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Carolina Melo- 77C- cmmg 1

sangue, e por receptores periféricos de temperatura


localizados na pele e nos tecidos profundos. As
HOMEOSTASIA- estabilidade corporal informações dos receptores periféricos e do hipotálamo
A manutenção da temperatura corporal é um dos anterior são integradas no hipotálamo posterior. O ponto
processos de homeostase. A temperatura corporal é o de ajuste da temperatura central é de 37,1o (lembrar
resultado entre a produção e a perda de calor. que a temperatura periférica, da pele é menor devido a
perda constante de calor para o ambiente. A
A produção do calor é resultado do taxa metabólica basal temperatura timpânica, sublingual e retal são mais
(principal componente). A produção de calor pode ser elevadas e mais próximas da temperatura central). O
aumentada pela atividade muscular adicional (incluindo os hipotálamo posterior funciona com um “termostato
calafrios), aumento da tiroxina, adrenalina, noradrenalina corporal” e ativa os mecanismos de produção ou perda
e aumento da atividade química celular, principalmente de calor de acordo com a redução ou elevação da
relacionada ao próprio aumento da temperatura. O calor temperatura corporal em relação ao seu “ponto de
é gerado pelos órgãos profundos (fígado, cérebro e ajuste”.
coração) e pelos músculos esqueléticos e transferido
para os tecidos adjacentes até a pele, onde é dissipado INFECÇÃO
f- RIO

para o ambiente. O panículo adiposo do tecido subcutâneo ✗


HIPOT .

HIPOTÁLAMO /
.

O
0
é o principal fator de manutenção do calor, sendo * *
responsável pela retenção de 2/3 do calor produzido
pelo organismo em um indivíduo normal. O fluxo sanguíneo
para pele é o principal mecanismo de transferência da
temperatura dos órgãos internos para pele e para o
ambiente (controlado pelo simpático). Dessa forma, o
aumento do fluxo sanguíneo para pele (vasodilatação
periférica) aumenta a perda de calor e a redução do fluxo
(vasoconstrição periférica) reduz a perda de calor, Quando há redução da temperatura corporal haverá
favorecendo a manutenção da temperatura. Outro efeito vasoconstrição periférica, piloereção e aumento da
mediado pelo simpático é a piloereção, que “tenta” produção de calor, principalmente por meio de calafrios,
formar um “colchão de ar” para reduzir a perda de calor se a queda da temperatura corporal for muito brusca.
para o ambiente (trata-se de um mecanismo “primitivo”, No caso de aumento da temperatura corporal, haverá
que perdeu sua eficácia com a redução dos pelos vasodilatação periférica, sudorese (aumenta a perda de
corporais). Ao “chegar” a pele, o calor é transferido para calor por evaporação) e redução da produção de calor
o ambiente por quatro mecanismos: irradiação (emissão (incluindo inibição dos calafrios e termogênese química)
de raios térmicos infravermelhos), condução
(transferência por contato com objetos mais frios), HIPOTERMIA- diminuição da temperatura corporal
convecção (perda de calor para o ar) e evaporação. abaixo dos valores normais.
O controle da temperatura corporal é feita pelos centros HIPERTERMIA-, aumento da temperatura corporal acima
termorreguladores no hipotálamo, por meio de dos valores normais, existe a por irradiação e a por
mecanismos de feedback. Os centros termorreguladores febre. Na intermação, a pessoa é submetida a uma
recebem informações da área pré-óptica do hipotálamo condição que leva ao aumento da temperatura corporal,
anterior, que é capaz de “perceber” a temperatura do como atividade física intensa, em um ambiente muito
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quente e úmido. As condições ambientais são essenciais filamentos da miosina, na faixa ansiotrópica, ou (A), a
para a intermação, pois elas impedem a perda de calor faixa isotrópica (I) diminui de tamanho, enquanto os
do corpo por irradiação e condução (ambiente mais filamentos de actina penetram na faixa (A).
quente que o corpo) e por convecção e evaporação. Concomitantemente, a faixa (H), formada somente pelos
filamentos de miosina também se reduz, à medida que
esses filamentos são sobrepostos pelos filamentos de
actina. Isso irá resultar em um grande encurtamento
do sarcômero. Todo o mecanismo de contração das fibras
BOTULISMO- resulta da ação de uma potente neurotoxina musculares esqueléticas é controlado por nervos
de origem protéica, produzida pelo Clostridium botulinum, motores do sistema nervoso central.
normalmente decorrente da ingestão de alimentos, em
que a toxina foi previamente elaborada pela bactéria POTENCIAL DE MEMBRANA e DE AÇÃO- As membranas
(embutidos e conservas caseiras que não sofreram plasmáticas dos neurónios são constituídas por uma
tratamento térmico adequado, ou foram armazenados bicamada fosfolipídica impermeável aos íons, como nas
em condições que permitiram a germinação dos esporos) outras células, mas possuem proteínas que funcionam
como canais ou bombas iónicas. Pela sua atividade estas
Uma vez absorvida, a toxina é transportada via proteínas formam o potencial de repouso definido como
hematógena até neurônios sensíveis. Essa toxina se liga a diferença de cargas elétricas entre o exterior e o
aos receptores da membrana do axônio dos neurônios interior da célula quando a membrana da célula não está
motores, impedindo a liberação de acetilcolina na junção sujeita a qualquer alteração do seu potencial elétrico.
neuromuscular, o que causa paralisia flácida dos nervos Geralmente o potencial de repousos é negativo, ou seja,
cranianos e da musculatura esquelética o exterior mais positivo que o interior. Deve-se sobretudo
PLACA MOTORA- A atividade do músculo estriado à diferença de concentração dos íons sódio (Na+) e
esquelética é controlada pelo sistema nervoso central, potássio (K+) dentro e fora da célula. Diferença essa que
através da inervação pelo neurónio motor periférico. é mantida pelo funcionamento dos canais e proteínas que
Cada axónio motor ao entrar no músculo emite sucessivas bombeiam sódio para o meio externo e potássio para o
ramificações subterminais enervando um número meio interno, com consumo de ATP, contrariando a
variável de fibras. O conjunto formado pela terminação difusão passiva destes íons.
nervosa e o aparelho sub-neural isolado por um Os canais que existem na membrana celular permitem a
prolongamento citoplasmático da célula de Schwann que passagem de K+ e Na+ de forma passiva. Quando o
acompanha o axónio motor, é designado por placa neurónio está em repouso, os canais estão fechados,
motora, junção neuromuscular. mas quando a célula é estimulada abrem-se, permitindo
CONTRAÇÃO MUSCULAR- O mecanismo de ação na uma rápida entrada de Na+, e uma alteração do potencial
contração muscular em fibras esqueléticas ocorre de membrana (despolarização- interior da célula mais
quando um potencial ade ação chega ao terminal pré- positivo)
sináptico de um neurônio, canais de cálcio dependentes A rápida alteração do potencial elétrico que ocorre
de voltagem abrem e íons Ca2+ fluem do fluído intersticial durante a despolarização designa-se potencial de ação
ao citosol do neurônio pré-sináptico. Esse influxo de Ca2+ (PA) e origina-se graças a uma perturbação do estado de
causa as vesículas cheias de neurotransmissores a se repouso da membrana celular, com consequente fluxo de
ligar à membrana celular do neurônio. Essa fusão resulta íons, por meio da membrana e alteração da concentração
no esvaziamento da acetilcolina na fenda sináptica e iônica nos meios intra e extracelular.
ligação aos receptores nicotínicos de acetilcolina na placa
motora. Durante a contração, a actina desliza sobre os
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Quando o potencial de ação atinge o seu máximo durante fechamento das fontanelas cranianas, no crescimento, e
a despolarização, aumenta a permeabilidade da no desenvolvimento motor; fronte olímpica, craniotabes,
membrana ao K+, que saem da célula, e a permeabilidade retardo na erupção dos dentes, que apresentam estrias,
dos canais ao Na+ volta ao normal. Dá-se uma quebra no maior propensão às infecções e hipoplasia do esmalte. O
potencial de membrana até atingir o seu valor de abaulamento da junção costo-condral determina o
repouso, chamando-se a esta diferença potencial aparecimento do sinal conhecido como rosário raquítico.
repolarização. Os ossos longos apresentam extremidades alargadas,
encurvamentos, genu varo ou valgo, coxa vara. A coluna
IMPULSOS NERVOSOS- A transmissão de um impulso
vertebral pode apresentar deformidades em "S", cifose,
nervoso é um exemplo de uma resposta do tipo “tudo-
escoliose e acentuação da lordose lombar. As fraturas
ou-nada”, isto é, o estímulo tem de ter uma determinada
não são freqüentes. Outros sintomas são hipotonia,
intensidade para gerar um potencial de ação. O estímulo
fraqueza muscular e dores. Convulsões decorrentes de
mínimo necessário para desencadear um potencial de
hipocalcemia, assim como os sinais de Chvostek e
ação é o estímulo limiar (ou limiar de ação), e uma vez
Trousseau, são características dos raquitismos
atingido este limiar, o aumento de intensidade não produz
dependentes de vitamina D. A alopecia parcial ou total
um potencial de ação mais forte, mas sim um maior
está presente em 2/3 dos pacientes com raquitismo
número de impulsos por segundo. O potencial de ação
dependente de vitamina D tipo II. As infecções
gerado na membrana estimulada propaga-se à área
respiratórias são frequentes, principalmente quando a
vizinha, conduzindo à sua despolarização e assim por
deformidade torácica é acentuada.
diante. Estas sucessivas despolarizações e repolarizações
ao longo da membrana do neurónio constituem o impulso
nervoso.

RAQUITISMO- O raquitismo é caracterizado por


anormalidades na formação na placa epifisária de
crescimento, com áreas não mineralizadas,
desorganização da arquitetura celular e retardo na
maturação óssea. A formação e o crescimento ósseo
dependem da produção da matriz óssea, composta
principalmente por colágeno, e de sua mineralização
através da deposição dos cristais de hidroxiapatita,
compostos basicamente de cálcio e fósforo. A falha do
processo de mineralização tem como uma das principais
causas a inadequada concentração extracelular de cálcio RAQUITISMO HIPOSFATÊMICO- O gene responsável pela
e fósforo, os dois principais componentes minerais do patologia está localizado em Xp22-1 e foi denominado
osso, e a falta ou comprometimento da ação dos gene PEX ou PHEX - gene regulador do fosfato, com
elementos responsáveis pela sua absorção, homologia à família das endopeptidases neutras, localizado
particularmente a vitamina D. no cromossomo X. Sua estrutura consiste de 22 exons
Os primeiros sinais e sintomas podem surgir desde o 1° que codificam uma proteína com 749 aminoácidos. Os
ano de vida e progredir com a idade, principalmente nas membros desta família possuem um domínio amino-
regiões de desenvolvimento mais rápido. Há atraso no terminal intracelular, um único domínio transmembrana e
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um domínio maior, extracelular, carboxi-terminal, com 10 profundas da epiderme (estratos espinhoso e basal),
resíduos de cisteína conservados. Cerca de 31 mutações onde está armazenada a substância precursora, o 7-
(missense, nonsense ou deleção) foram descritas até o deidrocolesterol (7-DHC), localizado na camada bilipídica
momento nesse gene, associadas ao raquitismo das membranas celulares. Para que haja adequadas
hipofosfatêmico e 6 casos de polimorfismo (NPT2) concentrações do 7-DHC, é preciso que a 7-
(47,48), cujo gene codificador está localizado no deidrocolesterol-redutase (DHCR7), enzima que converte
cromossomo 5 (5q35). O NPT2 sofre ação inativadora da o 7-DHC em colesterol, apresente atividade adequada. O
fosfatonina, um hormônio peptídeo, produzido aumento da sua atividade espolia o 7-DHC e não permite
provavelmente pelos hepatócitos, cuja estrutura que haja quantidades suficientes para iniciar o processo
molecular não está totalmente identificada (34-36). pela de ativação da vitamina D, tornando-a um nutriente de
redução da reabsorção tubular de P (RTP) verifica-se fonte externa obrigatória
aumento da fosfataria e hipofosfatemia. As
Para que esse processo de ativação da vitamina D se
concentrações séricas de Ca, PTH e 25OHD são normais.
inicie, é preciso que o indivíduo receba a luz solar direta,
A 1,25 (OH)2D está "inapropriadamente" normal. Os níveis
especificamente a radiação ultravioleta B (UVB). Uma
séricos de fosfatase alcalina e osteocalcina, enzimas
variável que está envolvida nessa etapa inicial de ativação
produzidas pelos osteoblastos, estão elevadas.
da vitamina D é a quantidade de melanina na pele do
A prevenção do raquitismo e osteomalacia, é feita com a indivíduo. Esse pigmento também compete pelo fóton da
ingestão de alimentos que contenham Ca, P e vitamina D radiação UVB diminuindo a disponibilidade de fótons para
e com a exposição à luz solar. Para pacientes cujo quadro a fotólise do 7-DHC. Os estudos mostram menores
se instalou pela falta desses fatores, a correção da dieta reservas da 25(IH)D em indivíduos negros quando
e a exposição diária à luz solar, em geral, são suficientes, comparados aos caucasianos (20), mas que as duas
podendo o tratamento ser auxiliado com lâmpadas de etnias têm a mesma capacidade de síntese de 25(OH)D
raios ultra-violeta só que indivíduos com pele mais escura precisam de mais
tempo de exposição ao sol para sintetizarem a vitamina
O tratamento é feito com P e vitamina D, a qual promove
D3.
a absorção intestinal e a reabsorção tubular renal de P,
além de previnir a ocorrência do hiperparatiroidismo, Um grupo etário que merece atenção especial nessa fase
secundário à hipocalcemia decorrente da administração inicial de ativação da vitamina D na epiderme é o de idosos,
de P. pois, pelo processo de envelhecimento, apresentam
afinamento da epiderme e derme, com consequente
VITAMINA D- À vitamina D é primariamente atribuído o
diminuição da reserva de 7DHC.
papel de importante regulador da fisiologia osteo mineral,
em especial do metabolismo do cálcio. A absorção do fóton UVB pelo 7-DHC promove a quebra
fotolítica da ligação entre os carbonos 9 e 10 do anel B
Nos seres humanos, apenas 10% a 20% da vitamina D
do ciclo pentanoperidrofenantreno, formando uma
necessária à adequada função do organismo provém da
molécula secosteroide, que é caracterizada por
dieta. As principais fontes dietéticas são a vitamina D3
apresentar um dos anéis rompidos. Essa nova substância,
(cole calciferol, de origem animal, presente nos peixes
a pré-vitamina D3, é termoinstável e sofre uma reação
gordurosos de água fria e profunda, como atum e salmão)
de isomerização induzida pelo calor, assumindo uma
e a vitamina D2 (ergosterol, de origem vegetal, presente
configuração espacial mais estável, a vitamina D3 (ou
nos fungos comestíveis). Os restantes 80% a 90% são
colecalciferol). A energia estérica dessa nova
sintetizados endogenamente.
conformação tridimensional da molécula a faz ser
A etapa inicial no processo de síntese endógena das secretada para o espaço extracelular e ganhar a
moléculas do grupo vitamina D se inicia nas camadas circulação sanguínea.
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Nessa etapa, um aspecto fisiológico importante é o crianças e adolescentes e a saúde óssea global em todas
mecanismo endógeno de proteção contra uma síntese as etapas da vida.
excessiva de colecalciferol e consequente intoxicação. Em
A 1,25(OH)2D também atua diretamente nos condrócitos
situações de exposição solar prolongada, a pré-vitamina
da placa de crescimento, os quais expressam a CYP21B.
D3, que também é capaz de absorver fótons UVB, é
A 1,25(OH)2D neles sintetizada apresenta ações
izomerizada a dois produtos fotolíticos inertes: o
autócrinas via VDR, regulando a diferenciação dessas
lumisterol e o taquisterol
células, a angiogênese e a osteoclastogênese, essa última
Ao alcançarem o fígado, as vitaminas D2 e D3 sofrem pela indução da expressão do ligante do ativador do
hidroxilação no carbono 25, mediada por uma enzima receptor NF-kappa B (RANKL ─ receptor activator of
microssomal da superfamília do citocromo P450 NF-kappaB ligand) durante o desenvolvimento
(CYP450) denominada CYP2R1, dando origem a 25- endocondral
hidroxivitamina D ou calcidiol (25(OH)D3 e 25(OH)D2).
A 25(OH)D, acoplada à DBP, é transportada a vários
tecidos cujas células contêm a enzima 1-α-hidroxilase
(CYP27B1), uma proteína mitocondrial da família do DOR ABDOMINAL- a dor abdominal é classificada de
CYP450 que promove hidroxilação no carbono 1 da acordo com sua origem (somática/da parede abdominal
25(OH)D, formando a 1-α,25-diidroxi-vitamina D ou visceral) e com seus mecanismos desencadeantes. A
(1,25(OH)2D ou calcitriol), que é a molécula dor visceral abdominal ocorre por tensão ou estiramento
metabolicamente ativa. da parede das vísceras ocas ou da cápsula das vísceras
Os efeitos biológicos da 1,25(OH)2D são mediados pelo seu parenquimatosas e pela tração ou estiramento peritoneal.
receptor (VDR, vitamin D receptor), um fator de As doenças viscerais podem determinar dores de vários
transcrição que pertence à família de receptores tipos:
hormonais nucleares 1. O VDR é expresso em quase todas 1- VISCERAL VERDADEIRA NÃO REFERIDA-
as células humanas e parece participar, de maneira manifesta-se na região da linha média do
direta ou indireta, de regulação de cerca de 3% do abdômen, sem localização precisa no epigástrio,
genoma humano (Entre as poucas células que não região periumbilical ou mesogástrio,
apresentam receptores para vitamina D, estão as habitualmente descrita como cólica e associa-se
hemáceas, células musculares estriadas maduras e a náuseas, vômitos, sudorese ou palidez.
algumas células altamente diferenciadas do sistema 2- VISCERAL VERDADEIRA REFERIDA- localiza-se
nervoso central. nos miótomos e dermatômeros supridos pelos
A ligação da 1,25(OH)2D com o VDR contribui para a neurônios que se projetam nos mesmos
sinalização intracelular para a indução de canais voltagem- segmentos medulares das vísceras afetadas.
dependente de transporte de íons transmembrana 3- PARIETAL LOCALIZADA/REFERIDA- resulta da
(Ca+2, Cl-) e para o controle do influxo e da quantidade irritação do peritônio parietal e localiza-se na
de Ca+2 no citosol. A ação clássica da 1,25(OH)2D é a parede abdominal correspondente ao local da
regulação do metabolismo do cálcio e fósforo por meio do lesão. A dor parietal referida manifesta-se em
controle dos processos de absorção intestinal e ponto distante do local da estimulação nociceptiva
reabsorção renal desses íons, mantendo-os em Dentre as causas mais frequentes de dor abdominal
concentrações plasmáticas suficientes para assegurar a citam-se os processos inflamatórios de origem infecciosa
adequada mineralização e o crescimento ósseo em ou química, as doenças isquêmicas, as doenças
disfuncionais e as neoplasias. A dor visceral não costuma
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ser evocada pelas vísceras e órgãos sólidos como fígado, flexura cólica direita (hepática), componente superior do
rins, parênquima pulmonar, entre outras, e não colo ascendente e metade direita do colo transverso. A
necessariamente associa-se a lesão visceral; geralmente dor no hipocôndrio direito ocorre por afecções do fígado,
é difusa e mal localizada, pode ser referida em locais vesícula biliar, flexura hepática do cólon, distúrbios no
distantes da víscera acometida e é acompanhada de hemitórax direito, hemidiafrágma direito, doenças
reflexos autonômicos e motores que servem como musculoesqueléticas ou do sistema nervoso. A dor
sistema mantenedor e facilitador da transmissão hepática localiza-se no hipocôndrio direito, epigástrio, ou
dolorosa. A dor abdominal neuropática periférica localiza- na região torácica distal, intensifica-se às expirações e
se na região de distribuição de uma ou mais raízes pode ser referida no ombro e escápula direita1.
torácicas caudais (D8 a D12), caracteriza-se como
No quadrante superior esquerdo alojam- -se o lobo
queimor, choque, pontada ou formigamento.
esquerdo do fígado, o baço, o estômago, o jejuno, o íleo
proximal, o corpo e a cauda do pâncreas, o rim esquerdo,
a glândula suprarrenal esquerda, a flexura cólica
esquerda, a metade esquerda do colo transverso e o
segmento superior do colo descendente. A dor no
hipocôndrio esquerdo ocorre por afecções do baço,
flexura esplênica do cólon, lesão do hemitórax esquerdo,
cauda do pâncreas, doenças neurológicas e
musculoesqueléticas
No quadrante inferior direito localizam-se o ceco, o
apêndice vermiforme, a maior parte do íleo, o segmento
inferior do colo ascendente, o ovário, a tuba uterina
direita, o segmento abdominal do ureter, o funículo
No quadrante superior direito alojam-se o lobo direito do espermático direito, o útero (quando aumentado) e a
fígado, a vesícula biliar, o piloro, parte do duodeno, cabeça bexiga (quando muito cheia). A dor na região ilíaca direita
do pâncreas, glândula suprarrenal direita, rim direito, ocorre por lesões do apêndice, intestino delgado, ceco,
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rim e ureter direito, tuba uterina direita ou ovário direito, cólon transverso e do cólon descendente determina dor
afecções musculoesqueléticas ou neurológicas. localizada na porção mediana infraumbilical e
suprapúbica10. Lesões do cólon sigmóide causam dor no
No quadrante inferior esquerdo localizam-se o colo
QID ou QIE do abdômen, e na região suprapúbica quando
sigmóide, o segmento distal do colo descendente, o ovário,
há acometimento peritoneal devido a estimulação
a tuba uterina esquerda, o segmento abdominal do
mesentérica.
ureter, o funículo espermático esquerdo, o útero (quando
aumentado) e a bexiga (quando muito cheia). A dor na A dor abdominal de origem peritoneal na fase aguda pode
região ilíaca esquerda ocorre devido a lesões do cólon associar--se a náuseas, vômitos, febre, taquicardia,
sigmoide, trato urinário esquerdo, genitália feminina hipertonia e rigidez abdominal, descompressão brusca
interna, afecções musculoesqueléticas ou neurológicas dolorosa da parede abdominal e abolição dos ruídos
hidroaéreos. O comprometimento do peritônio parietal
A dor na região epigástrica ocorre por lesões no
geralmente causa dor na região correspondente ao
estômago, vesícula biliar, duodeno, pâncreas, fígado,
envoltório acometido. A dor musculoesquelética pode ser
região distal do esôfago, coração e pulmões.
referida nas mesmas regiões de referência da dor
A dor visceral de origem no estômago localiza-se visceral.
habitualmente na região médio-epigástrica. O
PORFIRIA- As porfirias são um grupo de pelo menos 8
acometimento da camada parietal do peritônio por
doenças genéticas distintas decorrentes de deficiências
doenças gástricas pode determinar dor apenas no
enzimáticas na biossíntese do heme, que levam à
quadrante superior esquerdo do abdômen.
superprodução e acumulação de precursores
Doenças que acometem o bulbo duodenal causam dor metabólicos, para cada qual corresponde um tipo
visceral na região epigástrica e eventualmente, no QSD particular de “porfiria”. Fatores ambientais como
do abdômen. Doenças da porção distal do duodeno causam medicamentos, álcool, hormônios, dieta, stress, exposição
dor na região periumbilical. solar e outros desempenham um papel importante no
A dor lombar ocorre por lesão dos rins, ureteres, cabeça desencadeamento e curso destas doenças. Cada porfiria,
e cauda do pâncreas ou cólon. sendo diferente, é diagnosticada e tratada de forma
específica. Os sintomas e a gravidade das crises
A dor na região periumbilical ocorre por lesão do intestino dependem do tipo de porfirinas ou precursores que se
delgado, apêndice, ceco, corpo do pâncreas, afecções acumulam e do local onde se acumulam (pele e outros
musculoesqueléticas ou neurológicas. órgãos).
A dor no hipogástrico ocorre devido a lesões da bexiga, 1- CUTÂNEA TARDIA- a foto sensibilidade causa
genitália interna, doenças intestinais, afecções bolhas, e crescem de pelos em áreas expostas
musculoesqueléticas ou neurológicas. ao sol. A cicatrização é lenta.
A dor em cólica na região periumbilical, oriunda do 2- AGUDA INTERMITENTE- sintomas todos são de
intestino delgado, pode ser desencadeada por distensão origem neurológica. A maioria dos portadores
da luz visceral ou por atividade motora excessiva. tem uma forma latente da doença. Nunca
Processos infiltrativos e inflamatórios que acometam o desenvolverão sintomas!
peritônio parietal podem causar dor somática localizada a 3- ERITOPOÉTICA CONGÊNITA- é uma das formas
partir da região envolvida. A tração da raiz do mesentério mais raras e severas. As porfirinas ativadas pela
pode causar dor somática e dor visceral periumbilical.,10. luz causam fotomutilações nas extremidades
A distensão do cólon ascendente e da metade direita do (nariz, orelhas, dedos)
cólon transverso pode resultar em dor periumbilical e/ou
dor suprapúbica. A distensão da metade esquerda do
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Porfirias agudas resultam da deficiência de certas sistema nervoso central pode causar convulsões ou
enzimas na via biossintética do heme, levando ao distúrbios mentais.
acúmulo dos precursores de heme que causam
DIAGNÓSTICOS- O diagnóstico fundamenta-se na
crises intermitentes de dor abdominal e sintomas
anamnese e no exame físico. Os exames
neurológicos. As crises são precipitadas por certos
laboratoriais, de imagem, endoscópico e
fármacos e outros fatores. O diagnóstico é feito
eletrofisiológico auxiliam no diagnóstico diferencial da
pelos altos níveis urinários dos precursores da
dor abdominal. Durante a anamnese considerar o
porfirina, o ácido delta-aminolevulínico e o
gênero, a idade atual do paciente, a idade do inicio dos
porfobilinogênio, durante as crises. As crises são
sintomas e seu tempo de instalação. Caracterizar a
tratadas com glicose ou, se forem mais graves,
dor quanto à localização, instalação, irradiação,
heme IV. O tratamento sintomático, incluindo
intensidade, ritmo, periodicidade, duração,
analgesia, é fornecido conforme necessário.
interferência nas atividades incluindo o sono, ingestão
Os fatores hormonais são importantes. As mulheres de bebida alcoólica, condimentos, alimentos
apresentam maior tendência a crises do que os gordurosos, jejum, defecação e uso de fármacos.
homens, em particular durante os períodos de Avaliar as relações temporais, os fatores de melhora
mudanças hormonais. Os sintomas mais comuns de e piora e as circunstâncias que geraram sua
uma crise são dor abdominal e vômito. A dor pode instalação e manutenção. Também analisar a relação
ser excruciante e desproporcional a dor abdominal ou da dor com o período do ciclo menstrual,
outros sinais físicos. As manifestações abdominais traumatismos ou cicatrizes abdominais; avaliar os
podem resultar de efeitos nos nervos viscerais. Em fatores desencadeantes relacionados à piora da dor
geral, não há inflamação, o abdome não está doloroso e/ou os fatores de melhora da dor como a tosse, o
à palpação e não há sinais peritoneais. Mas uma espirro, a eliminação de flatos ou fezes, a micção,
minoria de pacientes com porfirias hepáticas agudas movimentos e esforços físicos. Verificar o uso de
também desenvolve pancreatite aguda, para as quais fármacos, como os inibidores de angiotensina,
potenciais causas alternativas não são encontradas, betabloqueadores, antibióticos, quimioterápicos,
como cálculos biliares, consumo excessivo de bebidas inibidores de bomba de prótons e anti-inflamatórios.
alcoólicas e hipertrigliceridemia grave. A temperatura Durante a anamnese inquirir sobre perda de peso,
e a contagem de leucócitos geralmente estão febre, anemia, adinamia, síncopes, adenomegalias,
normais ou apenas ligeiramente aumentadas. A massas abdominais, náuseas, vômitos, diarreia,
distensão intestinal pode ocorrer como resultado do obstipação, distensão abdominal, eructações, pirose,
íleo paralítico. A urina é vermelha ou vermelho- saciedade precoce, empachamento pós-prandial,
amarronzada e positiva para porfobilinogênio durante anorexia, icterícia, colúria, acolia, prurido,
a crise. hematêmese, melena, enterorragia, artrite,
artralgia, dor torácica, urgência miccional, micção
Todos os componentes do sistema nervoso
noturna, dispareunia, dismenorreia, lombalgia,
periférico e o sistema nervoso central podem estar
dorsalgia, fadiga, cefaleias, palpitações, insônia,
envolvidos. A neuropatia motora é comum nas crises
anorexia ou aumento do apetite, ocorrência de
graves e prolongadas. A fraqueza muscular
doenças sexualmente transmissíveis, hábitos etc.
geralmente inicia-se nas extremidades, mas pode
envolver qualquer neurônio motor ou par craniano e Quanto à história familiar, pesquisar fatores
evoluir para tetraplegia. O envolvimento bulbar pode relacionados a dor abdominal como porfiria
causar insuficiência respiratória. O envolvimento do intermitente aguda, febre do Mediterrâneo, câncer
do aparelho digestivo, diabetes mellitus etc. A história
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clínica deve incluir antecedentes sobre cirurgias realizados de modo individualizado para cada caso.
abdominais, lesões, microtraumatismos de fibras Dessa forma, na dor do abdômen rostral solicitar
musculares após a execução de esforços físicos, radiografia do tórax e na dorsalgia o da coluna
atividades repetitivas ou prolongadas. Elementos torácica e lombar13,14. O US de abdômen total na
como a tosse, a torção do tronco, as mudanças de dor no hipocôndrio ou epigástrio descarta as doenças
decúbito, as atividades físicas, carregar objetos biliopancreáticas, e na dor mesogástrica, difusa, sem
pesados, que aumentam a tensão em grupamentos sintomas digestivos descarta aneurisma ou tumores.
musculares, podem descondicioná-los e desencadear O US pélvico ou transvaginal na dor pélvica auxilia no
ou agravar a dor abdominal. Os sintomas do diagnóstico das afecções ginecológicas ou urológicas,
comprometimento visceral como náuseas, vômitos, o US de rins e vias urinárias, na dor nos flancos ou
diarreia, obstipação, febre e calafrios são raros região lombar.
nesses casos, exceto no período de agravamento
A endoscopia digestiva proximal é indicada em casos
das crises dolorosas.
de dor ou desconforto no epigástrio e a colonoscopia
Durante o exame físico a palpação abdominal avalia é indicada nos casos de alteração do trânsito
a presença de distensão, tumor, ascite, assimetria intestinal em pacientes com mais de 45 anos de
de parede, manchas ou lesões dermatológicas. idade, histórico familiar de câncer colorretal ou de
Pesquisar rigidez abdominal, hepato ou polipose, modificação no padrão da dor ou do trânsito
esplenomegalia, sinais de peritonite, déficits motores. intestinal, sintomas recidivantes de curta duração
Avaliar a presença e/ ou anormalidades dos ruídos e/ou sinais de alarme (emagrecimento, anorexia,
hidroaéreos. O exame físico deve ser completo, sangramento retal, anemia, sintomas noturnos).
incluindo toque retal e vaginal e a pesquisa dos PGs
A colonoscopia ou enema opaco e/ou a manometria
associados à SDM. A palpação abdominal do paciente
anorretal podem ser úteis na obstipação intestinal
com contração muscular também resulta em dor e
sem lesão orgânica.
desconforto.
A laparoscopia é indicada na dor abdominal intensa,
Muitas vezes os achados clínicos são incompatíveis
incapacitante, sem diagnóstico definido ou quando as
com as queixas e os exames complementares podem
anormalidades não foram elucidadas pelo exame
auxiliar o diagnóstico. Tais exames incluem
físico, laboratorial ou de imagem. A laparoscopia
hemograma, determinação da velocidade de
realizada nos pacientes com dor abdominal crônica
hemossedimentação (VHS), glicemia, creatinina,
evidencia anormalidades em aproximadamente 53%
bilirrubinas, a-amilase, lipase, transaminases,
dos casos13,14.
fosfatase alcalina, porfirinas urinárias
(porfobilinogênio), T4 livre e TSH, cálcio e fósforo Cumpre salientar que as aderências peritoneais
séricos, eletroforese da hemoglobina, exame geralmente não se relacionam à dor abdominal
parasitológico de fezes, exame de urina, reação de crônica. Nas mulheres com idade inferior a 45 anos,
Widal (diarreia recente), teste de tolerância à lactose com presença de sintomas como sono não
(diarreia) etc. reparador, lombalgia, quadro clínico sugestivo de
fibromialgia, polaciúria, nictúria, dispaurenia,
A radiografia do tórax, ultrassom (US) de abdômen
dismenorreia etc., na ausência de sintomas ou sinais
total, ultrassom pélvico e/ou transvaginal,
de alarme ou história familiar de câncer colorretal
tomografia computadorizada, ressonância magnética
com exame físico normal, deve-se proceder à
do abdômen, cintilografia do aparelho urinário,
investigação criteriosa e progressivamente. Quando
endoscopia digestiva proximal e colonoscopia, entre
a investigação não revela alterações estruturais
outros exames complementares, devem ser
Carolina Melo- 77C- cmmg 10

e/ou funcionais relacionadas a anormalidades (incluindo leucemia), infecções recorrentes, transtornos


viscerais, síndromes funcionais gastroenterológicas de ansiedade e Alzheimer de início precoce (DA)
como dispepsia, dismotilidade inespecífica ou
síndrome do intestino irritável, síndrome dolorosa
abdominal funcional, dor abdominal funcional
inespecífica, disfunção da vesícula biliar ou do
FATORES DE RISCO- A idade materna avançada na
esfíncter de Oddi, disfunção tipo biliar ou
concepção é um importante fator de risco para trissomia
pancreática, urológicas ou ginecológicas, neurológicas
21, como é verdade para todas as trissomias
(enxaqueca ou epilepsia abdominais), SDM da
autossômicas humanas. Este risco está associado à não
musculatura abdominal9 , analisar os aspectos
disjunção de cromossomos homólogos ou cromátides que
psicossociais da dor. A infiltração com anestésico
ocorrem durante as divisões meióticas que ocorrem na
local possibilita o diagnóstico de SDM da parede
formação de oócitos. A idade materna avançada tem sido
abdominal quando os exames clínicos e
associada com erros de segregação tanto na meiose
complementares são normais7,11,12.
materna I quanto na meiose II. Além disso, alterações
O diagnóstico da dor abdominal crônica deve específicas e padrões de recombinação foram
contemplar as doenças gastrointestinais funcionais observados para esses tipos de erros maternos, sendo
responsáveis pela maior parte das consultas que apenas alguns que estão associados à idade materna.
gastroenterológicas. Nos pacientes cuja investigação
Fatores ambientais que influenciam o risco de trissomia
é negativa para alterações estruturais ou
21 incluem uso de tabaco, suplementação de ácido fólico,
bioquímicas, identificar subgrupos de anormalidades
uso de anticoncepcional oral e vários outros.
gastrointestinais funcionais, tais como síndrome do
intestino irritável, síndrome da dor abdominal
funcional, entre outras.

A síndrome de Down (SD) é o distúrbio genômico mais


comum de deficiência intelectual e é causada pela
trissomia do cromossomo 21. MECANISMOS- Uma trissomia livre do 21 está presente
em 95% dos indivíduos com SD e resulta de um erro na
O fenótipo SD envolve manifestações que afetam meiose materna I (~66%) ou meiose II (~21%); meiose I
múltiplos sistemas corporais, principalmente os sistemas paterna (~3%) ou meiose II (5%); ou mitose, após a
musculoesquelético, neurológico e cardiovascular. formação do zigoto (5%)15,44,45. A translocação é
Indivíduos com SD comumente apresentam baixa responsável pela trissomia 21 em ~5% dos indivíduos
estatura, hipotonia muscular, instabilidade atlantoaxial, afetados, geralmente t(14;21) ou t(21;21)46,47.
hipoplasia cerebelar, deficiência intelectual e defeitos Mosaicismo para trissomia 21 ocorre em ~2% dos
cardíacos congênitos (DAC; particularmente defeitos do
septo atrioventricular (DSAVs)). Indivíduos com SD
também são mais propensos a desenvolver certas
condições de saúde, incluindo hipotireoidismo, doenças
autoimunes, apneia obstrutiva do sono, epilepsia,
problemas de audição e visão, distúrbios hematológicos
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indivíduos com DS. A trissomia parcial do 21 é rara e está constitutivo U2AF1, e DYRK1A, uma especificidade dupla
associada a uma série de sintomas que variam de acordo quinase que fosforila fatores de splicing.
com a quantificação da triplicação parcial do 21.
A trissomia 21 também altera os padrões de metilação
regional e/ou global, embora as alterações de metilação
sejam distribuídas uniformemente em todos os
cromossomos e não só especificamente enriquecidos no
21. Um padrão observado é um viés geral para
hipermetilação em células DS em comparação com células
euplóides, particularmente no cérebro.
Indicadores de disfunção mitocondrial foram observados
A versão atual do GENCODE lista 233 genes codificadores em células com trissomia 21 (por exemplo, fibroblastos)
de proteínas, 423 genes não codificadores de proteínas e órgãos, incluindo o coração. O fenótipo mitocondrial na
(69 pequenos, 330 longose 24 genes não codificantes SD inclui redução produção de ATP por fosforilação
diversos) e 188 pseudogenes no cromossomo 21. Sendo oxidativa; diminuição da capacidade respiratória;
que 48% do cromossomo 21 que não foi listado contém prejudicando a geração de potencial de membrana
elementos repetitivos (como é o caso para todos os mitocondrial; e alterações na estrutura mitocondrial.
cromossomos humanos). Essas funções alteradas resultam em um metabolismo
energético mitocondrial perturbado e alterações
Entre as gestações com diagnóstico pré-natal
oxidativas de estresse, que por sua vez poderia
confirmado de DS em 9-14 semanas, ~30-40%
aumentar a suscetibilidade de indivíduos com SD a uma
posteriormente sofrem aborto espontâneo. Extrapolando
ampla uma gama de condições, incluindo deficiência
para todas as gestações, ~80% dos conceptos com
intelectual e DA. A base molecular para disfunção
trissomia 21 são perdidos durante a gravidez.
mitocondrial envolve genes efetores HSA21 e sinalização
MANIFESTAÇÕES- os padrões de expressão em as regulatória chave.
células da trissomia 21 diferem dependendo do tecido que
DIAGNÓSTICO- Nos países desenvolvidos, a triagem pré-
está sendo examinado. Por exemplo, a resposta do
natal baseada em laboratório para SD é oferecida como
interferon é altamente regulada em fibroblastos da
parte do cuidados pré-natais de rotina. O rastreamento
trissomia 21 e LCLs, provavelmente devido a expressão
é uma forma de identificar gestações de alto risco e
aumentada de quatro genes do receptor de interferon
limitar os procedimentos de diagnóstico para minimizar o
(IFNAR1, IFNAR2, INGR2 e IL10RB) que estão localizados
risco de aborto.
em HSA21 (REF.59). Uma resposta aumentada de
interferon também foi presente em iPSCs geradas a A abordagem de triagem pré-natal primária envolve uma
partir de fibroblastos da trissomia 21, mas não em combinação de medição de analitos bioquímicos séricos
culturas neuronais derivadas dessas iPSCs. maternos e do tamanho da translucidez da nuca fetal
(NT; uma bolsa de fluido atrás do pescoço) no primeiro
A trissomia 21 também pode afetar a transcrição global,
trimestre.
seja diretamente, quando os genes do cromossomo 21
atuam na regulação da transcrição ou indiretamente por Um outro exame de anomalia trimestral tornou-se rotina
um subproduto do material genético extra. Por exemplo, em 18-20 semanas de gestação e inclui marcadores
pelo menos três genes do 21 codificam proteínas quantificáveis, como dobra cutânea nucal espessada e
envolvidas na regulação da transcrição: ADARB1 (uma das comprimento femoral e umeral. Os chamados
duas proteínas envolvidas na conversão de adenosina marcadores ultrassonográficos “soft” adicionais incluem
para tirosina na edição de RNA),o fator de splicing higroma cístico, língua proeminente, cistos do plexo
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coróide, ventriculomegalia leve, defeitos cardíacos, são diagnosticados. Ela resulta de uma resposta imune
intestinal, atresia duodenal, pielectasia, clinodactilia inapropriada mediada por células T ao glúten ingerido que
bilateral do quinto dedo e espaço amplo entre o dedão e causa lesões no intestino delgado, esse danos à mucosa
o segundo dedo do pé. Além disso, níveis de α- proximal intestinal levam à má absorção de nutrientes.
fetoproteína no soro materno e líquido amniótico no
Quase todos os sistemas do corpo podem ser afetados,
segundo trimestre são medidos um nível ~70% daquele
mas os sistemas dermatológico, hematológico,
em uma gravidez normal indica um risco elevado de um
neurológico, musculoesquelético, endócrino, reprodutivo e
concepto de SD. Também são medidos analitos de soro
digestivo são os mais comumente envolvidos. A doença
materno adicionais, incluindo β-humano gonadotrofina
celíaca está associada a várias condições autoimunes cujo
coriônica, estriol não conjugado, inibina A e plasma
curso clínico pode ser afetar o diagnóstico e o
proteína A associado à gravidez.
tratamento da doença celíaca. Embora a maioria dos
pacientes responda bem ao tratamento com uma dieta
sem glúten (GFD), a doença não reconhecida ou não
tratada está associada ao aumento da mortalidade e risco
de linfoma intestinal.

PROGNÓSTICO- Cada indivíduo com SD tem um conjunto


distinto de pontos fortes e desafios que podem mudar
ao longo de sua vida. Alguns indivíduos exigirão altos níveis
de cuidado desde o nascimento, enquanto outros podem
ter poucas complicações de saúde. Da mesma forma,
alguns indivíduos necessitarão de cuidados e apoio social
durante toda a vida adulta, enquanto outros vivem
independentemente.

GENÉTICA- O risco de se ter a doença celíaca é de 10%


a 15% em pessoas que têm um parente de primeiro grau
com doença celíaca.

A doença celíaca é causada por uma reação


imunomediada ao glúten ingerido em pessoas
geneticamente suscetíveis. A doença celíaca é um
distúrbio multissistêmico, no entanto, muitos casos não
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DIAGNÓSTICO- soma de 4 pontos Condições hepatobiliares


• Cirrose biliar primária
• Colangite autoimune
• Níveis elevados de aminotransferases
Outros distúrbios gastrointestinais luminais inflamatórios
• Gastrite linfocítica
• Colite microscópica
• Doença inflamatória intestinal
Condições diversas
Sintomas e condições que devem levar à consideração da
doença celíaca • Deficiência de IgA

• Parentes de primeiro e segundo graus com doença celíaca • Nefropatia por IgA
Sintomas gastrointestinais • Síndrome de Down
• Sintomas semelhantes à síndrome do intestino irritável • Síndrome de Turner
• Azia Distúrbios endócrinos autoimunes
• Dispepsia •Diabetes tipo 1
• Diarréia •Doença autoimune da tireoide
• Hábitos intestinais alterados •Doença autoimune adrenal
• Inchaço Distúrbios autoimunes do tecido conjuntivo
• Intolerância à lactose • Síndrome de Sjögren
Apresentações extraintestinais •Artrite reumatóide
• Dermatite herpetiforme •Lúpus eritematoso sistêmico
• Deficiência de ferro
•Deficiência de folato
•Doença óssea osteopênica
TRATAMENTO- remoção vitalícia do glúten da dieta
•Fadiga crônica
•Manifestações neuropsiquiátricas
•Baixa estatura
•Infertilidade
•Perda fetal recorrente
•Baixo peso ao nascer
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FISIOPATOLOGIA- Dado o alto conteúdo em prolina, os


péptidos do glúten resistem à hidrólise pelas enzimas
digestivas. Acredita-se que atravessem o epitélio
intestinal via transcelular (mediada por recetor) e via
se dá pelo defeito de um gene responsável pelas
paracelular (através de junções epiteliais abertas). Na
fotopsinas (também conhecidos como opsinas do cone)
lâmina própria, estes péptidos são desaminados pela
que são as proteínas fotorreceptoras encontradas nos
enzima transglutaminase tecidular (tTG), produzindo
cones da retina e são a base da visão a cores, sendo
epitotos altamente imunogénicos que vão ser
estas classificadas em três tipos cada qual receptando
apresentados pelas células apresentadoras de antigénios
uma faixa de cor, vermelho, verde e azul. Para clarificar,
(APC) aos linfócitos T CD4+ através das moléculas HLA
existe uma classificação sobre o comprimento das ondas
DQ2 ou HLA DQ8. O resultado da ativação linfocitária é a
quanto à sensibilidade: S, da palavra “short” é uma onda
produção de um padrão de citocinas tipo Th1 (mediado
curta é da coloração azul; M de “medium” em que a onda
maioritariamente pelo INFγ) com consequente
é de comprimento médio é da coloração verde. Já o L
recrutamento de linfócitos intraepiteliais (LIE), inflamação
“long” é de comprimento longo é a de coloração vermelha.
da mucosa, hipertrofia das criptas e atrofia das
Defeitos nesses genes são classificados em três tipos
vilosidades intestinais. Paralelamente a este processo
tricromatismoanômalo, dicromatismo e monocromatismo.
ocorre ativação dos linfócitos B e produção de anticorpos
contra a enzima tTG.. TRICROMATISMOANÔMALO- todas a fotopsinas estão
presentes na retina, no entanto dentre as três uma
Os próprios anticorpos anti-tTG podem ter um papel ativo
apresenta algum tipo de anomalia, tornando o daltonismo
na fisiopatologia da doença. Estes anticorpos aparecerem
mais ou menos perceptível, e podendo ser subdividido em
precocemente, muito antes do desenvolvimento da
três partes:
atrofia das vilosidades intestinais, depositando-se à volta
dos capilares, na membrana basal da mucosa intestinal e • A deuteranomalia se classifica quando há uma
inclusive noutros tecidos extraintestinais, podendo levar anormalidade nos cones M (verde), nos quais
à inibição da diferenciação celular e ao aumento da estes passam a apresentar um pico de onda
permeabilidade da mucosa intestinal. Além disso, foi bem próximo ao do cone do tipo L (vermelho)
• protanomalia ocorre quando há uma anomalia nos
cones do tipo L, tornando a pessoa menos
sensível à luz vermelha. Ela é mais suave que a
protanopia, porém o resultado da percepção de
cores é semelhante
• tritanomalia é uma forma atenuada da tritanopia.
Ela ocorre quando há uma anomalia nos cones do
colocada a hipótese de estarem envolvidos nas tipo S, sensíveis à luz de comprimentos de onda
manifestações extraintestinais da doença celíaca. De curtos, dificultando a distinção das cores: azul e
fato, foram encontrados depósitos de anti-tTG no verde, amarelo e violeta. Esta é a forma mais
cerebelo e no tronco medular de pacientes com rara de tricromacia anômala, atingindo 0,01% da
sensibilidade ao glúten e ataxia cerebelar bem como nas população. Diferente das outras tricromacias
papilas dérmicas de pacientes com dermatite anômalas, o gene afetado na tritanomalia situa-
herpetiforme. se no cromossomo 7. Este cromossomo não é
determinado através do sexo, portanto homens
e mulheres são igualmente afetados. A
Carolina Melo- 77C- cmmg 15

tritanomalia além de ser herdada, pode também


ser adquirida ao longo da vida, simplesmente pelo
envelhecimento ou causada por um forte
impacto na cabeça, porém, nestes casos, ela
pode ser reversível
MONOCROMACIA- Deficiência visual que faz com que as
pessoas não consigam distinguir qualquer cor, enxergando
tudo em tons de cinza. Causada pela ausência de dois ou Existem três exames que permitem não só fazer o
três tipos de cones diagnóstico do daltonismo, como determinar o grau de
comprometimento na percepção das cores: o
• acromatopsia, ocorre quando os bastonetes da
retina estão presentes e funcionais, porém os anomaloscópio de Nagelan, as lãs de Holmgren e o teste
de cores de Ishihara. Este último utiliza cartões com
três tipos de cones não estão funcionais ou não
estão presentes grande número de pontos coloridos, que têm no centro
uma letra ou um número só identificados pelas pessoas
• S-Monocromacia: Presente apenas o cone do com visão normal
tipo S.
Muitas vezes, a pessoa nem sabe que é portadora de
• M-Monocromacia: Presente apenas o cone do
daltonismo, uma condição que não tem cura nem
tipo M.
tratamento específico por enquanto. O único recurso que
• L-Monocromacia: Prensente apenas o cone do não corrige o daltonismo, mas melhora um pouco o
tipo L. contraste é a utilização de lentes de óculos com filtro de
DICROMACIA- a ocorre quando um tipo de cone não está cor.
presente na retina. É possível classificá-la em: No Brasil, os portadores de daltonismo têm garantidos os
direitos estabelecidos na “Convenção Interamericana
• Protanopia: Ausência dos cones do tipo L,
para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação
fazendo com que as pessoas sejam menos
contra Pessoas Portadoras de Deficiência”.
sensíveis à luz vermelha, com isto existe uma
dificuldade em distinguir os pares de cores
azul/verde e vermelho/verde.
• Deuteranopia: Ausência dos cones do tipo M,
dificultando a distinção das cores A cateterização intravenosa periférica (CIP) para
vermelho/verde, roxo/azul e alguns tons de administração de fluidos e de medicamentos intravenosos
cinza. (IV) é o procedimento mais comum em pacientes
• Tritanopia: Ausência dos cones do tipo S. Pessoas hospitalizados em todo o mundo. A flebite causa uma
com esta anomalia possuem dificuldade em cascata de repercussões indesejadas – dor significativa,
distinguir o azul do verde, e o amarelo do violeta falha do CIP, interrupção da terapia prescrita e
necessidade de inserção de um novo PIVC. A flebite
compromete o acesso venoso futuro, e a flebite
bacteriana não tratada pode levar à infecção da
corrente sanguínea.
A flebite pode ser localizada no local de inserção ou viajar
ao longo da veia. Se ocorrer extravasamento (também
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chamado de infiltração) de fluidos no espaço intersticial, B- Química- causada pelo tipo de droga ou fluido
o edema pode impedir o reconhecimento de sintomas de infundido através do cateter, fatores como pH
flebite, como endurecimento (tecido endurecido), devido à e osmolaridade das substâncias têm um efeito
dificuldade de palpar a veia. A flebite pode ocorrer significativo na incidência de flebite
durante a cateterização ou até 48 horas após a C- Bacteriana- ocorre pela entrada de bactéria no
remoção. interior da veia, começando como uma resposta
inflamatória pela inserção do cateter, com
SINTOMAS: dor, sensibilidade, eritema ou vermelhidão,
posterior colonização por bactérias no local; a
edema ou inchaço, cordão venoso palpável,
flebite bacteriana pode gerar significativas
endurecimento ou endurecimento, trombose franca,
complicações para o paciente devido ao seu
formação de estrias ou linha vermelha, purulência ou
potencial de desenvolvimento de sepse sistêmica
exsudato, calor local, frio local, infusão lenta ou
interrompida, febre ou pirexia, dano tecidual e função GRAUS-
prejudicada
Grau 1: eritema ao redor do sítio de punção com ou sem
dor local;
Grau 2: dor no sítio de punção com eritema e/ou edema
e endurecimento;
Grau 3: dor no sítio de punção com eritema,
endurecimento e formação de cordão venoso palpável;
FATORES: técnica inadequada de inserção do CIP; condição Grau 4: dor no sítio de punção com eritema,
clínica do paciente; características da veia; endurecimento e formação de cordão venoso palpável >
incompatibilidade entre fármacos; tonicidade e pH do 1 cm com drenagem purulenta.
medicamento ou solução; filtração inefetiva; calibre, TRATAMENTO- As medidas físicas relatadas nos estudos
tamanho, comprimento e material do cateter; e tempo foram a aplicação de frio ou calor com auxílio de gelo,
prolongado de inserção compressas, aloe vera ou glicerina.
TIPOS: tratamentos fitoterápicos como a aplicação de
A- Mecânica- ocorre quando o movimento da cânula felodendro, quercetina, ictammol glicerina, calêndula,
no interior da veia causa fricção e uma camomila, gergelim e aloe vera também podem ser feitos.
subsequente inflamação desta, ocorrendo Além disso, produtos farmacológicos podem ser utilizados.
também quando o tamanho da cânula é muito Estes foram divididos em três grupos: anti-inflamatórios
grande para a veia selecionada (sulfato de magnésio-glicerina, sulfato de magnésio),
antitrombóticos (heparinoide) e hidratantes (glicerina).
SINAIS VITAIS-

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