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Recife
2022
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Recife
2022
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LISTA DE FIGURAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 3
3 METODOLOGIA................................................................................................................ 13
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 16
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1 INTRODUÇÃO
Via de regra, esse lugar é o do texto escrito como formato único de apresentação desses
resultados. TCCs em formato, unicamente, de: Monografias, Dissertações, Teses tem sido, ao
logo dos séculos, o modo pelo qual se comprova tais conhecimentos construídos, porém, esse
é um modo essencialmente eurocentrado que se deve criticar, pois aponta de forma inequívoca
para o iluminismo que tenta subjugar e subalternizar as demais formas de expressão, sobretudo,
de povos não brancos e não ocidentais de outros centros culturais que não a Europa e o
pensamento ocidental.
Essa lógica trata tais povos como primitivos pelo fato de julgar que os mesmos não
possuam cultura desenvolvida ou escrita capaz de denotar a pretensa erudição da colonialidade,
mas que se relacionam com o folclórico e, em sua religiosidade, apresentam um panteão de
deuses diferentes, e por isso, menores do que o Cristianismo apresenta por parte da teologia
colonial.
Bem como, com respeito aos povos originários, busca-se dialogar com as bases da
Agricultura Modo de Vida no Limolaigo Toipe, Bem Viver Xukuru, no que tange a relação
desses povos com a Pacha Mama, a Mãe Natureza, e a manifestação da essência criadora em
tudo que criou. Mesmo não sendo um modo sistemático, como afirma ACOSTA (2016), o Bem
Viver enseja práticas baseadas na comunidade local que anunciam a voz dessas comunidades
silenciadas pelo sistema-mundo vigente, que escreve sua história subalternizando-as e
silenciando-as na intenção de manter seu processo desenvolvimentista e exploratório da terra
como um todo, em sua estrutura biótica e abiótica. Além disso, o presente trabalho também se
propõe a apresentar o questionamento do autor a respeito de tão duros tratamentos epistêmicos
à espiritualidade dos povos africanos e originários, sob os quais já se chegou ao ápice de os
julgar sem alma e de que a escravização aliada a uma cristianização os levaria a “salvação”
(VER CITAÇÃO), sendo essa a ligação que dá unidade entre os três pontos teóricos deste
tralho, a saber: ideogramas Adinkra, Limolaigo Toipe e Ecolteologia Decolonial.
indígenas que foram saqueados, um novo ponto de vista para o modo de ser e estar no mundo.
E fazer isso a partir da arte de ressignificar materiais nos faz pensar em ressignificar também o
lugar da fala hegemônica e colonial que nos subalternizou. É possível também ressignificar
nosso modo de consumo e o descarte que atinge a terra num nível de morte, fazendo isso através
da produção de arte que surge desses resíduos descartados. Por último, e não menos importante,
ressignificar o nosso relacionamento com a Terra e seus elementos de vida e espiritualidade.
Há então um questionamento que enseja todo o trabalho a ser feito. Esse questionamento
se pauta em: Como o Limolaigo Toipe e os Símbolos Adinkra apresentam a biointeração
Xukuru e Africana de relacionamento com a Terra do ponto de vista de uma reflexão
ecoteológica?
A tentativa de uma resposta para essa questão será dada a partir da expressão artística
afro-pindorâmica na exposição, mas que será pormenorizada na seção metodológica neste texto.
Para tanto define-se aqui os objetivos, geral e específicos deste trabalho que se
apresentam como:
OBJETIVO GRAL
Apresentar uma exposição escultural, também composta por quadros, pinturas e poesia
a partir de resíduos da poda urbana, de refugo de obras da construção civil e descarte do uso
doméstico, mas, ressignificado para expressar os ideogramas Adinkra, expressões do Limoláigo
Toipe junto com a poesia Ecoteológica argumentando a respeito da biointeração
africana/originária e seu relacionamento com a Terra
OBJETIVOS ESPECÍFICOS.
1 Confeccionar um release descritivo que possa apresentar a obra e sua mensagem.
2 Distribuir nas linguagens de imagens, esculturas e poesia os conceitos que
apresentam a filosofia africana e o modo de vida originário, fazendo um diálogo
com a Ecoteologia Decolonial.
O trabalho dessa exposição se apresenta relevante ao justificar que seu “fazimento” traz
para a pauta pós-colonial reflexões que, por hora, parecem desconsideradas ou impedidas ao
debate, que sejam:
Ainda na literatura construída por Nego Bispo é importante trazer à tona outros
conceitos caros a este trabalho, a saber, biointeração e povos contra colonizadores.
Estes conceitos serão definidos negritadamente um pouco mais a frente nessa mesma
secção do trabalho. Firmando bem esses conceitos pode-se pisar melhor no terreno do
referencial teórico.
Esta ancestralidade, que pulsa forte desde muito cedo, impulsiona minhas ações na
intenção de reconhecer a identidade e rebate sobre a elaboração de atividades intelectuais e
artísticas de forma que sou levado a, sempre que construo um trabalho dessas áreas, buscar
identificar tais trabalhos como parte das vozes que foram silenciadas para que a voz da opressão
colonizadora pudesse se ouvir.
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Além das formações já citadas, lido em meu cotidiano, como já mencionado, com a
prática das artes que se distribuem entre a poesia e a transformação de materiais, porém, em
escala mais profissional com as artes manuais. Busco ressignificar materiais, fruto de descarte,
para que estes possam se tornar artigos de decoração e arte. Com isso, percebo meu trabalho
produzindo imagens que trazem sentido, significado, mensagens que são lidas, interpretadas e
por esse motivo acabam se relacionando com o que nos acostumamos a conhecer e é estudado
na filosofia como semiótica. Esta seria, de maneira geral, uma doutrina ou modo de reflexão
sistemática sobre os signos. Mas aqui iremos deixar de lado um pouco os conceitos construídos
a partir da episteme eurocentrada e buscar o que nos fala Silvia Rivera Cusicanqui abordando
a sociologia das imagens.
Em seu trabalho, Silvia, que é descendente do povo aymara, aponta que, ao entrar com
sua cultura, religiosidade e teologia colonial, o invasor negou toda a construção da
espiritualidade, da epstemologia dos povos que já habitavam Abya Yala, por exemplo. Vejamos
o que ela nos diz quando aborda sobre a sociologia das imagens.
Desde hace tiempo he venido trabajando sobre la idea de que en el presente de
nuestros países continúa en vigencia una situación de colonialismo interno. Y es en
este marco que voy a hablar ahora sobre lo que llamo la sociología de la imagen, la
forma como las culturas visuales, en tanto pueden aportar a la comprensión de lo
social, se han desarrollado con una trayectoria propia, que a la vez revela y reactualiza
muchos aspectos no conscientes del mundo social. Nuestra sociedad tiene elementos
y características propias de una confrontación cultural y civilizatoria, que se inició en
nuestro espacio a partir de 1532. (RIVERA, 2010. p. 19)
Sobre o uso das palavras, Silvia vai dizer que elas são muito bem utilizadas para
manipular como se pode observar nos discursos públicos que se converteram em uma forma do
não dizer, ou seja, de ocultar o que precisaria ser dito e passar a dizer o que se quer ouvir para
haver manipulação. Neste sentido criou-se uma forma de isolamento para qualquer outra forma
de apresentar ideias que não seja a forma escrita. Lembra muito o formato positivista de
Auguste Comte (1798-1857) de impor como válido apenas o conhecimento científico.
Por outro lado, as imagens nos conferem outras formas de tocar o conhecimento, o
sentido, e de produzir, a partir desses, mais conhecimento. Essa é a proposta da Sociologia das
Imagens. Não se trata de voltar a uma compreensão rupestre, mas de dar ao modo de leitura
muito mais do que a frieza rasa das palavras. Silvia ainda nos diz que:
Las imágenes nos ofrecen interpretaciones y narrativas sociales, que desde
siglos precoloniales iluminan este trasfondo social y nos ofrecen perspectivas de
comprensión crítica de la realidad. El tránsito entre la imagen y la palabra es parte de
una metodología y de una práctica pedagógica que, en una universidad pública como
la UMSA, me ha permitido cerrar las brechas entre el castellano standard-culto y los
modos coloquiales del habla[...] (RIVERA, 2010. p. 20)
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É essa construção que me faz querer dizer mais e aliar minha poesia a imagens que
traduzam o que as palavras não podem dizer.
Foi num desses momentos que, buscando uma forma mais bem definida identitariamente
para o meu trabalho que me deparei com um símbolo Adrinkra chamado Ananse Ntontan, como
vê-se na figura a seguir:
intrínseco, a saber, de onde viemos e para onde vamos? E para essa informação, evoco a fala
do Claudio Zeiger em seu blog para elaborar a respeito do Adinkra Gye Nyame.
Deste modo há que se reconhecer que a relação com a divindade, o Deus, que não
necessariamente é masculino, mas que gestou todas as coisas, necessita se mostrar por
intermédio desse meio onde acontece o espetáculo da vida, a Criação. E são, para além dos
textos escritos, as imagens impressas por todo cosmos que denotam isso. É preciso criticar essa
relação vertical e unívoca que representa a espiritualidade e, inclusive, essa objetificação
imposta à Criação e que é conhecida apenas pela palavra escrita, como chamamos na teologia
de teologia da Revelação e passa a entender a Teologia Natural como a demonstração
iconográfica do artífice que tudo criou. É preciso demonstrar que essa relação tem de ser
pautada no respeito e devoção, pois está, não com, mas no próprio Deus. E é por intermédio de
uma Ecoteologia de Reconexão que podemos, munidos de imagens que fazem refletir, criticar
o aprisionamento explorador que o desenvolvimento causa na Criação como aponta Alberto
Acosta
Esta visão [“a salvação está em curso na história e encontra nas libertações
concretas sua presença”] propicia ao cristão articular-se com outros homens que, não
sendo cristãos, possuem, entretanto, a mesma intencionalidade e buscam a mesma
libertação. Veem neles também agentes do Reino e nele descobrem a presença atuante
de Deus. (BOFF. 1984)
Com essa fala de Boff pretendo trazer para a pauta o outro termo que Nego Bispo nos
apresenta e que podemos entender como crucial para uma Ecoteologia de Reconexão. Esse
termo indica que os povos que foram vítimas da colonização não são povos colonizados mas,
contra colonizadores.
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Com isso percebe-se que não seja o caso da academia, como formato epistêmico da
colonialidade, detenha a única forma de exprimir conhecimento, mas que existe sim uma
diversidade de conhecimento que essa colonialidade fez questão de suprimir suas formas de
expressão para que se mantivesse apenas o padrão imposto.
Assim, lastreado pela Sociologia das Imagens, tem a intenção de colocar luz sobre as
expressões dos povos contra colonizadores e ouvir a voz que esses têm.
Por otra parte, desde una perspectiva histórica, las imágenes me han
permitido descubrir sentidos no censurados por la lengua oficial. Un ejemplo de ello
es el trabajo de Waman Puma de Ayala, cuya obra se desconoció por varios siglos, y
hoy es objeto de múltiples estudios académicos. Su Primer Nueva Coronica y Buen
Gobierno es una carta de mil páginas, escrita hacia 1612-1615 y dirigida al Rey de
España, con más de trescientos dibujos a tinta. La lengua en la que escribe Waman
Puma está plagada de términos y giros del habla oral en qhichwa, de canciones y
jayllis en aymara y de nciones como el “Mundo al Revés”, que derivaban de la
experiencia cataclísmica de la conquista y de la colonización. (RIVERA, 2010. p. 21)
Dois séculos antes de Karl Marx nascer e popularizar as ideias de revolução contra uma
minoria detentora e poder, capital, que oprime as populações do mundo, Waman Puma de Ayala
já denunciava essas opressões através da cosmovisão indígena do “Mundo Investido” e a
hecatombe que a colonização causou por onde chegou.
O ato de deixar que as verdades se propaguem apenas através das palavras, acaba
comprometendo muito a construção de conhecimento e limitando a expressão daqueles que tem
sido silenciados pelo Norte Global, em detrimento de culturas, epistemes e filosofias para que
um padrão eurocêntrico se estabeleça, ou continue estabelecido.
Para contribuir no diálogo sobre este tema, lanço olhos, ouvidos e espírito para filosofias
que estruturam meu ser do Sul Global, como é o caso do povo Xukuru do Ororubá. Entendendo
a relação direta com a prática do Bem Viver exercida pelo povo Xucuru do Ororubá no agreste
pernambucano, quando este povo compreende que as árvores velhas guardam o sagrado da
Criação, e sua relação de respeito honra, não somente a própria natureza, mas o divino que
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habita nela, ou se revela nela, sendo ela, assim, sagrada, busco relacionar esse Bem Viver com
o que podemos construir para uma Coexistência harmônica na Criação.
Na Serra do Ororubá, podemos encontrar uma relação biointerativa que entende o tempo
da terra produzir e descansar, entende o que precisa ser cultivado, mas, sobretudo, o que precisa
ser guardado, protegido como forma de manter viva a relação com o sagrado da divindade que
tudo criou.
E a partir dessa leitura, que vai se materializar em esculturas e poesia, que trago a
reflexão de Marcos Valença, explicando Boaventura de Souza Santos, e demonstrando que é a
partir da ecologia dos saberes, que tão bem se representa na sociologia das imagens, e de uma
desobediência epistemológica, que poderão ser superadas as progressivas colonizações de
saberes e vozes quando diz que:
Para embasar esse entendimento de forma a compreendermos como ele é importante para
a epstemologia do Sul, evoco a teoria da Ecologia dos Saberes de Boaventura de Sousa Santos,
que tem a intenção de ser o azeite que faz melhor o encontro entre saberes, não apenas citando
como exóticos, mas reconhecendo seu valor enquanto composição de um mundo real ou mesmo
nos conecta como complementares para uma outra forma de leitura do cosmos. Boaventura nos
diz que:
A actual reorganização global da economia capitalista assenta, entre outras
coisas na produção contínua e persistente de uma diferença epistemológica, que não
reconhece a existência, em pé de igualdade de outros saberes, e que por isso se
constitui, de fato, em hierarquia epistemológica, geradora de marginalizações,
silenciamentos, exclusões ou liquidações de outros conhecimentos. Essa diferença
epistemológica inclui outras diferenças – ainda que não se esgote nelas. A luta contra
ela, sendo epistemológica, é também anti-capitalista, ante-colonialista e anti-sexista.
É uma luta cultural. A luta cosmopolita e pós-colonial aposta na reinvenção das
culturas para além da homogeneização imposta pela globalização hegemônica.
(SANTOS. 2006)
Com essa apresentação que versa sobre a Ecologia dos Saberes, não há que se esperar que
somente a ciência e a academia tragam os frutos de uma sociedade e vida melhores, ou mesmo
que essas, por se acharem em alta conta na sociedade, indiquem quais saberes estão certos ou
errados, ou ainda pior do que isso, digam quem tem o direito de falar ou quem deve ou não ser
ouvido. Faz-se ouvir aqui o eco da pergunta de Spivak: “O subalterno pode falar?” (SPIVAK.
2010) como um grunhido que começa tímido e apavorado pelas consequências deste
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atrevimento, mas que logo se reveste de força da ancestralidade e de toda energia de seu
território para reivindicar seu lugar verdadeiro de anunciação.
3 METODOLOGIA
Foram selecionados três ideogramas Adinkra com suas possíveis correlações da cultura
Xukuru. Esses conceitos serão reunidos e darão origem a peças esculturais confeccionadas a
partir de madeira de demolição que passará pelo processo de talha e modelagem para dar como
resultado às 08 (oito) peças esculturais que serão expostas na oportunidade de apresentação do
trabalho.
a Madeira oriunda de demolição ou descarte por diversos motivos como poda urbana;
Quanto aos objetivos da pesquisa, esses se dão de forma exploratória e seu foco será
proporcionar maior familiaridade com o problema com vistas a torná-lo explícito.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como encaminhamento para esta sessão escrita do trabalho, entendo que o trabalho se
conclui com a materialização de sua exposição de peças, declamações e publicação das poesias
compostas. É nesse sentido que se dá a construção do conhecimento a partir da perspectivava
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Release
ECOTEOLOGIA E RECONEXÃO
Josias Vieira – Pinturas e esculturas
Abro esse release com o que irá seguir cada peça, uma poesia a partir da literatura e poética do
Nordeste do Brasil. E como abertura uma poesia Ecoteológica Decolonikal sobre uma visão
escatológica e apocalíptica.
AS PEÇAS:
- Oratório
Criada a partir da reutilização de restos da poda urbana, essa peça é composta por quatro itens
de troncos de árvores de espécies diversas, apontando, já de início, o sacrifício que a cidade
impõe a Natureza para que possa crescer. A Natureza precisa ser “retirada do caminho” para
que a urbanidade e seu complexo de progresso passe, desencantando o solo sagrado da presença
da deidade de quem o criou. O Oratório será destinado ao ornamento e suporte para imagens
do Cristianismo, que por sua vez, podem ser entendidas como a cristandade que chegou ao
território de Abya Yala, apoiando a invasão colonizadora que demonizou, e continua
demonizando, muitas espiritualidades. Em contrapartida, o Oratório traz estampados em si,
através da técnica do entalhe e pintura sobre madeira, os ideogramas Adinkra e o grafismo
Xukuru. Este, apontando uma direção de sentido para cima, aludindo o Reino em Pé e o Reino
Velho do povo Indígena já mencionado, e aquele passando pelo Criador que está antes e estará
depois de tudo, evocando a engenhosidade e a necessidade de buscar no passado para construir
o presente e o futuro. Ambos demarcando que continuam vivos como semente.
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Oração
Pai, Mãe que se revela na Natureza
Que criou tudo manifestando amor
Dê-nos licença pra cantar tua beleza
Com os pais e mães que você já levou
Criou cultura e arte pra onde meu olhar for
Coração de Pilão
A academia esnobe
Não reconhece o saber
E faz desaparecer
Quem ofereça e não cobre
Hoje se redescobre
O pensar popular
Da mata vem curar
Saber que se descobre
As curas factíveis
Vêm de quem mais se cobra
É de largo o que sobra
O saber dos invisíveis
- Mestre do Membi
É uma peça talhada em um tronco de jaqueira que resultou da poda urbana. Talhar o Mestre do
Membi é mostrar o tronco velho como este ícone de sabedoria e leitura da natureza, mas,
sobretudo, da ciência desses sábios tanto no celebrar quanto no conduzir o povo. O Mestre do
membi é único na cultura Xukuru, sendo substituído pelo próximo que dará continuidade ao
seu legado. Fala de interação completa com a natureza e celebração ao ser criador a partir e em
coexistência harmônica com o que foi criado.
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- Comonucleação
A talhada no tronco de aroeira, resíduo de poda, retrata uma semente de feijão que germina e
dá luz ao mundo. Essa talha traz a cultura da cosmonucleação Xukuru que segreda toda a vida
dentro das sementes. Sementes crioulas são guardiãs da vida porque não recebem a intervenção
da morte que a transgenia lhes imputa.
Nas palavras de Iran Ordônio, o Iran Xukuru, bacural do Terreiro da Boa Vista, há vezes em
que o indígena não sabe ler e nem escrever seu próprio nome, mas sabe ler a Natureza, de forma
que entende quando plantar, quando colher, ou se haverá chuva ou estiagem naquele ano. A
essa prática se dá o nome de Lonjy-Abaré. O termo que define o encontro vem de dois
vocábulos Xukuru: Lonjy que significa "observar com atenção", e abaré que significa "ficar em
silêncio ou concentrado". Sendo a prática de observar os reinados e interpretação do tempo, a
essência de Deus no que foi criado. Isso pode ser entendido também no saber de mestres e
mestras quando lidam com a semente que, não sendo modificada e nem tendo recebido nenhum
tipo de agrotóxico, segredam a vida e salvam a Natureza da qual o ser humano faz parte. A isso
se dá o nome de Cosmo nucleação, entendendo que o cosmos tem as sementes como núcleo de
onde a vida brota.
A técnica usada foi o entalhe empregado em um tronco de aroeira oriundo da poda urbana.
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Cosmonucleação
Na terra cai a semente
Da árvore ou da mão
Ela fecunda o chão
Que estava dormente
De repente se sente
Um tremor uma luz
É o milho do cuscuz
Que brotou de plenamente
Do incauto vivente
Vulnerável que consome
Nem vê a saúde some
Pouco mais está doente
Potentes na destreza
De alimentar e curar
Somente o que eu plantar
Pode superar a pobreza
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Pobreza é um título
Posto pra te nivelar
Condição de torturar
O que não pode ser digno
Agricultura Familiar
Sem indústria de morte
Ecologia dá suporte
No ecossistema agricultar.
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- Reino em Pé (Jurema)
Confeccionada numa janela antiga, recebeu. É uma pintura com tinta acrílica e caneta posta
para representar a árvore sagrada do povo Xukuru, a Jurema, indicando o que está fora da terra
só se mantém de pé porque tem suas raízes fortes e que são tão importantes quanto a copa. O
Reino em Pé fala da importância de manter a mata viva para que o povo se mantenha vivo e
saudável. Segundo a fala de Iran Xukuru, o reino em pé são “encantos que moram nas árvores”
(ORDONIO, p. 5)
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REFERÊNCIAS
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Viçosa MG 2014)
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simbolismo/Assessado em 02/12/2019
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ZEIGER, Claudio.http://claudio-zeiger.blogspot.com/2012/02/simbologia-adinkra-gye-
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