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A estratégia, o mercado e as dificuldades do Facility Management no Brasil


perspectivas

Article · January 2009

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Andreas Dittmar Weise Charles Albino Schultz


Hochschule 21 Universidade Federal da Fronteira Sul
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Andréa Cristina Trierweiller Rudimar Antunes da Rocha


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A estratégia, o mercado e as dificuldades do Facility Management no


Brasil perspectivas

Andreas Dittmar Weise (UFSC) mail@adweise.de


Charles A. Schultz (TU Chemnitz) charles-albino.schultz@s2008.tu-chemnitz.de
Andréa Cristina Trierweiller (UFSC) andreatri@gmail.com
Rudimar Antunes da Rocha (UFSC) rrudimar@hotmail.com

Resumo: O Facility Management (FM) é uma ferramenta de gestão e de terceirização de


serviços secundários, com foco nos imóveis e na busca pela otimização de recursos e pela
redução de custos. Introduzida no Brasil por volta do ano 2000, essa ferramenta permanece,
até o momento, desconhecida em muitos segmentos, contando com poucos estudos sobre
mercado e serviços. O objetivo deste estudo consiste em descrever as características do FM e
apresentar uma estimativa de seu crescimento no mercado brasileiro. Por meio da revisão da
literatura especializada foram realizadas estimativas utilizando duas formas distintas de
cálculo: uma com base no valor total dos imóveis comerciais e industriais, e outra, no valor
dos submercados de FM, dos quais se empregou, como base, o submercado de manutenção.
Concluiu-se que o valor total estimado do mercado de FM no Brasil é de R$ 100 bilhões/ano.
Acredita-se que este crescimento, diante da atual crise imobiliária, seja afetado
negativamente, porém, alternando com períodos de crise, a demanda destes serviços tende a
aumentar devido a busca por melhores resultados.
Palavras-chave: Facility Management; Terceirização; Mercado brasileiro.

1. Introdução
O termo Facility Management (FM), também encontrado na literatura como Facilities
Management ou gestão de facilidades, surgiu nos Estados Unidos (EUA), aonde é utilizado no
processo empresarial imobiliário há aproximadamente 25 anos. Desde então, o FM vem se
popularizando entre consultores e empresas multinacionais, geralmente, inseridas no mercado
imobiliário (Best, Langston e Valence, 2002). Esta ferramenta de gestão chegou ao Brasil em
meados do ano 2000.
O mercado imobiliário é considerado de grande porte e subdividido em dois grupos de
imóveis: residenciais e comerciais. A característica-chave que diferencia estes grupos está
relacionada ao tipo de exploração da propriedade, isto é, para a moradia ou para a
comercialização de produtos ou prestação de serviços. Geralmente, os imóveis residenciais
produzem poucos custos de exploração e de manutenção durante o tempo de utilização,
enquanto os imóveis comerciais, quase sempre, produzem elevados custos operacionais e de
manutenção. Contudo, mesmo os imóveis residenciais tendo custos de exploração menores,
estes custos associados aos custos de manutenção ainda são considerados significativos. Os
gastos totais com estes imóveis é o principal fator motivador da busca pela otimização dos
ativos, tanto pela redução dos custos operacionais, quanto pela otimização da utilização do
imóvel, visando à melhoria da rentabilidade deste bem (Pierschke, 2000). Esse conjunto de
técnicas originou o que se conhece como FM.
Atualmente, as principais usuárias dos serviços de FM são empresas de grande porte
de setores da construção civil, da administração imobiliária e da informática, especialmente,
na Europa, América do Norte e Ásia, aonde o FM é mais conhecido. Vale destacar que os
países que já atingiram um alto grau de desenvolvimento deste serviço são: Alemanha, Grã-

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Bretanha e EUA. No Brasil, algumas empresas já anunciam a prestação dos serviços de FM


em seus sites, porém o desenvolvimento deste mercado ainda é incipiente. Porém, entende-se
que a criação da Associação Brasileira de Facilities [Abrafac], em 2004, tenha sido um passo
relevante à consolidação desta ferramenta de gestão no Brasil (Quinello e Nicolleti, 2006).
Razões pelas quais os estudos sobre este tema ainda são reduzidos no Brasil. Por isto é
que se resolveu elaborar o presente artigo para relatar as abordagens e o estágio de
desenvolvimento do FM, objetivando-se com isso analisar as tendências do FM no Brasil
hodierno.
2. Metodologia
Com forma de contextualizar e conceituar o tema do estudo, a primeira parte do
trabalho é composta por uma abordagem descritiva do assunto FM. Conforme Vergara
(2007), estudos descritivos caracterizam-se pela exposição de características e de fatores
envolvidos com o fenômeno estudado de uma forma completa. Tais estudos, na acepção da
referida autora, se aplicam a fenômenos sobre os quais não se tem domínio, seja parcial ou
total, do comportamento das características.
Na segunda parte do estudo, busca-se a resposta ao objetivo principal do estudo. Por
meio da análise dos dados puderam-se realizar estimativas sobre o volume total do mercado
de FM no Brasil, bem como as suas tendências. Estes dados foram coletados de fontes
bibliográficas e documentais provenientes de consultas em livros, revistas, anais de
congressos e sites da internet que possibilitaram a descrição e o potencial do mercado
brasileiro de serviços de FM, capazes de se elaborar as estimativas apresentadas no
transcorrer do presente artigo.
3. Facility Management
Nos Estados Unidos da América a utilização dos serviços de FM começou no final da
década de 1970, período em que era aplicado à exploração de edificações em grande escala. A
primeira conferência sobre os efeitos da utilização de Facilities para o aumento de
produtividade foi realizada nos EUA em 1978 (May, Eschenbaum e Breitenstein, 1998).
Cinco anos depois o Facility Management Institute definiu o FM como: “Facility
Management is the practice of coordinating the physical workplace with the people and work
of the organization, integrating the principles of business administration, architecture, and
the behavioral and engineering sciences.” (Library of Congress, 1983 como citado em
Kahlen, 2001, p. 2), publicada pela International Facility Managenment Association [IFMA]
no “The IFMA Report # 1” (Ifma, 1984). Portanto, o FM tem seu foco na coordenação física
do local de trabalho, dos trabalhadores e do próprio trabalho da organização (Booty, 2008;
Schulte e Pierschke, 2000; Quinello e Nicolleti, 2006). Contudo, sua aplicação fora do ramo
industrial tem as mesmas funções, otimizando e coordenando as pessoas, o espaço físico
ocupado por elas e todo o ambiente.
A partir desta definição, muitas empresas passaram a considerar parte do mercado de
FM, o que fez com que o campo de ação do FM se tornasse complexo, uma vez que a área de
atuação é universal e o potencial do mercado é grande (Internationales Institut Für Facility
Management [IIFM], 2004). Como se pode observar, na Figura 1, há prestadores de serviços
de diversos ramos que compõem o mercado de FM.

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Empresas artesanais

Empresas imobiliárias Empresas de serviços


técnicos para imóveis

Mercado Empresas de
Empresas de para serviços de sinalização, de comando
limpeza e de FM externo e de instalações básicas
segurança

Construtoras Empresas de
sistemas
enérgeticos

Divisão terceirizada para FM que presta


serviços para outras empresas

FIGURA 1 – Ramos dos prestadores de serviços. Fonte: Burr (2003).


3.1 Aplicações do FM
A aplicação eficiente do FM exige a identificação de todos os custos, o que envolve o
levantamento dos custos operacionais e de manutenção de todo o ciclo de vida dos imóveis.
Adicionalmente, quando possível, devem ser coletadas e analisadas todas as informações
sobre a utilização dos imóveis, e o acompanhamento da execução e dos resultados do trabalho
de FM, de forma que se torne possível a avaliação de sua eficácia. Paralelamente, deve-se
formar um banco de dados composto de dados sobre custos, e dados operacionais do imóvel e
de todos os elementos envolvidos no ciclo de vida do imóvel. Neste enfoque, o FM se
concentra na observação do ciclo de vida que se estende desde a fase de desenvolvimento do
projeto até a destruição do imóvel após o término de sua exploração.
O enfoque de custo do ciclo de vida é importante (Rottke e Wernecke, 2005), pois na
fase do planejamento é possível promover alterações nos custos futuros de exploração por
meio de mudanças no projeto. Após o projeto executado, alterações somente são possíveis em
pequenas proporções ou com grandes gastos adicionais, pois implicam na perda de parte dos
valores iniciais do investimento e na necessidade de novos investimentos. Assim, o FM deve
estar envolvido já na fase de planejamento do projeto, antes que os custos comecem a
incorrer. O comportamento e as possibilidades de influenciar os custos e a efetiva ocorrência
destes são apresentados na Figura 2.

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Custos Início da construção Término da construção


Evolução de custos

 Medida de construção

 Medidas dos equipamentos

Custos influenciável

 Medidas de otimização
Prazo
Planejamento Construção Exploração

FIGURA 2 – Comportamento e possibilidades de influenciar os custos. Fonte: Amelung (1996).


No estudo da Helbling Management Consulting GmbH (2000) foi constatado que, em
média, o montante dos custos de manutenção e operacionais ultrapassam os custos de
construção após 7 anos de utilização e que totalizam 85% dos custos totais que ocorrem após
a construção do imóvel. De acordo com Fontebasso (2008, p. 1), é possível “... uma economia
de 30% graças à estratégia, planejamento e desenvolvimento do projeto...” decorrente das
modificações do imóvel, antes de sua construção.
Outro enfoque do FM se concentra na tentativa de consideração de custos invisíveis
que, normalmente, não são previsíveis e somente podem ser identificados no momento em
que ocorrem (Weise, 2005). Apesar de geralmente decorrentes de fatores como efeitos
climáticos, acidentes, falhas, danos involuntários, dentre outros fatores de difícil previsão, a
existência de um banco de dados exatos e extensos sobre o imóvel possibilita a realização de
estimativas sobre estes custos. Neste ponto, o FM, além de prover informações, possui a
função de, primeiramente, constituir este banco de dados. Esta função do FM é realizada com
a utilização do software Computer Aided Facility Management, que pode monitorar todo o
imóvel. A coleta destes dados gera novos custos que podem, até mesmo, ultrapassar os
benefícios gerados por estes dados. Assim, deve-se observar a diferença entre o grau de
necessidade dos diferentes dados necessários por meio da análise da relação entre o custo e o
benefício dos dados coletados. A inobservância destes detalhes pode levar, em lugar da
redução dos custos totais, ao aumento destes. Isto ocorre porque, normalmente, quanto maior
o grau de exatidão dos dados, maior a dificuldade de coletá-los e, consequentemente, maior o
custo, conforme representado na Figura 3.

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Custos da coleta de dados


Precisão e detalhamento

FIGURA 3 – Custos versus exatidão dos dados. Fonte: Braun, Osterle e Haller (2003).
Todos os dados devem ser mantidos, historicamente, de forma que proporcionem
informações com maior qualidade, pois, com o passar do tempo, os dados contemplam uma
série histórica e a base de dados se torna mais sólida. Para Nävy (2006) o objetivo consiste em
identificar e coletar todos os dados sobre os custos, com as quais as informações sobre os
recursos e seu racionamento estarão a disposição da administração da organização para gerar
informações diversas sobre custos, com a possibilidade, inclusive, de reduzir o tempo da
geração de informações e, consequentemente, reações mais rápidas.
O terceiro enfoque do FM diz respeito à consolidação dos dados dos diversos setores
de modo que as informações sejam cabais. No passado, estas informações sobre os recursos
eram coletadas e armazenadas nos próprios departamentos, isoladamente, sem padrão de
abrangência ou de extensão. Já com o FM, as informações são armazenadas em um único
banco de dados que se situa um nível acima dos departamentos, de forma que esteja acessível
a todas as divisões da empresa (Nävy, 2006). Desse modo, o FM não observa recursos
isolados dos processos e se posiciona como centralizador de informações de todos os
departamentos, conforme apresentado na Figura 4.
O FM se baseia em um princípio que implica na visualização periódica e funcional de
todas as informações do imóvel, ultrapassando os limites do objeto (imóvel) e da fase de
desenvolvimento do empreendimento, proporcionando a otimização dos processos (Grabatin,
Ehrenheim & Heß, 2002). Para Nävy (2006), a complexidade dos recursos, o longo período
do ciclo de vida e a importância da quantificação dos custos implicam em tarefas múltiplas e
muito diferenciadas pelo FM.
Nas palavras de Heß (2002), existem três diferentes enfoques em um imóvel: o
técnico, o infra-estrutural e o administrativo. De acordo com Nävy (2006), a visão técnica
aliada à visão administrativa proporciona uma visão global do FM. Contudo, diversas vezes
aplica-se somente a fase de exploração do FM e, portanto, com um enfoque mais voltado a
aspectos operacionais.
Nestes casos, esta representa uma aplicação parcial e limitada do FM porque, como
destaca a Associação Alemã de Produtores de Máquinas e Equipamentos (Verband Deutscher
Maschinen und Anlagenhersteller), o FM deve ser aplicado também no nível estratégico
(May, 2006).

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Gestão
de edifícios

Equipamentos téc- Gestão


nicos de edifícios de áreas

Administração Gestão
de segurança de imóveis

Recursos Facility
Management Controladoria
produtivos

Gestão Comunicação/
ambiental TI

Gestão de recur-

sos energéticos

Manutenção

Técnica Administrativa

FIGURA 4 – Estrutura do FM. Fonte: Nävy (2006, p.4).


3.2 Níveis de utilização do FM
No entender de May (2006), com base na definição da Germany Facility Management
Association [GEFMA] – Associação Alemã de Produtores de Máquinas e Equipamentos –,
dividiu o FM em dois níveis: operacional e estratégico, como demonstrado na Figura 5.
Direção de FM
Consultoria de FM Sistema de informação
(CAFM)
Planejamento de novos
Nível
edifícios conforme as regras
estratégico Gestão do edifício conforme VDMA 24 196
de FM

Planejamento, organização e controle


Em colaboração com a realização

Gestão do edifício conforme VDMA-AIG No 12


Nível
operacional
Técnico Infra-estrutural Administrativo

Concepção Destruição
Construção Exploração
planejamento

FIGURA 5 – Níveis de FM. Fonte: Harting (2002).


De acordo com esta separação, o nível estratégico tem seu foco voltado para o
desenvolvimento em longo prazo. Para esta aplicação, é necessário que a área específica de
FM seja criada formalmente na empresa, além da administração de contratos, da
comercialização e do desenvolvimento de custos, bem como do apoio ao negócio principal
por meio da assistência com ferramentas adequadas.
Já o nível operacional está apoiado nos três pilares da gestão de imóveis – técnico,
infra-estrutural e administrativo – que se constituem como a base de exploração. Nestes
pilares, também estão incluídas partes do planejamento, da construção, da exploração e da

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destruição dos imóveis ao final de sua vida útil.


Os conceitos e serviços de FM não são novos. A inovação proveniente do FM está na
filosofia de racionamento dos custos dos imóveis em relação ao seu ciclo de vida total
(Helbling Management Consulting GmbH, 2000), sendo algumas das características desta
nova filosofia:
• A utilização eficiente de recursos por meio da racionalização dos gastos;
• Os serviços de inovação;
• A otimização e a inovação de processos;
• A criação de uma organização eficiente; e,
• O melhoramento da qualidade de utilização e de produtividade do trabalho.
Estes cinco pontos reforçam o uso do FM na administração estratégica, o que pode ser
entendido como a prestação de um serviço operacional para a administração. Com isto,
constitui-se uma situação de ganho para o prestador de serviços e para o cliente, pois ambos
podem se concentrar em sua atividade econômica principal.
4. O mercado de FM no Brasil e suas tendências
No Brasil, o tema FM ainda é recente. Mesmo “o termo de Facility Management ainda
não é plenamente difundido no mercado brasileiro de imóveis industriais, assim como o
conceito de atividade não é compreendido em termos de seus mecanismos próprios, dos
sistemas e soluções que tem criado ao longo de sua evolução.” (Belford, como citado em
Cushman & Walkflied Semco, 2006, p. 3). A Abrafac possui, atualmente, cerca de 240
membros (Scardigli & Kolb, 2008), o que indica que ainda existam poucas empresas atuando
no setor. Estes fatores apontam que o mercado brasileiro de FM ainda tem espaço para
ampliar a exploração destes serviços.
Contudo, têm-se poucas estimativas a respeito da extensão do mercado, uma vez que
ainda não existe uma avaliação do potencial total do mercado de serviços de FM. Para a
realização deste tipo de estimativa podem ser utilizados dois diferentes métodos: estimativa
do mercado baseado no valor dos bens imobiliários ou soma de valores dos submercados do
mercado.
Na realização das estimativas baseadas no valor total dos imóveis utilizou-se como
base estudos realizados em mercados de FM de outros países. No Brasil, estas estimativas se
tornam mais difíceis de serem realizadas, pois não existe um levantamento total de bens
imobiliários, especialmente, de imóveis comerciais e industriais. Existem somente os dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre imóveis residenciais, que
totalizam cerca de 55 milhões de imóveis (IBGE, 2008). Dentro deste raciocínio Bulwien
(2002) alerta que em países desenvolvidos, os imóveis comerciais e industriais totalizam entre
10 e 15% da soma dos imóveis residenciais. Além disso, os gastos anuais com exploração do
imóvel somam de 2 a 4% do valor do imóvel (Burr, como citado em Staudt, Kriegesmann &
Thomzik, 1999). Proporcionalmente aplicado ao Brasil, tem-se entre 5,5 e 8,25 milhões de
imóveis comerciais e industriais. Por outro lado, estima-se que os imóveis comerciais e
industriais existentes totalizem R$ 5 trilhões, o que significa que o mercado brasileiro de FM
pode totalizar uma cifra de R$ 100 a 200 bilhões/ano.
Já a estimativa com base na soma dos submercados dos mercados tem por base as
estimativas dos submercados. Segundo a Associação Brasileira de Manutenção [ABRAMAN]
(2003), o submercado de manutenções industriais, no ano de 2003, totalizou R$ 56 bilhões

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para o mercado externo, o que atualmente totalizaria aproximadamente R$ 65 bilhões. Já o


mercado de segurança – interna e externa – é estimado em 10% do produto interno bruto, ou
seja, R$ 98 bilhões ou US$ 49 bilhões (Oliveira, 2007). Segundo a pesquisa de Schneider
(1996), o mercado externo de segurança da Alemanha é 55% do mercado total. Já a
Interconnection (2004) avaliou o mercado externo em 44,8%. Contudo, tem de se considerar
que o mercado de segurança privada no Brasil é maior que o da Alemanha e, por outro lado, é
bastante explorado. Baseados nos percentuais dos outros países, o submercado de segurança
externa totalizaria de R$ 43,9 a 53,9 bilhões. Considerando-se as diferenças do mercado
brasileiro e alemão de uma forma conservadora, acredita-se que o mercado seja entre R$ 10 a
35 bilhões.
Somados aos demais serviços que fazem parte do FM e considerando o grande
crescimento de todos os serviços nos últimos anos, estima-se que o total de serviços some
aproximadamente R$ 60 bilhões. Esse total se constitui a partir da soma de serviços internos
(próprios) e externos (terceirizados), e representa o valor do mercado de FM. Não há dados
sobre o valor do mercado de serviços internos, entretanto, estima-se que sejam de 25 a 50%
do mercado total de serviços. Porém, o mercado externo é de R$ 15 a 30 bilhões/ano. Desta
forma, o valor do mercado de FM totalizaria um valor entre R$ 90 e 130 bilhões/ano.
Com base nas duas estimativas, acredita-se que o mercado de FM no Brasil englobe
um montante aproximado de R$ 100 bilhões/ano. Devido a grande incerteza em relação aos
dados – valor total dos imóveis comerciais e industriais – e aos submercados, adota-se uma
postura conservadora quanto ao valor global. Contudo, deve-se ressaltar que também é
possível que o valor total do mercado seja superior a R$ 100 bilhões/ano.
Quanto ao desenvolvimento do mercado, uma pesquisa realizada pelo IBGE sobre a
empregabilidade demonstrou que os serviços terceirizados cresceram mais de 7% nos últimos
anos (Santana, 2008). A Abraman (2003) estima um crescimento no submercado de
manutenções de 7,1% ao ano até 2010. Já o investimento em imóveis comerciais e industriais,
bem como a continuação da terceirização de serviços, está tendo um crescimento estimado de
cerca de 10% ao ano para os próximos 3 anos.
Esta tendência reflete o atual aumento da produtividade, o crescimento da economia
nacional, a necessidade de utilização mais efetiva dos imóveis e o aumento da adoção do FM
já na fase da construção do imóvel.
No entanto, a recente crise nos EUA e a previsão de retração da economia mundial
também influenciarão os volumes dos mercados e os resultados no Brasil com uma possível
redução do crescimento econômico, o que poderá provocar um desenvolvimento menor do
mercado brasileiro de FM. Todavia, ao mesmo tempo, os ramos de economia com
dificuldades, especialmente a indústria, procurarão caminhos de redução de custos
operacionais, o que poderá novamente afetar positivamente o mercado de FM. Além disso,
em momentos de crise, os imóveis se tornam novamente o foco e, como grande parte dos
imóveis comerciais e indústrias não possuem uma exploração otimizada, em momentos de
menor crescimento ou até mesmo de recessão, um dos caminhos dos proprietários é a busca
pela redução de custos operacionais destes imóveis por meio de uma utilização ótima, foco do
FM. Por esta razão, acredita-se que, mesmo com os efeitos da crise, o mercado de FM deve
apresentar crescimento. Quanto ao desenvolvimento do mercado de novas construções, bem
como de reformas e de manutenções ainda não se pode fazer estimativas sobre seu
comportamento diante da crise.

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5. Conclusão
O FM pode ser entendido como um serviço completo que inclui a terceirização de
tarefas internas aplicado à exploração de imóveis. Os serviços de FM são mais conhecidos na
Europa, América do Norte e parte da Ásia e são mais desenvolvidos na Alemanha, Grã-
Bretanha e Estados Unidos. No Brasil, o conceito de serviços de FM somente foi introduzido
por volta do ano 2000, consolidando-se com a criação da Abrafac, em 2004, que atualmente
conta com 240 empresas associadas.
O mercado imobiliário brasileiro é considerado pouco desenvolvido e os estudos
existentes não permitem informações diretas sobre o segmento de FM. Por este motivo, o
mercado de FM foi avaliado por meio de estimativas baseadas em duas diferentes formas: a
primeira se baseia no valor total dos imóveis e a segunda, na soma dos submercados de FM.
Grande parte destes dados é proveniente de bases de dados do IBGE e da Abraman.
Na estimativa baseada no valor total dos imóveis, foi utilizado o valor total dos
imóveis comerciais e industriais, sobre o qual foi aplicada uma taxa percentual de custo de
FM em relação ao valor total dos imóveis. Por meio deste cálculo, estima-se que o valor do
mercado de FM some de R$ 100 a R$ 200 bilhões/ano. Já na aplicação do segundo método –
a soma dos submercados – considerou-se como base o valor do submercado de manutenções
que é de R$ 65 bilhões, o submercado de segurança totalizou entre R$ 10 e 35 bilhões/ano e
os demais submercados na faixa de R$ 15 a 30 bilhões. Na estimativa baseada no mercado
total de serviços, se estima que o valor do mercado de FM seja de R$ 90 a 140 bilhões/ano.
Com base nestas duas estimativas, estima-se, de forma conservadora, que o volume total do
mercado de FM é de aproximadamente R$ 100 bilhões/ano, com grandes chances de ser ainda
maior.
Uma limitação destas estimativas decorre da recente e atual crise econômica originada
no mercado imobiliário dos EUA que, aparentemente, se alastra pelos demais mercados e
países do mundo, assinalando uma desaceleração da economia global e, portanto, podendo
afetar também, em diferentes níveis, o mercado de FM no Brasil. Contudo, ao mesmo tempo,
em tempos de crise, os serviços de FM podem ser afetados positivamente por meio da busca
pela racionalização de gastos e pela melhoria de resultados.
Outra limitação decorre da utilização de dados indiretos para a realização das
estimativas. Existe uma grande dificuldade para a avaliação do mercado de FM, pois a
obtenção de dados sobre estes serviços realizados de forma não terceirizada – internos – não
estão inclusas nas informações do mercado. Aliado a este fato, tem-se, ainda, a inexistência de
dados totais e confiáveis sobre imóveis e seus custos no Brasil.
Referências
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