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Dimensionamento de pavimentos flexíveis


maio 16, 2019 Por Dandara Viana

Primeiramente, pavimento é uma estrutura composta pro várias camadas sobre a superfície final da
terraplanagem, destinada a resistir aos esforços oriundos do tráfego de veículos e do clima e a
garantir aos usuários melhores condições de rolamento, com conforto, economia e segurança.

Pois bem, o pavimento flexível é apenas um dos tipos de pavimento existentes, são eles rígidos,
semirrígidos e flexíveis.

E ele se diferencia dos demais por apresentar deformação elástica significativa sob o carregamento
aplicado em todas as camadas e, portanto, a carga se distribui em parcelas aproximadamente iguais
entre elas.

Ta, mas o que veremos nesse post?


Nesse post, aprenderemos a dimensionar as camadas de um pavimento flexível, são elas
revestimento, base, sub-base e reforço do subleito, de acordo com a metodologia CBR.

Se você se interessa por esse assunto e quer saber mais a respeito do pavimento asfáltico, que é
um tipo de pavimento flexível, é só clicar aqui.

Ah, se você preferir ver esse conteúdo em vídeo, aperte o play aqui embaixo! Se não, é só continuar
lendo o post, tudo bem?

Capacidade de suporte
Antes de mais nada, para o dimensionamento das camadas de um pavimento flexível é necessário
que conheçamos a capacidade de suporte dos materiais disponíveis para constituí-las, além, é claro,
do material que compõe o subleito da futura estrada.

Para isso, a capacidade de suporte dos materiais constituintes dos pavimentos é medida por meio
do Ensaio de Capacidade de Suporte Califórnia (CBR), em corpos de prova indeformados ou
moldados em laboratório.

Dessa forma, quando há necessidade de maior segurança, usaremos o índice de suporte para medir
a capacidade das camadas, que é dado por:
Onde:

IS é o índice de suporte, IS ≤ CBR;


CBR é a capacidade de suporte do solo;
CBRIG a capacidade de suporte do solo corrigira em função de IG, tabela 1;
IG é o índice de grupo, que define a capacidade de suporte do terreno de fundação de um
pavimento.

Tabela 1 – Valores de CBRIG

Índice de Grupo CBRIG

0 20

1 18

2 15

3 13

4 12

5 10

6 9

7 8

8 7

9 a 10 6

11 a 12 5

13 a 14 4

15 a 17 3

18 a 20 2

Tráfego
Outro fator importante para o dimensionamento do pavimento é conhecermos o número de
operações de um eixo padrão, representado por N, durante um determinado intervalo de tempo.

Este número nos dará subsídio para estimarmos a espessura mínima e o tipo de revestimento
necessário para o pavimento, conforme tabela 2 abaixo:

Tabela 2 – Espessura do revestimento em função de N

N Espessura mínima de revestimento betuminoso

N ≤ 106 Tratamentos superficiais betuminosos

106 < N ≤ 5×106 Revestimentos betuminosos com 5,0 cm de espessura

5×106 < N ≤ 107 Concreto betuminoso com 7,5 cm de espessura

107 < N ≤ 5×107 Concreto betuminoso com 10,0 cm de espessura

N > 5×107 Concreto betuminoso com 12,5 cm de espessura

Desse modo, para encontrarmos o valor de N, será necessário primeiro calcularmos o volume
médio diário de tráfego (Vm), pela seguinte expressão:

Onde:

Vm é o volume médio de tráfego (veículos/h);


V1 é o volume médio de tráfego no ano de abertura da via (veículos/h);
P é o período de tempo (anos);
t é a taxa de crescimento anual (%).

Calculado o volume médio diário é possível agora determinarmos o volume de tráfego:

Onde:

Vt é o volume de tráfego durante um período (veículos);


P é o período de tempo (anos);
Vm é o volume médio de tráfego (veículos/dia).

Por fim, o valor de N será determinado pela fórmula abaixo:


Onde:

N é número de de operações de um eixo padrão;


Vt é o volume de tráfego durante um período (veículos);
FV é o fator de veículo, FV=FE.FC;
FE é o fator de eixos;
FC é o fator de carga;

Coeficiente de equivalência estrutural


Um passo muito importante no dimensionamento é a escolha do coeficiente de equivalência
estrutural, que representa a capacidade relativa de um material em distribuir pressões sobre as
camadas inferiores. Vejamos:

Tabela 3 – Valores de K

Coeficiente
Componentes do pavimento
K

Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,0

Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação densa 1,7

Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,4

Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,2

Camadas granulares 1,0

Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, superior a 45 kg/cm² 1,7

Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, entre 45 kg/cm² e 28


1,4
kg/cm²

Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, entre 28 kg/cm² e 21


1,2
kg/cm²

Dessa forma, escolhidos os coeficientes relativos a cada camada, devemos agora levar em
consideração a seguinte representação:

Revestimento: KR
Base: KB
Sub-base: KS
Reforço do subleito: KRef

Ah pessoal, antes que eu esqueça, caso vocês tenham interesse de ingressar pela área de
pavimentação, recomendo o livro Manual de Técnicas de Pavimentação, de Wlastemiler de
Senço.

Dimensionamento
Agora iremos, de fato, iniciar o dimensionamento. Para isso, devemos nos atentar que as
especificações abaixo deverão ser atendidas.

Especificação dos materiais granulares

Materiais constituintes do subleito

Expansão ≤ 2%
CBR ≥ 2

Materiais usados para reforço do subleito

IS ou CBR necessariamente maior que o do subleito


Expansão ≤ 2% (sobrecarga de 10 1bs)

Materiais usados para sub-base

IS ou CBR ≥ 20
Índice de grupo = 0
Expansão ≤ 1% (sobrecarga de 10 1bs)

Materiais usados para base

CBR ≥ 80
Expansão ≤ 0,5% (sobrecarga de 10 1bs)
Limite de liquidez ≤ 25
Índice de plasticidade ≤ 6

Vale lembrar que, se limite de liquidez for maior que 25 e/ou o índice de plasticidade for maior que
5, o material ainda pode ser usado na base desde que haja, na sua composição, pelo menos 30% de
areia.

Além disso, para um valor de N menor que 106 podemos utilizar materiais com CBR maiores ou
iguais a 60 para a base.

Por fim, todos os materiais granulares empregados no pavimento devem se enquadrar em uma das
seguintes faixas granulumétricas:

Tabela 4 – Faixas granulométricas dos materiais

Porcentagem em peso que passa pela peneira


Peneiras
A B C D

2″ 100 100 – –

1″ – 75-90 100 100

3/8″ 30-65 40-75 50-85 60-100

Nº 4 25-66 30-60 35-65 50-85

Nº 10 15-40 20-45 25-50 40-70

Nº 40 8-20 15-30 15-30 25-45

Nº 200 2-8 5-15 5-15 5-20

Espessura total do pavimento

Satisfeitas as condições acima para a escolha dos materiais a serem empregados na construção do
pavimento, devemos agora determinar a espessura total do pavimento.
O ábaco da figura abaixo nos fornece a espessura total (Hx) do pavimento, em função de N e de IS
ou CBR da camada a ser protegida por ele.

Vale ressaltar que a espessura fornecida por este gráfico é em termos de material com K = 1,00.
Portanto, sempre iremos multiplicar a coeficiente de equivalência estrutural da camada pela dada
espessura.
Onde:

Hx representa a espessura total de pavimento necessário para proteger um material com


CBR ou IS = x, ou seja, é a espessura de pavimento acima da camada hx;
hx representa a espessura de camada do pavimento em si com CBR ou IS = x;
B é a espessura da base;
R é a espessura do revestimento.

Espessura das camadas do pavimento

Uma vez determinadas as espessuras Hm, Hn e H20 e os coeficientes de equivalência estrutural, o


dimensionamento das camadas de reforço do subleito (hn), de sub-base (h20) e de base (B) será, por
fim, realizado a partir das inequações abaixo:

Vale observar que, quando N>107, ao se utilizar a primeira inequação acima, devemos usar um
fator de segurança de 1,2 multiplicando a espessura de proteção da sub-base (H20) ou, quando o
CBR da sub-base for ≥ 40% e N ≤ 106, admite-se substituir também na primeira inequação, H20,
por 0,8 * H20.

Para concluir, é importante também observarmos que:

A espessura mínima a adotar para compactação de camadas granulares é de 10 cm;


A espessura total mínima para estas camadas, quando utilizadas, é de 15 cm;
E a espessura máxima para compactação é de 20 cm.

Pois bem pessoal, esse foi o assunto de hoje e esperamos que esse post tenha ajudado você a
entender como é feito o dimensionamento de um pavimento asfáltico.

Se quiser exercitar o que aprendeu, é só clicar aqui e você encontrará um exemplo prático,

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