda população capaz de sofrer aquele evento - é a chamada população em risco. O denominador, portanto,
reflete o número de casos acrescido do número de pessoas que poderiam tornar-se casos naquele período de
tempo. Às vezes, dependendo do evento estudado, é preciso excluir algumas pessoas do denominador. Por
exemplo, ao calcular-se o coeficiente de mortalidade por câncer de próstata, as mulheres devem ser excluídas
do denominador, pois não estão expostas ao risco de adquirir câncer de próstata. Para uma melhor utilização
desses coeficientes, é preciso o esclarecimento de alguns pontos:
- Escolha da constante (denominador).
- Intervalo de tempo.
- Estabilidade dos coeficientes.
- População em risco.
Escolha da constante: a escolha de uma constante serve para evitar que o resultado seja expresso por
um número decimal de difícil leitura (por exemplo: 0,0003); portanto faz-se a multiplicação da fração por uma
constante (100, 1.000, 10.000, 100.000). A decisão sobre qual constante deve ser utilizada é arbitrária, pois
depende da grandeza dos números decimais; entretanto, para muitos dos indicadores, essa constante já está
uniformizada. Por exemplo: para os coeficientes de mortalidade infantil utiliza-se sempre a constante de 1.000
nascidos vivos.
Intervalo de tempo: é preciso especificar o tempo a que se referem os coeficientes estudados. Nas esta-
tísticas vitais, esse tempo é geralmente de um ano. Para a vigilância epidemiológica (verificação contínua dos
fatores que determinam a ocorrência e a distribuição da doença e condições de saúde), pode decidir-se por um
período bem mais curto, dependendo do objetivo do estudo.
Estabilidade dos coeficientes: quando se calcula um coeficiente para tempos curtos ou para populações
reduzidas, os coeficientes podem tornar-se imprecisos e não ser tão fidedignos. Gutierrez, no capítulo da epi-
demiologia da tuberculose, exemplifica de que forma o coeficiente de incidência para tuberculose pode variar,
conforme o tamanho da população. Para contornar esse problema, é possível aumentar o período de obser-
vação (por exemplo, ao invés de observar o evento por um ano, observá-lo por dois ou três anos), aumentar o
tamanho da amostra (observar uma população maior) ou utilizar números absolutos no lugar de coeficientes.
População em risco: refere-se ao denominador da fração para o cálculo do coeficiente. Nem sempre é fácil
saber o número exato desse denominador e muitas vezes recorre-se a estimativas no lugar de números exatos.

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Morbidade
A morbidade é um dos importantes indicadores de saúde, sendo um dos mais citados coeficientes ao longo
desse livro. Muitas doenças causam importante morbidade, mas baixa mortalidade, como a asma. Morbidade
é um termo genérico usado para designar o conjunto de casos de uma dada afecção ou a soma de agravos à
saúde que atingem um grupo de indivíduos. Medir morbidade nem sempre é uma tarefa fácil, pois são muitas
as limitações que contribuem para essa dificuldade.
Medidas da morbidade
Para que se possa acompanhar a morbidade na população e traçar paralelos entre a morbidade de um local
em relação a outros, é preciso que se tenha medidas-padrão de morbidade. As medidas de morbidade mais
utilizadas são as que se seguem:
- Medida da prevalência: a prevalência (P) mede o número total de casos, episódios ou eventos existentes
em um determinado ponto no tempo. O coeficiente de prevalência, portanto, é a relação entre o número de
casos existentes de uma determinada doença e o número de pessoas na população, em um determinado pe-
ríodo. Esse coeficiente pode ser multiplicado por uma constante, pois, assim, torna-se um número inteiro fácil
de interpretar (essa constante pode ser 100, 1.000 ou 10.000). O termo prevalência refere-se à prevalência
pontual ou instantânea. Isso quer dizer que, naquele particular ponto do tempo (dia, semana, mês ou ano da
coleta, por exemplo), a frequência da doença medida foi de 10%, por exemplo. Na interpretação da medida da
prevalência, deve ser lembrado que a mesma depende do número de pessoas que desenvolveram a doença
no passado e continuam doentes no presente. Assim, como já foi descrito no início do capítulo, o denominador
é a população em risco.
Por exemplo, em uma população estudada de 1.053 adultos da zona urbana de Pelotas, em 1991, detec-
taram-se 135 casos de bronquite crônica; portanto, a prevalência de bronquite crônica, seguindo a equação
abaixo, foi de (Menezes, 1994):
Medida da incidência: a incidência mede o número de casos novos de uma doença, episódios ou eventos
na população dentro de um período definido de tempo (dia, semana, mês, ano); é um dos melhores indicadores
para avaliar se uma condição está diminuindo, aumentando ou permanecendo estável, pois indica o número
de pessoas da população que passou de um estado de não-doente para doente. O coeficiente de incidência é
a razão entre o número de casos novos de uma doença que ocorre em uma comunidade, em um intervalo de
tempo determinado, e a população exposta ao risco de adquirir essa doença no mesmo período. A multiplica-
ção por uma constante tem a mesma finalidade descrita acima para o coeficiente de prevalência. A incidência
é útil para medir a frequência de doenças com uma duração média curta, como, por exemplo, a pneumonia, ou
doença de duração longa. A incidência pode ser cumulativa (acumulada) ou densidade de incidência.
Incidência Cumulativa (IC). Refere-se à população fixa, onde não há entrada de novos casos naquele de-
terminando período. Por exemplo: em um grupo de trabalhadores expostos ao asbesto, alguns desenvolveram
câncer de pulmão em um período de tempo especificado. No denominador do cálculo da incidência cumulativa,
estão incluídos aqueles que, no início do período, não tinham a doença.
Exemplo: 50 pessoas adquiriram câncer de pulmão do grupo dos 150 trabalhadores expostos ao asbesto
durante um ano. Incidência cumulativa = 50/150 = 0,3 = 30 casos novos por 100 habitantes em 1 ano.
A incidência cumulativa é uma proporção, podendo ser expressa como percentual ou por 1.000, 10.000 etc.
(o numerador está incluído no denominador). A IC é a melhor medida para fazer prognósticos em nível individu-
al, pois indica a probabilidade de desenvolver uma doença dentro de um determinado período.
Densidade de Incidência (DI). A densidade de incidência é uma medida de velocidade (ou densidade). Seu
denominador é expresso em população-tempo em risco. O denominador diminui à medida que as pessoas,
inicialmente em risco, morrem ou adoecem (o que não acontece com a incidência cumulativa).
Relação entre incidência e prevalência
A prevalência de uma doença depende da incidência da mesma (quanto maior for a ocorrência de casos
novos, maior será o número de casos existentes), como também da duração da doença. A mudança da preva-
lência pode ser afetada tanto pela velocidade da incidência como pela modificação da duração da doença. Esta,
por sua vez, depende do tempo de cura da doença ou da sobrevivência.
A relação entre incidência e prevalência segue a seguinte fórmula (Vaughan, 1992):

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Prevalência = Incidência X Duração Média da Doença
Mortalidade
O número de óbitos (assim como o número de nascimentos) é uma importante fonte para avaliar as condi-
ções de saúde da população.
Medidas de Mortalidade. Os coeficientes de mortalidade são os mais tradicionais indicadores de saúde.
Principais coeficientes de mortalidade:
- Coeficiente de mortalidade geral
- Coeficiente de mortalidade infantil
- Coeficiente de mortalidade neonatal precoce
- Coeficiente de mortalidade neonatal tardia
- Coeficiente de mortalidade perinatal
- Coeficiente de mortalidade materna
- Coeficiente de mortalidade específico por doença
Coeficiente de mortalidade geral. Obtido pela divisão do número total de óbitos por todas as causas em
um ano pelo número da população naquele ano, multiplicado por 1.000. Exemplo: no RS, houve 63.961 óbitos
e a população estimada era de 9.762.110; portanto o coeficiente de mortalidade geral para o estado, foi de 6,55
(Estatísticas de Saúde).
Coeficiente de mortalidade específico por doenças respiratórias. É possível obterem-se os coeficien-
tes específicos por determinada causa, como, por exemplo, o coeficiente por causas externas, por doenças
infecciosas, por neoplasias, por AIDS, por tuberculose, dentre outros. Da mesma forma, pode-se calcular os
coeficientes conforme a idade e o sexo. Estes coeficientes podem fornecer importantes dados sobre a saúde de
um país, e, ao mesmo, tempo fornecer subsídios para políticas de saúde. Exemplo: o coeficiente de mortalidade
por tuberculose no RS foi de 51,5 por 100.000 habitantes.
O coeficiente de mortalidade infantil refere-se ao óbito de crianças menores de um ano e é um dos mais
importantes indicadores de saúde.O coeficiente de mortalidade perinatal compreende os óbitos fetais (a partir
de 28 semanas de gestação) mais os neonatais precoces (óbitos de crianças de até seis dias de vida). Outro
importante indicador de saúde que vem sendo bastante utilizado, nos últimos anos, é o coeficiente de mortali-
dade materna, que diz respeito aos óbitos por causas gestacionais (Estatísticas de Saúde).
Letalidade
A letalidade refere-se à incidência de mortes entre portadores de uma determinada doença, em um certo
período de tempo, dividida pela população de doentes. É importante lembrar que, na letalidade, o denominador
é o número de doentes.
Padronização dos coeficientes
Como, na maioria das vezes, a incidência ou prevalência de uma doença varia com o sexo e o grupo etário,
a comparação das taxas brutas de duas ou mais populações só faz sentido se a distribuição por sexo e idade
das mesmas for bastante próxima. Sendo essa uma situação absolutamente excepcional, o pesquisador fre-
quentemente vê-se obrigado a recorrer a uma padronização (ou ajustamento), a fim de eliminar os efeitos da
estrutura etária ou do sexo sobre as taxas a serem analisadas.
Para um melhor entendimento, examinemos, por exemplo, os índices de mortalidade da França e do México.
Caso a análise limite-se à comparação das taxas brutas - 368 e 95 por 100.000 habitantes/ano, respectivamen-
te, pode parecer que há uma grande diferença entre os padrões de mortalidade dos dois países. Entretanto, ao
considerar-se a grande diferença na distribuição etária dos mesmos, com o predomínio no México de grupos
com menor idade, torna-se imprescindível a padronização. Uma vez efetuada a padronização por idade, o
contraste entre os dois países desaparece, resultando taxas de 164 e 163 por 100.000 habitantes/ano, respec-
tivamente.
Esses índices ajustados são na verdade fictícios, prestando-se somente para fins de comparação. Há duas
maneiras de realizar-se a padronização.

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Método direto: este método exige uma população padrão que poderá ser a soma de duas populações a
serem comparadas (A e B) ou uma população padrão. É obtido multiplicando-se a distribuição da população
padrão conforme a idade pelos coeficientes de mortalidade (por exemplo) de cada uma das populações a se-
rem estudadas (A e B).
Método indireto: utiliza-se o método indireto quando os coeficientes específicos por idade da população
que se quer estudar não são conhecidos, embora se saiba o número total de óbitos. Empregando-se uma
segunda população (padrão) - semelhante à população que se quer estudar - cujos coeficientes sejam conhe-
cidos, multiplica-se o coeficiente por idades da população padrão pelo número de óbitos de cada categoria de
idade, chegando, assim, ao número de mortes que seria esperado na população que está sendo estudada. O
número total de mortes esperado dessa população é confrontado com o número de mortes efetivamente ocorri-
das nessa população, resultando no que se convencionou chamar de razão padronizada de mortalidade (RPM).
Rpm = Óbitos Observados/Óbitos Esperados
A RPM maior ou menor do que um indica que ocorreram mais ou menos mortes do que o esperado, respec-
tivamente. Resumindo, as taxas brutas são facilmente calculadas e rapidamente disponíveis; entretanto são
medidas difíceis de interpretar e de serem comparadas com outras populações, pois dependem das variações
na composição da população. Taxas ajustadas minimizam essas limitações, entretanto são fictícias e sua mag-
nitude depende da população selecionada.
Tipologia dos Estudos Epidemiológicos
Os estudos epidemiológicos constituem um ótimo método para colher informações adicionais não-disponí-
veis a partir dos sistemas rotineiros de informação de saúde ou de vigilância. Os estudos descritivos são aque-
les em que o observador descreve as características de uma determinada amostra, não sendo de grande utili-
dade para estudar etiologia de doenças ou eficácia de um tratamento, porque não há um grupo-controle para
permitir inferências causais. Como exemplo podem ser citadas as séries de casos em que as características
de um grupo de pacientes são descritas. Entretanto os estudos descritivos têm a vantagem de ser rápidos e de
baixo custo, sendo muitas vezes o ponto de partida para um outro tipo de estudo epidemiológico. Sua grande
limitação é o fato de não haver um grupo-controle, o que impossibilita seus achados serem comparados com
os de uma outra população. É possível que alguns desses achados aconteçam simplesmente por chance e,
portanto, também aconteceriam no grupo-controle.
Já os estudos analíticos pressupõem a existência de um grupo de referência, o que permite estabelecer
comparações. Estes, por sua vez, de acordo com o papel do pesquisador, podem ser:
- Experimentais (serão discutidos no capítulo epidemiologia clínica).
- Observacionais.
Nos estudos observacionais, a alocação de uma determinada exposição está fora do controle do pesquisa-
dor (por exemplo, exposição à fumaça do cigarro ou ao asbesto). Eles compreendem:
- Estudo transversal.
- Estudo de coorte.
- Estudo de caso-controle.
- Estudo ecológico.
A seguir, cada um desses estudos serão abordados nos seus principais pontos.
Estudo Transversal (Cross-Sectional)
É um tipo de estudo que examina as pessoas em um determinado momento, fornecendo dados de preva-
lência; aplica-se, particularmente, a doenças comuns e de duração relativamente longa. Envolve um grupo de
pessoas expostas e não expostas a determinados fatores de risco, sendo que algumas dessas apresentarão
o desfecho a ser estudado e outras não. A ideia central do estudo transversal é que a prevalência da doença
deverá ser maior entre os expostos do que entre os não-expostos, se for verdade que aquele fator de risco
causa a doença.
As vantagens do estudo transversal são a rapidez, o baixo custo, a identificação de casos e a detecção de
grupos de risco. Entretanto algumas limitações existem, como, por exemplo, a da causalidade reversa – expo-

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sição e desfecho são coletados simultaneamente e frequentemente não se sabe qual deles precedeu o outro.
Nesse tipo de estudo, episódios de doença com longa duração estão sobre-representados e doenças com
duração curta estão sub-representadas (o chamado viés de sobrevivência). Outra desvantagem é que se a pre-
valência da doença a ser avaliada for muito baixa, o número de pessoas a ser estudado precisará ser grande.
O meio ambiente é o local onde se desenvolve a vida na terra, ou seja, é a natureza com todos os seres vivos
e não vivos que nela habitam e interagem.
Em resumo, o meio ambiente engloba todos os elementos vivos e não-vivos que estão relacionados com
a vida na Terra. É tudo aquilo que nos cerca, como a água, o solo, a vegetação, o clima, os animais, os seres
humanos, dentre outros.
Planeta Terra
Preservação Ambiental
A preservação do meio ambiente faz parte dos temas transversais presentes nos Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s).
O seu objetivo é incitar nos estudantes a importância de preservar o meio ambiente e os problemas causa-
dos pela intervenção humana na natureza.
Qual a diferença entre Preservação e Conservação Ambiental?
Os termos preservação e conservação ambiental são constantemente confundidos. Porém, cada um deles
possui um significado e objetivos diferentes.
Preservação Ambiental: É a proteção sem a intervenção humana. Significa a natureza intocável, sem a pre-
sença do homem e sem considerar o valor utilitário e econômico que possa ter.
Conservação Ambiental: É a proteção com uso racional da natureza, através do manejo sustentável. Permite
a presença do homem na natureza, porém, de maneira harmônica.
Um exemplo de áreas de conservação ambiental são as unidades de conservação. Elas representam es-
paços instituídos por lei que objetivam proteger a biodiversidade, restaurar ecossistemas, resguardar espécies
ameaçadas de extinção e promover o desenvolvimento sustentável.
Meio Ambiente e Sustentabilidade
Atualmente, as questões ambientais envolvem a sustentabilidade. A sustentabilidade é um termo abrangen-
te, que envolve também o planejamento da educação, economia e cultura para organização de uma sociedade
forte, saudável e justa.
A sustentabilidade econômica, social e ambiental é um dos grandes desafios da humanidade.
O termo sustentabilidade surge da necessidade de aliar o crescimento econômico com a preservação am-
biental.
A essa nova forma de desenvolvimento, damos o nome de desenvolvimento sustentável. Ele tem como
conceito clássico ser aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das
gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades.
Para que o desenvolvimento sustentável seja uma realidade é necessário o envolvimento de todas as pes-
soas e nações do planeta. As ações vão desde atitudes individuais até acordos internacionais.
Meio Ambiente no Brasil
No Brasil, a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938, de 31 de Agosto de 1981, define os instrumen-
tos para proteção do meio ambiente. É considerada o marco inicial das ações para conservação ambiental no
Brasil.
Através dela, o meio ambiente é definido como:
“o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física e biológica, que permite, abriga e
rege a vida em todas as suas formas”.
A Política Nacional do Meio Ambiente tem como objetivo a preservação, melhoria e recuperação da quali-
dade ambiental propícia à vida.

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Também visa assegurar condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança na-
cional e à proteção da dignidade da vida humana.
A Constituição Federal Brasileira também possui um artigo que trata exclusivamente do Meio Ambiente. O
artigo 225 cita que:
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à
sadia qualidade de vida...”
Outras leis ambientais importantes que protegem os recursos naturais brasileiros e promovem ações volta-
das à conservação e melhoria da qualidade de vida são:
Política Nacional da Educação Ambiental - Lei nº 9.795 de 1999.
Lei de Crimes Ambientais - Lei n.º 9.605 de 1998.
Política Nacional de Recursos Hídricos - Lei nº 9.433 de 1997.
O órgão responsável pelas ações e políticas ambientais no Brasil é o Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Acordos Internacionais
Dada a urgência e a preocupação mundial com os problemas ambientais e os impactos dele decorrentes,
surgiram vários acordos e tratados internacionais. Eles propõem novos modelos de desenvolvimento, redução
da emissão de gases poluentes e conservação ambiental.
A preocupação ambiental vem sendo tratada no âmbito internacional desde a realização da Conferência de
Estocolmo, em 1972. Após isso, ganhou novamente destaque na Conferência das Nações Unidas para o Meio
Ambiente e Desenvolvimento (RIO-92 ou ECO-92), com a aprovação da Agenda 21.
Outros importantes tratados e acordos internacionais voltados ao meio ambiente são:
Protocolo de Montreal: objetivo de reduzir a emissão de produtos que causam danos à camada de ozônio
Protocolo de Kyoto: objetivo de mitigar o impacto dos problemas ambientais, por exemplo, das mudanças
climáticas do planeta terra.
Rio +10 - Cúpula Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável: definição de ações voltadas para a preser-
vação ambiental e aspectos sociais, especialmente de países mais pobres.
Rio +20 - Conferência da ONU sobre o Desenvolvimento Sustentável: reafirmação do desenvolvimento sus-
tentável aliado à preservação ambiental.
Acordo de Paris: objetivo de conter o aquecimento global e reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
Agenda 2030: objetiva orientar as nações do planeta rumo ao desenvolvimento sustentável, além de erradi-
car a pobreza extrema e reforçar a paz mundial.
Educação Ambiental
A educação ambiental corresponde aos processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem
valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas à conservação do meio ambien-
te.
O seu objetivo é a compreensão de conceitos sobre o meio ambiente, sustentabilidade, preservação e con-
servação.
Além da construção de novos valores sociais, aquisição de conhecimentos, atitudes, competências e habili-
dades para a conquista e a manutenção do direito ao meio ambiente equilibrado.
Problemas Ambientais
Nas últimas décadas, o meio ambiente vem sofrendo cada vez mais com a ação humana, uma delas é a
prática da queimada. Como essa intervenção nem sempre é harmônica e de forma sustentável, surgem os
problemas ambientais.
Os principais problemas ambientais da atualidade são:
Mudanças Climáticas

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Efeito Estufa
Aquecimento Global
Poluição da água
Poluição do ar
Destruição da Camada de Ozônio
Extinção de espécies
Chuva Ácida
Desflorestação
Desertificação
Poluição
Conceitos Relacionados ao Meio Ambiente
Alguns conceitos importantes relacionados ao meio ambiente são:
Ecossistema: Conjuntos de seres vivos (Bióticos) e não vivos (Abióticos).
Seres Bióticos: Seres autótrofos (produtores) e heterótrofos (consumidores), ou seja, as plantas, os animais
e os microrganismos.
Seres Abióticos: São os fatores físico-químicos presentes num ecossistema, como a água, os nutrientes, a
umidade, o solo, os raios solares, ar, gases, temperatura, etc.
Biomas: Conjunto de Ecossistemas. Vale lembrar que os biomas que compõem o Brasil são: Biomas Amazô-
nia, Bioma Caatinga, Bioma Cerrado, Bioma Mata Atlântica, Bioma Pantanal e o Bioma dos Pampas.
Fonte: https://www.todamateria.com.br/tudo-sobre-meio-ambiente/
Saneamento básico é um conceito que está relacionado com o controle e distribuição dos recursos básicos
(abastecimento, tratamento e distribuição de água, esgoto sanitário, coleta e destino adequado do lixo, limpeza
pública) tendo em conta o bem-estar físico, mental ou social da população.
No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº. 11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Cons-
tituição a partir de investimentos públicos na área. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS):
“Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-
-estar, físico, mental e social dos indivíduos”.
Saneamento Básico e Saúde
A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros problemas de saúde. Portanto, o conjunto de fatores que
reúnem o saneamento levam a uma melhoria de vida na população na medida que controla e previne doenças,
combatendo muitos vetores.
Nesse caso, podemos pensar num dos maiores problemas enfrentados pela população brasileira atualmente
com a disseminação do mosquito da dengue os quais se proliferam mediante a água parada.
Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos higiênicos e controla a poluição ambiental, melhorando
assim, a qualidade de vida da população.
Outras doenças que podem estar relacionadas com a falta de saneamento básico são:
disenteria
giardíase
amebíase
gastroenterite
leptospirose
peste bubônica

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cólera
poliomielite
hepatite infecciosa
febre tifoide
malária
ebola
sarampo
Saneamento Ambiental
O saneamento ambiental é um conceito que está intimamente associado à sustentabilidade, ou seja, à con-
servação e melhoria do meio ambiente a partir do impacto ambiental gerado.
Ele reúne um conjunto de procedimentos que visam a qualidade da população, sobretudo na infraestrutura
das cidades, as quais geram poluição do ar, da água e do solo.
Uma importante medida adotada por programas de saneamento ambiental é a conscientização e educação
da população em geral com o intuito de alertar para a importância da conservação ambiental.
Higiene pessoal
Mesmo parecendo tão óbvio, o tema higiene ainda é um dos principais obstáculos quando o assunto é ges-
tão de pessoas no ambiente de trabalho.
Neste artigo você verá a importância da higiene pessoal no trabalho para evitar doenças, e porque ela pode
ser uma aliada para o seu crescimento profissional.
O que é higiene?
Higieneé um conjunto de técnicas e métodos preventivos que evitam doenças infecciosas e degenerativas.
Higiene de um modo geral engloba limpeza, conservação e cuidados com o corpo e ambiente garantindo a
saúde física, mental e social. Nossas atitudes no dia a dia contribuem significamente para a nossa saúde e dos
que convivem conosco.
Por que a higiene pessoal no trabalho é importante?
Cuidar da higiene pessoal é necessário para combater uma série de doenças causadas por vírus e bactérias
e também para melhorar a qualidade de vida do indivíduo.
Durante o dia entramos em contato com várias pessoas e ambientes diferentes, sendo a grande maioria
desses contatos físicos através das nossas mãos.
Agora, imagine a quantidade de bactérias e outros microrganismos que podem desencadear uma doença,
pelo simples fato de você não lavar as mãos para comer, ou até para coçar os olhos, por exemplo?
Imaginou? São em média aproximadamente 150 tipos diferentes de bactérias, que poderiam ser evitadas se
fossem utilizados os métodos preventivos de higiene pessoal corretamente e com frequência, como lavar bem
as mãos ao entrar em casa após um passeio na rua ou até mesmo antes de qualquer refeição.
Além de cuidar da higiene pessoal como um todo, também é necessário prestar atenção na higiene mental,
investindo mais no campo intelectual, espiritual, psicológico e comportamental.
Entende-se comohigiene mentalos cuidados que devemos tomar para garantir o equilíbrio comportamental
e psicológico, garantindo às pessoas um bom convívio sociocultural. Isso envolve os hábitos no trabalho, des-
canso e os estudos.
HIGIENE SOCIAL
É O CONJUNTO DE ATITUDES QUE PODEMOS TER COM AS OUTRAS PESSOAS DA NOSSA COMUNI-
DADE, E ASSIM VIVER BEM COM ELAS. SÃO ATITUDES SOCIAIS:
-COLABORAR COM AS PESSAOS E RESPEITÁ-LAS;
-TRATAR DE TODOS COM EDUCAÇÃO E DEDICAÇÃO;

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-MANTER E PROTEGER AS ARVORES DAS RUAS, DAS PRAÇAS, DOS JARDINS E DOS PARQUES;
-AJUDAR A CONSERVAR A ESCOLA, NÃO QUEBRANDO VIDROS NEM ESCREVENDO NAS PAREDES;
-NÃO JOGAR OU QUALQUER OUTRO TIPO DE SUJEIRA NAS RUAS E LUGARES PÚBLICOS. A SUA
CIDADE É COMO SUA CASA;
-PROTEGER E PRESERVAR A NATUREZA TAMBÉM É UMA ATITUDE DE HIGIENE SOCIAL.
O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?
O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo,
abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária,
até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação.
A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os
brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção
e a promoção da saúde.
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federa-
ção: a União, os Estados e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os
serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergên-
cia, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência
farmacêutica.
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”.
No período anterior a CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos trabalhadores vin-
culados à Previdência Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares,
cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.
Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Saúde, Estados e Municípios, conforme
determina a Constituição Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em articulação
com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para pactuar o
Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito
hospitais federais.
Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos municípios em articulação com o
conselho estadual e participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e implementar o plano
estadual de saúde.
Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde em articulação com o conselho
municipal e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
Conselhos de Saúde
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Estadual ou Municipal), em caráter permanente e
deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instân-
cia correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, que obedecerá a seguinte composição: 50%
de entidades e movimentos representativos de usuários; 25% de entidades representativas dos trabalhadores
da área de saúde e 25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
fins lucrativos.

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Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadual e municipal, quanto aos aspectos
operacionais do SUS
Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e municipais, quanto aos aspectos opera-
cionais do SUS
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Federal na CIT para tratar de matérias re-
ferentes à saúde
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
São reconhecidos como entidades que representam os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de
matérias referentes à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem
seus estatutos.
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
União
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo federal é o principal fi-
nanciador da rede pública de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos
gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra
metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações.
Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas,
etc.). Também tem a função de planejar, elabirar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.
Estados e Distrito Federal
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar re-
cursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros para a
aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e
planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os gestores estaduais são responsáveis
pela organização do atendimento à saúde em seu território.
Municípios
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu território.O gestor munici-
pal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município formula suas próprias
políticas de saúde e também é um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú-
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal. Pode estabelecer
parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para procedimentos de
complexidade que estejam acima daqueles que pode oferecer.
História do sistema único de saúde (SUS)
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transformações no sistema de saúde brasileiro, inti-
mamente relacionadas com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simultaneamente ao pro-
cesso de redemocratização iniciado nos anos 80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo de expansão da cobertura assistencial ini-
ciado na segunda metade dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS na Conferência
de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção
Primária à Saúde.
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, constituído inicialmente por
uma parcela da intelectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. Posteriormente, incorpo-
raram-se ao movimento outros segmentos da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de

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saúde e alguns parlamentares.
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime autoritário da ditadura militar, eram dirigidas
basicamente à construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, considerando a descen-
tralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de serviços voltada para a atenção primária à saúde,
com hierarquização, descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Programa de Interiorização
das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), em 1976.
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade,
nunca saiu do papel -, logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária
(CONASP), em 1982 a partir do qual foi implementada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o processo de descentralização da saúde.
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de 1986, considerada um marco histórico, consa-
gra os princípios preconizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), como uma consolida-
ção das Ações Integradas de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e a equidade no acesso
aos serviços, à integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras
e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos.
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, promulgada em outubro de 1988, retrata o resul-
tado de todo o processo desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema Único de Saúde (SUS)
e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196).
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, com regio-
nalização e hierarquização, descentralização com direção única em cada esfera de governo, participação da
comunidade e atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.
A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposições constitucionais. São atribuições do SUS
em seus três níveis de governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”
(CF, art. 200, inciso III).
Princípios do SUS
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º
do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990. Os principais são:
Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a
atenção necessária, sem qualquer custo;
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações con-
tínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de complexidade;
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de
cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam;
Participação social: é um direito e um dever da sociedade participar das gestões públicas em geral e da
saúde pública em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação, assegu-
rando a gestão comunitária do SUS; e
Descentralização: é o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os municípios, aten-
dendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e com-
petências específicas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.
Principais leis
Constituição Federal de 1988: Estabelece que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido
mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao
acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação”. Determina
ao Poder Público sua “regulamentação, fiscalização e controle”, que as ações e os serviços da saúde “integram

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uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único”; define suas diretrizes, atribuições,
fontes de financiamento e, ainda, como deve se dar a participação da iniciativa privada.
Lei Orgânica da Saúde (LOS), Lei n.º 8.080/1990: Regulamenta, em todo o território nacional, as ações
do SUS, estabelece as diretrizes para seu gerenciamento e descentralização e detalha as competências de
cada esfera governamental. Enfatiza a descentralização político-administrativa, por meio da municipalização
dos serviços e das ações de saúde, com redistribuição de poder, competências e recursos, em direção aos
municípios. Determina como competência do SUS a definição de critérios, valores e qualidade dos serviços.
Trata da gestão financeira; define o Plano Municipal de Saúde como base das atividades e da programação de
cada nível de direção do SUS e garante a gratuidade das ações e dos serviços nos atendimentos públicos e
privados contratados e conveniados.
Lei n.º 8.142/1990: Dispõe sobre o papel e a participação das comunidades na gestão do SUS, sobre as
transferências de recursos financeiros entre União, estados, Distrito Federal e municípios na área da saúde e
dá outras providências.
Institui as instâncias colegiadas e os instrumentos de participação social em cada esfera de governo.
Responsabilização Sanitária
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer claramente as atribuições de cada uma das esferas
de gestão da saúde pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem o SUS, possibilitando me-
lhor planejamento, acompanhamento e complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao assumir
suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização junto aos gerentes e equipes, no âmbito munici-
pal, e participar do processo de pactuação, no âmbito regional.
Responsabilização Macrossanitária
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus munícipes, deve assumir a responsabilidade
pelos resultados, buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a exemplo da mortalidade
materna e infantil, da hanseníase e da tuberculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previnam as doenças e os agravos e recuperem
os doentes. A atenção básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como responsabilidade
primeira e intransferível a todos os gestores. O cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as
atribuições de gestão, incluindo:
- execução dos serviços públicos de responsabilidade municipal;
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização do conjunto de recursos da saúde, com base
em prioridades definidas no Plano Municipal de Saúde;
- planejamento, organização, coordenação, controle e avaliação das ações e dos serviços de saúde sob
gestão municipal; e
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito regional e estadual, para assegurar a seus
cidadãos o acesso a serviços de maior complexidade, não disponíveis no município.
Responsabilização Microssanitária
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território sob sua responsabilidade. Para isso, as uni-
dades da rede básica devem estabelecer uma relação de compromisso com a população a ela adstrita e cada
equipe de referência deve ter sólidos vínculos terapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionan-
do-lhes abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessários à recuperação de cada pessoa.
A alta só deve ocorrer quando da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de outra área
especializada) e o tempo de espera para essa transferência não pode representar uma interrupção do atendi-
mento: a equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico, interferindo, inclusive, nos critérios
de acesso.
Instâncias de Pactuação
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde ocorrem o planejamento, a negociação e a im-
plementação das políticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não por votação), estimulando
o debate e a negociação entre as partes.

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Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacional do SUS, formada por composição pa-
ritária de 15 membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho Nacional de Se-
cretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems). A representação de estados e municípios nessa Comissão é, portanto regional: um representante
para cada uma das cinco regiões existentes no País.
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas paritariamente por representantes do governo
estadual, indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais de saúde, indicados pelo
órgão de representação do conjunto dos municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de Saúde costumam debater entre si os temas
estratégicos antes de apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também instâncias de articulação
política entre gestores municipais de saúde, sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
nesse espaço.
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de pactuação, envolvendo os gestores munici-
pais e estaduais, é uma necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais devem-se organi-
zar a partir das necessidades e das afinidades específicas em saúde existentes nas regiões.
Descentralização
O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, especialmente, pela transferência de responsa-
bilidades e recursos para a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades político-institu-
cionais dos gestores locais, além de meios adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e
macrorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a racionalização de recursos. Os estados e
a União devem contribuir para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e financeira para o
processo de municipalização.
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os serviços de saúde não podem ser estruturados
apenas na escala dos municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalidades que não possuem
em seus territórios condições de oferecer serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem mu-
nicípios que apresentam serviços de referência, tornando-se polos regionais que garantem o atendimento da
sua população e de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são frequentes os intercâmbios
de serviços entre cidades próximas, mas de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ao SUS superar as restrições de acesso,
ampliando a capacidade de atendimento e o processo de descentralização.
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e serviços de saúde de menor grau de comple-
xidade são colocadas à disposição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de seu domicílio.
As ações especializadas ou de maior grau de complexidade são alcançadas por meio de mecanismos de refe-
rência, organizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: O usuário é atendido de forma
descentralizada, no âmbito do município ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendido com
um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, isto é, encaminhado para o atendimento em uma
instância do SUS mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o cidadão pode ser contrar-
referenciado, isto é, conduzido para um atendimento em um nível mais primário.
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo de planejamento, programação e avaliação
da saúde local, de modo a atender as necessidades da população de seu município com eficiência e efetivi-
dade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe
ao Conselho Municipal de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da análise da
realidade e dos problemas de saúde locais, assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descri-
tos os principais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. Além disso,
devem ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cronogra-
mas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos resultados.
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS opera e/ou disponibiliza um conjunto de
sistemas de informações estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o planejamento e a tomada
de decisões, abrangendo: indicadores de saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações hos-

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pitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); rede assistencial (hospitalar e ambulatorial);
morbidade por local de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas vitais (mortalidade e nasci-
dos vivos); recursos financeiros, informações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Caminha-se
rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de base nacional, que podem ser acessados no site do
Datasus. Nesse processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel central. Cabe aos prefeitos
conhecer e monitorar esse conjunto de informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saúde em níveis de atenção, que são de bási-
ca, média e alta complexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e dos
serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
atenção à saúde deve ser integral.
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de atenção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto
de ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Desenvolve-se por meio
de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, objetivando solucionar os problemas de
saúde de maior frequência e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários com o sistema
de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural,
além de buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de
sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.
As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unidades Básicas de Saúde funcionam adequada-
mente, a comunidade consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de saúde. É comum que
a primeira preocupação de muitos prefeitos se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para
o SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a prática comprova que a atenção básica
deve ser sempre prioritária, porque possibilita melhor organização e funcionamento também dos serviços de
média e alta complexidade.
Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos socorros e hospitais, o consumo abusivo de medi-
camentos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais
comuns passam a ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especialidades
e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos usuários e utilização
mais racional dos recursos existentes.
Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte da estratégia de estruturação eleita pelo Mi-
nistério da Saúde para reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros específicos para
o seu custeio. Cada equipe é composta por um conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de
enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com profissional de saúde bucal) que se
responsabiliza pela situação de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo 2.400 e no
máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade
das equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado também das condições so-
ciais, ambientais e econômicas em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objetivo
principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes das comunidades e estabelecer entre elas
vínculos sólidos.
A saúde municipal precisa ser integral. O município é responsável pela saúde de sua população integralmen-
te, ou seja, deve garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços especializados (de média e
alta complexidade), mesmo quando localizados fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
os resultados obtidos.
Só assim estará promovendo saúde integral, como determina a legislação. É preciso que isso fique claro,
porque muitas vezes o gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na atenção básica em saúde
e que as ações e os serviços de maior complexidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não
é verdade.
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os desafios colocados para a saúde e as ações sa-
nitárias são pensados em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e com as políticas e práticas
dos outros setores, ampliando as possibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais envolvi-

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dos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promoção da saúde deve considerar as diferenças culturais
e regionais, entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas histórias, necessidades, dese-
jos, formas de pertencer e se relacionar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os sujeitos
e as coletividades para que possuam, cada vez mais, autonomia e capacidade para manejar os limites e riscos
impostos pela doença, pela constituição genética e por seu contexto social, político, econômico e cultural. A
promoção da saúde coloca, ainda, o desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores sociais
e governamentais para que considerem parâmetros sanitários, ao construir suas políticas públicas específicas,
possibilitando a realização de ações conjuntas.
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com as dimensões do Brasil, com realidades re-
gionais bastante diversificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos avanços obtidos, como
a erradicação da poliomielite, desde 1989, e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam incremento na incidência, como a AIDS, as
hepatites virais, as meningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose e a hanseníase. Obser-
vamos, ainda, aumento da mortalidade por causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade produtiva. Nesse contexto, o Ministério da
Saúde com o objetivo de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da morbimortalidade,
bem como dos fatores de risco associados à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran-
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças não transmissíveis e seus fatores
de riscos; a vigilância ambiental em saúde e a análise de situação de saúde.
Competências municipais na vigilância em saúde
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as atividades de notificação e busca ativa de
doenças compulsórias, surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em seu território; busca
ativa de declaração de óbitos e de nascidos vivos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doen-
ças de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água para o consumo humano; coordenação
e execução das ações de vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de bloqueio); vigilância
epidemiológica; monitoramento da mortalidade infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância
sanitária; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemiológica, no âmbito municipal; coordenação,
execução e divulgação das atividades de informação, educação e comunicação de abrangência municipal; par-
ticipação no financiamento das ações de vigilância em saúde e capacitação de recursos.
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legislação brasileira – Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) e legislação sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabelece prerrogativas,
deveres e obrigações a todos os governantes. A Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por
esfera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as transferências intergovernamentais e alocação
de recursos financeiros. Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas e necessárias ao
cumprimento das responsabilidades sanitárias e garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis.
A responsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público deve ser compartilhada por todos os
entes e esferas governamentais, resguardando suas características, atribuições e competências. O desafio pri-
mordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, é avançar na transformação dos preceitos constitucionais
e legais que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito à saúde, como uma conquista
que se realiza cotidianamente em cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar e buscar,
coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A construção
de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente democrático e plural, é condição es-
sencial para que o SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em condições desfavoráveis, dispondo de recur-
sos financeiros e equipes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em volume, seja em com-
plexidade – resultado de uma conjuntura social de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública
em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compatível com os recursos existentes e criativa em
sua utilização. Deve estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por análises sistemáticas
das necessidades em saúde, verificadas junto à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
inventivas e capacidade de governo.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compartilham as responsabilidades de promover a
articulação e a interação dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso universal e igualitá-
rio às ações e serviços de saúde.

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O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, que integra o conjunto das ações de saúde
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e competências específicas,
porém articuladas entre si, o que caracteriza os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Or-
gânica da Saúde, e pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão do Sistema e das
transferências intergovernamentais de recursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam
as políticas e ações em cada Subsistema.
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planejamento e controle da execução das ações e
serviços de saúde. Essa participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presentes na União, nos
Estados e Municípios.
Níveis de Gestão do SUS
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação da política estadual de saúde, coordenação e
planejamento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por meio da aplicação/
distribuição de recursos públicos arrecadados.
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formulação da política municipal de saúde e a
provisão das ações e serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos pelo gestor federal
e/ou estadual do SUS.
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - Formulação de políticas nacionais de saúde,
planejamento, normalização, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações e servi-
ços de saúde por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que somente da segunda parte do art. 196 se ocupa
o Sistema Único de Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como setor, como uma área
da Administração Pública, se ver obrigada a cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso seria um arrematado absurdo e deveríamos ter
um super Ministério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e econômica protetivas
da saúde.
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso não significa dizer que tudo o que está ali inse-
rido corresponde a área de atuação do Sistema Único de Saúde.
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguridade Social, temos que: -- o art. 196, de ma-
neira ampla, cuida do direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e serviços de saúde,
públicos e privados, conferindo ao Estado o direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú-
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos de saúde que devem ser garantidos
a todos cidadãos para a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema Único de
Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por
ser bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos e tecidos e partes do corpo hu-
mano; não pode contar com a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber auxílios
e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementar-
mente, do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que compõem o sistema público
de saúde. O SUS é mencionado somente nos arts. 198 e 200.
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200.
O art. 198 estatui que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único sistema. Aqui temos o
SUS. E esse sistema tem como atribuição garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde
(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. 200 e leis específicas.
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribuições ali relacionadas não são taxativas ou
exaustivas. Outras poderão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, também, de lei
para a sua exequibilidade.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e 6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do
SUS, tentando melhor explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repetido os incisos daque-
le artigo, tão somente).

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São objetivos do SUS:
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico e social, a redução de
riscos de doenças e outros agravos; e
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, integrando as ações assistenciais
com as preventivas, de modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução de ações e serviços de saúde descritos em
seus 11 incisos.
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do disposto no art. 200 da CF e porque o
enunciado constitucional de que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão de abranger
as condicionantes econômico-sociais da saúde, tampouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as
possíveis e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá sempre um limite orçamentário
e um ilimitado avanço tecnológico a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o ponto de
vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é obvio, cercear o direito à promoção, proteção e
recuperação da saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade humana.
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso
Nacional para regulamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da União para Estados e Mu-
nicípios – busca disciplinar, de forma mais clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer
o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fundos de saúde. Esses parâmetros também
servirão para circunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito do SUS, ainda que
o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conselho Nacional de Saúde e o Ministério
da Saúde também disciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias).
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de financiamento, (ainda que absolutamente relevan-
tes como indicadores epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. Os órgãos e entidades
do SUS devem conhecer e informar à sociedade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem obrigados a utilizar recursos do fundo de
saúde para intervir nessas causas.
Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que visem evitar o risco da doença é o Governo
como um todo (políticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela, saúde, compete
atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que devem ser pagos com recursos da saúde, mas
o seu inativo, não; não porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência Social. Idem quanto
as ações da assistência social, como bolsa-alimentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero,
que devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao qual incumbe promover e prover as
necessidades das pessoas carentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas carências básicas
imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve
participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua vez, o § 3º do art.
32, reza que as ações de saneamento básico que venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão
financiadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, DF e Municípios e não com os re-
cursos dos fundos de saúde.
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar o Parecer do Sr. Procurador Geral da Repú-
blica, na ADIn n. 3087-6/600-RJ, aqui mencionado.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, instituiu o Programa Estadual de Acesso à
Alimentação – PEAA, determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento do Fundo Estadual da
Saúde , vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar

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recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade da área da saúde, moveu ação direta de
inconstitucionalidade, com pedido de cautelar.
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou pela improcedência da ação por entender que
o acesso à alimentação é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamentos o são e que as pes-
soas de baixa renda devem ter atendidas a necessidade básica de alimentar-se.
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assistência social”, áreas da Seguridade Social, mas
distintas entre si. A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o saneamento básico, o meio
ambiente degradado, a falta de renda e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicionantes e
determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. 8.080/90.
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS incluiu a vigilância nutricional e a orientação
alimentar, atividades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, de bolsa-alimentação,
vale-alimentação ou qualquer outra forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da as-
sistência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A
vigilância nutricional deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores governamentais
em razão de sua interface com a saúde. São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como
setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais previstas na Lei n. 8.080/90.
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atri-
buição do Ministério da Saúde:
a) política nacional de saúde;
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde; c) saúde ambiental e ações de promoção, prote-
ção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a dos trabalhadores e dos índios;
d) informações em saúde;
e) insumos críticos para a saúde;
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aé-
reos;
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medicamentos e alimentos;
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos (registro, fiscalização, controle de qualidade)
e não a prestação de serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação a crianças em idade escolar, idosos, traba-
lhadores rurais temporários, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do Estado do Rio de
Janeiro, são situações de carência que necessitam de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no
âmbito da assistência socialou de outro setor da Administração Pública e com recursos que não os do fundo de
saúde. Não podemos mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à saúde, mas não
está em seu âmbito de atuação.
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabeleceu que “serão criadas comissões inter-
setoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e
órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as
comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13, destaca,
algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a “alimentação e nutrição”.
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atribuições que foram dadas ao SUS pela Constitui-
ção e por leis específicas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores que condicionam a saúde
são os mais variados e estão inseridos nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
considerados como competência dos órgãos e entidades que compõe o Sistema Único de Saúde.
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor saúde - SUS, que trata da integralidade da
assistência à saúde. O art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser organizado de acordo

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com três diretrizes, dentre elas, o atendimento integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também não podem ser prejudicadas.
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios e diretrizes do SUS), define a integralidade
da assistência como “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais
e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema”.
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde sejam organizados de forma a garantir ao
indivíduo e à coletividade a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com as necessidades
de cada um em todos os níveis de complexidade do sistema.
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se completa num único nível de complexidade
técnica do sistema, necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de serviços diferenciados,
que nem sempre estão à disposição do cidadão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu a
integralidade da assistência como a satisfação de necessidades individuais e coletivas que devem ser realiza-
das nos mais diversos patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pelos entes federativos,
responsáveis pela saúde da população.
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se completa nos serviços de saúde de um só ente
da federação. Ela só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho traçado pela rede de ser-
viços de saúde, em razão da complexidade da assistência
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da federação quanto ao seu comprometimento
com a integralidade da assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de saúde e as formas
de gestão dos serviços de saúde.
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de saúde, por ser ele a base de todas as ativida-
des e programações da saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual deverá ser elabo-
rado de acordo com diretrizes legais estabelecidas na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços
(arts. 7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demarcação de responsabilidades técnicas,
administrativas e jurídicas dos entes políticos.
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes legais, associadas àquelas estabelecidas
nas comissões intergovernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão de responsabilidades
-- o sistema ficará ao sabor de ideologias e decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando a
regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conjugação de recursos financeiros, tecnológicos,
materiais, humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes regionalizadas de
serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação de responsabilidades técnicas, administrativas
e jurídicas quanto à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na maioria das vezes, na
instância de governo-sede do cidadão. Ressalte-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos inte-
resses da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes governamentais, deve ser submetido
ao conselho de saúde, representante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar e acompanhar
a sua execução, em todos os seus aspectos.
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, iniciando-se da base local até a federal, reforça
o sentido de que a integralidade da assistência só se completa com o conjunto articulado de serviços, de res-
ponsabilidade dos diversos entes governamentais.
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n.
8.080/90, a integralidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira aleatória, conforme exigên-
cias individuais do cidadão ou de acordo com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano
de saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planejamento que leve em conta a epidemiologia e
a organização de serviços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades de recursos, além da
necessária observação do que ficou decidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais, que
não contrariem a lei.
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente responsável pela saúde integral da pessoa que está
sob atenção em seus serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente apenas pela omissão
ou má execução dos serviços que estão sob seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guar-
dar consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados em instrumentos jurídicos competentes .

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Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribuições do SUS, uma das mais importantes -- ob-
jeto de reclamações e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua individualização, imedia-
tismo, apelo emocional e ético, urgência e emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as
demais atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Falemos dela no tópico seguinte.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável Agenda 2030

A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável


Em setembro de 2015, representantes dos 193 Estados-membros da ONU se reuniram em Nova York e
reconheceram que a erradicação da pobreza em todas as suas formas e dimensões, incluindo a pobreza extre-
ma, é o maior desafio global e um requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável.
Ao adotarem o documento “Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sus-
tentável” (A/70/L.1), os países comprometeram-se a tomar medidas ousadas e transformadoras para promover
o desenvolvimento sustentável nos próximos 15 anos sem deixar ninguém para trás.
A Agenda 2030 é um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade, que busca fortalecer a paz
universal. O plano indica 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os ODS, e 169 metas, para erradicar
a pobreza e promover vida digna para todos, dentro dos limites do planeta. São objetivos e metas claras, para
que todos os países adotem de acordo com suas próprias prioridades e atuem no espírito de uma parceria glo-
bal que orienta as escolhas necessárias para melhorar a vida das pessoas, agora e no futuro.
Este é um plano para governos, sociedade, empresas, academia e para você.
Mas, afinal, como chegamos a esta agenda global de desenvolvimento?
Avançando o Desenvolvimento Sustentável
O relatório Nosso Futuro Comum (1987), define desenvolvimento sustentável:
O desenvolvimento que procura satisfazer as necessidades da geração atual, sem comprometer a capaci-
dade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, que ficou conhecida como
Rio 92, reuniu mais de 100 chefes de Estado na cidade do Rio de Janeiro, em 1992, para discutir como garantir
às gerações futuras o direito ao desenvolvimento. Na Declaração do Rio sobre Meio Ambiente, os países con-
cordaram com a promoção do desenvolvimento sustentável, com foco nos seres humanos e na proteção do
meio ambiente como partes fundamentais desse processo. E adotaram aAgenda 21, a primeira carta de inten-
ções para promover, em escala planetária, um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI.
20 anos depois, 193 delegações, além de representantes da sociedade civil, voltariam à cidade do Rio de
Janeiro para renovar o compromisso global com o desenvolvimento sustentável. O objetivo da Rio+20 era ava-
liar o progresso obtido até então e as lacunas remanescentes na implementação dos resultados das cúpulas
anteriores, abordando novos emergentes desafíos. O foco das discussões da Conferência era, principalmente:
a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e o arcabouço
institucional para o desenvolvimento sustentável.
A Declaração Final da Conferência Rio+20, o documento “O Futuro que Queremos”, reconheceu que a
formulação de metas poderia ser útil para o lançamento de uma ação global coerente e focada no desenvolvi-
mento sustentável. Assim, foi lançada as bases de um processo intergovernamental abrangente e transparente,
aberto a todas as partes interessadas, para a promoção de objetivos para o desenvolvimento sustentável. Essa
orientação guiou as ações da comunidade internacional nos três anos seguintes e deu início ao processo de
consulta global para a construção de um conjunto de objetivos universais de desenvolvimento sustentável para
além de 2015.
Aprendendo com os Objetivos do Milênio (ODM)
Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) emergiram de uma série de cúpulas multilaterais rea-
lizadas durante os anos 1990 sobre o desenvolvimento humano. O processo de construção dos ODM contou

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com especialistas renomados e esteve focado, principalmente, na redução da extrema pobreza. A Declaração
do Milênio e os ODM foram adotados pelos Estados-membros da ONU em 2000 e impulsionaram os países a
enfrentarem os principais desafios sociais no início do século XXI.

Esses oito Objetivos foram o primeiro arcabouço global de políticas para o desenvolvimento e contribuíram
para orientar a ação dos governos nos níveis internacional, nacional e local por 15 anos. Os ODMs reconhece-
ram a urgência de combater a pobreza e demais privações generalizadas, tornando o tema uma prioridade na
agenda internacional de desenvolvimento.
Em 2010, a Cúpula das Nações Unidas sobre os Objetivos do Milênio demandou a aceleração na imple-
mentação dos Objetivos. Além disso, solicitou ao então Secretário-Geral da Nações Unidas, Ban Ki-moon,
elaborar recomendações sobre os próximos passos após 2015. Com o suporte do Grupo de Desenvolvimento
das Nações Unidas, o Secretário-Geral lançou um processo de consultas com várias partes interessadas e/ou
impactadas para discutir uma nova agenda de desenvolvimento.
O processo de construção de uma agenda pós-2015

Após a Rio+20, um amplo e inclusivo sistema de consulta foi empreendido sobre questões de interesse
global que poderiam compor a nova agenda de desenvolvimento pós-2015. Diferentemente do processo dos
ODMs, os novos objetivos de desenvolvimento sustentável foram construídos a muitas mãos.
O Grupo de Trabalho Aberto para a elaboração dos ODS (GTA-ODS) estava encarregado da elaboração de
uma proposta para os ODS. Composto por 70 países, contou com o envolvimento das mais diversas partes in-
teressadas: desde contribuições especializadas da sociedade civil, até contribuições da comunidade científica
e do sistema das Nações Unidas. O objetivo era proporcionar uma diversidade de perspectivas e experiências.
Em agosto de 2014, o GTA-ODS compilou os aportes recebidos, finalizou o texto e submeteu a proposta dos
17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, e das 169 metas associadas à apreciação da Assembleia Geral
da ONU em 2015.
A Agenda 2030: Um plano de ação global para um 2030 sustentável
O documento adotado na Assembleia Geral da ONU em 2015, “Transformando Nosso Mundo: a Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável”, é um guia para as ações da comunidade internacional nos próxi-
mos anos. E é também um plano de ação para todas as pessoas e o planeta que foi coletivamente criado para
colocar o mundo em um caminho mais sustentável e resiliente até 2030.

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A Agenda 2030 consiste em uma Declaração, em um quadro de resultados - os 17 ODS e suas 169 metas -,
em uma seção sobre meios de implementação e de parcerias globais, bem como de um roteiro para acompa-
nhamento e revisão. Os ODS são o núcleo da Agenda e deverão ser alcançados até o ano 2030.
Os 17 Objetivos são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desen-
volvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. São como uma lista de tarefas a serem cumpridas
pelos governos, a sociedade civil, o setor privado e todos cidadãos na jornada coletiva para um 2030 susten-
tável. Nos próximos anos de implementação da Agenda 2030, os ODS e suas metas irão estimular e apoiar
ações em áreas de importância crucial para a humanidade: Pessoas, Planeta,Prosperidade, Paz e Parcerias.

Ao combinar os processos dos Objetivos do Milênio e os processos resultantes da Rio+20, a Agenda 2030
e os ODS inauguram uma nova fase para o desenvolvimento dos países, que busca integrar por completo to-
dos os componentes do desenvolvimento sustentável e engajar todos os países na construção do futuro que
queremos.
Os 17 ODS e suas 169 metas
Objetivo 1.
Erradicação da Pobreza
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares
Em 2000, o mundo comprometeu-se em reduzir pela metade o número de pessoas vivendo em extrema
pobreza e alcançou ganhos notáveis no desenvolvimento humano. Até 2015, a pobreza havia sido reduzida sig-
nificativamente, o acesso ao ensino básico e os resultados da saúde melhoraram, bem como foram realizados
progressos na promoção da igualdade de gênero e no empoderamento das mulheres e meninas. No entanto,
a erradicação da pobreza extrema continua a ser um desafio, com mais de 700 milhões de pessoas vivendo,
globalmente, com menos de US$ 1,90 (PPP) por dia e mais da metade da população global vivendo com menos
de US$ 8,00 por dia.

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Em um mundo confrontado pelos crescentes desafios para o desenvolvimento, a Agenda 2030 reconhece
que a erradicação da pobreza, em todas as suas formas, é o maior desafio global para atingirmos o desenvol-
vimento sustentável. Por isso, a grande prioridade do desenvolvimento sustentável deve ser os mais pobres e
vulneráveis: ninguém será deixado para trás!
Metas do Objetivo 1
1.b Criar marcos políticos sólidos, em níveis nacional, regional e internacional, com base em estratégias de
desenvolvimento a favor dos pobres e sensíveis a gênero, para apoiar investimentos acelerados nas ações de
erradicação da pobreza
1.a Garantir uma mobilização significativa de recursos a partir de uma variedade de fontes, inclusive por
meio do reforço da cooperação para o desenvolvimento, de forma a proporcionar meios adequados e previ-
síveis para que os países em desenvolvimento, em particular os países de menor desenvolvimento relativo,
implementem programas e políticas para acabar com a pobreza em todas as suas dimensões
1.5 Até 2030, construir a resiliência dos pobres e daqueles em situação de vulnerabilidade, e reduzir a ex-
posição e vulnerabilidade destes a eventos extremos relacionados com o clima e outros choques e desastres
econômicos, sociais e ambientais
1.4 Até 2030, garantir que todos os homens e mulheres, particularmente os pobres e vulneráveis, tenham
direitos iguais aos recursos econômicos, bem como acesso a serviços básicos, propriedade e controle sobre
a terra e outras formas de propriedade, herança, recursos naturais, novas tecnologias apropriadas e serviços
financeiros, incluindo microfinanças
1.3 Implementar, em nível nacional, medidas e sistemas de proteção social apropriados, para todos, incluin-
do pisos, e até 2030 atingir a cobertura substancial dos pobres e vulneráveis
1.2 Até 2030, reduzir pelo menos à metade a proporção de homens, mulheres e crianças, de todas as ida-
des, que vivem na pobreza, em todas as suas dimensões, de acordo com as definições nacionais
1.1 Até 2030, erradicar a pobreza extrema para todas as pessoas em todos os lugares, atualmente
medida como pessoas vivendo com menos de US$ 1,25 por dia
Objetivo 2.
Fome Zero e Agricultura Sustentável
Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhoria da nutrição e promover a agricultura susten-
tável
Durante as duas últimas décadas, o rápido crescimento econômico e o desenvolvimento da agricultura foram
responsáveis pela redução pela metade da proporção de pessoas subnutridas no mundo. Entretanto, ainda há
795 milhões de pessoas no mundo que, em 2014, viviam sob o espectro da desnutrição crônica. O ODS 2 pre-
tende acabar com todas as formas de fome e má-nutrição até 2030, de modo a garantir que todas as pessoas
- especialmente as crianças - tenham acesso suficiente a alimentos nutritivos durante todos os anos.
Para alcançar este objetivo, é necessário promover práticas agrícolas sustentáveis, por meio do apoio à
agricultura familiar, do acesso equitativo à terra, à tecnologia e ao mercado.
Metas do Objetivo 2
2.c Adotar medidas para garantir o funcionamento adequado dos mercados de commodities de alimentos e
seus derivados, e facilitar o acesso oportuno à informação de mercado, inclusive sobre as reservas de alimen-
tos, a fim de ajudar a limitar a volatilidade extrema dos preços dos alimentos
2.b Corrigir e prevenir as restrições ao comércio e distorções nos mercados agrícolas mundiais, inclusive por
meio da eliminação paralela de todas as formas de subsídios à exportação e todas as medidas de exportação
com efeito equivalente, de acordo com o mandato da Rodada de Desenvolvimento de Doha
2.a Aumentar o investimento, inclusive por meio do reforço da cooperação internacional, em infraestrutura
rural, pesquisa e extensão de serviços agrícolas, desenvolvimento de tecnologia, e os bancos de genes de
plantas e animais, de maneira a aumentar a capacidade de produção agrícola nos países em desenvolvimento,
em particular nos países de menor desenvolvimento relativo.
2.5 Até 2020, manter a diversidade genética de sementes, plantas cultivadas, animais de criação e domes-

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ticados e suas respectivas espécies selvagens, inclusive por meio de bancos de sementes e plantas diversifi-
cados e adequadamente geridos em nível nacional, regional e internacional, e garantir o acesso e a repartição
justa e equitativa dos benefícios decorrentes da utilização dos recursos genéticos e conhecimentos tradicionais
associados, conforme acordado internacionalmente.
2.4 Até 2030, garantir sistemas sustentáveis de produção de alimentos e implementar práticas agrícolas
robustas, que aumentem a produtividade e a produção, que ajudem a manter os ecossistemas, que fortaleçam
a capacidade de adaptação às mudança do clima, às condições meteorológicas extremas, secas, inundações
e outros desastres, e que melhorem progressivamente a qualidade da terra e do solo.
2.3 Até 2030, dobrar a produtividade agrícola e a renda dos pequenos produtores de alimentos, particular-
mente das mulheres, povos indígenas, agricultores familiares, pastores e pescadores, inclusive por meio de
acesso seguro e igual à terra, outros recursos produtivos e insumos, conhecimento, serviços financeiros, mer-
cados e oportunidades de agregação de valor e de emprego não-agrícola.
2.2 Até 2030, acabar com todas as formas de desnutrição, inclusive pelo alcance até 2025 das metas acor-
dadas internacionalmente sobre desnutrição crônica e desnutrição em crianças menores de cinco anos de ida-
de, e atender às necessidades nutricionais de meninas adolescentes, mulheres grávidas e lactantes e pessoas
idosas.
2.1 Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas
em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano.
Objetivo 3.
Saúde e Bem-Estar
Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades
Desde os ODM foram registrados progressos históricos na redução da mortalidade infantil, na melhoria da
saúde materna e na luta contra o HIV/Aids, a tuberculose, a malária e outras doenças. Em 15 anos, o número
de pessoas infectadas pelo HIV anualmente caiu de 3,1 milhões para 2 milhões e mais de 6,2 milhões de vidas
foram salvas da malária.
Apesar do progresso, as doenças crônicas e aquelas resultantes de desastres continuam a ser os principais
fatores que contribuem para a pobreza e para a privação dos mais vulneráveis. Atualmente, 63% de todas
as mortes do mundo provêm de doenças não transmissíveis, principalmente cardiovasculares, respiratórias,
câncer e diabetes. Estima-se que as perdas econômicas para os países de renda média e baixa provenientes
destas doenças ultrapassaram US$ 7 trilhões até 2025.
Os ODS propõem metas integradas que abordam a promoção da saúde e bem estar como essenciais ao
fomento das capacidades humanas.
Metas do Objetivo 3
3.d reforçar a capacidade de todos os países, particularmente os países em desenvolvimento, para o alerta
precoce, redução de riscos e gerenciamento de riscos nacionais e globais à saúde.
3.c Aumentar substancialmente o financiamento da saúde e o recrutamento, desenvolvimento, treinamento
e retenção do pessoal de saúde nos países em desenvolvimento, especialmente nos países de menor desen-
volvimento relativo e nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento
3.b Apoiar a pesquisa e o desenvolvimento de vacinas e medicamentos para as doenças transmissíveis e
não transmissíveis, que afetam principalmente os países em desenvolvimento, proporcionar o acesso a me-
dicamentos e vacinas essenciais a preços acessíveis, de acordo com a Declaração de Doha sobre o Acordo
TRIPS e Saúde Pública, que afirma o direito dos países em desenvolvimento de utilizarem plenamente as
disposições do Acordo sobre os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados ao Comércio
(TRIPS, na sigla em inglês) sobre flexibilidades para proteger a saúde pública e, em particular, proporcionar o
acesso a medicamentos para todos
3.a Fortalecer a implementação da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco da Organização Mundial
de Saúde em todos os países, conforme apropriado
3.9 Até 2030, reduzir substancialmente o número de mortes e doenças por produtos químicos perigosos e

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por contaminação e poluição do ar, da água e do solo
3.8 Atingir a cobertura universal de saúde, incluindo a proteção do risco financeiro, o acesso a serviços de
saúde essenciais de qualidade e o acesso a medicamentos e vacinas essenciais seguros, eficazes, de qualida-
de e a preços acessíveis para todos
3.7 Até 2030, assegurar o acesso universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planeja-
mento familiar, informação e educação, bem como a integração da saúde reprodutiva em estratégias e progra-
mas nacionais
3.6 Até 2020, reduzir pela metade as mortes e os ferimentos globais por acidentes em estradas
3.5 Reforçar a prevenção e o tratamento do abuso de substâncias, incluindo o abuso de drogas entorpecen-
tes e uso nocivo do álcool
3.4 Até 2030, reduzir em um terço a mortalidade prematura por doenças não transmissíveis por meio de
prevenção e tratamento, e promover a saúde mental e o bem-estar
3.3 Até 2030, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e
combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis
3.2 Até 2030, acabar com as mortes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, com todos
os países objetivando reduzir a mortalidade neonatal para pelo menos até 12 por 1.000 nascidos vivos e a mor-
talidade de crianças menores de 5 anos para pelo menos até 25 por 1.000 nascidos vivos
3.1 Até 2030, reduzir a taxa de mortalidade materna global para menos de 70 mortes por 100.000
nascidos vivos
Objetivo 4.
Educação de Qualidade
Assegurar a educação inclusiva e equitativa de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida para todos
Desde 2000, houve enorme progresso na promoção do acesso universal à educação primária para as crian-
ças ao redor do mundo. Para além do foco na educação básica, todos os níveis de educação estão contem-
plados no objetivo de desenvolvimento sustentável 4, que enxerga como fundamental a promoção de uma
educação inclusiva, igualitária e baseada nos princípios de direitos humanos e desenvolvimento sustentável.
A promoção da capacitação e empoderamento dos indivíduos é o centro deste objetivo, que visa ampliar as
oportunidades das pessoas mais vulneráveis no caminho do desenvolvimento.
Metas do Objetivo 4
4.c Até 2030, substancialmente aumentar o contingente de professores qualificados, inclusive por meio da
cooperação internacional para a formação de professores, nos países em desenvolvimento, especialmente os
países de menor desenvolvimento relativo e pequenos Estados insulares em desenvolvimento
4.b Até 2020 substancialmente ampliar globalmente o número de bolsas de estudo disponíveis para os
países em desenvolvimento, em particular, os países de menor desenvolvimento relativo, pequenos Estados
insulares em desenvolvimento e os países africanos, para o ensino superior, incluindo programas de formação
profissional, de tecnologia da informação e da comunicação, programas técnicos, de engenharia e científicos
em países desenvolvidos e outros países em desenvolvimento
4.a Construir e melhorar instalações físicas para educação, apropriadas para crianças e sensíveis às de-
ficiências e ao gênero e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros, não violentos, inclusivos e
eficazes para todos
4.7 Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram conhecimentos e habilidades necessárias para pro-
mover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento
sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de
paz e não-violência, cidadania global, e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o
desenvolvimento sustentável
4.6 Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos, homens e mulheres,
estejam alfabetizados e tenham adquirido o conhecimento básico de matemática

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4.5 Até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os
níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência,
povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade
4.4 Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que tenham habilidades relevantes,
inclusive competências técnicas e profissionais, para emprego, trabalho decente e empreendedorismo
4.3 Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todos os homens e mulheres à educação técnica, pro-
fissional e superior de qualidade, a preços acessíveis, incluindo universidade
4.2 Até 2030, garantir que todos os meninos e meninas tenham acesso a um desenvolvimento de qualidade
na primeira infância, cuidados e educação pré-escolar, de modo que estejam prontos para o ensino primá-
rio
4.1 Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem o ensino primário e secundário
livre, equitativo e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes
Objetivo 5.
Igualdade de Gênero
Alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas
A igualdade de gênero não é apenas um direito humano fundamental, mas a base necessária para a constru-
ção de um mundo pacífico, próspero e sustentável. O esforço de alcance do ODS 5 é transversal à toda Agenda
2030 e reflete a crescente evidência de que a igualdade de gênero tem efeitos multiplicadores no desenvolvi-
mento sustentável.
Muitos avanços em termos de assegurar melhores condições de vida a mulheres e meninas são um im-
portante legado dos ODM. Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável visam intensificar estas realizações,
não apenas nas áreas de saúde, educação e trabalho, mas especialmente no combate às discriminações e
violências baseadas no gênero e na promoção do empoderamento de mulheres e meninas para que possam
atuar enfaticamente na promoção do desenvolvimento sustentável, por meio da participação na política, na
economia, e em diversas áreas de tomada de decisão.
O desenvolvimento sustentável não será alcançado se as barreiras tangíveis e intangíveis que impedem o
pleno desenvolvimento e exercício das capacidades de metade da população não forem eliminadas.
Metas do Objetivo 5
5.c Adotar e fortalecer políticas sólidas e legislação aplicável para a promoção da igualdade de gênero e o
empoderamento de todas as mulheres e meninas, em todos os níveis
5.b Aumentar o uso de tecnologias de base, em particular as tecnologias de informação e comunicação, para
promover o empoderamento das mulheres
5.a Empreender reformas para dar às mulheres direitos iguais aos recursos econômicos, bem como o aces-
so a propriedade e controle sobre a terra e outras formas de propriedade, serviços financeiros, herança e os
recursos naturais, de acordo com as leis nacionais
5.6 Assegurar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva e os direitos reprodutivos, como acordado
em conformidade com o Programa de Ação da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento
e com a Plataforma de Ação de Pequim e os documentos resultantes de suas conferências de revisão
5.5 Garantir a participação plena e efetiva das mulheres e a igualdade de oportunidades para a liderança em
todos os níveis de tomada de decisão na vida política, econômica e pública
5.4 Reconhecer e valorizar o trabalho de assistência e doméstico não remunerado, por meio da disponibili-
zação de serviços públicos, infraestrutura e políticas de proteção social, bem como a promoção da responsabi-
lidade compartilhada dentro do lar e da família, conforme os contextos nacionais
5.3 Eliminar todas as práticas nocivas, como os casamentos prematuros, forçados e de crianças e mutila-
ções genitais femininas
5.2 Eliminar todas as formas de violência contra todas as mulheres e meninas nas esferas públicas e priva-
das, incluindo o tráfico e exploração sexual e de outros tipos

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5.1 Acabar com todas as formas de discriminação contra todas as mulheres e meninas em toda parte
Objetivo 6.
Água Potável e Saneamento
Assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e saneamento para todos
A água está no centro do desenvolvimento sustentável e das suas três dimensões - ambiental, econômica e
social. Os recursos hídricos, bem como os serviços a eles associados, sustentam os esforços de erradicação
da pobreza, de crescimento econômico e da sustentabilidade ambiental. O acesso à água e ao saneamento
importa para todos os aspectos da dignidade humana: da segurança alimentar e energética à saúde humana
e ambiental.
A escassez de água afeta mais de 40% da população mundial, número que deverá subir ainda mais como
resultado da mudança do clima e da gestão inadequada dos recursos naturais. É possível trilhar um novo ca-
minho que nos leve à realização deste objetivo, por meio da cooperação internacional, proteção às nascentes,
rios e bacias e compartilhamento de tecnologias de tratamento de água.
Metas do Objetivo 6
6.b Apoiar e fortalecer a participação das comunidades locais, para melhorar a gestão da água e do sanea-
mento
6.a Até 2030, ampliar a cooperação internacional e o apoio ao desenvolvimento de capacidades para os pa-
íses em desenvolvimento em atividades e programas relacionados a água e ao saneamento, incluindo a coleta
de água, a dessalinização, a eficiência no uso da água, o tratamento de efluentes, a reciclagem e as tecnologias
de reuso
6.6 Até 2020, proteger e restaurar ecossistemas relacionados com a água, incluindo montanhas, florestas,
zonas úmidas, rios, aquíferos e lagos
6.5 Até 2030, implementar a gestão integrada dos recursos hídricos em todos os níveis, inclusive via coope-
ração transfronteiriça, conforme apropriado
6.4 Até 2030, aumentar substancialmente a eficiência do uso da água em todos os setores e assegurar reti-
radas sustentáveis e o abastecimento de água doce para enfrentar a escassez de água, e reduzir substancial-
mente o número de pessoas que sofrem com a escassez de água
6.3 Até 2030, melhorar a qualidade da água, reduzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a li-
beração de produtos químicos e materiais perigosos, reduzindo à metade a proporção de águas residuais não
tratadas, e aumentando substancialmente a reciclagem e reutilização segura globalmente
6.2 Até 2030, alcançar o acesso a saneamento e higiene adequados e equitativos para todos, e acabar com
a defecação a céu aberto, com especial atenção para as necessidades das mulheres e meninas e daqueles em
situação de vulnerabilidade
6.1 Até 2030, alcançar o acesso universal e equitativo à água potável, segura e acessível para todos
Objetivo 7.
Energia Acessível e Limpa
Assegurar o acesso confiável, sustentável, moderno e a preço acessível à energia para todos
De 2000 a 2013, mais de 5% da população mundial obteve acesso à eletricidade (de 79,313% para 84,58%).
Para os próximos anos a tendência é aumentar a demanda por energia barata. Contudo, combustíveis fósseis
e suas emissões de gases de efeito estufa provocam mudanças drásticas no clima. Atender às necessidades
da economia e proteger o meio ambiente é um dos grandes desafios para o desenvolvimento sustentável.
Nesse sentido, o ODS 7 reconhece a importância e traça metas focadas na transição energética, de fontes não
renováveis e poluidoras, para fontes renováveis limpas, com especial atenção às necessidades das pessoas e
países em situação de maior vulnerabilidade.
Metas do Objetivo 7
7.b Até 2030, expandir a infraestrutura e modernizar a tecnologia para o fornecimento de serviços de energia
modernos e sustentáveis para todos nos países em desenvolvimento, particularmente nos países de menor

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desenvolvimento relativo, nos pequenos Estados insulares em desenvolvimento e nos países em desenvolvi-
mento sem litoral, de acordo com seus respectivos programas de apoio
7.a Até 2030, reforçar a cooperação internacional para facilitar o acesso a pesquisa e tecnologias de ener-
gia limpa, incluindo energias renováveis, eficiência energética e tecnologias de combustíveis fósseis avan-
çadas e mais limpas, e promover o investimento em infraestrutura de energia e em tecnologias de energia
limpa
7.3 Até 2030, dobrar a taxa global de melhoria da eficiência energética
7.2 Até 2030, aumentar substancialmente a participação de energias renováveis na matriz energética glo-
bal
7.1 Até 2030, assegurar o acesso universal, confiável, moderno e a preços acessíveis a serviços de
energia
Objetivo 8.
Trabalho Decente e Crescimento Econômico
Promover o crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o
trabalho decente para todos
No longo prazo, a desigualdade de renda e de oportunidades prejudica o crescimento econômico e o alcance
do desenvolvimento sustentável. Os mais vulneráveis, muitas vezes, têm menores expectativas de vida e apre-
sentam dificuldades de se libertarem de um círculo vicioso de insucesso escolar, baixas qualificações e poucas
perspectivas de empregos de qualidade.
A revitalização econômica contribui para criar melhores condições para a estabilidade e a sustentabilidade
do país. É possível promover políticas que incentivem o empreendedorismo e a criação de empregos de forma
sustentável e inclusiva. O ODS 8 reconhece a urgência de erradicar o trabalho forçado e formas análogas ao
do trabalho escravo, bem como o tráfico de seres humanos, de modo a garantir a todos e todas o alcance pleno
de seu potencial e capacidades.
Metas do Objetivo 8
8.b Até 2020, desenvolver e operacionalizar uma estratégia global para o emprego dos jovens e implementar
o Pacto Mundial para o Emprego da Organização Internacional do Trabalho
8.a Aumentar o apoio da Iniciativa de Ajuda para o Comércio (Aid for Trade) para os países em desenvolvi-
mento, particularmente os países de menor desenvolvimento relativo, inclusive por meio do Quadro Integrado
Reforçado para a Assistência Técnica Relacionada com o Comércio para os países de menor desenvolvimento
relativo
8.10 Fortalecer a capacidade das instituições financeiras nacionais para incentivar a expansão do acesso
aos serviços bancários, financeiros, e de seguros para todos
8.9 Até 2030, conceber e implementar políticas para promover o turismo sustentável, que gera empregos,
promove a cultura e os produtos locais
8.8 Proteger os direitos trabalhistas e promover ambientes de trabalho seguros e protegidos para todos os
trabalhadores, incluindo os trabalhadores migrantes, em particular as mulheres migrantes, e pessoas com em-
prego precário
8.7 Tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar com a escravidão moder-
na e o tráfico de pessoas e assegurar a proibição e eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo
recrutamento e utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em todas as suas
formas
8.6 Até 2020, reduzir substancialmente a proporção de jovens sem emprego, educação ou forma-
ção
8.5 Até 2030, alcançar o emprego pleno e produtivo e trabalho decente todas as mulheres e homens, inclu-
sive para os jovens e as pessoas com deficiência, e remuneração igual para trabalho de igual valor
8.4 Melhorar progressivamente, até 2030, a eficiência dos recursos globais no consumo e na produção,

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e empenhar-se para dissociar o crescimento econômico da degradação ambiental, de acordo com o “Plano
Decenal de Programas Sobre Produção e Consumo Sustentáveis”, com os países desenvolvidos assumindo a
liderança
8.3 Promover políticas orientadas para o desenvolvimento, que apoiem as atividades produtivas, geração de
emprego decente, empreendedorismo, criatividade e inovação, e incentivar a formalização e o crescimento das
micro, pequenas e médias empresas, inclusive por meio do acesso a serviços financeiros
8.2 Atingir níveis mais elevados de produtividade das economias, por meio da diversificação, modernização
tecnológica e inovação, inclusive por meio de um foco em setores de alto valor agregado e intensivos em mão-
-de-obra
8.1 Sustentar o crescimento econômico per capita, de acordo com as circunstâncias nacionais e,
em particular, pelo menos um crescimento anual de 7% do produto interno bruto nos países de menor
desenvolvimento relativo
Objetivo 9.
Indústria, Inovação e Infraestrutura
Construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inova-
ção
Investimentos em infraestrutura e em inovação são condições básicas para o crescimento econômico e para
o desenvolvimento das nações. Garantir uma rede de transporte público e infraestrutura urbana de qualidade
são condições necessárias para o desenvolvimento sustentável. Por meio da promoção de eficiência ener-
gética e inclusão social, o progresso tecnológico é também uma das chaves para as soluções dos desafios
econômicos e ambientais. Garantir a igualdade de acesso à tecnologias é crucial para promover a informação
e conhecimento para todos. O ODS 9 lista metas que visam à construção de estruturas resilientes e modernas,
ao fortalecimento industrial de forma eficiente, ao fomento da inovação, com valorização da micro e pequena
empresa e inclusão dos mais vulneráveis aos sistemas financeiros e produtivos.
Metas do Objetivo 9
9.c Aumentar significativamente o acesso às tecnologias de informação e comunicação e se empenhar para
procurar ao máximo oferecer acesso universal e a preços acessíveis à internet nos países menos desenvolvi-
dos, até 2020
9.b Apoiar o desenvolvimento tecnológico, a pesquisa e a inovação nacionais nos países em desenvolvi-
mento, inclusive garantindo um ambiente político propício para, entre outras coisas, diversificação industrial e
agregação de valor às commodities
9.a Facilitar o desenvolvimento de infraestrutura sustentável e robusta em países em desenvolvimento, por
meio de maior apoio financeiro, tecnológico e técnico aos países africanos, aos países de menor desenvolvi-
mento relativo, aos países em desenvolvimento sem litoral e aos pequenos Estados insulares em desenvolvi-
mento
9.5 Fortalecer a pesquisa científica, melhorar as capacidades tecnológicas de setores industriais em todos
os países, particularmente nos países em desenvolvimento, inclusive, até 2030, incentivando a inovação e au-
mentando substancialmente o número de trabalhadores de pesquisa e desenvolvimento por milhão de pessoas
e os gastos público e privado em pesquisa e desenvolvimento
9.4 Até 2030, modernizar a infraestrutura e reabilitar as indústrias para torná-las sustentáveis, com eficiência
aumentada no uso de recursos e maior adoção de tecnologias e processos industriais limpos e ambientalmente
adequados; com todos os países atuando de acordo com suas respectivas capacidades
9.3 Aumentar o acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desen-
volvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e merca-
dos
9.2 Promover a industrialização inclusiva e sustentável e, até 2030, aumentar significativamente a participa-
ção da indústria no emprego e no produto interno bruto, de acordo com as circunstâncias nacionais, e dobrar
sua participação nos países de menor desenvolvimento relativo

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9.1 Desenvolver infraestrutura de qualidade, confiável, sustentável e robusta, incluindo infraestru-
tura regional e transfronteiriça, para apoiar o desenvolvimento econômico e o bem-estar humano, com
foco no acesso equitativo e a preços acessíveis para todos
Objetivo 10.
Redução da Desigualdades
Reduzir a desigualdade dentro dos países e entre eles
O mundo é mais desigual hoje do que em qualquer momento da história desde 1940. A desigualdade de
renda e na distribuição da riqueza dentro dos países têm disparado, incapacitando os esforços de alcance dos
resultados do desenvolvimento e de expansão das oportunidades e habilidades das pessoas, especialmente
dos mais vulneráveis.
A desigualdade é um problema global que requer soluções integradas. A visão estratégica deste objetivo se
constrói sob o objetivo da erradicação da pobreza em todas suas dimensões, na redução das desigualdades
socioeconômicas e no combate às discriminações de todos os tipos.
Seu alcance depende de todos os setores na busca pela promoção de oportunidades para as pessoas mais
excluídas no caminho do desenvolvimento. Foco importante do ODS 10 é o desafio contemporâneo das migra-
ções e fluxos de pessoas deslocadas entre países e regiões devido a conflitos, eventos climáticos extremos ou
perseguições de quaisquer tipo. O alcance de suas metas é estruturante para a realização de todos os outros
16 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Metas do Objetivo 10
10.c Até 2030, reduzir para menos de 3% os custos de transação de remessas dos migrantes e eliminar
“corredores de remessas” com custos superiores a 5%
10.b Incentivar a assistência oficial ao desenvolvimento e fluxos financeiros, incluindo o investimento externo
direto, para os Estados onde a necessidade é maior, em particular os países de menor desenvolvimento relati-
vo, os países africanos, os pequenos Estados insulares em desenvolvimento e os países em desenvolvimento
sem litoral, de acordo com seus planos e programas nacionais
10.a Implementar o princípio do tratamento especial e diferenciado para países em desenvolvimento, em
particular os países de menor desenvolvimento relativo, em conformidad e com os acordos da Organização
Mundial do Comércio
10.7 Facilitar a migração e a mobilidade ordenada, segura, regular e responsável de pessoas, inclusive por
meio da implementação de políticas de migração planejadas e bem geridas
10.6 Assegurar uma representação e voz mais forte dos países em desenvolvimento em tomadas de decisão
nas instituições econômicas e financeiras internacionais globais, a fim de garantir instituições mais eficazes,
críveis, responsáveis e legítimas
10.5 Melhorar a regulamentação e monitoramento dos mercados e instituições financeiras globais, e fortale-
cer a implementação de tais regulamentações
10.4 Adotar políticas, especialmente fiscal, salarial e políticas de proteção social, e alcançar progressiva-
mente uma maior igualdade
10.3 Garantir a igualdade de oportunidades e reduzir as desigualdades de resultado, inclusive por meio da
eliminação de leis, políticas e práticas discriminatórias e promover legislação, políticas e ações adequadas a
este respeito
10.2 Até 2030, empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independentemente
da idade, sexo, deficiência, raça, etnia, origem, religião, condição econômica ou outra
10.1 Até 2030, progressivamente alcançar e sustentar o crescimento da renda dos 40% da população mais
pobre a uma taxa maior que a média nacional
Objetivo 11.
Cidades e Comunidades Sustentáveis
Tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes e sustentáveis

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Em 2014, 54% da população mundial vivia em áreas urbanas, com projeção de crescimento para 66% em
2050. Em 2030, são estimadas 41 megalópoles com mais de 10 milhões de habitantes. Considerando que a
pobreza extrema muitas vezes se concentra nestes espaços urbanos, as desigualdades sociais acabam sen-
do mais acentuadas e a violência se torna uma consequência das discrepâncias no acesso pleno à cidade.
Transformar significativamente a construção e a gestão dos espaços urbanos é essencial para que o desen-
volvimento sustentável seja alcançado. Temas intrinsecamente relacionados à urbanização, como mobilidade,
gestão de resíduos sólidos e saneamento, estão incluídos nas metas do ODS 11, bem como o planejamento
e aumento de resiliência dos assentamentos humanos, levando em conta as necessidades diferenciadas das
áreas rurais, periurbanas e urbanas. O objetivo 11 está alinhado à Nova Agenda Urbana, acordada em outubro
de 2016, durante a III Conferência das Nações Unidas sobre Moradia e Desenvolvimento Urbano Sustentável.
Metas do Objetivo 11
11.c Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de assistência técnica e financeira, para
construções sustentáveis e robustas, utilizando materiais locais
11.b Até 2020, aumentar substancialmente o número de cidades e assentamentos humanos adotando e
implementando políticas e planos integrados para a inclusão, a eficiência dos recursos, mitigação e adaptação
à mudança do clima, a resiliência a desastres; e desenvolver e implementar, de acordo com o Marco de Sendai
para a Redução do Risco de Desastres 2015-2030, o gerenciamento holístico do risco de desastres em todos
os níveis
11.a Apoiar relações econômicas, sociais e ambientais positivas entre áreas urbanas, periurbanas e rurais,
reforçando o planejamento nacional e regional de desenvolvimento
11.7 Até 2030, proporcionar o acesso universal a espaços públicos seguros, inclusivos, acessíveis e verdes,
em particular para as mulheres e crianças, pessoas idosas e pessoas com deficiência
11.6 Até 2030, reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades, inclusive prestando especial
atenção à qualidade do ar, gestão de resíduos municipais e outros
11.5 Até 2030, reduzir significativamente o número de mortes e o número de pessoas afetadas por catástro-
fes e diminuir substancialmente as perdas econômicas diretas causadas por elas em relação ao produto interno
bruto global, incluindo os desastres relacionados à água, com o foco em proteger os pobres e as pessoas em
situação de vulnerabilidade
11.4 Fortalecer esforços para proteger e salvaguardar o patrimônio cultural e natural do mundo
11.3 Até 2030, aumentar a urbanização inclusiva e sustentável, e a capacidade para o planejamento e a
gestão participativa, integrada e sustentável dos assentamentos humanos, em todos os países
11.2 Até 2030, proporcionar o acesso a sistemas de transporte seguros, acessíveis, sustentáveis e a preço
acessível para todos, melhorando a segurança rodoviária por meio da expansão dos transportes públicos, com
especial atenção para as necessidades das pessoas em situação de vulnerabilidade, mulheres, crianças, pes-
soas com deficiência e idosos
11.1 Até 2030, garantir o acesso de todos a habitação segura, adequada e a preço acessível, e aos
serviços básicos e urbanizar as favelas
Objetivo 12.
Consumo e Produção Responsáveis
Assegurar padrões de produção e de consumo sustentáveis
Para alcançar as metas deste ODS, a mudança nos padrões de consumo e produção se configuram como
medidas indispensáveis na redução da pegada ecológica sobre o meio ambiente. Essas medidas são a base
do desenvolvimento econômico e social sustentável. As metas do ODS 12 visam a promoção da eficiência
do uso de recursos energéticos e naturais, da infraestrutura sustentável, do acesso a serviços básicos. Além
disso, o objetivo prioriza a informação, a gestão coordenada, a transparência e a responsabilização dos atores
consumidores de recursos naturais como ferramentas chave para o alcance de padrões mais sustentáveis de
produção e consumo.

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Metas do Objetivo 12
12.c Racionalizar subsídios ineficientes aos combustíveis fósseis, que encorajam o consumo exagerado,
eliminando as distorções de mercado, de acordo com as circunstâncias nacionais, inclusive por meio da re-
estruturação fiscal e a eliminação gradual desses subsídios prejudiciais, caso existam, para refletir os seus
impactos ambientais, tendo plenamente em conta as necessidades específicas e condições dos países em
desenvolvimento e minimizando os possíveis impactos adversos sobre o seu desenvolvimento de maneira que
proteja os pobres e as comunidades afetadas
12.b Desenvolver e implementar ferramentas para monitorar os impactos do desenvolvimento sustentável
para o turismo sustentável que gera empregos, promove a cultura e os produtos locais
12.a Apoiar países em desenvolvimento para que fortaleçam suas capacidades científicas e tecnológicas em
rumo à padrões mais sustentáveis de produção e consumo
12.8 Até 2030, garantir que as pessoas, em todos os lugares, tenham informação relevante e conscientiza-
ção sobre o desenvolvimento sustentável e estilos de vida em harmonia com a natureza
12.7 Promover práticas de compras públicas sustentáveis, de acordo com as políticas e prioridades nacio-
nais
12.6 Incentivar as empresas, especialmente as empresas grandes e transnacionais, a adotar práticas sus-
tentáveis e a integrar informações de sustentabilidade em seu ciclo de relatórios
12.5 Até 2030, reduzir substancialmente a geração de resíduos por meio da prevenção, redução, reciclagem
e reuso
12.4 Até 2020, alcançar o manejo ambientalmente adequado dos produtos químicos e de todos os resíduos,
ao longo de todo o ciclo de vida destes, de acordo com os marcos internacionalmente acordados, e reduzir
significativamente a liberação destes para o ar, água e solo, para minimizar seus impactos negativos sobre a
saúde humana e o meio ambiente
12.3 Até 2030, reduzir pela metade o desperdício de alimentos per capita mundial, em nível de varejo e do
consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as
perdas pós-colheita
12.2 Até 2030, alcançar gestão sustentável e uso eficiente dos recursos naturais
12.1 Implementar o Plano Decenal de Programas Sobre Produção e Consumo Sustentáveis, com
todos os países tomando medidas, e os países desenvolvidos assumindo a liderança, tendo em conta
o desenvolvimento e as capacidades dos países em desenvolvimento
Objetivo 13.
Ação Contra a Mudança Global do Clima
Tomar medidas urgentes para combater a mudança do clima e seus impactos*
A mudança do clima é um evento transnacional, cujos impactos estão desregulando economias nacionais
e afetando pessoas em todos os lugares, principalmente aquelas em situação de maior vulnerabilidade nos
países em desenvolvimento. Sem a ação imediata frente à mudança do clima, a temperatura terrestre está
projetada para aumentar mais de 3 ºC até o final do século XXI. Uma das metas para esse objetivo é mobilizar
100 milhões de dólares por ano até 2020 para ajudar os países em desenvolvimento no plano de mitigação de
desastres relacionados ao clima. O estabelecimento do ODS 13 apenas para lidar com a questão do clima é
encarado como estratégico para a mobilização dos atores capazes de promover as mudanças necessárias para
impedir estas projeções de se tornarem realidade.
Metas do Objetivo 13
13.b Promover mecanismos para a criação de capacidades para o planejamento relacionado à mudança do
clima e à gestão eficaz, nos países menos desenvolvidos, inclusive com foco em mulheres, jovens, comunida-
des locais e marginalizadas
13.a Implementar o compromisso assumido pelos países desenvolvidos partes da Convenção Quadro das
Nações Unidas sobre Mudança do Clima para a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano até
2020, de todas as fontes, para atender às necessidades dos países em desenvolvimento, no contexto de ações

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significativas de mitigação e transparência na implementação; e operacionalizar plenamente o Fundo Verde
para o Clima, por meio de sua capitalização, o mais cedo possível
13.3 Melhorar a educação, aumentar a conscientização e a capacidade humana e institucional sobre mitiga-
ção global do clima, adaptação, redução de impacto, e alerta precoce à mudança do clima
13.2 Integrar medidas da mudança do clima nas políticas, estratégias e planejamentos nacionais
13.1 Reforçar a resiliência e a capacidade de adaptação a riscos relacionados ao clima e às catástrofes na-
turais em todos os países *
Objetivo 14.
Vida na Água
Conservar e promover o uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos para o desenvol-
vimento sustentável
Os oceanos tornam a vida humana possível por meio da provisão de segurança alimentar, transporte, for-
necimento de energia, turismo, dentre outros. Além, por meio da regulação da sua temperatura, química, cor-
rentes e formas de vida, os oceanos regulam muitos dos dos serviços ecossistêmicos mais críticos do planeta,
como ciclo do carbono e nitrogênio, regulação do clima, e produção de oxigênio. Além, os oceanos representam
aproximadamente US$ 3 trilhões da economia global por ano, ou 5% do PIB global.
40% dos oceanos estão sendo afetados incisiva e diretamente por atividades humanas, como poluição e
pesca predatória, o que resulta, principalmente, em perda de habitat, introdução de espécies invasoras e acidi-
ficação. Nosso lixo também ajuda na degradação dos oceanos – há 13.000 pedaços de lixo plástico em cada
quilômetro quadrado. É frente a esses desafios que os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável indicam
metas para gerenciar e proteger a vida na água.
Metas do Objetivo 14
14.c Assegurar a conservação e o uso sustentável dos oceanos e seus recursos pela implementação do di-
reito internacional, como refletido na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar,, que provê o arca-
bouço legal para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e dos seus recursos, conforme registrado
no parágrafo 158 do “Futuro Que Queremos”
14.b Proporcionar o acesso dos pescadores artesanais de pequena escala aos recursos marinhos e merca-
dos
14.a Aumentar o conhecimento científico, desenvolver capacidades de pesquisa e transferir tecnologia ma-
rinha, tendo em conta os critérios e orientações sobre a Transferência de Tecnologia Marinha da Comissão
Oceanográfica Intergovernamental, a fim de melhorar a saúde dos oceanos e aumentar a contribuição da
biodiversidade marinha para o desenvolvimento dos países em desenvolvimento, em particular os pequenos
Estados insulares em desenvolvimento e os países de menor desenvolvimento relativo
14.7 Até 2030, aumentar os benefícios econômicos para os pequenos Estados insulares em desenvolvimen-
to e os países de menor desenvolvimento relativo, a partir do uso sustentável dos recursos marinhos, inclusive
por meio de uma gestão sustentável da pesca, aquicultura e turismo
14.6 Até 2020, proibir certas formas de subsídios à pesca, que contribuem para a sobrecapacidade e a so-
brepesca, e eliminar os subsídios que contribuam para a pesca ilegal, não reportada e não regulamentada, e
abster-se de introduzir novos subsídios como estes, reconhecendo que o tratamento especial e diferenciado
adequado e eficaz para os países em desenvolvimento e os países de menor desenvolvimento relativo deve
ser parte integrante da negociação sobre subsídios à pesca da Organização Mundial do Comércio
14.5 Até 2020, conservar pelo menos 10% das zonas costeiras e marinhas, de acordo com a legislação na-
cional e internacional, e com base na melhor informação científica disponível
14.4 Até 2020, efetivamente regular a coleta, e acabar com a sobrepesca, ilegal, não reportada e não regula-
mentada e as práticas de pesca destrutivas, e implementar planos de gestão com base científica, para restaurar
populações de peixes no menor tempo possível, pelo menos a níveis que possam produzir rendimento máximo
sustentável, como determinado por suas características biológicas
14.3 Minimizar e enfrentar os impactos da acidificação dos oceanos, inclusive por meio do reforço da coope-

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ração científica em todos os níveis
14.2 Até 2020, gerir de forma sustentável e proteger os ecossistemas marinhos e costeiros para evitar im-
pactos adversos significativos, inclusive por meio do reforço da sua capacidade de resiliência, e tomar medidas
para a sua restauração, a fim de assegurar oceanos saudáveis e produtivos
14.1 Até 2025, prevenir e reduzir significativamente a poluição marinha de todos os tipos, especial-
mente a advinda de atividades terrestres, incluindo detritos marinhos e a poluição por nutrientes
Objetivo 15.
Vida Terrestre
Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as
florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda
Os seres humanos e outros animais dependem da natureza para terem alimento, ar puro, água limpa e
também como um meio de combate à mudança do clima. As florestas, que cobrem 30% da superfície da Terra,
ajudam a manter o ar e a água limpa e o clima da Terra em equilíbrio – sem mencionar que são o lar de milhões
de espécies. Promover o manejo sustentável das florestas, o combate à desertificação, parar e reverter a de-
gradação da terra, interromper o processo de perda de biodiversidade são algumas das metas que o ODS 15
promove. Usar sustentavelmente os recursos naturais em cadeias produtivas e em atividades de subsistência
de comunidades, e integrá-los em políticas públicas é tarefa central para o atingimento destas metas e a pro-
moção de todos os outros ODS.
Metas do Objetivo 15
15.c Reforçar o apoio global para os esforços de combate à caça ilegal e ao tráfico de espécies protegidas,
inclusive por meio do aumento da capacidade das comunidades locais para buscar oportunidades de subsis-
tência sustentável
15.b Mobilizar significativamente os recursos de todas as fontes e em todos os níveis, para financiar o ma-
nejo florestal sustentável e proporcionar incentivos adequados aos países em desenvolvimento, para promover
o manejo florestal sustentável, inclusive para a conservação e o reflorestamento
15.a Mobilizar e aumentar significativamente, a partir de todas as fontes, os recursos financeiros para a con-
servação e o uso sustentável da biodiversidade e dos ecossistemas
15.9 Até 2020, integrar os valores dos ecossistemas e da biodiversidade ao planejamento nacional e local,
nos processos de desenvolvimento, nas estratégias de redução da pobreza, e nos sistemas de contas
15.8 Até 2020, implementar medidas para evitar a introdução e reduzir significativamente o impacto de es-
pécies exóticas invasoras em ecossistemas terrestres e aquáticos, e controlar ou erradicar as espécies priori-
tárias
15.7 Tomar medidas urgentes para acabar com a caça ilegal e o tráfico de espécies da flora e fauna protegi-
das, e abordar tanto a demanda quanto a oferta de produtos ilegais da vida selvagem
15.6 Garantir uma repartição justa e equitativa dos benefícios derivados da utilização dos recursos genéti-
cos, e promover o acesso adequado aos recursos genéticos
15.5 Tomar medidas urgentes e significativas para reduzir a degradação de habitat naturais, estancar a per-
da de biodiversidade e, até 2020, proteger e evitar a extinção de espécies ameaçadas
15.4 Até 2030, assegurar a conservação dos ecossistemas de montanha, incluindo a sua biodiversidade,
para melhorar a sua capacidade de proporcionar benefícios, que são essenciais para o desenvolvimento sus-
tentável
15.3 Até 2030, combater a desertificação, e restaurar a terra e o solo degradado, incluindo terrenos afetados
pela desertificação, secas e inundações, e lutar para alcançar um mundo neutro em termos de degradação do
solo
15.2 Até 2020, promover a implementação da gestão sustentável de todos os tipos de florestas, deter o des-
matamento, restaurar florestas degradadas e aumentar substancialmente o florestamento e o reflorestamento
globalmente

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15.1 Até 2020, assegurar a conservação, recuperação e uso sustentável de ecossistemas terrestres
e de água doce interiores e seus serviços, em especial, florestas, zonas úmidas, montanhas e terras
áridas, em conformidade com as obrigações decorrentes dos acordos internacionais
Objetivo 16.
Paz, Justiça e Instituições Eficazes
Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à
justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os nívei
Promover instituições fortes, inclusivas e transparentes, a manutenção da paz e o respeito aos direitos
humanos baseados no Estado de direito são a base para o desenvolvimento humano sustentável. Estes são
alguns dos princípios que sustentam as metas do ODS 16, que também inclui temas sensíveis, como o comba-
te à exploração sexual, ao tráfico de pessoas e à tortura. Outros temas incluídos nas metas do ODS 16 são o
enfrentamento à corrupção, ao terrorismo, a práticas criminosas, especialmente aquelas que ferem os direitos
humanos.
Metas do Objetivo 16
16.b Promover e fazer cumprir leis e políticas não discriminatórias para o desenvolvimento sustentá-
vel
16.a Fortalecer as instituições nacionais relevantes, inclusive por meio da cooperação internacional, para a
construção de capacidades em todos os níveis, em particular nos países em desenvolvimento, para a preven-
ção da violência e o combate ao terrorismo e ao crime
16.10 Assegurar o acesso público à informação e proteger as liberdades fundamentais, em conformidade
com a legislação nacional e os acordos internacionais
16.9 Até 2030, fornecer identidade legal para todos, incluindo o registro de nascimento
16.8 Ampliar e fortalecer a participação dos países em desenvolvimento nas instituições de governança glo-
bal
16.7 Garantir a tomada de decisão responsiva, inclusiva, participativa e representativa em todos os ní-
veis
16.6 Desenvolver instituições eficazes, responsáveis e transparentes em todos os níveis
16.5 Reduzir substancialmente a corrupção e o suborno em todas as suas formas
16.4 Até 2030, reduzir significativamente os fluxos financeiros e de armas ilegais, reforçar a recuperação e
devolução de recursos roubados, e combater todas as formas de crime organizado
16.3 Promover o Estado de Direito, em nível nacional e internacional, e garantir a igualdade de acesso à
justiça, para todos
16.2 Acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as formas de violência e tortura contra crianças
16.1 Reduzir significativamente todas as formas de violência e as taxas de mortalidade relacionada,
em todos os lugares
Objetivo 17.
Parcerias e Meios de Implementação
Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável
Os ODS só serão realizados mediante um compromisso renovado de cooperação entre a comunidade in-
ternacional e uma parceria global ampla que inclua todos os setores interessados e as pessoas afetadas pelos
processos de desenvolvimento. Os meios de implementação e as parcerias para o desenvolvimento susten-
tável são vitais para o crescimento sustentado e para o desenvolvimento sustentável das nações. O ODS 17
propõe o caminho para a realização efetiva da Agenda 2030 por todos os países, e a coordenação de esforços
na arena internacional é essencial para isso. A Cooperação Sul-Sul e triangular, a transferência de tecnologia,
o intercâmbio de dados e capital humano, bem como a assistência oficial ao desenvolvimento são alguns dos
principais meios para o alcance dos ODS.

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Metas do Objetivo 17
17.19 Até 2030, valer-se de iniciativas existentes, para desenvolver medidas do progresso do desenvolvi-
mento sustentável que complementem o produto interno bruto e apoiar o desenvolvimento de capacidades em
estatística nos países em desenvolvimento
17.18 Até 2020, reforçar o apoio ao desenvolvimento de capacidades para os países em desenvolvimento,
inclusive para os países de menor desenvolvimento relativo e pequenos Estados insulares em desenvolvimen-
to, para aumentar significativamente a disponibilidade de dados de alta qualidade, atuais e confiáveis, desa-
gregados por renda, gênero, idade, raça, etnia, status migratório, deficiência, localização geográfica e outras
características relevantes em contextos nacionais
17.17 Incentivar e promover parcerias públicas, público-privadas, privadas, e com a sociedade civil eficazes,
a partir da experiência das estratégias de mobilização de recursos dessas parcerias Dados, monitoramento e
prestação de contas
17.16 Reforçar a parceria global para o desenvolvimento sustentável complementada por parcerias multisse-
torias, que mobilizem e compartilhem conhecimento, experiência, tecnologia e recursos financeiros para apoiar
a realização dos objetivos do desenvolvimento sustentável em todos os países, particularmente nos países em
desenvolvimento
17.15 Respeitar o espaço político e a liderança de cada país para estabelecer e implementar políticas para
a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável
17.14 Aumentar a coerência das políticas para o desenvolvimento sustentável
17.13 Aumentar a estabilidade macroeconômica global, inclusive por meio da coordenação e da coerência
de políticas
17.12 Concretizar a implementação oportuna de acesso a mercados livres de cotas e taxas, de forma dura-
doura, para todos os países de menor desenvolvimento relativo, de acordo com as decisões da Organização
Mundial do Comércio, inclusive por meio de garantias de que as regras de origem preferenciais aplicáveis às
importações provenientes de países de menor desenvolvimento relativo sejam transparentes e simples, e con-
tribuam para facilitar o acesso ao mercado Questões sistêmicas
17.11 Aumentar significativamente as exportações dos países em desenvolvimento, em particular com o
objetivo de duplicar a participação dos países de menor desenvolvimento relativo nas exportações globais até
2020
17.10 Promover um sistema multilateral de comércio universal, baseado em regras, aberto, não discrimina-
tório e equitativo no âmbito da Organização Mundial do Comércio, inclusive por meio da conclusão das nego-
ciações no âmbito de sua Agenda de Desenvolvimento de Doha
17.9 Reforçar o apoio internacional para a implementação eficaz e orientada do desenvolvimento de capaci-
dades em países em desenvolvimento, a fim de apoiar os planos nacionais para implementar todos os objetivos
de desenvolvimento sustentável, inclusive por meio da cooperação Norte-Sul, Sul-Sul e triangular
17.8 Operacionalizar plenamente o Banco de Tecnologia e o mecanismo de desenvolvimento de capacida-
des em ciência, tecnologia e inovação para os países de menor desenvolvimento relativo até 2017, e aumentar
o uso de tecnologias capacitadoras, em particular tecnologias de informação e comunicação
17.7 Promover o desenvolvimento, a transferência, a disseminação e a difusão de tecnologias ambiental-
mente corretas para os países em desenvolvimento, em condições favoráveis, inclusive em condições conces-
sionais e preferenciais, conforme mutuamente acordado
17.6 Melhorar a cooperação regional e internacional Norte-Sul, Sul-Sul e triangular e o acesso à ciência,
tecnologia e inovação, e aumentar o compartilhamento de conhecimentos em termos mutuamente acordados,
inclusive por meio de uma melhor coordenação entre os mecanismos existentes, particularmente no nível das
Nações Unidas, e por meio de um mecanismo global de facilitação de tecnologia global
17.5 Adotar e implementar regimes de promoção de investimentos para os países de menor desenvolvimen-
to relativo
17.4 Ajudar os países em desenvolvimento a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio

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de políticas coordenadas destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação da dívida, con-
forme apropriado, e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o superen-
dividamento
17.3 Mobilizar recursos financeiros adicionais para os países em desenvolvimento a partir de múltiplas fon-
tes
17.2 Países desenvolvidos implementarem plenamente os seus compromissos em matéria de assistência
oficial ao desenvolvimento, inclusive o compromisso apresentado por vários países desenvolvidos de alcançar
a meta de 0,7% da renda nacional bruta para assistência oficial ao desenvolvimento (RNB/AOD) aos países em
desenvolvimento, e 0,15 a 0,20% da RNB/AOD para os países de menor desenvolvimento relativo; provedores
de AOD são encorajados a considerarem definir uma meta para prover pelo menos 0,20% da RNB/AOD para
os países de menor desenvolvimento relativo
17.1 Fortalecer a mobilização de recursos internos, inclusive por meio do apoio internacional aos
países em desenvolvimento, para melhorar a capacidade nacional para arrecadação de impostos e ou-
tras receitas
Fonte: http://www.agenda2030.org.br/ods/17/

Seres Vivos - Características Gerais: Organização celular (membrana plasmática, cito-


plasma, organelas e núcleo); Divisão celular (mitose e meiose); Metabolismo energético
(fotossíntese e respiração celular)

A CÉLULA - Célula Procariota e Célula Eucariota. Reprodução Celular, Mitose e Meiose.


Em 1663, Robert Hooke colocou fragmentos de cortiça sob a lente de um microscópio e, a partir de suas
observações, nascia a biologia celular. Esse ramo da ciência, também conhecido como citologia, tem como
objeto de estudo as células, abrangendo a sua estrutura (morfologia ou anatomia) e seu funcionamento (me-
canismos internos da célula). A citologia se torna importante por, em conjunto com outras ferramentas ou não,
buscar entender o mecanismo de diversas doenças, auxiliar na classificação dos seres e, também, por ser pre-
cursora ou conhecimento necessário de diversas áreas da atualidade, como a biotecnologia. Por essa razão,
diversos conteúdos da biologia celular estão intimamente relacionados com os da biologia molecular, histologia,
entre outras.

Esquema de uma célula animal e suas organelas. Ilustração: master24 / Shutterstock.com [adaptado]
As células são a unidade fundamental da vida. Isso quer dizer que, com a exceção dos vírus, todos os orga-
nismos vivos são compostos por elas. Nesse sentido, podemos classificar os seres vivos pela sua constituição
celular ou complexidade estrutural, existindo os unicelulares e os pluricelulares. Os organismos unicelulares
são todos aqueles que são compostos por uma única célula, enquanto os pluricelulares, aqueles formados por
mais de uma. Com relação a seu tamanho, existem células bem pequenas que são visíveis apenas ao micros-
cópio, como bactérias e protozoários, e células gigantes visíveis a olho nu, como fibras musculares e algumas
algas.
Assim como acontece com o tamanho, as células se apresentam em diversas formas: retangulares, esféri-
cas, estreladas, entre outras. Isso ocorre porque a forma é um reflexo da função celular exercida, por exemplo,

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as fibras musculares são afiladas e longas, o que é adequado ao caráter contrátil das mesmas. Entre os diver-
sos tamanhos e formas celulares, basicamente, existem apenas duas classes de células: as procariontes, nas
quais o material genético não é separado do citoplasma, e as eucariontes, cujo núcleo é bem delimitado por um
envoltório nuclear denominado carioteca. Em resumo, pode-se dizer que a diferença entre as classes reside
na complexidade das células.
As células procariontes têm poucas membranas, em geral, apenas a que delimita o organismo, denominada
de membrana plasmática. Os seres vivos que possuem esse tipo de célula são chamados de procariotas e o
grupo representativo dessa classe é o das bactérias. Já as células eucariontes são mais complexas e ricas em
membranas, existindo duas regiões bem individualizadas, o núcleo e o citoplasma. Assim, os portadores dessa
classe de células são denominados eucariotas, existindo diversos representantes desse grupo, como animais
e plantas, por exemplo.
A constituição de cada célula varia bastante de acordo com qual sua classe, tipo e função. Isso ficará mais
claro a seguir. Para fins didáticos, separemos a célula em três partes: membrana plasmática, estruturas exter-
nas à membrana e estruturas internas à membrana. A membrana plasmática ou celular é o envoltório que sepa-
ra o meio interno e o meio externo das células. Ela está presente em todos os tipos celulares e é formada por
fosfolipídios e proteínas. Essa membrana possui uma característica de extrema importância para a manutenção
da vida, a permeabilidade seletiva. Isso quer dizer que tudo o que entra ou sai das células depende diretamente
da membrana celular.
A estrutura supracitada se trata de algo bastante delicado, por essa razão surgiram estruturas que conferem
maior resistência às células: a parede celular, cápsula e o glicocálix. A parede celular é uma camada permeável
e semi-rígida, o que confere maior estabilidade quanto a forma da célula. Sua composição é variada de acordo
com o tipo da célula e sua função é relacionada à proteção mecânica. Nesse sentido, as paredes celulares
estão presentes em diversos organismos, como bactérias, plantas, fungos e protozoários.
A cápsula, por sua vez, é um envoltório que ocorre em algumas bactérias, em geral patogênicas, externa-
mente à parede celular. Sua função também é a defesa, mas, diferentemente da parede celular, essa confere
proteção contra a desidratação e, também, se trata de uma estrutura análoga a um sistema imune. Sob o as-
pecto morfológico, sua espessura e composição química são variáveis de acordo com a espécie, se tratando de
um polímero orgânico. Já o glicocálix se trata de uma camada formada por glicídios associados, externamente,
à membrana plasmática. Embora não confira rigidez à célula, o glicocálix também tem uma função de resis-
tência. Fora isso, ele confere capacidade de reconhecimento celular, barrar agentes do meio externo e reter
moléculas de importância para célula, como nutrientes.
Com relação à parte interna da membrana celular, existe uma enorme diversidade de estruturas com as mais
diferentes funções. Para facilitar a compreensão, pode-se dividir em citoplasma e material genético, esse que,
nos procariotas, está solto no citoplasma. O material genético é composto de ácidos nucléicos (DNA e RNA)
e sua função é comandar a atividade celular. Por ele ser transmitido de célula progenitora para a progênie, é
a estrutura responsável pela transmissão das informações hereditárias. Já o citoplasma corresponde a todo o
restante, composto pela matriz citoplasmática ou citosol, depósitos citoplasmáticos e organelas.
O citosol é composto de água, íons, proteínas e diversas outras moléculas importantes para a célula. Por ser
aquoso, ele é responsável por ser o meio em que ocorrem algumas reações e a locomoção dentro da célula.
Quanto aos depósitos, esses são as concentrações de diversas substâncias soltas no citosol. A importância
dessas estruturas tem relação com a reserva de nutrientes ou pigmentos.
Por fim, as organelas não possuem conceituação bem definida, mas, grosso modo, são todas as estruturas
internas com funções definidas, como ribossomos, mitocôndrias, complexo de Golgi, retículos endoplasmáti-
cos, entre outros. Suas funções variam desde a síntese protéica até a respiração celular.
Enfim, a citologia é uma extensa área da biologia que se comunica com outras disciplinas para concatenar
os conhecimentos a fim de utilizá-los nas ciências aplicadas, como ocorre na terapia gênica ou engenharia
genética, por exemplo.
Organização Celular
Organização celular dos seres vivos.
As células são as unidades básicas da vida; pequenas máquinas que facilitam e sustentam cada proces-
so dentro de um organismo vivo. As células musculares se contraem para manter um batimento cardíaco e

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nos permitem mover-se, os neurônios formam redes que dão origem a memórias e permitem processos de
pensamento. As células epiteliais providenciam para formar barreiras superficiais entre os tecidos e as muitas
cavidades em todo o corpo.
Não só os diferentes tipos de células facilitam funções únicas, mas suas composições moleculares, genéti-
cas e estruturais também podem diferir. Por esse motivo, diferentes tipos de células geralmente possuem va-
riações no fenótipo, como o tamanho e a forma das células. Na imagem abaixo você pode ver diferentes tipos
celulares dos seres humanos.

A função de uma célula é alcançada através do ponto culminante de centenas de processos menores,
muitos dos quais são dependentes uns dos outros e compartilham proteínas ou componentes moleculares.
Apesar das variações fenotípicas e funcionais que existem entre os tipos de células, é verdade que existe um
alto nível de similaridade ao explorar os processos subcelulares, os componentes envolvidos e, principalmente,
a organização desses componentes.
Com a maioria dos processos subcelulares sob controle regulatório preciso de outros processos subce-
lulares, e com componentes geralmente compartilhados entre diferentes caminhos moleculares e cascatas
protéicas, a organização celular é de grande importância. Isso é verdade para cada tipo de célula, com com-
partimentação de processos subcelulares, e localização de proteínas, recrutamento e entrega, garantindo que
sejam constantemente repetidos de forma eficiente e com resultados precisos.
A nível básico, as células eucarióticas podem ser descritas como contendo três regiões sub-celulares dis-
tintas; nomeadamente a membrana , o citosol e o núcleo . Contudo, a compartimentação celular é ainda mais
complicada pela abundância de organelas específicas.
Apesar de ter apenas vários nanômetros de largura, as membranas celulares são altamente enriquecidas
em receptores de sinalização, proteínas transmembranares, bombas e canais e, dependendo da maquiagem,
podem recrutar e reter um conjunto de proteínas importantes no campo da mecanobiologia. Em muitos casos,
esses proteínas interagem com o citoesqueleto , que reside na proximidade da membrana. O citosol, por outro
lado, abriga organelas celulares, incluindo o complexo golgiense, o retículo endoplasmático (RE), ribossomos
e numerosas vesículas e vacúolos. Podem existir proteínas solúveis nesta região. Enquanto isso, o núcleo
abriga o material genético e todos os componentes relacionados à sua expressão e regulação. Embora os pro-
cessos do núcleo não estejam tão bem estabelecidos em termos de seu papel na mecanobiologia , os achados
recentes indicam várias conexões importantes, muitas vezes com as vias de sinalização de mecanotransdução
que culminam em alterações na expressão gênica.
Cada uma dessas regiões sub-celulares deve funcionar de forma coerente para a sobrevivência e o fun-
cionamento eficiente da célula. A organização adequada de organelas, proteínas e outras moléculas em cada
região permite que os componentes de proteínas individuais funcionem de forma concertada, gerando efetiva-
mente processos subcelulares individuais que culminam em uma função celular global.
Compartimentalização em células
As células não são uma mistura amorfa de proteínas, lipídios e outras moléculas. Em vez disso, todas as cé-
lulas são constituídas por compartimentos bem definidos, cada um especializado em uma função particular. Em
muitos casos, os processos subcelulares podem ser descritos com base na ocorrência na membrana plasmáti-
ca , no citosol ou dentro de organelas ligadas à membrana, como o núcleo, o aparelho de Golgiense ou mesmo
os componentes vesiculares do sistema de tráfico de membrana , como os lisossomos e os endossomas.

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A compartimentação aumenta a eficiência de muitos processos subcelulares concentrando os componentes
necessários em um espaço confinado dentro da célula. Quando uma condição específica é necessária para
facilitar um determinado processo subcelular, isso pode ser localmente contido de modo a não interromper a
função de outros compartimentos subcelulares. Por exemplo, os lisossomos requerem um pH mais baixo para
facilitar a degradação do material internalizado. As bombas de protões ligadas à membrana presentes no lipos-
soma mantém esta condição. Da mesma forma, uma grande área de superfície da membrana é requerida pelas
mitocôndrias para gerar eficientemente ATP a partir de gradientes de elétrons em sua bicamada lipídica. Isto
é conseguido através da composição estrutural deste organelo particular.
Importante, organelas individuais podem ser transportadas por toda a célula e isso localiza essencialmente
todo o processo subcelular para regiões onde são necessárias. Isso foi observado em neurônios, que possuem
processos axonais extremamente longos e requerem mitocôndrias para gerar ATP em vários locais ao longo do
axônio. Seria ineficiente confiar na difusão passiva do ATP ao longo do axônio.
A compartimentação também pode ter importantes implicações fisiológicas. Por exemplo, as células epite-
liais polarizadas , que possuem membranas apicais e basolaterais distintas, podem, por exemplo, produzir uma
superfície secretora para várias glândulas. Da mesma forma, as células neuronais desenvolvem redes efetivas
devido à produção de dendritos e processos axonais a partir de extremidades opostas do corpo celular. Além
disso, no caso de células estaminais embrionárias, a polarização celular pode resultar em destinos distintos das
células filhas.
Com cada organela facilitando sua própria função, eles podem ser considerados compartimentos subcelu-
lares por direito próprio. No entanto, sem um fornecimento regular de componentes para o compartimento, os
processos e mecanismos que produzem sua função geral serão impedidos.
Com muitas proteínas e componentes moleculares que participam em múltiplos processos subcelulares e,
portanto, exigidos em vários compartimentos subcelulares, o transporte efetivo da proteína e dos componentes
moleculares, seja por difusão passiva ou recrutamento direcionado, é essencial para a função geral da célula.
Em seres eucariontes, a síntese de DNA, RNA, proteínas e lipídios é realizada de forma espaciotemporal.
Cada molécula é produzida dentro de organelas ou compartimentos especializados com mecanismos regulató-
rios rígidos existentes para controlar o tempo ea taxa de síntese. Esses mecanismos regulatórios são complica-
dos e podem envolver loops de feedback, estímulos externos e uma multiplicidade de caminhos de sinalização.
DNA e RNA são ambos produzidos dentro do núcleo. O DNA é inteiramente replicado durante a fase s do ci-
clo celular. Uma cópia é então passada para cada uma das células filhas. Durante outras fases do ciclo celular,
uma quantidade mínima de DNA é sintetizada, principalmente para o reparo do material genético.
Embora uma taxa basal de síntese de RNA mantenha a síntese de mRNA ao longo da vida da célula, o
mRNA para genes específicos só pode ser expresso ou pode ser regulado ou regulado por baixo, após a detec-
ção de certos sinais mecânicos ou químicos. Como resultado, diferentes células têm diferentes perfis de mRNA,
e isso geralmente é observado através do uso de tecnologias que exibem os perfis genéticos das células.

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Depois de ser processado e modificado no núcleo, o mRNA transcrito é entregue ao citosol para tradução
ou síntese proteica. Semelhante à síntese de RNA, um nível básico de síntese de proteína é mantido durante
toda a vida da célula, porém isso também pode ser alterado quando determinados estímulos induzem a produ-
ção de proteínas específicas, ou quando mecanismos regulatórios reduzem a produção de outros.
Por exemplo, a síntese de proteínas é regulada para cima durante a fase G1 do ciclo celular, imediatamente
antes da fase S. Isto é para garantir que a célula tenha uma concentração suficiente da maquinaria protéica
necessária para realizar a replicação do DNA e a divisão celular.
Nos procariontes, onde não há compartimentos separados, tanto a transcrição quanto a tradução ocorrem
simultaneamente.Os lipídios, que são sintetizados no retículo endoplasmático (RE) ou no complexo golgiensei,
são transportados para outras organelas sob a forma de vesículas que se fundem com a organela aceitadora.
Algumas células também podem usar proteínas transportadoras para transportar lipídios de um local para ou-
tro. A síntese lipídica também é dinâmica, e pode ser regulada até a proliferação celular ou durante processos
que envolvem a extensão da membrana plasmática , quando novas membranas são necessárias.
Localização de Proteínas
Para que os processos celulares sejam realizados dentro de compartimentos definidos ou regiões celulares,
devem existir mecanismos para garantir que os componentes proteicos necessários estejam presentes nos
locais e a uma concentração adequada. A acumulação de uma proteína em um determinado local é conhecida
como localização de proteínas.
O recrutamento de proteínas é essencialmente uma forma de reconhecimento de proteínas, possibilitado
pela presença de sequências específicas de aminoácidos dentro da estrutura protéica. Por exemplo, muitas
proteínas ligadas à membrana possuem péptidos de sinal que são reconhecidos pelos receptores de sinal que
os orientam para o site alvo. O sinal de localização nuclear é um desses exemplos. As proteínas que são des-
tinadas ao retículo endoplasmático também possuem um péptido sinal.
Em outros casos, as proteínas podem transportar um remendo de sinal. Isso geralmente consiste em cerca
de 30 aminoácidos que não estão presentes em uma sequência linear, mas estão em proximidade espacial
próxima no espaço tridimensional.
Curiosamente, a organização de uma célula e suas várias regiões desempenham um papel na direção do
recrutamento de proteínas para um determinado site. Por exemplo, nas células epiteliais, que são polarizadas,
a composição proteica na membrana apical é muito diferente daquela na membrana basolateral. Isto é conse-
guido através do reconhecimento de sequências de sinais distintas que visam proteínas para cada uma dessas
regiões. Por exemplo, as proteínas da membrana apical são muitas vezes ancoradas ao GPI , enquanto que
as proteínas basolaterais possuem sequências de assinaturas baseadas em aminoácidos diLeu (N, N-Dimetil
Leucina) ou tirosina com base em aminoácidos.
Entrega Direta de Componentes
A localização das proteínas pode resultar do reconhecimento de proteínas ou complexos solúveis de difusão
passiva; No entanto, isso pode não garantir uma concentração suficiente de componentes para manter um de-
terminado processo. Isso pode impedir a sua conclusão, particularmente quando realizada em regiões com um
volume citoplasmático limitado, como a ponta de um filopodia , ou quando os componentes são rapidamente
transferidos.
Uma maneira mais eficiente de manter a concentração de componentes protéicos é por meio de sua entrega
dirigida através da rede do citoesqueleto.
O citoesqueleto, composto por filamentos de actina e microtúbulos , abrange toda a célula e conecta a mem-
brana plasmática ao núcleo e outras organelas. Esses filamentos realizam muitos propósitos, desde o suporte
estrutural até a célula, para gerar as forças necessárias para a translocação celular. Eles também podem servir
como “trilhas” nas quais as proteínas motoras podem transladar enquanto transportam carga de um local para
outro; análogo a um trem de carga que transporta carga ao longo de uma rede de trilhos ferroviários.
A entrega de componentes é principalmente facilitada por motores moleculares com ATP / GTP, como mio-
sina V ou miosina X , Cinesina ou Dineína . Essas proteínas ou homólogos deles foram observados em uma
grande quantidade de tipos celulares, incluindo leveduras, célula vegetal e célula animal. Os motores molecula-
res dineína e cinesina caminham sobre os microtúbulos enquanto a miosina caminha nos filamentos de actina.

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Imperativamente, esses motores caminham de maneira unidirecional, embora não necessariamente na mesma
direção uns dos outros.
O transporte baseado em microtúbulos foi estudado principalmente em células neuronais. Os exons podem
ter vários mícrons de comprimento (às vezes até mesmo medidores de comprimento), por isso é necessário
transportar proteínas, lipídios, vesículas sinápticas, mitocôndrias e outros componentes ao longo do axônio. To-
dos os microtúbulos nos axônios são unidirecionais, com extremidades “menos” que apontam para o corpo da
célula e ‘mais’ que apontam para a sinapse. Os motores Kinesin se movem ao longo dessas trilhas para trans-
portar a carga do corpo da célula para o axônio. A interrupção do transporte de carga mediada por cinesina está
correlacionada com várias doenças neuro-musculares, como a atrofia muscular espinhal e a atrofia muscular
espinhal e bulbar . Dynein , por outro lado, desempenha um papel importante no tráfico de carga em dendritos.
Caminhos de comunicação
Com diferentes processos sendo realizados em compartimentos subcelulares separados, organizados em
diferentes regiões da célula, a comunicação intracelular é primordial. Essa comunicação, que é descrita em
maior detalhe sob ” sinalização celular “, permite às células manter a concentração de proteínas específicas e
dentro das regiões corretas, dependendo dos requisitos de um determinado processo ou estado celular. Isso,
em última instância, garante que os compartimentos individuais funcionem de forma eficiente e permite que
um processo subcelular conduza outro. Isso, em última instância, permite que uma célula facilite suas funções
primárias de forma eficiente e coerente.
As vias de sinalização podem conter um sinal que se origina de fora de uma célula ou de vários comparti-
mentos e geralmente envolve a translocação de íons, solutos, proteínas e mensageiros secundários.
Todas as células possuem receptores de superfície e outras proteínas para facilitar a detecção de sinais do
ambiente extracelular.
Esses sinais podem ser na forma de íons, moléculas pequenas, péptidos, tensão de cisalhamento, forças
mecânicas, calor, etc. Uma vez que o sinal é detectado pelo receptor de superfície, ele é transmitido ao citoplas-
ma geralmente por meio de mudança conformacional no receptor ou mudança no seu estado de fosforilação no
lado citosólico. Isso, por sua vez, desencadeia uma cascata de sinalização a jusante, que muitas vezes culmina
no núcleo. O sinal geralmente resulta em mudança no perfil de expressão gênica das células, auxiliando-as a
responder ao estímulo.
Reprodução Celular
A maioria das células humanas são frequentemente reproduzido e substituídos durante a vida de um indiví-
duo.
No entanto, o processo varia com o tipo de célula Somática ou células do corpo, tais como aqueles que
constituem a pele, cabelo, e músculo, são duplicados por mitose.
O células sexuais, os espermatozóides e óvulos, são produzidos por meiose em tecidos especiais dos
testículos e ovários das fêmeas Uma vez que a grande maioria das nossas células são somática, a mitose é a
forma mais comum de replicação celular.
Mitose e meiose
As principais diferenças entre a mitose e a meiose estão no número de células-filhas formadas e no número
de cromossomos que elas apresentam.

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A mitose e a meiose são processos de divisão celular.
A diferença entre mitose e meiose está no fato de que, apesar de serem processos de divisão celular,
elas geram um número diferente de células-filhas, as quais também possuem uma quantidade distinta
de cromossomos.
Na mitose, as células-filhas apresentam a mesma quantidade de material genético que a célula-mãe, dife-
rentemente da meiose. Na mitose, vemos ainda a formação de duas células-filhas; já na meiose, quatro. Além
de todas essas diferenças, a mitose e a meiose diferenciam-se também no que diz respeito às etapas do pro-
cesso de divisão e à função que elas desempenham no organismo.
Tabela comparativa entre mitose e meiose
Veja a seguir um quadro comparativo com as principais diferenças entre a meiose e mitose:

Mitose
A mitose é um processo de divisão celular que forma duas células-filhas, cada uma com o mesmo número
de cromossomos que a célula-mãe. Esse processo está relacionado, em plantas e animais, com o desen-
volvimento dos organismos, cicatrização e crescimento.
As etapas da mitose são prófase, prometáfase, metáfase, anáfase e telófase. Ao fim da telófase, ob-
serva-se a ocorrência da citocinese, ou seja, a divisão do citoplasma da célula, gerando duas células-filhas.
Vale destacar que essas etapas variam de um autor para outro. A prometáfase, por exemplo, não é descrita por
todos os autores.

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Observe atentamente as etapas da mitose.
→ Fases da mitose
Prófase: inicia-se logo após a interfase, uma longa etapa na qual ocorrem aumento da célula, produção de
organelas e a duplicação dos cromossomos.
Na prófase, os cromossomos aumentam sua condensação, e o nucléolo, local onde os ribossomos são for-
mados, desaparece. Inicia-se ainda a formação do fuso mitótico (estrutura constituída por microtúbulos), e os
centrossomos (região onde são organizados os microtúbulos) afastam-se.
Prometáfase: ocorre a desintegração do envoltório nuclear, também chamado de carioteca. Os microtú-
bulos que partem do centrossomo ligam-se ao cinetócoro (estrutura proteica localizada no centrômero) dos
cromossomos. Os cromossomos continuam sua condensação.
Metáfase: os cromossomos atingem seu maior grau de condensação. Os centrossomos estão em lados
opostos da célula, e os cromossomos estão organizados na região mediana da célula (placa metafásica).
Anáfase: na fase mais curta do processo de mitose, ocorrem a separação das cromátides irmãs e a mi-
gração em direção aos polos das células. A célula alonga-se e, no final dessa etapa, temos dois polos com a
quantidade completa de cromossomos.
Telófase: formam-se novos núcleos e os envelopes nucleares. O nucléolo reaparece, e os cromossomos
ficam menos condensados. Normalmente, no final dessa etapa, ocorre a citocinese, que nada mais é do que
a divisão da célula em duas.
Meiose
A meiose é um processo de divisão celular que gera quatro células-filhas, cada uma com metade do número
de cromossomos da célula-mãe. Esse processo de divisão é responsável pela formação de gametas. É
fundamental que os gametas possuam metade do número de cromossomos da espécie, pois, dessa forma, no
momento da fecundação, haverá o restabelecimento do número de cromossomos da espécie.
Leia também: Gametogênese
A meiose caracteriza-se por dois processos de divisão celular: a meiose I e meiose II. Na meiose I, temos a
prófase I, metáfase I, anáfase I, telófase I. Já na meiose II, temos a prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase
II.

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→ Fases da meiose

Observe atentamente as etapas da meiose I.


Prófase I: assim como a prófase da mitose, inicia-se após a fase de interfase, na qual ocorrem o aumento
da célula e a duplicação dos cromossomos. Na prófase I, iniciam-se a condensação dos cromossomos, a des-
truição do envelope nuclear, a formação do fuso e a movimentação do centrossomo. Podemos dividir a prófase
I em cinco subetapas, as quais são meramente didáticas, ou seja, servem para auxiliar o entendimento do
processo. São elas:
- Leptóteno: inicia-se uma maior compactação dos cromossomos.
- Zigoteno: ocorre a sinapse (aproximação dos cromossomos homólogos).
- Paquiteno: formação da tétrade ou bivalente. O termo tétrade indica que os dois cromossomos homólogos
emparelhados possuem quatro cromátides. Já o termo bivalente é usado em referência a dois cromossomos
homólogos ou emparelhados. Nessa fase, verificam-se quebras nas cromátides seguidas por soldaduras, que
muitas vezes ocorrem em posições diferentes das originais. Esse fenômeno é chamado de crossing-over.
- Diploteno: inicia-se a separação dos homólogos e é possível perceber que suas cromátides cruzam-se
em alguns pontos (quiasmas).
- Diacinese: os homólogos separam-se, e a prófase I é finalizada.
Metáfase I: os pares de cromossomos homólogos estão dispostos na placa metafásica. Nessa etapa, as
duas cromátides de um homólogo estão ligadas aos microtúbulos de um polo, e as cromátides do outro homó-
logo estão presas aos microtúbulos do outro polo.
Anáfase I: cromossomos homólogos separam-se e movem-se em direção aos polos opostos.
Telófase I: os cromossomos estão separados em dois grupos em cada polo. Ao final dessa fase, a citocinese
ocorre, e o citoplasma da célula é dividido, formando duas células-filhas.
MEIOSE II

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Observe atentamente as etapas da meiose II.
Prófase II: é a primeira etapa da segunda divisão da meiose e inicia-se nas duas células-filhas formadas na
meiose I. Nessa etapa, as fibras do fuso são formadas e inicia-se a movimentação dos cromossomos para a
placa metafásica.
Metáfase II: os cromossomos estão posicionados na placa metafásica.
Anáfase II: as cromátides irmãs separam-se e movem-se em direção aos polos.
Telófase II: o núcleo forma-se novamente com a reorganização do envoltório nuclear. Os cromossomos
começam a se descondensar. A citocinese ocorre, e a célula divide-se em duas. Como as duas células-filhas
formadas na meiose I entram em meiose II, no final do processo, temos quatro células-filhas.
Componentes Orgânicos e Inorgânicos
A célula é constituída por varias substâncias e elas podem ser inorgânicas (como a água e os sais minerais)
que constituem moléculas simples e pequenas e são encontradas livres na natureza ou fazendo parte de um
organismo, ou podem ser orgânicos (carboidratos, lipídeos, proteínas) que constituem grandes e complexas
moléculas que, obrigatoriamente, possuem em sua composição o elemento químico carbono (C) e são encon-
tradas em todos os seres vivos.
Componentes Inorgânicos
Água - Recobrindo 3/4 da superfície da terrestre, a água é a substância química mais abundante em nosso
planeta. As principais funções da água no nosso planeta são:
A água é uma substância química cujas moléculas são formadas por dois átomos de hidrogênio e um de
oxigênio e é uma substância abundante na Terra. A água possui uma série de características peculiares, como
sua dilatação anômala e a capacidade de dissolver um grande número de substâncias.
- Dispersar substâncias: ela dispersa substâncias orgânicas ou inorgânicas. Todas as reações químicas da
natureza biológica ocorrem em estado de solução.
- Transportar substâncias: tanto de dentro pra fora como de fora pra dentro, as moléculas se difundem na
água e por elas são transportadas.
- Equilíbrio térmico: o excesso de calor pode ser dissipado pelo suor, ajudando na manutenção da tempera-
tura interna de um ser homeotérmico.
- Lubrificar: ajuda a diminuir o atrito entre os ossos (nas articulações), por exemplo.

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Sais Minerais - que podem ser:
Os sais minerais são elementos químicos em forma de ions. Eles são necessários ao corpo por serem res-
ponsáveis pelo bom funcionamento do metabolismo, ou seja, as trocas de substâncias contidas nas células dos
seres vivos. Sem o bom funcionamento do metabolismo, o corpo não reage de forma eficiente no combate às
doenças e a cicatrização dos ferimentos.
Alguns exemplos: Ferro, fósforo, magnésio, zinco, potássio, sódio e flúor.
- Solúvel: dissolvido em água forma de íons, como o potássio (K+), o sódio (Na+) e o cloro (Cl-), participam
do controle osmótico (entrada e saída de H2O nas células) e também contribuem para a passagem dos impul-
sos nervosos nos neurônios.
- Insolúvel - encontra-se imobilizado, como os fosfatos de cálcio que fazem parte da estrutura esquelética
dos vertebrados, da casca de ovo, do exoesqueleto ou carapaça de insetos, crustáceos, etc., conferindo maior
rigidez aos órgãos em que se encontram.

Componentes Orgânicos
Glicídios ou Carboidratos
Também conhecidos como açucares, os glicídios são os grandes fornecedores imediatos de energia para
os seres vivos. São fabricados pelas plantas no processo da fotossíntese e apresentam em suas moléculas
átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O).
Além de fornecedores de energia, os glicídios possuem também função estrutural, como a celulose, encon-
trada no revestimento das células vegetais, na constituição dos ácidos nucleicos (material genético).
Os glicídios são classificados em três grupos:
Monossacarídeos - são os açucares mais simples, formados por pequenas moléculas que não se dividem
na presença de água, portanto, não sofrem hidrólise. O exemplo mais comum encontrou nos organismos vivos
são: glicose (produzido pelos vegetais na fotossíntese), frutose (encontrado nas frutas doces), galactose (en-
contrado no leite), ribose e desoxirribose (componentes dos ácidos nucleicos).
Dissacarídeos- são glicídios constituídos pela união de dois monossacarídeos. Quando ingerimos dissacarí-
deos ou polissacarídeos, nosso sistema digestório os transforma em monossacarídeos para que estes possam
fornecer energia para a célula. Todos os dissacarídeos têm função energética e os principais são:
- Sacarose: glicose + frutose. Suas principais fontes são: a cana-de-açúcar e beterraba.
- Lactose: glicose + galactose. Sua principal fonte é o leite.
- Maltose: glicose + glicose. Suas principais fontes são: raízes, caule, folhas dos vegetais.

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3. Polissacarídeo - os polissacarídeos são moléculas grandes, constituídas por ligação de muitos monossa-
carídeos. Os polissacarídeos não são solúveis em água, em alguns são reservas de energia, como o amido, ou-
tros fazem parte da estrutura esquelética da célula vegetal, como a celulose. Os principais polissacarídeos são:
- Amido: formado por inúmeras moléculas de glicose, é encontrado nos vegetais e funciona como reserva
de energia.
- Celulose: formado por inúmeras glicoses, reveste externamente as células vegetais, funcionando como
reforço esquelético.
- Glicogênio - formado por inúmeras glicoses, é encontrado nos animais e funciona como reserva de energia.
Lipídios
Substâncias orgânicas de origem animal ou vegetal, mais conhecidos como óleos, gordura e cera. Alguns
tipos de lipídeos funcionam como reservatório de energia, outros entram na composição das membranas celu-
lares ou ainda formam hormônios.
Os lipídeos possuem como característica comum o fato de serem insolúveis em água e solúveis em solven-
tes orgânicos como éter, o álcool e a benzina.
Os lipídeos são classificados em três grupos:
- Glicerídeos: são lipídeos simples. Compreendem os óleos, as gorduras e as ceras, podendo ter origem
animal ou vegetal. As gorduras são reservatórios de energia e também isolantes térmicos, principalmente para
os animais de regiões frias. Os óleos presentes na semente de girassol, da soja e do amendoim, por exemplo,
são fonte de energia para o embrião das sementes germinar. As ceras impermeabilizam as folhas de muitas
plantas e são fabricadas pelas abelhas, que constroem os favos de mel.
- Fosfolipídeos - presentes na composição química das membranas celulares dos animais e vegetais.
- Esteroides - o mais conhecido é o colesterol. Produzido pelos animais, faz parte da composição química de
suas membranas celulares e é precursor de alguns hormônios, como a testosterona (hormônio masculino) e a
progesterona (hormônio feminino).
Proteínas
São os compostos orgânicos presentes em maior percentual no organismo dos seres vivos, inclusive nos
vírus, que são desprovidos de estrutura celular. As proteínas são macromoléculas resultantes de uma sequen-
cia de ligações entre moléculas menores, denominadas aminoácidos.
As principais funções das proteínas são:
- Função construtora: atua como suporte mecânico para células e tecidos, fazendo parte, juntamente com
os lipídeos, da composição das membranas celulares. Exemplo: Colágeno, proteína que confere resistência as
células da pele, dos tendões e das cartilagens.
- Função motora: Permite os movimentos em células e tecidos. Exemplo: a miosina, proteína que confere
elasticidade aos músculos; a cinesina, proteína que interage com os microtúbulos, permitindo a movimentação
das organelas no interior das células.
- Função de transporte: Transporta pequenas moléculas no interior do organismo. Na circulação a proteína
albumina transporta lipídeos, e a proteína hemoglobina transporta oxigênio.
- Função de armazenamento: Responsável pelo armazenamento de pequenas moléculas. O ferro é armaze-
nado no fígado, ligado à proteína ferritina.
- Função de defesa: Antígenos são substâncias estranhas ao nosso organismo. A presença de um antígeno
no organismo induz o sistema imunológico a produzir proteínas de defesa, denominadas anticorpos.
- Função hormonal: Alguns hormônios são de origem proteica. Por exemplo, a insulina, hormônio produzido
no pâncreas, cuja função é de controlar a manutenção da taxa de açúcar no sangue.
- Função energética: As proteínas são fontes de aminoácidos, que, uma vez oxidados no organismo, liberam
energia, principalmente no processo de respiração.
- Função enzimática: Dentro das células ocorrem muitas reações químicas. Para que elas aconteçam é

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necessário energia. Em alguns casos, não há energia suficiente para a ocorrência da reação química e se faz
necessária a presença de um catalisador (substância que desencadeia ou acelera reações químicas). Os cata-
lisadores das células são um tipo de proteína especial chamada enzima. As atividades enzimáticas dependem
da temperatura e do pH.

Analisando o gráfico verifica-se que a 0 ºC de temperatura as enzimas encontram-se pouco ativas. À medida
que aumenta a temperatura, a atividade enzimática também aumenta, chegando ao ponto ótimo em 1.0. Acima
disso, a atividade enzimática vai diminuindo, até que ocorre a desnaturação da enzima (o calor provoca mu-
danças espaciais na proteína, o que provoca a perda de sua função). Quanto ao nível de pH (nível de ácido do
meio), cada enzima atua em um específico. Exemplo: pepsina - enzima do suco estomacal - é ativada somente
em pH ácido, ou seja, em volta de 2; a ptialina - enzima da saliva - é ativada somente em pH neutro, ou seja,
por volta de 7.
Atuação enzimática ou modelo chave-fechadura
Cada tipo de enzima consegue catalizar um único tipo de substrato (substância reagente). O encaixe da en-
zima no substrato assemelha-se ao sistema chave-fechadura. Após a ocorrência da reação, as enzimas deixam
o substrato intacto, podendo atuar em outros substratos.
Vitaminas
São substâncias orgânicas sintetizadas pelos vegetais e por alguns seres unicelulares que funcionam como
ativadores das enzimas. As vitaminas diferem entre si na composição química, formando um grupo heterogê-
neo.
As vitaminas são compostos orgânicos, presentes nos alimentos, essenciais para o funcionamento normal
do metabolismo, e em caso de falta pode levar a doenças. Não são produzidas pelo organismo, devendo obri-
gatoriamente ser obtidas na dieta.
A disfunção de vitaminas no corpo é chamada de hipovitaminose, hipervitaminose e avitaminose. Atualmen-
te é reconhecido que os seres humanos necessitam de 13 vitaminas diferentes, sendo que o nosso corpo só
consegue produzir vitamina D;
Vitaminas lipossolúveis - são as vitaminas solúveis em lipídios e não solúveis em água. Para serem absor-
vidas, é necessária a presença de lipídios, além de bile e suco pancreático. Após a absorção no intestino, elas
são transportadas através do sistema linfático até aos tecidos onde serão armazenadas;
Vitaminas hidrossolúveis - são vitaminas solúveis em água. São absorvidas pelo intestino e transportadas
pelo sistema circulatório até os tecidos em que serão utilizadas. O organismo somente usa o necessário, eli-
minando o excesso. Elas não se acumulam no corpo, ou seja, não permanece no nosso organismo por muito
tempo, sendo assim, excretada pelo organismo através da urina.
Lipossolúveis, que são: A, D e K;
Hidrossolúveis que são: C,e o complexo B (B1, B2, B3, B6 e B12).

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Enzimas
Enzimas são moléculas orgânicas de natureza proteica e agem nas reações químicas das células como
catalisadoras, ou seja, aceleram a velocidade dos processos sem alterá-los. Geralmente são os catalisadores
mais eficazes, por sua alta especificidade. Sua estrutura quaternária é quem determinará sua função, a que
substrato ela se acoplará para acelerar determinada reação.
Nosso corpo é mantido vivo por uma série de reações químicas em cadeia, que chamamos de vias meta-
bólicas, nas quais o produto de uma reação serve como reagente posteriormente. Todas as fases de uma via
metabólica são mediadas por enzimas.
Quase todas as enzimas são de origem proteica, com exceção de algumas RNA catalíticas. Algumas funcio-
nam sem adição de nenhuma outra molécula à sua cadeia polipeptídica, outras necessitam se ligarem a outro
grupo, que chamamos de cofator, íons inorgânicos, ou a um grupo de moléculas orgânicas que chamamos de
coenzima (ácido fólico, vitaminas, por exemplo). Em alguns casos, ela pode se ligar aos dois tipos e em outros
podem sofrer alterações por processos como a glicosilação ou fosforilação.

Esquema de funcionamento de uma enzima.


Cada enzima é única para uma determinada reação. Para seu funcionamento eficaz, deve ter sua estrutura
tridimensional conservada (terciária e quaternária). Ela possui uma região específica de ligação ao substrato
chamada de sítio ativo, a conformação desta região forma um encaixe perfeito e único entre determinada en-
zima e um substrato, normalmente por ligações covalentes transitórias. Ao terminar a reação ela se solta do
substrato e continua perfeita, em sua forma, para novas atividades. Como toda proteína, ela pode se desnaturar
em algumas condições, como em altas temperaturas, variação extrema de pH, perdendo assim sua função.
Como toda proteína, elas precisam de uma temperatura e pH ideal para serem ativas nas reações.
A enzima age na variação de entropia da reação, direcionando o substrato para que ele não colida de forma
aleatória, aumentando a eficiência da reação.
Ela também diminui a energia de ativação, sem alterar o equilíbrio desta. A regulação da atividade enzimá-
tica pode ser controlada pela própria célula, na codificação de proteínas, como por ela mesma, variando de
acordo com alguma molécula que se liga a ela.

Energia de ativação

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No feedback negativo, o produto de uma via metabólica se liga a um sítio da enzima que está catalisando
tal reação, inibindo-a. Cada vez que aumenta a quantidade do substrato, ele se liga à enzima e diminui a ve-
locidade da reação. O inverso pode ocorrer, quando o produto se liga a um sítio da enzima estimulando-a, por
conseguinte aumenta a velocidade da reação. Chamamos de feedback positivo. Esse tipo de interação muda
a conformação da proteína e altera as ligações entre ela e o substrato. Quem sofre este tipo de alteração, po-
dendo ter duas conformações e sua atividade modulada são as enzimas alostéricas. Existem outras formas da
célula regular a atividade enzimática, como a fosforilação e a glicosilação de alguns aminoácidos.
Ácidos Nucléicos
Os ácidos nucleicos são macromoléculas constituídas por nucleotídeos e que formam dois importantes com-
ponentes das células, o DNA e o RNA.
Eles recebem essa denominação pelo fato de possuírem caráter ácido e por serem encontrados no núcleo
da célula.
Os ácidos nucleicos são essenciais para todas as células, pois é a partir das moléculas de DNA e RNA que
são sintetizadas as proteínas, as células se multiplicam e ainda ocorre o mecanismo de transmissão das carac-
terísticas hereditárias.
Além disso, os nucleotídeos são importantes em diversos processos, como a síntese de alguns carboidratos
e lipídios e a regulação do metabolismo intermediário, ativando ou inibindo enzimas.
Estrutura
Como vimos, os ácidos nucleicos são formados por nucleotídeos, os quais apresentam três componentes
básicos: um grupo fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada.

Estrutura do nucleotídeo
Os nucleotídeos unem-se através de ligações fosfodiéster entre o açúcar e o grupo fosfato. A pentose é um
açúcar com cinco carbonos, a do DNA é chamada de desoxirribose, enquanto a do RNA denomina-se ribose.

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Estrutura das pentoses
Quando existe apenas uma base nitrogenada ligada a um carboidrato do grupo das pentoses, forma-se um
nucleosídeo. Graças à adição do grupo fosfato aos nucleosídeos, as moléculas passam a ter cargas negativas
e tornam-se nucleotídios, apresentando o caráter ácido.
As bases nitrogenadas são estruturas cíclicas e existem em dois tipos: as púricas e as pirimídicas. Tanto o
DNA como o RNA possuem as mesmas purinas: a adenina (A) e a guanina (G). A mudança ocorre em relação
às pirimidinas, a citosina (C) é comum entre os dois, mas varia a segunda base, no DNA há timina (T) e no RNA
há uracila (U).

Portanto, existem dois tipos de ácidos nucleicos: o ácido desoxirribonucleico ou DNA(desoxirribonucleic


acid) e o ácido ribonucleico ou RNA.
Ambos são macromoléculas compostas por cadeias de centenas ou milhares de nucleotídios ligados.

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Moléculas de DNA e RNA, mostrando as diferenças de bases nitrogenadas presentes em cada uma.
Os ácidos nucléicos apresentam uma estrutura espacial bastante complexa e peculiar. As moléculas de DNA
são constituídas por duas cadeias polinucleotídicas enroladas uma sobre a outra, o que se assemelha com uma
grande escada helicoidal. Essas duas cadeias se unem por meio de pontes de hidrogênio entre determinados
pares de bases nitrogenadas: a adenina emparelha-se com a timina, enquanto citosina emparelha-se com
guanina.
Já as moléculas de RNA, em geral, são compostas por uma única cadeia, que é enrolada sobre si mesma
por meio do emparelhamento das bases complementares num mecanismo semelhante ao do DNA, no entanto,
no RNA a adenina emparelha-se com a uracila. Em alguns casos, o RNA também pode ter dupla-fita, como é
o caso do mosaico do tabaco.
Além do núcleo celular, o DNA também está presente nas mitocôndrias e nos cloroplastos, organelas capa-
zes de sintetizá-lo. A partir do DNA são transcritas as moléculas de RNA, que podem ser de três tipos principais:
RNA mensageiro (RNAm), RNA ribossômico (RNAr) e RNA transportador (RNAt). Texto adaptado de SILVA. A.
M. P.
Organização da Célula Eucarionte
O nascimento da citologia e a invenção do microscópio são fatos relacionados. Em 1663, Robert Hooke
cortou um pedaço de cortiça e observou ao microscópio. Ele notou que existiam compartimentos, os quais ele
denominou de células.
A partir daí, a citologia começou a desenvolver-se como ciência. O avanço dos microscópios contribuiu para
que as estruturas das células fossem observadas e estudadas.

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Estruturas presentes na célula eucarionte animal
Tipos de Células
As células podem ser divididas em dois tipos: as procariontes e eucariontes.
Procariontes
A principal característica da célula procarionte é a ausência de carioteca delimitando o núcleo celular. O nú-
cleo da célula procarionte não é individualizado.
As células procariontes são as mais primitivas e possuem estruturas celulares mais simples. Esse tipo celu-
lar pode ser encontrado nas bactérias.
Eucariontes
As células eucariontes são mais complexas. Essas possuem carioteca individualizando o núcleo, além de
vários tipos de organelas.
Como exemplos de células eucariontes estão as células animais e as células vegetais.
Uma célula eucarionte tem um verdadeiro núcleo ligado à membrana e possui outras organelas membrano-
sas que permitem a compartimentalização das funções.
Resumo do que veremos em Célula Eucarionte.
- As células eucarióticas são maiores que as células procarióticas e têm um núcleo “verdadeiro”, organelas
ligadas à membrana e cromossomos em forma de bastonete.
- O núcleo abriga o DNA da célula e direciona a síntese de proteínas e ribossomos.
- As mitocôndrias são responsáveis ​​pela produção de ATP; o retículo endoplasmático modifica proteínas e
sintetiza lipídios; e o aparelho de golgi é onde ocorre a triagem de lipídios e proteínas.
- Os peroxissomas realizam reações de oxidação que quebram ácidos graxos e aminoácidos e desintoxicam
venenos; vesículas e vacúolos funcionam em armazenamento e transporte.
- As células animais têm um centrossoma e lisossomos, enquanto as células da planta não.
- As células vegetais têm uma parede celular, uma grande vacuola central, cloroplastos e outros plastídios
especializados, enquanto as células animais não.
Estrutura de uma célula eucarionte

Como uma célula procariótica, uma célula eucarionte possui membrana plasmática, citoplasma e ribosso-
mos. No entanto, ao contrário das células procarióticas, as células eucarióticas têm:
1. Um núcleo ligado à membrana
2. Numerosas organelas ligadas à membrana (incluindo o retículo endoplasmático, aparelho de Golgi, clo-
roplastos e mitocôndrias)
3. Vários cromossomos em forma de haste

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O Núcleo e Suas Estruturas

Normalmente, o núcleo de umacélula eucarionte é o organelo mais proeminente de uma célula. As células
eucarióticas têm um núcleo verdadeiro, o que significa que o DNA celular é cercado por uma membrana. Por-
tanto, o núcleo abriga o DNA da célula e direciona a síntese de proteínas e ribossomos, organelas celulares res-
ponsáveis ​​pela síntese protéica. O envelope nuclear é uma estrutura de dupla membrana que constitui a porção
mais externa do núcleo. Tanto as membranas internas como as externas do invólucro nuclear são bicamadas de
fosfolipídios. O envelope nuclear é pontuado com poros que controlam a passagem de íons, moléculas e RNA
entre o nucleoplasma e o citoplasma. O nucleoplasma é o líquido semi-sólido dentro do núcleo onde encontra-
mos cromatina e nucléolos. Além disso, os cromossomos são estruturas dentro do núcleo que são constituídas
por DNA, o material genético. Nos procariontes, o DNA é organizado em um único cromossomo circular. Em
eucariotas, os cromossomos são estruturas lineares.
Outras organelas de membrana
As mitocôndrias são organelas de membrana dupla de forma oval que possuem seus próprios ribossomos e
DNA. Essas organelas são muitas vezes chamadas de “fábricas de energia” de uma célula porque são respon-
sáveis ​​por fazer trifosfato de adenosina (ATP), a principal molécula transportadora de energia da célula, através
da respiração celular. Veja a aula sobre ciclo de krebs para entender como os ATPs são produzidos
O retículo endoplasmático modifica proteínas e sintetiza lipídios, enquanto o aparelho golgiense é o local
onde a classificação, marcação, embalagem e distribuição de lipídios e proteínas ocorrem. Os peroxissomos
são organelas pequenas e redondas, fechados por membranas simples; eles realizam reações de oxidação que
quebram ácidos graxos e aminoácidos.
Os peroxissomas também desintoxicam muitos venenos que podem entrar no corpo. Vesículas e vacúolos
são sacos de membrana que funcionam em armazenamento e transporte. Além do fato de que as vacúolos são
um pouco maiores do que as vesículas, há uma distinção muito sutil entre eles: as membranas das vesículas
podem se fundir com a membrana plasmática ou outros sistemas de membrana dentro da célula. Todas estas
organelas são encontradas em cada célula eucarionte.

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Embora todas as células eucarióticas contenham as organelas e estruturas acima mencionadas, existem
algumas diferenças marcantes entre células de animais e plantas. As células animais têm um centrossoma e
lisossomas, enquanto as células da planta não. O centrossoma é um centro de organização de microtúbulos
localizado perto dos núcleos das células animais, enquanto os lisossomas se ocupam do processo digestivo
da célula.
Além disso, as células das plantas têm uma parede celular, uma grande vacuola central, cloroplastos e
outros plastídios especializados, enquanto as células animais não. A parede celular protege a célula, fornece
suporte estrutural e dá forma à célula enquanto a vacuola central desempenha um papel fundamental na re-
gulação da concentração de água da célula em condições ambientais em mudança. Os cloroplastos são as
organelas que realizam a fotossíntese.
A Membrana de Plasma e o Citoplasma
A membrana plasmática é composta por uma bicamada de fosfolipídios que regula a concentração de subs-
tâncias que podem permear uma célula.

• Todas as células eucariotas possuem uma membrana plasmática circundante, que também é conhecida
como membrana celular.
• A membrana plasmática é composta por uma bicamada de fosfolipídios com proteínas embutidas que se-
param o conteúdo interno da célula do ambiente envolvente.
• Apenas materiais relativamente pequenos e não-polares podem se mover facilmente através da bicamada
lipídica da membrana plasmática.
• O transporte passivo é o movimento de substâncias na membrana que não exige o uso de energia enquan-
to o transporte ativo é o movimento de substâncias na membrana usando energia.
• A osmose é a difusão da água através de uma membrana semi-permeável pelo seu gradiente de concen-
tração; Isso ocorre quando há um desequilíbrio de solutos fora de uma célula em comparação com o interior
da célula.
A Membrana celular
Apesar das diferenças de estrutura e função, todas as células vivas em organismos multicelulares possuem
uma membrana plasmática circundante (também conhecida como membrana celular). À medida que a camada
externa da sua pele separa seu corpo de seu ambiente, a membrana plasmática separa o conteúdo interno de
uma célula do seu ambiente exterior. A membrana plasmática pode ser descrita como uma bicamada de fos-
folipídios com proteínas embutidas que controlam a passagem de moléculas orgânicas, íons, água e oxigênio
dentro e fora da célula. Os resíduos (como dióxido de carbono e amônia) também deixam a célula passando
pela membrana.
A membrana celular é uma estrutura extremamente flexível composta principalmente de duas folhas ad-

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jacentes de fosfolipídios. O colesterol, também presente, contribui para a fluidez da membrana. Uma única
molécula de fosfolipídio consiste em uma “cabeça” de fosfato polar, que é hidrofílica, e uma “cauda” lipídica
não polar, que é hidrofóbica. Os ácidos graxos não saturados resultam em torções nas caudas hidrofóbicas. A
bicamada de fosfolipídios consiste de dois fosfolipídios dispostos de cauda para cauda. As caudas hidrofóbicas
associam-se umas às outras, formando o interior da membrana.
As cabeças polares contactam o fluido dentro e fora da célula.
A função principal da membrana plasmática é regular a concentração de substâncias dentro da célula. Essas
substâncias incluem íons como Ca ++ , Na + , K + e Cl ; nutrientes, incluindo açúcares, ácidos graxos e amino-
ácidos; e produtos de resíduos, particularmente dióxido de carbono (CO 2 ), que deve sair da célula.
A estrutura da bicamada lipídica da membrana fornece a célula controle de acesso através da permeabilida-
de. Os fosfolipídios são bem embalados, enquanto a membrana possui um interior hidrofóbico. Esta estrutura
faz com que a membrana seja seletivamente permeável.
Uma membrana que possui permeabilidade seletiva permite que apenas substâncias que cumpram certos
critérios passem sem ela. No caso da membrana plasmática, apenas os materiais não-polares relativamente
pequenos podem se mover através da bicamada lipídica (lembre-se, as colas lipídicas da membrana não são
polares). Alguns exemplos desses materiais são outros lipídios, gases oxigênio e dióxido de carbono e álcool.
No entanto, materiais solúveis em água como glicose, aminoácidos e eletrólitos precisam de alguma ajuda para
atravessar a membrana porque são repelidos pelas caudas hidrofóbicas da bicamada de fosfolipídios.
Transporte pela Membrana
Todas as substâncias que se movem através da membrana fazem isso por um dos dois métodos gerais, que
são categorizados com base em se é necessário ou não energia. O transporte passivo (que não requer energia)
é o movimento de substâncias na membrana sem o gasto de energia celular. Durante este tipo de transporte,
os materiais se movem por simples difusão ou por difusão facilitada através da membrana, descendo seu gra-
diente de concentração. A água passa pela membrana em um processo de difusão chamado osmose.
A osmose é a difusão da água através de uma membrana semi-permeável pelo seu gradiente de concentra-
ção. Ocorre quando há um desequilíbrio de solutos fora de uma célula versus dentro da célula. A solução que
tem maior concentração de solutos é dita ser hipertônica e a solução que tem menor concentração de solutos
são dito ser hipotônico. As moléculas de água se difundirão para fora da solução hipotônica e na solução hiper-
tônica (a menos que sejam atuadas por forças hidrostáticas).
Em contraste com o transporte passivo, o transporte ativo (exigente de energia) é o movimento de substân-
cias através da membrana usando energia do trifosfato de adenosina (ATP). A energia é gasta para auxiliar o
movimento do material através da membrana em uma direção contra o gradiente de concentração. O transporte
ativo pode ocorrer com a ajuda de bombas de proteínas ou pelo uso de vesículas. Outra forma deste tipo de
transporte é a endocitose, onde uma célula enrola materiais extracelulares usando sua membrana celular. O
processo oposto é conhecido como exocitose. É aqui que uma célula exporta material usando o transporte
vesicular.
Citoplasma
A membrana plasmática da célula também ajuda a conter o citoplasma da célula, que proporciona
um ambiente semelhante a um gel para as organelas da célula. O citoplasma é o local para a maioria
dos processos celulares, incluindo metabolismo, dobragem de proteínas e transporte interno. Texto
adaptado de SANTOS. V. D
Estrutura e função dos componentes citoplasmáticos
O Citoplasma é a região da célula localizada entre a membrana plasmática e o núcleo, preenchida por uma
substância gelatinosa (semi-líquida), na qual estão mergulhadas as organelas citoplasmáticas.
HIALOPLASMA (CITOSSOL OU MATRIZ CITOPLASMÁTICA)
É uma substância gelatinosa (viscosa) que preenche o citoplasma, composta quimicamente por água, pro-
teínas, sais, carboidratos, etc.

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PARTES DO CITOPLASMA
As partes do citoplasma são: Endoplasma e Ectoplasma
O Endoplasma → é a parte mais interna do citoplasma. Apresenta consistência fluídica (sol).
O Ectoplasma → é a parte mais externa do citoplasma, apresenta consistência gelatinosa (gel).
O citoplasma apresenta alguns movimento: A Ciclose é um movimento no endoplasma celular em forma de
uma corrente, onde são observadas algumas organelas se deslocando, como os cloroplastos em células ve-
getais. O Movimento amebóide é um movimento de deslocamento de algumas células através da emissão de
pseudópodes.
AS ORGANELAS CITOPLASMÁTICAS
São estruturas com forma e funções definidas, encontradas no interior do citoplasma.
Principais organelas:
→ Retículo endoplasmático (liso e rugoso);
→ Ribossomos;
→ Complexo de Golgi;
→ Lisossomos;
→ Centríolos;
→ Mitocôndrias;
→ Plastos;
→ Vacúolos;
→ Peroxissomos;
→ Glioxissomos.
O RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO
É um conjunto de canais que se expande no interior do citoplasma (no citossol), formando canais ramificados
e sacos achatados que se intercomunicam.
O Retículo Endoplasmático Liso ou Agranular
É a parte do retículo endoplasmático que não apresenta grânulos (ribossomos) nas suas membranas.

Funções:
- Transporte de substâncias no interior do citoplasma;
- Síntese de lipídios (gorduras);
- Eliminar substâncias tóxicas (álcool, drogas, etc.);

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- Desativar alguns hormônios (adrenalina);
O Retículo Endoplasmático Rugoso (ou granular, ERG, ergastoplasma)
É a parte do retículo endoplasmático que apresenta grânulos (ribossomos) aderidos as suas membranas.

Função:
- Síntese de proteínas
OS RIBOSSOMOS
São pequenos grânulos observados livres no citoplasma ou aderidos as membranas do retículo endoplas-
mático rugoso. Quimicamente são constituídos por proteínas e RNA (ácido ribonucléico). Não são visíveis ao
microscópio óptico.Ocorrem em todos os tipos de células. Função: Síntese de proteínas.
O COMPLEXO DE GOLGI OU GOLGIOSSOMO
Compreende um conjunto de sacos achatados e sobrepostos, formando pilhas, de onde partem pequenas
vesículas.
Funções:
- Armazenar e empacotar secreções produzidas pela célula;
- Sintetizar carboidratos;
- Originar os lisossomos;
- Constitui o acrossomo do espermatozóide.
OS LISOSSOMOS
São vesículas membranosas que brotam do complexo de Golgi, contendo enzimas digestivas.
Funções:
- Digestão intracelular;
- Regressão da cauda do girino;
- Promove a autofagia (= digestão de algumas organelas da própria célula, com a finalidade de nutrição);
- Realizam a autólise ou citólise (eliminação de células mortas).
Lisossomo primário → é aquele que apresenta no seu interior apenas as enzimas digestivas.
Lisossomo secundário ( = vacúolo digestivo) → é aquele formado pela união do lisossomo secundário com
um fagossomo ou pinossomo (= vacúolo alimentar).

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AS MITOCÔNDRIAS
São estruturas cilíndricas com aproximadamente 0,5 micrômetros de diâmetro e vários micrômetros de com-
primento. Podem ser visualizadas ao microscópio ótico. Encontram-se em todas as células eucarióticas.
Função:
- Realizar a respiração celular e produzir energia em forma de ATP (trifosfato de adenosina).
- O conjunto de todas as mitocôndrias de uma célula denomina-se “condrioma”.
Estrutura da Mitocôndria:
• Apresenta-se constituída por duas membranas: uma membrana externa lisa que a envolve e uma mem-
brana interna formando dobras, denominadas “cristas mitocondriais”.
• O espaço interno da mitocôndria denomina-se “matriz mitocondrial”.
REPRESENTAÇÃO ESTRUTURAL DE UMA MITOCÔNDRIA

As mitocôndrias, assim como os cloroplastos, apresentam o seu próprio ácido nucléico (DNA e RNA), sendo,
portanto capazes de se autoduplicarem, independentemente da célula.
OS PLASTOS OU PLASTÍDEOS
São organelas características das células vegetais. Não são encontra dos, portanto em bactérias, ciano-
bactérias, protozoários, animais e fungos. Os plastos se dividem em dois tipos: Leucoplastos e Cromoplastos.
Os Leucoplastos → São aqueles que não apresentam pigmentação, ou seja, não apresentam coloração.
São plastos incolores.
Função : armazenar substâncias produzidas na célula.
Ex.
Amiloplastos → armazenam amido.
Oleoplastos → armazenam lipídeos.
Proteoplastos → armazenam proteínas.
Os Cromoplastos → São aqueles que possuem pigmentação, apresentam, portanto, coloração.
Exemplos:
Eritroplastos → apresentam o pigmento eritrofila que confere cor vermelha. Tomate, acerola,etc.
Xantoplastos → apresentam o pigmento xantofila que confere cor amarela. Mamão, banana, etc
Cloroplastos → É o mais importante dos plastos, apresenta o pigmento clorofila que confere cor verde aos
tecidos vegetais. EX: Folhas.
Função dos cromoplastos: O cloroplasto é o principal responsável pela fotossíntese, enquanto que os de-
mais plastos auxiliam no processo fotossintetizante, funcionando como filtro de luz.

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Estruturalmente, o cloroplasto é constituído por uma membrana externa, lisa, que o envolve, e internamente
por uma outra membrana que forma dobras denominadas lamelas; Sobre as lamelas estão situadas estruturas
membranosas em forma de moedas empilhadas denominadas tilacóides; Cada pilha de tilacóides recebe o
nome de granum; O conjunto de todos os granum de um cloroplasto recebe o nome de grana.
Os Centríolos
Os centríolos são estruturas cilíndricas, com 0,2 um de largura e 0,4 um de comprimento. São constituídos
por nove grupos de três microtúbulos, fundidos em tripletes.

Funções:
- Divisão celular
- Formar cílios e flagelos. Texto adaptado de MAIA. A.
Membrana Celular
A membrana celular é a fronteira biológica que delimita o perímetro da célula, separando o meio intracelular
do extracelular. A membrana celular, que envolve todas as células, não é totalmente impermeável, constituindo
uma barreira seletiva que permite a troca de algumas substâncias entre o exterior e interior. Nas células eu-
carióticas permite também o suporte do citoesqueleto que dá forma à célula, e a ligação à matriz extracelular/
parede e outras células permitindo a formação de tecidos. O isolamento de membranas plasmáticas através de
técnicas especiais permitiu identificar os seus constituintes. As membranas podem-se considerar complexos
lipoproteicos, constituídos por proteínas, lipídios e glicídios, variando em quantidade de célula para célula.
• proteínas: de composição e funções diversas, as proteínas membranares podem ter funções estruturais,
intervir no transporte de substâncias através da membrana, ou atuar como receptores de sinais moleculares
(por exemplo, de hormonas).
• lipídios: maioritariamente fosfolípides (lipídios complexos associados a um grupo fosfato, com uma ex-
tremidade hidrofóbica polar e outra hidrófila apolar), e em menor quantidade colesterol e glicolipídios (lipídios
associados a glicídios).
• glicídios: situam-se no lado externo da membrana e são importantes no reconhecimento de substâncias
por parte da célula.

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Modelos de estrutura da membrana plasmática
A organização estrutural da membrana é bastante complexa, razão pela qual ao longo do tempo têm surgido
vários modelos explicativos. Nageli e Cramer, em 1885, descobriram que as células possuem uma membrana
que as envolve. Mais tarde, a descoberta dos lipídios como um dos seus principais constituintes deve-se às
experiências de Overton, em 1899, que observou que a velocidade de penetração de uma substância na célula
dependia da sua solubilidade em lipídios: quanto mais solúvel, mais rápido o atravessamento da membrana. O
primeiro modelo estrutural a ser proposto foi o da bicamada fosfolipídica, em 1925, por E Gorter e R. Grendel.
Os dois cientistas propunham que a membrana celular seria composta por duas camadas de fosfolipídios cujas
extremidades apolares hidrofóbicas estariam voltadas para o interior da membrana e as extremidades polares,
hidrófilas estariam voltadas para o exterior (ver figura 1), contatando com o meio interno e externo da célula.

Este modelo foi revisto por Davson e Danielli, em 1935, que baseados em estudos de permeabilidade e de
tensão superficial da membrana propuseram uma estrutura um pouco mais complexa (ver figura 2). A bicama-
da fosfolipídica seria revestida, externa e internamente, por uma camada proteica associada às extremidades
polares hidrófilas dos fosfolipídios. A bicamada fosfolipídica teria interrupções poros revestidos internamente
por proteínas que permitiam a passagem de substâncias polares através da membrana e as não polares atra-
vessariam a bicamada diretamente.

À medida que avançaram os estudos sobre a estrutura membranar, alguns dados não corroboraram o mo-
delo de Davson e Danielli. Análises quantitativas aos constituintes membranares revelaram que as proteínas
não existiam em quantidade suficiente para cobrir toda a superfície da camada fosfolipídica. Para, além disso,
observaram que as proteínas alteravam a sua posição, evidenciando um comportamento dinâmico da organi-
zação membranar.
Surge então o modelo de mosaico fluido de Singer e Nicholson, em 1972. Este modelo admite uma estrutura
membranar não rígida, permitindo uma fluidez das suas moléculas. Os fosfolipídios não estão estáticos nas
camadas, podendo moverse lateralmente trocando de posição com outros fosfolipídios na mesma camada e,
ocasionalmente, sofrendo transversões (do inglês “flip-flop”) de uma camada para a outra.
O modelo considera a existência de dois grandes grupos de proteínas: as integradas e as periféricas. As
proteínas periféricas ou extrínsecas são definidas como proteínas que se dissociam da membrana após trata-
mentos com reagentes polares que não destroem a bicamada. Estas proteínas não estão inseridas na parte

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hidrofóbica interior dos lipídios, mas associadas às membranas por interações proteína-proteína através de
ligações eletrostáticas fracas. As proteínas integradas ou intrínsecas, pelo contrário só podem ser dissociadas
da membrana por disrupção da bicamada lipídica. Estas proteínas estão associadas às zona hidrofóbicas da
camada fosfolipídica, podendo mesmo atravessar a membrana de um lado ao outro (proteínas transmembra-
nares).
Estas últimas têm propriedades anfipáticas como os fosfolipídios, isto é, possuem partes hidrófilas e hidrofó-
bicas. As porções extracelulares das proteínas membranares estão geralmente associadas a glicídiosglicopro-
teínas, e as porções de carboidratos dos glicolipídios (glicídios associados a lipídios) estão ambas, geralmente,
expostas também no lado extracelular da membrana, formando o glicocálix. Esta camada na superfície celular
de glicolipídios e glicoproteínas transmembranares, protege a célula e facilita várias interações entre células,
como por exemplo, o reconhecimento de substâncias por parte da célula.
A passagem de substâncias através da membrana celular não ocorre sempre da mesma forma, dependen-
do do tipo de substância, uma vez que uma das propriedades da membrana é a permeabilidade seletiva. Em
alguns casos as substâncias podem atravessar a membrana sem a intervenção específica de moléculas trans-
portadoras transporte não mediado (osmose e difusão simples), enquanto que noutros casos são as proteínas
membranares que facilitam esse transporte mediado (transporte ativo e difusão facilitada).

PAREDE CELULAR
A parede celular, parede celulósica ou membrana esquelética celulósica, é uma estrutura de celulose resis-
tente e flexível que delimita as organelas celulares numa célula vegetal.

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Funções
As principais funções da parede celular é proporcionar sustentação, resistência e proteção contra patógenos
externos. Sendo assim, ela colabora com a absorção, transporte e secreção de substâncias.
Além disso, a parede celular funciona como um filtro das células vegetais, já que permite a troca de substân-
cias entre outras células vizinhas.
Ela também protege contra a entrada excessiva de água, evitando assim, a lise osmótica, ou seja, a ruptura
da célula. Outra importante função é que a parede celular confere forma as diversas células vegetais.
Estrutura
A parede celular é uma estrutura muito resistente composta por microfibrilas do polissacarídeo chamado
celulose.
Ela envolve a membrana plasmática e em sua estrutura possui poros que funcionam como filtros em relação
ao meio externo.

Classificação
A parede celular pode ser primária e secundária:
- Parede Celular Primária: são formadas basicamente de celulose, hemicelulose e pectinas. Apesar de fina,
ela é resistente e flexível, permitindo assim, o crescimento celular. Possui um teor de água elevado, com cerca
de 70%. Nas paredes primárias, as pontes de hidrogênio proporcionam maior elasticidade à estrutura.
- Parede Celular Secundária: são formadas basicamente de celulose e hemicelulose. Nem todos os organis-
mos vegetais apresentam esse tipo de estrutura. Ela é mais espessa que a primária, além de ser bem resistente
uma vez que é composta de lignina. Possui um teor de água menor que a primária, ou seja, de 20%. As paredes
secundárias limitam o espaço e conferem maior rigidez.
Além da parede primária e secundária, a lamela média é uma camada fina exterior as paredes que tem como
função ligar a célula com outras que estão próximas.

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Tipos
A parede celular está presente nas plantas, algas, fungos e algumas bactérias. Assim, eles diferem um pou-
co em relação a sua estrutura e composição.
- Parede Celular das Plantas: formada por microfibrilas de celulose, a parede celular das plantas possui ge-
ralmente uma parede primária e outra secundária.
- Parede Celular das Algas: formada por diferentes tipos de celulose como as paredes de glicoproteínas e
polissacarídeos.
- Parede Celular dos Fungos: formada por quitina, e em alguns casos, por celulose, a parede celular dos
fungos protege esses organizamos contra os invasores.
- Parede Celular Bacteriana: formada por peptidoglicano (açúcares ligados a aminoácidos), a parede celular
bacteriana é classificada em Gram Positiva e Gram Negativa.
Caracteristicamente a parede celular é rígida, o que faz com que acabe limitando o tamanho do protoplasto,
evitando a ruptura da membrana plasmática quando o protoplasto incha ao receber mais água. Esta parede ce-
lular em grande parte limita o tamanho e determina a forma da célula, a textura do tecido e consequentemente
a forma final do órgão.
Os diferentes tipos celulares vegetais, em sua grande maioria, são identificados pela estrutura de suas pa-
redes, refletindo uma estreita relação entre a estrutura da parede e a função da célula.
Durante muito tempo, considerou-se que a parede celular era uma estrutura externa e inativa produzida pelo
protoplasto. Entretanto, hoje se sabe que a parede celular possui funções essenciais e específicas, e por isso
considerada vital para a célula vegetal.
Na parede celular está localizada uma série de enzimas fundamentais, que atuam diretamente nos proces-
sos de transporte, secreção e absorção de substâncias pelas plantas. Assim como os vacúolos, podem servir
como sítios de atividade digestiva.
A parede celular desempenha um papel ativo na proteção contra fungos patogênicos e bactérias, recebendo
e processando informação da superfície do patógeno e transmitindo essa informação para a membrana plas-
mática.
A partir daí, mediante processos de ativação gênica, a célula vegetal pode então tornar-se resistente, por
meio da produção de antibióticos que são tóxicos aos patógenos (fitoalexinas) ou pela síntese e deposição de
substância, como por exemplo, a lignina, que por sua vez atua como uma barreira para a invasão dos patóge-
nos.
Alguns polissacarídeos que compõem a parede celular, conhecidas como oligossacarinas, podem mesmo
funcionar como moléculas sinalizadoras, regulando o crescimento e o desenvolvimento da planta.
As células são sistemas abertos, através dos quais se processam fluxos de matéria e de energia. A matéria,
sob a forma de pequenas moléculas, de macromoléculas ou mesmo de partículas complexas, transita do exte-
rior para o interior, através de mecanismos de complexidade variada e com diversos encargos energéticos para
a economia celular. Se há moléculas, como a água, o oxigênio, que transitam com extrema facilidade através
da membrana plasmática, por simples difusão, há outras que, pela sua dimensão ou lipofobia, implicam a ins-

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talação, na membrana, de mecanismos específicos. No caso de partículas complexas ou mesmo de macromo-
léculas, a captação tira partido da plasticidade da membrana, que se deforma especialmente para abraçar os
corpos a captar e os interiorizar, submetendo os de seguida a um processo interno de digestão, que faz apelo
à intervenção dos lisossomas.
Alguns nutrientes são absorvidos sob a forma pequenas moléculas, sendo a sua dimensão compatível quer
com a arquitetura molecular da membrana, quer com sistemas de transporte molecular nela inseridos. Para es-
tes, identificam-se diversas vias ou mecanismos de transporte membranar diferentes. Importa salientar desde
já que estes mecanismos são diferentes se o transporte se efetua a favor dos gradientes de potenciais químicos
ou eletroquímicos ou se, pelo contrário, se processa em contra corrente. Por sua vez, outros nutrientes são
captados sob a forma de macromoléculas ou partículas volumosas. Para estes, a célula recorre a sistemas de
transporte em massa, que têm por base o mecanismo da endocitose.
A maior ou menor facilidade com que as moléculas transitam através da membrana traduz-se pelo coefi-
ciente de permeabilidade, determinado em relação a uma dupla camada fosfolipídica artificial e expresso em
mm.s-¹.
O coeficiente de permeabilidade é, compreensivamente, função essencialmente de três fatores: a dimensão
da molécula, o seu estado de ionização e a sua afinidade para com os lipídeos, por isso têm-se tipos de trans-
porte diferentes para cada molécula. Por sua vez, a afinidade de uma substância para com os lipídeos traduz-se
pelo seu coeficiente de partição, o qual se calcula pela razão entre a solubilidade num óleo determinado e a
solubilidade na água.
A membrana plasmática funcional é chamada de plasmolema. O plasmolema, do ponto de vista funcional,
forma o limite externo da célula onde ela está em contato com o fluido extracelular. A parede celular externa ao
plasmolema não é uma barreira funcional entre a célula e o meio.

Permeabilidade diferenciada de diferentes categorias de moléculas


O processo pelo qual o soluto passa do substrato (solo, solução, nutritiva) para uma parte qualquer da célula
(parede, citoplasma, vacúolo). Definem-se dois tipos de mecanismo de absorção:
Passivo- o elemento entra sem que a célula necessite gastar energia deslocando-se de uma região de maior
concentração, a solução externa, para outra de menor concentração, a qual corresponde à parede celular,
espaços intercelulares e superfície externa do plasmolema; essas regiões delimitam o espaço livre aparente e
a quantidade de soluto nele contida corresponde a uns 15% do total absorvido; essa entrada processa-se por
fluxo de massa, difusão, troca iônica; os mecanismos são rápidos e reversíveis, isto é, o elemento contido no
espaço livre aparente pode sair dele.
Ativo- O processo ativo de absorção faz com que o soluto atravesse a barreira lipídica do plasmolema, atin-
gindo o citoplasma; deste, o elemento pode chegar ao vacúolo depois de vencer a outra barreira representada
pelo tonoplasto, para isso a célula tem que gastar energia, uma vez que o elemento caminha contrário ao gra-
diente químico, o mecanismo ativo é lento e irreversível. O transporte por carreador pode ser ativo ou passivo,
enquanto o transporte por canal iônico é sempre passivo. O transporte passivo é aquele que ocorre ao longo
de um gradiente eletroquímico e, às vezes, é chamado de difusão facilitada, quando envolve um canal iônico
ou um carregador.
Todos estes tipos de transporte podem ser evidenciados quando a planta é colocado sob estresse salino,

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mas os trabalhos realizados nessa área levaram a concluir que alterações adaptativas a esse estresse só foram
observadas no que diz respeito ao transporte H+ / Na+ na membrana plasmática.
Transporte Passivo
Designam-se genericamente por transportes passivos, todos aqueles que não impliquem, por parte da célu-
la, dispêndio de energia. Englobam-se nesta categoria, os transportes de eletrólitos ou de não eletrólitos que se
efetuam, respectivamente, a favor do gradiente de potenciais eletroquímicos ou de concentrações, sendo que
o fluxo de transporte passivo aumenta com a concentração. Há todavia que distinguir duas situações distintas,
decorrentes da natureza das moléculas e das suas permeabilidades: ou se trata de substâncias que podem
atravessar a membrana por simples difusão ou, pelo contrário, de moléculas que não o podem e, para as quais,
a célula dispõe de mecanismos especializados, que seriam as proteínas, facilitando o respectivo tráfego.
Transporte Facilitado
Para as circunstâncias em que a permeabilidade de uma determinada molécula essencial à vida da célu-
la, não permite a sua captação com a destreza requerida pelo metabolismo, a célula dispõe de mecanismos
membranares específicos. Se tais mecanismos não despenderem energia; designam-se genericamente por
transporte facilitado. São objeto de transporte facilitado, entre outras moléculas, os monossacáridos, como a
glicose, e os aminoácidos. Mas também, em certas circunstâncias, os íons são beneficiários destes sistemas
de transporte. O exemplo clássico que ilustra as características deste tipo de transporte é precisamente o da
glicose. Reconhecendo as características que lhe estão associadas, concebe-se um modelo baseado na exis-
tência de proteínas.
O transportador de membrana pode assumir duas configurações alostéricas consoante se encontre ligado
ou não a uma molécula de glicose. O sentido global do transporte obedece ao gradiente de concentrações
transportadoras (intrínsecas) susceptíveis de assumir duas configurações alostéricas consoante se verifique,
ou não, a sua ligação específica a uma molécula de glicose .
Tal sistema não oferece qualquer preferência de sentido, podendo promover tanto a saída como a entrada
de moléculas de glicose. O sentido do fluxo é apenas determinado pelo gradiente de concentração, tal como
da difusão simples. Com a diferença, porém, de que permite o trânsito de moléculas que, de outra forma, não
transporiam a barreira membranar.
Certas substâncias podem tornar as membranas permeáveis aos íons. São geralmente produzidas por mi-
crorganismos e atuam como antibióticos já que têm como efeito, contrariar drasticamente os equilíbrios iônicos
funcionais das células. Designam-se pelo termo genérico de ionóforos e podem apresentar estruturas muito
diversas.
Apresenta em comum a característica de serem pequenas edificações moleculares hidrófobas, que se dis-
solvem facilmente na bicamada lipídica. Distinguem-se essencialmente duas categorias de ionóforos: aqueles
que determinam a formação transitória de um canal e os que, sendo móveis, se comportam como barquetas,
assegurando o transporte os íons entre as duas faces da membrana.
Enquanto que o fluxo iônico proporcionado pelos primeiros não é afetado por um abaixamento da temperatu-
ra, o fluxo assegurado pelos ionóforos móveis diminui em idênticas circunstâncias. Compreende-se que assim
seja, dado que a agilidade das barquetas depende da fluidez da membrana e esta característica é função da
temperatura. Em ambos os casos, o transporte respeita o gradiente eletroquímico que, como se sabe, em con-
dições naturais, é bastante acentuado, e garantido pelas bombas de transporte ativo de íons.
Transporte Ativo
As células também necessitam de proteínas que ativamente bombeiem certos solutos através da membrana
contra seus gradientes eletroquímicos. Esse processo, conhecido como transporte ativo é sempre mediado por
proteínas carreadoras. No transporte ativo, proteínas carreadoras podem agir como bombas para transportar
um soluto contra o seu gradiente eletroquímico, usando energia fornecida pela hidrólise de ATP.
As células usam a energia armazenada no ATP para absorver solutos ativamente. O ATP libera energia
quando um dos seus fosfatos é hidrolizado formando ADP e fosfato inorgânico. Essa reação é catalisada por
uma enzima aparentemente presente em toda membrana, ela é chamada abreviadamente de ATPase. A maio-
ria da energia liberada pelas ATPases encontradas na membrana é usada para transportar prótons de um lado
da membrana para outro contra o gradiente eletroquímico.

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Osmose
As membranas biológicas são em maior ou menor grau seletivamente permeáveis, isto é, permitem a pas-
sagem do solvente e de determinados solutos dependendo do seu tamanho, natureza e carga elétrica. Essas
membranas semipermeáveis constituem um pré-requisito básico, tanto para definir, como para determinar a
pressão osmótica.
O processo osmótico ocorre nos vegetais e pode facilmente ser demonstrado por diversos experimentos. A
água e os sais solúveis penetram no vegetal através dos pelos das raízes. Na região dos pêlos, a concentração
em solutos é maior do que a concentração de solutos na água do solo. A pressão osmótica dentro das raízes
deve ser maior que a pressão osmótica na água do solo, para que tenha lugar a entrada de água; se esta con-
dição não for preenchida, cessa a crescimento da planta, pois, em geral, o crescimento da planta é afetado
quando declina a salinidade do solo.
A célula vegetal é vulnerável aos ambientes hipertónicos, que seriam meios com maior concentração de so-
lutos em relação a célula. A saída da água contida no seu vacúolo, quando em meio hipertônicos, provoca uma
diminuição do volume celular e, consequentemente, o afastamento da membrana plasmática relativamente à
parede celular. Este fenômeno designa-se comumente por plasmólise.
A grande diferença que se observa entre o coeficiente de permeabilidade da água medido na situação real
de uma membrana plasmática e o respectivo coeficiente de difusão (53 m m.s-¹), determinado em condições
ideais, leva a concluir que a passagem da água não se opera exclusivamente por difusão através da bicama-
da lipídica, mas que deverão existir poros ou canais por onde as moléculas de água possam transitar mais
facilmente. Por sua vez, demonstra-se experimentalmente, que a disposição das proteínas intrínsecas pode
também, em certas circunstâncias, favorecer o fluxo de água através da membrana.

Plasmólise. A: Conformação habitual de uma célula vegetal; B: célula vegetal sujeita um meio hiper-
tônico
Co-transporte
Os processos de co-transporte utilizam a energia armazenada na força motriz protônica, ou seja, no gradien-
te de potencial eletroquímico criado pela extrusão de prótons ( H+ ). Bimembranas de fosfolipídeos puras são
bastante impermeáveis ao H+. Membranas de vegetais possuem proteínas transportadoras para o H++. Estas
permitem ao H+ a se difundir de volta à célula e a estrutura da membrana é tal que só permite este retorno se
ele se move com outro íon ou soluto. Logo a força motriz protônica gerada pelo transporte eletrogênico de H+
é usada para conduzir o transporte de muitas outras substâncias contra o seu gradiente eletroquímico. Este
transporte acoplado e simultâneo de dois íons ou moléculas por um único carregador é chamado co-transpor-
te. Existem dois tipos principais de co-transporte, o simporte e o antiporte. No primeiro caso duas substâncias
movem-se na mesma direção através da membrana. Existem carreadores específicos para diferentes ânions,
co-transportados com H+.
Neste caso, observamos o mecanismo molecular do íon acompanhante, neste mecanismo o H+ se move a
favor de seu gradiente eletroquímico, enquanto que o ânion ou moléculas neutras são transportadas ativamen-
te. Nos mecanismos de antiporte, a absorção de H+ é usada para transportar cátions simultaneamente para
fora das células (troca iônica). Neste caso, o carreador combina-se com o H+ do lado externo da membrana e
com o cátion (sódio, por exemplo) no lado interno.

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A glicose é transportada para fora da célula por transporte facilitado e as bombas de sódio/potássio elimi-
nam, da célula, o excedente de Na+. Ainda que na etapa propriamente dita de captação da glicose, não se
tenha verificado consumo direto de ATP, o certo é que, globalmente, o processo é consumidor de energia, pois
implica, de forma diferida é certo, o funcionamento das bombas de sódio/potássio.
Difusão Simples e Difusão Facilita
A difusão simples é um tipo de transporte passivo de substâncias pela membrana celular.
A difusão sempre ocorrerá da região em que as partículas estão mais concentradas para regiões em que sua
concentração é menor.
Assim, ocorre a favor de um gradiente de concentração. Por isso, não há gasto de energia e nem a neces-
sidade de um carreador.
A difusão deve-se pelo fato das partículas estarem em constante movimentação.
Para que a difusão aconteça, duas condições devem existir:
- A membrana celular deve ser permeável a substância;
- Deve haver diferenças de concentração dessa substância entre a célula e o ambiente externo.
A difusão é importante para as células pois permite a entrada de substâncias essenciais ao metabolismo
celular. Ao mesmo tempo, permite a saída de excreções.
Exemplo de Difusão Simples
Um exemplo de difusão é a respiração.
Ao chegar aos alvéolos pulmonares, o oxigênio difunde-se para o sangue dos capilares. Enquanto, o gás
carbônico presente no sangue dos capilares difunde-se para o interior dos alvéolos.
Essa situação de trocas gasosas ocorre devido às diferenças de concentração entre os dois gases nos al-
véolos pulmonares.
Diferença entre a Difusão Simples e a Facilitada
A difusão simples e a facilitada tratam do mesmo processo de transporte passivo de substâncias através da
membrana celular.
A diferença é que na difusão facilitada existe o auxílio de proteínas, as permeases. Essas proteínas atuam
como carreadoras de substâncias. Elas capturam as moléculas e facilitam sua entrada na célula.
Bomba de sódio e potássio
A energia livre liberada durante o movimento de um íon inorgânico a favor de seu gradiente eletroquímico
é usada como a fonte de energia para bombear outros solutos contra seus gradientes eletroquímicos. Assim,
essas proteínas funcionam como transportadores acoplados algumas como simportadores outras como anti-
portadores.
Na membrana plasmática de células animais, o sódio é o íons usualmente cotransportador, cujo gradiente
eletroquímico fornece a força impulsora para o transporte ativo de uma segunda molécula. O sódio que entra
na célula durante o transporte é subseqüentemente bombeado para fora pela sódio potássio ATPase a qual,
por manter o gradiente de sódio, indiretamente fornece energia para o transporte. Por essa razão diz-se que
os carreadores impulsionados por íons medeiam o transporte ativo secundário, enquanto as ATPases transpor-
tadoras medeiam o transporte ativo primário. Assim, o transporte por proteínas carreadoras pode ser ativo ou
passivo enquanto o transporte por canais iônicos é sempre passivo.
A clonagem de DNA e os estudos de sequenciamento mostraram que as proteínas carreadoras pertencem a
um pequeno número de famílias, cada uma das quais compreende proteínas com sequências similares de ami-
noácidos e que se supõem terem evoluído de uma proteína ancestral comum atuar por um mecanismo similar.
A necessidade da existência de bombas iônicas decorre do fato de, por exigências funcionais, deverem man-
ter-se elevados desníveis dos teores relativos a diferentes íons, entre o interior da célula e o exterior. No caso
específico do sódio e do potássio, que é a mais importante, seria expectável que, a não existirem mecanismos
de bombeamento de íons que contrariem o gradiente, rapidamente se atingiria o equilíbrio, graças à simples

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difusão dos íons através dos respectivos canais.
Graças, porém às bombas de sódio/potássio, os fluxos passivos de saída do potássio e de entrada do sódio,
são constantemente contrariados por fluxos ativos. Assim se mantêm os desníveis de teor destes dois íons.

Esquema mostrando o funcionamento da Bomba de Sódio e Potássio.


Foram os pesquisadores Hodgkin & Keynes que observaram que o sódio intracelular passava para o meio
extracelular por um sistema que consumia energia metabólica, e que esse processo dependia da presença de
potássio. Para transportar sódio para fora e potássio para dentro da célula, a bomba retira energia da hidrólise
de ATP. Para cada ATP hidrolisado, três íons Na são removidos da célula e dois íons K são levados para den-
tro. Assim, a cada ciclo, uma carga positiva é transferida para o meio extracelular. A corrente gerada por essa
bomba ajuda a formar o potencial transmembrana.
Quando ela é estimulada a bombear íons em grande velocidade, sua corrente passa a contribuir de modo
relevante para a formação do potencial de membrana, atuando no sentido de hiperpolarizar a célula. A própria
concentração desses íons nos meios intra e extracelular que ativam a atividade dessa proteína.
Os gradientes de concentração que se cria com a atividade da bomba Na / K são usados como fonte de ener-
gia para que se processem os fenômenos da despolarização e da repolarização das células excitáveis. Servem,
também, para promover os diversos fluxos iônicos dos tipos co-transporte e contratransporte. No cotransporte,
a movimentação de um cátion arrasta consigo um ânion e no contratransporte, substâncias ou íons de mesma
polaridade são trocados entre os lados interno e externo da membrana.
Transporte em massa
Os sistemas que se descreveram anteriormente, destinam-se todos ao transporte de moléculas ou íons de
porte relativamente pequeno. Quando, porém se trata de captar uma macromolécula, tal como uma proteína,
ou mesmo uma partícula maior, que pode mesmo ser uma bactéria, os mecanismos descritos já não são ade-
quados. Nestes casos, a célula recorre ao mecanismo da endocitose, que consiste basicamente na formação
de uma depressão membranar, seguida do envolvimento de uma porção do meio extracelular onde a(s) partí-
cula(s) se encontra(m) e da invaginação da membrana e, finalmente, a formação de uma vesícula, denominada
genericamente por endossoma. Deve-se citar que esses processos ocorrem principalmente em células animais.
A pinocitose envolve a ingestão de fluidos e solutos através de vesículas pequenas (150nm de diâmetro) a
fagocitose envolve a ingestão de partículas grandes como microorganismos e pedaços de células, via vesículas
grandes denominadas fagossomos, geralmente maior que 250nm de diâmetro. Embora a maioria das células
eucarióticas esteja, continuamente, ingerindo fluidos e solutos por pinocitose, partículas grandes são ingeridas
principalmente por células especializadas em fagocitose. Pode-se observar na figura um exemplo.
A fagocitose, em protozoários, é uma forma de alimentação: partículas grandes captadas por endossomos

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chegam até os lisossomos e os produtos do processo de digestão subsequente chegam ao citosol para serem
utilizados como alimento. Entretanto, poucas células em organismos multicelulares, são capazes de ingerir,
eficientemente partículas grandes, e no intestino do animais, por exemplo, partículas grandes de alimento são
quebradas no meio extracelular antes de serem importadas para a célula.
A fagocitose é importante, para a maioria dos animais, para outros processos que não de nutrição. Em mamí-
feros existem dois tipos de glóbulos brancos no sangue especializados em fagocitose: macrófagos e neutrófilos
que nos defendem contra infecções, ingerindo os microrganismos invasores. Para que sejam fagocitadas as
partículas devem, em primeiro lugar, ligar-se a superfície do fagócito.

Endocitoses. A: pinocitose; B: fagocitose


Em muitas células a endocitose é tão extensiva que uma grande fração da membrana plasmática é inter-
nalizada a cada hora. Os componentes da membrana plasmática (proteínas e lipídeos) são continuamente
retornados à superfície celular em um ciclo endocítico-exocítico em grande escala, que é, em sua maior parte,
mediado por cavidades e vesículas recobertos por clatrina. Muitos receptores da superfície da célula, que ligam
macromoléculas extracelulares específicas, localizam-se em cavidades recobertas com clatrina, num processo
denominado endocitose mediado por receptores.
As vesículas endocíticas recobertas, rapidamente perdem sua cobertura de clatrina e se fundem com os
endossomos prematuros. Muitos ligantes se dissociam de seus receptores no ambiente ácido do endossomo e
acabam chegando aos lisossomos, enquanto muitos dos receptores são reciclados, via vesícula de transporte,
de volta para superfície da célula para serem reutilizadas. Mas, complexo ligante-receptor pode seguir outras
vias, a partir do compartimento endossomal. Em alguns casos, ambos, receptor e ligante, acabam sendo degra-
dados nos lisossomos, causando a “down regulation” dos receptores. Texto adaptado de CONTE. C. M.
Diferenciações da membrana.
As diferenciações da membrana são alterações observadas na superfície da membrana plasmática com a
função de auxiliar na realização de certas atividades no organismo. São elas: Microvilosidades, interdigitações,
desmossomos, plasmodesmos e invaginações de base.

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As microvilosidades- São dobras na superfície da membrana, voltadas para o lado de fora, em forma de
dedos de luvas. É uma frágil protuberância que se estende pela membrana, ampliando a superfície de
absorção.
- Ocorrência: células do epitélio intestinal.
- Função: aumentar a superfície de absorção das células.
- Ocorrência: células epiteliais.
- Função: aumentar a adesão entre as células.
Os Desmossomos- São regiões adjacentes entre as membranas plasmáticas de células vizinhas, onde ocor-
rem filamentos protéicos que interpenetram as duas células, formando presilhas.
- Ocorrência: células epiteliais.
- Função: aumentar a adesão entre as células.
As Invaginações de base- São dobras da membrana voltadas para o interior da célula.
- Ocorrência- Células dos túbulos renais
- Função- Promover a reabsorção dos nutrientes.
Os Plasmodesmos- São pontos de contato entre as membranas celulares das células vegetais vizinhas,
onde não ocorre deposição de celulose, formando pontes citoplasmáticas entre as mesmas.
- Ocorrência- células vegetais.
- Função- facilitar trocas de água e outras substâncias..
Reforços externos da membrana
A membrana plasmática é extremamente fina, e só é capaz de ser enxergada através de microscópio eletrô-
nico. Por ser tão fina assim, outras estruturas a recobrem, atribuindo-lhe uma proteção extra, que são parede
celular e glicocálix, o qual possui função primordial de proteção.
O termo cobertura celular ou glicocálix é frequentemente utilizado para descrever a região rica em carboidra-
tos na superfície celular. Esses carboidratos ocorrem tanto como cadeias de oligossacarídeos ligadas covalen-
temente a proteínas da membrana (glicoproteínas) (e lipídeos glicolipídeos), e na forma de proteoglicanos que

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consistem de longas cadeias de polissacarídeos ligados covalentemente a um núcleo protéico.
A cobertura de carboidratos ajuda a proteger a superfície celular de lesões mecânicas e químicas, em diver-
sos processos transitórios de adesão célula-célula, inclusive aqueles que ocorrem em interações espermatozói-
de-óvulo, coagulação sanguínea, e recirculação de linfócitos em respostas inflamatórias.
Se isolássemos uma célula de nosso corpo, notaríamos que ela esta envolta por uma espécie de malha feita
de moléculas de glicídios (carboidratos) frouxamente entrelaçadas.
Esta malha protege a célula como uma vestimenta: trata-se do glicocálix (do grego glykys, doce, açúcar, e
do latim calyx, casca envoltório).

Diversas funções têm sido sugeridas para o glicocálix. Acredita-se que, além de ser uma proteção contra
agressões físicas e químicas do ambiente externo, ele funcione como uma malha de retenção de nutrientes e
enzimas, mantendo um microambiente adequado ao redor de cada célula. Confere às células a capacidade de
se reconhecerem, uma vez que células diferentes têm glicocálix formado por glicídios diferentes e células iguais
têm glicocálix formado por glicídios iguais.

Nos animais, o glicocálix também terá função de reconhecimento celular, sendo, por exemplo, de grande
importância em transplantes. Assim, quanto mais parecido o glicocalix de uma pessoa for com o de outra, mais
fácil a compatibilidade da doação.
Parede Celular
A parede celular é uma estrutura localizada externamente, envolvendo a membrana plasmática, e está pre-
sente em células vegetais, organismos procariotos e alguns eucariotos, como os fungos. Ela é constituída por
cadeias de glicídios e aminoácidos, que variam entre as espécies, podendo variar até mesmo dentro do mesmo
indivíduo, de acordo com o tipo celular. Em fungos, o principal componente da parede celular é a quitina e, nas
plantas, a celulose.
Função da parede celular
A parede celular apresenta como principal função proteger a célula, reforçando-a externamente. Diante dis-
so, tem papel muito importante para evitar a plasmoptise (ruptura da célula devido ao aumento de líquido em

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seu interior) em plantas e alguns protozoários, bactérias e fungos. Nas células vegetais, que se mantêm muitas
vezes túrgidas, a parede celular permite o aumento da rigidez de alguns tecidos, auxiliando, assim, na susten-
tação de certas partes da planta.
Parede celular vegetal
A parede celular vegetal é constituída por microfibrilas de celulose polissacarídica, imersas em uma matriz
constituída por outros dois polissacarídeos, as hemiceluloses, que estabilizam a parede celular, e as pectinas,
que participam da constituição da lamela média, a qual une as paredes das células vizinhas. Entre as células,
também aparecem poros pelos quais passam fios de citoplasma, denominados plasmodesmos, o que facilita o
transporte de substâncias de uma célula para outra. Algumas espécies secretam uma parede celular secundá-
ria entre a parede celular primária e a membrana plasmática. Ela é constituída por diversas lâminas de material
mais resistente, proporcionando, assim, maior resistência e sustentação à célula.
A parede celular é formada pela deposição das microfibrilas por um arranjo entrelaçado e ocorre, geralmen-
te, de forma homogênea, podendo surgir algumas regiões mais espessas. Nas células que apresentam parede
celular secundária, esta se forma internamente à parede primária pela deposição de microfibrilas em um arranjo
ordenado. Nesse processo, inicia-se a lignificação, processo em que há a deposição da lignina, o que confere
um revestimento mais estável e resistente.
Curiosidade: A parede celular de algumas algas, além da celulose, apresenta também em sua constituição
o ágar e a carragenina, que são polissacarídeos utilizados pela indústria alimentícia como estabilizantes e para
dar consistência aos alimentos. Eles são usados ainda na indústria farmacêutica e em cosméticos, entre outras
utilidades. Texto adaptado de SANTOS. V. S. D.
Núcleo
O pesquisador escocês Robert Brown (1773- 1858) é considerado o descobridor do núcleo celular. Embora
muitos citologistas anteriores a ele já tivessem observados núcleos, não haviam compreendido a enorme im-
portância dessas estruturas para a vida das células.
O grande mérito de Brown foi justamente reconhecer o núcleo como componente fundamental das células.
O nome que ele escolheu expressa essa convicção: a palavra núcleo vem do grego nux, que significa semente.
Brown imaginou que o núcleo fosse à semente da célula, por analogia aos frutos.
O núcleo é o centro de controle das atividades celulares e o arquivo das informações hereditárias (aquelas
passadas de pai para filho), que a célula transmite às suas filhas ao se multiplicar. O comando do funcionamen-
to celular, desempenhado pelo núcleo, deve-se à presença de moléculas de ácido desoxirribonucleico (DNA)
em seu interior. A função mais importante do DNA é guardar os genes. Neles estão as receitas para todas as
proteínas que constituem um organismo, incluindo a informação sobre qual tipo de célula será produzido, e em
que quantidade, e quando cada proteína deverá ser produzida.
O núcleo é um aspecto característico da maioria das células eucarióticas. O núcleo é considerado como
sendo uma das mais importantes estruturas de células eucarióticas, uma vez que tem a função de armazena-
mento de informação, recuperação e duplicação da informação genética. É uma organela ligado à membrana
dupla que alberga o material genético sob a forma de cromatina. É constituída por uma mistura dinâmica dos
subcompartimentos nonmembranous variando de capacidade funcional. As características específicas de um
núcleo celular, especialmente em termos da natureza e distribuição dos compartimentos subnucleares e o po-
sicionamento dos cromossomas, dependem seu estado diferenciado no organismo.
A célula cromossomas também estão alojados no interior do núcleo. Cromossomas contêm DNA que propor-
ciona a informação genética necessária para a produção de outros componentes celulares e para a reprodução
de vida.

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O DNA , em uma célula eucariótica, está seqüestrada no núcleo, que ocupa em torno de 10% do volume
celular total. O núcleo é delimitado por um envelope nuclear formado por duas membranas concêntricas. Essas
membranas são vazadas, a intervalos regulares, por poros nucleares, que ativamente transportam moléculas
selecionadas do núcleo para o citosol.

A membrana nuclear é diretamente conectada a extensa rede de membranas do retículo endoplasmático e


é sustentada por redes de filamentos.
Uma das funções do envelope nuclear deve ser a de proteger as longas e frágeis moléculas de DNA das
forças mecânicas geradas pelos filamentos citoplasmáticos em eucariotos.
Dentro do núcleo está o nucléolo que se cora mais intensamente por ser rico em ácido ribonucléico (RNA).
O nucléolo é uma fábrica de RNA, e onde também se realizam as primeiras etapas da síntese dos ribosso-
mos. O resto do núcleo contêm cromatina, assim chamada por que ela cora numa forma característica.
A cromatina consiste de DNA, RNA e um número de proteínas especializadas.
Entre as divisões celulares a cromatina fica dispersa ao acaso dentro do núcleo, mas pouco antes da divisão
celular a cromatina torna-se organizada em discretos corpos granulares, os cromossomos.
Um cromossomo é formado por uma única molécula de DNA extremamente longa, que contêm uma série
de genes.
Um gene por sua vez é definido como uma seqüencia nucleotídica de uma molécula de DNA, que atua como
uma unidade funcional para a produção de uma molécula de RNA. Entre os grânulos de cromatina e o nucléolo
existe um fluido claro que foi denominado suco nuclear, nucleoplasma ou cariolinfa.
Em geral, o núcleo é a maior organela, medindo em torno de 5 µm na maioria das células. Quase sempre há
um núcleo por célula, mas também existem células plurinucleadas, por exemplo, quando há uma massa muito

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grande de citoplasma. Nesse caso, talvez sejam necessários vários núcleos para orientar a síntese de todas
as proteínas de que a célula precisa. É o que ocorre com certos fungos que multiplicam seus núcleos e formam
uma estrutura chamada plasmódio. Existem casos, como o da fibra muscular estriada esquelética, em que a
grande massa de citoplasma resulta da fusão de várias células embrionárias; a estrutura assim formada recebe
o nome de sincício.
Os componentes do núcleo são a cromatina (material genético), os nucléolos e o nucleoplasma, todos
envolvidos pela membrana nuclear. Nos organismos procariontes, não há um núcleo individualizado e o DNA
aparece na forma de uma molécula circular solta no citoplasma. Nos eucariontes, o material genético resulta da
associação das moléculas de DNA com proteínas e forma um conjunto de filamentos separado do citoplasma
por uma membrana. O termo cromatina (chrôma = cor) vem do fato de esses filamentos adquirirem cor visível
ao microscópio óptico na presença de corantes básicos (como o azul de metileno) ou de outras técnicas (veja o
quadro “Evidenciando o DNA”). A membrana nuclear ou carioteca (karyon = núcleo; théke = invólucro) apresen-
ta parede dupla com poros de cerca de 9 µm de diâmetro, através dos quais ocorre a troca de material entre o
núcleo e o citoplasma, até mesmo de macromoléculas, como as proteínas (figura abaixo).

A cromatina está mergulhada em um líquido, o nucleoplasma ou cariolinfa, constituído por água, sais mine-
rais, proteínas e materiais que participam da síntese de ácidos nucléicos. No nucleoplasma também há um ou
mais nucléolos, corpúsculos nos quais o RNA que forma o ribossomo é sintetizado de acordo com as instruções
do DNA, também presente nesses nucléolos. Esse RNA se junta a proteínas que vêm do citoplasma e forma as
subunidades precursoras dos ribossomos, que são exportadas para o citoplasma.
Evidenciando o DNA
A presença de DNA na cromatina pode ser demonstrada pela técnica de Feulgen (do cientista alemão Ro-
bert Feulgen; lê-se “fóiguem”), na qual se utiliza o reativo de Schiff, produto químico incolor que se torna violeta
ao combinar-se com o DNA. Dizemos, por isso, que o DNA é Feulgen positivo. O RNA não é corado por esse
processo; portanto, é Feulgen negativo.
Características gerais do núcleo celular
Os organismos procariontes, representados pelas bactérias e cianobactérias ou cianofíceas, não possuem
núcleo individualizado, ou seja, delimitado por uma membrana. Nos eucariontes, porém, o núcleo apresenta-se
perfeitamente individualizado e a membrana que o delimita é denominada carioteca.
Variações quanto à forma e quanto ao número
As células eucarióticas geralmente são dotadas de um único núcleo, que normalmente acompanha o for-
mato celular. Assim, o núcleo costuma ser: arredondado nas células isodiamétricas; alongado em células cilín-
dricas ou fusiformes; achatado nas células pavimentosas. Além das células mononucleadas, as mais comuns,

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existem células: multinucleadas as células musculares estriadas esqueléticas do corpo humano; anucleadas as
hemácias ou glóbulos vermelhos do sangue de mamíferos, as quais perdem o núcleo durante seu processo de
maturação; a ausência de núcleo nessas células explica o fato de elas exibirem uma curta duração no organis-
mo, devendo, portanto, ser continuamente produzidas.
Veja mais exemplos da diversidade de formas e de número de núcleos na figura a seguir:

Os experimentos de Balbiani
Os experimentos de merotomia (do grego meros, ‘parte’; tomia, ‘cortar’), realizados pelo cientista francês
Eduard Girard Balbiani, no final do século XIX, evidenciaram a função reguladora do núcleo. A merotomia con-
siste na secção ou corte de uma célula viva para estudo das modificações que vão ocorrendo nos fragmentos.
Trabalhando com amebas seccionadas, Balbiani verificou que a porção nucleada regenerava-se e sobrevivia,
ao contrário da porção anucleada, que degenerava. Quando, porém, em uma porção anucleada era enxerta-
do um núcleo transplantado de outra ameba, aquela porção sobrevivia e se reproduzia. Esses experimentos
demonstraram a importância do núcleo para a manutenção das atividades normais de uma célula, as quais
permitem sua sobrevivência e reprodução. Observe o esquema da figura abaixo.

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Forma, número e função
O núcleo é a região da célula onde se encontra o material genético (DNA) dos organismos tanto unicelulares
como multicelulares.
O núcleo é o que caracteriza os organismos eucariontes e os diferencia dos procariontes que não possuem
núcleo.
A grande parte das células é uninucleada, ou seja, possuem apenas um núcleo.
Mas algumas são binucleadas, pois possuem dois núcleos, e outras são plurinucleadas, isto é, possuem
mais de dois núcleos.
Função
O núcleo é como o cérebro da célula, pois é a partir dele que partem as decisões. É onde se localizam os
cromossomos compostos de moléculas de ácido desoxirribonucleico, DNA, que carrega toda a informação so-
bre as características da espécie e participa dos mecanismos hereditários.
Cada região do DNA é composto por genes que codificam as informações para a síntese de proteínas, que
ocorre nos ribossomos. De acordo com o gene codificado, será sintetizada um tipo de proteína, que será usada
para fins específicos.

Representação do processo de síntese proteica que começa no núcleo e depois acontece no citoplasma.
Além disso, quando o organismo precisa crescer ou se reproduzir a célula passa por divisões que acontecem
também no núcleo.
Componentes do Núcleo
O núcleo contém nucleoplasma, substância onde fica mergulhado o material genético e as estruturas que
são importantes para que desempenhe suas funções, como os nucléolos.
E também há a carioteca ou membrana celular, que delimita o núcleo e envolve o material genético.

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Representação da estrutura do núcleo e sua ligação com o retículo e os ribossomos.
Carioteca
A membrana que envolve o núcleo é chamada de carioteca, tem natureza semelhante às restante membra-
nas celulares, ou seja, dupla camada de lipídios e proteínas.
A membrana mais externa está ligada ao retículo endoplasmático e muitas vezes possui ribossomos aderi-
dos.
No lado interno da membrana interior há uma rede de proteínas (lâmina nuclear) que ajudam na sustentação
da carioteca e participam do processo de divisão celular, contribuindo para a fragmentação e reconstituição do
núcleo. Existem poros na carioteca que são importantes para controlar a entrada e saída de substâncias.
Cromatina
As moléculas de DNA associadas às proteínas histonas compõem a cromatina. A cromatina pode estar mais
densa, mais enrolada, sendo chamada heterocromatina que se diferencia da região de consistência mais frou-
xa, a eucromatina.
O conjuntos dos cromossomos que constituem cada espécie é o cariótipo; no ser humano, por exemplo, são
22 pares de cromossomos autossômicos e 1 par de cromossomos sexuais.
Os cromossomos humanos, por exemplo, têm forma e tamanho típicos o que facilita a sua identificação.
Nucléolos
Os nucléolos são corpos densos e arredondados compostos de proteínas, com RNA e DNA associados.
É nessa região do núcleo onde são fabricadas as moléculas de RNA ribossômico que se associam a certas
proteínas para formar as subunidades que compõem os ribossomos.
Essas subunidades ribossômicas ficam armazenadas no nucléolo e saem no momento de realização da
síntese proteica.
Divisão Celular
Nos organismos unicelulares a divisão celular representa a reprodução desses seres. Já nos multicelulares
a divisão é importante para o crescimento e desenvolvimento do organismo. O surgimento de uma nova célula
e todo processo de divisão é chamado de ciclo celular.

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Foto de mitoses que estão ocorrendo nas células de cebola observadas ao microscópio.
A divisão celular em que a célula origina duas células-filhas idênticas é denominado mitose. Os cromos-
somos se tornam tão condensados que podem inclusive ser vistos ao microscópio. Depois ocorrem diversas
fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase até que são originadas duas novas células.
Já quando na divisão a célula origina células-filhas com a metade do número de cromossomos o
processo é chamado de meiose. Na meiose acontecem dois ciclos de divisões consecutivas, chamadas
de Meiose I e Meiose II
Elementos nucleares
Envoltório Nuclear
O envoltório nuclear, também chamado envelope nuclear ou carioteca, é formado por duas membranas
concêntricas separadas pelo espaço perinuclear e sustentadas no lado nuclear por estruturas filamentosas. A
seguir, descrevemos as principais características dos componentes do envoltório nuclear.

Esquema básico do compartimento nuclear, mostrando as duas membranas que formam o envelope
Membrana nuclear externa – é contínua com o retículo endoplasmático rugoso, tendo frequentemente ribos-
somos aderidos, capaz, portanto, de sintetizar proteínas.
Espaço perinuclear – é contínuo com o lúmen do retículo endoplasmático.
Membrana nuclear interna – a bicamada lipídica dessa membrana também é semelhante à do retículo en-
doplasmático, sendo contínua com a membrana externa em alguns pontos, porém seus lipídios e proteínas
não se difundem livremente pela membrana externa e pelo retículo. Por isso, a membrana nuclear interna tem
composição especial. Entre as moléculas mais importantes dessa membrana, destacam-se receptores que vão
ancorar a lâmina nuclear, que está abaixo dela, e moléculas envolvidas com a homeostase de cálcio.
Lâmina nuclear – É uma rede de filamentos entrecruzados, classificados como filamentos intermediários por
causa de sua espessura e características de polimerização e despolimerização.
Os filamentos da lâmina são formados por proteínas chamadas laminas (a palavra é assim mesmo, paroxíto-

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na quando se refere às proteínas e proparoxítona quando se refere ao conjunto dos filamentos). As laminas são
expressas nas células de quase todos os metazoários, com exceção dos fungos e dos vegetais. Nos mamíferos
existem cerca de 60 laminas que podemos classificar em dois diferentes grupos: laminas A e B.
A lâmina nuclear fica sempre logo abaixo da membrana nuclear interna, porque um de seus componentes,
a lamina tipo B, está preso a esta membrana por um receptor. Já as laminas do tipo A têm afinidade pela cro-
matina interfásica.
As laminas têm um papel importante na manutenção da forma e do tamanho do núcleo. Isso ficou demons-
trado com o seguinte experimento: o gene da lamina B3 de camundongo, que é expresso em espermatócitos,
foi transfectado para células somáticas. Depois da transfecção, as células somáticas, cujo núcleo era arre-
dondado, passaram a apresentar núcleo em forma de gancho, característico dos espermatócitos. As laminas
também estão envolvidas em suportar as deformações que o núcleo sofre quando empurrado pelas outras
organelas. Células mutantes que tiveram os genes de laminas deletados não são mais capazes de consertar
deformações do núcleo, que continua deformado até a próxima mitose.
Cromatina aderida – Existe uma camada de heterocromatina logo abaixo da lâmina que permanece asso-
ciada ao envoltório nuclear durante toda a intérfase. Esse posicionamento da cromatina é importante para a
própria organização do genoma e é mantido pela associação das laminas do tipo A com a cromatina. Você pode
perceber que o posicionamento dos componentes do envoltório nuclear é mantido pela interação da lâmina com
a membrana interna (através das laminas tipo B) e com a cromatina aderida (através das laminas tipo A).
Complexos do poro – O envoltório nuclear possui poros estruturados que atravessam as duas membranas
nucleares, constituindo, assim, uma comunicação direta entre os ambientes citossólico e nuclear.

Esquema simplificado do complexo do poro. Repare que as membranas externa e interna são contínuas,
mas se mantêm isoladas porque proteínas transmembrana que fazem parte da estrutura do poro bloqueiam a
livre movimentação de proteínas e lipídios entre elas.
A estrutura de cada poro é formada por três anéis: o anel citoplasmático, exposto na membrana externa; o
anel nuclear, exposto na membrana interna, e um anel mediano na região do espaço perinuclear. Cada anel
é formado por oito partículas. As partículas do anel mediano são transmembrana, sendo por isso chamadas
estacas radiais, e formam a barreira que limita a fluidez de proteínas e lipídios entre as membranas externa e
interna. Do anel citoplasmático projetam-se longas fibrilas envolvidas com o reconhecimento das moléculas que
poderão atravessar o poro. Do anel nuclear, projetam-se outros filamentos que se prendem a um anel distal,
parecendo uma cesta de basquete. O conjunto desses filamentos mais o anel distal é chamado cesta nuclear.
Os poros nucleares medem cerca de 120 nm. No entanto, o diâmetro do canal formado pelo poro pode variar
entre 9 e 50 nm. Pequenas moléculas, com até 5.000 daltons, são transportadas livremente pelos poros nucle-
ares. Por outro lado, o transporte de proteínas ou subunidades ribossomais, requer mudanças conformacionais
no poro, de forma a aumentar o diâmetro da luz do canal, permitindo o transporte de moléculas de até 26 nm.
Como vimos na unidade 3, o transporte de proteínas através do poro nuclear é mediado por proteínas deno-
minadas importinas ou exportinas. A interação das importinas com as fibrilas citoplasmáticas dos poros nuclea-
res é que vai promover as mudanças conformacionais no poro de forma a permitir a abertura da luz do canal e
o transporte das macromoléculas para o nucleoplasma.
Nucleoplasma
O nucleoplasma é a região delimitada pelo envelope nuclear que contém o material genético e as macro-
moléculas associadas ao controle da expressão gênica. Vamos, agora, conhecer um pouco sobre as principais
estruturas presentes no nucleoplasma.

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Núcléolos
O nucléolo é a região do nucleoplasma onde se localizam os genes que codificam para o RNA ribossomal
(RNAr), sendo, ainda, o local da biogênese dos ribossomos. Após transcrição destes genes, pela enzima RNA
Polimerase I, o RNAr é processado e as subunidades ribossomais montadas no próprio nucléolo. O nucléolo
aparece, sob microscopia eletrônica de transmissão, como uma região bastante eletrodensa. Apesar de pare-
cer homogêneo, uma análise mais detalhada do nucléolo revela que este apresenta regiões bem definidas sob
o ponto de vista estrutural e funcional. A estrutura nucleolar pode ser dividida em: centros fibrilares (local de
concentração de genes e RNA Polimerase I); componente fibrilar denso (local de síntese do RNAr); e compo-
nente granular ou nucleolema (local de montagem das subunidades ribossômica).

Fotomicrografia de um núcleo evidenciando o nucléolo, a eucromatina e a heterocromatina.


Cromatina e Cromossomos
A cromatina é uma estrutura formada pela associação não covalente entre o DNA e as proteínas histonas.
Essa associação é responsável pela condensação (compactação) do material genético. A formação da croma-
tina permite que uma molécula de DNA, cuja extensão linear é de quase 2 metros, possa ser armazenada em
uma organela cujo diâmetro é de aproximadamente 10 µm. Este incrível grau de compactação possui um papel
extremamente importante para as células eucarióticas, uma vez que um volume muito maior de informação ge-
nética pode ser armazenado, refletindo, assim, em um grau de complexidade biológica extremamente prolífico.
A condensação da cromatina, além de reduzir o volume da molécula de DNA e permitir que a mesma seja
armazenada no interior do núcleo, também é importante por controlar a expressão gênica. É importante res-
saltar que o DNA nuclear das células eucarióticas é linear, em oposição ao DNA dos procariotos ou do DNA
presente nas mitocôndrias das células eucarióticas, que possui uma estrutura circular. A cromatina é formada
por unidades repetidas de 146 pares de bases de nucleotídeos que envolvem um octâmero de histonas. Essas
unidades são denominadas nucleossomos e a união entre elas forma a fibra de cromatina, uma estrutura que
se assemelha a um colar de pérolas, onde as contas são os nucleossomos. O DNA localizado entre dois nucle-
ossomos é denominado DNA de ligação.

Esquema representando uma fibra de cromatina


As histonas são proteínas ricas em resíduos de aminoácidos básicos na sua região aminoterminal. As his-
tonas que constituem o nucleossomos são denominadas histonas nucleossomais e incluem as histonas H2,
H3A, H3B e H4. A compactação da molécula de DNA deve-se à interação entre as cadeias laterais carregadas
positivamente das histonas e os grupamentos fosfatos da molécula de DNA. Apesar de não constituir os nu-
cleossomos, a histona H1 também é importante para a configuração estrutural da cromatina, ao se associar à
fibra de cromatina e aos próprios nucleossomos. O grau de condensação da cromatina pode ser regulado de

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diversas formas.
A regulação da condensação da cromatina é uma das formas que as células eucarióticas possuem para
controlar a expressão gênica. A condensação da cromatina é inversamente proporcional à capacidade de trans-
crição gênica, ou seja, os genes só podem ser transcritos quando localizados em regiões menos condensadas
da cromatina. Duas enzimas são fundamentais no controle do grau de condensação da cromatina. A histona
acetiltransferase (HAT) é a enzima responsável pela adição de grupamentos acetila à cadeia lateral de resíduos
de lisinas nas histonas, diminuindo a interação destas proteínas com a molécula de DNA, e promovendo, assim,
a descondensação da cromatina. A enzima histona desacetilase (HDAC), por sua vez, é responsável pela remo-
ção dos grupamentos acetila, portanto, pelo aumento da interação das histonas com a molécula de DNA e pela
condensação da cromatina. Sob o ponto de vista estrutural e funcional, a cromatina pode ser classificada em
eucromatina e heterocromatina. A eucromatina é caracterizada, morfologicamente, sob microscopia eletrônica
de transmissão, como a região mais clara e menos densa da cromatina. Por outro lado, a heterocromatina é a
região mais eletrodensa sob microscopia eletrônica, refletindo um maior grau de condensação da cromatina.
Os cromossomos são formados pela compactação da cromatina, e são encontrados somente na fase de
mitose do ciclo celular. O grau de compactação observado entre a fibra de DNA e os cromossomos é de cer-
ca de 10.000 vezes. Essa compactação é fundamental para que o material genético seja distribuído de forma
homogênea e íntegra, após a devida duplicação, para as células filhas durante a divisão celular. A análise do
padrão cromossomial de uma dada espécie gera um perfil específico que denominamos cariótipo, que inclui o
número de cromossomos, o tamanho dos cromossomos, bem como a localização dos centrômeros (região de
união das cromátides irmãs e onde ocorre a ligação das proteínas que compõem o fuso mitótico). Texto adap-
tado de FEITOSA. A.
Estrutura, componentes e funções
O núcleo, a maior organela das células animais, é envolto por duas membranas: uma externa, em contato
com o citoplasma, e outra interna a esta. Cada uma delas, tal qual a membrana plasmática, é constituída de
uma bicamada de fosfolipídios e muitos tipos diferentes de proteínas. A esse envoltório (ou envelope) nuclear é
dado o nome de carioteca. Apenas células eucariotas possuem carioteca.

Figura 1: O núcleo celular possui um envoltório membranoso, chamado carioteca, que separa o conteúdo
do núcleo do restante da célula, além de controlar a passagem de substâncias do núcleo para o citoplasma e
vice-versa.
A carioteca é perfurada por milhares de poros, através dos quais determinadas substâncias entram e saem
do núcleo. Os poros nucleares são mais do que simples aberturas. Em cada poro. existe uma complexa es-
trutura protéica que funciona com o uma válvula, abrindo-se para dar passagem a determinadas moléculas,
fechando-se em seguida. Dessa forma, a carioteca, assim como a membrana plasmática para a célula, pode
controlar a entrada e a saída de substâncias no núcleo.

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Cromossomos e Cromatina
Cada célula humana contém aproximadamente dois metros de DNA de uma ponta à outra. No entanto, o
núcleo celular, que abriga o DNA, tem somente cerca de seis micrometros! Considerando que um micrometro
é um milhão (1.000.000) de vezes menor que um metro, você deve estar se perguntando: como o DNA é guar-
dado no núcleo da célula?
Bem, o empacotamento do DNA é possível graças à presença de proteínas nucleares que se ligam à mo-
lécula de DNA, fazendo com que esta se enrole ao seu redor, como uma linha em torno de um carretel. Estas
estruturas, então, enrolam-se umas nas outras, compactando-se ainda mais. A essa conformação compactada
do DNA é dado o nome de cromossomo. E ao complexo DNA + proteínas é dado o nome de cromatina.

Figura 2: Compactação do DNA. À molécula de DNA associam-se proteínas nucleares que dirigem
um processo de dobramento da molécula de maneira organizada até a formação de uma estrutura com-
pacta – o cromossomo.
Ao longo de sua estrutura, um cromossomo apresenta uma ou mais constrições. A constrição primária (ou
centrômero) está presente em todos os cromossomos, representando um estrangulamento que origina os seus
braços. Os cromossomos de uma célula que não está em divisão apresentam apenas dois braços, enquanto o
cromossomo de uma célula que se prepara para se dividir apresenta quatro. Isso é o resultado da duplicação do
cromossomo (processo que você conhecerá mais adiante). Cada braço duplicado de um mesmo cromossomo
recebe o nome de cromátide irmã.

Figura 3: Cromossomos de células que não estão em processo de divisão celular apresentam somente dois
braços (em verde), enquanto células que se preparam para entrar em divisão apresentam quatro braços (em

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azul). Os braços duplicados são chamados de cromátides irmãs.
A posição ocupada pelo centrômero dá origem a quatro classes de cromossomos:
1. Cromossomo Telocêntrico - O centrômero é terminal e o cromossomo apresenta apenas um braço. É o
único tipo que não ocorre na espécie humana (Figura 4A).
2. Cromossomo Acrocêntrico - O cromossomo apresenta um braço bem maior que o outro (Figura 4B).
3. Cromossomo Submetacêntrico - O centrômero é quase mediano e o cromossomo apresenta dois braços
desiguais de dimensões próximas (Figura 4C).
4. Cromossomo Metacêntrico - O centrômero é mediano e o cromossomo apresenta os dois braços do mes-
mo tamanho (Figura 4D).

Figura 4:Classificação dos cromossomos de acordo com a posição ocupada pelo centrômero. A) Cromos-
somo telocêntrico; B) Cromossomo acrocêntrico; C) Cromossomo submetacêntrico; D) Cromossomo metacên-
trico.
Nos cromossomos, encontramos os genes. Cada gene corresponde a uma sequência da molécula de DNA
que é responsável pela receita para a produção de uma proteína. Nesse ponto, é importante saber que as pro-
teínas são moléculas que compõem praticamente todas as estruturas celulares, desde organelas a membranas
e até o próprio núcleo.
O número de cromossomos é constante em indivíduos de mesma espécie, mas varia de espécie para
espécie. As células que formam o corpo (chamadas células somáticas) da espécie humana possuem 46 cro-
mossomos em seus núcleos. Desses, 2 cromossomos são sexuais, XX para mulheres e XY para homens e 44
cromossomos são autossomos, ou seja, iguais para ambos os sexos. Texto adaptado de ALBERTS. B, et al.
Citoesqueleto e movimento celular
O citoesqueleto é um sistema de proteínas filamentosas presente tanto em organismos eucariotos quanto
em organismos procariotos. O termo citoesqueleto (originalmente, cytosquelette) foi cunhado pelo embriolo-
gista e zoologista francês Paul Wintrebert, no ano de 1931, ao acreditar na existência de uma rede intracelular
resistente e elástica.
O citoesqueleto é constituído por três sistemas filamentosos: microfilamentos (filamentos de actina), micro-
túbulos e filamentos intermediários. O citoesqueleto participa de uma série de eventos celulares dinâmicos, tais
como: a divisão celular; o transporte intracelular de vesículas; o movimento flagelar ou ciliar; mobilidade celular,
e a fagocitose. Sendo importante, ainda, para a determinação do formato celular e por conferir proteção contra
estresses mecânicos. Veremos, agora, as principais características estruturais e funcionais de cada tipo de
filamento que compõe o citoesqueleto.
MICROFILAMENTOS OU FILAMENTOS DE ACTINA
Os filamentos de actina também são conhecidos por microfilamentos por apresentarem o menor diâmetro
(entre 6 e 8 nm) entre os componentes do citoesqueleto. Os microfilamentos são formados pela polimerização
da proteína globular actina G. A associação dos monômeros de actina G formam dois protofilamentos polari-
zados dispostos de maneira paralela em uma dupla hélice e unidos por interações laterais não-covalentes. O
filamento formado pela união de dois protofilamentos também é conhecido como actina F. A adição das subuni-
dades monoméricas de actina G ocorre na extremidade mais (+), e a despolimerização, na extremidade menos
(-). A polimerização da actina G nos filamentos depende de sua ligação com a molécula de ATP, ao passo que
o desligamento das subunidades de actina G depende da hidrólise do ATP, formando ADP e fosfato inorgânico.

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Representação superficial da estrutura atômica de um filamento de actina com 14 subunidades. (+) – extre-
midade mais; (-) – extremidade menos.
Os filamentos de actina podem estar associados a diversas proteínas, que promovem, por exemplo, a sua
interação com a membrana plasmática, a formação de malhas ou feixes de filamentos, o deslocamento de um
filamento sobre outro, ou o aumento ou diminuição da estabilidade do polímero.
Os filamentos de actina são responsáveis pela formação de projeções da membrana plasmática em proces-
sos de migração celular e fagocitose, além da estruturação das microvilosidades presentes em células epite-
liais. A actina F também importante na determinação do formato celular e no processo de clivagem celular que
ocorre durante a citocinese.
FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
Os filamentos intermediários possuem um diâmetro de cerca de 8 a 10 nm, situando-se entre os filamen-
tos de actina e os microtúbulos. Estes filamentos são importantes na sustentação e estruturação do envelope
nuclear, na coesão entre células epiteliais (junções célula-célula) e na resistência mecânica contra estresses
físicos. Os filamentos intermediários são formados por uma grande e diversa família de proteínas fibrosas,
que são classificadas em 6 tipos diferentes de acordo com as homologias das sequências de DNA e resídu-
os de aminoácidos. Existem pelo menos 65 genes codificantes para proteínas que constituem os filamentos
intermediários em humanos. As proteínas que formam os filamentos intermediários não apresentam sítios de
ligação a nucleotídeos, como as proteínas relacionadas aos microfilamentos ou aos microtúbulos. A formação
do polímero ocorre a partir de uma associação antiparalela retorcida do tipo cabeça-cauda, onde o domínio
amino-terminal de uma cadeia polipeptídica encontra-se justaposto ao domínio caboxi-terminal da outra cadeia.

Classificação das proteínas formadoras de filamentos intermediários.


MICROTÚBULOS
Os microtúbulos são a terceira classe de proteínas que constituem o citoesqueleto. O diâmetro médio de
um filamento de microtúbulo é de aproximadamente 25 nm, sendo o mais espesso de todos os filamentos que

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compõem o citoesqueleto. Os microtúbulos estão envolvidos em diversos processos celulares, incluindo a for-
mação do fuso mitótico durante a divisão celular, o tráfego intracelular de vesículas e organelas, e a formação
dos cílios e flagelos das células eucarióticas.
Assim como nos filamentos de actina, o microtúbulo também é formado pela polimerização de proteínas
globulares. Estas proteínas, denominadas tubulinas α e β, formam os heterodímero responsáveis pelo elon-
gamento do filamento. Os microtúbulos, da mesma forma que a actina F, também apresentam uma estrutura
polarizada, onde a adição das subunidades de tubulina ocorre na extremidade mais (+), e a dissociação destas
subunidades, na extremidade menos (-). A adição do heterotrímero ao polímero é mediada pela ligação das su-
bunidades de tubulina com o trifosfato de guanosina (GTP). Após a incorporação do heterotrímero no filamento,
o GTP é hidrolisado em difosfato de guanosina (GDP), o que afeta a estabilidade do heterodímero no filamento
e permite uma eventual separação do mesmo. Este processo é conhecido como instabilidade dinâmica e é
fundamental para todos os processos biológicos regulados pelos microtúbulos.
A nucleação e organização dos microtúbulos ocorrem em regiões especializadas no citoplasma, denomina-
das centros organizadores dos microtúbulos, e inclui os centrossomos, estrutura supramolecular composta por
um par de centríolos e os corpúsculos basais. A proteína responsável pela na nucleação dos microtúbulos, nos
centrossomos, é a tubulina γ.
CITOESQUELETO EM PROCARIOTOS
Os elementos do citoesqueleto presentes nos procariotos são importantes para a divisão celular, e para a de-
terminação do formato e da polaridade celular. Os componentes do citoesqueleto dos organismos procariotos
são semelhantes aos encontrados nas células eucarióticas. A proteína FtsZ, por exemplo, é responsável pela
formação do anel contráctil durante a divisão celular, de forma semelhante ao anel de actina e miosina presente
nas células eucarióticas. Duas outras proteínas, denominadas MreB e crescentina, são responsáveis pelo for-
mato celular não-esferoidal de algumas bactérias. A MreB se assemelham, estruturalmente, à actina, enquanto
que a crescentina assemelha-se aos filamentos intermediários, sendo encontrada nas espécies Caulobacter
crescentus e Helicobacter pylori.
PROTEÍNAS MOTORAS
As proteínas motoras são proteínas associadas aos microtúbulos ou aos filamentos de actina, e que ao inte-
ragirem com outras proteínas, organelas ou vesículas, permitem a movimentação estas estruturas pela célula.
A proteína miosina é a proteína motora associada aos filamentos de actina. Inicialmente descrita em células
musculares, sabemos, hoje, que a miosina é encontrada nos mais variados tipos celulares, participando de
fenômenos tão diversos como a contração muscular e o transporte vesicular.
Duas proteínas motoras encontram-se associadas aos microtúbulos: a dineína, envolvida no movimento
dos cílios e flagelos; e a cinesína, relacionada ao movimento dos cromossomos e de vesículas e organelas.
Ambas as proteínas utilizam a hidrólise da molécula de ATP para proporcionarem mobilidade aos componentes
celulares. A cinesina se movimenta em direção à extremidade mais (+) e a dineína em direção à extremidade
menos (-).

Esquema ilustrativo demonstrando a associação da cinesina com o microtúbulo.


O citoesqueleto é uma estrutura altamente dinâmica e complexa e que participa de funções celulares essen-

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ciais. Inúmeros estudos relacionam determinadas patologias do sistema nervoso às alterações na formação
do citoesqueleto e na expressão de proteínas associadas a ele. A epilepsia do lobo temporal, as displasias
corticais e a esquizofrenia são exemplos de patologias que apresentam algum tipo de envolvimento com as
alterações que ocorrem na formação citoesquelética.
Apesar do significativo conhecimento existente sobre o citoesqueleto e proteínas associadas aos microtú-
bulos, não se sabe exatamente os mecanismos responsáveis pelas modificações estruturais encontradas em
algumas patologias. Além do papel bem estabelecido do citoesqueleto como componente estrutural e citoarqui-
tetônico, sua participação como facilitador do tráfico intracelular de neurotransmissores e outras macromolécu-
las é função ainda a ser melhor explorada e compreendida. Texto adaptado de MONTEIRO. M. R; KANDRATA-
VICIUS. L; LEITE. J. P.
ENERGIA
As células dos organismos vivos necessitam de energia para realizar os seus processos de crescimento e
manutenção vital, entre os quais estão os de sintetizar novas substâncias, realizar movimentos, estabelecer
trocas passivas e ativas de substâncias através de membranas, produzir calor, eliminar resíduos, desencadear
processos de reprodução, etc.
Para obter essa energia realizam o processo de respiração celular que consiste basicamente no processo
de extração da energia química armazenada nas moléculas de glicose, com a participação do oxigênio. É um
processo contínuo, que acontece em todas as células dos seres aeróbios, tanto de dia como de noite. Se o me-
canismo respiratório de entrada de O2 for paralisado num indivíduo, suas células deixam de dispor de energia
necessária para o desempenho de suas funções vitais e inicia-se, então, um processo de desorganização da
matéria viva, o que acarreta a morte do indivíduo.
A respiração celular da maioria dos seres vivos se realiza dentro de uma estrutura com forma de chinelo: o
mitocôndrio, que são verdadeiras “Usinas” de energia. O número de mitocôndrios de uma célula varia de alguns
até centenas, dependendo se a célula realiza menos ou mais intensamente a respiração celular.

Nos organismos aeróbicos, a equação simplificada da respiração celular pode ser assim representada:
C6H12O6+O2-> 6 CO2 + 6 H2O + energia
A respiração é um fenômeno de fundamental importância para o trabalho celular e, portanto, para manuten-
ção de vida num organismo. A fotossíntese depende da presença de luz solar para que possa ocorrer.
Já a respiração celular, inclusive nas plantas, é processada tanto no claro como no escuro, ocorre em todos
os momentos da vida de organismo e é realizada por todas as células vivas que o constituem. Se o mecanismo
respiratório for paralisado num indivíduo, suas células deixam de dispor de energia necessária para o desem-
penho de suas funções vitais; inicia-se, então, um processo de desorganização da matéria viva, o que acarreta
a morte do indivíduo.

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Na respiração, grande parte da energia química liberada durante oxidação do material orgânico se trans-
forma em calor. Essa produção de calor contribui para a manutenção de uma temperatura corpórea em níveis
compatíveis com a vida, compensando o calor que normalmente um organismo cede para o ambiente, sobre-
tudo nos dias de frio.
Isso se verifica principalmente em aves e mamíferos; em outros grupos, como os anfíbios e os repteis, o or-
ganismo é aquecido basicamente através de fontes externas de calor, quando, por exemplo, o animal se expõe
ao sol.
Tipos de respiração
Já vimos que nos seres vivos a energia química dos alimentos pode ou não ser extraída com a utilização do
gás oxigênio. No primeiro caso, a respiração é chamada aeróbica. No segundo, anaeróbica.
Respiração aeróbica
A respiração aeróbica se desenvolve sobretudo nas mitocôndrias, organelas citoplasmáticas que atuam
como verdadeiras “usinas” de energia.
C6H12O6 + O2 → 6 CO2 + 6 H2O + energia
Nessa equação, verifica-se que a molécula de glicose (C6H12O6) é “desmontada” de maneira a originar
substâncias relativamente mais simples (CO2 e H2O). A “desmontagem” da glicose, entretanto, não pode ser
efetuada de forma repentina, uma vez que a energia liberada seria muito intensa e comprometeria a vida da
célula. É preciso, portanto, que a glicose seja “desmontada” gradativamente. Assim, a respiração aeróbica com-
preende, basicamente, três fases: glicólise, ciclo de Krebs e cadeia respiratória.
Glicólise
Glicólise significa “quebra”. Nesse processo, a glicose converte-se em duas moléculas de um ácido orgânico
dotado de 3 carbonos, denominado ácido pirúvico (C3H4O3). Para a ser ativada e tornar-se reativa a célula
consome 2 ATP (armazena energia química extraída dos alimentos distribuindo de acordo com a necessidade
da célula). No entanto, a energia química liberada no rompimento das ligações químicas da glicose permite a
síntese de 4 ATP. Portanto, a glicólise apresenta um saldo energético positivo de 2 ATP.
Na conversão da glicose em ácido pirúvico, verifica-se a ação de enzimas denominadas desidrogenases,
responsáveis, como o próprio nome diz, pela retirada de hidrogênios. Nesse processo, os hidrogênios são reti-
rados da glicose e transferidos a dois receptores denominados NAD (nicotinamida adenina dinucleotídio). Cada
NAD captura 2 hidrogênios. Logo, formam-se 2 NADH2.
Obs: A glicólise é um fenômeno que ocorre no hialoplasma, sem a participação do O2.
Ciclo de Krebs
O ácido pirúvico, formado no hialoplasma durante a glicose, penetra na mitocôndria, onde perde CO2, atra-
vés da ação de enzimas denominadas descarboxilases. O ácido pirúvico então converte-se em aldeído acético.

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O aldeído acético, pouco reativo, combina-se com uma substância chamada coenzima A (COA), originando
a acetil-coenzima A (acetil-COA), que é reativa. Esta, por sua vez combina com um composto. Nesse momento
inicia-se o ciclo de Krebs, fenômeno biológico ocorrido na matriz mitocondrial.
Cadeia respiratória
Essa fase ocorre nas cristas mitocondriais. Os hidrogênios retirados da glicose e presentes nas moléculas
de FADH2 e NADH2 são transportados até o oxigênio, formando água. Dessa maneira, na cadeia respiratória
o NAD e o FAD funcionam como transportadores de hidrogênios.
Na cadeia respiratória, verifica-se também a participação de citocromos, que tem papel de transportar elé-
trons dos hidrogênios. À medida que os elétrons passam pela cadeia de citocromos, liberam energia gradativa-
mente. Essa energia é empregada na síntese de ATP.
O processo respiratório aeróbico pode, então, ser equacionado assim:
C6H12O6 + 6 O2→ CO2 + 6 H2O + 38 ATP
Respiração anaeróbica
O processo de extração de energia de compostos sem utilização de oxigênio (O2) é denominado respiração
anaeróbica. Alguns organismos, como o bacilo de tétano, por exemplo, têm na respiração anaeróbica o único
método de obtenção de energia são os chamados anaeróbicos estritos ou obrigatórios. Outros como os levedos
de cerveja, podem realizar respiração aeróbica ou anaeróbica, de acordo com a presença ou não de oxigênio
são por isso chamados de anaeróbicos facultativos. Na respiração aeróbica, o O2 funciona como aceptor final
de hidrogênios.
Na respiração anaeróbica, também fica evidente a necessidade de algum aceptor de hidrogênios. Certas
bactérias anaeróbicas utilizam nitratos, sulfatos ou carbonatos como aceptores finais de hidrogênios. Os casos
em que os aceptores de hidrogênios são compostos orgânicos que se originam da glicólise. Esses tipos de
respiração anaeróbica são chamados de fermentações.
Fermentação – rendimento energético inferior
Nos processos fermentativos, a glicose não é totalmente desmontada. Na verdade, a maior parte da energia
química armazenada na glicose permanece nos compostos orgânicos que constituem os produtos finais da
fermentação.
Há 2 tipos principais de fermentação: a alcoólica e a láctica. Ambas produzem 2 ATP no final do processo.
Portanto, o processo fermentativo apresenta um rendimento energético bem inferior ao da respiração aeróbica,
que produz 38 ATP.
A fermentação alcoólica
Na fermentação alcoólica, a glicose inicialmente sofre a glicólise, originando 2 moléculas de ácido pirúvico,
2 NADH2 E um saldo energético positivo de 2 ATP, em seguida o ácido pirúvico é descarboxilado, originando
aldeído acético e CO2, sob a ação de enzimas denominadas descarboxilases. O aldeído acético, então, atua
como receptor de hidrogênios do NADH2 e se converte em álcool etílico.
A fermentação láctica
Na fermentação láctica, a glicose sofre glicólise exatamente como na fermentação alcoólica. Porém en-
quanto na fermentação alcoólica o aceptor de hidrogênios é o próprio aldeído acético, na fermentação láctica
o aceptor de hidrogênios é o próprio ácido pirúvico, que se converte em ácido láctico. Portanto não havendo
descarboxilação do ácido píruvico, não ocorre formação de CO2.
Veja abaixo a equação simplificada da fermentação láctica:
C6H12O6 → 2C3H6O3 + 2ATP
A fermentação láctica é realizada por microorganismos (certas bactérias, fungos e protozoários) e por certos
animais.
As bactérias do gênero Lactobacillus são muito empregadas na fabricação de coalhadas, iogurtes e queijos.
Elas promovem o desdobramento do açúcar do leite (lactose) em ácido láctico. O acúmulo de ácido láctico no
leite torna-o ” azedo “, indicando uma redução do pH. Esse fato provoca a precipitação das proteínas do leite,

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formado o coalho.
Cloroplasto e fotossíntese
Os cloroplastos são organelas membranosas típicas dos vegetais, ocorrendo também em algas verdes, que
possuem tamanho variável, mas, em regra, se tratam de organelas grandes. Eles possuem genoma próprio,
ou seja, o material genético que existe dentro dos cloroplastos é diferente do material genético da célula em
si. Por essa razão, acredita-se que, assim como as mitocôndrias, a origem dos cloroplastos tenha se dado por
meio da endossimbiose.
A teoria da endossimbiose diz que o surgimento de algumas organelas se deu com a instalação de uma cé-
lula procarionte no interior de algum tipo de célula eucarionte primitiva desempenhando algum papel importante
no funcionamento dessa. Essa interação teria se tornado benéfica a ambos os organismos se perpetuando ao
longo da história evolutiva.
Estrutura básica
Os cloroplastos podem se apresentar de diversas formas ou tamanhos, entretanto a configuração básica
dessas estruturas é composta por uma membrana externa, uma membrana interna, pelo espaço intermembra-
noso, estroma e pelos tilacóides. A membrana externa separa a organela do meio intracelular e a membrana
interna, por sua vez, delimita o espaço, de fato, funcional da organela, o seu interior. Essa área que surge entre
as duas membranas é denominada espaço intermembranoso e o conjunto dessas três regiões é, comumente,
chamado de envelope.
Essas membranas citadas no parágrafo anterior se tratam de membranas biológicas, dessa forma é impor-
tante destacar que elas exerçam algum tipo de controle na entrada e na saída de moléculas. No interior da
membrana interna é formada uma região que contém muitas enzimas e proteínas responsáveis pelas reações
químicas dos cloroplastos e diversas outras moléculas. Essa região é denominada estroma.
Em um cloroplasto maduro, o estroma é preenchido por diversas vesículas achatadas que são conhecidas
como tilacóides, e é exatamente dentro desses discos que se encontram as moléculas de clorofila. Os tilacóides
se organizam empilhados uns em cima dos outros como se fossem pilhas de moedas, sendo assim o conjunto
dessas pilhas recebe o nome de grana. Embora sempre seja feita uma analogia à pilha de moedas, o nome
grana nada tem a ver com dinheiro. Essa denominação se dá por ser o plural da palavra latina granum, que
significa grão.
Função
Os vegetais, por mais complexos que sejam, são seres que não saem andando a procura de alimentos. Por
causa disso, é necessária outra estratégia para a obtenção de nutrientes e energia. Alguns desses nutrientes
e a água são obtidos por meio da raiz por estarem presentes no substrato em que o vegetal está. Entretanto, a
energia é proveniente da glicose, e ela não está livre e presente no solo. Nesse sentido, a estratégia utilizada
por esses organismos se baseia num processo denominado fotossíntese.
A fotossíntese é, grosso modo, uma reação química que ocorre nas células utilizando luz solar, gás carbôni-
co e água resultando na produção de glicose e liberação de oxigênio. Esse processo é característico dos seres
denominados autótrofos, ou seja, que produzem seu próprio alimento e só acontece devido ao cloroplasto.
Por fim, analisando os organismos vivos como um todo, pode-se notar a importância do cloroplasto. Veja
bem, é por causa do pigmento presente nos cloroplastos que os vegetais conseguem sintetizar sua própria fon-
te de energia. Ao sintetizar esse nutriente orgânico o açúcar os vegetais se tornam a base da cadeia alimentar,
sendo capazes de transferir energia aos demais níveis tróficos dessa teia composta por produtores, consumi-
dores e decompositores.
Processo fotossintético
A fotossíntese, processo autotrófico indispensável à vida no planeta, representa a conversão de matéria
inorgânica (água e gás carbônico) em matéria orgânica (geralmente a glicose) com liberação de gás oxigênio,
realizado por organismos clorofilados: os vegetais e algas. Para desencadear essa atividade bioquímica, os
seres fotossintetizantes, necessitam assimilar freqüências específicas da radiação solar (energia luminosa),
convertida em energia de ligações químicas, armazenada entre os átomos do composto orgânico formado.
EQUAÇÃO GERAL DA FOTOSSÍNTESE:

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(luz e clorofila)
6 CO2 + 12 H2O ↔ C6H12O6 + 6 O2 + 6 H2O

Dessa forma, o metabolismo fotossintético foi de fundamental importância durante a evolução das condições
ambientais, em particular da atmosfera, proporcionando a formação de um filtro retentor de radiação ultravioleta
(camada de ozônio). Tal circunstância causou gradativa estabilidade climática, tornando viável um meio oxi-
dativo favorável ao surgimento de organismos, que a partir de então passaram a realizar reações metabólicas
favorecidas pela respiração aeróbia. Quanto à produção de compostos orgânicos (carboidratos), a fotossíntese
colabora de forma direta e indireta com a manutenção dos níveis tróficos em uma cadeia alimentar, pois os
organismos autotróficos constituem a base sustentadora dos demais níveis: os consumidores herbívoros e
carnívoros.
Processos fotossintéticos: Fase clara e escura
Etapa luminosa ou fotoquímica Nesta etapa acontece uma série de reações onde a energia da luz será trans-
ferida para algumas moléculas em forma de energia química. Essa etapa não ocorre sem que haja o pigmento
clorofila que tem a capacidade de absorver a energia da luz.
A energia contida na luz faz com que alguns elétrons fiquem excitados, isto significa que eles passam para
níveis energéticos mais altos e conseguem escapar na moléculas de clorofila e assim podem são levados por
uma série de enzimas. Assim é feita a fixação da energia da luz solar em certas moléculas químicas.
Etapa escura ou química
Esta etapa compreende a formação de moléculas orgânicas pela incorporação do C02 do ambiente. Os ATP
formados na etapa luminosa vão fornecer energia para ligar moléculas de C02 a moléculas de ribulose-fosfato,
um açúcar de 5 carbonos. Formam-se, então, moléculas de 6 carbonos, que se quebram em duas moléculas
de 3 carbonos. Cada uma dessas moléculas de 3 carbonos, por sua vez, recebe hidrogênios do NADPH2 e se
torna um fosfoglicerato. Veja essa Animação sobre a Fase escura da Fotossíntese.
A partir do fosfoglicerato, constituído por moléculas de 3 carbonos, vão se formar os açúcares, como a glico-
se e a ribulose, os ácidos graxos e os aminoácidos, dos quais vão derivar os açúcares complexos, as proteínas,
as gorduras e outros compostos orgânicos.
Em 1948, o norte-americano Melvin Calvin comprovou a participação do C02 na síntese de glicose na etapa
escura da fotossíntese. Por isso, todas as reações químicas da etapa escura ficaram conhecidas como ciclo
de Calvin.
As reações da etapa escura são indiferentes à luz, mas dependem da etapa luminosa para acontecerem.
Assim, em última análise, as duas etapas ocorrem, na natureza, durante o dia.
As etapas da fotossíntese no cloroplasto
A etapa luminosa acontece nas lamelas e nos grana, e toda a etapa escura acontece no estroma ou matriz.
Assim, água, ADP + P e NADP, que participam da fase luminosa, entram nas lamelas e nos grana, e trans-

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formam-se em 02, ATP e NADPH2. Os produtos da fase de claro, ATP e NADPH2, além do C02, que vem do
ambiente, participam da fase escura, havendo produção de glicose. Esse açúcar pode ser enviado, via seiva
elaborada ou orgânica, para outras partes da planta, ou então, pode ser transformado em amido, que fica ar-
mazenado em órgãos como raízes e caules.
A intensidade luminosa é um fator limitante com valores diferentes para as plantas heliófilas e plantas um-
brófilas. Intensidades luminosas baixas reduzem a taxa de fotossíntese, havendo para cada espécie vegetal um
valor ótimo. Intensidades luminosas elevadas inibem a fotossíntese porque desorganizam a estrutura molecular
dos pigmentos fotossintetizantes.
A concentração de C02 é frequentemente o fator limitante da fotossíntese na natureza, devido à sua baixa
concentração na atmosfera (cerca de 0,03%). Um aumento da concentração de C02 determina um aumento
da taxa de fotossíntese nas plantas em geral; entretanto, concentrações acima de 1% são inibidoras, devido à
formação de ácido carbônico.
Fatores limitantes da fotossíntese
A taxa de fotossíntese pode ser influenciada tanto por condições internas das plantas quanto por condições
externas do meio físico. As condições ou fatores internos estão relacionados principalmente com as enzimas e
os pigmentos fotossintetizantes. Os fatores externos são principalmente a intensidade luminosa, a concentra-
ção de C02 e a temperatura. Esses fatores são conhecidos como fatores limitantes, pois cada um deles pode
isoladamente impedir a elevação da taxa fotossintética.
Entre dois ou mais fatores, age como limitante aquele que se apresenta em intensidade menor do que os
demais.
Fotossíntese e respiração
O processo da respiração pode ser considerado complementar ao da fotossíntese. Ele ocorre dia e noite
sem cessar, durante a vida da planta, com consumo de 02 e de açúcares produzidos na fotossíntese e liberação
de C02 e água. Durante o dia, a planta também realiza fotossíntese, com utilização de C02 e água. Como as
plantas tanto produzem quanto consomem água, C02 e 02, haverá ocasiões em que a intensidade luminosa
será tal que determinará uma equivalência nas taxas dos processos respiratório e fotossintético. Isso significa
que a quantidade de 02 consumida na respiração será igual à produzida na fotossíntese, o mesmo ocorrendo
com o C02. Nesse caso, a intensidade luminosa é denominada ponto de compensação fótico ou luminoso e
varia para cada espécie vegetal.
Quimiossíntese
Um reduzido número de organismos (no caso algumas bactérias) fabrica seu alimento orgânico sem depen-
der de luz, por um processo denominado quimiossíntese. A importância ecológica das bactérias é imensa.
A principal diferença entre os processos de fotossíntese e quimiossíntese relaciona-se com a fonte de ener-
gia utilizada. Assim, enquanto os seres clorofilados usam energia luminosa, os seres quimiossintetizantes va-
lem-se da energia liberada pela oxidação de substâncias inorgânicas, como enxofre e amônia, existentes no
meio em que vivem. Texto adaptado de VITÓRIA. C.
Principais vias metabólicas
Chama-se METABOLISMO ao conjunto de reações químicas que ocorrem nas células, e que lhe permitem
manter-se viva, crescer e dividir-se. Classicamente, divide-se o metabolismo em:
1.Catabolismo-obtenção de energia e poder redutor a partir dos nutrientes;
2. Anabolismo-produção de novos componentes celulares, em processos que geralmente utilizam a energia
e o poder redutor obtidos pelo catabolismo de nutrientes.
Existe uma grande variedade de vias metabólicas. Em humanos, as vias metabólicas mais importantes são:
- glicólise - oxidação da glicose a fim de obter ATP
- ciclo de Krebs - oxidação do acetil-CoA a fim de obter energia
- fosforilação oxidativa - eliminação dos elétrons libertados na oxidação da glicose e do acetil-CoA. Grande
parte da energia libertada neste processo pode ser armazenada na célula sob a forma de ATP.

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- via das pentoses-fosfato - síntese de pentoses e obtenção de poder redutor para reações anabólicas
- ciclo da uréia - eliminação de NH4+ sob formas menos tóxicas
- β-oxidação dos ácidos gordos - transformação de ácidos gordos em acetil-CoA, para posterior utilização
pelo ciclo de Krebs.
- gluconeogênese -síntese de glicose a partir de moléculas mais pequenas, para posterior utilização pelo
cérebro.
As diversas vias metabólicas relacionam-se entre si de forma complexa, de forma a permitir uma regulação
adequada. Este relacionamento envolve a regulação enzimática de cada uma das vias, o perfil metabólico ca-
racterístico de cada órgão e controlo hormonal.
Glicólise
A glicólise é uma das etapas da respiração celular, na qual ocorre a quebra da glicose em partes menores
e consequente liberação de energia. Essa etapa metabólica acontece no citoplasma da célula enquanto as
seguintes são dentro da mitocôndria.
O que é Glicólise?
Glicólise é um processo bioquímico em que a molécula de glicose(C6H12O6), proveniente da alimentação,
é quebrada em duas moléculas menores de ácido pirúvico ou piruvato(C3H4O3), liberando energia. É a
primeira etapa do processo de respiração celular que ocorre no hialoplasma celular.
A equação esquematizada abaixo representa um resumo da glicólise, mas é importante saber que o proces-
so é mais complexo e ocorre ao longo de dez reações químicas, das quais participam diversas substâncias e
enzimas livres no citoplasma.

Na glicólise, a molécula da glicose é quebrada em dois piruvatos e são produzidos dois ATP.
Dependendo do organismo e do tipo de célula, a respiração celular pode acontecer na presença do oxigênio
(aeróbicos) ou completa ausência (anaeróbicos) e assim a glicólise produzirá substâncias diferentes.
Na respiração aeróbica é originado o piruvato que entra no ciclo de Krebs, enquanto narespiração anaeróbi-
ca, a glicose origina o lactato ou o etanol que participam, respectivamente, da fermentação lática ou alcoólica.
Bioquímica da Glicólise
A glicose é quebrada ao longo de dez reações químicas que geram duas moléculas de ATP como saldo.
Apesar de ser pouca a energia produzida nesse etapa, há substâncias geradas que serão importantes nas
etapas seguintes da respiração.
Inicialmente a molécula de glicose precisa ser ativada, para isso são gastas duas moléculas de ATP e a
glicose recebe fosfatos (provenientes do ATP) formando glicose 6-fosfato. Em seguida esse composto sofre
mudanças na sua estrutura, originando frutose 6-fosfato e frutose 1,6 bifosfato.
Com essas alterações as substâncias são mais facilmente quebradas em moléculas menores. Depois acon-
tece nova fosforilação (entrada de fosfato na molécula) e desidrogenação (hidrogênios são retirados) das subs-
tâncias produzidas, com a participação da molécula NAD (nicotinamida adenina).

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Os hidrogênios doam elétrons para a cadeia respiratória, a molécula de NAD (nicotinamida adenina) é a
responsável por transportá-los, na forma de NADH, sendo uma aceptora de elétrons.
Por fim, novo rearranjo acontece nas moléculas até a formação de piruvato que seguirá para as etapas se-
guintes da respiração celular.
Ciclo de Krebs
O Ciclo de Krebs ou Ciclo do Ácido Cítrico é uma das etapas metabólicas da respiração celular aeróbica que
ocorre na matriz mitocondrial de células animais.
Lembre-se que a Respiração Celular é constituída por 3 fases:
Glicólise - processo de quebra da glicose em partes menores, com formação de piruvato ou ácido pirúvico,
que originará o Acetil-CoA.
Ciclo de Krebs - o Acetil-CoA é oxidado a CO2.
Cadeia Respiratória - produção da maior parte da energia, com a transferência de elétrons provenientes dos
hidrogênios, que foram retirados das substâncias participantes nas etapas anteriores.
Funções e Importância
O complexo ciclo de Krebs possui várias funções que contribuem para o metabolismo das células.
A função do ciclo de Krebs é promover a degradação de produtos finais do metabolismo dos carboidratos,
lipídios e de diversos aminoácidos. Essas substâncias são convertidas em acetil-CoA, com a liberação de CO2
e H2O e síntese de ATP.
Assim, realiza a produção de energia para a célula.
Além disso, entre as diversas etapas do ciclo de Krebs são produzidos intermediários usados como precur-
sores na biossíntese de aminoácidos e outras biomoléculas.
Através do ciclo de Krebs, a energia proveniente das moléculas orgânicas da alimentação é transferida para
moléculas carregadoras de energia, como o ATP, para ser utilizada nas atividades celulares.
Reações do Ciclo de Krebs
O ciclo de Krebs corresponde a uma sequência de oito reações oxidativas, ou seja, que necessitam de oxi-
gênio.
Cada uma das reações conta com a participação de enzimas encontradas nas mitocôndrias. As enzimas são
responsáveis por catalisar (acelerar) as reações.
Etapas do Ciclo de Krebs
Descarboxilação Oxidativa do Piruvato
A glicose (C6H12O6) proveniente da degradação dos carboidratos se converterá em duas moléculas de
ácido pirúvico ou piruvato (C3H4O3). A glicose é degradada através da Glicólise, e é uma das principais fontes
de Acetil-CoA.
A descarboxilação oxidativa do piruvato dá início ao ciclo de Krebs. Ela corresponde a remoção de um CO2
do piruvato, gerando o grupo acetil que se liga a coenzima A (CoA) e forma o Acetil-CoA.

Descarboxilação oxidativa do piruvato para formar o Acetil-CoA


Observe que essa reação produz NADH, uma molécula carregadora de energia.

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Reações do Ciclo de Krebs
Com a formação do acetil-CoA é dado início ao ciclo de Krebs, na matriz das mitocôndrias. Ele integrará uma
cadeia de oxidação celular, ou seja, uma sequência de reações a fim de oxidar os carbonos, transformando-os
em CO2.

Etapas do Ciclo de Krebs


Com base na imagem do ciclo de Krebs, acompanhe o passo a passo de cada reação:
Etapas (1-2) → A enzima citrato sintetase catalisa a reação de transferência do grupo acetil, proveniente da
acetil-CoA, para o ácido oxaloacético ou oxaloacetato formando o ácido cítrico ou citrato e liberando a Coenzi-
ma A. O nome do ciclo está relacionado com a formação do ácido cítrico e as diversas reações que decorrem.
Etapas (3-5) → Ocorrem reações de oxidação e descarboxilação originando ácido cetoglutárico ou cetoglu-
tarato. É liberado CO2 e forma-se NADH+ + H+.
Etapas (6-7) → Em seguida o ácido cetoglutárico passa por reação de descarboxilação oxidativa, catalisada
por um complexo enzimático do qual fazem parte a CoA e o NAD+. Essas reações originarão ácido succínico,
NADH+ e uma molécula de GTP, que posteriormente transferem sua energia para um molécula de ADP, produ-
zindo assim ATP.
Etapa (8) → O ácido succínico ou succinato é oxidado a ácido fumárico ou fumarato, cuja coenzima é o FAD.
Assim será formando FADH2, outra molécula carregadora de energia.
Etapas (9 -10) → O ácido fumárico é hidratado formando o ácido málico ou malato. Por fim, o ácido málico
sofrerá oxidação formando o ácido oxaloacético, reiniciando o ciclo.
Essas reações ocorrem na matriz da mitocôndria dos eucariontes e no citoplasma dos procariontes. Como
o próprio nome indica, são reações cíclicas, ou seja, o produto final entra novamente no ciclo, que têm como
função a oxidação de açucares e lipídeos a gás carbônico e água. Assim, durante as reações ocorre a produção
de metabólitos para outros processos, geração de energia e liberação de íons e elétrons altamente energéti-
cos. Esses processos contam com o auxílio de moléculas aceptoras como a nicotilamida adenina dinucleotideo
(NAD) e o flavina adenina dinucleotídeo (FAD).
Enfim, o ciclo de Krebs é uma sequência de reações de extrema importância por participar, direta ou indire-
tamente, na geração de energia e formação de diversos compostos através de processos catabólicos e anabó-

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licos. Texto adaptado de ALEIXO. M. S.
Fosforilação Oxidativa
Para que a vida pudesse surgir e se desenvolver, foi necessária a criação de mecanismos de obtenção de
energia. Em razão disso, surgiu a respiração celular, que se ocupa com esse ofício. A primeira estratégia de-
senvolvida era realizar esse processo sem o envolvimento do oxigênio, afinal ele não estava disponível no ar
atmosférico. Com isso, surgiu a respiração anaeróbica. Entretanto, essa forma de obtenção de energia não é
muito eficiente porque tem um rendimento energético de menos de 4%, ou seja, das 690 quilocalorias (kcal)
disponíveis em um mol de glicose, a célula só consegue aproveitar 20 kcal pela via anaeróbica.
Em razão dessa baixa eficiência do processo acima citado, associado a mudanças nas condições ambien-
tais (disponibilidade de oxigênio), surgiram mecanismos mais eficientes, como é o caso da respiração aeróbica.
Isso quer dizer que as pressões do meio ambiente possibilitaram o surgimento da obtenção de energia com o
uso do oxigênio, o que possibilitou o desenvolvimento de formas de vida mais complexas. Assim, é nessa mo-
dalidade que se encaixa a fosforilação oxidativa.
A fosforilação oxidativa se trata de uma sequência de reações bioquímicas que compõem a respiração ae-
róbica e ocorrem nas mitocôndrias. Ela é um processo obrigatoriamente aeróbico e podem ser observados três
processos diferentes, mas bastante importantes e relacionados: a produção de acetilcoenzima A ou Acetil-CoA,
o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória.
Antes de falar sobre os processos citados acima, é importante destacar ao que nos referimos quando se
menciona a energia. Essa energia, que é o produto final dessas reações, é proveniente da molécula de ATP,
adenosina trifosfato. O ATP é uma molécula “relativamente” simples composta pela base nitrogenada adenina,
açúcar e três fosfatos. A energia que tanto se fala é oriunda, justamente, das duas ligações que unem os fos-
fatos. Elas são ligações de alta energia que, quando necessário para alguma função ou reação do corpo, são
quebradas liberando energia suficiente para esses eventos.
Produção de Acetil-CoA
A Acetil-CoA é um dos substratos de interesse para a geração de energia, assim, é necessário que seja
produzida. Nesse sentido, essa produção pode ocorrer de duas formas. A primeira forma, e mais frequente, é
por meio do piruvato ou acido pirúvico. Após uma glicose ser degrada em condições de anaerobiose no citosol
(glicólise) são geradas duas moléculas de piruvato. Esse piruvato ultrapassa as membranas mitocondriais e, na
matriz dessa organela, ocorrem reações mediadas por diversas enzimas dando origem ao acetato. O acetato,
por sua vez, se liga à coenzima A, o que acaba gerando a acetilcoenzima A.
A outra forma ocorre com o metabolismo de gorduras, mais especificamente, de ácidos graxos. Nesse caso,
o que acontece é a passagem desses ácidos graxos através de enzimas presentes nas membranas mitocon-
driais e, na matriz, ocorre uma série de reações que os degradam. Assim, esse conjunto de reações é denomi-
nada β-oxidação.
Enfim, a produção da Acetil-CoA não gera, de fato, energia. Entretanto, se trata de uma etapa de extrema
importância porque faz parte de um processo bastante complexo de geração do ATP.
Ciclo de Krebs
O ciclo de Krebs começa quando a Acetil-CoA reage com o ácido oxalacético, gerando o ácido cítrico. Após
isso, ocorre uma sequência de reações mediadas por enzimas que, ao final, resultam na liberação de íons,
prótons e CO2. Não obstante, ocorre também a produção de ácido oxalacético que entrará no ciclo novamente.
Esse processo possui baixa eficiência energética porque produz apenas duas moléculas de ATP por cada de
glicose consumida, entretanto sua função é, justamente, liberar elétrons altamente energéticos e prótons que
serão utilizados em outro processo.
Cadeia respiratória
A cadeia respiratória ocorre nas cristas mitocondriais. Ela é uma sequência de compostos enzimáticos e não
enzimáticos capazes de “extrair” gradualmente a energia dos elétrons liberados durante o ciclo de Krebs. Além
disso, nesse processo ocorre a produção de água a partir da combinação entre os prótons liberados pelo ciclo
anteriormente citado e o oxigênio. Essa cadeia de eventos é um processo altamente eficiente no que se refere à
produção de energia, produzindo a grande maior parte dos 36 ATPs da fosforilação oxidativa. Assim, sua função
principal é a produção de energia.

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Enfim, a fosforilação oxidativa é um processo que ocorre nas mitocôndrias e apenas em condições de ae-
robiose. É responsável pela esmagadora maior parte da energia nos seres que a realizam e seu surgimento
foi um grande passo na história evolutiva, possibilitando, talvez, o desenvolvimento de formas de vida mais
complexas.
Via das Pentoses-fosfato
Uma das grandes fontes de energia animal e vegetal é a glicose. Maior parte da glicose, nos animais, é
catabolizada através do processo bioquímico chamado glicólise. Este processo complexo de diversas reações
bioquímicas transforma uma molécula de glicose em piruvato, gerando adenosina-trifosfato (ATP).
No entanto existem outras vias metabólicas pelas quais a glicose pode ser catabolizada, essas vias “alter-
nativas”, geram produtos finais diferentes e específicos da glicólise e, portanto, são usadas pelas células nos
casos em que estes produtos secundários se fazem necessários. Dentre essas vias, esta a via das pentoses-
-fosfato.
Além de ATP é muito importante para as células que elas possuam moléculas que sejam bons agentes redu-
tores e oxidantes. O NADPH é uma destas moléculas com grande poder redutor, necessário não só em diver-
sas vias bioquímicas, mas também atuando como uma importante molécula compensatórias de radicais livres
gerados em certos processos metabólicos. O NADPH é um dos produtos finais da via das pentoses fosfato.
Outro produto bastante importante da via das pentoses é o açúcar ribose-5-fosfato, o açúcar que constitui os
nucleotídeos que irão compor ácidos nucleicos de diversas coenzimas, como o ATP, NADH, FADH2 e coenzima
A. Além disso, na via das pentoses também são gerados outros tipos de açúcares de tamanhos e padrões de
fosforilação diferentes.
A via das pentoses é composta de duas fases, uma oxidativa e uma não oxidativa. Durante a fase oxida-
tiva as moléculas de glicose-6-fosfato (glicose que é utilizada para gerar energia na célula) são oxidadas por
moléculas de NADP+, pela enzima glicose-6P desidrogenase, gerando moléculas de NADPH e 6-fosfato-gli-
conato (6P-gliconato). Estas moléculas de 6P-gliconato também são oxidadas, gerando ainda mais moléculas
de NADPH, moléculas de CO2 e ribulose-5-fosfato. A partir deste ponto as reações são não-oxidativas e a
ribulose-5-fosfato, por isomerização passa para a forma de ribose-5-fosfato. Parte da ribose-5-fosfato continua
no processo de isomerização, gerando a xilulose-5-fosfato. Ambas pentoses são recicladas gerando novas
moléculas de glicose-6-fosfato, que pode ser utilizada tanto na via de pentoses novamente, como todas as vias
de metabolismo da glicose. Além disso, alguns produtos intermediários da via como a glicose-6-fosfato, fruto-
se-6-fosfato e gliceraldeido-3-fosfato, são intermediários comuns na via das pentoses, na glicólise e em outras
vias, permitindo que haja integração entre todas estas vias e permitindo que a célula intercambie entre as vias
metabólicas, de acordo com sua necessidade.
A regulação desta via se dá principalmente pela enzima marca-passo da rota, que é a glicose-6P desi-
drogenase que é controlada de acordo com a proporção nas concentrações de NADPH e NADP+([NADPH]/
[NADP+]), ou seja, caso a concentração do produto da reação (NADP+) em relação ao substrato (NADOH),
aumente, a enzima é inibida, caso essa proporção diminua, a enzima é ativada.
A preferência por determinada via metabólica pode variar de acordo com a célula e de acordo com a ne-
cessidade energética do momento, bem como pelas relações ATP/ADT e NADPH/NADP. Geralmente tecidos
responsáveis por sintetizar ácidos graxos, como o tecido adiposo, glândulas, gônadas e o fígado, a via das
pentoses é mais ativa. Também em células que estão em rápida divisão, como células da medula óssea, muco-
sas e até tumores, possuem grande atividade da via das pentoses. Por último, células que são constantemente
expostas a espécies reativas de oxigênio, como eritrócitos e as células do cristalino e da córnea, também utili-
zam-se bastante da via das pentoses afim de gerar grandes quantidades de NAPDH, que, em sendo um bom
redutor, minimiza os efeitos deletérios desse oxidante.
Ciclo da Uréia
O ciclo da uréia é uma sequência de reações bioquímicas com o objetivo de produzir este composto, a partir
da amônia.
A amônia é uma substância tóxica, do metabolismo do nitrogênio, que deve ser eliminada rapidamente do
organismo. A eliminação pode ser por excreção direta ou por excreção após a conversão em compostos menos
tóxicos.
Os peixes excretam a amônia diretamente, já que é solúvel em água e se dissolve rapidamente.

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As aves e animais terrestres excretam o nitrogênio sob a forma de ácido úrico.
Os animais terrestres excretam o nitrogênio sob a forma de uréia, composto muito solúvel em água e não
tóxica para as células.
Em seres humanos e mamíferos, quase 80% do nitrogênio excretado é sob a forma da uréia.
Onde ocorre o Ciclo da Uréia?
O ciclo da uréia ocorre nas células do fígado e em, menor parte, nos rins. Inicia-se na mitocôndria e segue
para o citosol da célula, onde se dá a maior parte do ciclo.
Ciclo da Uréia e Ciclo de Krebs
O ciclo da uréia é ligado ao ciclo de Krebs.
As reações dos dois ciclos são relacionadas e alguns produtos intermediários formados no ciclo de Krebs
são precursores de reações para o ciclo da ureia.
Saiba mais sobre o Ciclo de Krebs.
Etapas do Ciclo da Uréia
Consiste em cinco reações, duas no interior da mitocôndria e três no citosol.
Cada etapa é catalisada por uma enzima. Assim, há cinco enzimas envolvidas no ciclo da uréia: carbamil-
-fosfato sintetase, ornitina-transcarbamilase, arginino-succinato sintetase, arginino-succinato liase e arginase.
De modo resumido, o ciclo ocorre da seguinte forma:
1. A enzima carbamil-fosfato sintetase, presente na mitocôndria, catalisa a condensação da amônia com
bicarbonato e forma carbamoilfosfato. Para essa reação há o consumo de duas moléculas de ATP.
2. A condensação da ornitina, presente na mitocôndria, e do carbamoilfosfato gera citrulina, sob ação da
enzima ornitina-transcarbamilase. A citrulina é transportada para o citosol e reage com aspartato gerando argi-
ninosuccinato e fumarato.
3. A enzima arginino-succinato sintetase, presente no citosol, catalisa a condensação da citrulina e do aspar-
tato, com consumo de ATP, e forma argininossuccinato.
4. A enzima arginino-succinato liase catalisa a transformação do argininossuccinato em arginina e fumarato.
5. Por fim, a enzima arginase catalisa a quebra da arginina, originando ureia e ornitina. A ornitina volta para
a mitocôndria e reinicia o ciclo.

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Etapas do Ciclo da Uréia
Funções do Ciclo da Uréia
A principal função do ciclo da uréia é eliminar a amônia tóxica do corpo. Ou seja, tem a função de eliminar o
nitrogênio indesejado do organismo.
A uréia é eliminada do organismo de animais superiores, através da urina. Aproximadamente 10 a 20 g da
amônia são removidos do corpo de um adulto saudável cada dia.
Uréia e animais ruminantes
A uréia é utilizada na alimentação de animais ruminantes. Isso porque, ao alcançar o rúmen do animal, é
transformada em amônia e CO2, daí os microorganismos passam a usar essa fonte de nitrogênio para síntese
de nova proteína.
Essa ação é importante ao complementar a fonte de proteínas da alimentação e fornecer proteína degradá-
vel no rúmen, que garante melhor digestão da fibra e síntese de proteína microbiana.
Β-Oxidação
A Beta-Oxidação é o primeiro passo dos três passos da oxidação mitocondrial dos ácidos graxos. Ocorre na
matriz mitocondrial e nela os ácidos graxos sofrem a remoçao oxidativa de unidades sucessivas de dois átomos
de carbono na forma de acetil-CoA, começando pela extremidade carboxila da cadeia carbônica do ácido graxo.
Podemos dividir a beta oxidação em quatro reações. São elas:
Desidrogenação
O FAD é utilizado na reação para promover uma desidrogenação, retirando 2H.
Hidratação
A água entra e retira a dupla ligação que havia entre os carbonos, gerando um grupo cetona no carbono
beta, ou seja, o terceiro carbono.
Desidrogenação
O NAD é utilizado, assim como o FAD, como receptor de eletrons e retira 2H.
Tiolise
Utiliza-se coenzima A para romper o fragmento carboxila terminal na forma de acetil-CoA. Essa reação ocor-

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re por meio da acil-CoA acetiltransferase (Tiolase).
As três primeiras reações servem para deixar a ligação C-C, rompida na quarta reação, menos estável. Além
disso, a cetona no carbono beta ajuda no ataque nucleofilico (íon em busca de eletrons) pelo –SH da coenzima
A, catalisado pela tiolase.
O Resultado da beta oxidação é a liberação uma molécula de acetil-CoA, dois pares de elétrons e quatro
protons (H+) e a diminuição da cadeia de acil-CoA graxo de cadeia longa em dois carbonos.
Depois de passar uma vez pela beta oxidação o acil-Coa graxo de cadeia longa, agora reduzido em dois
carbonos, passa novamente pelas quatro reações e isso se prossegue até que todo o acil-CoA graxo seja total-
mente oxidado e convertido em acetil-CoA.
Deve-se lembrar que o FADH2 e o NADH formados na beta oxidação são utilizado na cadeia respiratória,
logo a beta oxidação contribui para a produção de ATP. A proporção de ATP produzida a cada passagem pela
beta oxidação é de 4ATP para cada passagem na beta-oxidação. Além disso, o acetil-Coa produzido irá para o
ciclo do ácido cítrico (Ciclo de Krebs), em que cada acetil-CoA produz 10ATP.
Exemplo:
O Palmitato, que é um ácido graxo com 16 carbonos, pode passar pela beta oxidação 7 vezes gerando: 28
ATPs diretos da cadeia respiratória e mais 80ATPs que vieram do acetil-CoA.
Beta Oxidação de ácidos graxos insaturados a insaturação (dupla ligação entre os carbonos) impede que a
enzima da segunda reação, enoil-CoA hidratase, atue, logo, é necessário que enzimas auxiliares atuem.
-Em ácidos graxos monoinsaturado utiliza-se uma isomerase a qual irá reposicionar a dupla ligação, que
está em posição cis e não trans, a qual é a posição correta para que ocorra a beta oxidação.
-Em ácidos graxos polisaturados utiliza-se a isomerase para reposicionar as duplas ligações e uma redutase
dependente de NADPH que adiciona um hidrogenio no ácido graxo.
Beta oxidação de ácidos graxos com numero impar de carbonos ocorre de maneira identica a beta oxidação
de ácidos graxos com número par de carbonos, porém, a ultima passagem pela beta oxidação terá um subs-
trato com cinco carbonos, logo, será produzido acetil-CoA e propionil-CoA, este deve ser carboxilado para ser
utilizado no ciclo de krebs, enquanto o acetil-CoA vai direto para o ciclo do ácido cítrico.
Carboxilação do propionil-Coa é carboxilado em estereoisômero D do metilmalonil-CoA, essa reação depen-
de da Biotina. O D do metilmalonil-CoA é enzimaticamente epimerizado formando seu esteroisômero L, o L do
metilmalonil-CoA sofre um rearranjo intramolecular catalisado por uma enzima que depende da coenzima B12
(Vitamina B12) e forma o succinil-CoA, que pode entrar no ciclo do ácido cítrico.
Regulação da beta oxidação é dependete da velocidade com que o acil-CoA graxo de cadeia longa é trans-
ferido do citosol para a matriz mitocondrial. Além disso o malonil-Coa, um dos primeiros intermediarios na bio-
sintese dos acidos graxos, inibe a entrada dos ácidos graxos nas mitocondrias. Isso bloqueia a oxidação dos
ácidos graxos enquanto ocorre a sua biossíntese.
Na doença adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo X, os peroxissomos não são capazes de fazer a oxi-
dação de ácidos graxos de cadeia longa, o que acarreta o acumulo desses ácidos graxos no sangue e provoca
perda da visão, distúrbios do comportamento e a morte dentro de poucos anos.
Gluconeogênese
Gliconeogênese ou neoglicogénese ou ainda neoglucogénese(formação de novo açúcar) é a rota pela qual
é produzida glicose a partir de compostos aglicanos (não-açúcares ou não-carboidratos), sendo a maior parte
deste processo realizado no fígado (principalmente sob condições de jejum) e uma menor parte no córtex dos
rins. Em humanos, os principais precursores são: lactato, glicerol e aminoácidos, principalmente alanina. Exce-
to por três sequências específicas(Piruvato para PEP, Frutose1.6-bifosfato para frutose-6-p, Glicose-6-p para
glicose), as reações da gliconeogênese são inversas às da glicólise.
Em mamíferos, a maioria dos tecidos é capaz de suprir suas necessidades energéticas a partir da oxidação
de vários compostos, tais como aminoácidos, açúcares e ácidos graxos, porém alguns tecidos dependem qua-
se completamente de glicose como fonte de energia metabólica. Para o cérebro humano e o sistema nervoso,
assim como os eritrócitos, testículos, medula renal e tecidos embriônicos, a glicose sanguínea é a única ou

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principal fonte de energia. Apenas o cérebro requer cerca de 120g de glicose a cada dia mais do que metade
de toda a glicose armazenada como glicogênio em músculos e fígado.
A longo prazo, todos os tecidos também requerem glicose para outras funções, tais como a síntese da ribo-
se dos nucleotídeos ou da porção carboidrato de glicoproteínas e glicolipídeos. Portanto, para sobreviver, os
organismos precisam ter mecanismos para manutenção dos níveis sanguíneos de glicose.
Quando a concentração de glicose circulante vinda da alimentação diminui, o glicogênio hepático e muscu-
lar é degradado (glicogenólise) fazendo com que a glicemia volte a valores normais. Entretanto, o suprimento
de glicose desses reservatórios não é sempre suficiente; entre as refeições e durante longos jejuns, ou após
exercícios vigorosos, o glicogênio é depletado (consumido), situação que também ocorre quando há deficiência
do suprimento de glicose pela dieta ou por dificuldade na absorção pelas células. Nessas situações, os orga-
nismos necessitam de um método para sintetizar glicose a partir de precursores não-carboidratos. Isso é rea-
lizado pela via chamada gliconeogênese, a qual converte piruvato e compostos relacionados de três e quatro
carbonos em glicose.
As modificações que ocorrem no metabolismo da glicose durante a mudança do estado alimentado para o
estado de jejum são reguladas pelos hormônios insulina e glucagon. A insulina está elevada no estado alimen-
tado, e o glucagon se eleva durante o jejum. A insulina estimula o transporte de glicose para certas células, tais
como as dos músculos e tecido adiposo, e também altera a atividade de enzimas chave que regulam o metabo-
lismo, estimulando o armazenamento de combustível. O glucagon contrarregula os efeitos da insulina, estimu-
lando a liberação dos combustíveis armazenados e a conversão de lactato, aminoácidos e glicerol em glicose.
A gliconeogênese é um processo ubíquo, presente em plantas, animais, fungos e outros microrganismos,
sendo que as reações são praticamente as mesmas em todos os tecidos e todas as espécies.
Nas mudas de plantas, gorduras e proteínas armazenadas são convertidas, através de rotas que incluem
a gliconeogênese, no dissacarídeo sacarose para transporte através da planta em desenvolvimento. A glicose
e seus derivados são precursores da síntese das paredes celulares das plantas, nucleotídeos e coenzimas, e
uma variedade de outros metabólitos essenciais. Em muitos microorganismos, a gliconeogênese inicia a partir
de compostos orgânicos simples de dois ou três carbonoso, tais como acetato, lactato e propionato no seu meio
de crescimento. Embora as reações da gliconeogênese sejam as mesmas em todos os organismos, o contexto
metabólico e a regulação da rota diferem de uma espécie para outra e de tecido para tecido. Texto adaptado
de SILVA. P.
Regulação metabólica
Regulação metabólica é o processo pelo qual todas as células a partir de bactérias aos seres humanos con-
trolam os processos químicos necessários para a vida.
O metabolismo é organizado em, passo dependente reações complexas chamadas vias metabólicas.
As proteínas especiais chamadas de enzimas são a principal forma que essas vias são reguladas, embora a
concentração de nutrientes, produtos residuais, e os hormônios podem controlar as taxas metabólicas.
Distúrbios metabólicos são as doenças causadas pela ausência de enzimas-chave que perturbam a regula-
ção normal de um dado percurso herdado.
O metabolismo descreve as reações químicas em que os organismos da função, de da respiração celular
para os eventos subjacentes a digestão, crescimento e reprodução. Sistemas chamado vias metabólicas coor-
denam essas funções e, geralmente, são iniciados ou parados por proteínas chamadas de enzimas.
A regulação metabólica é a base do controle biológico de metabolismo, uma vez que permite as células
vivas para dirigir estas vias.
Nos sistemas não biológicos, de equilíbrio com o ambiente exterior ocorre após a conclusão das reações
químicas, que matariam a célula viva. Assim, a regulação metabólica ajuda a manter o sistema vivo em um
estado quimicamente equilibrado, chamado de homeostase.
A forma mais básica de regulação metabólica ocorre quando os genes instruem as células a produzir enzi-
mas e regular sua quantidade. Além disso, numa via metabólica, as moléculas sofrem mudanças significativas
e são utilizadas pela célula ou processados para gerar mais um passo na via. Algumas destas moléculas, cha-
madas substratos, são meios eficazes de regulação metabólica através de sua concentração. A taxa de uma

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via metabólica vai mudar, dependendo da existência e concentração de um substrato, o qual tem de se ligar
a uma enzima a fim de funcionar. Em adição aos substratos, as enzimas são frequentemente dependente de
outros enzimas e de vitaminas.
Mesmo as plantas usam hormônios para controlar o seu metabolismo. Nos animais superiores, a regulação
externa do metabolismo pode vir de sinais químicos que controlam a atividade da enzima, seja por ação direta
sobre as enzimas ou por afetar os genes que regulam a sua produção. Algumas formas de regulação metabóli-
ca alterar apenas a taxa de tempo em que ocorre um processo bioquímico; outros ativar um processo ou evitar
que ele seja iniciado. Em animais, a taxa metabólica controla as funções de respiração a gordura corporal.
Existem muitas doenças do metabolismo, incluindo milhares de deficiências congênitas de genes que co-
dificam enzimas essenciais. Doenças da tireóide pode mudar radicalmente a taxa metabólica, causando a
obesidade ou quase inanição. Às vezes, o metabolismo humano é excessivamente lenta ou rápida devido a
estados de doença e pode ser tratada clinicamente. Algumas drogas ou substâncias nutricionais pode ser dito
para aumentar as taxas metabólicas, alterando a taxa de vias envolvidas com hidratos de carbono ou a diges-
tão de gordura. Em doentes com diabetes mellitus, por exemplo, os efeitos da insulina sobre o metabolismo
da hormona de açúcar estão comprometidos, e insulina sintética deve ser administrada para restabelecer a
regulação metabólica normal.
Regulação Metabólica
Regulação do Metabolismo Celular
A regulação do metabolismo é fundamental para que um organismo possa responder de modo rápido e
eficiente a variações das condições ambientais, alimentares ou ainda a condições adversas como traumas e
patologias. A regulação metabólica é feita pela modulação de enzimas regulatórias de processos metabólicos
chaves, de tal modo que se possa ativar ou inibir reações químicas específicas para cada situação resultando
em respostas biológicas adequadas. Para garantir a eficiência necessária, o organismo lança mão de vários
tipos de regulação enzimática que podem ocorrer simultaneamente.
Existem dois tipos principais de regulação enzimática: uma intracelular, comandada pela presença de mo-
duladores alostéricos enzimáticos positivos ou negativos, e uma que vem de fora da célula, sistêmica, e que é
fundamental para que hajam ações coordenadas entre os diversos órgãos e tecidos. Este último tipo de regu-
lação, a extracelular, é deflagrada por hormônios, e, relacionada à variação do perfil de fosforilação enzimática.
Regulação alostérica
Muitas das enzimas celulares são alostéricas, isto é, possuem um sítio de ligação alostérico, um sítio regula-
tório no qual se ligam compostos químicos chamados de moduladores alostéricos. A ligação dos moduladores
no sítio alostérico afeta profundamente a atividade enzimática, a qual pode ser aumentada ou diminuída. Quan-
do a ligação do modulador promove aumento da atividade enzimática ele é chamado de modulador alostérico
positivo, e quando a ligação do modulador promover diminuição da atividade enzimática ele é chamado de
modulador alostérico negativo.
A presença adequada de nutrientes para a célula resulta na produção de moléculas ricas em energia como a
de adenosina trifosfato (ATP) e outras moléculas que serão moduladores alostéricos positivos ou negativos, ati-
vando ou inibindo muitas enzimas regulatórias de vias metabólicas importantes. Manter uma relação ATP/ADP
alta é um dos parâmetros mais fundamentais para a manutenção da célula viva. Em condições normais a razão
ATP/ADP é cerca de 10/1 e toda vez que esta razão é alterada ocorrem profundas alterações no metabolismo
celular. O ATP é gerado principalmente pelo metabolismo oxidativo de alimentos como carboidratos, lipídeos e
proteínas. O intermediário comum dessas oxidações é o acetil-CoA, o qual iniciará o ciclo do ácido cítrico le-
vando ao aumento da produção de citrato e resultando na formação das coenzimas reduzidas NADH e FADH2,
as quais alimentarão a cadeia respiratória e propiciarão a produção de ATP via fosforilação oxidativa. Portanto,
o incremento das concentrações de acetil-CoA, citrato, NADH ou FADH2 também podem ser considerados
como sinalizadores de alta energia celular, já que os mesmos alimentam a principal via de produção de ATP, a
fosforilação oxidativa. Por outro lado, a diminuição ou ausência de nutrientes na célula, resulta na produção de
moléculas de baixa energia como o ADP, AMP e NAD , os quais também são moduladores alostéricos de vá-
rias enzimas regulatórias. O aumento das concentrações de AMP intracelulares além de regular a atividade de
inúmeras enzimas por alosteria irá ativar enzimas quinases dependentes de AMP, resultando em uma enorme
cascata de reações celulares. De tal modo, que o perfil metabólico das células será profundamente modificado

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em função do nível de energia, o qual, em última instância, depende do aporte nutricional.
Para ilustrar a importância da regulação alostérica o Quadro 1 mostra como várias enzimas de vias metabó-
licas importantes podem ser ativadas ou inibidas em função das principais moléculas sinalizadores de presença
ou ausência de energia na célula.

Regulação neuro-endócrina
A regulação externa à célula, integrada e simultânea a vários tecidos é dada pela regulação neuro-endócri-
na. Os hormônios são importantes moduladores da atividade enzimática, pois sua ação na célula pode resultar
na ativação de proteínas quinases ou de fosfoproteínas fosfatases, as quais atuam sobre as enzimas, de tal
modo, que estas ganhem ou percam um grupamento fosfato, intimamente relacionado à modulação da ativida-
de enzimática, mecanismo também conhecido por regulação covalente.
Enzimas sofrem regulação covalente por fosforilação de um ou mais de um resíduo de serina, treonina ou
tirosina através da ação de enzimas quinases.
Esta fosforilação pode ser revertida pela ação de enzimas fosfoproteínas fosfatases. A presença do grupo
fosfato modifica a atividade catalítica de várias enzimas importantes do metabolismo celular, ativando-as ou
inibindo-as.

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É importante considerar que muitos hormônios têm natureza hidrofílica e por isso, são incapazes de atraves-
sar a membrana plasmática. Estes hormônios só conseguem atuar nas células através de ligação a um recep-
tor de membrana, normalmente uma proteína transmembranar, que possui um sítio específico para ligação do
hormônio. A ligação hormônio-receptor promove alterações no ambiente intracelular que resultarão na síntese
ou ativação de uma molécula intracelular, chamada de segundo mensageiro, a qual passa a ser a responsável
pela ação do hormônio dentro da célula.
Alguns hormônios tais como o glucagon e a adrenalina têm como segundo mensageiro a molécula de nucle-
otídeo de adenina na forma cíclica, o AMP cíclico ou AMPc. A principal característica do AMPc é funcionar como
um ativador de proteínas quinases, bem como um inibidor das fosfoproteínas fosfatases. Conseqüentemente,
em presença destes hormônios, várias enzimas são moduladas pelo processo de fosforilação. O Quadro 2
mostra que várias enzimas importantes são fosforiladas em presença do glucagon e a via metabólica que esta-
rá ativada ou inibida em função desta regulação covalente.
Sabe-se que a insulina antagoniza os efeitos do glucagon e adrenalina porque por mecanismos distintos
dependentes ou não do AMPc, sua presença leva a ativação das fosfoproteínas fosfatases, o que culmina na
desfosforilação das enzimas regulatórias das células em que atua.

Entre os principais hormônios que influenciam diretamente o metabolismo celular temos: a insulina, o gluca-
gon, as catecolaminas adrenalina e noradrenalina, o cortisol e o hormônio do crescimento entre outros. Como
a presença de insulina está sempre associada a uma situação inicial de hiperglicemia, a sua ação primordial
será a de diminuição da glicemia, no entanto, a presença deste hormônio também significa uma situação de alto
suprimento energético para células, e, neste momento as reações anabólicas, as quais necessitam de energia
para ocorrer, serão favorecidas.
Regulação metabólica é recíproca e antagônica É de fundamental importância compreender que em um
mesmo tecido, vias opostas precisam ser reguladas antagonicamente. Não haveria qualquer sentido se uma
célula, por exemplo, sintetizasse glicogênio ou qualquer outro composto, e o degradasse simultaneamente. Isto

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resultaria em um gasto energético para a célula sem que houvesse qualquer outro resultado concreto, este tipo
de situação é chamado como ciclo fútil e é impedida pelo rigoroso controle das vias metabólicas. Ciclos fúteis
podem ser evitados com a regulação recíproca e antagônica de enzimas regulatórias de vias opostas.
Assim, percebe-se que tanto os moduladores alostéricos, quanto a regulação covalente deflagrada pelos
hormônios incumbem-se de ativar uma enzima responsável pela síntese de um composto e simultaneamente
inibir a enzima responsável pela degradação do mesmo, ou viceversa, ao ativar a degradação de um dado com-
posto a sua síntese é impedida. Por exemplo, as enzimas hepáticas glicogênio-sintase e fosforilase, responsá-
veis respectivamente pela síntese e degradação do glicogênio, são reguladas alostérica e covalentemente de
modo recíproco e antagônico .
Em situação de aumento de glicemia, há entrada de glicose no fígado e o primeiro produto a ser produzido, a
glicose-6-fosfato inibe a enzima glicogênio-fosforilase, ao mesmo tempo, estimula a enzima glicogênio-sintase
favorecendo o armazenamento da glicose sob a forma de glicogênio.
Nesta mesma situação inicial, aumento de glicemia, há aumento da relação insulina/glucagon e, neste caso,
modificação covalente de enzimas induzidas pela insulina. As enzimas glicogênio sintase e fosforilase desfos-
foriladas, passam a estar respectivamente ativada e inibida, resultando também em favorecimento da síntese
de glicogênio.
O mesmo ocorre com as vias glicolítica e gliconeogênese no fígado, tanto a regulação alostérica quanto a
covalente trabalham em acordo para aumentar a eficiência da regulação metabólica.
Regulação Metabólica
Controle do metabolismo
Como os ambientes da maioria dos organismos estão constantemente a mudar, as reações do metabolis-
mo deve ser finamente regulado para manter constante um conjunto de condições dentro das células, uma
condição chamada homeostase. Regulação metabólica permite aos organismos também para responder aos
sinais e interagir ativamente com seus ambientes. Dois conceitos intimamente ligados são importantes para a
compreensão de como vias metabólicas são controladas. Em primeiro lugar, o regulamento de uma enzima em
um caminho é a forma como sua atividade é aumentada e diminuída em resposta a sinais. Em segundo lugar,
o controle””exercido por esta enzima é o efeito que essas mudanças em sua atividade tem sobre a taxa global
da via (o fluxo através da via).
Por exemplo, uma enzima pode mostrar grandes mudanças na atividade (isto é, é altamente regulada) mas
se estas mudanças têm pouco efeito sobre o fluxo de uma via metabólica, então esta enzima não está envolvida
no controle da via. Existem vários níveis de regulação metabólica. Na regulação intrínseca, a via metabólica
auto-regula para responder às mudanças nos níveis de substratos ou produtos, por exemplo, uma diminuição
na quantidade de produto pode aumentar o fluxo através da via para compensar. Controle extrínseco envolve
uma célula em um organismo multicelular mudar o seu metabolismo em resposta a sinais de outras células.
Esses sinais são geralmente sob a forma de mensageiros solúveis, como hormônios e fatores de crescimen-
to e são detectados por receptores específicos na superfície da célula. Esses sinais são então transmitidos den-
tro da célula por sistemas de segundo mensageiro, que muitas vezes envolveram a fosforilação das proteínas.
Um exemplo muito bem compreendido de controle extrínseco é a regulação do metabolismo da glicose pelo
hormônio insulina. A insulina é produzida em resposta ao aumento nos níveis de glicose no sangue. Ligação do
hormônio a receptores de insulina nas células, então, ativa uma cascata de proteínas quinases que causam as
células para pegar a glicose e convertê-lo em moléculas de armazenamento, como ácidos graxos e glicogênio.
O metabolismo do glicogênio é controlada pela atividade da fosforilase, a enzima que quebra de glicogênio,
e glicogênio sintase, a enzima que faz. Estas enzimas são reguladas de forma recíproca, com fosforilação
glicogênio sintase inibir, mas a ativação fosforilase. Insulina provoca a síntese de glicogênio pela ativação de
proteínas fosfatases e produzindo um decréscimo na fosforilação destas enzimas.
Regulação metabólica de fluxo sanguineo cerebral
O fluxo sangüíneo cerebral médio em adultos jovens é de 54ml/100g/mm. O cérebro de um adulto médio
pesa cerca de 1400g, de modo que o fluxo para o cérebro como um todo é de aproximadamente 756ml/min. o
que corresponde a aproximadamente 14% do débito cardíaco e 18,5% do consumo de O2. A circulação cere-
bral é regulada de tal modo que geralmente o fluxo sangüíneo cerebral total se mantém constante em diferentes

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condições. Por exemplo, apesar de importantes modificações no padrão do fluxo, o fluxo sangüíneo cerebral
total não aumenta quando há atividade mental intensa. Como na maioria de outras áreas, o fluxo sangüíneo
cerebral é muito relacionado ao metabolismo do tecido cerebral.
Pelo menos três fatores metabólicos distintos exercem potentes efeitos no controle do fluxo sangüíneo cere-
bral: CO2, H+ e O2. A elevação da concentração de CO2 no sangue arterial que perfunde o cérebro aumenta
muito o fluxo sangüíneo cerebral. Acredita-se que o dióxido de carbono aumente o fluxo sangüíneo cerebral de
forma quase total, por sua combinação inicial com a água para formar ácido carbônico, com sua subseqüente
dissociação para formar íons hidrogênio. Os íons hidrogênio causam então vasodilatação dos vasos cerebrais,
sendo a dilatação quase diretamente proporcional ao aumento da concentração de íons hidrogênio. Uma vez
que, o meio ácido deprime muito a atividade neuronal esse mecanismo ajuda a manter um concentração
constante de íons hidrogênios nos líquidos cerebrais, e portanto, ajuda a manter o nível normal da atividade
neuronal.
A utilização de oxigênio pelo tecido cerebral permanece sempre constante em torno de 3,5ml de O2 por 100g
de tecido cerebral por minuto. Se o fluxo sangüíneo cerebral fica insuficiente e não pode fornecer essa quanti-
dade necessária de O2, o mecanismo de deficiência de oxigênio para a produção de vasodilatação por exemplo
o relaxamento de esfíncter pré-capilar e de fibras de músculo liso ao redor da metarteríola que funciona em
praticamente todos os tecidos do corpo, causa vasodilatação imediata, restabelecendo o fluxo sangüíneo e o
transporte de oxigênio para os tecidos cerebrais até níveis quase normais. Alterações no fluxo sangüíneo tam-
bém são produzidos por outros metabólitos vasodilatadores como Potássio e a adenosina.
PAPEL DA PRESSÃO INTRACRANIANA NA REGULAÇÃO DO FLUXO SANGÜÍNEO CEREBRAL
Nos adultos, o cérebro, a medula espinhal e o líquido cefalorraquidiano estão acondicionados, juntamente
com os vasos cerebrais, num envoltório ósseo rígido. Como o tecido cerebral (1400g) e o líquido cefalorra-
quidiano (75ml) são essencialmente incompreensíveis, o volume intracraniano de sangue (25ml) de líquido
cefalorraquidiano e cérebro em qualquer dado momento deve ser relativamente constante. Mais importante, os
vasos cerebrais são comprimidos sempre que a pressão intracraniana se eleva. Qualquer alteração na pressão
venosa imediatamente causa alteração similar na pressão intracraniana. Assim, uma elevação na pressão ve-
nosa reduz o fluxo sangüíneo cerebral tanto pela redução da pressão efetiva de perfusão quanto pela compres-
são dos vasos cerebrais. Esse mecanismo ajuda a compensar as modificações da pressão arterial à nível de
cabeça principalmente devido a atuação da gravidade. Quando a pressão intracraniana ultrapassa os 33mmHg
por curto período, o fluxo sangüíneo cerebral diminui significamente e a pressão sangüínea se eleva. Dentro
da faixa bastante ampla, a elevação da pressão sangüínea sistêmica é proporcional à elevação da pressão in-
tracraniana, embora acabe sendo atingido um ponto em que a pressão intracraniana excede a pressão arterial
e a circulação cerebral cessa.
A AUTO-REGULAÇÃO
O fluxo cerebral é eficientemente auto-regulado, mesmo com uma variação sistêmica entre 80 e 180 mmHg
não ocorre variação apreciável do fluxo sangüíneo cerebral, devido a ação de substâncias locais produzidas
pelo endotélio como, peptídeos circulantes, a angiotensina II e nervos vasomotores.
OS NERVOS VASOMOTORES E SENSITIVOS NA REGULAÇÃO DO FLUXO SANGÜÍNEO CEREBRAL
Foram descritas anteriormente a inervação dos grandes vasos cerebrais por nervos pós-ganglionares sim-
páticos e parassimpáticos e a inervação distal por nervos sensitivos. O papel destes nervos ainda não está
bem definido, porém nas condições onde o mecanismo auto-regulador não consegue produzir compensação
suficiente, o controle simpático do fluxo sangüíneo cerebral passa a ser muito importante. Por exemplo, quando
a pressão arterial atinge um nível muito elevado durante o exercício extenuante e durante outros estudos de
atividade circulatória excessiva, o sistema nervoso simpático contrai as artérias grandes e intermediárias, impe-
dindo que as pressões muito elevadas atinjam os pequenos vasos sangüíneos. Isto é importante na prevenção
de ocorrência de hemorragia vascular cerebral e ajuda proteger a barreira hematoencefálica da ruptura que de
outra forma ela poderia sofrer.
Regulação do metabolismo
Todas as vias metabólicas apresentam pelo menos uma reação específica desse processo, que é irreversí-
vel. Isto garante à célula 2 aspectos muito importantes:
1. Faz com que as vias metabólicas não ocorram nos dois sentidos, como consequência apenas do fluxo de

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massas. Ou seja, se uma via metabólica produzir a molécula X e a célula precisar de produzir mais X, não vai
ser pelo fato de já existir essa molécula dentro da célula que se vai dar a degradação da mesma.
2. Permite regular especificamente uma via metabólica sem ter que afetar outros processos, nomeadamente,
o processo oposto. Para perceber isto podemos pensar em dois processos opostos, na glicólise (degradação
de glucose) e na gluconeogénese (síntese de glucose), por exemplo. Nas células os dois processos não ocor-
rem simultaneamente, pois não fazia sentido estar a degradar e sintetizar glucose ao mesmo tempo. Portanto,
quando um está ativo, ou outro tem que estar inibido. Se ambos fossem catalisados pelas mesmas enzimas,
era impossível ativar um processo e inibir o outro. Ou se ativavam os dois, ou se inibiam os dois… Como é que
conseguimos dar a volta a este problema? Recorrendo pelo menos a uma enzima específica para cada proces-
so! Assim, se eu tiver uma enzima específica na glicólise (na realidade são 3) que não atua na gluconeogénese,
eu posso ativar ou inibir este processo sem afetar o oposto
São exatamente estas reações específicas e irreversíveis que são catalisadas pelas chamadas enzimas
regulatórias. As enzimas regulatórias são enzimas que funcionam como uma espécie de válvulas das vias me-
tabólicas onde estão inseridas, permitindo escoar” mais intermediários, se fizer falta mais produto, ou acumular
esses intermediários, se existir produto suficiente. As reações catalisadas por estas enzimas são muitas vezes
designadas por pontos de regulação, sendo consideradas os passos limitantes (mais lentos) do processo do
qual fazem parte. Sendo assim, se a sua velocidade for aumentada, a velocidade global da via onde estão inse-
ridas aumenta, e se a sua velocidade for diminuída, a velocidade global do processo também diminui.
Há 4 tipos de regulação das vias metabólicas:
1. Disponibilidade do substrato: É o método de regulação mais rápido e afeta todas as enzimas de cada via
metabólica. Basicamente, se existir pouco substrato, as enzimas não vão poder atuar à sua velocidade máxima,
e se não existir substrato, as enzimas param.
2. Regulação alostérica: É a forma mais rápida de regulação específica de apenas determinadas enzimas,
as chamadas enzimas regulatórias. Esta forma de regulação requer a presença de moléculas (moduladores
alostéricos) que vão interatuar com as enzimas, levando a alterações estruturais que podem tornar a enzima
mais rápida ou mais lenta (moduladores positivos e negativos, respectivamente).
3. Regulação hormonal: É um processo mais demorado do que a regulação alostérica, e envolve a produção
de hormonas em resposta a um estímulo. As hormonas são lançadas na corrente sanguínea e vão atuar nas
células-alvo. Normalmente a sua ação culmina na fosforilação ou desfosforilação das enzimas regulatórias,
alterando a sua eficiência catalítica (ativa ou inibe, dependendo da enzima em causa). Este efeito designa-se
por modificação covalente reversível.
4. Alterações na concentração das enzimas: Esta é a forma mais lenta de regulação e pressupõe alterações
nas taxas de síntese e degradação das enzimas, alterando a sua concentração. Por exemplo, se a célula pre-
tender ativar uma via metabólica, pode fazê-lo aumentando a quantidade das enzimas dessa via. Desde que o
substrato não seja limitante, a velocidade global da conversão de substrato em produto vai aumentar. O efeito
contrário verifica-se fazendo o raciocínio inverso. Texto adaptado de MALHEIROS. S. V. P.
Metabolismo e regulação da utilização de energia
Metabolismo é o conjunto de reações químicas que se processam em um organismo. Essa definição pode
parecer simples, mas envolve um conjunto de conhecimentos que se abrem como se fosse um leque. As trans-
formações energéticas processadas em um organismo indicam que estas aconteceram inicialmente dentro de
cada célula, individualizada.
O conjunto de reações que permitem a formação de moléculas de maior complexidade é denominado rea-
ções de síntese ou anabolismo. Quando as reações se processam na decomposição das estruturas mais com-
plexas em novas mais simples são conhecidas como reações de degradação ou catabolismo.
Temos como exemplo de catabolismo o processo da digestão, quando as moléculas são degradadas em
substâncias menores absorvíveis; e como exemplo de anabolismo a união de aminoácidos para a formação de
proteínas, como a melanina.
O corpo humano precisa receber um suprimento contínuo de energia para poder realizar suas funções. A
energia derivada da oxidação do alimento não é liberada subitamente ao ser alcançada uma determinada tem-
peratura, pois as células do organismo, diferentemente de um motor de combustão, não conseguem utilizar a

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energia térmica. Esse processo de extração lenta reduz a perda de energia na forma de calor e proporciona
uma eficiência muito maior nas transformações energéticas. Essas transformações permitem ao corpo utilizar
diretamente a energia química para a realização do trabalho biológico. Em um certo sentido, a energia é forne-
cida às células à medida que torna necessária.
ATP – Adenosina trifosfato
A energia presente nos alimentos não é transferida diretamente às células para realização de trabalho bio-
lógico. Em vez disso, essa energia dos nutrientes liberada através da oxidação é recolhida e conduzida como
uma forma acessível de energia química através do composto rico em energia ATP (adenosina trifosfato). A
energia potencial dentro da molécula de ATP é utilizada para todos os processos da célula que necessitam de
energia.
As duas principais atividades transformadoras de energia na célula são:
- Formação do ATP rico em energia a partir da energia potencial existente no alimento;
- Uso da energia química presente no ATP para trabalho biológico.
A energia liberada durante o fracionamento de ATP é transferida diretamente para outras moléculas que
necessitam de energia. Poe exemplo, no músculo, essa energia química ativa locais específicos ao longo dos
elementos contráteis, acarretando o encurtamento da fibra muscular. Como a energia aproveitada do ATP acio-
na todas as formas de trabalho biológico, o ATP foi considerado uma “moeda corrente da energia” da célula.
Fosfato de creatina: reservatório de energia
Como uma pequena quantidade de ATP é armazenada na célula e não pode ser fornecida através do sangue
ou através de outros tecidos, essa substância deverá ser ressintetizada continuamente no mesmo ritmo que é
utilizada.
Como o ATP é mantido apenas em pequenas quantidades, sua concentração relativa é alterada rapidamen-
te com qualquer aumento do metabolismo energético. Esta mudança estimula imediatamente a decomposição
dos nutrientes armazenados para fornecer energia para a ressíntese de ATP.
Apesar de as principais fontes de energia química para a ressíntese do ATP serem as gorduras e os carboi-
dratos, parte da energia da ressíntese do ATP é gerado rapidamente e sem oxigênio a partir de outro composto
fosfato rico em energia denominado fosfato de creatina, ou CP. A transferência de energia de CP é essencial
durante as transições de uma baixa para uma alta demanda de energia, como ocorre no início de um exercício,
quando as necessidades de energia ultrapassam a quantidade armazenada pelos macronutrientes. A concen-
tração de CP na célula é cerca de quatro a seis vezes maior que aquela de ATP. Assim sendo, CP é considerado
o “reservatório” de fosfato de alta energia.

Ilustração simplificada da estrutura do ATP, que é moeda corrente energética que aciona todas as
formas de trabalho biológico. O símbolo ~ significa ligações de alta energia.
Oxidação celular
Átomos de hidrogênio são arrancados continuamente dos substratos de glicídios, lipídios e proteínas durante
o metabolismo energético. Moléculas carregadoras dentro das mitocôndrias, que representam as “usinas quí-

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micas” da célula, removem os elétrons desses átomos de hidrogênio e os transferem para oxigênio molecular.
Para completar o processo, o oxigênio aceita também hidrogênio para formar água. Grande parte da energia
gerada na oxidação celular é aprisionada ou conservada como energia química na forma de ATP.
A energia é extraída do alimento em uma série de pequenas etapas envolvendo a transferência de elétrons
de moléculas doadoras para moléculas aceitadoras. Esse processo, conhecido como oxidação-redução, é
fundamental para a dinâmica energética celular. Durante a oxidação celular, os átomos de hidrogênio não são
simplesmente despejados no líquido celular, pelo contrário, a liberação de hidrogênio pelo substrato nutriente
é catalisada ao longo da superfície interna da mitocôndria por enzimas desidrogenases altamente específicas.
Durante o metabolismo energético, o oxigênio funciona como o aceitador de elétrons na cadeia respiratória
e combina-se com o hidrogênio para formar água.

Liberação de energia pelos carboidratos


A função primária dos carboidratos consiste em fornecer energia para o trabalho celular. Os carboidratos são
os únicos macronutrientes cuja energia armazenada pode ser usada para gerar ATP.
A glicólise gera energia a partir da glicose
Quando a molécula de glicose penetra na célula para ser utilizada como energia, sofre uma série de reações
químicas denominadas glicólise. Essas reações ocorrem no meio aquoso da célula fora da mitocôndria. Em
termos de seqüência evolucionária, a glicólise representa uma forma mais primitiva de transferência de energia
que se encontra bem desenvolvida nos anfíbio, répteis e mamíferos que mergulham.
Na primeira reação ATP age como doador de fosfato para fosforilar a glicose e transformá-la e glicose 6-fos-
fato. Essa reação “aprisiona” a molécula de glicose na maioria das células, que são as hepáticas, pois contêm a
enzima fosfatase, que retira o fosfato de glicose 6-fosfato, fazendo com que a glicose possa deixar a célula para
ser transportada por todo o corpo, assim se polimeriza com outras moléculas de glicose formando o glicogênio
que é uma fonte de glicose para a obtenção de energia.
Liberação de energia pela gordura
A gordura armazenada representa a mais abundante fonte corporal de energia potencial. Em relação aos
outros nutrientes, a quantidade de gordura disponível para produção de energia é quase ilimitada.
O fornecedor mais ativo de moléculas de ácidos graxos é o tecido adiposo, apesar de existir alguma gordura
armazenada em todas as células. Os adipócitos, ou células gordurosas são especializadas para sintetizar e
armazenar os triglicerídios, cujas gotículas ocupam até 95% do volume da célula. Depois que os ácidos graxos

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se difundem do adipócito para a corrente sangüínea, fixam-se na albumina plasmática como ácidos graxos
livres, AGLs. Estes são levados a seguir para tecidos ativos e são metabolizados para a obtenção de energia.
A utilização de gordura como substância energética varia intimamente com o fluxo sangüíneo no tecido ativo.
Com o aumento do fluxo sangüíneo, mais AGLs são levados do tecido adiposo para o músculo ativo; conse-
qüentemente, maiores quantidades desses nutrientes são usados para obtenção de energia. Texto adaptado
de FERREIRA. F. A.
Proteínas e enzimas
A respiração celular, o código genético e o processo metabólico são algumas dentre as funções vitais que
ocorrem em nosso organismo. A respiração só é possível pela presença da Hemoglobina, que é responsável
pelo transporte de oxigênio para as células do corpo humano. Adicionalmente, as enzimas controlam processos
como a replicação do DNA e outras transformações do metabolismo.
As proteínas são moléculas constituídas por aminoácidos, de centenas a milhares destes, que se ligam um a
um para formar a estrutura de macromolécula da proteína. Para entender melhor, imagine um certo número de
indivíduos, que se ligam pelas mãos, para formar uma imensa cadeia de pessoas. Nesta analogia, cada pessoa
seria um aminoácido (diferente um do outro), e a cadeia como um todo seria a molécula da proteína.
Proteínas formam um grupo de moléculas extremamente abundantes e com funções variadas. As proteínas
são o principal componente dos músculos, além de participarem da construção de diversos componente celu-
lares e da matriz extracelular. As proteínas são polímeros de aminoácidos.
Aminoácidos são a unidade básica da proteína. Eles são moléculas orgânicas com um terminal ácido car-
boxílico, um terminal amina e um grupo radical que varia de aminoácido pra aminoácido. O grupo de ácido
carboxílico de um aminoácido reage com o grupo amino de outro formando uma ligação peptídica. As proteínas
diferem entre sí pela sequência de aminoácidos que as compõe. Existem 20 aminoácidos diferentes que podem
ser combinados de infinitas formas para criar proteínas de diversos tamanhos e funções.
Aminoácidos podem ser entendidos separadamente, ou ligados a proteínas. Após ligação à proteína, ocorre
uma pequena modificação em sua composição, a perda de dois átomos de hidrogênio e um de oxigênio (perda
de água após realização da ligação peptídica), e a mudança de função química, que passa a ser amida. Enten-
damos a estrutura de um aminoácido fora do contexto de uma proteína.
Todo aminoácido pode contar com mais de dois grupos funcionais, porém dois sempre existirão em sua
estrutura. O grupo amino, e o grupo carboxila (-COOH), que caracterizam, respectivamente, as funções amina
e ácido carboxílico. A presença dessas duas funções na mesma molécula esclarece a nomenclatura utilizada,
“aminoácido”.

Molécula de aminoácido
Observe na figura a presença de diversos grupos na composição dos aminoácidos. Cada molécula de ami-
noácido é composta de um átomo de C, que se ligará a um hidrogênio, a um grupo amino, a uma carboxila e a
um grupo orgânico que chamaremos de resíduo. Este grupo residual difere de aminoácido para aminoácido e
determina sua propriedade.
Existem 20 aminoácidos no total, sendo doze são naturais e oito, essenciais. Observe:

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20 tipos de aminoácidos formadores de proteínas - parte I

20 tipos de aminoácidos formadores de proteínas - parte II


Aminoácidos naturais são aminoácidos já produzidos por nosso corpo, de forma natural. Aminoácidos es-
senciais são aminoácidos que não são produzidos por nosso corpo, e que devemos ingerir na alimentação para
obtê-los.
As proteínas têm estruturas diferentes definidas pelos seus aminoácidos. A estrutura primária da proteína é a
própria sequência dos aminoácidos. De acordo com as interações entre esses aminoácidos, essa cadeia pode
se enrolar na forma de espirais ou zigue-zague, que é a estrutura secundária da proteína. Essas estruturas ain-
da se dobram umas sobre as outras, dando a estrutura final do peptídio (estrutura terciária). Em alguns casos,
como a hemoglobina, a proteína é formada por mais de um peptídio combinado. Nesses casos, a combinação
das estruturas terciárias é chamada de estrutura quaternária.
As proteínas mantêm sua estrutura apenas em uma faixa estreita de pH e de temperatura. Se o ambiente
ficar mais ácido ou mais alcalino, ou mais quente ou mais frio, a proteína perde sua forma e sua função. Quan-
do isso acontece, nós dizemos que a proteína está desnaturada. A desnaturação muitas vezes é irreversível, e
pode ser observada na mudança de a clara do ovo quando é cozida ou frita: a albumina na clara se desnatura
e a mudança pode ser vista na cor e textura da clara.

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Ligações peptídicas
A ligação peptídica ocorre com a liberação de um hidrogênio do grupo amino de um aminoácido, e da hidro-
xila do grupo carboxila do outro, liberando água, e formando uma nova ligação, entre o N de um aminoácido e
o carbono da carbonila do outro envolvido na reação. Note a figura abaixo, com o antes e o depois da formação
da ligação. Esta ligação faz surgir um novo grupo funcional, que caracteriza a função amida na proteína.

Processo de formação da ligação peptídica

Níveis de estruturas protéicas


Enzimas
São proteínas que se ligam a substratos específicos e permitem a ocorrência de reações metabólicas por
aceleração de suas velocidades. Essa especificidade entre substrato-enzima é usualmente associada ao mo-

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delo chave-fechadura, onde para cada “fechadura” (enzima), uma única “chave” (substrato) seria capaz de se
ligar.
Fatores que afetam a atividade enzimática
Primeiro fator - temperatura: cada enzima tem uma temperatura ótima para sua atividade. Além disso, exis-
tem de temperatura, que, caso alcançado, provocam a desnaturação da proteína, uma alteração em sua forma
que redunda em sua desativação. É válido lembrar que a forma da proteína é fundamental para o “encaixe”
com o substrato.
Segundo fator - pH: cada enzima tem um pH ideal para atividade. Extremos de pH provocam a desnaturação
da enzima, promovendo alterações em sua forma. O pH do estômago, por exemplo, apresenta o pH ideal para
a atividade das enzimas digestivas ali presentes.
Terceiro fator - concentração de substratos: a atividade enzimática varia de acordo com a concentração de
substrato disponível no meio. Considere duas situações: o substrato está em baixas concentrações. O substra-
to está em concentrações mais elevadas. O segundo caso será aquele que tenderá a apresentar a maior ativi-
dade enzimática, uma vez que é maior a concentração dos reagentes, com maior probabilidade de ocorrência
para reação.
Enzimas são proteínas especiais que catalisam reações químicas. A velocidade da reação depende do pH e
da temperatura do meio, pois esses fatores afetam a estrutura e a função das proteínas. Geralmente, o nome
das enzimas termina em “ase” (ex.: maltase, lactase, polimerase). Como as enzimas funcionam, basicamente,
num modelo de chavefechadura, cada enzima (fechadura) tem espaço para um substrato (chave) específico.
Assim, a lactase só age na lactose, a maltase só age na maltose.
A velocidade da reação enzimática depende de vários fatores: como as enzimas são proteínas, a velocidade
da reação vai ser maior se ela ocorrer em pH e temperatura ótimos. Além disso, a concentração de enzimas
(quanto maior, mais rápida a reação) e de substrato (quanto maior, mais rápida a reação até o ponto de sa-
turação, quando as enzimas já estão trabalhando em sua velocidade máxima) também influenciam a reação.
Existem ainda outros dois fatores importantes que afetam a velocidade das reações enzimáticas: os inibidores
competitivos e não competitivos.
Os inibidores competitivos têm esse nome porque competem com o substrato pelo sítio ativo da enzima. Os
inibidores ocupam o lugar na enzima e não deixam o substrato se ligar. Já os inibidores não competitivos se
ligam às enzimas em outros locais, e diminuem a atividade delas através de uma mudança na conformação da
proteína. Vários medicamentos são inibidores de enzimas.

Classificação dos seres vivos: procariontes e eucariontes; sistema de cinco Reinos


(Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia)

SERES VIVOS
Classificação dos Seres Vivos
A sistemática é a ciência dedicada a inventariar e descrever a biodiversidade e compreender as relações
filogenéticas entre os organismos.
Inclui a taxonomia (ciência da descoberta, descrição e classificação das espécies e grupo de espécies, com
suas normas e princípios) e também a filogenia (relações evolutivas entre os organismos). Em geral, diz-se que
compreende a classificação dos diversos organismos vivos. Em biologia, os sistematas são os cientistas que
classificam as espécies em outros táxons a fim de definir o modo como eles se relacionam evolutivamente.
O objetivo da classificação dos seres vivos, chamada taxonomia, foi inicialmente o de organizar as plan-
tas e animais conhecidos em categorias que pudessem ser referidas. Posteriormente a classificação passou
a respeitar as relações evolutivas entre organismos, organização mais natural do que a baseada apenas em
características externas.
Para isso se utilizam também características ecológicas, fisiológicas, e todas as outras que estiverem
disponíveis para os táxons em questão. é a esse conjunto de investigações a respeito dos táxons que se

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dá o nome de Sistemática. Nos últimos anos têm sido tentadas classificações baseadas na semelhança entre
genomas, com grandes avanços em algumas áreas, especialmente quando se juntam a essas informações
aquelas oriundas dos outros campos da Biologia.
A classificação dos seres vivos é parte da sistemática, ciência que estuda as relações entre organis-
mos, e que inclui a coleta, preservação e estudo de espécimes, e a análise dos dados vindos de várias
áreas de pesquisa biológica.
O primeiro sistema de classificação foi o de Aristóteles no século IV a.C., que ordenou os animais pelo tipo
de reprodução e por terem ou não sangue vermelho. O seu discípulo Teofrasto classificou as plantas por seu
uso e forma de cultivo.
Nos séculos XVII e XVIII os botânicos e zoólogos começaram a delinear o atual sistema de categorias, ainda
baseados em características anatômicas superficiais. No entanto, como a ancestralidade comum pode ser a
causa de tais semelhanças, este sistema demonstrou aproximar-se da natureza, e continua sendo a base da
classificação atual. Lineu fez o primeiro trabalho extenso de categorização, em 1758, criando a hierarquia atual.
A partir de Darwin a evolução passou a ser considerada como paradigma central da Biologia, e com isso
evidências da paleontologia sobre formas ancestrais, e da embriologia sobre semelhanças nos primeiros es-
tágios de vida. No século XX, a genética e a fisiologia tornaram-se importantes na classificação, como o uso
recente da genética molecular na comparação de códigos genéticos. Programas de computador específicos
são usados na análise matemática dos dados.
Em fevereiro de 2005 Edward Osborne Wilson, professor aposentado da Universidade de Harvard, onde
cunhou o termo biodiversidade e participou da fundação da sociobiologia, ao defender um “projeto genoma” da
biodiversidade da Terra, propôs a criação de uma base de dados digital com fotos detalhadas de todas a espé-
cies vivas e a finalização do projeto Árvore da vida. Em contraposição a uma sistemática baseada na biologia
celular e molecular, Wilson vê a necessidade da sistemática descritiva para preservar a biodiversidade.
Do ponto de vista econômico, defendem Wilson, Peter Raven e Dan Brooks, a sistemática pode trazer co-
nhecimentos úteis na biotecnologia, e na contenção de doenças emergentes. Mais da metade das espécies do
planeta é parasita, e a maioria delas ainda é desconhecida.
De acordo com a classificação vigente as espécies descritas são agrupadas em gêneros. Os gêneros são
reunidos, se tiverem algumas características em comum, formando uma família. Famílias, por sua vez, são
agrupadas em uma ordem. Ordens são reunidas em uma classe. Classes de seres vivos são reunidas em
filos. E os filos são, finalmente, componentes de alguns dos cinco reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae
e Animalia).

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Nomenclatura Científica
Nomenclatura é a atribuição de nomes (nome científico) a organismos e às categorias nas quais são classi-
ficados.
O nome científico é aceito em todas as línguas, e cada nome aplica-se apenas a uma espécie.
Há duas organizações internacionais que determinam as regras de nomenclatura, uma para zoologia e outra
para botânica. Segundo as regras, o primeiro nome publicado (a partir do trabalho de Lineu) é o correto, a me-
nos que a espécie seja reclassificada, por exemplo, em outro gênero. A reclassificação tem ocorrido com certa
frequência desde o século XX.
O Código Internacional de Nomenclatura Zoológica preconiza que neste caso mantém-se a referência a
quem primeiro descreveu a espécie, com o ano da decisão, entre parênteses, e não inclui o nome de quem
reclassificou. Esta norma internacional decorre, entre outras coisas, do fato de ser ainda nova a abordagem
genética da taxonomia, sujeita a revisão devido a novas pesquisas científicas, ou simplesmente a definição de
novos parâmetros para a delimitação de um táxon, que podem ser morfológicos, ecológicos, comportamentais
etc.
O sistema atual identifica cada espécie por dois nomes em latim: o primeiro, em maiúscula, é o gênero, o
segundo, em minúscula, é o epíteto específico. Os dois nomes juntos formam o nome da espécie. Os no-
mes científicos podem vir do nome do cientista que descreveu a espécie, de um nome popular desta, de uma
característica que apresente, do lugar onde ocorre, e outros. Por convenção internacional, o nome do gênero
e da espécie é impresso em itálico, grifado ou em negrito, o dos outros táxons não. Subespécies têm um
nome composto por três palavras.
Ex.: Canis familiares, Canis lupus, Felis catus.
Nomenclatura popular
A nomeação dos seres vivos que compõe a biodiversidade constitui uma etapa do trabalho de classificação.
Muitos seres são “batizados” pela população com nomes denominados populares ou vulgares, pela comunida-
de científica.

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Esses nomes podem designar um conjunto muito amplo de organismos, incluindo, algumas vezes, até gru-
pos não aparentados.
O mesmo nome popular pode ser atribuído a diferentes espécies, como neste exemplo:

Ananas comosus

Ananas ananassoides
Estas duas espécies do gênero ananas são chamadas pelo mesmo nome popular Abacaxi.
Outro exemplo é o crustáceo de praia Emerita brasiliensis, que no Rio de Janeiro é denominado tatuí, e nos
estados de São Paulo e Paraná é chamado de tatuíra.

Em contra partida, animais de uma mesma espécie podem receber vários nomes, como ocorre com a onça-
-pintada, cujo nome científico é Panthera onca.

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Outros nomes populares: canguçu, onça-canguçu, jaguar-canguçu
Um outro exemplo é a planta Manihot esculenta, cuja raiz é muito apreciada como alimento. Dependendo da
região do Brasil, ela é conhecida por vários nomes: aipim, macaxeira ou mandioca.
Considerando os exemplo apresentados, podemos perceber que a nomenclatura popular varia bastante,
mesmo num país como o Brasil, em que a população fala um mesmo idioma, excetuando-se os idiomas indíge-
nas. Imagine se considerarmos o mundo todo, com tantos, com tantos idiomas e dialetos diferentes, a grande
quantidade de nomes de um mesmo ser vivo pode receber. Desse modo podemos entender a necessidade de
existir uma nomenclatura padrão, adotada internacionalmente, para facilitar a comunicação de diversos profis-
sionais, como os médicos, os zoólogos, os botânicos e todos aqueles que estudam os seres vivos.
A Filogênese dos Seres Vivos
Quais foram os ancestrais dos répteis (lagartos, cobras) que vivem na Terra atual?
Essas e outras perguntas relativas à origem dos grandes grupos de seres vivos eram difíceis de serem res-
pondidas até surgir, em 1859, a Teoria da evolução Biológica por Seleção Natural, proposta por Charles Da-
rwin e Alfred Russel Wallace. Com a compreensão de “como” a evolução biológica ocorre, os biólogos passa-
ram a sugerir hipóteses para explicar a possível relação de parentesco entre os diversos grupos de seres vivos.
Diagramas em forma de árvore - elaborados com dados de anatomia e embriologia comparadas, além de
informações derivadas do estudo de fósseis - mostraram a hipotética origem de grupos a partir de supostos
ancestrais. Essas supostas “árvores genealógicas” ou “filogenéticas” (do grego, phylon = raça, tribo + génesis =
fonte, origem, início) simbolizavam a história evolutiva dos grupos que eram comparados, além de sugerir uma
provável época de origem para cada um deles. Como exemplo veja a figura abaixo.

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O esquema representa uma provável “história evolutiva” dos vertebrados. Note que estão representados os
grupos atuais - no topo do esquema - bem como os prováveis ancestrais. Perceba que o grupo das lampreias
(considerados “peixes” sem mandíbula) é bem antigo (mais de 500 milhões de anos). Já cerca de 150 milhões
de anos, provavelmente a partir de um grupo de dinossauros ancestrais. Note, ainda, que o parentesco existe
entre aves e répteis é maior do que existe entre mamífero e répteis, e que os três grupos foram originados de
um ancestral comum.
Atualmente com um maior número de informações sobre os grupos taxonômicos passaram-se a utilizar
computadores para se gerar as árvores filogenéticas e os cladogramas para estabelecer as inúmeras relações
entre os seres vivos.
Estabelecendo Filogenias com os Cladogramas
Ao dispor de um grande número de características comparativas, mais confiáveis - anatômicas, embrioló-
gicas, funcionais, genéticas, comportamentais etc. - os biólogos interessados na classificação dos seres vivos
puderam elaborar hipóteses mais consistentes a respeito da evolução dos grandes grupos.
Influenciados pelo trabalho de Wili Hennig - um cientista alemão, especialista em insetos - passaram a apre-
sentar as características em cladogramas.
Neste tipo de diagrama, utiliza-se uma linha, cujo ponto de origem - a raiz- simboliza um provável grupo (ou
espécie) ancestral. De cada nó surge um ramo, que conduz a um ou a vários grupos terminais. Com os cla-
dogramas pode-se estabelecer uma comparação entre as características primitivas - que existiam em grupos
ancestrais - e as derivadas - compartilhadas por grupos que os sucederam.

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Funções vitais dos seres vivos e adaptação ao ambiente. Corpo Humano e Fisiologia
Humana: Antígenos e anticorpos; Soros e Vacinas; Grupos sanguíneos, transplantes e
doenças autoimunes. Coordenação das funções vitais dos seres humanos: o sistema
nervoso e o sistema endócrino; Reprodução humana

TECIDOS E PELE - Classificação


dos Tecidos. Pele e anexos.
Sistema Tegumentar
- Formado pela pele humana (epiderme, derme e hipoderme).
- Principais funções: proteção do corpo, trocas entre o meio externo e interno do organismo e manutenção
da temperatura do corpo.
O sistema tegumentar é composto pela pele e anexos (glândulas, unhas, cabelos, pelos e receptores sen-
soriais) e tem importantes funções, sendo a principal agir como barreira, protegendo o corpo da invasão de
microrganismos e evitando o ressecamento e perda de água para o meio externo.
Entre os vertebrados, o tegumento é composto por camadas: a mais externa, a epiderme é formada por te-
cido epitelial, a camada subjacente de tecido conjuntivo é a derme, seguida por um tecido subcutâneo, também
conhecida como hipoderme. Há também uma cobertura impermeável, a cutícula. Há uma variedade de anexos,
tais como pelos, escamas, chifres, garras e penas.

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Funções do Tegumento
• Envolve e protege os tecidos e órgãos do corpo;
• Protege contra a entrada de agentes infecciosos;
• Evita que o organismo desidrate;
• Controla a temperatura corporal, protegendo contra mudanças bruscas de temperatura;
• Participa da eliminação de resíduos, agindo como sistema excretor também;
• Atua na relação do corpo com o meio externo através dos sentidos, trabalhando em conjunto com o sistema
nervoso;
• Armazena água e gordura nas suas células.
Anatomia da Pele
Epiderme

A epiderme é constituída de tecido epitelial, cujas células apresentam diferentes formatos e funções. Elas
são originadas na camada basal, e se movem para cima, tornando-se mais achatadas à medida que sobem.
Quando chegam na camada mais superficial (camada córnea) as células estão mortas (e sem núcleo) e são
compostas em grande parte por queratina. Entre a camada basal (mais interna) e a córnea (mais externa), há a

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camada granulosa, onde as células estão repletas de grânulos de queratina e a espinhosa, na qual as células
possuem prolongamentos que as mantêm juntas, dando-lhe esse aspecto.
Nos vertebrados terrestres, as células da camada córnea são eliminadas periodicamente, tal como em rép-
teis que trocam a pele, ou continuamente em placas ou escamas, como acontece nos mamíferos assim como
nos humanos.
Derme
Observe na figura a seguir um corte transversal da pele visto ao microscópio. A parte superior (mais escura)
é a epiderme e a parte mais clara representa a derme, com as papilas dérmicas em contato com as reentrâncias
epidérmicas.

A derme é constituída de tecido conjuntivo fibroso, vasos sanguíneos e linfáticos, terminações nervosas e
fibras musculares lisas. É uma camada de espessura variável que une a epiderme ao tecido subcutâneo, ou
hipoderme. Sua superfície é irregular com saliências, as papilas dérmicas, que acompanham as reentrâncias
da epiderme.
Apêndices da Pele
Unhas, Cabelos e Pelos
As unhas são placas de queratina localizadas nas pontas dos dedos que ajudam a agarrar os objetos.​ Os
pelos estão espalhados pelo corpo todo, com exceção das palmas das mãos, das solas dos pés e de certas
áreas da região genital. Eles são formados de queratina e restos de células epidérmicas mortas compactadas
e se formam dentro do folículo piloso. Os cabelos, espalhados pela cabeça crescem graças às células mortas
queratinizadas produzidas no fundo do folículo; elas produzem queratina, morrem e são achatadas formando o
cabelo. A cor dos pelos e cabelos é determinada pela quantidade de melanina produzida, quanto mais pigmento
houver mais escuro será o cabelo.
Receptores Sensoriais
São ramificações de fibras nervosas, algumas se encontram encapsuladas formando corpúsculos, outras
estão soltas como as que se enrolam em torno do folículo piloso. Possuem função sensorial, sendo capazes de
receber estímulos mecânicos, de pressão, de temperatura ou de dor. São eles: Corpúsculos de Ruffini, Corpús-
culos de Paccini, Bulbos de Krause, Corpúsculos de Meissner, Discos de Merkel, Terminais do Folículo Piloso
e Terminações Nervosas Livres. Veja a figura a seguir:

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Glândulas
São exócrinas já que liberam suas secreções para fora do corpo. As glândulas sebáceas são bolsas que
secretam o sebo (substância oleosa) junto aos folículos pilosos para lubrifica-los. Já as glândulas sudoríparas
têm forma tubular enovelada e secretam o suor (fluido corporal constituído de água e íons de sódio, potássio e
cloreto, entre outros elementos) através de poros na superfície da pele.
O suor ajuda a controlar a temperatura corporal.
SISTEMA ESQUELÉTICO - ESQUELETO AXIAL.
Esqueleto Apendicular. Articulações.
- Formado pelos ossos do corpo.
- Principais funções: sustentação, proteção e movimentação do corpo humano.
O sistema esquelético tem como função proteger, produzir células sanguíneas, armazenar os minerais,
sustentar e locomover. Ele também é conhecido pelo nome de sistema ósseo e é formado por duzentos e seis
ossos e estão assim divididos: ossos da cabeça, ossos do pescoço, ossos do ouvido, ossos do tórax,
ossos do abdômen, ossos dos membros inferiores e ossos dos membros superiores.
A ciência que estuda os ossos é a osteologia. O crânio e a coluna vertebral são estruturas ósseas comple-
xas e extremamente importantes, que ajudam e evoluem ao ponto em que o homem se desenvolve. A coluna
vertebral tem como objetivo dar maior flexibilidade ao corpo humano.
Os ossos do corpo humano são ligados através das articulações. E eles são os responsáveis por darem um
apoio para o sistema muscular, fazendo com que o homem possa executar diversos movimentos.

As principais funções do sistema esquelético são:


• Sustentar o organismo;
• Proteger os órgãos vitais;
• Armazenar os sais, principalmente o cálcio e o fósforo, que são fundamentais para o funcionamento das
células e devem estar presentes no sangue. Uma vez que o nível de cálcio diminui no sangue, os sais de cálcio

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são levados para os ossos para suprir a sua ausência;
• Ajudar no movimento do corpo;
• Hematopoiética;
• Alguns ossos possuem medula amarela, mais conhecida como tutano. Essa medula é constituída, em sua
maioria, por células adiposas, que acumulam gorduras como material de reserva;
• No interior de alguns ossos, como o crânio, a coluna, a bacia, o esterno, as costelas e as cabeças dos
ossos do braço e da coxa, existem cavidades que são preenchidas por um tecido macio, chamado de medula
óssea vermelha, onde são produzidas as células do sangue: hemácias, leucócitos e plaquetas.

Quais são as principais partes do esqueleto?


O sistema esquelético possui duas partes que podem ser consideradas principais: o esqueleto apendicular
e o esqueleto axial.
O esqueleto apendicular é formado:
Cintura torácica ou escapular, que é uma estrutura também conhecida como cintura superior. É formada
pelas escápulas e clavículas;
• Cintura pélvica ou inferior, também chamada de bacia, tem na sua constituição o sacro, um par de ossos
ilíacos e pelo cóccix.
O esqueleto dos membros também é composto pelas juntas, ou seja, uma ligação existente entre dois ou
mais ossos. Outras estruturas que fazem parte do esqueleto são as articulações. E essas, possuem os ligamen-
tos, que são os responsáveis por tornar os ossos conectados a uma articulação.
Os ossos começam a se formar desde o segundo mês de vida intrauterina. Quando nasce, a criança já
apresenta um esqueleto bastante ossificado, mas as extremidades de diversos ossos ainda possuem regiões

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cartilaginosas que permitem o crescimento.
Entre os 18 e 20 anos, essas regiões cartilaginosas se ossificam e deixam de crescer.
Já o esqueleto axial é formado pela:
• Pela caixa craniana, que possui diversos ossos importantes do crânio;
• Pela coluna vertebral, que são pequenos ossos sobrepostos que dão sustentação ao corpo, e onde existe
um canal que se conecta à medula nervosa ou espinhal. A sua principal função é a movimentação;
• Pela caixa torácica, que é formada pelo osso esterno e as costelas. É ela a responsável por proteger os
pulmões e o coração.
SISTEMA MUSCULAR - ESTRUTURA DOS
MÚSCULOS ESQUELÉTICOS.
- Formado pelos músculos do corpo humano.
- Principais funções: atua na sustentação do corpo, movimentação e equilíbrio da temperatura corporal.
O conjunto de músculos do nosso corpo forma o sistema muscular. O corpo humano tem aproximadamente
600 músculos diferentes, isso significa que os músculos somam cerca de 50% do peso total de uma pessoa.
Os músculos, aliados aos ossos e articulações, são as estruturas responsáveis por todos os movimentos
corporais. Andar, correr, pular, comer, piscar e até mesmo respirar seriam atividades impossíveis sem a ação
do sistema muscular.
Os músculos são classificados em 3 categorias:
• Músculo não estriado (músculo liso)
• Músculo estriado esquelético
• Músculo estriado cardíaco

Os músculos não estriados apresentam contração lenta e involuntária, ou seja, são responsáveis por aque-
les movimentos que ocorrem independentemente da nossa vontade, como os movimentos peristálticos.
Os músculos estriados esqueléticos são aqueles que se fixam nos ossos através dos tendões (cordões fi-
brosos), caracterizam-se por contrações fortes e voluntárias. Isso quer dizer que são responsáveis pelas ações
conscientes do nosso corpo, como andar e fazer exercícios.
O músculo estriado cardíaco, como o próprio nome diz, é o músculo do coração. É ele o responsável pelos
batimentos cardíacos, suas contrações são fortes e involuntárias.
A principal característica do sistema muscular é a capacidade de se contrair e relaxar. Aliás, é o equilíbrio

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entre esses dois estados o responsável pelo movimento do corpo como um todo. Durante a respiração, por
exemplo, o diafragma precisa contrair e relaxar para receber o oxigênio nos pulmões e expelir em seguida o
gás carbônico.
SISTEMA NERVOSO - Encéfalo e Nervos Cranianos. Medula Espinhal e Nervos Espinhais.
- Composto pelo cérebro, medula espinal e diversos nervos.
- Principais funções: processamento de informações do ambiente (cérebro) e transmissão de impulsos ner-
vosos pelo corpo. O cérebro, principal órgão do sistema nervoso, também possui a capacidade de armazenar
informações, elaborar pensamentos e produzir conhecimentos a partir das informações obtidas. O cérebro tam-
bém é muito importante no controle de diversas funções vitais do corpo e no processo da fala.
O sistema nervoso é um dos mais importantes do corpo humano. Ele é o responsável por controlar diversos
processos vitais, como as atividades dos músculos, o movimento dos órgãos, os estímulos e os sentidos hu-
manos.
Este sistema é formado por estruturas essenciais, como os neurônios e os nervos, dois elementos respon-
sáveis pela coordenação motora dos seres humanos. Graças ao sistema nervoso, somos capazes de perceber
estímulos externos.
Características do sistema nervoso
O principal órgão do sistema nervoso é o cérebro, responsável por controlar todas as funções, atividades,
movimentos, memórias e pensamentos dos seres humanos. O cérebro é a chave do sistema nervoso e atua
para controlar a maioria das funções do organismo.
Já o neurônio é considerado a unidade funcional do sistema nervoso. Os neurônios se comunicam por meio
de sinapses e propagam impulsos nervosos.
Como é possível perceber, o sistema nervoso é uma grande rede de comunicações, movimentos e sensa-
ções. Este sistema está dividido em duas partes: o sistema nervoso central e o sistema nervoso periférico.
Sistema Nervoso Central – Formado por encéfalo e medula espinhal.
Sistema Nervoso Periférico – Formado por nervos e gânglios nervosos.
Conheça melhor os órgãos e estruturas do sistema nervoso:
Cérebro – Órgão volumoso, dividido em duas partes simétricas, chamadas de hemisfério direito e hemisfério
esquerdo. É o órgão de maior importância no corpo humano.
Cerebelo – Responsável por coordenar os movimentos do corpo e o equilíbrio.
Tronco Encefálico – Conduz impulsos nervosos entre o cérebro e a medula espinhal.
Medula Espinhal – Cordão de tecido nervoso que fica localizado na coluna vertebral. É responsável por
conduzir impulsos nervosos do corpo para o cérebro.
As estruturas do sistema nervoso são essenciais para uma vida saudável. Por isso, é recomendável manter
uma rotina equilibrada e passar por consultas regulares com especialistas.
SISTEMA CIRCULATÓRIO - SANGUE. ANATOMIA
DO CORAÇÃO E DOS VASOS SANGÜÍNEOS.
- Formado por coração, veias e artérias.
- Principais funções: circulação do sangue pelo corpo humano. Neste processo, os nutrientes e o oxigênio
são transportados para as células.
O sistema circulatório humano é formado pelo coração, pelo sangue e os vasos sanguíneos. Também co-
nhecido como sistema cardiovascular, essa rede de circulação do corpo é extremamente importante para o
funcionamento dos órgãos e para a distribuição de nutrientes, hormônios e oxigênio pelo organismo.
O principal órgão do sistema circulatório é o coração, responsável por bombear o sangue para o corpo. O
coração está localizado na cavidade torácica e pesa cerca de 300 gramas. O órgão é formado por átrio direito,
átrio esquerdo, ventrículo direito e ventrículo esquerdo; e apresenta três camadas fundamentais: o pericárdio,

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o endocárdio e o miocárdio.
Em relação aos vasos, o sistema circulatório tem basicamente três tipos: as artérias, as veias e os capilares.
As artérias são consideradas vasos de paredes que ajudam a transportar o sangue do coração para os tecidos
do corpo.
As veias são vasos de paredes que transportam sangue dos tecidos para o coração. Já os capilares arteriais
e capilares venosos são ramificações que colaboram com o transporte do sangue pelo organismo.
SISTEMA RESPIRATÓRIO - PAREDE
TORÁCICA E PULMÕES. MEDIASTINO.
- Composto por dois pulmões, duas cavidades nasais, faringe, laringe, traqueia e brônquios pulmonares.
- Principais funções: processo de respiração (obtenção de oxigênio e retirada de gás carbônico).
O sistema respiratório dos seres humanos é responsável por fornecer oxigênio ao nosso corpo. Ele também
atua para retirar o gás carbônico do organismo.
Os principais órgãos do sistema respiratório são os pulmões, que desempenham papel estratégico no pro-
cesso de respiração.
Este sistema também é composto por cavidades nasais, boca, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bron-
quíolos.
Características do sistema respiratório
O processo de respiração controlado pelo sistema respiratório começa pelas narinas. As cavidades nasais
recebem o ar e filtram as partículas sólidas e as bactérias. Essas mesmas cavidades também são as respon-
sáveis pela percepção dos odores.
Depois de passar pelas cavidades nasais, o ar segue para a faringe. Em seguida, vai para a laringe, traqueia,
brônquios, bronquíolos e pulmões.
Outro elemento fundamental no processo de respiração é o diafragma, um músculo que fica localizado logo
abaixo do pulmão e que desempenha papel relevante nos movimentos da respiração.
A importância dos pulmões
Os pulmões são órgãos com perfil esponjoso. Eles são revestidos por uma membrana dupla, que recebe
o nome de pleura. Os seres humanos possuem dois pulmões, separados pelo mediastino, região onde está o
coração e outros órgãos e estruturas do organismo.
Os pulmões contribuem de forma significativa para a troca de gases do organismo com o meio externo por
meio da respiração. Eles também ajudam a controlar o nível de oxigênio no sangue.
Estes órgãos medem cerca de 25 cm e têm um peso aproximado de 700 gramas. O ar que passa pelos pul-
mões é renovado a todo momento, em um processo denominado ventilação pulmonar.
É fundamental que as pessoas cuidem da saúde dos pulmões para que possam ter uma respiração ade-
quada e para prevenir doenças como o câncer de pulmão. Para cuidar bem desses órgãos, os médicos reco-
mendam que os pacientes evitem ou deixem o vício do cigarro e de outras drogas, como maconha e charutos;
e evitem se expor à poluição externa intensa e à condição de fumante passivo. Além disso, é recomendado
respirar profundamente, praticar exercícios aeróbicos, ter uma dieta saudável, beber bastante água e fazer a
limpeza regular do nariz para prevenir alergias.
Sobre o mediastino veremos mais detalhadamente mais adiante.
OUTROS SISTEMAS - Anatomia do Sistema Digestivo. Anatomia do Sistema Urinário. Anatomia do
Sistema Reprodutor.
Sistema Digestivo
- Composto por boca, faringe, esôfago, estômago, intestinos (grosso e delgado). Há também outros órgãos
que atuam de forma auxiliar no processo de digestão dos alimentos: glândulas salivares, dentes, fígado e pân-
creas.

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- Principal função: processo de digestão dos alimentos.
Nós, seres humanos, nos alimentamos diariamente para obtermos energia para realizarmos nossas funções
vitais e atividades cotidianas. Nesse processo de captação de energia e nutrientes um sistema faz toda a dife-
rença: estamos falando do sistema digestivo, ou sistema digestório, como é chamado atualmente.
O sistema digestivo é responsável por conduzir processos químicos e mecânicos que retiram os nutrientes
dos alimentos para serem usados em nosso corpo. A estrutura do sistema digestório é bastante complexa,
formada por diversos órgãos importantes para a nutrição do nosso organismo. Estes órgãos transformam os
alimentos que ingerimos.
Características do sistema digestivo
O sistema digestório é formado pelo tubo digestório e por seus órgãos anexos.
As principais estruturas presentes neste sistema são: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
intestino grosso, glândulas salivares, dentes, língua, pâncreas, fígado e vesícula biliar.
Todo processo de digestão começa pela boca, que recebe os alimentos no tubo digestivo. Nossa mastigação
é um processo de digestão mecânica. Em seguida, o alimento já mastigado segue pela faringe até chegar ao
esôfago.
O próximo destino do alimento é o estômago, órgão responsável pela digestão das proteínas. Depois de
processado, o alimento se transforma em quimo e vai para o intestino delgado.
O caminho final das sobras de alimentos sem valor nutricional passa pelo intestino grosso e segue até a
eliminação dos resíduos digestivos por meio do bolo fecal.

Enzimas Digestivas
O processo de digestão é facilitado pelas enzimas digestivas, como as amilases, que agem sobre o amido;
as proteases, que atuam sobre as proteínas; e as lípases, que trabalham nos lipídios.

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Digestão Saudável
Para o funcionamento correto do sistema digestivo é preciso que as pessoas mantenham uma alimentação
saudável, rica principalmente em fibras e água. Isso ajuda a evitar problemas como o velho conhecido intestino
preso, por exemplo.
Sistema Urinário
- Formado por dois rins e vias urinárias (bexiga urinária, uretra e dois ureteres).
- Principais funções: filtração das impurezas. Para tanto, ocorre a produção da urina, armazenamento e sua
eliminação, pelo aparelho urinário. Junto com a urina, são eliminadas as impurezas, que foram filtradas (retira-
das do sangue) pelos rins.
O sistema urinário é responsável por manter nosso organismo livre de toxinas. Isso é possível porque é
composto por um conjunto de órgãos responsáveis por filtrar, armazenar e eliminar as substâncias nocivas ou
desnecessárias ao nosso corpo.
Os órgãos constitutivos do sistema urinário são divididos em dois grupos, os secretores (responsáveis por
produzir a urina) e os excretores (responsáveis por eliminar a urina). Esses órgãos são os rins, que produzem
a urina, os ureteres, que transportam a urina dos rins à bexiga, e a uretra, por onde é excretada a urina.
As substancias mais comumente encontradas na urina são: ácido úrico, ureia, sódio, potássio e bicarbonato.
Quando o corpo sofre alguma disfunção, a urina pode revelar a raiz do problema, por isso é tão comum que
médicos peçam um exame de urina antes de diagnosticar o paciente.
Os rins são órgãos principais do sistema urinário, além de produzir a urina eles são responsáveis pela regu-
lação da composição iônica do sangue, pela manutenção da osmolaridade, o equilíbrio da pressão arterial, o
ph sanguíneo e a liberação de hormônios.
Outras estruturas importantes são as glândulas supra renais, que ficam localizadas entre os rins e o diafrag-
ma. Cada glândula é envolvida por fibras e gordura, são elas as responsáveis pela produção dos hormônios
essenciais ao organismo.
Excreção da Urina

Os rins funcionam como um filtro que retém as impurezas do sangue e o deixa em condições de circular pelo
organismo.
Eles participam do controle das concentrações plásmicas de íons, como sódio, potássio, bicarbonato, cálcio
e cloretos.
De acordo com as concentrações no sangue, esses íons podem ser eliminados em maior ou menor quanti-
dade na urina, através do sistema urinário. As principais substâncias que formam a urina são uréia, ácido úrico
e amônia.

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Sistema Reprodutor
- Formado por:
- Sistema reprodutor masculino: dois testículos, epidídimos, canais deferentes, vesículas seminais, próstata,
uretra e pênis.
- Sistema reprodutor feminino: trompas de Falópio, dois ovários, útero, cérvice (colo do útero) e vagina.
- Principais funções: responsável pelo processo reprodutivo dos seres humanos.
Também chamado de sistema genital, o sistema reprodutor humano é constituído por um conjunto de órgãos
que formam tanto o aparelho genital masculino, quanto o aparelho genital feminino.
O sistema reprodutor masculino é formado por 6 órgãos:
Pênis - funciona como órgão reprodutor e excretor. A uretra é o canal responsável por eliminar a urina e tam-
bém transportar o sêmen. Por ser extremamente vascularizado, esse órgão tende à ereção quando estimulado.
Testículos - são as glândulas que produzem os gametas masculinos (espermatozoides) e sintetizam a tes-
tosterona (hormônio sexual).
Bolsa escrotal - é responsável por manter a temperatura e proteger os testículos de agentes externos.
Epidídimo - é um ducto formado por um canal, ele recebe os espermatozoides e os reserva até a maturidade.
Canal deferente - responsável por transportar os espermatozoides do epidídimo até o complexo de glându-
las anexas.
Glândulas anexas - próstata, vesículas seminais e glândulas bulbo uretrais. São responsáveis pela produ-
ção da secreção que forma o sêmen, trata-se de um fluido que nutri e permite um meio de sobrevivência aos
espermatozoides, por exemplo, neutralizando o pH levemente ácido da uretra.
O sistema reprodutor feminino também é formado por 6 órgãos:
Lábios vaginais - dobras de tecido adiposo, responsável por proteger o interior da vagina.
Clitóris - órgão relacionado ao prazer sexual.
Vagina - também funciona como órgão reprodutor e excretor. A cavidade vaginal recebe o pênis durante o
ato sexual e a uretra elimina a urina.
Útero - é o órgão receptor do óvulo, onde o embrião irá se desenvolver durante os 9 meses de gestação.
Trompas de falópio - são os órgãos responsáveis pelo transporte dos óvulos do ovário até o útero.
Ovários - glândulas que formam os óvulos de acordo com o ciclo menstrual, também produz os hormônios
sexuais: estrógeno e progesterona.
B - PARTE ESPECIAL
CABEÇA E PESCOÇO - Cavidade Craniana. Face e Couro Cabeludo. Órbita e Olhos. Estrutura do
Pescoço. Cavidade Nasal. Cavidade Oral. Laringe e Faringe.
Cavidade Craniana
O Crânio
Dividi-se, para estudo, em ossos da face e ossos do crânio propriamente dito. Ele pode ser dividido em
calota craniana ou calvária e base do crânio. A calvária é a parte superior do crânio e é formada pelos ossos:
Frontal, Occipital, e Parietais. A base do crânio forma o assoalho da cavidade craniana e pode ser dividida em
três fossas ou andares:
Os ossos que o compõe são: Frontal, Occipital, Esfenóide, Etmóide (ímpares)*, Parietal e Temporal (pares)*.
A fossa anterior, também chamada de andar superior da base do crânio, é formada pelas lâminas orbitais do
frontal, pela lâmina crivosa do etmóide e pelas asas menores e parte anterior do esfenóide.
A fossa média, também chamada de andar médio da base do crânio, é formada anteriormente pelas asas
menores do esfenóide, posteriormente pela porção petrosa do osso temporal e lateralmente pelas escamas do
temporal, osso parietal e asa maior do esfenóide.

Apostila gerada especialmente para: Histórias do Igor 195.701.847-01


236
A fossa posterior, também chamada de andar inferior, é constituída pelo dorso da sela e clivo do esfenóide,
pelo occipital e parte petrosa e mastóidea do temporal. Essa é a maior fossa do crânio e também abriga o maior
forame do crânio, o forame magno.
Os ossos que compõe a face são: Mandíbula, Vômer, Hióde (ímpares), Maxilar, Palatino, Zigomática, Con-
cha nasal inferior, Lacrimal e Nasal (pares).
*Ossos ímpares são ossos situados na linha média e que não possuem outro semelhante no corpo. Ossos
pares são ossos situados lateralmente e que possuem outro semelhante do lado oposto.

Crânio – vista anterior

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Crânio – vista anterior

Crânio–vista lateral esquerda


* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração.

Crânio – vista posterior


* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração. Obs: nem todos os indivíduos possuem
os ossos suturais.

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Calvária – vista superior
* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração.

Calvária – vista inferior ou interna.

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239
Base do crânio, face interna – vista superior

Base do crânio, sem a mandíbula – vista inferior.

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240
Crânio – corte sagital
* Em antropologia são empregados como pontos de mensuração

Calvária de recém-nascido – vista superior.


Ossos do Crânio
- Frontal
É um osso pneumático, ímpar, que constitui o limite anterior da calota craniana e o assoalho do andar supe-
rior da base do crânio.
Posição anatômica:
Anteriormente: borda supra-orbitária
Inferiormente: espinha nasal

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241
Frontal – vista anterior.

Frontal – vista inferior


* Fossa da glândula lacrimal, onde está situada a glândula lacrimal.
- Parietal
É um osso par. Os dois ossos parietais formam os lados e teto da calota craniana. É aplanado, quadrangular
e apresenta uma superfície externa convexa e uma interna côncava.
Posição anatômica:
Anteriormente: borda frontal
Inferiormente e lateralmente: borda escamosa

Parietal direito – vista lateral

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Parietal direito, face interna – vista medial
- Occipital
É um osso ímpar que constitui o limite posterior e dorsocaudal do crânio. Tem uma forma trapezóide e con-
formação de uma taça. Possui uma grande abertura, o forame magno, que se continua com o canal vertebral.
Posição anatômica:
Dorsalmente: protuberância occipital externa
Inferiormente: forame magno

Occipital – vista inferior

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Occipital – vista superior
- Esfenóide
É um osso ímpar que se encontra no andar médio da base do crânio. Assemelha-se a um morcego de asas
abertas.
Posição anatômica:
Anteriormente: face orbitária
Lateralmente: asa maior

Esfenóide – vista anterior

Esfenóide – vista posterior


- Temporal
É um osso par situado entre o occipital e o esfenóide, formando a base do crânio e sua parede lateral.
Posição anatômica:
Lateralmente, dorsalmente e inferiormente: processo mastóide
Superiormente: porção escamosa

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244
Temporal direito – vista lateral

Temporal direito, face interna – vista medial

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Temporal direito – vista inferior
- Etmóide
É um osso ímpar, pneumático, excessivamente leve e esponjoso que forma parte do assoalho do andar su-
perior da base do crânio. Situa-se entre as duas órbitas, forma a maior parte da parede superior da cavidade
nasal e constitui parte do septo nasal.
Posição anatômica:
Anteriormente: processos alares
Superiormente: crista gali

Etmóide – vista postero-superior (esquerda) e vista lateral (direita)


Músculos da cabeça - da face ou da mímica facial
Os músculos da face (músculos da expressão facial) estão na tela subcutânea da parte anterior e posterior
do couro cabeludo, face e pescoço.
Eles movimentam a pele e modificam as expressões faciais para exprimir humor.

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A maioria dos músculos se fixam ao osso ou fáscia e atuam mediante tração da pele.
Importante lembrar que todos os músculos faciais são inervados pelo VII par craniano, o nervo facial, via
ramos:
- Auricular posterior;
- Ramos temporais;
- Zigomático;
- Bucal;
- Marginal da mandíbula;
- E cervical do plexo parotídeo.

MOORE: Keith L. Anatomia orientada para a clínica. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
COURO CABELUDO
Galea aponeurótica
A galea aponeurótica (aponeurose epicraniana) cobre a parte superior do crânio.
Em sua região posterior junta-se entre o intervalo de sua união com os músculos occipitais, especificamente
na protuberância occipital externa e nas linhas mais altas do osso occipital do pescoço.
Na fronte, ele forma uma extensão curta e pequena entre a união com o músculo frontal.

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Imagem: Niel Asher Healthcare
Órbita e olhos
A cavidade orbitária é a cavidade esquelética que é constituída por várias estruturas cranianas e cerca o teci-
do mole que compõe o olho. Sua função é fornecer um ambiente estável e protegido para o globo ocular e suas
estruturas adjacentes, bem como proteger uma grande parte do olho que não é utilizada diretamente na visão.
Primeiro, iremos discutir os ossos individuais que formam a órbita, bem como as articulações entre eles. Em
segundo lugar, iremos descrever em detalhe os marcos anatómicos e fissuras dos ossos, incluindo os que se
devem às suas articulações, dando especial atenção àquelas em que passam estruturas. Por último, iremos
mencionar a patologia mais importante relacionada com este tema.
Apesar de parecer uma cavidade esférica, a cavidade orbitária na verdade é mais como um canal piramidal,
com uma grande abertura anteriormente, na parte superior da face, de onde uma parte do olho que é direta-
mente utilizada na visão emerge, e mais duas fissuras e um canal menores posteriormente, que conectam a
parte interna do crânio à sua parte externa, e permitem que várias estruturas anatômicas passem de dentro
para fora.
Ossos e articulações
Parede anterior
No sentido horário (utilizando a órbita direita, que está à esquerda do leitor), os ossos que contribuem para
a margem anterior e as paredes anteriores da cavidade orbitária incluem o osso frontal, que fornece a borda
anterior e superior da órbita e a maior parte do teto da cavidade orbitária.
Em seguida é a maxila, que contribui com as suas porções frontal e nasal para a margem ântero-medial e a
margem ântero-inferior medial da borda orbitária, bem como para a maioria do assoalho da cavidade orbitária.
O último osso que contribui para as paredes ântero-lateral interna e externa da cavidade orbitária é o zigoma,
ou a porção facial do osso zigomático.
Parede medial
A parede medial interna continua posteriormente e superiormente da maxila, subindo até o osso frontal, e
consiste primeiramente do osso lacrimal e logo atrás dele, da placa vertical do osso etmoide.
A margem posterior da placa do etmoide se articula com as asas maior e menor do osso esfenóide, como
também faz a maxila inferiormente (mas somente com a asa maior).
Parede posterior
O osso esfenóide forma a totalidade da parede posterior da cavidade orbitária. Uma pequena projeção da
placa vertical do osso palatino, conhecida como processo orbital, pode ser vista entre a maxila, o osso etmoide
e o osso esfenoide.

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Articulações da órbita
Dentro da órbita as articulações não são nomeadas, e não se espera isso como conhecimento comum de
estudantes de medicina em um teste. Por agora, apenas as principais suturas que são mencionadas nos livros
de anatomia serão listadas aqui. Como mencionado anteriormente, a ordem será o sentido horário utilizando a
órbita direita como referência.
• A sutura frontomaxilar articula o osso frontal e a maxila na margem superior e anterior da borda da órbita.
• A sutura zigomaticomaxilar pode ser vista logo lateralmente ao forame infraorbital, e possui uma orientação
diagonal. Ela liga a maxila à porção facial do osso zigomático.
• Finalmente, a sutura frontozigomática une o aspecto mais superior do zigoma ao osso frontal na margem
superior lateral da abertura orbitária anterior.
Marcos anatômicos e fissuras
Os marcos anatômicos da órbita consistem de três aberturas externas e seis internas, com a abertura do
olho não sendo incluída devido ao seu tamanho.
Aberturas externas
Os três marcos externos são forames (buracos):
• o forame (buraco) supraorbital, na margem superior do anel orbitário no osso frontal;
• o forame (buraco) infraorbital, na margem inferior do anel orbitário na maxila;
• e o forame (buraco) zigomaticofacial, levemente lateral ao forame infraorbital, na porção facial do osso
zigomático.
Esses forames (buracos) contêm os nervos orbitais superior e inferior e vasos, e o nervo zigomaticofacial e
vasos, respectivamente.
Aberturas internas
As seis aberturas internas estão situadas nas paredes posterior e medial da órbita. As aberturas posteriores
são limitadas pelas asas maior e menor do osso esfenóide e pelo osso etmoide. A fissura orbital inferior é uma
exceção, e possui somente a asa maior do osso esfenóide e a maxila definindo suas margens, e não o osso
etmoide. As fissuras orbitais superior e inferior e o canal óptico são marcos que atualmente estão sendo revi-
sados.
O canal óptico é muito menor que os outros dois marcos, e é considerado o mais superior dos três. Ele con-
tém:
• o nervo óptico;
• e a artéria oftálmica.
O próximo abaixo é a fissura orbital superior, que é a segunda maior das fissuras, entretanto a que possui
mais conteúdo, incluindo:
• os ramos oftálmicos do nervo trigêmeo (nasociliar, frontal e lacrimal),
• o nervo oculomotor,
• o nervo troclear,
• o nervo abducente,
• e as veias oftálmicas superior e inferior.
Finalmente, a fissura orbital inferior, que é a maior e mais inferior estrutura na parede posterior da cavidade
orbitária, contém:
• o ramo maxilar do nervo trigêmeo,
• o nervo zigomático,
• e os vasos infraorbitais.

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Os marcos da parede medial incluem o canal e a fossa nasolacrimais, que podem ser vistos no aspecto mais
anterior do osso lacrimal, em sua fronteira com a maxila. Ele contém o saco lacrimal, que se continua com o
canal nasolacrimal.
As estruturas finais são os forames (buracos) etmoidais anterior e posterior, que se encontram na sutura
entre o osso etmoide e o osso frontal, e contém os nervos etmoidais anterior e posterior e os respectivos vasos.
Estrutura do pescoço
Anatomia do pescoço
Se você pensa que as estruturas anteriores eram complexas, aguarde até você ver o pescoço. Esta estrutura
é suficientemente forte para suportar a cabeça, mas também móvel o suficiente para girar em várias direções.
Por fora, o pescoço é dividido em triângulos, cada um contendo músculos específicos, vasos e nervos. Por ou-
tro lado, o pescoço também possui uma divisão interna na forma de compartimentos, que são delimitados por
várias camadas da fáscia cervical.
O ponto de ancoragem do pescoço é o osso hioide, que situa-se no nível do ‘pomo de Adão’ (maçã da Adão
ou proeminência laríngea), nos homens. A maioria dos músculos do pescoço se insere no hioide, separando-os
em dois grupos: os músculos supra-hióideos e os músculos infra-hióideos. Entretanto, outros músculos também
fazem parte do pescoço.

Músculos da parte anterior do pescoço

Músculos infra-hióideos

Músculos supra-hióideos

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Osso hioide
O pescoço abriga ainda quatro grandes estruturas profundas; dois órgãos e dois tubos ou passagens. Eles
são nomeados assim:
• Glândula tireoide
• Glândulas parótidas
• Faringe
• Laringe
As duas glândulas são responsáveis pela homeostase endócrina normal do corpo.
A faringe é uma passagem muscular para alimentos e ar, conectando as cavidades nasais e oral com o
esôfago e a laringe. A última é mais comumente conhecida como caixa vocal, e consiste em várias cartilagens,
membranas, ligamentos e músculos. Ela é responsável pela fala.
As quatro principais artérias que cursam através do pescoço e/ou o suprem são as artérias carótida comum,
carótida externa, carótida interna e facial, juntamente com o tronco tireocervical. O plexo cervical é a principal
estrutura nervosa que cursa e inerva o pescoço.Por fim, responda ao teste global em baixo, criado para testar
os seus conhecimentos sobre a anatomia da cabeça e do pescoço. Este teste centra-se especificamente nos
ossos, músculos (incluindo as suas origens, inserções, inervação e função), artérias, veias e nervos da mão, de
forma a consolidar os temas abordados anteriormente nesta página sobre a anatomia da cabeça e do pescoço.
Cavidade nasal e cavidade oral

Porção lateral externa do nariz e terço anterior da


cavidade nasal: linfonodos submaxilares
Cavidade nasal Dois terços posteriores da cavidade nasal e seios
etmoidais: linfonodos retrofaríngeos e parcialmente
para os linfonodos cervicais profundos superiores
Linfonodos regionais: parotídeos, bucais, sub-
mandibulares, submentonianos, cervicais superficiais
Cavidade oral
Linfonodos cervicais profundos: jugulodigástrico,
júgulo-omo-hióideo
A cavidade nasal na realidade são duas cavidades paralelas que se estendem das narinas até à faringe e
estão separadas uma da outra por uma parede cartilaginosa. Em seu interior existem dobras chamadas con-
chas nasais, que têm a função de fazer o ar rotacionar. No teto das fossas nasais existem células sensoriais,
responsáveis pelo sentido do olfato.

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Os seios paranasais são cavidades ou túneis pequenos. Eles são denominados paranasais, porque estão
localizados em torno ou próximos do nariz. A cavidade nasal se abre para uma rede de seios:
- Seios maxilares que estão na área de face, abaixo dos olhos e de cada lado do nariz.
- Seios frontais localizados acima da parte interna da cavidade ocular e a área das sobrancelhas.
- Seios esfenoidais situados atrás do nariz e entre os olhos.
- Seios etmoidais compostos por muitos seios similares a uma peneira formados de ossos finos e mucosa
- Estão localizados acima do nariz, entre os olhos.

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Normalmente, estas cavidades são preenchidas de ar. Quando você tem um resfriado ou sinusite a cavidade
óssea pode ser preenchida de muco e pus, muitas vezes ficando obstruídas e causando sintomas.
A cavidade nasal e os seios paranasais têm várias funções:
- Ajudar a filtrar o ar que respiramos
- Aquecer e umidificar o ar que chegará aos pulmões.
- Dar ressonância à voz.
- Aliviar o peso do crânio.
- Fornecer a estrutura óssea para o rosto e os olhos.
A cavidade nasal e os seios paranasais são revestidos por uma camada de muco denominada mucosa. A
mucosa tem vários tipos de células:
- Células epiteliais escamosas, células achatadas que revestem os seios e formam a maior parte da mucosa.
- Células glandulares, similares às células das glândulas salivares, que produzem muco e outras secreções.
- Células nervosas, que são responsáveis pelo olfato.
- Células que combatem as infecções, que são parte do sistema imunológico.
- Células do sistema vascular.
- Células de suporte.
- Células da cavidade nasal e seios paranasais, incluindo osso e células cartilaginosas, que também podem
se tornar cancerosas.
A cavidade oral se estende, superiormente, dos lábios à junção do palato duro e mole e, inferiormente, dos
lábios à linha das papilas circunvaladas. É revestida por mucosa malpighiana, havendo pequenas variações
histológicas de acordo com a topografia. A mucosa oral apresenta cinco tipos histológicos diferentes:
- Semimucosa (zona de Klein - vermelhão dos lábios): o epitélio é delgado com uma camada bem fina
queratinizada, o córion bem vascularizado, desprovido de anexos dérmicos, que pode ter poucas glândulas
sebáceas.
- Mucosa livre (zona interna inferior dos lábios, região vestibular, véu, pilares, assoalho, região ventral da
língua e mucosa jugal).
- Mucosa aderente ou mastigatória (gengiva e palato duro): epitélio pouco queratinizado com um córion pro-
vido de glândulas salivares acessórias, fixado pelo periósteo ao plano ósseo subjacente.
- Gengiva marginal ou borda livre gengival (parte da gengiva que suporta os dentes e papilas interdentárias),
epitélio não queratinizado com fibras colágenas em continuidade com o ligamento alveolar dentário, que une o
cimento que recobre a raiz dentária ao osso alveolar.

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- Mucosa lingual (face dorsal, lateral e grande parte da face inferior da língua); mucosa do dorso lingual con-
tém as papilas gustatórias, o córion é fibroso, inserindo-se diretamente sobre o plano muscular.
Jugal: compartimento parotídeo e jugular superior.
Palato: linfonodos jugulares profundos, faríngeos laterais, submandibulares, região de fusão dos processos
palatinos da maxila.
Língua: linfonodos jugulodigástricos superiores e retrofaríngeos laterais, Trígono retromolar: jugulodigástri-
cos.
Lábios: pré-auriculares, infraparotídeos, submandibulares e submentoneanos.
Orofaringe: base de língua, palato mole, área tonsilar (fossa amigdaliana, pilares anterior e posterior e amíg-
dala) e parede faríngea posterior.
Limita-se, superiormente pelo palato duro, inferiormente pelo osso hioide, anteriormente pelo “v” lingual,
posteriormente pela parede faríngea posterior e lateralmente pelas amígdalas palatinas e pilares amigdalianos
posteriores. A parede posterior é composta por mucosa, submucosa, fáscia faringobasilar, músculo constritor
superior, fibras superiores do músculo constritor médio da faringe e fáscia bucofaríngea.
Laringe e Faringe
A faringe é um órgão que faz parte tanto do sistema respiratório quanto do sistema digestório. É um canal
muscular membranoso, que se comunica com o nariz e a boca, ligando-os à laringe e ao esôfago.
Anatomia da Faringe

Representação das regiões nasofaríngea, orofaríngea e laringofaríngea e outras estruturas


A faringe é um tubo, cujas paredes são musculosas e revestidas de mucosa. Ela está localizada na altura da
garganta, à frente de vértebras cervicais, fixada na base do crânio. Pode ser dividida em três regiões: orofarin-
ge, nasofaringe e laringofaringe.
Nasofaringe
A parte superior da faringe se comunica com as cavidades do nariz, através das coanas, e com as orelhas
médias, pela tuba auditiva de cada lado.
Orofaringe
A região orofaríngea é intermediária entre as outras regiões. Comunica-se com a abertura da boca através

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de uma região denominada istmo das fauces.
Laringofaringe
Mais inferior é a região laringofaríngea, que se comunica com a entrada da laringe (no sistema respiratório)
e mais abaixo com a abertura do esôfago (no sistema digestório).
Função
A faringe tem a função de fazer a passagem do ar inalado e dos alimentos ingeridos até os outros órgãos dos
sistemas respiratório e digestório, respectivamente. Durante o percurso, o ar e o alimento nunca se encontram,
devido a mecanismos que bloqueiam a entrada de cada um nas vias erradas.

Esquema mostra como ocorre a deglutição sem mistura de ar e alimento


Para impedir que o alimento vá para as vias respiratórias, durante a deglutição, a epiglote fecha o orifício de
comunicação com a laringe. Juntamente com isso, o palato mole bloqueia a parte superior da faringe evitando
também a entrada do alimento.
Durante o processo de digestão o alimento segue para a faringe depois de ser mastigado e engolido. O
bolo alimentar formado percorre toda a faringe através de contrações voluntárias e é levado em seguida para
o esôfago.
A faringe recebe o ar vindo das cavidades nasais por meio das cóanas e passa pela laringe, até atingir a
traqueia.
Laringe
A laringe é um órgão do sistema respiratório, também responsável pela fala (fonação). Permite a passagem
do ar entre a faringe e a traqueia, mas impede que alimentos entrem nas vias aéreas.

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Diferença entre a laringe saudável e inflamada
É composta por cartilagens, membranas, músculos e ligamentos que atuam em conjunto na fonação. O con-
sumo excessivo de substâncias irritantes (fumo e álcool) e o uso inadequado da voz pode levar à inflamação da
laringe, cujo principal sintoma é a rouquidão.
Anatomia da Laringe
A laringe é um tubo cartilaginoso irregular que une a faringe à traqueia. Sua estrutura permite o fluxo cons-
tante de ar, que está relacionado com suas funções de respiração e fonação.
Possui diversos músculos que juntamente com as cartilagens são capazes de produzir diferentes sons. A
forma da laringe muda nos homens e nas mulheres e por isso possuem diferentes tons de voz.

Anatomia da laringe e cordas vocais


As cartilagens que constituem a laringe são:
• Cartilagem Tireóidea: é a maior das cartilagens que constitui a laringe. Nela há uma proeminência popular-
mente chamada de pomo-de-adão. Protege as cordas vocais.
• Cartilagem Cricoidea: é um anel formado de cartilagem hialina que fica na parte inferior da laringe, ligan-
do-a à traqueia.
• Cartilagens Aritenoideas: são pequenas cartilagens onde se fixam as cordas vocais.
• Epiglote: é uma fina estrutura cartilaginosa, que fecha a comunicação da laringe com a traqueia durante a
deglutição, impedindo que o alimento entre nas vias aéreas.
As cartilagens estão ligadas por tecido conjuntivo fibroso entre si por ligamentos e articulações, desse modo
as cartilagens podem deslizar, uma sobre a outra, realizando movimentos comandados pelos músculos da
laringe.
Os músculos do laringe são de três tipos:

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• Adutores - são os crico-aritenoideos e aritenoideo transverso e oblíquo, eles aproximam as cordas vocais,
ou seja, fazem com que ela feche. São também chamados de constritores da glote (esse é o nome da abertura
entre as pregas) e atuam principalmente na fonação.
• Abdutores - são os crico-aritenoideos posteriores, que afastam as cordas vocais, abrindo-a. Também são
conhecidos como dilatadores da glote e participam da respiração.
• Tensores - são os tireo-aritenoideos e os crico-tireóideos, que fazem a distensão das cordas vocais, sendo
atuantes na fonação.
Funções da Laringe

A epiglote bloqueia a laringe para impedir a entrada de alimentos


A laringe participa do sistema respiratório e além disso é o principal órgão responsável pela fonação. Na
respiração, a laringe recebe o ar vindo da faringe (também participa do sistema digestório, portanto transporta
ar e alimentos) e evita que alimentos passem para a traqueia, por meio da epiglote, que se fecha durante a
deglutição.
Fonação

As pregas vocais abrem e fecham para a respiração e fonação, respectivamente


A emissão de sons é uma característica de diversos animais que possuem respiração pulmonar. No ser hu-
mano, a fala é produzida através da modulação do fluxo de ar vindo dos pulmões. Esse ar encontra as pregas
vocais, fazendo-as vibrar e assim produzindo pulsos sonoros.
O som é amplificado pelos espaços que existem na faringe e nas cavidades nasal e oral, pois sem isso,
esse som não seria percebido. Além disso, os diferentes movimentos realizados pelos músculos permitem que
diferentes sons sejam produzidos.
Laringite
A laringite é uma inflamação da laringe, que pode ser causada por vírus, bactérias, fungos ou por agentes
químicos e físicos. Pode se apresentar na forma aguda, de curta duração, ou crônica, geralmente caracterizada
por um período mais longo de rouquidão, além dos outros sintomas.
A laringite aguda pode ser provocada por vírus, bactérias ou fungos. A causa mais comum da laringite crô-

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nica é o consumo excessivo de cigarro e bebidas alcoólicas ou exposição a substâncias irritantes (poluição,
substâncias alergênicas).
Os sintomas são: rouquidão, dificuldade para engolir ou respirar, tosse seca, falta de ar, dor e/ou coceira
na garganta e febre. O tratamento inclui repouso, hidratação e ingestão de medicamentos para controlar os
sintomas.
TÓRAX - Cavidades Pleurais. Pulmões. Traquéia. Brônquios. Coração. Vasos Sangüíneos.
MEDIASTINO ANTERIOR, MÉDIO E POSTERIOR₢
O tórax é um conjunto de músculos, órgãos, articulações, ossos e diversas outras estruturas, localizadas
entre o pescoço e o diafragma. Trata-se de uma região de grande importância, pois abriga órgãos vitais.
Limites anatômicos
Detalhadamente, consideram-se como limites anatômicos do tórax as seguintes estruturas:
- Superiormente: primeira costela e osso esterno.
- Inferiormente: músculo diafragma.
O que compõe:
É essencial conhecer detalhadamente os principais componentes do tórax, para então, reconhecer sua im-
portância e as doenças associadas.
1. Estruturas ósseas
Têm como função a formação da “caixa torácica”, para garantir proteção aos órgãos internos.
- Costelas: são 12 pares, que podem ser divididas em típicas/verdadeiras (se articulam com o esterno) e
atípicas/falsas (não se articulam com o esterno). Pode-se dizer que estas estruturas “contornam” o tórax.
- Vértebras: em número de 12 também, elas fixam através da fóvea as costelas.
- Esterno: já descrito anteriormente, trata-se de um osso dividido em 3 porções (manúbrio, corpo e apêndice
xifoide), localizado anteriormente.
2. Músculos
O tecido muscular envolve o tórax, e, seus principais representantes são:
- Peitorais maior e menor.
- Intercostal: resulta da junção de 3 outros músculos (intercostal interno, externo e íntimo).
- Subcostais.
- Levantadores das costelas.
- Serrátil anterior.
- Transverso do tórax.
- Diafragma.
3. Órgãos
- Timo: trata-se de um aglomerado de tecido linfoide, que tende a regredir na adolescência.
- Pulmões: estruturas responsáveis pelas trocas gasosas. Localizados nas cavidades pleurais.
Os pulmões são revestidos por uma fina membrana chamada pleura visceral, que passa de cada pulmão na
sua raiz (i.e. onde penetram as principais passagens aéreas e vasos sanguíneos) para as faces mais internas
da parede torácica, onde ela é chamada pleura parietal.
Desta maneira são formados dois sacos membranáceos chamados cavidades pleurais; uma de cada lado do
tórax, entre os pulmões e as paredes torácicas.
O pulmão direito, localizado no hemitórax direito, possui três lobos (o lobo superior direito, o lobo médio
direito e o lobo inferior direito).

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O pulmão esquerdo divide-se em lobo superior, que inclui a língula, o lobo homólogo do lobo médio direito,
e o lobo inferior esquerdo.
Os pulmões direito e esquerdo são recobertos pela pleura visceral, enquanto a pleura parietal recobre a
parede de cada hemitórax, o diafragma e o mediastino.
A interface destas duas pleuras permite o deslizamento suave do pulmão à medida que se expande dentro
do tórax, produzindo um espaço em potencial.
O ar pode penetrar entre as pleuras, visceral e parietal, seja por trauma, cirurgia, ou ruptura de um grupo de
alvéolos criando um pneumotórax.
Como os pulmões direito e esquerdos e suas pleuras são separados, um pneumotórax envolverá apenas o
hemitórax direito ou esquerdo.
Traqueias
É composta de músculo liso com anéis cartilaginosos em forma de C a intervalos regulares. Os anéis cartila-
ginosos são incompletos na superfície posterior e proporcionam firmeza para a parede da traqueia, impedindo
que ela se colabe. A traqueia serve como passagem entre a laringe e os brônquios.
A traqueia bifurca-se em dois brônquios principais, que entram nos pulmões, e são subdivididos em fissuras,
formando divisões incompletas.
Epitélio da traqueia e brônquios
Árvore Brônquica
O sistema traqueobronquial (também denominado de árvore traqueobronquial) consiste de todas as vias
aéreas a partir da traqueia.
O ar flui para os pulmões por meio das traqueias e vias aéreas. À medida que as vias aéreas se dividem e
penetram mais profundamente nos pulmões, tornam-se mais estreitas, curtas e numerosas.
A traqueia divide-se na Carina (assim denominada devido ao seu aspecto parecido com uma quilha de
barco) em brônquios principais direito e esquerdo, e estes se dividem em brônquios lobares, que formam os
brônquios segmentares.
As vias aéreas continuam a se dividir segundo um padrão de divisão assimétrico ou dicotômico, até forma-
rem os bronquíolos terminais, que se caracterizam por serem as menores vias aéreas sem alvéolos.
O segmento broncopulmonar, a região do pulmão suprida por um brônquio segmentar, constitui a unidade
anatomofuncional do pulmão.
Os brônquios são os condutores de ar entre o meio externo e os sítios mais distais, onde se processa a
troca de gases. A quantidade de cartilagem diminui na medida em que as vias aéreas se tornam cada vez me-
nores, e desaparecem por completo nas vias aéreas com diâmetro aproximado de um mm.
As vias aéreas da traqueia até os bronquíolos terminais não contêm alvéolos, e desta forma, não participa na
troca de gases. Estas vias aéreas formam o espaço morto anatômico, que nos adultos têm o volume de 150 ml.
Os bronquíolos têm menos de 1 mm de diâmetro, não possuem cartilagem, e apresentam um epitélio cuboi-
dal simples. Os bronquíolos estão embebidos em uma rede de tecido conjuntivo pulmonar e desta forma o seu
diâmetro aumenta e diminui conforme o volume pulmonar.
Os bronquíolos se dividem ainda, dependendo de sua função. Os bronquíolos não respiratórios compreen-
dem os bronquíolos terminais, que servem como condutores das correntes de gás, enquanto os bronquíolos
respiratórios contêm alvéolos que funcionam como locais de troca de gases.
A aérea entre o bronquíolo terminal e os alvéolos é ocasionalmente denominada de lóbulos ou ácino se-
cundário. A característica anatômica mais impressionante é a questão da região anatômica que tem apenas 5
mm de comprimento, porém o volume total dos ácinos compreende o maior volume pulmonar isolado, cerca de
2500ml.
- Coração: localiza-se no mediastino, e está ligeiramente localizado após a linha média, com predomínio no
lado esquerdo.

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- Esôfago: estrutura integrante do sistema digestório.
4. Pleuras
São duas membranas extremamente finas que revestem os pulmões:
- Pleura visceral: está em íntimo contato com os pulmões.
- Pleura parietal: mais externa.
Entre elas, há líquido pleural, com a função de lubrificar e permitir o deslizamento de uma sobre a outra,
durante a expansão e retração pulmonar.
Cavidade pleural é uma cavidade virtual existente entre as pleuras visceral e parietal, que contém apenas
uma pequena quantidade de líquido lubrificante. A pressão negativa existente na cavidade pleural é um fator
importante na mecânica respiratória.
5. Mediastino
É uma das três cavidades do tórax (além das duas cavidades pleurais), e abriga diversas estruturas, sendo
a mais importante, o coração.
O mediastino está situado entre a pleura pulmonar esquerda e direita, na linha média do plano sagital no
tórax. Estende-se anteriormente do esterno à coluna vertebral, posteriormente. Contém todas as estruturas do
tórax, exceto os pulmões e também é conhecido com espaço interpleural Pode ser dividido para fins descriti-
vos em duas partes: uma porção superior, acima do limite superior do pericárdio, chamada de mediastino su-
perior; e a porção inferior, abaixo do limite superior do pericárdio. Esta porção inferior subdivide-se em outras
três partes, uma parte anterior ao pericárdio, o mediastino anterior; a porção que contém o pericárdio e suas
as estruturas, o mediastino médio; e a porção posterior ao pericárdio, o mediastino posterior.

Mediastino – Vista Lateral Esquerda


O Mediastino Superior é o espaço interpleural que localiza-se entre o manúbrio do esterno e as vértebras
torácicas superiores. É limitado inferiormente por um plano oblíquo que passa da junção munibrio-esternal até
a borda inferior do corpo da 4º vértebra torácica, e lateralmente pelas pleuras. Contém a crossa da aorta, tron-
co braquiocefálico, a porção torácica da artéria carótida comum esquerda e artéria subclávia esquerda, a veia
braquiocefálica e a metade superior da veia cava superior, o nervo vago, nervo frênico e os nervos laríngeos
recorrentes, a traquéia, esôfago, ducto torácico, o remanescente do Timo e alguns linfonodos.
O Mediastino Anterior existe apenas do lado esquerdo, onde a pleura esquerda diverge da Lina média.

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É limitado anteriormente pelo esterno, lateralmente pela pleura e posteriormente pelo pericárdio. É estreito na
sua parte superior mas expande-se um pouco inferiormente. Sua parede anterior é formada pela 5º, 6º e 7º
cartilagens costais. Contém uma pequena quantidade de tecido areolar frouxo, alguns linfáticos que ascendem
da superfície convexa dão fígado, 2 ou 3 linfonodos mediastinais e pequenos ramos mediastinais da artéria
mamária interna.
O Mediastino Médio é a maior porção do espaço interpleural. Contém o coração envolvido por sua serosa,
a aorta ascendente, a metade inferior da veia cava superior com a veia ázigos se unindo à ela, a bifurcação da
traquéia e os dois brônquios, a artéria pulmonar e os seus dois ramos, as veias pulmonares direita e esquerda,
os nervos frênicos e alguns linfonodos brônquicos.

O Mediastino Posterior é um espaço triangular irregular que corre paralelo a coluna vertebral. Está limitado
anteriormente pelo pericárdio, pelo diafragma inferiormente, posteriormente pela coluna vertebral desde a 4º
à 12º vértebra torácica de cada lado pela pleura pulmonar. Contém a porção torácica da aorta descendente, a
veias ázigos e as duas hemiazigos, os nervos vagos e esplâncnicos, o esôfago, ducto torácico e alguns linfo-
nodos.

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Mediastino

Mediastino – Vista lateral esquerda.

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Mediastino – Vista anterior após remoção do coração
6. Vasos sanguíneos
Esta região abriga importantes estruturas vasculares, como:
- Veias braquiocefálicas
- Veia cava superior
- Arco da aorta
- Tronco braquicefáclico.
7. Nervos e vasos linfáticos
Também participam da composição do tórax e possuem estrita relação com as funções.
Funções principais
Como se trata de uma série de estruturas, resumem-se as funções em:
- Caixa torácica possui a finalidade de proteger e sustentar todos os componentes internos.
- Coração possui a função de distribuir o sangue por todo o organismo.
- Pulmões permitem a troca gasosa.

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- Diafragma realiza a passagem de estruturas para o abdome, através do hiato esofágico.
- Esôfago transporta o alimento até o estômago.
Curiosidade:
As pneumonias podem complicar para o derrame pleural, que seria o acúmulo de material infeccioso (princi-
palmente líquido) entre as pleuras.
O paciente sentirá dores e falta de ar, e precisará drenar o líquido tanto para fins diagnósticos, como também
para o alívio dos sintomas.
ABDOME - Cavidade Abdominal. Estômago e Intestinos. Fígado. Pâncreas. Baço. Rins. Adrenal e
Retroperitônio. Vísceras Pélvicas. Períne
A cavidade abdominal é uma grande cavidade encontrada no torso de mamíferos entre a cavidade torácica,
da qual é separada pelo diafragma torácico, e a cavidade pélvica. Uma camada protetora que é chamada de
peritônio, que desempenha um papel na imunidade, órgãos de suporte e armazenamento de gordura e reveste
a cavidade abdominal. Como mostrado no diagrama abaixo à esquerda, a cavidade abdominal foi dividida em
nove áreas diferentes, onde cada órgão não necessariamente ocupa apenas um dos quadrantes. Esta divisão
ajuda no diagnóstico de doenças com base no local onde a pessoa está sentindo dor abdominal.
Regiões do Quadrante Abdominal

Órgãos da cavidade abdominal


Nosso abdômen contém órgãos digestivos, reprodutivos e excreção. Você pode encontrar alguns deles no
diagrama a seguir. Tenha em mente que o reto é considerado parte da cavidade pélvica.

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Estômago
Órgão digestivo de paredes espessas encontrado no lado esquerdo do abdome que é dividido em quatro
regiões: cárdia, fundo, corpo e piloro. É contínuo com o esôfago acima dele, que transporta comida da boca e
passa através do diafragma e no estômago, e é seguido pela primeira porção do intestino delgado, chamada
duodeno. O estômago é o segundo local de digestão em seres humanos após a boca, e serve para movimentar
a comida dentro de si, misturá-lo com sucos gástricos e iniciar a digestão de proteínas.
Fígado
Este é o maior órgão do abdômen. Encontra-se no lado superior direito, logo abaixo do diafragma. Tem dois
lóbulos separados por um ligamento. O fígado desempenha um papel crucial em nossos corpos, pois mantém
níveis normais de glicose no sangue, produz bile e desintoxica o sangue.
Vesícula biliar
A vesícula biliar encontra-se abaixo do fígado e está conectada a ela. Ele armazena e concentra a bile que
é enviada para o duodeno quando necessário para digestão e absorção de gordura.
Baço
O baço faz parte do sistema imunológico. Suas funções incluem a participação na produção de glóbulos
brancos, o armazenamento de plaquetas e a destruição de glóbulos vermelhos mortos e substâncias nocivas.
Pâncreas
Parte do sistema digestório, o pâncreas produz importantes enzimas digestivas, assim como insulina e glu-
cagon, que são cruciais para o metabolismo dos carboidratos em nossos corpos.
Intestino delgado
O intestino delgado é encontrado entre o estômago e o intestino grosso e é composto de três partes: o duo-
deno, o jejuno e o íleo.
É um longo órgão digestivo em forma de tubo onde ocorre a digestão e a maior absorção de nutrientes
Intestino grosso
O intestino grosso é o órgão para o qual o material não digerido é enviado. É em forma de U e é composto de
ceco, cólon, reto, canal anal e apêndice. Absorção de água e eletrólitos e a formação de fezes, todos ocorrem
aqui.
Rins
Os dois rins são encontrados em ambos os lados do abdômen. Eles desempenham papéis essenciais no
corpo, como a desintoxicação do sangue, a criação de urina e a manutenção do equilíbrio da água e do ácido
no corpo. Anexados a cada rim estão os tubos, chamados de ureteres, que os conectam à bexiga urinária. Além
das funções dos rins, as glândulas supra renais encontradas nos rins produzem hormônios importantes, como

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a noradrenalina e o ADH.
Adrenal
As adrenais fazem parte do sistema endócrino e dividem-se em duas partes: córtex (camada externa, de cor
amarelada devido à presença de colesterol) e medula (parte central).
As adrenais, também conhecidas como suprarrenais, são duas glândulas endócrinas situadas na cavidade
abdominal, acima de ambos os rins. A adrenal direita tem formato triangular, enquanto a esquerda assemelha-
-se a uma meia-lua (na foto, as partes em amarelo).
São envolvidas por uma cápsula fibrosa e têm cerca de 5 cm. Fazem parte do sistema endócrino e divi-
dem-se em duas partes: córtex (camada externa, de cor amarelada devido à presença de colesterol) e medula
(parte central).
Função
As glândulas adrenais secretam hormônios extremamente importantes para o bom funcionamento do orga-
nismo, a saber:
1. Córtex
O córtex é dividido em três zonas funcionais que produzem hormônios diferentes:
• Zona glomerulosa: libera aldosterona, que regula o o balanço entre o sódio e o potássio;
• Zona fasciculada: sintetiza o cortisol, hormônio corticosteroide envolvido na resposta ao estresse e que
regula o metabolismo da glicose e da gordura, entre outras funções;
• Zona reticulada: excreta hormônios sexuais, em especial a testosterona.
2. Medula
Sintetiza e secreta catecolaminas, especialmente a adrenalina e a noradrenalina. Esses hormônios regulam
o sistema nervoso autônomo, que controla importantes funções do corpo humano como frequência cardíaca,
respiração, digestão, entre outras.
Peritônio e Retroperitônio
O peritônio é uma extensa membrana serosa, formada essencialmente por tecido conjuntivo, que reveste
o interior das paredes da cavidade abdominal e expande-se para cobrir a maior parte dos órgãos que contém.
Deste modo, considera-se que, embora a membrana seja ininterrupta, é composta por duas camadas ou fo-
lhas - o peritônio parietal e o peritônio visceral. O peritônio parietal é a folha que cobre totalmente por dentro
as paredes anteriores e laterais do abdómen, enquanto que na parte posterior é formado um limite por trás do
denominado espaço retroperitoneal, onde ficam situados parte do pâncreas e do duodeno, os rins e grandes
vasos como a artéria aorta e a veia cava inferior.
O peritônio visceral é a folha que cobre completamente a superfície externa da maior parte das vísceras con-
tidas no abdómen, exceto as que estão situadas no já referido espaço retroperitoneal. Entre as duas camadas
do peritônio fica acomodado um espaço denominado espaço ou cavidade peritoneal. Na realidade, trata-se de
um espaço virtual, uma vez que apenas contém uma fina película de um líquido lubrificante composto por água,
algumas células e substâncias minerais, cuja função primordial é permitir a deslocação das folhas sem que se
produzam fricções entre ambas e, indiretamente, entre os órgãos abdominais e a parede abdominal. Este líqui-
do peritoneal é constantemente segregado para o interior do espaço peritoneal e paralelamente reabsorvido
na mesma proporção, de tal modo que, em condições normais, não tem mais do que 200 ml dentro do espaço
peritoneal.
Vísceras pélvicas e períneo
Na anatomia humana, o períneo é a região do corpo humano que começa, para as mulheres na parte de
baixo da vulva e estende-se até o ânus. No homem, localiza-se entre o saco escrotal e o ânus.
O períneo compreende um conjunto de músculos e aponeuroses que encerram o estreito inferior da escava-
ção pélvica, sendo atravessada pelo reto, atrás, e pela uretra e órgãos genitais adiante.
Vísceras pélvicas

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Incluem parte do sistema gastrointestinal, do sistema urinário e do sistema reprodutor.
- Sistema Gastrointestinal
Consistem principalmente no reto e no canal anal, porém a parte final do colo sigmoide também s e encontra
na pelve.
Reto
O reto é continuo acima com o colo sigmoide, ao nível da vértebra S3, e abaixo com o canal anal. Se localiza
imediatamente anterior ao sacro e segue a sua curvatura, sendo o elemento m ais posterior da cavidade.
A junção anorretal é puxada para frente pelo músculo puborretal (componente do levantador do anus) for-
mando a flexura perineal, de m odo que o canal anal se dirige na direção posterior conforme entra no assoalho
pélvico.
Além de apresentar a curvatura que segue o sacro, o reto apresenta três curvaturas laterais: as curvaturas
superior e inferior dirigidas para a direita e a curvatura média dirigida para a esquerda.
A parte final do reto expande-se e forma a ampola retal. O reto não apresenta tênias, apêndices omentais e
saculações (haustrações).
Canal Anal
Começa na extremidade inferior da ampola reta l no assoalho pélvico e termina com o anus depois de atra-
vessar o períneo. Depois de atravessar o assoalho pélvico, é cercado pelos esfíncteres interno (intrínseco –
músculo liso) e externo do anus ( extrínseco – M . íleococcígeo e M. puborretal) , que mantém fechado o canal.
Apresenta características que indicam a posição da membrana anococcígea no feto (fecha o canal anal para
não haver defecação).
- A parte superior do canal anal é revestida por uma mucosa que apresenta algum as pregas, chamadas
colunas anais, que se unem inferiormente formando as válvulas anais.
Superiormente a cada válvula est á um a depressão, chamada seio anal. As válvulas anais formam a linha
pectínea que é a localização da antiga membrana anococcígea.
- A p arte inferior a linha pectínea é chamada de pécten anal que termina na linha anocutanea ou linha branca
onde o revestimento mucoso se torna pele verdadeira com pelos.
- Sistema Urinário
Formado pelas partes terminais dos ureteres, pela bexiga e parte proximal da uretra.
Ureteres
Penetram na cavidade pélvica anteriormente a bifurcação da artéria ilíaca comum e então continuam ao
longo da parede e do assoalho pélvico até unirem -se a base da bexiga.
Bexiga
É a víscera mais anterior da parede pélvica. Quando vazia localiza-se inteiramente na cavidade pélvica, po-
rém quando tugida expande-se para o abdome. A bexiga vazia tem forma de um tetraedro ou de uma pirâmide
tombada. Possui um ápice dirigido anteriormente, uma base posteriormente e duas superfícies ínfero -laterais.
O ápice se dirige para o topo da sínfise púbica, então o ligamento umbilical mediano (resquício fetal) continua
a partir daí, ascendendo até o abdome até a cicatriz umbilical. A base recepciona os dois ureteres em seus
dois lados superiores e possui a uretra inferiormente que drena a urina, apresenta ainda o chamado trígono,
formado pela entrada dos dois ureteres e pela uretra, onde apresenta uma mucosa lisa diferente de todo o resto
rugoso da bexiga. As superfícies ínfero-laterais ficam entre o s músculos levantadores do anus e o s músculos
obturadores internos adjacentes, a superfície superior apresenta uma cúpula quando a bexiga está vazia e um
abaulamento quando a mesma está cheia.
Colo Vesical
O colo vesical, ou da bexiga, cerca a origem da uretra. É a parte mais inferior da bexiga e também a mais
fixa. Está ancorado por duas faixas de ligamentos rígidos que conectam o colo e a parte pélvica da uretra a
cada osso púbico:

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- Nas mulheres chamam-se ligamentos pubovesicais, que, juntamente com a membrana perineal profunda,
os músculos levantadores do anus e os ossos púbicos , ajudam a sustentar a bexiga.
- Nos homens chamam-se ligamentos puboprostáticos, porque se misturam com a cápsula fibrosa da prós-
tata, ou seja, cercam a próstata junto à uretra.
No nascimento a bexiga se encontra na região abdominal e a uretra se localiza na margem superior da sín-
fise púbica. Com a idade a bexiga desce e na puberdade já se encontra na cavidade pélvica.
Uretra
Começa no colo vesical e termina na abertura externa no períneo, difere entra mulheres e homens.
MULHERES – é curta e apresenta um trajeto mais curvo ao passar por baixo do assoalho pélvico e penetrar
no períneo, onde atravessa a membrana perineal e a região perineal profunda antes de se abrir no vestíbulo
localizado entre os pequenos lábios da genitália externa. A parte inferior da uretra está ligada a superfície an-
terior da vagina. Apresenta duas glândulas mucosas parauretrais (paralelas a ela), as glândulas de Skene, que
associam-se na porção inferior da uretra.
HOMENS - é longa e faz duas curvas em seu trajeto. Inicia no colo vesical e passa pela próstata, atravessa a
região perineal profunda e a membrana perineal e entra na extremidade proximal do pênis. Faz a primeira curva
para frente ao sair da membrana perineal e adentrar ao pênis e então faz a segunda curva para baixo quando
o pênis está flácido (quando há ereção a segunda curva desaparece). Nos homens a uretra divide-se em:
Pré-prostática – tem cerca de 1 cm e estende-se do colo vesical até a próstata, onde apresenta o esfíncter
interno da uretra, que composto por músculo liso impede a ida de sêmen para a bexiga durante a ejaculação.
Prostática - é a parte cercada pela próstata, apresenta de 3 - 4 cm de comprimento. A luz da uretra é mar-
cada por uma prega na linha média, chamada crista uretral. A depressão a cada lado da crista é o seio uretral,
onde os ductos prostáticos desembocam. Na parte medial da crista uretral forma-se uma elevação, o colículo
seminal, que apresenta uma pequena bolsa de fundo cego chamado utrículo prostático (acredita-se ser análogo
ao útero feminino). A cada lado do utrículo prostático, mais inferiormente, localizam-se os ductos ejaculatórios
do sistema reprodutor masculino. Os tratos urinario e reprodutor masculino encontram-se na parte prostática
da uretra.
Membranácea – é estreita e localiza-se posterior a próstata, atravessa a membrana perineal profunda.
Durante este trajeto, tanto em homens quanto em mulheres, é envolvida pelo esfíncter externo da uretra.
Uretra esponjosa – é cercada por um tecido erétil (corpo esponjoso) do pênis. Aumenta de volume na base
do pênis e forma um bulbo, o mesmo acontece na extremidade (cabeça) do pênis onde forma a fossa navicu-
lar. As duas glândulas bulbouretrais localizam-se na região perineal profunda e abrem-se no bulbo da uretra
esponjosa na base do pênis.
Fonte:
www.todabiologia.com/www.portaleducacao.com.br/www.anatomiaonline.com/www.oncoguia.org.br/www.
portaleducacao.com.br/www.todamateria.com.br/www.kenhub.com//www.anatomiaonline.com/www.mundoe-
ducacao.bol.uol.com.br/www.pt.wikipedia.org/www.passeidireto.com/www.anatomia-papel-e-caneta.com/www.
planetabiologia.com/ www.drauziovarella.uol.com.br

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Doenças Sexualmente Transmissíveis e métodos contraceptivos

É importante saber que o Departamento de Doenças de Condições Crônicas e Infecções Sexualmente


Transmissíveis, do Ministério da Saúde, alterou a nomenclatura de DST para «IST” (Infecções Sexualmente
Transmissíveis) em 2016.
Seguindo uma tendência já adotada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a mudança considera que
o termo “doença” implica em sintomas e sinais visíveis no organismo da pessoa contaminada, enquanto “infec-
ção” engloba também problemas assintomáticos (ou seja, enfermidades que não apresentam sintomas).
Tipos de ISTs
Como o nome indica, as ISTs englobam todas as doenças e infecções que são transmitidas por contato se-
xual (ou íntimo). Dentro dessa classe, há diversos tipos de patologias, que podem ser causadas por bactérias,
vírus ou parasitas. Entre as principais ISTs, estão:
- Candidíase
- Herpes genital
- HPV (Papiloma Vírus Humano)
- Sífilis
- Tricomoníase
- Clamídia
- Gonorreia
- Hepatites virais
Enquanto algumas são facilmente tratáveis, outras não têm cura definitiva, como é o caso do AIDS. Em ge-
ral, a realização do tratamento correto faz toda a diferença para a saúde de quem está ou tem algum desses
problemas, assim como para o bem-estar de seus parceiros.
Estudos recentes indicam que até mesmo o vírus ebola pode ser uma doença transmitida através do sexo,
além do Mycoplasma genitalium, que nem sempre causa sintomas e os especialistas acreditam que grande
parte da população o possui sem saber.
Conheça abaixo 15 tipos de IST e como se prevenir de cada um deles:
HPV
O que é HPV?
HPV é a sigla para Papiloma Vírus Humano. Este vírus infecta uma camada do epitélio (parte interna da be-
xiga), podendo causar lesões benignas, como as verrugas genitais, ou malignas, como alguns tipos de câncer,
sendo o câncer de colo de útero e o câncer de anus os mais comuns.
Existem mais de cem tipos de HPV e a grande maioria não causa câncer ou grandes complicações, uma
vez que são combatidos pelo próprio organismo. Porém, sempre é necessário a avaliação de um médico para
diagnosticar o risco da doença em cada caso.
Formas de contágio
O HPV é transmitido pelo contato direto com a pele ou mucosa infectada pelo vírus, sendo que a principal
forma é a sexual (oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital). Por isso, não é preciso ter penetração
para contrair o vírus. Também é possível que a doença seja transmitida durante o parto.
De acordo com dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), 80% das mulheres sexualmente ativas serão
infectadas por um ou mais tipos do vírus ao longo da vida, sendo que este número é ainda maior em homens.
A maioria destas infecções é transitória, ou seja, combatida espontaneamente pelo corpo e regride entre seis
meses até dois anos após a exposição ao vírus.

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Como prevenir e tratamentos
“O uso de preservativos é sempre indicado, mas não previne totalmente contra a transmissão do HPV, uma
vez que este pode ser transmitido pelo contato mais superficial durante as preliminares. Daí a importância da
vacina como estratégia preventiva», diz Otelo Rigato Júnior, infectologista do Hospital Sírio Libanês.
Existem dois tipos de vacinas para HPV disponíveis e ambas devem ser aplicadas em três doses. A idade
preferencial para o uso da imunização é a pré-puberal, ou seja, logo antes da idade sexualmente ativa, tanto em
meninas quanto em meninos. Vale ressaltar que, em mulheres, o exame de papanicolau também é importante
para detectar a doença precocemente.
Cancro mole
O que é cancro mole?
Cancro mole é uma doença sexualmente transmissível causada por uma bactéria chamada Haemophylus
ducrey. “É caracterizada por lesões genitais múltiplas e ulceradas, dolorosas e que apresentam secreção tipo
pus. É muito mais comum nos homens do que nas mulheres”, diz o infectologista Rigato Júnior.
Nos homens, as feridas aparecem na glande (cabeça do pênis), enquanto que nas mulheres elas ficam na
vagina e/ou no ânus. As lesões, no entanto, nem sempre são visíveis, mas provocam dor durante o sexo ou ao
evacuar.
Formas de contágio
Segundo o especialista, a única via de transmissão é a sexual.
Como prevenir e tratamentos
A forma de se prevenir da doença é usando preservativo em todas as relações sexuais. Já o tratamento é
feito com antibióticos.
“Quando não tratada pode se complicar, ocasionando infecções secundárias da região genital. Essas com-
plicações são raras, porque os pacientes, em geral, procuram atendimento médico precocemente em decorrên-
cia da natureza dolorosa das lesões”, explica o especialista.
Aids (HIV)
O que é Aids (HIV)?
HIV é a sigla em inglês do vírus da imunodeficiência humana, que é o causador da Aids. Logo, HIV e Aids não
são a mesma coisa.
A Aids é uma doença crônica potencialmente fatal, que acontece quando a pessoa infectada pelo HIV tem o
seu sistema imunológico danificado pelo vírus. Isso interfere na habilidade do organismo de lutar contra os in-
vasores que causam a doença, além de deixá-lo mais suscetível a infecções oportunistas, como a tuberculose.
Hoje, uma pessoa com HIV consegue viver melhor do que antigamente, mas é necessário que ela faça o uso
de medicamentos por toda vida, ou seja, ainda não há cura ou vacina contra o HIV.
Formas de contágio
“O HIV é transmitido principalmente por relações sexuais sem o uso do preservativo e compartilhamento de
seringas e agulhas contaminadas com sangue, o que é frequente entre usuários de drogas ilícitas”, diz Karina T.
Miyaji, médica infectologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
(HCFMUSP).
“Outras vias de transmissão são por transfusão de sangue, o que é muito raro, uma vez que a testagem do
banco de sangue é muito eficiente; e da mãe para o filho na gestação e, principalmente, no momento do parto,
o que pode ser prevenido com o tratamento adequado da gestante e do recém-nascido”, afirma.
Como prevenir e tratamentos
A melhor forma de se prevenir contra a infecção do HIV é usando o preservativo em todas as relações
sexuais (vaginais, orais ou anais) e não compartilhando agulhas e seringas. Além disso, é importante fazer o
pré-natal corretamente, uma vez que serão solicitados exames para verificar a presença ou não do vírus.

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HTVL
O que é HTLV?
HTLV é a sigla de Vírus Linfotrópico T humano, da mesma família do HIV, e que pode causar infecção crônica
nos seres humanos.
Existem dois tipos: HTLV-1 (que pode causar tipo raro de leucemia, a de células T) e HTLV-2, sendo que
ambos podem causar mielopatia, um tipo de paralisia decorrente da infecção da medula espinhal. Contudo, não
são todas as pessoas infectadas pelo HTLV que desenvolverão estas doenças.
Formas de contágio
O HTLV, assim como o HIV, é transmitido por via sexual, via vertical (da mãe para o bebê durante a gestação
e principalmente no aleitamento), e por via sanguínea.
Como prevenir e tratamentos
A principal forma de se prevenir o HTLV é usando preservativos em todas as relações sexuais, além de não
reutilizar objetos perfurocortantes e fazer o pré-natal adequado.
“Não existe tratamento para o HTLV. Os portadores devem ser acompanhados periodicamente com o objeti-
vo de se verificar se houve o aparecimento de suas complicações”, diz o infectologista Rigato Júnior.
Gonorreia
O que é gonorreia?
Segundo a Sociedade Brasileira de Infectologia, a gonorreia é a mais comum das doenças sexualmente
transmissíveis. Ela afeta tanto homens quanto mulheres e pode ser transmitida pelo contato sexual vaginal,
oral ou anal.
A bactéria Neisseria gonorrhoeae, que causa a doença, pode infectar a região genital masculina e feminina,
além do reto, olhos, garganta e articulações.
Formas de contágio
A gonorreia é transmitida em qualquer contato sexual desprotegido com a pessoa infectada. Também pode
ser transmitida de mãe para filho no momento do nascimento ou ainda dentro do útero.
Nas mulheres, os sintomas demoram mais a aparecer do que nos homens e, para ambos, podem haver
consequências graves, como infertilidade, infecções e maior risco de contrair HIV.
Como prevenir e tratamentos
Para se prevenir, sempre faça sexo com preservativos; evite ter relações sexuais com alguém que está com
gonorreia (até que a pessoa esteja completamente tratada); e, caso você tenha sido infectado, converse com
seus parceiros para que eles procurem um médico para verificar se também estão com a bactéria.
Por ser uma infecção bacteriana, a gonorreia é tratada com antibióticos e deve-se evitar relações sexuais
neste período. O médico, depois de fazer o diagnóstico, indicará qual o melhor remédio para cada caso. A
gonorreia tem cura e não oferece grandes complicações quando o tratamento é realizado precocemente e de
forma adequada.
Clamídia
O que é clamídia?
A clamídia também é uma DST causada por bactéria, a Chlamydia trachomatis, que é transmitida por via se-
xual vaginal, anal ou oral, e de mãe para filho. A doença costuma ser assintomática (não apresentar sintomas)
e pode afetar tanto homens quanto mulheres.
Formas de contágio
A clamídia é transmitida por meio do sexo, seja vaginal, anal ou oral. Também pode haver o contágio da DST
por via vertical, ou seja, de mãe para filho durante a gestação.

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Como prevenir e tratamento
A clamídia é tratada com antibióticos, receitados pelo médico de acordo com o quadro e história do paciente.
Por ser uma doença assintomática (sem sintomas), ao descobrir que o parceiro está com a doença, é necessá-
rio procurar ajuda médica, mesmo sem apresentar nenhum sintoma, para que ele verifique e também indique
um antibiótico para evitar complicações.
É uma DST curável com tratamento correto, mas, caso não seja diagnosticada rapidamente, ela pode causar
uma série de complicações, como DIP, epididimite, inflamação na próstata e artrite reativa. “Ela também pode
causar problemas nas trompas, infertilidade, gravidez ectópica ou simplesmente não deixar o espermatozoide
subir”, diz Granato.
Também é importante saber que ser infectado pela doença uma vez não torna a pessoa imune ao problema.
Ou seja, no caso de fazer novamente sexo desprotegido com alguém infectado, a pessoa pode voltar a ter
clamídia.
Mycoplasma genitalium
O que é Mycoplasma genitalium?
Mycoplasma genitalium é uma bactéria de transmissão sexual que causa uma doença semelhante a clamí-
dia e a gonorreia, mas que provoca uma secreção mais transparente.
Os especialistas acreditam que muitas pessoas podem ter a doença e não saber, uma vez que ela raramente
apresenta sintomas. Além disso, no caso das mulheres, é ainda mais difícil que ela seja notada, pois muitas têm
uma secreção normal, então o sintoma passa desapercebido.
Formas de contágio
Um estudo publicado no International Journal of Epidemology mostrou que a maioria dos homens e mulhe-
res com a doença apresentaram comportamentos sexuais considerados de risco, como um grande número de
parceiros sexuais e sexo desprotegido no último ano.
Algumas das mulheres infectadas disseram apresentar sangramento após o ato sexual, mas 56,2% das
mulheres e 94,4% dos homens não reportaram nenhum sintoma de DST.
Como prevenir e tratamento
“O Mycoplasma é uma bactéria um pouco diferente, ela não aparece em um exame comum. Então, caso o
médico não desconfie dela e peça um exame específico, o problema não será detectado», diz Celso Granato,
infectologista do Fleury Medicina e Saúde.
“Dentre as complicações, homens e mulheres podem ter dor que vão além da parte mais baixa do trato ge-
nital. Pode acontecer uma inflamação de ovário, lesão nas trompas, assim como uma infecção no epidídimo ou
na próstata, e uretrite”, completa o especialista. Por isso, é importante fazer exames periodicamente e seguir o
tratamento indicado pelo médico à risca.
Doença Inflamatória Pélvica (DIP)
O que é Doença Inflamatória Pélvica?
A Doença Infamatória Pélvica (DIP) é uma DST que afeta mulheres, principalmente as que já têm alguma
outra infecção sexualmente transmissível não tratada, como gonorreia e clamídia.
Ela pode ser causada por diversas bactérias que acarretam inflamações nos órgãos sexuais internos da
mulher, como útero, ovários e trompas.
Formas de contágio
A infecção, normalmente, ocorre após a relação sexual desprotegida, por causa do contato com as bactérias
durante o ato. Mas também pode ocorrer depois de procedimentos médicos, como inserção do Dispositivo In-
tra-Uterino (DIU), curetagem e biópsia do útero.
Como prevenir e tratamento
“Como muito frequentemente a DIP é causada por uma infecção da clamídia, que subiu para os órgãos se-
xuais internos da mulher, a prevenção desta doença é feita basicamente se prevenindo da clamídia, além de

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ficar atenta à qualquer mudança na secreção e relatar o quanto antes ao seu ginecologista”, afirma Granato.
Sífilis
O que é sífilis?
A sífilis é causada pela bactéria Treponema pallidum e pode se manifestar em três estágios: nos dois pri-
meiros, acontecem os sintomas e ela é mais contagiosa; no terceiro, não há sintomas - o que faz parecer que
a pessoa está curada (mas não está).
Formas de contágio
A sífilis, além de ser transmitida pela relação sexual desprotegida e pela transfusão com sangue contamina-
do, também pode ser passada através do beijo na boca quando há feridas nas mucosas - apesar de ser uma
forma mais rara.
Além disso, ela pode ser transmitida da mãe para o filho. Por isso, é importante fazer o pré-natal corretamen-
te, em que a gestante será testada para a doença na primeira consulta, no terceiro trimestre e no momento do
parto.
Como prevenir e tratamento
A melhor forma de se prevenir da sífilis é através do uso de preservativos em todas as relações sexuais, in-
clusive a oral. A transmissão através do beijo na boca é bastante rara, mas pode acontecer quando há feridas,
que não precisam estar do lado de fora ou visíveis para ocasionar o problema.
Por esta razão, é bom sempre ter acompanhamento médico e realização periódica de exames para verificar
esta condição. A sífilis é muito perigosa quando não tratada, podendo se espalhar pelo corpo inteiro e ocasio-
nando, por exemplo, AVC, meningite, surdez, problemas de visão, demência, aneurisma, aborto ou morte do
bebê durante a gestação ou nos primeiros dias de vida.
Ebola
O que é ebola?
A ebola é uma doença ocasionada por um vírus de mesmo nome, que é altamente infeccioso e pode atingir
uma taxa de letalidade de até 90%. O vírus é original da África, que de tempos em tempos sofre com surtos da
doença.
O seu principal sintoma é febre hemorrágica, que causa sangramento dos órgãos internos e pode levar à
morte.
Formas de contágio
As formas de contágio mais comuns do vírus ebola são por meio de contato direto com os fluídos de um
humano ou animal infectado, o que inclui sangue, saliva, sêmen, vômito, urina ou fezes.
Um estudo publicado no New England Journal of Medicine, em outubro de 2015, indicou que foi possível de-
tectar o vírus no sêmen de dois terços dos homens participantes seis meses após eles terem sido considerados
curados da doença. Já 26% dos homens com o sêmen coletado de sete a nove meses após a cura do ebola,
também continha o vírus.
“Considerando que o ebola também é transmitido de forma indireta, pelo contato com o sêmen da pessoa
que foi infectada depois de tanto tempo, ele pode ser considerado uma DST. Contudo, estes são casos excep-
cionais e ainda não sabemos o impacto que isso pode ter na população”, afirma Celso Granato.
Como prevenir e tratamento
A melhor forma de se prevenir do ebola é não ir aos locais com surto da doença, evitar o contato com pes-
soas infectadas ou com o corpo daquelas que não resistiram, sem a devida proteção.
Além disso, segundo o médico, após a cura do ebola era dada a orientação de não fazer sexo sem preserva-
tivo pelos três meses seguintes. Porém, com a descoberta da presença do vírus tanto tempo depois no sêmen,
ainda não há um consenso do tempo recomendado.

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Herpes
O que é herpes?
Herpes simples é uma infecção viral, que se manifesta através do surgimento de pequenas bolhas frequen-
temente ao redor dos lábios ou genitais, mas que também podem surgir em qualquer região do corpo.
Normalmente, a herpes labial é causada pelo vírus da herpes simples tipo 1, o HSV1; e a herpes genital pelo
HSV2. Entretanto, ambos os tipos podem provocar tanto o herpes labial quanto o genital.
Formas de contágio
“Tanto a herpes genital quanto a herpes labial podem ser transmitidas mesmo nos períodos entre as crises,
não apenas quando os sintomas estão visíveis, quando há lesão”, explica o infectologista Granato.
“Em todos os tipos de relação, é possível contrair o vírus. Entretanto, não é porque o parceiro tem herpes
crônica que necessariamente esta pessoa terá também”, comenta. A transmissão por objetos infectados, como
toalhas e talheres, também pode ocorrer, mas é bastante rara.
Como prevenir e tratamento
Ainda não há vacina para a herpes, portanto a única forma de realmente se prevenir da infecção é não tendo
nenhum tipo de contato sexual desprotegido com quem tem o vírus.
Donovanose
O que é donovanose?
A donovanose é uma infecção que afeta a pele e mucosas da região genital, da virilha e do ânus, causan-
do úlceras e destruindo a pele infectada.
A infecção é causada pela bactéria Klebsiella granulomatis, sendo caracterizada por caroços e feridas ver-
melhas que sangram fácil e não causam dor, fazendo com que o paciente só procure ajuda quando o caso já
está mais avançado.
Formas de contágio
Segundo Lucy Nagm, infectologista do Dr. Consulta, ainda não se sabe ao certo como a doença é transmiti-
da, apenas que ela está frequentemente associada a uma infecção sexual.
Como prevenir e tratamento
De acordo com a Sociedade Brasileira de Infectologia, o uso do preservativo em todas as relações sexuais,
sejam vaginais, orais ou anais, é importante para prevenir a doença. Entretanto, isso só será eficaz se a área
infectada estiver coberta pela camisinha, uma vez que, se houver contato com uma ferida aberta, a donovanose
pode ser transmitida.
Já o tratamento é feito exclusivamente com antibióticos indicados pelo médico.
Hepatites virais
O que são hepatites virais?
Hepatite é qualquer degeneração do fígado por causas diversas. As mais comuns são as infecções pelos
vírus do tipo A, B ou C e o abuso do consumo de álcool.
Formas de contágio
Os tipos hepatite B e hepatite C são transmitidos principalmente pelo sangue, sendo comum em usuários de
drogas injetáveis e pacientes submetidos a material cirúrgico contaminado. A hepatite B também é frequente-
mente transmitida por via sexual.
Os tipos B e C de hepatite usualmente não apresentam sintomas, o que torna comum que as pessoas só
saibam que têm a doença quando fazem, por acaso, algum teste para estes vírus.
Como prevenir e tratamento
Além de fazer sexo com camisinha, se pode prevenir a infecção pelas hepatites B e C não compartilhando
alicates de unha, lâminas de barbear, escovas de dente, equipamentos para uso de drogas, além de todo o
controle efetivo dos bancos de sangue, órgãos e sêmen.

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Também há vacina disponível para a prevenção da hepatite B, mas não para o tipo C da doença.
Linfogranuloma venéreo
O que é linfogranuloma venéreo?
Linfogranuloma venéreo é uma infecção crônica que se caracteriza pelo aparecimento de uma ferida ou
elevação na pele da região genital, ou gânglios da virilha genital. Dura de três a cinco dias e não é facilmente
identificada pelos pacientes.
Formas de contágio
A forma de contágio se dá por relação sexual vaginal, anal ou oral com a pessoa infectada.
Como prevenir e tratamento
A forma mais garantida de se prevenir da doença é utilizando o preservativo em todas as relações e fazendo
a higiene correta da região genital.
No tratamento, são utilizados antibióticos, mas, por normalmente ter diagnóstico tardio, é comum haver se-
quelas como estreitamento do reto e elefantíase dos órgãos sexuais. O parceiro da pessoa infectada também
deve ser tratado.
Tricomoníase
O que é tricomoníase?
A tricomoníase uma infecção causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis que afeta mais comumente
as mulheres. Nelas, a doença ataca o colo de útero, a vagina e a uretra. Já nos homens, a tricomoníase ataca
o pênis.
Formas de contágio
A transmissão da tricomoníase se dá por meio do contato sexual ou íntimo com as secreções de uma pes-
soa contaminada, principalmente nas relações entre homem/mulher e mulher/mulher. Ela causa micro lesões e
dores e pode favorecer a infecção por outras DSTs.
Como prevenir e tratamento
A forma mais eficaz de se prevenir contra a tricomoníase é através do uso de preservativos em todas as
relações sexuais, sejam vaginais, anais ou orais. No caso de descoberta da infecção, o parceiro também deve
ser tratado. Nas relações entre mulheres ou homem/mulher, é possível utilizar a camisinha feminina.6

“Os métodos contraceptivos são utilizados por pessoas que têm vida sexual ativa e querem evitar uma gravi-
dez. Além disso, a camisinha, por exemplo, protege de doenças sexualmente transmissíveis (DST).
Há vários tipos de métodos contraceptivos disponíveis no mercado, como a camisinha masculina, camisinha
feminina, o DIU (dispositivo intrauterino), contracepção hormonal injetável, contracepção hormonal oral (pílula
anticoncepcional), implantes, espermicida, abstinência periódica, contracepção cirúrgica, contracepção de
emergência, entre outros.
Entre tantos métodos disponíveis, torna-se necessário o auxílio de um médico para escolher qual método uti-
lizar, pois ele levará em consideração a idade, a frequência em que mantém relações sexuais, necessidades
reprodutivas, saúde etc.
É muito importante ter consciência de que qualquer método escolhido só funcionará se for utilizado da manei-
ra correta.
Entre os métodos contraceptivos, há os que são reversíveis e os que são irreversíveis. Os métodos reversí-
veis, também chamados de temporários, são aqueles que, ao interromper o uso, é possível engravidar. Os
métodos irreversíveis, também conhecidos como definitivos, são aqueles que exigem uma intervenção cirúrgi-
ca, como vasectomia, para os homens; e laqueadura tubária, para as mulheres.”

6 Fonte: www.minhavida.com.br

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“Os métodos contraceptivos são classificados em cinco grupos:
Métodos comportamentais
- Tabelinha;
- Temperatura basal;
- Muco cervical (método Billings);
- Coito interrompido.
Métodos de barreira
- Camisinha;
- Diafragma;
- Esponjas;
- Espermicidas;
Dispositivo intrauterino (DIU)
Contracepção hormonal
- Contraceptivos orais;
- Contraceptivos injetáveis;
- Implantes;
- Anel vaginal;
- Adesivos cutâneos;
- Contracepção de emergência (pílula do dia seguinte);
Contracepção cirúrgica
- Vasectomia
- Laqueadura”

Alimentação e saúde: carboidratos, proteínas e lipídios; Transtornos alimentares

NOÇÕES BÁSICAS SOBRE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO.


Necessidade fundamental de todos os seres vivos, o alimento confunde-se com a própria vida, pois de modo
geral, os seres vivos alimentam-se de outros seres vivos. Todas as espécies animais e vegetais, sem a interfe-
rência do homem, podem-se integrar em ciclos alimentares equilibrados e suficientes.
Alimento é toda substância que supre as necessidades de nutrição e crescimento de qualquer forma de vida.
Apesar da grande diversidade dos seres vivos, pode-se dizer que todos eles têm duas necessidades alimenta-
res essenciais:
(1) compostos que sejam fontes de energia; e
(2) substâncias capazes de preencher necessidades estruturais ou funcionais.
Muitos alimentos satisfazem às duas exigências e, em muitos casos, o que é necessidade dietética para uma
espécie não tem nenhuma utilidade para outra, capaz de sintetizar o mesmo alimento a partir de outra fonte
material.
Todas as células vivas, quer existam separadamente, quer como parte de um tecido complexo, precisam de
uma ou mais substâncias inorgânicas e de alguma forma de carbono e nitrogênio. As necessidades de compos-
tos orgânicos é que variam entre as diferentes formas de vida. As vitaminas e proteínas, por exemplo, impres-
cindíveis a muitas espécies animais, são perfeitamente dispensáveis para as plantas. Essas diferenças entre as

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necessidades de cada forma de vida são fundamentais. Criam na natureza ciclos contínuos: compostos simples
de elementos como o carbono e o nitrogênio transformam-se em moléculas, que, por sua vez, são utilizadas por
formas superiores de vida e, eventualmente reconvertidas em compostos simples. Dessa maneira, na realida-
de, o único gasto foi de energia. Se esses ciclos fossem interrompidos por muito tempo, a vida terrestre deixaria
de existir, pelo menos nas modalidades hoje conhecidas.
As formas mais complexas de vida, que compreendem os animais superiores e o homem, têm uma alimen-
tação muito peculiar. Necessitam de uma série de compostos orgânicos sem os quais não conseguem sobre-
viver; devem atender não somente às necessidades de suas células como às de tecidos de alta complexidade;
dependem das plantas e dos microrganismos para compor suas dietas; e precisam de mais calorias, para suprir
a energia gasta pela atividade muscular.
A célula animal tem necessidade vital de calorias. Sem essa fonte de energia a capacidade de funciona-
mento celular desaparece, sobrevindo a morte. De modo geral, essa necessidade é satisfeita com o consumo
de alimentos que contêm calorias. Estima-se, por exemplo, que um homem de 25 anos de idade, de peso e
estatura médios, precisa de 3.200 calorias por dia, e uma mulher, nas mesmas condições, de 2.300. Essa cota
varia conforme o trabalho e o clima em que vivem.
De acordo com a composição química, as substâncias alimentícias são classificadas como proteínas (subs-
tâncias plásticas, formadoras); carboidratos e gorduras (substâncias energéticas); vitaminas e sais minerais
(substâncias protetoras). Um grama (g) de proteína -- o mesmo que um grama de açúcar ou amido -- fornece
quatro calorias, um grama de álcool sete, e de gordura, nove.
Conservação dos alimentos. Durante muitos séculos a arte de conservar alimentos desenvolveu-se lenta-
mente, baseada em métodos empíricos, dos quais os mais empregados eram a salga, a defumação e a seca-
gem. A partir do século XIX, quando se descobriram as causas biológicas da decomposição dos alimentos, as
técnicas de preservá-los evoluíram com rapidez.
O próprio fato de uma substância ser tida como adequada à alimentação humana já pressupõe a possibili-
dade de sua decomposição, seja através da ação de microrganismos, seja da ação de fermentos. Excluída a
presença das bactérias nos alimentos, eles tendem a conservar-se indefinidamente. Tal exclusão pode ser obti-
da de diversas maneiras: pelo calor e posterior conservação dos alimentos em vidros ou latas hermeticamente
fechados; pela desidratação sob a ação do sol ou em estufas; pelo resfriamento e congelamento que, se não
eliminam as bactérias, pelo menos suspendem sua atividade. Enquanto isso, as experiências de conservas
químicas têm sido desestimuladas pelos danos que podem causar ao aparelho digestivo.
Componentes alimentares
A boa alimentação depende da dosagem equilibrada dos diversos elementos que a compõem. Todo alimen-
to, seja de origem animal, seja vegetal, encerra uma ou mais dessas substâncias elementares.
Água
Representando sessenta por cento do corpo humano, a água é tão importante que a perda de vinte por cento
do conteúdo líquido do organismo já acarreta a morte. A água tanto serve para transportar como para diluir as
substâncias alimentícias, integrando a constituição dos protoplasmas celulares. Age também como reguladora
da temperatura do corpo e constitui elemento indispensável às trocas osmóticas entre o sangue, a linfa e as
células.
Proteína
Embora sejam também fontes fundamentais de calorias, os alimentos proteicos têm por função dietética
principal fornecer aminoácidos à manutenção e síntese das proteínas, base do arcabouço estrutural de todas
as células. Substâncias nitrogenadas complexas, as proteínas se desdobram no organismo em substâncias
químicas mais simples, os 24 aminoácidos conhecidos, dos quais nove são imprescindíveis à vida.
O valor nutritivo dos alimentos proteicos varia segundo contenham maior ou menor quantidade desses ami-
noácidos imprescindíveis. Em geral, ela é mais elevada nos alimentos de origem animal que nos de origem
vegetal. São chamadas completas as proteínas que contêm aqueles nove aminoácidos em quantidade suficien-
te. No entanto, as incompletas podem ser importantes complementos das primeiras em uma mesma refeição.

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Carboidratos ou glicídios
Essenciais a todo tipo de alimentação, os carboidratos estão presentes em muitos dos alimentos mais di-
fundidos da maior parte das sociedades humanas, como os cereais, os açúcares, os tubérculos e seus deri-
vados. Formando e mantendo os elementos de oxigenação e reserva do organismo, são indispensáveis ao
funcionamento dos músculos, voluntários e involuntários. O organismo humano sempre mantém uma reserva
de carboidratos. No sangue, sob a forma de glicose; no fígado e nos músculos, de glicogênio. Entre os alimen-
tos mais comuns, são mais ricos em carboidratos o arroz, o pão, a batata, a mandioca, o macarrão e massas
congêneres, doces, biscoitos, bolos etc. Entre as substâncias alimentares energéticas, os carboidratos são
utilizados mais prontamente na célula do que as gorduras e proteínas. O excesso ou combinação redundante
de carboidratos (como arroz, batata e farofa) é hábito que leva infalivelmente à obesidade.
Gorduras ou lipídios
Sendo a mais concentrada forma de energia dos alimentos, as gorduras contêm substâncias essenciais ao
funcionamento normal do organismo e que não são por ele produzidas: os ácidos graxos. Cada grama de gor-
dura produz nove calorias, e os alimentos mais ricos em ácidos graxos são o leite integral, os óleos vegetais, a
manteiga, a margarina e o toucinho.
Vitaminas
Catalisadoras de reações importantes, as vitaminas são compostos orgânicos de proteção e regularização,
fundamentais para o equilíbrio vital. Intervêm no crescimento, na fixação dos minerais nos tecidos e nos pro-
cessos de ossificação e cicatrização. Influem ainda na resistência do organismo às infecções e na fisiologia dos
sistemas circulatório, nervoso e digestivo. Ao contrário da crença de que as vitaminas são necessárias sob a
forma de remédio, a ingestão de alimentos que as contenham é satisfatória
Sais minerais.O organismo precisa de constante suprimento de minerais para contrabalançar a perda dos
que elimina. Os mais necessários são cálcio, magnésio, ferro, iodo, fósforo, sódio e potássio. As quantidades
que se requerem de cada um desses minerais variam muito. Enquanto um adulto deve ingerir diariamente um
grama de cálcio, necessita apenas de 15mg de ferro. A quantidade de cobalto, sob a forma de vitamina B12
suficiente para combater a anemia perniciosa, é de 0,0001mg por dia.
Geografia econômica e social dos alimentos O uso dos alimentos pelo homem acha-se condicionado a fato-
res climáticos, econômicos, sociais e técnico-industriais. Daí os contrastes existentes nos regimes alimentares
das diversas populações. Além disso, tais regimes diferem conforme o tipo de atividade e padrão de vida das
pessoas, bem como de outros fatores. A religião e a tradição também exercem poderosa influência sobre as
opções alimentares. Cada povo ou, dentro de um mesmo país, cada região tem um ou mais pratos preferidos,
que muitas vezes se tornam típicos.
O progresso da produção industrial revolucionou o regime alimentar de grande parte da humanidade a partir
do século XIX. Ainda assim, a influência do ambiente natural mantém-se bastante viva, caracterizando áreas
alimentares facilmente reconhecidas:
(1) entre os cereais, o trigo é a base da alimentação dos povos do Ocidente, através da farinha, com que se
preparam o pão, massas diversas, biscoitos etc.; e o arroz é a base da alimentação dos povos do Oriente, que
o consomem em grão, sob a forma de bolos ou como bebida;
(2) entre as bebidas não alcoólicas, enquanto o café é largamente difundido na América, na Europa medi-
terrânea e no Oriente Médio, o chá é preferido nas ilhas britânicas, na Rússia, na Índia, no Sudeste Asiático e
no Extremo Oriente.
No entanto, encontram-se diferenças substanciais. Na América, o milho ocupa lugar de relevo por ter no
continente seus maiores produtores. É consumido em grão, em forma de farinha (de que o fubá é um dos tipos
principais), curau, canjica ou mungunzá, tortilla, maisena, produtos glicosados, óleo comestível etc. Também se
consomem amplamente, em diversos países, a batata e a mandioca.
Na Europa, os alimentos predominantes mostram imensas diferenças e contrastes: na região norte-oci-
dental, a aveia e o centeio são tradicionalmente utilizados na fabricação de mingaus (porridges), pão e bebida
(uísque), embora a batata, depois da descoberta da América, também tenha passado a ocupar lugar de des-
taque; na região central, povos de diversas origens e as numerosas invasões explicam uma vasta disparidade
dos padrões alimentares no que toca a cereais, carnes, queijos e bebidas; na região ocidental, reinam o trigo,

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a batata, o vinho e a cerveja; na região mediterrânea, embora desde tempos imemoráveis se consuma o trigo
e a cevada, dominam a oliveira, a videira e a figueira, que lhe garantem o constante suprimento de azeitonas,
azeite, uvas, passas, vinhos e figos.
Na Índia, Sudeste Asiático, China e Extremo Oriente, mais de dois bilhões de pessoas têm no arroz o alimen-
to por excelência, que também fornece bebida como o saquê dos japoneses e o chum-chum da Indochina. Na
África, devem-se distinguir a chamada África branca, cujos hábitos alimentares assemelham-se aos da Europa
mediterrânea, e a África negra, que prefere a mandioca, o inhame, a banana e o amendoim, além de milho,
sorgo, arroz etc. Nos arquipélagos da Oceania, nada é tão importante quanto o pescado.
Alimentação no Brasil A herança legada pelos colonos portugueses adaptou-se naturalmente ao meio físico
brasileiro, enriquecendo-se com as contribuições dos povos indígenas e dos negros africanos. Deve-se ao
ameríndio do Brasil o uso da farinha de mandioca, do milho, do guaraná e do mate, da mesma forma como o
beiju, a pipoca, mingaus. Deve-se ao negro o emprego do azeite-de-dendê e do leite de coco, de diversas pi-
mentas e longa série de pratos como o vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, cuscuz, angu, pamonha.
A partir do século XX a imigração de vários povos propiciou significativas contribuições à alimentação brasi-
leira, particularmente italianas (pizzas, massas, polenta), mas também alemães (doces folhados, cerveja), sírio-
-libanesas (quibe, esfirra) e japonesas. De início limitados às áreas de influência dos imigrantes, muitos desses
alimentos passaram a fazer parte das preferências da população em geral, especialmente nas grandes cidades
e nas regiões Sudeste e Sul. A influência do meio físico mostra-se particularmente sensível na Amazônia, onde
os alimentos, assim como seus temperos, vêm dos rios e da floresta.
Podem-se reconhecer cinco áreas alimentares principais no território brasileiro:
(1) a da Amazônia, cuja população consome numerosos peixes, entre os quais o pirarucu (que, seco, se
chama piraém e se assemelha ao bacalhau), o peixe-boi ou manati (na verdade um mamífero sirênio), as tarta-
rugas, plantas silvestres como o guaraná, mangaba, açaí, cupuaçu, bacuri, bacaba;
(2) a do Nordeste, onde se podem separar a zona da mata (peixes, doces e frutas) e o sertão, onde predo-
minam a carne-de-sol, arroz, feijão-de-corda, farinha de mandioca e farinha-d,água;
(3) a do Recôncavo baiano, das mais típicas, graças à influência africana;
(4) a do planalto centro-oriental, em que dominam o arroz, o feijão, o fubá, a carne de porco e de boi, o café
etc.; e
(5) a da região Sul, onde predominam a carne bovina (churrasco, ultimamente difundido por todo o país) e o
mate amargo (chimarrão). ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
NUTRIÇÃO
Além do estudo clássico dos processos fisiológicos e bioquímicos por meio dos quais as substâncias pre-
sentes nos alimentos se transformam em energia e em tecidos orgânicos, a nutrição humana aborda os efeitos
de qualquer componente alimentar, e da ausência dele, sobre o organismo. Isso inclui o estudo da maior parte
das doenças degenerativas crônicas -- como queda de dentes, doenças coronarianas, alguns tipos de câncer
etc. -- e se estende à avaliação dos efeitos dos alimentos sobre a atividade física e mental do homem, sua re-
sistência a infecções, e sobre a saúde e o desenvolvimento do feto.
Nutrição é o conjunto de transformações pelas quais passam os alimentos nos seres vivos, desde sua ab-
sorção até a eliminação de seus detritos. O estudo da nutrição envolve a identificação de nutrientes essenciais
ao crescimento e à manutenção do ser vivo; a determinação das relações entre esses nutrientes; e a avaliação
das quantidades exigidas pelos seres vivos em diferentes condições ambientais.
As substâncias que o ser vivo colhe no meio ambiente para se nutrir recebem a designação geral de alimen-
to. Na segunda metade do século XX, porém, esse termo passou a ser mais utilizado para designar o material
ingerido, enquanto a cada uma das substâncias químicas que constituem o alimento foi atribuída a denomina-
ção de nutriente.
Depois de absorvidas pelo organismo, essas substâncias são submetidas a processos de composição,
assimilação ou anabolismo, e de decomposição, desassimilação ou catabolismo. Existente em todos os seres
vivos, o conjunto dos processos e transformações por que passa o alimento recebe a denominação de metabo-
lismo, termo que significa “transformação de matéria”.

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Além da energia potencial química, os alimentos fornecem ao organismo elementos de construção dos teci-
dos e de regulação do meio interno: proteínas, carboidratos, gorduras, água, sais minerais, vitaminas, inclusive
os aminoácidos indispensáveis e os ácidos graxos insaturados que o organismo não sintetiza ou sintetiza em
quantidade insuficiente.
Digestão, absorção e excreção. Nos organismos unicelulares, a própria célula procede à ingestão dos nu-
trientes e à excreção dos dejetos. Os seres multicelulares, com exceção dos celenterados inferiores, apresen-
tam um tubo com uma cavidade na qual se processam a digestão e absorção, ou fases pré-metabólicas, e a
excreção, pós-metabólica. A excreção, realizada parcialmente pelos órgãos excretores -- rins, fígado e outros
-- é lançada no tubo digestivo.
A água e as substâncias alimentares dissolvidas na cavidade estomacal -- sais, proteínas, carboidratos,
gorduras e diversas drogas -- são absorvidas sobretudo no intestino delgado, pois o estômago absorve apenas
álcool e algumas drogas; e o intestino grosso, água e algumas substâncias como sais e glicose.
Fenômeno complexo, a absorção intestinal é em parte ativa, com intervenção selecionadora das células
epiteliais da mucosa, e em parte passiva, realizada por forças físicas e físico-químicas, como a pressão hidros-
tática, filtração, difusão, osmose etc. O mecanismo de bomba realiza a parte ativa: criam-se diferenças de con-
centração de uma determinada substância através de uma barreira de difusão, pela transformação de energia
potencial química em trabalho osmótico. O transporte dessas substâncias desde a superfície de absorção até
os tecidos se faz pelo sangue e a linfa.
Os processos vitais dependem de um constante consumo de energia e da permanente troca de materiais. O
funcionamento do organismo implica ainda um processo de renovação, também constante, de todas as subs-
tâncias estruturais e de todo o material genético, com a possível exceção do ácido desoxirribonucléico (ADN). A
velocidade desse processo de renovação se expressa em termos de vida média biológica, conceito análogo ao
da vida média das substâncias radioativas e que corresponde ao período de tempo necessário à degradação
ou renovação de metade de cada material presente no organismo. Nos seres humanos, a vida média das pro-
teínas do fígado ou do plasma é de dez dias, e de 158 dias no caso das proteínas da pele, do esqueleto e dos
músculos. O consumo de energia se mede pela quantidade de calor e de trabalho externo que o corpo produz.
Os produtos metabólicos finais eliminados permitem avaliar as trocas materiais registradas no organismo.
Grupos básicos de alimentos. Um conjunto de 17 grupos enquadra a maior parte dos alimentos:
(1) cereais e derivados;
(2) raízes amiláceas;
(3) legumes;
(4) verduras;
(5) frutas;
(6) nozes e sementes;
(7) açúcares, xaropes, doces e conservas;
(8) carne, inclusive aves, e derivados;
(9) frutos do mar -- peixes, crustáceos e moluscos;
(10) ovos e ovas de peixe;
(11) leite, nata e queijo;
(12) gorduras e óleos;
(13) ervas e condimentos;
(14) bebidas não-alcoólicas e não-lácteas;
(15) bebidas alcoólicas;
(16) alimentos dietéticos; e
(17) outros (por exemplo, sal e vinagre).

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Por serem ricos em carboidratos, os cereais têm alto valor energético, além de contribuírem com grande
parte das necessidades orgânicas de proteína vegetal. As raízes amiláceas (batata, mandioca, inhame etc.)
são uma importante fonte de energia e assemelham-se aos cereais quanto a seu valor nutritivo, embora sejam
mais pobres em proteínas. Ocorre o contrário com os legumes (ervilhas e feijões) -- como o feijão de soja (com
38% de proteína em sua composição) --, que também podem representar uma importante fonte de vitamina B,
quando não-moídos.
Verduras e frutas possuem propriedades nutritivas semelhantes. Compostos de setenta por cento de água,
esses alimentos fornecem pouca energia ou proteína, mas muitos contêm vitamina C e caroteno, dois nutrien-
tes não encontrados nos cereais. Também são ricos em fibras (úteis na prevenção da constipação intestinal),
cálcio e ferro, sais presentes porém numa forma que dificulta sua absorção.
Sacarose e frutose são responsáveis por 12% da média total de calorias ingeridas pelos adultos e um pouco
mais nas crianças. Também há açúcares naturais nos alimentos (frutose, glicose e sacarose, nas frutas e ver-
duras, e lactose, no leite), cuja ingestão representa oito por cento das calorias totais consumidas por adultos.
Os açúcares não contêm, entretanto, proteínas, minerais e vitaminas.
A carne vermelha consiste geralmente em vinte por cento de proteínas, vinte por cento de gordura e sessen-
ta por cento de água. Também é rica em vitamina B, inclusive a tiamina, uma das mais importantes. O tecido
muscular dos peixes consiste de 13 a 20% de proteína, uma quantidade variada de gordura (de menos de um
a mais de vinte por cento) e um percentual de 60 a 82% de água (inversamente proporcional ao conteúdo de
gordura). O ovo é um excelente alimento, pela grande quantidade de proteínas presente na clara e na gema
(rica em vitamina A), mas também apresenta alto índice de colesterol.
O leite de vaca é alimento rico em calorias, proteínas, cálcio e fósforo, mas sua nata compõe-se de 53% de
ácidos graxos saturados. Como essa gordura é considerada um dos fatores responsáveis pelas doenças coro-
narianas, a indústria de laticínios criou o leite desnatado. O queijo também é rico em proteínas e cálcio, além
de ser uma boa fonte de vitamina A e riboflavina. A maioria dos queijos, porém, contém cerca de 25 a 30% de
gordura, em grande parte saturada, e é muito salgada.
Os adultos bebem de um a dois litros de água por dia, geralmente em bebidas como café, chá, sucos, refri-
gerantes, cerveja, vinho, entre outros, apreciados mais por seu gosto ou por seus efeitos do que por seu valor
nutritivo. Os sucos de fruta são uma exceção, por constituírem boas fontes de vitamina C e potássio.
Dieta saudável. Os alimentos fornecem ao organismo os nutrientes dos quais ele retira a energia para seu
funcionamento e o material que utiliza na formação e renovação dos tecidos e na formação e regulação do
meio interno. Como nutrientes, as proteínas podem ser de alto ou baixo valor biológico, conforme contenham
ou não, em quantidade suficiente, os aminoácidos indispensáveis, ou seja, aqueles que devem ser ingeridos
nos alimentos porque não são sintetizados pelo organismo animal.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimen-
tação (FAO) admitem que a taxa protéica mínima ideal, por dia, deve ser de 0,75g de proteína de bom valor
biológico por quilo de peso do indivíduo adulto. Para crianças, a recomendação começa com 1,85g por quilo de
peso, em recém-nascidos, e cai para um grama por quilo de peso, aos cinco anos de idade. A ingestão diária
de alimentos também deve satisfazer as necessidades de vitaminas e sais minerais -- em adultos, zinco (12 a
16mg), ferro (7mg), iodo (150 miligramas), magnésio (320mg), cálcio (800mg), fósforo (1g), selênio (85 miligra-
mas), sódio (0,92 a 2,3g) e potássio (1,95 a 5,46g).
Na dieta mista e espontânea de um homem adulto sadio, de atividade e porte médios, encontram-se 70g de
proteína (280 calorias), 90g de gorduras (810 calorias) e 550g de carboidratos (2.200 calorias). As gorduras e
carboidratos cobrem a maior parte das calorias e qualquer aumento da demanda energética do organismo. As
proteínas têm participação menor e relativamente constante.
Com a lei do isodinamismo, Max Rubner demonstrou que do ponto de vista energético, os nutrientes se equi-
valem por seus valores calóricos. Obtém-se igual quantidade de calor com 100g de gordura, 232g de amido,
234g de sacarose e 243g de carne seca. Caso um indivíduo passasse a sustentar-se apenas com alimentos
protéicos, seria obrigado a consumir quantidade muito elevada de proteínas para manter as calorias da dieta.
Esse aumento faria crescer em vinte vezes o volume da ureia eliminada pelos rins. E ocorreria, tal como acon-
tece com os esquimós, uma sobrecarga digestiva, excretória e metabólica, com transformação de proteínas em
carboidratos e gorduras e, também, formação de ureia.

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Os alimentos naturais são de certa forma mistos. A carne, mesmo magra, contém gordura; o trigo tem prote-
ína, amido e uma pequena quantidade de gordura; o leite contém caseína, albumina, gordura, lactose e subs-
tâncias minerais e só não pode ser considerado alimento completo por não conter ferro, elemento indispensável
à formação da hemoglobina. Do ponto de vista fisiológico, a dieta mista é a mais natural. A alimentação espon-
tânea do homem que se guia pela fome e pelo apetite é geralmente equilibrada e satisfaz suas necessidades
de nutrição.
Deve-se evitar gordura em excesso, gordura saturada e alimentos que contenham colesterol. Para suprir a
necessidade de proteína, recomenda-se a ingestão de carnes magras, peixes, aves, feijões e ervilhas secas,
assim como leite desnatado ou leite magro e seus derivados. É preferível que os alimentos sejam grelhados,
assados ou cozidos, ao invés de fritos. Também devem fazer parte da dieta alimentos com amido e fibras. Para
substituir o sal como tempero, podem ser empregados suco de limão, ervas e condimentos.
Doenças nutricionais. É provável que a obesidade, a mais importante doença nutricional dos Estados Unidos
e da Europa, seja decorrente da ingestão excessiva de calorias, embora fatores emocionais, genéticos e endó-
crinos possam estar presentes. A ingestão exagerada de algumas vitaminas também pode provocar doenças,
especialmente no caso das vitaminas A e D, que são lipossolúveis e tendem a se acumular nos tecidos quando
consumidas em excesso. As vitaminas C e B, solúveis em água, são mais facilmente metabolizadas ou excre-
tadas e, portanto, raramente se acumulam em níveis tóxicos.
As deficiências nutricionais podem estar relacionadas à ingestão de calorias, de proteínas ou de alguns
nutrientes essenciais como vitaminas ou, mais raramente, alguns aminoácidos e ácidos graxos. A má-nutrição
de proteínas e calorias continua a predominar em algumas áreas. Acreditase que dois terços da população
mundial dispõem de menos alimentos do que o necessário. Não só a quantidade é inadequada, mas também a
qualidade dos alimentos é nutricionalmente deficiente e contém pouca proteína.
Em áreas carentes, a má-nutrição tem seu maior impacto nos jovens. As mortes provocadas por ingesta in-
suficiente de proteínas e calorias resultam da incapacidade da criança para se desenvolver, com perda de peso
e enfraquecimento progressivos, que levam a estados infecciosos, geralmente provocados por bactérias e pa-
rasitos gastrointestinais. Carências vitamínicas também se manifestam como resultado de uma dieta incorreta
ou inadequada. Quando a ingestão calórica total é baixa, também podem ocorrer carências vitamínicas, masca-
radas pela profunda deficiência de calorias e proteínas. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.
CLASSIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS: ALIMENTOS CONSTRUTORES, ENERGÉTICOS E REGULADO-
RES
A prateleira dos alimentos construtores é uma agitação só. É porque o grupo dos construtores não pára
quieto! Os alimentos desse grupo trabalham duro, sempre ajudando o organismo a se renovar e se fortalecer.
No grupo dos construtores estão os alimentos ricos em proteínas, que a gente encontra na carne, no peixe,
no frango, na clara dos ovos, e também no leite e seus derivados, como queijo e iogurte.
Tem gente que acha mais saudável não comer carne ou escolhe não comer nada de origem animal: os ve-
getarianos. Ainda bem que existem também as proteínas de origem vegetal... Entram nessa turma grãos como
feijão, lentilha e grãode-bico, a soja, e frutas oleaginosas (que contêm óleo) como amendoim, nozes, amêndoa
e castanha-do-pará.
Energéticos Eles têm a força! Os alimentos energéticos são ricos em açúcares (carboidratos) e gorduras
(lipídios). Os carboidratos e lipídios são verdadeiros super-heróis para o corpo: fornecem energia para o nosso
organismo funcionar, para você poder correr e brincar à vontade. Vá colocando no carrinho: pão, macarrão,
cereais como arroz e milho, frutas e doces, alimentos ricos em carboidratos. É energia que não acaba mais.
Para obter energia, nosso organismo recorre primeiro aos carboidratos. Eles sustentam as atividades mus-
cular e mental, e também o funcionamento dos órgãos. Mas quando a gente abusa deles, a balança logo avisa!
Porque se ingerimos carboidratos em excesso, eles são transformados em gordura e “estocados” em alguma
parte do corpo.
O açúcar que a gente usa para adoçar comidas e bebidas vem da cana-de-açúcar, aquela planta com folhas
compridas que forma os canaviais. Mas não é o único açúcar que existe. O leite e as frutas têm seus próprios
açúcares naturais, chamados lactose e frutose.
Alguns vegetais acumulam energia em forma de amido, que é um tipo de carboidrato. São ricos em amido:

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a batata, a mandioca, o milho, o trigo. Com a digestão do amido e dos açúcares, obtemos a glicose. Ela é ne-
cessária para o movimento dos músculos - ou seja, sem ela, não faríamos nada!
Reguladores Na prateleira dos alimentos reguladores, onde tudo é muito colorido, reina a mais perfeita or-
dem. Não é à toa: são eles que ajudam o corpo a funcionar como um relógio. Os alimentos reguladores são
ricos em vitaminas e sais minerais, que encontramos nas verduras, frutas e legumes.
São eles que mantêm o organismo funcionando direitinho, pois regulam as funções vitais e auxiliam os ór-
gãos a fazer o seu trabalho. As verduras e frutas, por exemplo, são ricas em fibras, que ajudam o estômago e
o intestino a funcionar melhor. Outros alimentos ricos em fibras, como grãos, pão e macarrão integrais, também
entram nesse grupo.
Na família das verduras, temos alface, rúcula, agrião, espinafre, almeirão, acelga, brócolis, couve, e muitas
outras. Na família das frutas, tem gente que não acaba mais: maçã, banana, laranja, mamão, pêra, melão,
melancia... Os legumes vêm logo atrás: tomate, pepino, cenoura, berinjela. Dá para fazer uma salada imensa e
colorida com os alimentos reguladores.
A PIRÂMIDE DOS ALIMENTOS
Para sabermos duma forma simples, quais os alimentos que devem entrar na nossa alimentação diária e em
que proporção para que aquela seja equilibrada e nos dê os elementos necessários à máxima saúde, a Roda
dos Alimentos dá uma preciosa ajuda.
Leite e derivados ricos em cálcio (leites, iogurte, queijos, requeijão) Os alimentos deste grupo são também
ricos em proteínas, indispensáveis para a formação e reparação do nosso organismo. Pela sua riqueza em
gordura devem preferir-se as variedades magras num tratamento para emagrecer.
Carnes e derivados, pescado (peixes, marisco) e ovos São alimentos ricos em proteínas e também vitaminas
do complexo B e sais minerais (ferro, fósforo e iodo). A quantidade de gordura varia com o tipo de alimento,
recomenda-se retirar as peles das aves e a gordura aparente das carnes antes de cozinhar, diminuindo deste
modo, a ingestão calórica.
Óleos e gorduras alimentares (óleos, azeite, manteiga, margarinas, banha e natas) São o grupo mais pe-
queno da Roda dos Alimentos, portanto devem entrar muito modestamente na nossa alimentação. São grandes
fornecedores de energia e vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Pela sua carga calórica são para consumir
duma forma reduzida e selecionada num tratamento para emagrecer.
Cereais e derivados (trigo, milho, arroz, farinha, massas, pão), leguminosas secas (feijão, grão, fava, lenti-
lhas) e tubérculos (batata) Estes alimentos são bons fornecedores de hidratos de carbono, vitaminas do com-
plexo B, sais minerais e fibras. A maior parte da energia diária deve vir deste tipo de alimentos. Pela sua riqueza
em fibras e por serem praticamente nulos em gordura, estão indicados no tratamento para emagrecer.
Produtos hortícolas (nabiças, couves, grelos, espinafres, feijão-verde, ervilhas e favas frescas, cenoura,
tomate, cebola) e fruta (maçã, pêra e cereja) São alimentos riquíssimos em vitaminas e minerais e devem ser
consumidos em abundância. São, com algumas excepções (azeitonas, abacate, amendoim, noz, pinhão, pistá-
cio, avelã, amêndoa) pobres de gordura e ricos em fibras, o que os torna altamente vantajosos no tratamento
para emagrecer.
Doces Estes alimentos não fazem parte da Roda dos Alimentos e se entram na rotina do nosso dia-a-dia
contribuem para aumentar muito o valor calórico da refeição. Como agravante, são muitas vezes constituídos
também por gordura o que os torna ainda mais calóricos. Por estas razões estão desaconselhados
Bebidas: Água - deve ser ingerida em quantidades superiores a 1,5l diárias de modo ao nosso organismo se
manter em equilíbrio. Pode ser consumida às refeições. Refrigerantes e sumos - é imprescindível a leitura do
rótulo para saber o que contêm; só as quantidades de açúcar e calorias elevadas as desaconselha no tratamen-
to para emagrecer. Bebidas alcoólicas - 1g de álcool fornece 7 calorias. Uma garrafa de 375 ml de vinho maduro
de 12,5º fornece 260 calorias. As bebidas destiladas (whisky, aguardente, licor,…) contêm muito mais álcool e
portanto são mais calóricas. Por estas razões, a ingestão destes tipos de bebidas está desaconselhada.
Refeições pré-preparadas e outros alimentos processados - Devem rejeitar-se as refeições em cujo rótulo
os primeiros ingredientes sejam gorduras, óleos, margarinas, manteiga, o que quer dizer que a refeição que vai
ser cozinhada é rica neste elemento e muito calórica por esta via.

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CONDIÇÕES SANITÁRIAS E HIGIÊNICAS DOS ALIMENTOS
Ao final de uma vida inteira, um homem normal terá consumido cerca de cinquenta toneladas de alimento,
o que garantiu a esse indivíduo sua longevidade. No entanto, essa longevidade só acontece de fato se os
cuidados básicos foram tomados para que os alimentos atuem de fato como combustível para o organismo, e
não como portadores de doenças. As possibilidades de se contrair uma doença, muitas vezes fatal, são mais
concretas do que supomos e, para que isso não ocorra, os alimentos devem ser preparados com higiene. Veja
neste artigo algumas dicas de como alimentar-se bem.
Os Cuidados na Compra
Alimentos são fontes de proteína, vitamina e sais minerais, e são profundamente necessários à vida, diz a
nutricionista Carla Goulart. Mas eles podem se transformar em pesadelo se, a partir da hora da compra, não
forem escolhidos com cuidado.
Nas feiras e varejões - Frutas, legumes e verduras adquiridos nas feiras e varejões ficam expostos ao ar livre
durante várias horas, cada dia em uma região de uma cidade. Isto quer dizer que eles sofrem a ação do tempo,
do clima, mas sobretudo da manipulação do feirante e dos fregueses, além de exposição à saliva, insetos, ao
toque das mãos que, ao mesmo tempo, contam dinheiro.
Esses alimentos, ao chegarem em casa, devem ser muito bem lavados, principalmente as folhas. Estudos
da FDA (Food and Drug Administration) mostram que os produtos hortifrutigranjeiros também sofrem a ação
de pesticidas. Este fato estimula a que os alimentos sejam lavados em água corrente, descascados e cozidos,
para se eliminar o mais possível pesticidas, bactérias e outros elementos.
Mais atenção devem receber as carnes de frango ou peixe, que se deterioram com maior facilidade e que
ficam expostos na feira. Os primeiros cuidados na hora da compra, antes mesmo da higiene dos alimentos, de-
vem se concentrar no estado geral do alimento a ser adquirido. Se houver sinais de deterioração, por mínimos
que sejam, não devem ser consumidos.
Os Cuidados na Armazenagem
As dependências onde se guardam alimentos, quer sejam refrigeradas ou não, devem ser limpas no mínimo
duas vezes por semana, diz a nutricionista, quando não é possível fazê-lo todos os dias. Na geladeira, todos os
alimentos devem ser conservados tampados, e periodicamente deve-se retirar dali alimentos velhos, se houver.
A despensa deve ser totalmente esvaziada e limpa com pano úmido, detergente e álcool, em seguida com
um pano seco. Sendo um lugar quente, é o ninho preferido de insetos como as baratas, tão comuns nas regiões
quentes.
Os prazos de validade dos alimentos, especialmente grãos e farinhas, devem ser cuidadosamente observa-
dos. Caso seja constatada a presença de carunchos, todo o conteúdo deve ser eliminado para que estes não
se proliferem, passando para os demais alimentos.
E ainda, os alimentos cujos lacres já foram abertos devem ser mantidos fechados, pois o contato com ar
acelera o envelhecimento. Ao serem usadas as farinhas, cuidados para não introduzir em seu recipiente colhe-
res usadas em outros ingredientes ou sem a devida higiene. Não introduzir as mãos, ainda que elas sejam bem
lavadas, nos recipientes dos alimentos.
Os Cuidados na Manipulação
Água corrente ainda é a melhor arma da higienização nos alimentos, lembra a nutricionista. No entanto, se a
própria água não tiver condições salubres suficientes, ela deve ser fervida ou tratada. As mãos e braços devem
ser limpos e deve-se evitar conversar sobre os alimentos que estão sendo preparados, para que o perdigoto
(saliva) não caia sobre eles.
Os Cuidados na Cozinha
Alguns alimentos atraem moscas, formigas e outros insetos. Evitar o uso de aerossóis e inseticidas na cozi-
nha, usando, ao invés disto, mata-moscas manuais, cobrindo os alimentos e tampando bem as panelas. Tam-
bém os animais domésticos, especialmente cães e gatos, devem ser mantidos longe da cozinha, não só pelo
contato direto com os alimentos mas também devido ao risco maior de parasitoses. Pessoas que acabaram de
cuidar de um animal devem lavar muito bem as mãos, e não tocar em seguida os alimentos.

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Ao manipular qualquer alimento da despensa, para evitar distrações e também por precaução com as crian-
ças, qualquer produto de despensa que não seja alimentício deve ser mantido em outro local. Atenção principal-
mente a desinfetantes, remédios e outros químicos, que devem ser conservados em áreas longe dos alimentos.
Prevenindo Doenças
As manifestações mais comuns relacionadas com a inadequada manipulação dos alimentos, sem higiene,
são vômitos, diarreias, febres, além de infecções. Em alguns casos, diz a FDA, as infecções gastrointestinais
são controladas por soros industrializados ou caseiros, mas outros casos podem evoluir para sintomas que não
podem ser controlados em casa, sendo necessária a internação.
Uma das infecções mais conhecidas é a Salmonelose, que é contraída a partir de ovos crus. Para reduzir o
risco de infecção por Salmonela, eis alguns cuidados:
- Manter os ovos refrigerados, descartando ovos rachados ou sujos.
Direitos de Consumidor
É direito do consumidor conhecer as dependências de um restaurante onde os alimentos são preparados.
Os bons restaurantes sabem disto e mantém a cozinha de alguma forma transparente ou visível para o con-
sumidor, ou recebem de bom grado um pedido dos clientes para visitarem a cozinha. - Limpar bem as cascas
do ovo, colocando-o em água corrente, antes de usá-los. Preferencialmente, usar ovos cozidos e servi-los logo
após o preparo.
Também é direito do consumidor procurar e receber ajuda, instrução e orientações dos órgãos da Vigilância
Sanitária, Postos de Saúde e Procon (defesa do consumidor) sempre que ele encontre nos produtos que con-
some algum problema referente inclusive à higiene.
Para a correta manipulação dos alimentos, é necessário que suas condições de embalagem e armazena-
mento nos postos de venda sejam adequadas. Todo consumidor tem direito a reclamar, nos postos de venda
ou direto com o fabricante, caso encontre alimentos em mau estado.
Caso o consumidor constate que o alimento não está em condições de ser consumido, deve imediatamente
lacrar o alimento e mantê-lo no congelador, ligando então para o fabricante, que virá substituí-lo. A simples
substituição do alimento, porém, é insuficiente como resposta ao consumidor. Este tem direito a saber porque
aquele alimento se deteriorou, para poder decidir se continua ou não adquirindo o produto.
É muito comum - inclusive nos bons supermercados - nos países quentes as geladeiras e freezers industriais
são desligados à noite, com o objetivo de poupar energia. Esse processo de resfriamento e aquecimento dos
produtos faz com que eles se estraguem, muitas vezes se constatando o estrago depois que já estão de posse
do consumidor.
Em alguns casos, cabe ao consumidor solicitar uma análise do alimento, feita sem ônus para ele, através da
Vigilância Sanitária.
HIGIENE PESSOAL, AMBIENTAL E DE EQUIPAMENTOS
Nas civilizações mais antigas, a higiene estava intimamente relacionada às práticas e preceitos religiosos.
Muitas das normas ditadas por Moisés aos hebreus tinham sobretudo caráter sanitário e se destinavam a
proteger o povo, no deserto, das epidemias e enfermidades comuns a toda coletividade submetida àquelas
condições. À medida que os conhecimentos de medicina e a organização das sociedades se desenvolveram,
a higiene e a saúde pública alcançaram nível mais alto e difundiram-se em setores da população que até aí só
haviam desfrutado seus benefícios indiretos.
Higiene é o ramo da medicina que trata de preservar e manter a saúde das pessoas e das populações me-
diante a adoção de normas preventivas para evitar ou limitar o aparecimento e difusão das infecções, doenças
degenerativas e todos os fatores que incidem de maneira negativa no padrão de vida sanitário das pessoas e
das sociedades.
O meio mais elementar de restringir os efeitos nocivos que podem levar à doença ou ao descaso para com a
saúde consiste na aplicação rigorosa e sistemática das medidas de asseio e limpeza, tanto em escala pessoal
quanto coletiva, com o saneamento de residências, logradouros públicos etc. Devem-se fixar, para isso, normas
que garantam o cumprimento das medidas sanitárias coletivas e o uso de todos os recursos ao alcance do go-
verno para exercer eficaz política de higiene e saúde pública.

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História e desenvolvimento. A divulgação e o cumprimento desses princípios com finalidade higiênica e sani-
tária remontam às mais antigas civilizações. Culturas como a mesopotâmica ou a egípcia realizaram enormes
obras de saneamento e chegaram a transformar alagados e pântanos em plantações e lugares adequados ao
assentamento humano, a canalizar vertentes e a adotar normas para evitar a propagação de epidemias. Na
Grécia, onde a vida pública teve tanta importância e onde o homem livre era antes de tudo um cidadão partici-
pante de todos os aspectos da vida social, a higiene e saúde pública obtiveram êxitos notáveis. Mais tarde, as
principais cidades romanas contavam com uma rede completa de canais, aquedutos e fossas, bem como de
termas e banhos públicos.
A higiene na Europa da Idade Média, pelo que se conhece dos diferentes textos da época, devia ser lamentá-
vel, e as epidemias assolavam periodicamente as cidades. Nos tempos modernos, as legislações dos principais
países do Ocidente estabeleceram, segundo os exemplos das repúblicas e cidades-estados renascentistas
italianas, normas e preceitos destinados a melhorar a saúde pública, o que se concretizou na organização sa-
nitária coletiva que veio a surgir em diversas nações do século XIX.
Os avanços alcançados nessa época no campo da bacteriologia e a criação de múltiplas instituições e cen-
tros sanitários, bem como o desenvolvimento científico em geral e das ciências médicas em particular, ocorridos
no século XX, transformaram quantitativa e qualitativamente a saúde dos países mais desenvolvidos. Embora
em muitas regiões do mundo se tenham erradicado doenças e infecções seculares, grande parte da população
mundial, sobretudo nos países menos desenvolvidos economicamente, continua vivendo em condições sanitá-
rias muito deficientes
A higiene compreende várias subdivisões, segundo o objeto e o setor operacional a que a disciplina se res-
trinja. Assim, além da higiene pessoal, distingue-se a higiene coletiva ou pública, que afeta o conjunto de indi-
víduos e pode dividir-se em higiene do trabalho, nacional e internacional. Além disso, cabe ressaltar a higiene
ambiental, intimamente relacionada à ecologia e à correta utilização dos recursos do meio ambiente, em muitas
regiões degradado pelas atividades do homem.
Higiene pessoal. Constituem a higiene pessoal todos os princípios que afetam a defesa da saúde do indi-
víduo. Vão desde as mais elementares normas de asseio e limpeza (tomar banho, lavar as mãos, escovar os
dentes) e ao cuidado específico com determinados órgãos ou funções até o cuidado com a roupa, a salubridade
do lugar em que se vive ou os hábitos e condições materiais de vida. Tal comportamento impede a ocorrência
de grande número de infecções e o desenvolvimento de parasitas que, uma vez instalados no organismo, fre-
quentemente se tornam de difícil eliminação.
É também importante a higiene alimentar, baseada na nutrição racional e equilibrada, com todos os princí-
pios elementares requeridos pelo organismo. Uma alimentação saudável deve evitar o excesso de gorduras
e proteínas de origem animal, de açúcares e bebidas estimulantes, ao mesmo tempo que não pode deixar de
incluir as diversas vitaminas em proporção criteriosa, as fibras e os sais minerais. A realização de exercícios
físicos e a observância das horas de sono e repouso são igualmente importantes para a manutenção da saúde
A higiene também não deve esquecer os órgãos dos sentidos, especialmente no que diz respeito aos olhos
e ouvidos. São necessários cuidados como o de não forçar a vista em lugares mal iluminados, não expor o ou-
vido a ruídos excessivos e proceder, se possível, a exames periódicos, para verificar se a capacidade visual e
auditiva se mantém em boas condições ou se requer correção de alguma espécie. Finalmente, é indispensável
a visita periódica ao dentista e a constante atenção para com o aparelho circulatório.
Higiene coletiva. O conjunto das medidas e normas que procuram garantir a higiene coletiva constituem,
nas sociedades modernas, um sistema complexo que abrange todos os aspectos da vida comunitária, em
termos municipais, estaduais ou federais. Sobressaem, nesse campo, as obras de saneamento e organização
dos serviços públicos, o tratamento de águas e esgotos, a coleta de lixo e a organização dos transportes, sem
esquecer-se do sistema médico propriamente dito, hospitalar e assistencial, assim como de campanhas de
vacinação, desinfecção etc.
Da mesma forma, quando a escala alcança a esfera internacional, faz-se necessária uma estreita colabora-
ção entre todos os países envolvidos, tanto no plano dos governos como das instituições, bem como a criação
de entidades cujo objetivo específico seja zelar pelas condições sanitárias em âmbito mundial. Nesse sentido,
a criação da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1948 foi um avanço notável nesse campo, pois embora
sejam muitas as dificuldades encontradas por esse órgão para estabelecer políticas e programas comuns entre
países às vezes muito heterogêneos, é indiscutível que sua ação coordenadora tem sido de grande utilidade

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em determinados setores, como o da epidemiologia. ©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.

Exercícios

1. As células são estruturas conhecidas como unidades estruturais e funcionais dos organismos vivos. Elas
são formadas basicamente por substâncias orgânicas e inorgânicas. São consideradas substâncias inorgâni-
cas:
(A) lipídios e proteínas.
(B) proteínas e água.
(C) sais minerais e vitaminas.
(D) água e sais minerais
(E) lipídios e carboidratos.
2. Muitas pessoas pensam que os lipídios trazem apenas malefícios à saúde e que podem ser facilmente
excluídos da nossa alimentação. Entretanto, essa substância orgânica é essencial para o organismo. Nas cé-
lulas, os lipídios:
(A) fazem parte da composição das membranas celulares.
(B) são a única fonte de energia.
(C) estão relacionados principalmente com a função estrutural.
(D) atuam na formação da parede celular.
(E) são as moléculas formadoras de grande parte das enzimas.
3. Os carboidratos são substâncias orgânicas que atuam, principalmente, fornecendo energia para a célu-
la. O amido, por exemplo, é um carboidrato de origem vegetal amplamente disponível na natureza e também
bastante consumido. Estima-se que cerca de 80% das calorias que consumimos sejam oriundas desse carboi-
drato. A respeito do amido, marque a alternativa que indica corretamente sua classificação dentro do grupo dos
carboidratos.
(A) Monossacarídeos.
(B) Dissacarídeos.
(C) Oligossacarídeos.
(D) Polissacarídeos.
(E) Trissacarídeos.
4. (UEMS) O corpo humano é constituído basicamente de água, sais minerais e macromoléculas como
carboidratos, proteínas e lipídios. Entre as afirmativas abaixo, assinale a que não está relacionada com as pro-
priedades das proteínas:
(A) Colágeno, queratina e actina são exemplos de proteínas com função de constituição e estruturação da
matéria viva.
(B) São constituídas por vários aminoácidos unidos por ligações peptídicas.
(C) Quando submetidas a elevadas temperaturas, sofrem o processo de desnaturação.
(D) Fornecem energia para as células e constituem os hormônios esteroides.
(E) São catalisadores de reações químicas e participam do processo de defesa como anticorpos contra an-
tígenos específicos.
5. (UECE) A farinha de mandioca, muito usada no cardápio do sertanejo nordestino, é um alimento rico em
energia. Entretanto, é pobre em componentes plásticos da alimentação. Quando nos referimos ao componente
energético, estamos falando daquela substância que é a reserva energética nos vegetais. Quanto aos compo-

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nentes plásticos, lembramo-nos das substâncias químicas que participam da construção do corpo. Tais compo-
nentes, energéticos e plásticos, são, respectivamente:
(A) glicogênio e proteína
(B) vitamina e amido
(C) amido e proteína
(D) vitamina e glicogênio
6. Muitas pessoas não sabem diferenciar corretamente o que é um ser vivo de um ser não vivo, entretanto,
os organismos vivos apresentam características marcantes que permitem essa diferenciação. Uma dessas ca-
racterísticas é a capacidade de responder a estímulos, uma capacidade denominada de:
(A) irritabilidade.
(B) flexibilidade.
(C) complexidade.
(D) reação.
(E) metabolismo.
7. É comum dizer que todos os organismos são formados por células, estruturas conhecidas como a uni-
dade funcional e estrutural dos seres vivos. Alguns organismos, no entanto, são acelulares e, por isso, alguns
autores não os consideram vivos. Entre os seres listados abaixo, qual é o único que não possui células em sua
constituição?
(A) bactérias.
(B) fungos.
(C) protozoários.
(D) vírus.
(E) animais.
8. Para um organismo ser considerado vivo, algumas características devem estar presentes. Analise as al-
ternativas a seguir e marque o único atributo que não é encontrado em todos os seres vivos.
(A) Hereditariedade.
(B) Capacidade de responder a estímulos.
(C) Corpo formado por várias células.
(D) Capacidade de evoluir.
(E) Metabolismo.
9. Todos os organismos vivos estão sujeitos a processos evolutivos. Algumas características, por exemplo,
surgem e são passadas para os descendentes e outras são eliminadas da população por meio de um processo
denominado de:
(A) recombinação gênica.
(B) seleção natural.
(C) mimetismo.
(D) mutação.
(E) migração.
10. (FaZU) Na divisão dos seres vivos em cinco reinos, qual deles é o mais inferior por conter organismos
dotados de organização mais simples?
(A) Monera
(B) Protista

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(C) Fungi
(D) Metaphyta
(E) Metazoa
11. Atualmente costumamos classificar os seres vivos em sete categorias taxonômicas principais. Marque a
alternativa que indica corretamente essas categorias na ordem da categoria de maior abrangência para a mais
restrita.
(A) Reino – classe – filo – ordem – gênero – família – espécie.
(B) Reino – filo – ordem – classe – família – gênero – espécie.
(C) Reino – filo – classe – família – ordem – gênero – espécie.
(D) Reino – filo – classe – ordem – família – gênero – espécie.
(E) Reino – filo – classe – ordem – família – espécie – gênero.
12. A ordem Carnívora inclui espécies tais como cães e ursos. Para pertencer à mesma ordem, essas espé-
cies também devem pertencer:
(A) à mesma família.
(B) ao mesmo gênero.
(C) à mesma espécie.
(D) à mesma classe.
13. Um grupo formado por diferentes ordens com características semelhantes é chamado de:
(A) reino.
(B) filo.
(C) classe.
(D) família
(E) gênero.
14. (PUC-RJ) Um entomólogo estudando a fauna de insetos da Mata Atlântica encontrou uma espécie cujos
caracteres não se encaixavam naqueles característicos dos gêneros de sua família. Isso levará o cientista a
criar:
(A) uma nova família com um novo gênero.
(B) somente uma nova espécie.
(C) um novo gênero com uma nova espécie.
(D) uma subespécie.
(E) uma nova ordem com uma nova família.
15. (FCC-SP) A diferença fundamental entre reprodução assexuada e sexuada é que a reprodução assexu-
ada:
(A) exige apenas um indivíduo para se cumprir, e a sexuada exige dois.
(B) não cria variabilidade genética, e a sexuada pode criar.
(C) só ocorre entre vegetais, e a sexuada entre vegetais e animais.
(D) dá origem a vários indivíduos de uma só vez, e a sexuada a um indivíduo apenas.
(E) só ocorre entre espécies em que não existam dois sexos, e a sexuada ocorre nos seres em que há dife-
renciação dos dois sexos.
16. Algumas espécies, como as hidras, formam um broto que se desprende e desenvolve vida independente.
Esse processo de reprodução assexuada é conhecido como:

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(A) fragmentação.
(B) esporulação.
(C) gemiparidade.
(D) divisão binária.
(E) partenogênese.
17. As planárias são pequenos platelmintos que se destacam pela sua grande capacidade de regeneração.
Se cortamos uma planária ao meio, dividindo-a em duas partes, ela é capaz de dar origem a dois indivíduos.
Esse tipo de reprodução assexuada é conhecido como:
(A) fragmentação.
(B) brotamento.
(C) gemiparidade.
(D) divisão binária.
(E) partenogênese.
18. As células bacterianas normalmente se reproduzem duplicando seu material genético e dividindo-se em
duas células-filhas.
Esse processo é relativamente rápido, ocorrendo, em algumas espécies, em apenas 20 minutos.
O processo descrito acima é conhecido como:
(A) brotamento.
(B) fragmentação.
(C) gemiparidade.
(D) partenogênese.
(E) divisão binária.
19. Algumas espécies de lagarto possuem a incrível capacidade de se reproduzir sem que haja a partici-
pação do macho, ou seja, por meio de um processo assexuado. Nesse processo, ocorre a transformação dos
óvulos em embriões sem a necessidade de uma célula masculina.
Marque a alternativa que indica o nome correto desse tipo de reprodução:
(A) fragmentação.
(B) esporulação.
(C) brotamento
(D) divisão binária.
(E) partenogênese.
20. (PUC-CAMPINAS) Ao queimar o bagaço da cana para obter energia, o homem está desempenhando um
papel comparável ao nível trófico dos:
(A) Produtores primários
(B) Desnitrificantes
(C) Decompositores
(D) Predadores
(E) Parasitas
21. UDESC) Analise as proposições abaixoa respeito da energia nos ecossistemas.
I. Organismos fotossintetizantes (como algas e plantas) são capazes de capturar a energia luminosa do Sol
e convertê-la em energia química, que fica armazenada nas moléculas das substâncias orgânicas. Esse pro-

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cesso é chamado de fotossíntese;
II. Em uma cadeia alimentar, a quantidade de energia de um nível trófico é sempre maior que a energia que
pode ser transferida ao nível seguinte, uma vez que todos os seres vivos consomem parte da energia do ali-
mento para a manutenção de sua própria vida;
III. A transferência de energia na cadeia alimentar é unidirecional: tem início nos organismos produtores,
passa para os consumidores e finaliza com os organismos decompositores;
IV. Os consumidores primários obtêm a energia necessária à sua sobrevivência alimentando-se diretamente
dos organismos fotossintetizantes;
V. Os organismos decompositores obtêm a energia necessária à sua sobrevivência por meio da decomposi-
ção da matéria orgânica morta.
Assinale a alternativa correta.
(A) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
(B) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
(C) Somente as afirmativas II, III e V são verdadeiras.
(D) Somente as afirmativas I, II e V são verdadeiras.
(E) Todas as afirmativas são verdadeiras.
22. É o sexto planeta do sistema solar a partir do Sol, sendo o segundo maior planeta desse grupo. É conhe-
cido por ser rodeado de anéis e ser classificado como um planeta gasoso ou joviano.
A descrição acima refere-se a:
(A) Urano
(B) Netuno
(C) Saturno
(D) Júpiter
(E) Vênus
23. Assinale a alternativa que indica apenas os planetas rochosos do sistema solar:
(A) Terra, Vênus, Urano e Netuno
(B) Marte, Terra, Saturno e Mercúrio
(C) Vênus, Marte, Plutão e Urano
(D) Mercúrio, Vênus, Terra e Marte
(E) Júpiter, Saturno, Urano e Netuno
24. A poluição atmosférica causa preocupação em todo o mundo, uma vez que provoca danos ao homem e
ao meio ambiente. Ela pode ser desencadeada por fontes fixas, como indústrias, ou fontes móveis, como os ve-
ículos automotores. Analise as alternativas a seguir e marque aquela que não indica um poluente atmosférico:
(A) óxido de nitrogênio.
(B) dióxido de enxofre.
(C) gás nitrogênio.
(D) partículas em suspensão.
(E) monóxido de carbono.
25. A poluição da água, muitas vezes, é confundida com sua contaminação. Analise as alternativas a seguir
e marque aquela que melhor indica a definição de água poluída.
(A) Água poluída é aquela que possui alterações em suas características químicas e físicas, tais como mu-
danças no cheiro, cor e sabor.

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(B) Água poluída é aquela capaz de causar doenças em quem a ingere.
(C) Água poluída é aquela que apresenta organismos vivos, tais como vermes e protozoários.
(D) Água poluída é aquela que se apresenta imprópria para o consumo humano, apesar de não ter altera-
ções em suas características químicas e físicas.
(E) Água poluída é aquela que apresenta grande quantidade de solo dissolvido.

Gabarito

1 D
2 A
3 D
4 D
5 C
6 A
7 D
8 C
9 B
10 A
11 D
12 D
13 C
14 C
15 B
16 C
17 A
18 E
19 E
20 C
21 E
22 C
23 D
24 C
25 D

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