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A F R O - B R A S I L E I R O S

Pombagira e as faces
inconfessas do Brasil1
Dr. Reginaldo Prandi 2

I: Personagens de duvidosa moralidade

O Brasil tem uma larga tradição católica de devoção aos


santos, com os quais os fiéis estabelecem relações de favor e
de troca que presumem sempre uma certa intimidade com as
coisas do mundo sagrado (CAMARGO et al., 1973). Com o
espraiamento das tradições afro-brasileiras no curso deste sé-

1. Originalmente publicado como Capítulo IV do livro Herdeiras do Axé. São Pau-


lo: Hucitec, 1996, p. 139-164.
2. Reginaldo Prandi é professor emérito da Universidade de São Paulo (USP),
professor titular sênior do Departamento de Sociologia da mesma universidade,
pesquisador 1-A do CNPq e membro do grupo de pesquisa “Diversidade religiosa
na sociedade secularizada” do CNPq.

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culo, parece que esta intimidade com personagens do mundo


sagrado — agora sobretudo com divindades afro-brasileiras,
com as quais os santos se sincretizam, mais os espíritos dos
mortos — teria se intensificado. De fato, há uma infindável
lista de famílias ou classes de entidades sobrenaturais com que
fiéis brasileiros podem estabelecer relações religiosas e mágicas
e contatos personalizados, especialmente através de cerimô-
nias em que essas entidades se apresentam através do transe
de incorporação: os caboclos, pretos velhos, ciganos, prínci-
pes, marinheiros, guias de luz, espíritos das trevas, encantados,
além dos orixás e voduns.
Pombagira, cultuada nos candomblés e umbandas, é um
desses personagens muito populares no Brasil. Sua origem está
nos candomblés, em que seu culto se constituiu a partir de en-
trecruzamentos de tradições africanas e europeias. Pombagira
é considerada um Exu feminino. Exu, na tradição dos can-
domblés de origem predominantemente iorubá (ritos Ketu,
Efan, Nagô pernambucano) é o orixá mensageiro entre os ho-
mens e o mundo de todos os orixás. Os orixás são divindades
identificadas com elementos da natureza (o mar, a água dos
rios, o trovão, o arco-íris, o fogo, as tempestades, as folhas
etc.) e sincretizados com santos católicos, Nossa Senhora e o

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próprio Jesus Cristo. Assim, Oxalá, o maior dos orixás, divin-


dade da criação, é sincretizado com Jesus, Iemanjá, a Grande
Mãe dos orixás e dos brasileiros, com Nossa Senhora da Con-
ceição. Exu, o orixá trickster, o que deve ser sempre homenage-
ado em primeiro lugar, o orixá fálico, que gosta de confundir
os homens, que só trabalha por dinheiro, é aquele sincretizado
com o Diabo.3
Na língua ritual dos candomblés angola (de tradição ban-
to), o nome de Exu é Bongbogirá. Certamente Pombagira
(Pomba Gira) é uma corruptela de Bongbogirá, e esse nome
acabou por se restringir à qualidade feminina de Exu (AU-
GRAS, 1989). Na umbanda, formada nos anos 1930 deste

3. Este artigo resulta de um projeto mais amplo de pesquisa sobre religiões afro
-brasileiras que venho realizando desde 1987 em terreiros de candomblé e um-
banda de São Paulo. Para esse projeto, tenho tido contato também com terreiros
do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Distrito Federal,
Maranhão, Pará, Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul, o que me permite, pen-
so, poder trabalhar com classes mais generalizantes de conclusões. Neste artigo,
procurei usar como fontes sobre a identidade de Pombagira as próprias cantigas
de culto que estão registradas por autores umbandistas e que, de acordo com meu
trabalho de campo, acham-se bastante disseminadas pelo país. Igualmente, procuro
não me prender a situações muito peculiares e particulares deste ou aquele terreiro
ou mesmo cidade.

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século do encontro de tradições religiosas afro-brasileiras com


o espiritismo Kardecista francês, Pombagira faz parte do pan-
teão de entidades que trabalham na “esquerda”, isto é, que
podem ser invocadas para “trabalhar para o mal”, em contraste
com aquelas entidades da “direita”, que só seriam invocadas
em nome do “bem” (CAMARGO, 1961; PRANDI, 1991a).
Dona Pombagira, que tem um lugar muito especial nas
religiões afro-brasileiras, pode também ser encontrada nos es-
paços não religiosos da cultura brasileira: nas novelas de televi-
são, no cinema, na música popular, nas conversas do dia-a-dia.
Por influência kardecista na umbanda, Pombagira é o espírito
de uma mulher (e não o orixá) que em vida teria sido uma
prostituta ou cortesã, mulher de baixos princípios morais, ca-
paz de dominar os homens por suas proezas sexuais, amante
do luxo, do dinheiro, e de toda sorte de prazeres.
No Brasil, sobretudo entre as populações pobres urba-
nas, é comum apelar a Pombagira para a solução de problemas
relacionados a fracassos e desejos da vida amorosa e da sexu-
alidade, além de inúmeros outros que envolvem situações de
aflição. Estudar os cultos da Pombagira permite-nos entender
algo das aspirações e frustrações de largas parcelas da popula-
ção que estão muito distantes de um código de ética e mora-

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lidade embasado em valores da tradição ocidental cristã. Pois


para Dona Pombagira qualquer desejo pode ser atendido: não
há limites para a fantasia humana.
Embora conserve do candomblé a veneração dos orixás,
a umbanda, religião que desenvolveu e sistematizou o culto
a Pombagira como entidade dotada de identidade própria, é
uma religião centrada no culto dos caboclos e pretos velhos,
além de outras entidades. Embora o candomblé não faça dis-
tinção entre o bem e o mal, no sentido judaico-cristão, uma
vez que o seu sistema de moralidade baseia-se na relação estri-
ta entre homem e orixá, relação esta de caráter propiciatório e
sacrificial, e não entre os homens como uma comunidade em
que o bem do indivíduo está inscrito no bem coletivo (PRAN-
DI, 1991a), a umbanda, por sua herança kardecista, preservou
o bem e o mal como dois campos legítimos de atuação, mas
tratou logo de os separar em departamentos estanques. A um-
banda se divide numa linha da direita, voltada para a prática
do bem e que trata com entidades “desenvolvidas”, e numa
linha da “esquerda”, a parte que pode trabalhar para o “mal”,
também chamada quimbanda, e cujas divindades, “atrasadas”
ou demoníacas, sincretizam-se com aquelas do inferno cató-
lico ou delas são tributárias. Esta divisão, contudo, pode ser

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meramente formal, como uma orientação classificatória estri-


tamente ritual e com frouxa importância ética. Na prática, não
há quimbanda sem umbanda nem quimbandeiro sem umban-
dista, pois são duas faces de uma mesma concepção religiosa.
Assim, estão do lado “direito” os orixás, sincretizados com
os santos católicos, e que ocupam no panteão o posto de chefes
de linhas e de falanges, que são reverenciados, mas que pouco
ou nada participam do “trabalho” da umbanda, isto é, da inter-
venção mágica no mundo dos homens para a solução de todos
os seus problemas, que é o objetivo primeiro da umbanda en-
quanto religião ritual. Ainda do lado do “bem” estão o caboclo
(que representa a origem brasileira autêntica, o antepassado
indígena) e o preto velho (símbolo da raiz africana e marca do
passado escravista e de uma vida de sofrimentos e purgação de
pecados). Embora religião surgida neste século, durante e em
função do processo intenso de urbanização e industrialização,
o panteão da umbanda é constituído sobretudo de entidades
extraídas de um passado histórico que remonta pelo menos ao
século XIX. Ela nunca incorporou, sistematicamente, os espí-
ritos de homens e mulheres ilustres contemporâneos que mar-
cam o universo das entidades do espiritismo kardecista.

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De todas as classes de entidades da umbanda, que são


muitas, certamente o preto velho é o de maior reconhecimen-
to público: impossível não gostar de um preto velho mesmo
quando se trata de um não umbandista. Ele é sábio, paciente,
tolerante, carinhoso. Já o caboclo é o valente, o selvagem (o
índio) antes de tudo, destemido, intrépido, ameaçador, sério,
e muito competente nas artes das curas. O preto velho consola
e sugere, o caboclo ordena e determina. O preto velho acalma,
o caboclo arrebata. O preto velho contempla, reflete, assente,
recolhe-se na imobilidade de sua velhice e de seu passado de
trabalho escravo; o caboclo mexe-se, intriga, canta e dança,
e dança e dança como o guerreiro livre que um dia foi. Os
caboclos fumam charuto e os pretos velhos, cachimbo; todas
as entidades da umbanda fumam — a fumaça e seu uso ritual
marcando a herança indígena da umbanda, aliança constituti-
va com o passado do solo brasileiro.
Do panteão da direita também fazem parte os boiadeiros,
os ciganos, as princesas. O boiadeiro é um caboclo que em
vida foi um valente do Sertão. Veste-se como o sertanejo, com
roupas e chapéu de couro, e cumpre um papel ritual muito
semelhante aos caboclos índios, que se cobrem de vistosos co-
cares. Igualmente são bons curadores. Ciganos dizem o futu-

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ro mas não sabem curar; como os príncipes, estão acima das


misérias terrenas. Marinheiros sabem ler e contar, e conhecem
dinheiro, o que não acontece com nenhuma outra entidade,
mas carregam muito dos vícios do homem do mar: gostam
muito de mulher da vida, bebem em demasia, são sempre infi-
éis no amor, e caminham sempre com pouco equilíbrio. Uma
sua cantiga, imortalizada nas vozes de Clementina de Jesus e
Caetano Veloso, diz:

Oh, marinheiro, marinheiro, marinheiro só

Quem te ensinou a nadar, marinheiro só?

Ou foi o tombo do navio

Ou foi o balanço do mar

Lá vem, lá vem, marinheiro só

Como ele vem faceiro

Todo de branco, marinheiro só

Com seu bonezinho

O lado da esquerda é povoado pelos Exus e


Pombagiras, basicamente (ARCELLA, 1980).
Ambos são mal-educados, despudorados,
agressivos. Falam palavrão e dão estrepitosas

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gargalhadas. Chegam pela meia-noite, os Exus


com suas mãos em garras e seus pés feito cas-
cos de animais satânicos, as Pombagiras com
seus trajes escandalosos nas cores vermelho e
preto, sua rosa vermelha nos longos cabelos
negros, seu jeito de prostituta, ora do bor-
del mais miserável ora de elegantes salões de
meretrício, jogo e perdição; vez por outra é a
grande dama, fina e requintada, mas sempre
dama da noite. Nas religiões afro-brasileiras,
todo o cerimonial é cantado ao som dos ata-
baques, e quase todo também dançando. As
cantigas dos candomblés e os pontos-cantados
da umbanda são instrumentos de identidade
das entidades. Assim, canta-se para Pombagira
quando ela chega incorporada:

De vermelho e negro

Vestida na noite o mistério traz

Ela é moça bonita

Oi, girando, girando, girando lá

Se, por vezes, tanto Exus como Pombagiras podem vir


muito elegantes e amigáveis, jamais serão, entretanto, con-
fiáveis e desinteressados. Todo o mundo tem medo de Exu e
Pombagira, ou pelo menos diz que tem. Desconfia-se deles,
pois, se de fato são entidades diabólicas, não merecem con-
fiança, mesmo quando deles nos valemos. Eles fazem ques-

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tão de demonstrar animosidade. Conheci muito Exu que


chama todas as pessoas de “filho da puta”, que é a maior
ofensa que se pode fazer a um brasileiro. Exus e Pombagiras
fazem questão de demonstrar o quanto eles desprezam aque-
les que os procuram.
Há ainda um certo território de difícil demarcação, que,
embora formalmente situado na “direita”, dá passagem para
muitas entidades que se comportam como da “esquerda”. Ora
são Exus metamorfoseados de caboclos, ora são marinheiros
e baianos.
Se com os marinheiros já estamos em território muito
próximo da linha da “esquerda”, com os baianos é quase im-
possível se saber ao certo. Baianos e baianas têm a aparência
de caboclos e pretos velhos, mas se comportam como Exus e
Pombagiras. Lembrando que as giras (sessões rituais de tran-
se com canto e dança) são organizadas separadamente para
entidades da “direita” e da “esquerda”, pode-se imaginar que
os baianos — de criação muito recente, mas com uma popu-
laridade que já quase alcança a dos caboclos e pretos velhos
— são uma espécie de disfarce pelo qual Exu e Pombagira
podem participar das giras da “direita” sem serem molestados.
Se um dia a umbanda separou o bem do mal, com a intenção

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inescondível de cultuar a ambos, parece que, com o tempo,


ela vem procurando apagar essa diferença. Os baianos repre-
sentariam esta disposição. De fato, os baianos são as entidades
da “direita” mais próximas da “esquerda” em termos do com-
portamento estereotipado: eles são zombeteiros, relacionam-se
com seus fiéis e clientes não escondendo o seu escárnio por
eles, falam com despudor em relação às questões de caráter
sexual, revelando com destemperança, para quem quiser ouvir,
pormenores da intimidade das pessoas. Um dia, numa gira,
uma baiana de nome Chica me disse que a confundiam com
Pombagira, coisa que ela não era, só porque preferia os ho-
mens sexualmente bem dotados. Ela dizia falar muita besteira
porque as pessoas gostavam de ouvir besteiras, bebia muito
porque as pessoas gostavam de beber, e falava das intimidades
porque as pessoas gostavam de se exibir mas não tinham cora-
gem para isto. “E o Senhor não acha que isto é muito bom?”,
me perguntava. “Então, porque eu gosto mesmo é de ajudar os
outros, eu dou o que eles querem.”

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II: Pombagira no universo dos Exus


e dos eguns

Antes de mais nada, Pombagira é um Exu, ou melhor, um


Exu-mulher, como ela mesma gosta de ser chamada. Como
Exu, ela compõe um riquíssimo e muito variado panteão de
diabos, em que ela não somente aparece como um dos Exus,
mas é também casada com pelo menos um deles. Na concep-
ção umbandista, Exu é um espírito do mal, um anjo decaído,
um anjo expulso do céu, um demônio, enfim. De Pombagira
se diz ser mulher de demônios e morar no inferno e nas encru-
zilhadas, como esclarecem suas cantigas:

A porta do inferno estremeceu

O povo corre pra ver quem é

Eu vi uma gargalhada na encruza

É Pombagira, a mulher do Lucifer

(pesquisa de campo)
Ela é mulher de sete Exu Ela é

Pomba Gira Rainha

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Ela é Rainha das Encruzilhadas

Ela é mulher de sete Exu (Molina, s/d: 25)

O candomblé tem pouquíssima preocupação em construir


um corpo teórico doutrinário e uma organização teológica das
suas entidades e o culto da Pombagira segue de perto o culto
dos orixás, assentado em mitos e tradições de origem presu-
midamente africana, não existindo praticamente nada escrito
sobre Pombagira. A umbanda, entretanto, dispõe de vasta bi-
bliografia também sobre Pombagira. Essa literatura desenvolve
primariamente a ideia de um panteão sincrético dos Exus, dos
quais Pombagira é um, e oferece minuciosos preceitos rituais.
Discos também são disponíveis com os pontos cantados.
Segundo essa literatura, a entidade suprema da “esquer-
da” é o Diabo Maioral, ou Exu Sombra, que só incorpora ra-
ramente. Ele tem como generais: Exu Marabô ou diabo Put
Satanaika, Exu Mangueira ou diabo Agalieraps, Exu-Mor ou
diabo Belzebu, Exu Rei das Sete Encruzilhadas ou diabo Asta-
roth, Exu Tranca Ruas ou diabo Tarchimache, Exu Veludo ou
diabo Sagathana, Exu Tiriri ou diabo Fleuruty, Exu dos Rios
ou diabo Nesbiros e Exu Calunga ou diabo Syrach. Sob as or-
dens destes e comandando outros mais estão: Exu Ventania ou

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diabo Baechard, Exu Quebra Galho ou diabo Frismost, Exu


das Sete Cruzes ou diabo Merifild, Exu Tronqueira ou diabo
Clistheret, Exu das Sete Poeiras ou diabo Silcharde, Exu Gira
Mundo ou diabo Segal, Exu das Matas ou diabo Hicpacth, Exu
das Pedras ou diabo Humots, Exu dos Cemitérios ou diabo
Frucissière, Exu Morcego ou diabo Guland, Exu das Sete Por-
tas ou diabo Sugat, Exu da Pedra Negra ou diabo Claunech,
Exu da Capa Preta ou diabo Musigin, Exu Marabá ou diabo
Huictogaras, e o nosso Exu-Mulher, Exu Pombagira, simples-
mente Pombagira ou diabo Klepoth. Mas há também os Exus
que trabalham sob as ordens do orixá Omulu, o senhor dos
cemitérios, e seus ajudantes Exu Caveira ou diabo Sergulath e
Exu da Meia-Noite ou diabo Hael, cujos nomes mais conheci-
dos são Exu Tata Caveira (Proculo), Exu Brasa (Haristum) Exu
Mirim (Serguth), Exu Pemba (Brulefer) e Exu Pagão ou dia-
bo Bucons (FONTENNELLE, s.d.; BITTENCOURT, 1989;
OMOLUBÁ, 1990).
Cada Exu tem características próprias, cantigas e pontos
riscados (desenhos feitos a giz com os elementos simbólicos
da entidade). Cada um cuida de determinadas tarefas, sen-
do grande e complexa a divisão de trabalho entre eles. Por
exemplo, Exu Veludo oferece proteção contra os inimigos.

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Exu Tranca Rua pode gerar todo tipo de obstáculos na vida


de uma pessoa. Exu Pagão tem o poder de instalar o ódio no
coração das pessoas. Exu Mirim é o guardião das crianças e
também faz trabalhos de amarração de amor. Exu Pemba é
o propagador das doenças venéreas e facilitador dos amores
clandestinos. Exu Morcego tem o poder de transmitir qual-
quer doença contagiosa. Exu das Sete Portas facilita a abertu-
ra de fechaduras, cofres e outros compartimentos secretos —
materiais e simbólicos! Exu Tranca Tudo é o regente de festins
e orgias. Exu da Pedra Negra é invocado para o sucesso em
transações comerciais. Exu Tiriti pode enfraquecer a memória
e a consciência. Exu da Capa Preta comanda as arruaças, os
desentendimentos e a discórdia.
Pombagira trata dos casos de amor, protege as mulheres
que a procuram, é capaz de propiciar qualquer tipo de união
amorosa e sexual.
Nos terreiros, os nomes dos demônios são muito pouco
conhecidos e me parece que poucos iniciados se interessam
por eles. As hierarquias e ordens dos Exus também são pouco
consideradas. Na prática dos terreiros, o Exu mais importante
é o Exu do fundador ou do chefe do terreiro, ao qual se su-
bordinam os Exus dos filhos de santo, sendo permitido a cada

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iniciado ter mais de um Exu. Nos candomblés da nação angola


(PRANDI, 1991a) e na maioria dos terreiros de umbanda,
o iniciado tem um Exu masculino e uma Pombagira, além
do orixá principal, orixá secundário (juntó), caboclo etc. Nes-
sas modalidades religiosas, o mesmo iniciado pode entrar em
transe de diferentes entidades. Uma gira de umbanda muito
se assemelha a um grande palco do Brasil, povoado por tipos
populares das mais diferentes origens.
Todos os Exus são donos das encruzilhadas, onde devem
ser depositadas as oferendas que lhes são dadas. Mas, depen-
dendo da forma e da localização da encruzilhada, ela pode
pertencer a este ou àquele Exu. Todas as encruzilhadas em
forma de T pertencem a Pombagira. A Encruza-Maior, uma
encruzilhada em T em que cada uma das ruas que a formam
nasce de encruzilhadas também em T, é onde reina a maior das
Pombagiras, a Rainha, em respeito à qual nenhuma oferenda
destinada a outras Pombagiras pode ser ali depositada, sob o
risco de mortal castigo.
Pombagira é singular, mas é também plural. Elas são mui-
tas, cada qual com nome, aparência, preferências, símbolos e
cantigas particulares. Entre dezenas, as Pombagiras mais co-
nhecidas são: Pombagira Rainha, Maria Padilha, Pombagira

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Sete Saias, Maria Molambo, Pomba Gira da Calunga, Pomba-


gira Cigana, Pombagira do Cruzeiro, Pombagira Cigana dos
Sete Cruzeiros, Pombagira das Almas, Pombagira Maria Qui-
téria, Pombagira Dama da Noite, Pombagira Menina, Pomba-
gira Mirongueira e Pombagira Menina da Praia.
Os Exus, e mais precisamente muitas Pombagiras, podem
também ser considerados eguns, ou seja, espíritos de mortos,
alguns de biografia mítica bem popular.
Maria Padilha, talvez a mais popular Pombagira, é
considerada espírito de uma mulher muito bonita, branca,
sedutora, e que em vida teria sido prostituta grã-fina ou
influente cortesã. A escritora Marlyse Meyer publicou em
1993 seu interessante livro Maria Padilha e toda sua quadri-
lha, contando a história de uma amante de Pedro I (1334-
1369), rei de Castela, a qual se chamava Maria Padilha.
Seguindo uma pista da historiadora Laura Mello e Souza
(1986), Meyer vasculha o Romancero General de romances
castellanos anteriores ao siglo XVIII, depois documentos da
Inquisição, construindo a trajetória de aventuras e feitiçaria
de uma tal de Dona Maria Padilha e toda a sua quadrilha,
de Montalvan a Beja, de Beja a Angola, de Angola a Recife
e de Recife para os terreiros de São Paulo e de todo o Brasil.

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O livro é uma construção literária baseada em fatos docu-


mentais no que diz respeito à personagem histórica ibérica e
em concepções míticas sobre a Padilha afro-brasileira. Evi-
dentemente não encontra provas, e nem pretende encontrá
-las, de que uma é a outra. Talvez um avatar imaginário, isto
sim. E que pode, quem sabe, vir a ser, um dia, incorporado
à mitologia umbandista.
Autores umbandistas, muitas vezes, conforme suas pala-
vras, orientados pelas próprias entidades, publicam ricas e ima-
ginosas biografias de Pombagira. Assim, Maria Molambo, uma
Pombagira que sempre se veste de trapos, teria sido, no final do
período Colonial no Brasil, a noiva prometida a um influente
herdeiro patriarcal e que, apaixonada por outro homem, com
ele fugiu de Alagoas para Pernambuco. Foram perseguidos in-
cansavelmente pela família ultrajada e desejosa de vingança
e encontrados três anos e meio depois. O jovem amante foi
morto e ela levada de volta ao pai que cuspiu em seu rosto e a
expulsou de casa para sempre. Como tinha uma filha pequena,
a quem devia sustentar, Rosa Maria, este era seu nome, sub-
meteu-se a trabalhar em casa de parentes na cidade de Olinda.
Com a morte da filha, de novo viu-se na rua, prostituindo-se
para sobreviver. Tuberculosa e abandonada, foi enfim buscada

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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

por parentes para receber a herança deixada pelos pais mortos.


Rica, teria então se dedicado à caridade até sua morte, quando
então, no outro mundo, conheceu Maria Padilha e entrou para
a linha das Pombagiras (OMOLUBÁ, 1990).
Embora sejam muitas as versões sobre a personagem Pom-
bagira, ela sempre aparece relacionada à prostituição, como
sugere esta cantiga:

Disseram que iam me matar

Na porta do cabaré

Passei a noite lá

E ninguém me matou (pesquisa de campo)

Seu caráter de entidade perigosa e feiticeira, com a qual se


deve tomar muito cuidado, também é sempre marcado:

Pombagira é a mulher de sete maridos

Não mexa com ela

Ela é um perigo (pesquisa de campo)

Pombagira girou

Pombagira girou no congá da Bahia

Revista Estudos Afro-Brasileiros, Itanhaém, v. 3, n. 1, p. 97-530, jan./jun. 2022.


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Pomba gira vem de longe

pra fazer feitiçaria (pesquisa de campo)

Pombagira vem sempre para trabalhar e trabalhar contra


aqueles que são seus inimigos e inimigos de seus devotos. Ela
considera seus amigos todos aqueles que a procuram necessi-
tando seus favores e que sabem como agradecer-lhe e agradá
-la. Deve-se presentear Pombagira com coisas que ela usa no
terreiro, quando incorporada: tecidos sedosos para suas roupas
nas cores vermelho e preto, perfumes, joias e bijuterias, cham-
panhe e outras bebidas, cigarro, cigarrilha e piteiras, rosas ver-
melhas abertas (nunca botões), além das oferendas de obri-
gação, os animais sacrificiais (sobretudo no candomblé) e as
de despachos deixados nas encruzilhadas, cemitérios e outros
locais, a depender do trabalho que se faz, sempre iluminado
pelas velas vermelhas, pretas e, às vezes, brancas.
Para se ser amigo e devoto de Pombagira é preciso ter
uma causa em que ela possa trabalhar, pois é o feitiço que a
fortalece e lhe dá prestígio:

Demandas ela não rejeita

Ela gosta de demandar

Revista Estudos Afro-Brasileiros, Itanhaém, v. 3, n. 1, p. 98-530, jan./jun. 2022.


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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

Com seu garfo formoso

Seus inimigos gosta de espetar

(OMOLUBÁ, 1990, p. 70)

Eu quero filho pra defender

E amigos pra espetar

Eu é Rainha das Sete Encruzilhadas

É lá que eu faço a minha morada

(ibidem, p. 71)

Não há mãe de santo ou pai de santo que admita tra-


balhar para o mal. O mal, quando acontece, é sempre uma
consequência do bem, pois as situações que envolvem os Exus
são sempre situações contraditórias (Trindade, 1985). Se uma
mulher está apaixonada por um homem comprometido e pro-
cura ajuda no terreiro, a única responsabilidade da mãe-de-
santo e da Pombagira é a de atender à súplica de quem faz o
pedido. Se a outra mulher tiver que ser abandonada, a culpa
é dela mesma, que não procurou a proteção necessária, não
tendo assim propiciado as entidades que a deveriam defender.
Quando duas ou mais pessoas estão engajadas em polos opos-
tos de uma disputa, declara-se acirrada demanda (disputa,
guerra) entre os litigantes humanos e seus protetores sobrena-

Revista Estudos Afro-Brasileiros, Itanhaém, v. 3, n. 1, p. 99-530, jan./jun. 2022.


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turais. As demandas que envolvem questões amorosas são um


campo específico de atuação da Pombagira. Questões de bem
e de mal são irrelevantes:

Ela é Maria Padilha

De sandalhinha de pau

Ela trabalha para o bem

Mas também trabalha para o mal

(ibidem, p. 70)

Pombagira, como praticamente todas as entidades que


baixam nos terreiros de umbanda, sempre vêm para trabalhar,
isto é, ajudar através da magia a quem precisa e busca ajuda.
O conceito de “trabalho”, isto é, uma prática mágica que in-
terfere no mundo é central na umbanda e na construção de
suas entidades (PRANDI, 1991a; PORDEUS JR., 1993). Há
sempre um grande número de pontos-cantados que se referem
a esta “missão”, como este:

É na banda do mar

É, é, é na Umbanda

Vem, vem da Quimbanda

Revista Estudos Afro-Brasileiros, Itanhaém, v. 3, n. 1, p. 100-530, jan./jun. 2022.


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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

Pombagira vem trabalhar

(MOLINA, s.d., p. 55)

Pombagira, entretanto, não vive só de feitiços, ela não


vem só para “trabalhar”. Nas grandes festas de Exu e Pom-
bagira, especialmente nos terreiros de candomblé em que há
o costume de se oferecer apenas uma grande festa anual para
essas entidades, Pombagira vem para se divertir, dançar e ser
apreciada e homenageada, conforme o padrão do culto aos
orixás, os quais jamais dão consultas, conselhos ou receitas
de cura durante o transe de possessão. Um toque de Pomba-
gira sempre tem um tom de festa e diversão, apesar do clima
geralmente sombrio e das expressões muito estereotipadas do
transe (ARCELLA, 1980). É assim que Pombagira se expressa
nessas ocasiões:

Com meu vestido vermelho

Eu venho pra girar

Com meu colar, brinco e pulseira


Eu venho pra girar

Eu uso os melhores perfumes

Para a todos agradar

Revista Estudos Afro-Brasileiros, Itanhaém, v. 3, n. 1, p. 101-530, jan./jun. 2022.


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Eu sou a Pombagira

Eu venho pra girar

Este é o meu destino

O meu destino é este

É me divertir

Bebo, fumo, pulo e danço

Pra subsistir

Assim cumpro o meu destino

Que é me divertir (pesquisa de campo)

Sempre se diz que quem é amigo de Pombagira alcança


todos os seus favores, mas quem é seu inimigo corre sempre
sério risco. Daí, é muito frequente, entre os adeptos, atitudes
de medo e respeito para com Pombagira, mesmo quando dela
não se pretende qualquer favor:

Quem não me respeitar

Oi, logo se afunda

Eu sou Maria Padilha


Dos sete cruzeiros da calunga

Quem não gosta de Maria Padilha

Tem, tem que se arrebentar

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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

Ela é bonita, ela é formosa

Oh! bela, vem trabalhar (Ribeiro, 1991: 84)

Não é raro o envolvimento da Pombagira em casos de


polícia e seu aparecimento em reportagens, novelas e séries de
televisão. Num desses notórios casos, ocorrido no Rio de Ja-
neiro em 1979, e amplamente discutido na literatura antropo-
lógica (CONTINS, 1983; CONTINS; GOLDMAN, 1985;
MAGGIE, 1992), um homem foi assassinado a mando da
mulher por causa da sua suposta impotência sexual. Entre os
envolvidos no crime, havia uma mulher que recebia Pombagi-
ra, que teria fornecido pós e trabalhos mágicos para o assassi-
nato, mas como os pós e trabalhos mágicos não deram certo, a
própria Pombagira teria sugerido, conforme depoimentos dos
implicados, o uso do revólver. O comerciante foi morto a tiro
disparado por outra mulher, depois do fracasso de um jovem
faxineiro na tentativa de assassinato. Durante os trâmites na
polícia e no judiciário, além dos personagens em carne e osso,
compareceu Pombagira, em transe. Acodem, a pedido das au-
toridades, um psiquiatra, um pai de santo e um pastor evan-
gélico. Os envolvidos acabam condenados. O caso, além do
enorme interesse popular despertado, ensejou a produção dos

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mais variados discursos sobre a Pombagira (ou sua participa-


ção no crime): o mágico-religioso, o jornalístico, o jurídico, o
psiquiátrico e o antropológico. Como o povo que certamente
ela representa e simboliza, dona Pombagira, nesse caso, não se
esgota em nenhuma dessas fontes de explicação, populares ou
eruditas. Mas fica bem claro que, ainda que Pombagira seja
uma entidade espiritual de baixo nível hierárquico de religiões
de baixo prestígio social, sua presença no imaginário extravasa
os limites dos seus seguidores para se fazer representar no pen-
samento das mais diversas classes sociais do país.

III: O que Pombagira pode fazer


pelos mortais? Favores e oferendas

Pode-se pedir de tudo a Pombagira, como a qualquer di-


vindade ou entidade afro-brasileira, mas sua fama está muito
colada às questões de afeto, amor e sexualidade.
Quando se recorre a Pombagira, busca-se o conforto de
três maneiras: 1) consultando- se com ela durante uma gira
ou toque em que ela está presente pelo transe, em sessões que
ocorrem muito tarde da noite, geralmente às sextas-feiras; 2)

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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

em contato com ela em sessão reservada, geralmente à tarde,


quando o terreiro oferece consultas privadas; 3) tendo o pai
ou mãe de santo como intermediador, podendo eles usar o
jogo de búzios, o oráculo dos orixás (ver Capítulo III), o que
acontece quando se trata de terreiro mais próximo de práticas
do candomblé. A um pedido sempre corresponde algum tipo
de oferenda. Vejamos, a título de ilustração, três fórmulas para
se alcançarem favores de Pombagira.

1) Oferenda para Pombagira Cigana prender um homem ao


lado de uma mulher para sempre: Perto da meia-noite, numa
encruzilhada em forma de T, depois de pedir licença ao dono
supremo de todas as encruzilhadas, Exu, recitar ou cantar dois
pontos de Pombagira e depois arriar, sobre uma toalha de co-
res vermelho e preto, um batom, um par de tamancos, um par
de brincos, sete velas vermelhas, uma garrafa de cachaça, vi-
nho ou champanhe, sete fitas vermelhas e sete rosas vermelhas.
Fazer o pedido e se afastar de costas (ALKIMIN, 1993, p. 26).

2) Oferenda a Pombagira Sete Saias para transformar uma


inimiga em grande amiga: Preparar uma farofa de farinha de
mandioca crua misturada com mel e arrumar no centro de um

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alguidar (prato de barro). Em volta colocar sete velas brancas,


sete fitas de cores diferentes, sete rosas vermelhas, uma garrafa
de champanhe e uma cigarrilha. Arriar numa encruzilhada em
T, depois de pedir licença a Exu, numa noite de sábado ou
segunda-feira (ibidem. p. 34).

3) Trabalho para Pombagira Calunga do Mar para desper-


tar o interesse sexual de um homem: Numa meia-noite de se-
gunda-feira, arriar na praia, depois de pedir licença a Ogum
Beira-Mar e Iemanjá, um prato de barro contendo um limão,
um maço de cigarros, sete contas de porcelana, um pente e
um batom. Entrar na água e entregar, uma a uma, doze rosas
amarelas. Junto ao prato, acender sete velas vermelhas (ibi-
dem, p. 42).

A umbanda praticamente eliminou o sacrifício ritual,


por isso Pombagira tem sua “dieta” limitada aos seguintes ali-
mentos: farofa de farinha de mandioca com azeite de dendê
e pimenta, que é o padê, comida predileta de Exu; farofa de
farinha de mandioca com mel; aguardente, vinho branco ou
champanhe (cidra, uma espécie de champanhe barata feita
de maçã); carne crua com azeite de dendê e pimenta; farofa

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Pombagira e as faces inconfessas do Brasil

com carne-seca desfiada e pimenta; coração de boi assado na


brasa, com sal e pimenta. No candomblé, entretanto, Pom-
bagira recebe sacrifício votivo de galinhas pretas e, quando
se pretende atingir objetivos mais difíceis, de cabras pretas
e novilhas. Na umbanda a oferenda de alimento preferen-
cialmente vai para um lugar fora do terreiro (encruzilhada,
praia etc.), mas no candomblé as comidas são depositadas ao
“pé da Pombagira”, isto é, junto às suas representações mate-
riais compostas de boneca de ferro (geralmente com chifres e
rabo, como o diabo), tridentes arredondados de ferro, lanças
de ferro e correntes (elementos presentes também nos pontos
-riscados), representações que permanecem guardadas, lon-
ge dos olhos dos não iniciados, nas dependências reservadas
para o culto de Exu.
Descobrir qual é a oferenda certa para agradar Pombagi-
ra, e assim conseguir o favor almejado, representa sempre um
grande desafio para os pais e mães de santo que presidem os
cultos. O prestígio de muitos deles vem da fama que alcançam
por serem considerados, por seguidores e clientes, bons co-
nhecedores das fórmulas corretas para esse agrado.

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IV: O mundo de Pombagira e dos Exus


e o mundo dos homens

Se tanto os Exus masculinos como os variadíssimos ava-


tares, formas e invocações de Pombagira, o Exu-Mulher, estão
sincretizados com o demônio católico, no dia a dia dos terrei-
ros este dado tem importância muito secundária. Esses diabos
nem são tão maus e nem seu culto soa estranho para os fiéis.
Penso que ninguém se imagina fazendo alguma coisa errada ao
invocar, receber em transe, cultuar ou simplesmente interagir
com Pombagira. Quando um devoto invoca Exu e Pombagira,
dificilmente ele tem em mente estar tratando com divindades
diabólicas que impliquem qualquer aliança com o inferno e
as forças do mal. Na verdade, o que se observa é uma grande
intimidade com os Exus, a ponto de os fiéis a eles se referirem
carinhosamente e muito intimamente como “os compadres”.
Nos terreiros de umbanda e nos candomblés que cultuam
as formas umbandizadas de Exu, a concepção mais generali-
zada de Pombagira, é de que se trata de uma entidade muito
parecida com os seres humanos. Ela teria tido uma vida pas-
sada que espelha certamente uma das mais difíceis condições

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humanas: a prostituição. Mas é justamente essa condição que


permitiu a ela um total conhecimento e domínio de uma das
mais difíceis áreas da vida das pessoas comuns, que é a vida
sexual e o relacionamento humano fora dos padrões sociais
de comportamento aceitos e recomendados. Assim, acredita-
se que Pombagira é dotada de uma experiência de vida real e
muito rica que a maioria dos mortais jamais conheceu, e por
isso seus conselhos e socorros vêm de alguém que é capaz,
antes de mais nada, de compreender os desejos, fantasias, an-
gústias e desespero alheios.
Para Monique Augras, Pombagira representa uma es-
pécie de recuperação brasileira de forças e características de
divindades africanas que, no Brasil, no contato com a civili-
zação católica, teriam passado por um processo de “cristiani-
zação”. Ela está se referindo às Grandes Mães, as poderosas
e temidas Iyami Oshorongás dos iorubas, quase esquecidas
no Brasil, e a Iemanjá, que ao se aclimar no Novo Mundo
perdeu muito de seus traços originais, modelando-se a um
sincretismo com Nossa Senhora que a tornou uma mãe quase
assexuada, muito diferente da figura africana sensual, envol-
vida em casos de paixões avassaladoras, infidelidade, incesto
e estupro (Augras, 1989).

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Com Pombagira, no plano do ritual que é desenvolvido


para se atuar no governo do cotidiano, assegura-se o acesso às
dimensões mais próximas do mundo da natureza, dos instin-
tos, aspirações e desejos inconfessos, o que estou chamando
aqui de as faces inconfessas do Brasil. O culto de Pombagira
revela, de modo muito explícito esse lado “menos nobre” da
concepção popular de mundo e de agir no mundo entre nós,
o que é muito negador dos estereótipos de brasileiro cordial,
bonzinho, solidário e pacato. Com Pombagira guerra é guerra,
salve-se quem puder.
Devemos no lembrar que as religiões afro-brasileiras são
religiões que aceitam o mundo como ele é. Este mundo é con-
siderado o lugar onde todas as realizações pessoais são mo-
ralmente desejáveis e possíveis. O bom seguidor das religiões
dos orixás deve fazer todo o possível para que seus desejos se
realizem, pois é através da realização humana que os deuses
ficam mais fortes, e podem assim mais nos ajudar. Esse empe-
nho em ser feliz não pode se enfraquecer diante de nenhuma
barreira, mesmo que a felicidade implique o infortúnio do ou-
tro. De outro lado, o código de moralidade dessas religiões,
se é que é possível usar aqui a ideia de moralidade, estabele-
ce uma relação de lealdade e de reciprocidade entre o fiel e

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suas entidades divinas ou espirituais, nunca entre os homens


como comunidade solidária (PRANDI, 1991a; FRY, 1975).
Na própria constituição dessas religiões no Brasil, o culto dos
ancestrais (egunguns) como a dimensão religiosa controladora
da moralidade, tal como na África de então e sobretudo nas
regiões de cultura iorubá, foi em grande parte perdido, pri-
meiro porque a moralidade no mundo escravista estava sob o
controle estrito do mundo do branco, com sua religião católi-
ca, esta sim a grande fonte de orientação do comportamento;
segundo porque a escravidão desagregava a família e destruía
as referências tribais e do clã, essenciais no culto do ancestral
egungun. Vingou, das religiões negras originárias, o culto dos
orixás (e voduns e inquices, estes diluídos e substituídos pelos
orixás), centrado na pessoa e na ideia já contemporânea de
reforçamento da individualidade através do sacrifício iniciá-
tico, no candomblé, e depois pela troca clientelística, na um-
banda. De fato, as religiões afro-brasileiras espelham muito as
condições históricas de sua formação: religiões de subalternos
(primeiro os escravos, depois os negros livres marginalizados,
mais tarde os pobres urbanos) que se formam também como
religiões subalternas, isto é, no mínimo, religiões tributárias
do catolicismo, que até hoje, em grande medida, aparece

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como a religião que dá identidade aos seguidores dos cultos


afro-brasileiros. Quando as religiões dos orixás e voduns eram
religiões de grupos negros isolados (mais ou menos até 40 ou
50 anos atrás), o catolicismo, além de ser a face voltada para o
mundo branco exterior, dominante e ameaçador, era ele tam-
bém o elemento que, tendo o sincretismo como instrumento
operador, rompia com esse isolamento sociocultural para fa-
zer de todos, mais que negros, participantes de uma identi-
dade nacional: ser brasileiro. Mais tarde, quando as religiões
afro-brasileiras romperam com as barreiras de cor, geografia e
origem, produzindo-se suas novas modalidades de caráter uni-
versalizado, agora religiões para todos, independente de cor
e geografia, ainda que estes todos sejam majoritariamente os
pobres, a persistência do sincretismo católico passou a indicar
uma dependência estrutural dessas religiões para com as fontes
axiológicas mais gerais referidas à sociedade brasileira. Ainda
é o catolicismo que diz o que é certo e o que é errado quando
se trata de se pensar a relação com o outro. Quando se busca,
contudo, romper momentaneamente com o código do que é
certo e errado, as religiões afro-brasileiras não têm nenhuma
objeção a apresentar, desde que se preservem as prerrogativas
das divindades. Mas a ruptura só pode ser momentânea e em

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casos particulares, mesmo porque qualquer ruptura definitiva


acarretaria uma separação não somente no âmbito da religião,
mas no domínio mais geral da vida em sociedade.
Não é de se estranhar, portanto, que o culto à Pombagira
faça parte do lado mais escondido das religiões afro-brasi-
leiras, que é conhecido sobretudo pelo nome de quimban-
da, pois as motivações básicas do culto também pertencem
a dimensões do indivíduo muito encobertas pelos padrões
de moralidade da sociedade ocidental-cristã. Nem é de se
estranhar que tenha sido a umbanda que melhor desenvol-
veu esta entidade, pois foi a umbanda, como movimento de
constituição de uma religião referida aos orixás e aos pactos
de troca entre homem e divindade e ao mesmo tempo preo-
cupada em absorver a moralidade cristã, que separou o bem
do mal, sendo, portanto, obrigada a criar panteões separados
para dar conta de cada um. Mas se, formalmente, a umbanda
separou o mundo dos “demônios”, ela nunca pôde dispor
deles nem os tratar como entidades das quais só nos cabe
manter o maior afastamento possível, sob pena de perdição e
danação eterna. Porque a umbanda nunca se cristianizou, ao
contrário do que pode fazer entender a ideia de sincretismo
religioso: ela reconhece o mal como um elemento constituti-

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vo da natureza humana, e o descaracteriza como mal, criando


todas as possibilidades rituais para sua manipulação a favor
dos homens.
Por tudo isto se diz que as religiões afro-brasileiras são
religiões de liberação da personalidade, pois não faz parte nem
de seu ideário nem de suas práticas rituais o acobertamento
e aniquilamento das paixões humanas de toda natureza, por
mais recônditas que sejam elas. Isto é exatamente o contrário
do que pregam e exercitam as religiões pentecostais, que são
o grande antagonista do candomblé e da umbanda nos dias
de hoje, a ponto de declararem a estas uma espécie de guerra
santa, que contamina, com intransigência e uso frequente da
violência física, as periferias mais pobres das grandes cidades
brasileiras (MARIANO, 1995).
Mas se as religiões afro-brasileiras são, neste sentido, li-
beradoras do indivíduo, o fato de elas supervalorizarem a rela-
ção homem–entidade e darem pouca importância aos valores
de solidariedade e justiça social faz com que elas dotem seus
seguidores de uma especial abordagem mágica e egoísta do
mundo, desinteressando-os da possibilidade de ações no sen-
tido de transformação do mundo e de uma consequente parti-
cipação política importante, num contexto como o brasileiro,

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para a promoção de qualquer ideia mais sólida e solidária de


liberdade (PRANDI, 1993).
Na luta dos homens e mulheres brasileiros que procu-
ram o mundo dos Exus para a realização de seus anseios mais
íntimos — homens e mulheres que são em geral de classes
sociais médias-baixas e pobres, quase sempre de pouca escola-
ridade e reduzida informação e para quem as mudanças sociais
têm trazido pouca ou nenhuma vantagem real na qualidade
de suas vidas — dona Pombagira representa sem dúvida uma
importante valorização da intimidade de cada um, pois para
Pombagira não existe desejo ilegítimo, nem aspiração inalcan-
çável, nem fantasia reprovável. Como se existisse um mundo
de felicidade, cujo acesso ela controla e governa, que fosse exa-
tamente o contrário do frustrante mundo do nosso cotidiano.

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