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A Sibila Índice 2012/13 Índice 2011/12 Índice 2010/11 Matemática (5.º ano)

quinta-feira, 10 de outubro de 2019 Patreon

Análise do capítulo III de Sermão de Santo António aos Peixes Seja patrono

Neste capítulo, são apresentadas as virtudes de Ajuda

alguns peixes em particular, concretamente em quatro: o Ajude o blogue e clique na


«puberdade».
peixe de Tobias, o torpedo, a rémora e o quatro-olhos.
Por que razão o padre António Vieira selecionou
apenas este quatro e não outros peixes quaisquer? Para o
orador, por um lado, discorrer sobre as virtudes de todos
os peixes seria matéria “infinita” (daí só referir alguns); por
outro lado, estes peixes são os que possuem
características que os distinguem dos outros por causa
das suas virtudes; além disso, adequam-se melhor à
intenção argumentativa e persuasiva do texto.
Antes de descrever o peixe em concreto, o padre
Vieira conta o episódio bíblico que se lhe refere. O velho
Tobias ordenou a seu filho Tobias que fizesse uma viagem
129 €
até junto do seu povo para cobrar uma dívida e ao mesmo
tempo tomar esposa entre as mulheres da sua tribo.
Acompanhado pelo Anjo São Rafael, quando caminhava à
beira de um rio e tentou lavar as mãos do pó do caminho,
um peixe enorme abriu a boca para o comer. Ao ver-se
atacado, Tobias gritou e logo o socorreu o anjo, que lhe
disse que não tivesse medo e o aconselhou a puxar o
peixe para terra, retirar-lhe as entranhas e guardá-las, que
lhe “iam servir de muito”. Tobias assim fez e retirou-lhe o 59,95 €
fel e o coração, que possuíam duas qualidades: o fel
curava a cegueira e o coração afastava os demónios. Publicitas
Apresentadas as virtudes, o padre Vieira procede,
seguidamente, à sua demonstração. Sendo o pai de
Tobias cego, recuperou totalmente a visão depois de, a
conselho de São Rafael, lhe ter sido aplicado um pouco de
fel extraído do peixe. Por outro lado, o coração do peixe,
quando queimado em casa, servia para expulsar os
demónios que nela existissem, o que se veio a comprovar
no caso de Sara, que tinha na sua habitação o demónio
Asmodeu, que já lhe tinha matado sete maridos. Sara e
Tobias filho casaram, ele queimou na casa parte do
coração do peixe, o demónio fugiu dali “e nunca mais
tornou”. Assim se comprovaram as virtudes das entranhas
do peixe de Tobias.
De seguida, o orador estabelece uma analogia
entre o peixe e Santo António, referindo que as suas
palavras tinham o mesmo poder que as entranhas do
peixe. De facto, o santo “abria a boca contra os hereges e
enviava-se a eles, levado do fervor e zelo da Fé e da glória
divina”, mas eles reagiram e gritaram contra ele como o
!"#$%&'(
peixe de Tobias, porque “cuidavam que os queria comer”,
isto é, não o entenderam e atacaram-no. Observe-se a
metáfora e a interrogação «Pois a quem vos quer tirar as Filosofia
cegueiras, a quem vos quer livrar dos Demónios,
perseguis vós?!”, que acentua a ideia de que os homens
vivem cegos (isto é, em pecado) e atacam quem quer
curar a sua cegueira (ou seja, recolocá-los no caminho do
bem) e exprime a indignação do orador com os seus
ouvintes por causa da hostilidade que demonstram
relativamente a quem só quer o seu bem). Sucede que, se
alguém revelasse a esses homens o coração e as
entranhas do santo, descobririam as duas virtudes que
simbolizam: a cura da sua cegueira, dos seus pecados e
Pesquisar neste blogue
da sua ignorância, e a expulsão dos demónios de casa. No
entanto, há uma diferença entre Santo António e o peixe: o Pesquisar

primeiro pregava (abrir a boca) contra os hereges, contra


aqueles que não se queriam purificar (observe-se o Contacte-nos!

trocadilho com a expressão «abrir a boca» a


Nome
expressividade da metáfora / polissemia do verbo «lavar»)
pela palavra de Deus, enquanto o segundo abria a boca
Email *
“contra quem se lavava”.
Dito de outra forma, neste passo do sermão o
Mensagem *
padre Vieira compara o poder e a virtude do peixe com a
mestria da pregação e da doutrina de Santo António: os
homens que ouvissem as suas palavras libertar-se-iam da
cegueira, dos demónios, do mal, ou seja, dos vícios que os Enviar
corrompiam, emendar-se-iam e mudariam de vida. Aqui se
discerne a alegoria deste passo: a palavra de Deus
ilumina e afasta os vícios dos homens. Por outro lado, a Seguidores

dimensão crítica é também evidente: Vieira critica os


homens que, cheios de vícios e pecados, não se deixam
Etiquetas
doutrinar, não se querem purificar, nem corrigir os seus
'A Sibila'
'A Ilustre Casa de Ramires' ( 1 )
erros, nem abandonar os seus vícios. ( 51 ) 'Admirável Mundo Novo'
O louvor do peixe de Tobias finaliza com uma ( 58 ) 'Crónica de D. João I' ( 16 )
'Farsa de Inês Pereira' ( 14 ) 'Felizmente há
apóstrofe aos «moradores do Maranhão», que constitui um luar!' ( 2 ) 'Frei Luís de Sousa' ( 58 )
'Memorial do
'Histórico Trágico-Marítima' ( 1 )
apelo («Abri, abri estas entranhas; vede, vede este Convento' ( 10 ) 'Mensagem' ( 4 ) 'O Ano
da Morte de Ricardo Reis' ( 17 ) 'O Livro
coração.») a que vejam as entranhas dele mesmo – padre
do Desassossego' ( 4 ) 'Romeu e
Vieira – e o seu coração puro e virtuoso, porque curam a Julieta' ( 101 ) 'Sermão de Santo
cegueira do pecado. Todavia, a ironia das duas frases 10.º Ano
António aos Peixes' ( 32 )

finais do parágrafo – o orador “relembra” que não prega ( 197 ) 11.º Ano ( 167 )
12.º Ano ( 176 ) 9.º Ano ( 3 ) A
aos homens, mas aos peixes – servem para cativar e Cor do Dinheiro ( 3 ) A Guerra dos Tronos
( 30 ) A Sibila ( 10 ) A-ha ( 10 ) Acordo
prender a atenção do seu auditório, mas também para Ortográfico ( 11 ) Adília Lopes ( 6 )
escancarar a sua mágoa pelo facto de esse mesmo Admirável Mundo Novo ( 2 ) Agostinho Neto ( 3 )
Agricultura ( 1 ) Agustina Bessa-Luís
auditório ignorar a sua mensagem, a sua pregação, cuja ( 61 ) Al Berto ( 1 ) Alberto Caeiro ( 8 ) Alda
Aldous Huxley ( 60 )
única finalidade é curar-lhes a cegueira e libertá-los do mal Lara ( 1 )
Alexandre O'Neill ( 4 ) Almada Negreiros ( 1 )
(algo que eles não percebem). Almeida Garrett ( 82 ) Alunos:
Trabalhos ( 124 ) Álvaro de Campos
( 12 ) Ambiente ( 2 ) Amor de Perdição
( 15 ) Ana Luísa Amaral ( 7 ) Análises
Seguidamente, o padre António Vieira apresenta
( 342 ) Angola ( 3 ) Animação
outro exemplo, o da rémora, cujas características são as ( 85 ) Antero de Quental ( 7 ) António
Ferreira ( 2 ) António Gedeão ( 2 ) António Mota
seguintes: é um «peixezinho tão pequeno no corpo e tão ( 1 ) António Pedro ( 1 ) António Ramos Rosa ( 1 )
Aparição ( 10 ) Apreciação Crítica ( 3 )
grande na força e no poder». De facto, estamos na Aprendizagens Essenciais ( 4 ) Aquilino
presença de um peixe de pequenas dimensões que possui Ribeiro ( 1 ) Arcadismo ( 1 ) Arte ( 3 )
Astronomia ( 7 ) Atividades ( 5 )
uma barbatana dorsal transformada em ventosa. Segundo Atualidade ( 64 ) Áudio ( 3 ) Aulas ( 5 )
Autonomia e Flexibilidade Curricular ( 4 )
a ideia exagerada de obras da Antiguidade, como, por Avaliação ( 24 ) Aviões e Músicas ( 10 )
Banda Desenhada ( 5 ) Barroco ( 7 ) Basílio
exemplo, a História Natural, de Plínio (séc. I d.C.), este da Gama ( 1 ) Basquetebol ( 3 ) Benfica

animal teria a propriedade de fazer parar uma nau se se ( 31 ) Benfica TV ( 1 ) Bento Teixeira ( 1 )
Bernardo Soares ( 5 ) Bibliofilmes ( 1 )
pegasse ao seu leme. Repare-se na forma como é Biblioteca ( 1 )Biografias ( 11 ) Biologia ( 1 )
Blogue ( 17 ) Blogues ( 22 ) Bocage ( 6 )
justificada a sua integração no sermão: se naquele dia se Botticelli ( 3 ) Brasil ( 89 ) Calendário

celebra Santo António (13 de junho), que é um “santo escolar ( 20 ) Calinadas ( 248 )
Calinadas em exames ( 8 ) Camilo Castelo
menor”, então terá todo o cabimento incorporar no texto Branco ( 15 ) Camilo Pessanha ( 1 )
Camões ( 58 ) Cantiga de Amigo
um peixe também menor. E acrescenta que se trata de ( 36 ) Cantiga de Amor ( 22 ) Cantiga de
Escárnio e Maldizer ( 17 ) Caravaggio ( 2 )
uma preferência (“devem preferir” = devem ser preferidos) Caricatura ( 35 ) Carlos de Oliveira ( 1 ) Carlos
de caráter obrigatório. Drummond de Andrade ( 6 ) Cartune
O uso do diminutivo «peixinho» chama a atenção ( 195 ) Cassiano Ricardo ( 2 ) Cecília
Meireles ( 3 ) Censura ( 1 ) Cesário Verde ( 2 )
do ouvinte para as dimensões reduzidas do animal e Chico Buarque ( 2 ) Cidadania ( 4 ) Ciência
( 26 ) Cinema ( 25 ) Citações ( 29 )
traduz a afetividade do orador para com ele. O contraste Cláudio Manuel da Costa ( 2 ) Concursos ( 6 )
Contexto ( 35 ) Conto
entre o seu tamanho (acentuado pelo advérbio «tão») e as Conferências ( 1 )
( 34 ) Conto da Ilha Desconhecida ( 6 )
características morais que o tornam “tão grande na força e Conto popular ( 1 ) COVID-19 ( 65 )
Crime ( 14 ) Crise ( 1 ) Crónica
Crendice ( 1 )
no poder” configuram a prevalência do espírito sobre o de D. João I ( 9 ) Cruz e Sousa ( 3 )
Curiosidades ( 14 ) Curriculum ( 6 ) Curtas
corpo. Para exemplificar esse poder da rémora, Vieira ( 5 ) CV ( 4 ) Da Vinci ( 1 ) Desafios ( 1 )
Desemprego ( 3 ) Desporto ( 119 )
seleciona um objeto que é o “leme de uma nau da Índia”. Disciplina ( 3 ) Divulgação ( 23 )
Ora, esta era o tipo de embarcação mais possante da Docentes ( 48 ) Documentário ( 4 )
Eça de Queirós ( 30 ) Economia ( 10 )
época; por outro lado, a Índia é um local bem distante de Educação ( 232 )
onde regressavam as naus normalmente muito Efemérides ( 63 ) El Bosco ( 1 ) El Greco
( 1 ) Eleições ( 119 ) Em direto ( 2 )
carregadas; além disso, a referência a elementos como Emprego ( 2 ) Ensino à Distância ( 1 ) Ensino
Especial ( 5 ) Ensino Superior ( 7 ) Escola
«velas» e «ventos», os quais possibilitam a deslocação do Moderna ( 1 ) Escrita ( 10 ) Espanha ( 4 )

barco e atuam em conjunto (“das velas e dos ventos”), o Estudos ( 35 ) Eugénio de Andrade ( 9 )
Exames ( 198 ) Exercícios
que torna muito mais difícil a tarefa de os anular, aliada à ( 46 ) Exercícios de Leitura ( 2 ) Exercícios
expressão coordenada, com valor também concessivo, Famílias
interativos ( 2 ) Facebook ( 2 )
desavindas ( 9 ) Farsa de Inês Pereira
que destaca o peso e o tamanho da rémora, contribuem ( 15 ) Férias ( 23 ) Fernando Pessoa
( 60 ) Fernão Lopes ( 25 ) Fichas
para a criação de um contraste entre o animal e os ( 108 ) Finanças ( 6 ) Finlândia ( 1 )
elementos contra os quais é representado a agir, contraste Fiscalidade ( 3 ) Florbela Espanca ( 1 ) Floresta
( 2 ) Formação ( 2 ) Fotografia ( 65 )
esse que traduz a desproporção entre a gigantesca nau ou França ( 1 ) Frei Luís de Sousa ( 3 ) Futsal ( 1 )
George ( 10 ) George R. R.
Geografia ( 1 )
a força dos ventos e das velas que a fazem mover. Apesar Martin ( 29 ) GIF ( 1 ) Gil Vicente ( 30 )
Giotto ( 1 ) Gonçalves Dias ( 5 ) Goya ( 1 )
disso, a rémora é capaz de “prender e amarrar” a nau
Gramática ( 331 ) Gravata ( 1 )
“mais que as mesmas âncoras” (atente-se na imagem, na Gregório de Matos ( 10 ) Greve ( 14 )
Guerra ( 28 ) Gustave Flaubert ( 5 )
comparação, na interrogação retórica e na hipérbole). Herberto Hélder ( 2 ) Heterónimos ( 1 ) História ( 2 )

A interjeição «Oh» que abre o período seguinte Homero ( 64 ) Humor ( 159 )


Ilíada ( 64 ) Imagem ( 223 )
introduz um desejo do orador: o de que houvesse uma In Memoriam ( 87 ) Infográfico ( 1 )
rémora na terra, com tanta força como a do mar, que Informações-prova ( 7 ) Interdisciplinaridade
( 1 ) Internet ( 4 ) IRS ( 1 ) Jorge de Sena ( 4 )
diminuiria o número de calamidades (“perigos na vida” e Jorge de Sousa Braga ( 1 )José Cardoso
Pires ( 9 ) José de Alencar ( 35 ) José de
“naufrágios no mundo”) que se abatem sobre os homens. Anchieta ( 1 ) José Régio ( 2 ) José
Posteriormente, o padre Vieira estabelece uma Saramago ( 40 ) Josefa de Óbidos ( 1 )
Júlio Pomar ( 1 ) Justiça ( 6 ) Khan Academy ( 1 )
analogia entre a rémora e Santo António: a existir, a Legislação ( 52 ) Leitura ( 2 ) Leitura de
Imagem ( 2 ) Leituras ( 2 ) Língua ( 5 ) Livros ( 1 )
rémora na terra seria a língua do santo. Esta ideia é Local ( 5 ) Luís Bernardo Honwana ( 3 )
Madame Bovary ( 5 ) Manuais ( 2 ) Manuel
sustentada por um argumento de autoridade: a citação de Alegre ( 1 ) Manuel Bandeira ( 2 ) Manuel Botelho
Maria Judite
S. Gregório Nazianzeno (“Na verdade, a língua é pequena, ( 1 ) Manuel da Fonseca ( 8 )
de Carvalho ( 10 ) Mário Cesariny de
mas tudo vence pela força.”). De seguida, explica a Vasconcelos ( 1 ) Mário de Andrade ( 1 ) Mário de
Carvalho ( 15 ) Mário de Sá Carneiro ( 1 ) Mário
relação existente entre a «língua» e os objetos que têm de Sá-Carneiro ( 1 ) Mark Twain ( 49 )
Matemática ( 2 ) Matemática (5.º) ( 3 ) Materiais
como função guiar ou travar o percurso: o «leme» da nau ( 2 ) Material ( 1 ) Matrizes ( 3 ) MEC ( 1 )

e o «freio» do cavalo (metáforas). A rémora “é freio da nau Media ( 127 ) Medicina ( 2 ) Memorial do
Convento Memórias ( 10 )
( 8 )
e leme do leme”. As virtudes e a força são pertença da Mensagem ( 23 ) Mensagem' ( 1 )
Meteorologia ( 5 ) Miguel Torga ( 9 )
língua e esta, por sua vez, pertence a Santo António. Ministério da Educação ( 3 ) Mitologia ( 7 )

No período seguinte, através de uma imagem que Modernismo ( 2 ) Momentos ( 2 ) Música


( 176 ) Natal ( 102 )
Na sala ( 3 )
sugere a existência de uma nau, associa o livre-arbítrio Nobel ( 1 ) Nós ( 49 ) Notícias ( 97 ) O
(“alvedrio”) inerente aos homens ao «leme» e a «razão» Caminho das Estrelas ( 2 ) O Delfim ( 9 )
Obscenidades ( 8 ) Olavo Bilac ( 2 ) Opinião
ao piloto. Recorrendo à conjunção coordenativa ( 71 ) Oralidade ( 1 ) Os Lusíadas ( 38 ) Os
Maias ( 27 ) Oswald de Andrade ( 3 )
adversativa «mas», o orador estabelece um contraste Padre António Vieira ( 41 )
entre o que deveria ser (o que acabou de referir) e aquilo Parnasianismo ( 1 ) Páscoa ( 2 ) Património
( 19 ) Paul Gauguin ( 1 ) Paula Rego ( 4 )
que é e que se encontra demonstrado no quantificador Pedro Mexia ( 1 ) Pedro Teixeira Neves ( 3 )
Personalidades ( 3 ) Pessoal ( 46 )
indefinido «poucas», intensificado pelo advérbio «quão», Pintura ( 59 ) PIRLS ( 6 ) PISA ( 5 )
que, por antítese, denuncia o grande número de vezes Podcast ( 17 ) Poesia ( 85 ) Poesia
Trovadoresca ( 81 ) Poesia Universitária
que o homem erra; e o adjetivo «precipitados», ( 2 ) Política ( 198 ) Português
qualificador do nome abstrato «ímpetos» – que têm origem Correto ( 154 ) PowerPoint ( 13 )
Prémios ( 1 ) Programa ( 7 ) Projetos ( 4 )
no «alvedrio» – anula a submissão à razão, como é Provas de Aferição ( 21 ) Que farei com
este livro? ( 17 ) Questionários ( 8 )
indiciado pela frase interrogativa. Porém, o leme é “tão Ranking ( 5 ) Recensão ( 1 ) Recursos digitais
desobediente e rebelde” e Vieira compara a língua do ( 4 ) Relatórios ( 2 ) Religião ( 1 ) Rembrandt ( 1 )
Resumo ( 1 ) Resumos literários ( 22 )
santo à rémora, realçando a semelhança entre a força do Retratos ( 1 ) Ricardo Araújo Pereira ( 1 ) Ricardo
Reis ( 11 ) Rimas ( 1 ) Romance histórico ( 2 )
peixe e a da língua de Santo António “para domar e parar Romantismo ( 2 ) Rubens ( 1 ) Sá de Miranda
( 5 ) Saudação ( 1 ) Saúde ( 16 ) Secundário
a fúria das paixões humanas”. Dito de outra forma, as suas Seinfeld ( 22 ) Semana Académica
( 1 )
( 19 ) Sempre é uma companhia ( 8 )
palavras foram “uma rémora na terra”, dado que Séries televisivas ( 23 ) Sermão de Santo
conseguiram domar as paixões humanas. Note-se, neste António aos Peixes ( 8 ) Shakespeare
( 123 ) Sindicatos ( 4 ) Slideshow ( 1 )
passo, a expressividade do nome «fúria», que sugere uma Sociedade ( 4 ) Solidariedade ( 2 ) Sondagem
( 7 ) Sophia de Mello Breyner ( 3 ) Sttau
circunstância de agressividade e irracionalidade, e da Monteiro ( 2 ) Tecnologias ( 14 ) TED-Ed ( 7 )
Televisão ( 18 ) Terrorismo ( 11 ) Texto
gradação presente nos verbos «domar» e «parar», pois o dramático ( 1 ) Textos ( 20 ) Textos

primeiro refere-se a um ato de submissão e o segundo (auto)biográficos ( 3 ) Textos dos media ( 2 )


TikTok ( 1 ) TIMSS ( 4 ) Trabalhos ( 29 )
remete para uma situação de cessação/fim de algo. Tutoria ( 1 ) Twittadas ( 22 ) Twitter ( 4 )
Vergílio Ferreira ( 10 ) Viagens na Minha
O padre Vieira prossegue o seu discurso alegórico, Terra ( 22 ) Vida ( 6 ) Vídeo ( 68 )
Vinicius de Moraes ( 1 ) Visita de Estudo ( 7 )
apresentando quatro exemplos que confirmam a ideia de Youtube ( 2 ) Zinaida Serebriakova ( 1 )

que ele foi uma rémora entre os homens, porque


conseguiu “domar a fúria das paixões humanas”: Pedros e Ineses
a nau Soberba, com as velas inchadas pelo
vento, não se desfez contra os rochedos, porque
as palavras de Santo António a salvaram;
a nau Vingança, carregada de ira e de ódio, In-Page Push
encontrou a paz através das palavras do santo;
a nau Cobiça, sobrecarregada até às gáveas
Pop-Under
com uma “carga injusta”, foi salva das garras dos
corsários pela ação de Santo António;
a nau Sensualidade, perdida na cerração e na Interstitial
noite, iludida pelos cantos das sereias, encontrou
a salvação, seguindo a luz das palavras do santo.
O orador começa, pois, por nos falar dos homens Direct Link

dominados pela soberba e que, por isso, navegam num https://geniusdexchange.com/jump/next.


php?r=6347746
navio “com as velhas inchadas do vento e da mesma
soberba”. Estas orações demonstram a rapidez com que a
AutoTag
embarcação e os seus ocupantes se deslocam
(«correndo»). A imagem das velas enfunadas sugere que
o vento é propício a uma navegação veloz. Nota-se, Contador do blogger

porém, aqui o estabelecimento de uma analogia entre a 25,714,433


imagem do vento a enfunar as velas e a da soberba (“que
também é vento”), que é tão vazia quanto o vento e, tal
Snippet
como ele, obriga os homens a movimentarem-se com
View My Stats
rapidez excessiva. Esta atitude coloca-os na iminência do
perigo (“se iam desfazer nos baixos”), ideia reforçada pela
Meteorologia
metáfora «rebentavam». No entanto, a língua de Santo
António, mais uma vez comparada à rémora, impediu que
esta situação de destruição se concretizasse: “… se a
língua de António, como rémora, não tivesse mão no leme”
(metáforas). A sua língua funciona como a mão de um
piloto experiente, guiando a nau por um rumo certo,
mantendo o leme na posição devida, “até que as velas se
amainassem”. Ou seja, embora seja Santo António quem
mantém o rumo, são as velas que, por decisão própria,
que corresponde à intervenção do «alvedrio», reduzem a
velocidade, o que implica que a escolha última seja
sempre do indivíduo (o livre-arbítrio).
No período seguinte, o foco do orador centra-se
nos que embarcaram na nau Vingança, “com a artilharia
Weather Forecast | Weather Maps | Weather Radar
abocada e os botafogos acesos”, “corriam enfunados a
dar-se batalha”. As consequências deste ato passariam
Supercounter
pela destruição inevitável, fosse pelo fogo, fosse pela
água. Novamente, é a língua de Santo António 26 ONLINE

(metaforicamente considerada como «rémora») que detém


a fúria e os salva dessa destruição. Esta situação Meteorologia

apresenta 3 fases: a primeira, em que a ira e o ódio Weather by Freemeteo.com


Sezimbra
dominaram e o desejo de vingança imperou; a segunda, actualmente
22 oC
marcada (já) pela inexistência desses sentimentos; a Algumas nuvens

terceira, caracterizada pela predominância da amizade, hoje

que substituiu o ódio. 18o/21oC


Nublado

O período posterior foca a nau Cobiça. Ou seja, o


amanhã
orador vai debruçar-se sobre todos aqueles que se deixam 18o/22oC
Possibilidade de
dominar pela cobiça. Note-se como o padre Vieira chuva

hiperboliza as ideias veiculadas pelas imagens 7-day forecast >>


Meteogram >>

“sobrecarregada até às gáveas” e “aberta com o peso de Busca por Previsão


cidade ou povoação

todas as costuras”, as quais revelam a ambição Informações por Freemeteo

desmedida dos homens, impedindo-os de vislumbrarem o


perigo que os espreita (“incapaz de fugir, nem se Jornais

defender”). O navio vai tão carregado e vulnerável que é A Bola

impossível a sua defesa. A salvação, mais uma vez, está Correio da Manhã

na “língua de António”, que impede que os indivíduos Diário de Notícias

percam tudo o que já possuem (“com perda do que Jornal de Notícias

levavam”), bem como o que poderiam vir a ter (“e do que O Jogo

iam buscar”), mostrando-se assim que a cobiça, o desejo Público

excessivo de bens materiais, pode levar a uma perda Record

superior àquilo que se desejou lucrar. Até à intervenção da


rémora (o santo), os navegantes corriam o perigo de Desporto
perder tudo, pois a carga da nau (a cobiça) era excessiva; Visão de Mercado
«Quem manda em sua casa, você ou
agora, libertos dessa carga («aliviados»), adquirida de a sua mulher?»: A pergunta que
forma errada («injusta»), entram numa fase que os conduz deixou Vítor Pereira fulo

a um terceiro momento, este vivido já em segurança Camarote Leonino


As Notas de Julius 2022/23 (15)
(“escapassem do perigo e tomassem porto?”).
Por fim, surge em cena a nau Sensualidade, que Parem lá com isso!
Portugal é um circo - episódio (bem,
transporta aqueles que, cegos, s perderiam em Cila ou são mais episódios do que Os
Simpsons, certamente)
Caríbdis, escolhos situados no estreito de Messina, onde
NovoGeraçãoBenfica
se afundavam muitos navios; neste passo, Vieira faz uma
referência ao episódio da Odisseia, de Homero, em que
Ulisses enfrenta Cila (o monstro de seis cabeças de Educação
serpente) e o remoinho Caríbdis. Esta quarta nau navega Escola Portuguesa
Plenário Nacional – 1.º CEB
sempre (note-se como o recurso ao presente do indicativo
e o uso do advérbio de tempo «sempre» sugerem o O Meu Quintal
5ª Feira
caráter habitual das condições de navegação) com
Blog DeAr Lindo
cerração, sem Sol de dia, nem estrelas de noite, o que a 6 – Possibilidade de Reinscrição na
impede de conhecer o rumo certo, pois não consegue ver ADSE

os elementos que serviriam de orientação. Os perigos e a Biblos-aefcr-be


10 dicas para motivar os alunos a
perdição a que os navegadores estão sujeitos são escrever

acentuados pela referência ao canto das sereias (o qual, DIÁRIO DE UM LINGUISTA


de acordo com a mitologia, conduz quem o ouve à loucura
e/ou à morte) e à navegação ao sabor da corrente, sem
nada ser feito para alterar as circunstâncias, acabando por
se perder “onde não aparecesse navio nem navegante”.
No entanto, os ocupantes da nau Sensualidade são
salvos, mais uma vez, pela língua de Santo António.
Estilisticamente, o parágrafo referente à rémora é
marcado, entre outros, pelos seguintes recursos:
a simetria e o paralelismo de construção;
a reiteração do quantificador interrogativo
«quantos», sob a forma de anáfora, que sugere a
indefinição acerca do número de indivíduos que
navegam nas diferentes naus;
o modo condicional, para designar as catástrofes
que podem advir das paixões humanas; Negacionismo científico e
negacionismo político
a conjunção subordinativa condicional «se», que,
Lendo.org
associada ao modo conjuntivo em frases de teor TCC de pedagogia: temas atuais e
exemplos prontos em 2022
negativo, remete para uma situação hipotética e
irreal; ncultura
Os 10 castelos mais bonitos de
a locução conjuncional «até que», que significa Portugal

anterioridade e estabelece um limite temporal; Língua Portuguesa: perguntas e


o caráter interrogativo dos sucessivos períodos respostas!
Quando devemos usar
constitui um convite dirigido aos ouvintes para que os parênteses retos ([ ])
?
meditem nas situações apresentadas.
Por outro lado, esta passagem do sermão,
referente à rémora, põe-nos em contacto, através das
imagens das quatro naus, com quatro tipos de vícios dos
Social Media Management Tools
homens, os quais só se salvaram graças à língua de Santo
António, que os «obrigou» a usar o livre-arbítrio (a
Citador
capacidade individual de escolha) que cada um possui, de
"O saber é a parte mais considerável
forma racional. da felicidade"
Sofocleto
O último período referente ao peixe em questão
abre com uma apóstrofe aos «peixes» e uma perífrase do
santo (“do vosso grande pregador”), que funcionou como
rémora (isto é, guia) para aqueles enquanto a ouviram, no Tradutor

entanto a sua mudez presente (causa) acarreta Selecionar idioma

consequências desagradáveis: a existência de muitos Tecnologia do Tradutor

naufrágios (“se veem e choram na terra tantos naufrágios”


– gradação). Há aqui, portanto, uma relação de causa (a Relógio

mudez do santo) -efeito (os naufrágios). Uma última nota 13:32


para a oração subordinada adverbial concessiva (“posto Outubro 27, 2022
Vila do Conde
que ainda se conserva inteira”), que se refere ao facto de a
língua de Santo António se conservar como relíquia na sua
Os mais chatos
basílica em Pádua. Porém, como está muda, incapaz de
exercer a sua função no presente, existem perdas
numerosas, ou seja, desde que emudeceu, veem-se na Mensagens populares

terra muitos homens que se perdem pela soberba, pela Sonho e realidade em Fernando Pessoa

vingança, pela cobiça e pela sensualidade. A dor de pensar em Fernando Pessoa

O recurso à alegoria das naus, em suma, confirma Análise do capítulo III de Sermão de
Santo António aos Peixes
e exemplifica o poder e a virtude de Santo António (e da
Análise do poema "Isto"
sua língua) ao domar, controlar e travar os vícios do ser
Fernando Pessoa: o fingimento poético /
humano: artístico

A nostalgia da infância em Fernando


Simbologia Tipo
Pessoa
Elementos dos Ação de humano
Consequênci
Naus caracterizador elementos Santo criticado Análise do poema "Gato que brincas na
as
es/Atitudes caracterizador António rua"
es
Nau “Quantos, A Nau O vento Leva as Os homens Análise do capítulo II de Sermão de
Soberba correndo Soberba simboliza o velas a vaidosos, Santo António aos Peixes
fortuna”, “velas estava caráter vão do amainarem que sentem Análise da cantiga "Digades, filha, mha
inchadas do destinada a pecado da e a um orgulho filha velida"
vento e da desfazer-se soberba (isto tempestade desmedido.
mesma nos baixos, é, do orgulho interior e "Ai flores, ai flores do verde pino"
soberba” que já desmedido) exterior a
estavam terminar.
próximos.
Nau “Quantos» Queimarem-se O arsenal de Detém a Os homens Arquivo do blogue
Vingança «com a ou afundarem- guerra e o fúria, acaba que se
► 2084 ( 1 )
artilharia se numa facto de com a ira e o movem
abocada” batalha. avançarem ódio e faz a pelo desejo ► 2022 ( 306 )
“e os bota-fogo “enfunados” (= nau içar de
► 2021 ( 365 )
acesos” com as velas bandeiras de vingança.
“corriam inchadas ou paz. ► 2020 ( 363 )
enfunados a «com orgulho ▼ 2019 ( 585 )
dar-se batalha” de vaidade»)
simbolizam a ► dezembro ( 151 )
fúria e a ► novembro ( 44 )
impetuosidade
▼ outubro ( 18 )
que arrasta as
pessoas que ► out 30 ( 4 )
se movem pelo ► out 26 ( 1 )
desejo de
vingança. ► out 24 ( 3 )
Nau “sobrecarregad Serem A carga Faz a Nau Os que se ► out 21 ( 4 )
Cobiça a até às capturados excessiva parar e leva- submetem
gáveas” pelos simboliza o a a libertar- ao ► out 20 ( 1 )
“e aberta com o corsários, resultado da se da carga materialism ► out 19 ( 1 )
peso por todas perdendo as cobiça, que que adquiriu o, à cobiça
as costuras” riquezas que leva os de forma e à ► out 13 ( 1 )
“incapaz de tinham e as homens a injusta, de ganância. ▼ out 10 ( 1 )
fugir, nem de se que iam acumularem modo a Análise do capítulo III
defender” buscar demasiados conseguir de Sermão de Santo
(“dariam nas bens. escapar ao Antóni...
mãos dos perigo dos
corsários com corsários e ► out 08 ( 1 )
perda do que chegar a
► out 05 ( 1 )
levavam e do bom porto.
que iam ► setembro ( 61 )
buscar”).
Nau “sempre navega Iriam perder- A cegueira e a Impede a Os homens ► agosto ( 115 )
Sensualid com cerração, se cegamente desorientação nau de que caem ► julho ( 21 )
ade sem sol de dia, em Cila ou em simbolizam o naufragar, facilmente
nem estrelas de Caríbdis, onde que sucede levando os na ► junho ( 38 )
noite” não aos que se seus tentação, ► maio ( 25 )
os seus aparecesse deixam levar ocupantes a na luxúria e
ocupantes navio nem pela readquirirem na ► abril ( 33 )
navegam navegante. sensualidade: a desorientaç ► março ( 49 )
“enganados do não tendo capacidade ão.
canto das domínio sobre de ver e a ► fevereiro ( 9 )
sereias e si mesmos, voltarem a ► janeiro ( 21 )
deixando-se caem assumir o
levar da facilmente em rumo certo. ► 2018 ( 350 )
corrente” tentação.
► 2017 ( 426 )
► 2016 ( 135 )
► 2015 ( 128 )
Publicada por Filoctetes à(s) 00:33
► 2014 ( 161 )
Etiquetas: 'Sermão de Santo António aos Peixes' , 11.º Ano , ► 2013 ( 316 )

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