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JUVENTUDE E ACAO POLITICA

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TAMO JUNT@!
Juventude e Ação Política: Tamo Junt@
ISBN: 978-65-81137-00-7

Belém, Fortaleza, Salvador

2019
TAMO JUNT@
EQUIPE:
Daniel Mamede
Daniela Silva
Harrison Lopes
Tatiana Klix
Wendell Carvalho

COORDENAÇÃO DA SISTEMATIZAÇÃO
Tatiana Klix

EDIÇÃO E REDAÇÃO
Patrícia H. Freitas

TEXTOS E RELATORIAS
Daniela Silva
Patrícia H. Freitas
Selli Rosa
Tatiana Klix
Daniel Martins Mamede
Wendell Carvalho

REVISÃO
Daniela Silva
Tatiana Klix

FOTOS
Daniela Silva
Harrison Lopes
Luã dos Santos Silva
Tatiany Carvalho
Maurício Mateus Santos

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO

NUME - Estúdio Criativo
Fábio Farani
TAMO JUNT@
JOVENS PARTICIPANTES DO PROJETO: FACILITAÇÃO DAS OFICINAS:

Belém: Belém:
Alexandre Ferreira, Amanda Rafaela, Caio Lima, Cibele Aviz, Daniel Thaylor, Deize Francisco Batista e Harrison Lopes
Vitória Silva, Denis Santos, Ellen Santos, Emily Marques, Evellyn Marques, Ewerton
Araújo, Fernando Gatinho, Gabriel Victor, Gleidicilene Mendes, Jean Marcos, Jéssica Fortaleza:
Cuentro, Jéssica Luane Silva, Juliane Santos, Kauan Brício, Klebson Williams, Lilian Daniel Martins Mamede e Wendell Carvalho
Cristina, Luan Enrique, Maria Nielly, Mariana Kalli, Mônica Ribeiro, Natacha Angel,
Pedro Enrique, Plácida Ribeiro, Raissa Silva, Renan Santos, Ruan Renato Braga, Tamires Salvador:
Santana, Vanessa Pantoja, Vitória de Jesus, Williams Lucas Soares, Raíssa das Neves, Daniela Silva
Vitória Castelhanno

INSTITUIÇÕES PARCEIRAS:
Fortaleza:
João Victor Viana Alencar; Jamaira da Silva Oliveira; Sol dos Santos Duarte; Brena
Belém:
Emanuela Gomes; Rodrigo Lima Veiga; Jefferson Masac; Gabriela Alves Gondim; Laura
Lar Fabiano de Cristo – Casa de José
Ferreira; Thais Freire de Souza; Isaque Moreira Paula; Geovanna Silva da Costa; Antonio
Espaço Cultural Nossa Biblioteca
Jucelino Freitas de Castro Junior; João Samir Mendes Silva; Misael Pereira Arruda; Luan
Projeto Cine Clube Terra Firme
da Silva Nunes; Denise Costa; Luann Pimenta Brito Alencar; Maria Adeilana S Lima;
Jardel Hudson Albuquerque Gomes; Luan Moreira Marques; Victor Breno Araujo dos
Santos; Ruan Gabriel Pereira Lima; Pedro Ângelo Pereira Mesquista; Atyla Souza Rocha; Fortaleza:
Bianca Neres; Victor Oliveira de Sousa; Jonas da Silva Peixoto; Vitória Gabriela Gomes Instituto Cuca
Sotero; Francisco Lucas Barbosa de Menezes Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a
Juventude da Prefeitura Municipal de Fortaleza

Salvador: Salvador:
Adriele Gomes Paiva; Alan Santos Silva; Ana Cristina de S. Bahia; Beatriz Oliveira Sena; Biblioteca Zeferinas
Bruna Mota dos Santos; Bruna Santana de Melo; Ítalo Silva dos Santos; Ivanildo Lima Colégio Estadual Norma Ribeiro
Alexandrino; Jefferson de Carvalho; Luã dos Santos Silva; Lucas Pires dos Santos; Luís Projeto Avançar - Santa Casa de Misericórdia
Roberto dos Santos; Maurício Mateus Santos; Péricles A. De Souza; Ruan Silva Santos;
Suzana da Anunciação; Wendell Oliveira dos Santos
APOIO:

Itaú Social
Instituto Singularidades
 ´
SUMARIO
6Introdução

7 Capítulo 1
Encontros e percursos

15
Capítulo 2
O que temos em comum?

19 Capítulo 3
Reflexões e aprendizados

39
Capítulo 4
Periféricos engajados

50
Capítulo 5
Desafios e recomendações

54
Capítulo 6
Inspirações

56 Anexos
 Contribuir para que jovens exerçam participação polí-
tica e apoiá-lxs a interferir no cenário político atual,
seja em contexto local e/ou mais amplo. Esse objetivo
ambicioso reuniu o que chamamos de equipe Tamo
INTRODUCAO
Junt@, formada por cinco pessoas com atuações
diversas relacionadas a juventudes em diferentes ter-
ritórios brasileiros: Belém(PA), Fortaleza(CE), Salva-
~
dor(BA) e São Paulo(SP).
Nossa colaboração começou durante a formação Ju-
,
ventudes em Curso, promovida pela Fundação Itaú
Social, em parceria com o Instituto Singularidades, em
São Paulo, e foi provocada pelo desafio que então nos
foi proposto: desenvolver uma prática inovadora que
fortaleça as juventudes relacionada a um dos temas
debatidos no curso.
Após uma imersão de trocas e reflexões sobre ques-
tões relevantes para as juventudes periféricas, apoiar
sua participação política foi a ação que nos motivou a
criar um projeto e trabalhar nele a muitas mãos, a
partir de diferentes territórios.
Como poderíamos estar juntos dxs jovens e potenciali-
zar sua participação, sem interferir em seu protagonis-
mo? Como deveríamos colaborar para a realização de
ações concretas, que também possam inspirar outras
práticas e intervenções? E como faríamos para facilitar
que a educação política aconteça entre pares?
Este e-book apresenta nossa jornada até a constru-
ção da metodologia Tamo Junt@, que procura res-
ponder a essas questões e foi criada para e junto com
jovens. Assim como o nosso objetivo, também foi ne-
cessário ser ambicioso na atuação. O projeto teve três
etapas: a construção de referenciais metodológicos
para realização de oficinas, a facilitação de processos
formativos e o apoio a ações de intervenção política
construídas por jovens.
Aqui apresentamos a sistematização de todo esse
processo, começando pelo nosso encontro até a des-
crição das ações práticas realizadas pelxs participan-
tes das oficinas que organizamos nas periferias de
Belém, Fortaleza e Salvador. Também compartilhamos
nossas dificuldades durante esse percurso e como
fizemos para superá-las.
Muito além de fornecer um passo a passo para a par-
ticipação, os relatos e materiais compartilhados nesta
sistematização têm o propósito de inspirar a constru-
ção de novas ações políticas por jovens de diferentes
realidades e territórios. Acreditamos que as histórias e
intervenções já construídas podem se tornar uma fer-
ramenta potente de educação de jovem para jovem.
TAMO JUNT@!
6
 ´
CAPITULO 1
ENCONTROS e PERCURSOS
ENCONTROS e PERCURSOS

No verão de 2019, a jornada formativa Juventudes em

Curso, do Programa Redes Juventudes, da Fundação Itaú
Social, reuniu em São Paulo:

#Educadores e gestores de organizações da sociedade

civil e de instituições públicas instaladas nos territórios,
cujo objetivo principal dialogue com o desenvolvimento
integral de adolescentes e jovens;

#Jovens ativistas que empreendem iniciativas sociais e

culturais que desenvolvam ações com e/ou para jovens em
contextos periféricos, de forma articulada nos territórios
com o objetivo de desenvolvimento local e/ou integral dos
jovens participantes;

#Pesquisadores que atuam com temáticas relacionadas a

juventudes e periferias e que desenvolvam ações sociais
e/ou culturais conectadas à sua pesquisa, de forma
autônoma ou no contexto universitário ou de organizações
sociais.

Foram 461 candidatos e 33 selecionados, que compuseram

um grupo diverso em relação a raça, gênero, renda, for-
mação, campo de atuação e território. “Acreditamos que,
além de ser uma oportunidade de ampliação de capital
social desses agentes, a rede diversificada contribui para a
inauguração de novas leituras e de produções sociais que
façam frente aos diagnósticos levantados”
(Caderno de Inspirações nº 1, ITAÚ SOCIAL, 2019).

8
ENCONTROS e PERCURSOS
“Pessoal, recebi uma notícia maravilhosa! Estou tão feliz! Passei na
seleção do Itaú Social.”
Foi assim que Daniela disparou a notícia de que havia sido selecionada para a
primeira jornada formativa Juventudes em Curso, da Fundação Itaú Social.
Mesmo sendo doutoranda em uma das mais reconhecidas faculdades de Comu-
nicação do Brasil e carregando uma considerável bagagem profissional, a
baiana Daniela Silva (Salvador) tinha certeza de que esta formação promoveria
um diferencial em sua carreira.
O sentimento de isolamento manifesta-se, com frequência, em ativistas, educadorxs
e gestorxs sociais, que têm raras oportunidades de intercâmbio, principalmente pela
insuficiência de recursos em suas organizações (Itaú Social, 2019). Por isso, a jorna-
da formativa proposta pelo programa era uma oportunidade valiosa de aprofundar as
questões que todxs participantes selecionadxs vivem em seus respectivos contextos
de atuação, de construir conhecimentos e cocriar novas práticas, a partir do diálogo
e das trocas de experiências.
9
ENCONTROS e PERCURSOS
Assim como a pesquisadora, os cearenses Daniel Mamede e Wendell Saraiva
(Fortaleza), a gaúcha Tatiana Klix (residente em SP) e o paraense Harrison
Lopes (Belém), todxs profissionais reconhecidos por suas trajetórias, vibraram
pelo êxito, mesmo sem conhecer previamente todos os passos da aventura que
iniciariam algumas semanas depois, na jornada proposta e apoiada pelo Ju-
ventudes em Curso:
# dez dias de imersão em São Paulo, com aulas expositivas dialogadas, deba-
tes entre participantes, muitas leituras;
#vivências em organizações sociais das periferias de São Paulo que atuam com
jovens;
# laboratório de práticas, que gerariam ações e projetos coletivos realizados
pelxs participantes.
Foi durante o laboratório de práticas, realizado nos quatro últimos dias da formação,
que os percursos individuais, suas próprias referências, formações, vivências, iniciati-
vas sociais e culturais conectaram-se. “Entre os fazeres que mais me motivam está a
mediação de conversas e facilitação de workshops para jovens refletirem sobre sua
educação e criarem soluções para suas escolas”, revelava Tatiana. “Elaborar proje-
tos e poder ajudar de alguma forma em iniciativas que revolucionam diretamente a
vida de centenas e até milhares de jovens nos últimos anos, foi uma experiência que
mudou meu conceito sobre educação, cultura, liderança, força de vontade e perseve
rança”, admitia Wendell.
A partir de reflexões como essas, somadas aos conteúdos trabalhados durante o
Juventudes em Curso:
#questões sobre identidade e (des)pertencimento – família, territórios e direito à
cidade;
#redes juvenis – redes territoriais, redes digitais, produção de novas narrativas de
conhecimento;
#tensões psíquicas e violências – questões relacionadas ao racismo, machismo, ho-
mofobia, homicídio das juventudes, criminalização dos jovens e diversos tipos de
violência;
#expressão e produção juvenil – práticas sociais, culturais, educacionais e econômi-
cas (mundo do trabalho e geração de renda) na juventude.
O Laboratório de Práticas é o ponto culminante do curso. Nele, todo o
conteúdo teórico-metodológico mobilizado durante a formação é retoma-
do para embasar uma tecnologia social (TS) construída coletivamente
pelxs participantes, que se reúnem em subgrupos por afinidade temática.
As TS são fomentadas pelo Itaú Social.
10
ENCONTROS e PERCURSOS
Tatiana, Daniela, Wendell, Daniel e Harrison concluiram que tinham em comum o desejo de pensar e criar práticas de educação que promovam e fortaleçam a participação
política de jovens. Foi aí que começaram a desenhar o projeto Tamo Junt@.
DANIELA SILVA
Sou jornalista e pesquisadora, mestra
em Desenvolvimento e Gestão Social
(UFBA) e doutoranda em Comunica-
ção e Cultura Contemporâneas
(UFBA), onde investigo as competên-
cias comunicacionais mobilizadas
pelos jovens para a participação
política (bolsista CNPQ e integrante
do GP: CP-Redes).
Nos últimos 15 anos, fui consultora do
UNICEF, Instituto Inspirare, Instituto
SEB, LABi - Laboratório de Inovação
Educacional, Fundação Telefônica
Vivo, Fundação José Silveira, entre
outras instituições, sempre com foco
na garantia dos direitos infanto-juve-
nis, além do apoio à educação pública
de qualidade.
HARRISON LOPES
Sou educomunicador, vídeomaker e
fotógrafo, e atualmente atuo como
educador social no Lar Fabiano de
Cristo, preparando para o mundo do
trabalho adolescentes e jovens, públi-
co com quem trabalho desde 2005.
Realizo produções audiovisuais e
oficinas com jovens na periferia de
Belém, pelo Coletivo Tela Firme, além
de outras cidades do Pará, Maranhão
e Amapá. Codirigi o documentário O
sol não é quadrado (ht-
tps://www.youtube.com/watch?-
v=aOg0iy9BGbo), que retrata a reali-
dade de adolescentes privados de
liberdade, resultado de minha atuação
no sistema socioeducativo paraense.
TATIANA KLIX
Sou jornalista e trabalho com conteú-
dos e projetos na área de educação
desde 2010. Atualmente, sou diretora
do Porvir (www.porvir.org), uma inicia-
tiva de comunicação e mobilização que
produz conteúdos e promove ativida-
des formativas para inspirar e apoiar
educadores a promoverem inovações
que tornem a escola mais conectada
com as expectativas dos jovens e
qualificada para prepará-los para os
desafios contemporâneos. Sou cofun-
dadora do Quero na Escola (https://-
queronaescola.com.br/) e integro o
comitê consultivo da Associação de
Jornalistas de Educação (Jeduca).
DANIEL MAMEDE
Tenho 28 anos, me formei em Direito e
sou militante das políticas públicas de
Juventude, Cultura e Direitos Huma-
nos. Estou cursando mestrado em
Ciências Políticas pela Universidade de
Lisboa e sou diretor de Promoção de
Direitos Humanos e Cultura do Institu-
to Cuca (https://juventude.fortale-
za.ce.gov.br/rede-cuca?fbclid=IwA-
R2c3742KJyetlpuSkVXQnX3bVaZAKQ
stORMlomC-6In2E_NzSnSaywE4PQ).
WENDELL SARAIVA
Sou advogado, militante do movimen-
to estudantil e das políticas públicas
de juventude. Sou conselheiro munici-
pal de Juventude de Fortaleza e tra-
balho na Coordenadoria de Desenvol-
vimento da Juventude da Prefeitura
Municipal de Fortaleza junto à Unida-
de de Gestão do Projeto de Fortaleci-
mento de Inclusão Social e Redes de
Atenção - Proredes/Fortaleza. Sou
pós-graduado em Processo Civil (UNI-
FOR) e estou cursando pós-graduação
em Direito Público: Direito Constitucio-
nal, Administrativo e Tributário (Uni-
versidade Estácio de Sá - ESTÁCIO).
11
 ENCONTROS e PERCURSOS
10:30 AM 85%

MOTIVAÇÕES
User
online
+ INSPIRAÇÕES
#contexto político e social atual
#fragilidade dos processos formativos escolares
@daniel_mamede:
Com este trabalho, quero fazer com que cada vez mais jovens tenham a #confiança no potencial de transformação dos jovens
oportunidade de serem protagonistas da própria história.

@dani_silva: DERAM
Reconhecer e fortalecer o protagonismo das juventudes é também asse-
gurar direitos fundamentais para toda a sociedade. ORIGEM
@tati_klix: À PROPOSTA
Em um momento em que a própria democracia está sendo questionada, é
essencial ampliar espaços de participação, levar jovens para fora da escola
e apoiá-los a refletirem e agirem para garantir direitos.

@wendell_saraiva:
A conscientização política dos jovens, aliada a políticas de acessibilidades
educacionais, culturais e sociais revolucionará nossa sociedade e traduzirá fortalecer a formação política entre pares (de jovem para jovem) a
a base do futuro deste país. partir de conteúdos, metodologias e temáticas emergidas das juventu-
des, para potencializar a sua incidência sobre as políticas públicas, de
@harrison_lopes: modo a garantir os direitos dxs jovens e seu protagonismo.
O engajamento social resulta em conquistas consideráveis para a constru-
ção de políticas públicas. Por isso é importante trabalhar o tema partici-
pação com as juventudes das periferias.

12
ENCONTROS e PERCURSOS
Como objetivo geral, estabeleceram que o projeto Tamo-
Junt@ deveria contribuir para a participação política de
jovens e apoiá-lxs para interferir no cenário político atual,
seja em contexto local e/ou mais amplo.
Como objetivos específicos, definiram que seria necessário:
#Potencializar ações de participação política protagoniza-
das por jovens.
#Construir guia formativo para educação política de jovem
para jovem que seja útil e inspirador para qualquer território
nacional.
E para alcançarem seus objetivos, elencaram três atividades:
1. Realização de oficinas com jovens de 14 a 29 anos de ter-
ritórios vulneráveis das cidades de Belém, Fortaleza, Salva-
dor para mapear, debater, ampliar repertório e implementar
ações de participação política.
2. Realização de pelo menos uma ação política protago-
nizada pelxs jovens a partir das discussões ocorridas durante
as oficinas.
3. Sistematização de um Guia com as metodologias criadas,
para subsidiar encontros formativos entre pares (de jovem
para jovem).
Com o trajeto planejado durante os últimos quatro dias do
curso, cada participante retornou à sua cidade de origem e
deu início a uma nova etapa de sua jornada formativa.
Pesquisaram o referencial teórico, construíram instrumentais
a serem utilizados, organizaram um encontro para validar os
instrumentais construídos, articularam parcerias em cada
território, mobilizaram jovens e, finalmente, realizaram as
três oficinas, que serão detalhadas no capítulo 3.

13
 ENCONTROS e PERCURSOS

Como referencial teórico e metodológico, utilizaram textos, vídeos e apresentações organizados para o circuito formativo e disponibilizados em
um arquivo digital. Especialmente duas publicações do Itaú Social deram base ao curso:

www.itausocial.org.br/
wp-content/uploads/2019/02/
Juventudes_em_curso_Livro_
Digital.pdf

www.itausocial.org.br/wp-content/
uploads/2018/05/07-revistanovos-
fluxos-segundaedicao_
1510162706.pdf
14
 ´
CAPITULO 2
O QUE TEMOS EM COMUM?
O QUE TEMOS EM COMUM?

FORTALEZA, CEARÁ.
Wendell Saraiva e Daniel Mamede, realizaram suas
ações em Fortaleza. As oficinas ocorreram em maio e
agosto.

BELÉM, PARÁ.
Harrison Lopes fez uma maratona de cinco dias em
Belém, para realizar as oficinas e participar das ações
protagonizadas pelxs jovens.
SALVADOR, BAHIA.
Daniela Silva trabalhou com as juventudes
de Salvador, organizando e facilitando as
oficinas e, algumas semanas depois,
apoiando o sarau realizado pelxs
participantes.

16
O QUE TEMOS EM COMUM?
Arenoso, Bairro da Paz e Calabar são comunidades periféricas de Salvador, onde a maioria da população é pobre,
negra e estigmatizada por viver em uma área associada (pela mídia) à violência e ao tráfico. É aí que vivem as cinco
moças e os doze rapazes que participaram das oficinas facilitadas por Daniela Silva.

Todxs destacam a discriminação sofrida pela maioria dxs moradorxs dessas regiões, que já enfrentam a deficiência
de infraestrutura básica e de serviços de qualidade em saúde, educação, transporte público e segurança.

“É muito difícil conseguir um trabalho quando dizemos que moramos nesta

comunidade; às vezes, temos de dar um endereço do bairro ao lado, que é de
classe média”, afirma um dos rapazes.

Estigmatizar é fazer julgamento negativo;

condenar; tachar; marcar negativamente.

17
O QUE TEMOS EM COMUM?
Outra característica que têm em comum é o fato de participarem de algum coleti-
vo de jovens ou projeto social como grêmio estudantil, biblioteca comunitária ou
cursinho preparatório para o mercado de trabalho. Esta inserção lhes confere um
bom nível de articulação e empoderamento, percebido em diversas discussões
durante a oficina.
Em Belém, onde Harrison Lopes organizou oficinas com dois grupos de jovens
atendidos pelo Lar Fabiano de Cristo – Casa de José, notou-se uma diferença
entre eles. Um dos grupos contou com 16 adolescentes que ainda tinham pouca
vivência em espaços coletivos, o que pode justificar a maior timidez e insegurança
demonstrada durante suas falas, inicialmente. O outro reuniu 19 jovens − alguns
se conheciam e outrxs estavam juntxs pela primeira vez, mas a maioria tinha
experiência com algum tipo de ação social. Nessa turma, bastante alegre e extro-
vertida, as reflexões foram mais espontâneas. Esse resultado é um dado interes-
sante, que vem reforçar o que a equipe de educadorxs já identificava: a impor-
tância de oferecer à juventude oportunidades de participação e ação política
para estimular o pensamento crítico e a expressão.
Os grupos do Pará também têm em comum o fato de residirem em territórios peri-
féricos. A maioria vem do bairro mais populoso de Belém: o Guamá, que é marca-
do pela vulnerabilidade social, por precárias condições de vida e ainda sofre com
o estigma de ser “violento” e “perigoso”. A outra parte vem do bairro vizinho, de
Terra Firme. A falta de infraestrutura e o descaso do poder público são realidades
por ali também.
Em Fortaleza, foram convidadxs jovens de diferentes contextos: vinculadxs à
Diretoria de Promoção de Direitos Humanos da Rede Cuca, integrantes do movi-
mento estudantil e comunicadorxs ativistas, além de moradorxs do bairro Mondu-
bim. Essa composição diversa representa o mosaico formado pela população
juvenil do município: pessoas com diferentes sonhos, cores e identidades que
constituem, juntas, um importante grupo social. Os territórios atendidos pela
Rede Cuca - Barra do Ceará, Mondubim e Jangurussu - onde boa parte dessxs
jovens produzem e participam da vida comunitária, são locais com os menores IDH
e maior índice de homicídio juvenil da Capital cearense.
18
 ´
CAPITULO 3
~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Após três meses de pesquisas, mapeamentos, construção colaborativa de instrumentais e encontros virtuais, a equipe Tamo Junt@ estava pronta para realizar as
ações planejadas. A metodologia era uma só, mas cada facilitador(a) colocou seu próprio “tempero”, de acordo com as realidades locais. O objetivo comum foi de-
bater política e participação com jovens de periferias urbanas e incentivar o ativismo político. Para isso, planejaram duas oficinas:

OFICINA 1
Participação Política das Juventudes: teorias e práticas
Carga horária: 8h
Objetivo geral: Apoiar xs jovens no processo de reflexão sobre participação política e compreender, a partir
da perspectiva delxs, os tensionamentos teóricos e as vivências práticas das juventudes, as influências e
motivações, sistematizando e garantindo a gestão do conhecimento cocriado.
Objetivos específicos:
# Compreender, a partir da perspectiva dx jovem, o que é participação política
# Mapear as diferentes práticas políticas idealizadas e/ou realizadas pelxs jovens
# Ampliar repertório dxs participantes

OFICINA 2
Mão na Massa: Juventudes planejam Prática Política para vivência em um território

Carga horária: 4h

Objetivo geral: Apoiar jovens participantes no planejamento de uma ação política coletiva.

20
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Neste capítulo, vamos contar como tudo aconteceu, mostrando o “caminho das
pedras”, para você se inspirar em sua própria jornada.
1. A equipe Tamo Junt@ começou planejando em que territórios e espaços físicos
poderia realizar as oficinas e com quem contaria para a facilitação e o registro das
atividades. Importante: uma pessoa sozinha não consegue fazer as duas tarefas. O
ideal é ter pelo menos três: uma para facilitar, uma para fazer o registro de imagens
e outra para fazer o registro das falas. Foi isso que aconteceu nas oficinas de
Salvador e Belém.
2. Depois de acertados o local e a equipe, foi o momento de mapear participantes.
Uma boa estratégia é sempre convidar um número maior de pessoas, considerando
que podem acontecer imprevistos e ausências de última hora. Também é importante
garantir diversidade e algum engajamento prévio com o tema tratado, neste caso, a
participação política. Se houver pessoas de diferentes comunidades, como ocorreu
em Salvador e Belém, é interessante considerar o contexto territorial para garantir o
transporte e a segurança dxs jovens.

É o processo de propor, organizar e conduzir Existem várias formas de registrar: gravando Pesquisar jovens de acordo com idade,
as atividades de uma oficina. Deve ser feito áudios, gravando vídeos, fotografando ou gênero, escolaridade, local de moradia, par-
por pessoas com experiência. escrevendo tudo o que acontece. ticipação comunitária e política, envolvimento 21
em projetos e ongs.
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
3. Após a confirmação da lista de participantes, foi enviado um
cadastro online para todxs responderem e se inscreverem até quatro
dias antes das oficinas. Com isso, pode-se analisar o perfil das pes-
soas inscritas e fazer ajustes na metodologia, se for necessário.

4. Outros instrumentais construídos para serem utilizados nas ofici-

nas foram:
#Lista de presença
#Autorização de uso de imagem e de áudio, para o caso de serem
publicadas fotografias ou utilizadas gravações de falas dxs jovens na
sistematização.

5. A ação mais importante antes da realização das oficinas foi a

construção do roteiro metodológico , que serve como um guia orien-
tador. A construção coletiva da metodologia permite uniformidade
em relação aos objetivos e ao modo de fazer (respeitando os saberes
das juventudes, incentivando a participação e construindo conheci-
mentos), e deixa espaço para que xs facilitadorxs façam adaptações
e criem diferentes atividades e dinâmicas, de acordo com suas
experiências e respectivos contextos.

Depois desta última etapa de planejamento e organização, a equipe

Tamo Junt@ começou a colocar em prática as oficinas em duas capi-
tais do Nordeste brasileiro - Fortaleza e Salvador – e uma da região
Norte – Belém. A partir de São Paulo, Tatiana Klix ficou responsável
pela coordenação da sistematização de todo o processo.

Oficina 1: Oficina 2:
•Acolhimento •Acolhimento
•Mapeamento das percepções e práticas •Memória didática
•Ampliação de repertório •Planejamento de ações
22
•Memória didática •Avaliação
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS

Município Belém Fortaleza Salvador

Local da oficina Lar Fabiano de Cristo Cuca CENOR

Número de oficinas 5 2 2

Datas 10, 11, 12 e 14 de junho 24 de maio e 1 de agosto 8 e 9 de junho

Duração
quatro tardes e três duas manhãs e uma duas manhãs e
manhãs tarde uma tarde

Número de 16 jovens (manhã) e 29 17 jovens

participantes 19 jovens (tarde)

Origem dos Lar Fabiano de Cristo Barra do Ceará, Comunidades do Arenoso,

participantes (bairro do Guamá), Mondubim e Jangurussu Bairro da Paz e Calabar
Espaço Cultural Nossa
Biblioteca (bairro do
Guamá) e Cine Clube TF
(bairro da Terra Firme)

23
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Pensar POLÍTICA, fazer POLÍTICA
Considerando esses contextos das juventudes, a equipe preparou os ambientes das oficinas de maneira amistosa e acolhedora. Foram oferecidos deliciosos cafés da manhã ou
almoços, dependendo do horário de início de cada oficina. Dinâmicas para descontração e integração dos grupos, varais com fotos de jovens influentes no Brasil e no mundo,
uma playlist animada e decoração bem colorida fizeram parte das boas-vindas.

Em geral, as oficinas iniciam com:

#apresentações de cada participante;

#construção coletiva das regras de convivência;
#exposição dos facilitadores sobre os objetivos e propostas do projeto Tamo Junt@.
24
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Em seguida, a equipe de educadorxs propõe um momento provocativo, que pode ser a partir de um vídeo, música, texto ou imagem. O objetivo é despertar o grupo
para as primeiras reflexões a respeito de suas realidades.
Em Salvador, Daniela optou pela exibição de um poema de Sérgio Vaz chamado Os Miseráveis (https://www.youtube.com/watch?v=-IGoohG8vnI), declamado
pelo autor. O impacto foi grande entre xs jovens, que comentaram:

1 3
2 4

1. Bruna Melo - Nós da periferia, que temos direito às cotas nas universidades, somos tratados como os ladrões, os ruins. A gente acaba se revoltando, porque a gente vê
diariamente a mídia tachando de traficante e marginal um trabalhador negro, só porque ele mora em comunidade pobre.
2. Jefferson de Carvalho - A mídia reforça o privilégio dos brancos.
3. Ana Cristina Bahia - O que a midia mostra é uma periferia que é marcada pelo crime, por ladrões e vagabundos.
4. Italo Silva dos Santos - Quando a gente fala em negro, a gente não fala somente da cor, fala também da pobreza, da periferia, de uma classe social que está lutando
para ser alguém. Quando houve a abolição da escravatura, não deram oportunidades para o nosso povo, apenas mandaram nos virar. Isso segue assim até hoje.

Com essas respostas e o sentimento de indignação que emergiu do grupo, a facilitadora deu início à fase de mapeamento das percepções dxs jovens baianos sobre partici-
pação política e das práticas políticas que já realizam. Pediu que elxs citassem, primeiro, quais ações políticas poderiam contribuir para discutir ou reverter esta situação de
25
injustiça que denunciaram.
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS Neste momento, a jovem Bruna Mota declamou uma poesia de sua autoria que
trata de feminismo, racismo e resistência. Seguem alguns trechos:
O QUE AS PESSOAS JOVENS PODEM FAZER? Nunca pedi aceitação
Grêmio estudantil, participação nas eleições, manifestações na rua em prol
Pois sei quem eu sou e nunca te pedi isso
de direitos, manifestações na internet, mobilizações de jovens para diversas Aprendi a ser forte
lutas, debates nas escolas motivando outros jovens a manifestarem suas Hoje sou leoa feroz e felina
opiniões, marchas, saraus, participação em palestras sobre educação, estu- [...]
dar mais sobre politica, participação em eventos políticos, grupos de teatro,
rodas de conversa, grupos de dança, movimentos de empoderamento, circu-
Sou mulher e negra
itos literários, batalhas de rap, slam. E luto duas vezes pela resistência
Aqui tá faltando dialogo
Eu te escuto e vocês nao me ouvem
No momento seguinte, Daniela solicitou que respondessem o que já fazem
Não me levem a mal mas se preto é questão de melanina escura
para mudar a realidade. Em post-its coloridos, elxs encheram o quadro Ah...me poupem
JOVENS EM AÇÃO, que foi pregado na parede:

O QUE EU FAÇO?

Participo: palestras, debates, manifestações, rodas de conversa, circuitos

literários, saraus, projeto FALE de estímulo à livre expressão;
Atuo: produzo documentários sobre temas relacionados com gênero e iden-
tidade; voto; sou filiado a um partido político; cobro e fiscalizo o Prefeito da
minha cidade natal.

É importante destacar que a minoria dxs jovens de Salvador mencionou o

voto (apesar de terem idade para votar, muitxs nunca o fizeram) e apenas
um citou o partido político como forma de participação cidadã. A maior
parte da turma relacionou o fazer político com outros eventos artísticos e
intelectuais.

26
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Já em Belém, o facilitador preferiu iniciar o mapeamento com algumas perguntas #Não gosto de política;
desafiadoras:
#Pra mim política se refere a estar no meio de ladrões;
#Como vocês, jovens, compreendem o sentido da participação? #Acho que nunca uma pessoa vai votar de acordo com que essa pessoa pensa,
#O que vocês ouviram falar e o que entendem sobre política?
por que tem sempre um político que acaba pagando pelo voto dela;
#Como a política influencia na vida da juventude?
#Política deveria ser a forma da população se organizar para ajudar o outro;
A primeira turma, formada em sua maioria por adolescentes, mostrou-se desinteressa-
da e descrente em relação à política. Como reflexo da incipiente formação destxs #Política é sempre luta pelo poder.
jovens, suas respostas revelaram-se mais reativas e pouco propositivas, em sua maioria: #No horário político só fazem promessas.
#A população não se sente representada.

1 2 4
No segundo grupo de Belém, formado por jovens que já tiveram mais experiências de formação e ativismo, os posicionamentos foram mais maduros e, na maioria das vezes,
confiantes em relação à participação política:
1. Mariana Kalli: O que é decidido agora na política influencia o nosso amanhã. Por isso, jovens deveriam protagonizar mais.
2. Fernando Gatinho: A política é vista com maus olhos, devido aos inúmeros casos de corrupção e por isso há muito desinteresse de jovens sobre esse tema.
3. Emily Marques: Pessoas jovens estão entre as mais presentes na política. Ela nos envolve. Devemos mesmo protagonizar mais e buscar envolver a todos.
4.Lilian cristina: A política sempre está presente em nossa vida. 27
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Tanto em Salvador como em Belém, num processo de construção de conhecimento, a
equipe de facilitação retomou as opiniões dxs jovens, valorizou-as e avançou, apro-
fundando a reflexão e discorrendo sobre as lutas das comunidades periféricas pela
sobrevivência e sobre a atual conjuntura política brasileira, em que os direitos consti-
tucionais estão sendo ameaçados e aumenta, a cada ano, o número de assassinatos
de jovens negrxs. Nestes diálogos entre educadorxs e educandxs, ficou claro o com-
promisso da prática educativa Tamo Junt@ com a transformação social e com a luta
por sonhos possíveis.
Várias reflexões mais profundas surgiram, a partir deste momento, como, por
exemplo, a de Luan Enrique (Belém):
Quando a escola pública não valoriza o professor, os alunos só encontram
alguém que está lá só pra dar aula, porque quer o salário e nem quer saber
do aluno. Aí ele (professor) propaga mais ainda a má educação. O jovem
acaba sendo educado por traficantes ou outras pessoas que estão ao redor
da escola.
Na oficina de Salvador, o próximo passo do mapeamento foi conhecer as pessoas que
motivam e que inspiram xs jovens a participar politicamente. Foram distribuídos for-
mulários (canvas ) com as seguintes questões para cada participante refletir e
responder, individualmente:
# Quem são as pessoas que me motivam a participar politicamente?
(Explicação: são pessoas que falam sobre o assunto com você)
# Quem são as pessoas que me inspiram a participar politicamente?
(Explicação: são pessoas que não tem contato direto, mas que você admira, segue
nas redes sociais, assiste no youtube ou conhece a história de vida... jovem e adulto)
QUEM ME MOTIVA
Amigos
Professores, educadores e
coordenadores de programas sociais e projetos artísticos
Eu mesma
Ninguém
QUEM ME INSPIRA
Canais do youtube: Brasil Paralelo, Paulo Kovers, Canal do Negão, Zumbis em Brasília,
Quadro em Branco; Trip TV; Cara Gente Branca
Personalidades: Taís Araújo, Lázaro Ramos, Monique Evelle (empreendedora), Raoni
Oliveira (jornalista, repórter e radialista), Ana Talita ( dançarina e feminista), Edilene
Alves (dançarina da Funceb), Projota, Emicida, o criador de Zumbis em Brasília, o Cauê
Moura (youtuber); Arthur do Val, youtuber do canal Mamãe Falei; Yuri Marçal, Vilma
Reis, Tia Má, Ilê Ayê, banda Baiana System, Daniela Mercury, Lua Blanco, GAB2, Mel
Frankowiack, Paulo Freire, Paulo Rogério (ativista do movimento negro, pesquisador e
empreendedor baiano), Barack Obama, Djonga, Baco Exu do blues, Francisco El
Hombre (banda de música) Kendrick Hamar, Beyoncé, Djamila Ribeiro, Angela Davis,
Ava Duvernay, Mano Brown, Rosa Parks, Martin Luther King, Michele Obama, Iza (can-
tora), Marienne de Castro, Renato Russo, Rihanna, Marielle Franco, Eliza Lucinda
Banda Natirutis (música Deixa o menino jogar); o filho do prefeito de Planaltina. 28
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
A conversa que tiveram sobre este momento de reflexão revelou que esse tipo de
questionamento nunca havia sido feito por e para elxs. A atividade contribuiu
para que as pessoas refletissem sobre quais valores de fato as sustentam; algu-
mas expressaram que muitas vezes valorizam mais as opiniões de quem está
distante, “só porque é famoso”, deixando de dar importância aos pais, amigxs e
professorxs, que são aquelxs que apoiam e motivam suas ações.
@ Alan Santos Silva: Quero agradecer ao Grêmio Estudantil do Cenor que me
acolheu assim que eu entrei neste colégio; essas pessoas maravilhosas [que
participam do grêmio] me acolheram, me amaram, me motivaram e mostraram
que eu podia ser homossexual e ficar bem.
@Mauricio Mateus Santos: Acho muito bom que tenho pessoas jovens, perto de
mim, que são empoderadas e que me dão este exemplo. Eu fico pensando
também no poder das redes sociais em influenciar.
Ficou explícito que o universo de influência da maioria destxs jovens periféricos é
amplo e marcado por artistas, músicos, youtubers, além de intelectuais, feminis-
tas, políticos e empreendedorxs negrxs. Tal fato sinaliza a importância de se
verem representadxs por pessoas negras que são reconhecidas na sociedade,
pela mídia e em espaços de poder e de formação de opinião. Daniela lembrou
que há poucos anos era muito difícil no Brasil o reconhecimento público de
tantas personalidades negras, destacando que houve um avanço. Ela também
ressaltou a importância de terem reconhecido, entre os seus pares, gente jovem
que influencia e motiva mais até do que pessoas adultas.
No momento final da etapa de mapeamento, a educadora lançou a seguinte
questão:
O que te mobiliza a participar politicamente? Qual tema, qual
experiência pessoal ou vivência motiva vocês a se posicionarem
politicamente?
Neste momento, mobilizadxs que estavam pelas reflexões e trocas anteriores, foi
mais fácil para xs jovens se posicionarem assertivamente, até expondo questões
íntimas, por se sentirem acolhidos e confortáveis dentro do grupo.
@Jefferson de Carvalho: Sou estudante de Cinema e quero fazer documentári-
os para mostrar a discriminação que sofrem as pessoas com deficiência, como
eu, e quero contribuir para mudar essa realidade.
@Luã dos Santos Silva: Como negro e homossexual, o que me motiva é lutar
contra o preconceito e a discriminação das classes baixas, do povo negro e dos
homossexuais.
@Bruna Mota dos Santos: A minha causa é o feminismo, eu quero trabalhar pelo
empoderamento de mulheres, não só por mim e por minha mãe, mas por muitas
outras mulheres que também sofrem com violências, estupro e discriminação.
Quero questionar o lugar de privilegio dos homens que é naturalizado, consider-
ado normal.
@Suzana da Anunciação: o que me motiva a participar politicamente é a empa-
tia, porque se tiver alguém na politica que sempre pensar no outro, isso vai
afetar positivamente outras pessoas. O que eu quero fazer é conscientizar
jovens da periferia a ocupar espaços, principalmente aqueles que são consider-
ados espaços de brancos.
@Mauricio Mateus Santos: Eu quero desconstruir esses estereótipos contra o povo
negro, a criminalização do povo preto, o racismo que faz com que a gente tenha
medo de andar na rua, no shopping, por medo de ser preso por qualquer coisa.
@Ivanildo Lima Alexandrino: Quero lutar contra a lgbtfobia; esse colégio aqui
já foi muito machista e preconceituoso. Eu que sou gay era tratado como
menina; as pessoas gays apanhavam aqui.
@Luis Roberto dos Santos: Eu gostaria de contribuir para que o povo sofresse
menos racismo, mostrar que todo mundo é igual, independente de cor, gênero etc.
29
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REFLEXOES E APRENDIZADOS
AMPLIANDO O REPERTÓRIO Em Belém, o facilitador trabalhou com dois textos:

Nesta etapa da oficina, a equipe programou atividades para ampliar os Juventude em/in A participação dos jovens
formação”, nº03, do brasileiros: um mosaico de
repertórios dxs participantes, a partir da leitura de textos ou da apre- Observatório da formas participativas.
sentação de pesquisas e conceitos teóricos sobre participação política. Juventude – UFMG Cadernos temáticos Juven-
tude Brasileira e Ensino
Em Fortaleza, Wendell Carvalho e Daniel Mamede decidiram apresentar http://observatorio- Médio, caderno 11, UFMG.
uma apresentação ppt. com dados estatísticos sobre a juventude e a dajuventude.ufm-
http://observatoriodaju-
cidade (IDH de Fortaleza, população jovem do município, índice de homi- g.br/publication/fan-
ventude.ufmg.br/publica-
cídio juvenil etc), com o objetivo de subsidiar as percepções dxs partici- zine-juventudes/
tion/colecao-ca-
pantes. Em seguida, entregaram os artigos “Rede Cuca: uma rede de dernos-tematicos-juventud
cidadania” e “A cidadania dos coletivos culturais do Jangurussu”, es-e-participacao-politica
ambos escritos por Daniel, para a Universidade de Lisboa, como textos
bases para discussão de temas como cidadania, ativismo e militância.
As duas turmas se dividiram em grupos para ler, debater e sintetizar suas principais refle-
Segue a reflexão de um(a) participante: xões, a partir dos artigos.

“Por que os jovens desconfiam da democracia? Porque vivemos
em uma democracia/ditadura. Aquilo que é dito, não é seguido.
Direitos presentes na constituição não são garantidos pelo
Estado. Aqui, por exemplo, os jovens dividem-se entre facções,
pois não é garantido direito à habitação e ao lazer. Não podemos
ficar divididos, necessitamos nos organizar.”
Em Salvador, Daniela também usou uma apresentação ppt. de referên-
cia, com dados e indicadores nacionais e locais sobre juventudes, concei-
tos relacionados à participação política, informações e exemplos de
atuação política dos jovens nos diferentes momentos políticos do país,
desde a década de 1960 aos dias atuais.
Esta é a síntese dos debates das turmas da manhã e da tarde:
#Consumismo - Atualmente a sociedade vê as juventudes como problema, como pessoas
imediatistas e consumistas. Isso acontece porque somos induzidos pelas mídias e pela
própria sociedade; nós só queremos ser tratados como iguais.
#Educação - A maioria dxs jovens não consegue avançar nos estudos, por isso não conse-
gue trabalho. Não há perspectiva de futuro na escola; os traficantes aproveitam e acabam
formando marginais.
#JuventudePresente - se a juventude é o futuro do Brasil, nós, jovens, temos que esperar o
nosso futuro chegar para sermos alguém? Por que acham que nós não temos responsabili-
dade, hoje, com as nossas vidas? É só ter confiança, que demosntramos que somos respon-
sáveis.
#Discriminação - Xs jovens atualmente são tratados como perigosos e rebeldes, são discri-
minados em shoppings e pelo seu jeito de falar, de se vestir e se comportar.
#Política - Xs jovens desconfiam das políticas, mas estão nos movimentos, à frente das
manifestações sociais, espalhados por todo o país. Participar e ter voz é também ser empo-
derado. 30
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS
Aqui está um exemplo de como a metodologia Tamo Junt@ pode ser
adaptada, de acordo com os contextos e grupos. Para responder à per-
gunta “O que é ser jovem no Brasil?” a música Não é Sério, cantada por
Charlie Brown Jr. e Negra Li, foi utilizada nas oficinas de Belém e de
Salvador, de maneiras diferentes.
Em Belém, foi durante a leitura do texto “Juventude em/informação”. O
facilitador pediu para cada jovem fazer a leitura individual e, em segui-
da, realizarem a leitura coletiva, dessa vez ouvindo a música. Depois,
estimulou a reflexão, a partir da letra da canção.
O jovem no Brasil nunca é levado a sério
Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério, não é sério
Eu sempre quis falar nunca tive chance
E tudo que eu queria estava fora do meu alcance
(trecho da música Não é Sério, cantada por Charlie Brown Jr. e Negra Li)
Daniela, em Salvador, usou a mesma música com um momento performático que introduziu
a etapa de ampliação de repertório. Após o almoço, criou uma dinâmica para receber as
pessoas na sala: elas entravam andando lentamente por um corredor de cadeiras, que
tinham frases pregadas em seus encostos: Jovens não se interessam por nada; Jovem tem a
cabeça no mundo da lua; Política não é coisa de jovem; Jovem é aborrescente com mais
idade; Jovem é cabeça vazia, Jovem só pensa em si, Jovem só se interessa por fake news;
Jovem sabe de nada.
Esta caminhada tinha como pano de fundo a música cantada por Charlie Brown e Negra
Li. As frases nas cadeiras reforçavam os conceitos negativos sobre jovens expressos na
canção “Não é Sério”. A facilitadora pediu que xs educandos expressassem o que sentiram
ao ler as frases e ouvir a música. Seus sentimentos foram escritos em post-its e colados em
um quadro. Os resultados, embora expressos de forma diferente, mostraram muita recipro-
cidade entre o que pensam e sentem as juventudes das periferias de Belém e de Salvador:
BELÉM SALVADOR
Reflexões: Reflexões:
A grande mídia deveria mostrar a nossa realidade, Injustiçada, revoltada, chateada e agredida.
mostrar os jovens de forma também positiva, Grande incômodo.
fazendo ações em benefício da comunidade. Me sinto excluído.
Os jovens não são levados a sério por que a Não me sinto reconhecido.
sociedade acha que eles não têm Não me identifico com nenhuma das frases.
responsabilidades; Ser jovem é ser livre; Os jovens É como se o meu esforço na valesse nada.
têm liberdade quanto têm autonomia financeira; A
liberdade do jovem periférico é limitada; O governo
deveria investir mais em escolas; A criminalidade
aborda os jovens que estão dentro da escola,
imagina aqueles que estão fora da escola.
31
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS A dinâmica foi breve, mas gerou um impacto surpreendente entre xs educandxs.
“Quando você vê outras pessoas pensando de maneira parecida com você e mos-
COMO É SER JOVEM NAS PERIFERIAS? trando que já viveu as mesmas violências, você vê que não está sozinha”, comentou
Bruna Melo, moradora do Calabar. “Eu também me surpreendi, porque não imagi-
Para responder a esta questão, foram utilizadas diferentes metodologias em Sal- nava que outras pessoas teriam passado por situações semelhantes”, confirmou
vador e em Belém. Luís Roberto dos Santos, estudante do Cenor, na comunidade do Arenoso.

O objetivo era o mesmo nesta etapa da oficina: ampliar o repertório sobre
como vivem e o que enfrentam os jovens periféricos.
Para atingi-lo, Daniela utilizou outra dinâmica: convidou os jovens para ficarem em
fila, em dois grupos, de frente um para o outro, cada um de um lado de uma fita
adesiva pregada no chão. Em seguida, ela fez perguntas e pediu que cada pessoa
desse um passo à frente para cada resposta afirmativa. Havia 14 jovens na sala.
Enquanto isso, em Belém, o facilitador perguntou diretamente aos jovens como é
viver na periferia. E ouviu que é enfrentar diariamente o preconceito racial, a into-
lerância religiosa, abordagens policiais diferentes entre brancos e pretos; enfrentar
homicídios de jovens, homofobia, tráfico de drogas e conflitos familiares. Proble-
mas muito semelhantes aos relatados pelxs participantes baianos, o que confirma
a viabilidade da metodologia construída pela equipe Tamo Junt@ para ser utiliza-
da junto a grupos de juventudes periféricas em qualquer cidade brasileira.

#Quem aqui tem entre 15 e 24 anos? Mas ser jovem nas periferias também é ser resistência, como escreveu a jovem Ma-
14 pessoas deram um passo à frente. riana Kali, que fez uma poesia a partir das reflexões com os colegas de Belém:

#Quem se identifica como negro? AH! Ser jovem na periferia não é só

14 pessoas
coisa ruim, não é só ser expulso da
#Quem aqui conhece algum jovem que já foi vítima de violência? praça por estar só se reunindo com
7 pessoas. os amigos, não é só ficar com medo
(não dos ladrões e sim dos poli-
#Quem conhece um pessoa LGBTI que foi vitima de agressão pelo preconceito?
7 pessoas
ciais). Ser jovem na periferia é
união, é “vamo ali jogar uma pelada,
#Quem se identifica como liderança jovem? irmão”. Ser jovem na periferia é
5 pessoas soltar pipa da laje, voar a bola e ter
#Quem tem um familiar ou amigo que sofreu agressão por ser ativista ou
que pular a grade. Ser jovem na pe-
engajado? riferia é resistência! E eu me orgu-
3 pessoas lho disso e eu sobrevivo por isso.

32
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS

O facilitador reforçou junto ao grupo a necessidade de somar

forças e construir laços com a família, amigos, escola e comuni-
dade para realizar sonhos e ter perspectivas de futuro. Para
finalizar com a memória didática, relembrou tudo o que aconte-
ceu nos dias anteriores e pediu a todxs que deixassem uma
mensagem para a juventude.

Em seguida apresentou o boneco “Tamo Junto” - um manequim

de loja de confecções pintado de branco com algumas frases
escritas no “corpo”. A proposta foi cobrir totalmente o mane-
quim, utilizando papel post it colorido, em que foram escritas as
mensagens:

# Mais liberdade e mais # Mais Cultura;

educação;
# Paz na periferia;
# A juventude quer ser vista;
# Mais amor;
# Os jovens querem ser
aceitos;
# Igualdade;
# Diversidade;
# Menos preconceito;
# Reconhecimento;
# Sociedade mais justa;
# Os jovens querem
oportunidade;
# Liberdade de gênero;
# Mais livros, menos armas;
# Liberdade de expressão;
# A juventude quer ter vez e
voz;
# Mais sonhos;
# Poesia com P de preta;
# Mais paz e menos violência;
# Amor ao próximo;
# Mais amizade e menos
falsidade;
# Ancestralidade;
# Visibilidade;
# União;
# Mais respeito;
# Mais empoderamento.

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REFLEXOES E APRENDIZADOS
COMO PARTICIPAR POLITICAMENTE?
Depois de mapear as percepções e práticas das juventudes e começar a ampliar
seus repertórios, as oficinas foram sendo dirigidas para o momento de pensar em
ações concretas. Em Salvador, Daniela prosseguiu com a exposição dialogada sobre
os conceitos de participação, de democracia e de política. “Participação é um direi-
to assegurado nos regimes democráticos para cada cidadão e cidadã participar da
vida política. Só existe democracia se houver participação”, concluiu a educadora,
lembrando que há várias formas de participar e que precisamos garantir nossa
participação na construção das políticas e das leis.
A jovem Bruna Melo contou ao grupo que se filiou a um partido político, porque
acredita que assim “poderá fiscalizar o que está acontecendo e trabalhar para que
o errado não aconteça”. Ela ouviu comentários de apoio dxs colegas, que visivel-
mente se animaram com sua atitude. Daniela finalizou a apresentação com exem-
plos de ativistas jovens que estão influenciando políticas nacionais e internacio-
nais, como a empreendedora baiana Monique Evelle e a paquistanesa Malala You-
safzai, ganhadora de um prêmio Nobel da Paz, por sua luta pelo direito à educação
de meninas em seu país.
A educadora então pediu que todxs se reunissem em dois grandes grupos para
planejar uma ação política a ser realizada coletivamente. Este momento aconteceu
na OFICINA 2, quando Daniela, Harrison, Wendell e Daniel, em seus respectivos
contextos, apresentaram às turmas de jovens o instrumental Canvas, disponibiliza-
do pela Fundação Itaú Social, para o planejamento das intervenções práticas.
Em Fortaleza, xs jovens planejaram uma oficina de produção de placas com mate-
rial reciclado e um sarau com microfone aberto a quem quisesse se manifestar.
Em Belém, as duas turmas (manhã e tarde) se uniram para planejar e organizar a
Ação Coletiva da Juventude Tamo Junto, que foi realizada na praça Benedito Mon-
teiro, no bairro Guamá, no sábado 15 de junho, das 9h às 11h.
Em Salvador, os jovens das comunidades do Arenoso, do Bairro da Paz e do Cala-
bar, decidiram organizar um sarau na sede do projeto Avançar, no Bairro da Paz, no
sábado 6 de julho, das 14h às 18h.
34
 ~
REFLEXOES E APRENDIZADOS

O QUE ME MARCOU NESTA OFICINA?

Antes da avaliação final, xs educadorxs relem-
braram com xs jovens todo o percurso metodoló-
gico que foi percorrido desde o início das duas
oficinas, o que denominaram de memória didáti-
ca. Tal método permite reforçar rapidamente os
conteúdos e relacioná-los todos, mostrando aos
educandos a lógica de construção do conheci-
mento ao longo do processo.

Na avaliação final, o ponto alto destacado pela

maioria foi o sentimento de fortalecimento pelo
que têm em comum com xs outrxs jovens e pelas
trocas de ideias proporcionadas pela metodolo-
gia participativa e ativa. Em geral, tinham a
expectativa de poder realizar suas ações com
sucesso e de reforçar os vínculos entre todxs
participantes.

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REFLEXOES E APRENDIZADOS
DINÂMICAS UTILIZADAS

# MUITO PRAZER
Objetivo: Apresentação rápida dos nomes de participantes

Como fazer: Reunir os participantes em uma roda (pode estar de pé ou sentados, de-
pendendo das condições físicas do grupo); cada pessoa deve se apresentar falando
seu nome e fazendo um gesto que a represente; em seguida, todas as demais repetem
o nome e o gesto da pessoa que se apresentou.

Quando usar: No início de trabalhos, quando as pessoas não se conhecem. Ajuda a

memorizar os nomes e a descontrair.

# O NOVELO
Objetivo: Apresentar as pessoas de uma forma inusitada.

Como fazer: O grupo se posiciona em círculo. Casa pessoa que vai se apresentar
segura um novelo, enquanto fala seu nome e apresenta três fatos interessantes sobre
sua vida, mas uma das informações é falsa. Em seguida, a pessoa joga o novelo para
outra e fica segurando uma das pontas. A pessoa que recebe o novelo deverá adivin-
har qual das informações é falsa e, em seguida, se apresentar da mesma forma. Ao
final, todos estarão apresentados, integrados e o novelo formará uma rede.

Ferramenta necessária: um novelo grande de barbante ou de lã.

Quando usar: no momento inicial de um trabalho com um grupo de pessoas que não se
conhecem.
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REFLEXOES E APRENDIZADOS

# MEU SENTIMENTO # CABRA CEGA

Objetivo: Conhecer o humor com que os participantes chegam e ajudar a criar em- Objetivo: Promover a confiança entre pessoas que se conhecem pouco, estimular a
patia. comunicação e a criatividade.

Como fazer: Distribuir canetas e post-its ou papéis em forma de passarinho (logo do
twitter) para os participantes escreverem com que sentimento estão chegando na
oficina. Depois de escreverem, cada jovem prega o papel em um quadro ou outro tipo
de suporte.
Ferramentas necessárias: canetas e papéis coloridos.
Quando usar: No início de uma reunião ou oficina.
Como fazer: 1) O facilitador esconde objetos (pode ser uma barrinha de chocolate ou
cereal), de preferência em uma área ao ar livre, durante um intervalo ou antes de ini-
ciar a oficina. 2) O facilitador pede que sejam formadas duplas de pessoas que não se
conhecem ou que convivem pouco. 3) Uma das pessoas tem os olhos vendados. A outra
será seu guia. Cada par tem a tarefa de encontrar um objeto escondido pelo facilita-
dor. O número de objetos escondidos equivale ao número de duplas. 4) Somente a
pessoa que está “cega” poderá procurar o objeto, enquanto a sua “guia” a orienta
com palavras.

Ferramentas necessárias:
uma máscara ou pano que
sirva como venda; objetos
para esconder.

Quando usar: Pode ser

realizada antes de ativi-
dades em grupos que se
conhecem pouco e que
terão que solucionar um
problema ou questão. Os
papéis de guia e de
“cabra cega” podem ser
adaptados para trios,
quando necessário.

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REFLEXOES E APRENDIZADOS
# MINHA TRILHA SONORA
Objetivo: Promover a reflexão sobre cultura e diversidade.
Como fazer: Os participantes devem elaborar uma playlist com suas músicas favori-
tas, que tenham marcado suas vidas de alguma forma. Depois pedir para cada um
tocar apenas um trecho da música escolhida. Ao final, fazer uma reflexão coletiva
sobre as letras e ritmos escolhidos, destacando a diversidade cultural que temos no
Brasil e a valorização das expressões populares locais.
Ferramentas necessárias: equipamento de som e caixas amplificadoras.
Quando usar: Pode servir como disparadora para debates sobre culturas e identi-
dades.
# ENERGIZE – CABO DE VASSOURA
Objetivo: Energizar o grupo
Como fazer: As pessoas são posicionadas de frente uma para a outra, em duplas.
Um da dupla segura o cabo com as duas mãos próximas, enquanto o outro com as
mãos separadas (deixando as mão do primeiro, entre as suas). O mesmo posiciona-
mento deve ser feito com os pés com a posição invertida em relação às mãos. Ao ser
dado o comando, a dupla vai agachar e depois se levantar. Este exercício trará difi-
culdade e exigirá colaboração, todos devem segurar o cabo de vassoura e imprimir
força, caso contrário, irão cair. Cada dupla deve fazer dez agachamentos.
Ferramentas necessárias: um cabo de vassoura para cada dupla de pessoas
Quando usar: Em momentos em que o grupo estiver sem energia, como após o
almoço, por exemplo.
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CAPITULO 4
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PERIFERICOS ENGAJADOS
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PERIFERICOS ENGAJADOS
GRAFITE TAMBÉM É POLÍTICA

Entre as intervenções realizadas pela Juventude TamoJunt@, em Belém, seis painéis grafitados no muro da entrada do Lar Fabiano de Cristo – a entidade parceira
do projeto – foi uma das mais belas. Aconteceu no último dia das oficinas e pode ser considerada mais uma prática dxs jovens, embora não tenha sido organizada
por elxs.
O arte-educador Marcelo de Jesus, morador do bairro Guamá, foi o facilitador da oficina de grafite, que teve como tema “cidadania e participação”. O desafio era
materializar em imagens o conceito de cidadania. Depois de um momento de reflexão sobre o assunto com xs jovens, as imagens foram planejadas para serem grafit-
adas cada uma por um grupo.
O resultado final foi surpreendente:

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PERIFERICOS ENGAJADOS

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PERIFERICOS ENGAJADOS

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PERIFERICOS ENGAJADOS
Em cores vibrantes, os seis painéis retratam a diversidade das juventudes e expressam várias questões enfrentadas por elas nas periferias das cidades como a violência,
a criminalidade, o racismo e a intolerância. Mas esta ação deixou também uma lição de união, resistência e luta por direitos como educação e comunicação.
Na opinião de participantes, foi importante olhar para dentro das suas realidades, para saírem dali com uma sensação de pertencimento e convictos de que não desis-
tirão de lutar por melhores condições de vida. A pintura em equipe foi, segundo elxs, um exercício de respeito à opinião das outras pessoas.

Na véspera da Ação Coletiva da Juventude Tamo Junt@,

comissões formadas por jovens participantes das oficinas
produziram e organizaram seus respectivos materiais, como
programação, faixas, vários cartazes e decoração.
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PERIFERICOS ENGAJADOS
OCUPA GUAMÁ
Grafite, música, danças, batalhas de MCs, poesias, jogos de tabuleiro e muitas pinturas deram cor e alma nova à praça central do bairro do Guamá, na manhã de 15 de
junho de 2019. O espaço, que fica numa área bem movimentada, com intenso fluxo de pedestres, é pequeno e bastante deteriorado, com bancos quebrados, muita
sujeira e equipamentos de ginástica ao ar livre danificados. Foi exatamente ali que a Juventude Tamo Junt@ resolveu fazer uma intervenção político-cultural, para
chamar a atenção da população local.
Uma faixa branca de TNT, medindo aproximadamente dez metros, foi estendida no centro da praça, onde as pessoas deixaram sua
marca e seu recado, em forma de grafitagem.
Wiliams Soares e Mariana Kali, jovens que participaram da Oficina Tamo Junt@, se revezaram na apresentação das atrações e deram as boas vindas ao público, que
incluiu moradores da região, jovens e representantes das três instituições parceiras: Lar Fabiano de Cristo – Casa de José, Espaço Cultural Nossa Biblioteca e projeto
Cine Clube Terra Firme.

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PERIFERICOS ENGAJADOS
Todos reconheceram a importância da ação e enalteceram o trabalho coletivo desenvolvido em
tão pouco tempo pelxs jovens. “É necessário fortalecer essa identidade de comunidade perifé-
rica; ações como essa deveriam acontecer mais vezes para que a juventude se envolva e não
veja a violência e a marginalidade como projeção de futuro, mas sim o trabalho e a luta conjun-
ta em prol da comunidade”, ressaltou o sr. Raimundo, representante do Espaço Cultural Nossa
Biblioteca.

Grupos e duplas de dança se alternaram em ritmo intenso e com variados estilos musicais, cha-
mando a atenção da população para a diversidade das juventudes, suas atitudes e seus modos
de ser, gostar e vestir.

Jogos de tabuleiros (dama, xadrez), além de baralho e dominó também foram atrativos tanto
para os jovens quanto para os adultos.

As poesias declamadas faziam críticas sociais e reafirmavam a vontade da juventude em lutar

por uma sociedade melhor e mais democrática.

Ao final, xs jovens agradeceram a atenção e participação da comunidade e, juntxs, limparam e

organizaram a praça, deixando nesta ação um recado de força, alegria e resistência para a
comunidade.

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PERIFERICOS ENGAJADOS
SARAU TAMO JUNT@
O Sarau Tamo Juntxs, organizado pelxs jovens baianos aconteceu no dia 6 de julho, quatro dias depois do feriado em que a Bahia comemora a data de sua Indepen-
dência de Portugal, conquistada com muita luta, quase um ano depois do famoso grito às margens do Ipiranga. E a luta por autonomia e direitos do povo negro conti-
nua até hoje em Salvador, a cidade com a maior população negra do Brasil. É por isso que o evento foi marcado por manifestos contra o racismo, a violência e a discri-
minação da população periférica e majoritariamente negra.

Espero que o sarau ajude a desconstruir pensamentos preconceituosos. Temos de valorizar todo
mundo e continuar dando voz para as pessoas dizerem o que pensam.
(Mauricio Mateus Santos, Coletivo Tamo Junt@)

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PERIFERICOS ENGAJADOS

A apresentação foi de Luã dos Santos e Bruna Melo, ele morador da comunidade do Arenoso e ela do Calabar. Estavam pela primeira vez no Bairro da Paz, outra área periférica de
Salvador, também conhecida na mídia por ser um local “violento e berço da criminalidade”. É o bairro onde moram quatro dos jovens que participaram das oficinas realizadas no
Colégio Norma Ribeiro, no Arenoso.

“Fazer o sarau aqui significou a desconstrução do meu próprio preconceito em relação ao Bairro da Paz. Pude ver quanta cultura e
talentos tem nessa comunidade. O projeto Tamo Junt@ também me fez perceber que eu tinha uma visão estereotipada de política.
Descobri que podemos fazer política no nosso dia-a-dia, reivindicando direitos, não aceitando as injustiças”, refletiu Luã dos Santos. 47
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PERIFERICOS ENGAJADOS
Graças às redes sociais, à divulgação pelo carro de som, que anunciou um spot criado pelxs jovens e ao infalível boca-a-boca, o evento reuniu pessoas de vários bairros perifé-
ricos de Salvador. Isso contribuiu para a riqueza e diversidade das apresentações de dança, música e poesia.
O grupo Black Dance criou coreografias inusitadas com passos jamaicanos e o ritmo baiano.
Ednei William, jovem de 15 anos, artista, poeta e morador do Trombogy, ficou sabendo do sarau e foi até lá acompanhado de sua mãe, Rosângela, negra e doméstica, que o
incentiva a ler os clássicos desde criança e vibrou com o sucesso que o filho fez, ao declamar poesias de sua autoria, num manifesto contra o racismo e a homofobia.
Ítalo Santos, morador do Arenoso que participa do Coletivo Tamo Junt@, se apresentou no sarau, cantando, dançando e performando músicas que denunciam a violência e a
discriminação.
Lorena Araújo dos Reis, moradora do Calabar, disse que foi ao sarau porque se sentiu desafiada a conhecer o Bairro da Paz, do qual sempre ouviu notícias negativas na televi-
são. “Fiquei feliz e acho que esse projeto poderia ser levado para outros bairros também”, afirmou a jovem que declamou Me Chamam Negra, o poema da poeta afro-peruana
Victória Santa Cruz, que marca a luta das mulheres negras.
Negra, sim, negra sou.
De hoje em diante eu não quero alisar meu cabelo.
E vou rir daqueles que por evitar algum dissabor,
Não me chamam de negra, mas de gente de cor.
E que cor é essa?
Negra! E como soa lindo! E que ritmo tem! Negro Soul!

Grupo Black Dance Ítalo Santos Lorena Reis 48

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PERIFERICOS ENGAJADOS
Outra grande estrela do evento foi Lívia Santos Silva, 18 anos, musicista da Orquestra Neojibá, moradora do Bairro da Paz e frequentadora do projeto Avançar desde criança.
Ela arrebatou a plateia ao declamar poesias sobre mulheres vítimas de violência. “Às vezes nós, jovens, passamos por momentos da vida em que pensamos em desistir de tudo.
Mas esses pequenos reconhecimentos nos fazem prosseguir. Adorei participar do sarau”, afirmou.

“Estou muito inspirada pela arte feita pela juventude neste sarau. Vi que há muita gente pensando igual e talvez até tenhamos motivado outrxs jovens que vieram assistir.”
Adriele Gomes Paiva, Coletivo Tamo JUnt@

A organização das atividades práticas foi um processo educativo que fortaleceu a autoestima das pessoas e a sua união em seus respectivos coletivos. Foi desafiador, houve
desencontros, imprevistos, cansaço, mas tudo foi superado pelos resultados alcançados, tanto na intervenção na Praça do Guamá, quanto no sarau do Bairro da Paz.

Em Salvador, o grupo de jovens ficou tão motivado com o sucesso das oficinas que decidiu continuar atuando junto politicamente, criando o Coletivo Tamo Junt@, para realizar
outros saraus nas periferias da cidade. A experiência adquirida neste primeiro evento lhes deu segurança para encarar os próximos desafios. “Não imaginava que seria tão bom.
Cada pessoa que se expressou aqui por meio da poesia, do rap, me mostrou que não estamos sós e que há várias formas de fazer política, de questionarmos o racismo, o machis-
mo e outras formas de intolerância. O que fizemos não foi em vão, porque pode estar influenciando outras pessoas, como as crianças que estiveram aqui”, resume Ítalo Santos.

Adriele Gomes Paiva

Lívia Santos Silva
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CAPITULO 5
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DESAFIOS E RECOMENDACOES
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DESAFIOS E RECOMENDACOES
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Conceber um projeto em equipe, envolvendo profissionais de quatro
cidades, de três regiões do país, é desafiador e, ao mesmo tempo,
muito potente. É animador poder trabalhar a partir de uma diversi-
dade de olhares, experiências, referências e contextos territoriais e
culturais singulares. É também muito rico perceber que as juven-
tudes de cada região se tornam ainda mais plurais quando soma-
mos os territórios. Tudo isso concretiza a beleza de perceber, con-
templar e valorizar os múltiplos modos de ser jovem e também
reforça a nossa responsabilidade de traduzir essa riqueza nas ini-
ciativas propostas.

A partir desse entendimento, pactuamos um planejamento, com

uma metodologia de referência, que serviu de base para toda a
equipe, mas prevendo uma flexibilidade a partir dos contextos
locais e também durante a vivência das atividades.

PLANEJAMENTO

METODOLOGIA

OFICINAS OFICINAS
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DESAFIOS E RECOMENDACOES
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Ao longo de todo o processo, imprevistos e mudanças ocorreram em termos de cronograma, ajustes de carga horária das atividades, programação, entre outros. E xs
responsáveis por cada território assumiram o compromisso de tentar manter um padrão básico das referências pactuadas.

Entre as aprendizagens, a certeza de que xs jovens superam qualquer expectativa de quem idealiza ações para e com elxs. Em Salvador, por exemplo, o grupo de
jovens que participou das oficinas decidiu se tornar um Coletivo, que já se reuniu para programar um novo sarau para o mês de setembro de 2019 e anunciou que
outras ações serão realizadas em seguida.

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DESAFIOS E RECOMENDACOES
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DESAFIOS:
# Manter engajamento da equipe e
compartilhar responsabilidades e decisões
# Garantir uma diversidade de participantes
e que estejam engajados com a proposta
# Flexibilidade para ajustar a metodologia
nos diferentes territórios, sem perder a
essência
# Manter o engajamento das cidades
distintas, garantindo o cronograma
pactuado
Recomendações:
# Criar rotinas de contato contínuo da equipe coordenadora para planejar, monitorar, avaliar e ajustar as ações
# Durante a mobilização dxs jovens, atentar para garantir uma diversidade de participantes e que estejam engajados
com a proposta
# Mobilizar uma quantidade maior de jovens do que o planejado para a atividade; garantir inscrição prévia dos jovens
(sugestão: formulário on-line); analisar o perfil dos inscritos e ajustar a metodologia, caso necessário
# Considerar o contexto territorial e dxs participantes
# Registrar todas as atividades em fotos, vídeos e relatorias
# Sistematizar todo o processo e resultados. Dependendo do contexto, a mesma pessoa pode ficar responsável pelos
registros textuais e pela sistematização, que envolve a escrita e a edição final. Outra opção é um(a) profissional cuidar da
edição final, a partir dos registros feitos pelxs participantes do processo.
# Após sistematização de toda a iniciativa, apresentá-la para os grupos envolvidos; estimular a avaliação e o uso crítico;
disseminá-la para outros grupos de jovens, organizações e órgãos que trabalham com e para jovens, além de parceiros.
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CAPITULO 6
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INSPIRACOES E REFERENCIAS
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INSPIRACOES E REFERENCIAS
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PUBLICAÇÕES: VIDEOCLIPES:
Caderno de Inspirações - https://www.itausocial.org.br/wp-con- Não é Sério, com Charlie Brown Jr. e Negra Li.
tent/uploads/2019/02/Juventudes_em_curso_Livro_Digital.pdf Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=1pwozTNLHro

MAMEDE, Daniel Martins. A cidadania dos coletivos do Cuca Jangu- Os Miseráveis. Videopoema de Sérgio Vaz.
russu. Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas/Universidade Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=-IGoohG8vnI-
de Lisboa. Lisboa, 2019. https://www.youtube.com/watch?v=-IGoohG8vnI

___________, Rede Cuca, uma rede decidadania. Instituto Superior

de Ciências Sociais e Políticas/Universidade de Lisboa. Lisboa, 2018. APRESENTAÇÕES PPT:
SILVA, Daniela. Juventudes e Participação Política. Oficina Tamo
OBSERVATÓRIO DA JUVENTUDE. Juventude em/in formação”, Fan- Junt@. Salvador, 2019.
zine nº03. UFMG. Belo Horizonte, 2015. Disponível em: http://obser-
vatoriodajuventude.ufmg.br/publication/fanzine-juventudes/

OLIVEIRA, Igor e HERMONT, Catherine. A participação dos jovens

brasileiros: um mosaico de formas participativas”. Cadernos temáti-
cos Juventude Brasileira e Ensino Médio, caderno 11. UFMG, Belo
Horizonte, Disponível em: http://observatoriodajuven-
tude.ufmg.br/publication/cole-
cao-cadernos-tematicos-juventudes-e-participacao-politica/

Revista Novos Fluxos na busca por Oportunidades

https://www.itausocial.org.br/wp-content/up-
loads/2018/05/07-revistanovosfluxos-segundaedicao_151016270
6.pdf

SILVA, Daniela. Tamo Junt@! Educação Política de Jovem para

Jovem. Roteiro metodológico das oficinas Tamo Junt@. Salvador,
2019.

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ANEXOS
ANEXOS
POESIAS
QUEREM CALAR A NOSSA VOZ SOU NEGRA
(Jessica Cuentro, Fortaleza, CE) (Bruna Mota, Salvador, BA)
Querem calar a nossa voz, nos colocando barreiras e dizem: Clara demais para ser aceita em rodas culturais
“isso é o melhor, não se preocupe o parlamento tem planos Escura demais para sofrer racismo
para vocês”. Nunca pedi aceitação
Querem calar a nossa voz, a violência mata todos os dias Pois sei quem eu sou e nunca te pedi isso
homens e mulheres de valor, mas somos tipo pantera-negra, Aprendi a ser forte
não temos medo do pior. Hoje sou leoa feroz e felina
Querem calar a nossa voz, eles dizem tantas coisas e prome- Nao se limite a pensar nem ajudar
tem tanto, que nos deixam com aquele aperto se é sim ou não. Achando que negra so tem melanina
Minha mãe diz: “você vai prosperar, vai mudar o mundo ao seu Sou negra, sou negra
redor, é só saber sonhar que o caminho nos fortalece”. Mas muitos me negam
Querem calar nossa voz, e quando vamos para rua ainda Sou reflexo dos meus ancestrais
dizem: “pensem bem antes de agir”, mas assim como nós E das correntes que corriam presas nas pernas
sabemos, eles sabem ou pelo menos as gerações passadas E hoje nas mãos
dizem: “cuidado com as voltas que o mundo dá”. E quanto dos meus que morreram
Querem calar nossa voz, se tem alguém que zela por nós, sei Pela viatura e eram inocentes
que não é polícia, mas sim nossas mães com um olhar de amor Me diga quem construiu essa loja de igualdade
sincero. Eu quero falar com a gerente
Querem calar nossa voz, somos heróis e mulheres-maravilhas, Só de nascer vivo todo dia pela mesma existência
corremos pelos nossos sonhos e direitos até o fim. Sou mulher e negra
Por que é tão difícil entender que é nosso, cuidamos mesmo, E luto duas vezes pela resistência\
pronto e acabou. Aqui tá faltando dialogo
Mas o esquema é outro, não é o medo da reforma e pavor de Eu te escuto e vocês nao me ouvem
suas consequências. Ouvi dizer que existe paraíso na terra, só Nao me levem a mal mas se preto é questão de melani-
precisa lutar por ele. na escura
Há...me poupem
Pra quem faz discurso repetido
Eu indico apenas vergonha na cara
Vocês falam da minha cor de pele
Mas aceitariam mesmo se fosse Zumbi e
Dandara
Os pretos sao reis
As pretas soberanas e rainhas
Essa pele que tu conhece e habita
Nao e so sua também e minha
Ainda sofrendo assedio
Dá revolta e nao tedio
Dos caras que falam por eu ser mulher
Eu tenho mais do que um privilegio
Mulheres sejam tupi-guarani
Nao se iludam com o som do caiote
Eles querem pedir desculpa
Mas o instinto agressor sempre fala mais forte
Em quantos lutaram pelos seus direitos
E do nada a mesma sumiu
Mulheres somos mais do que mulheres
Somos a independência e nao estou falando do
Brasil
Racistas nao passarão e que todas nos conti-
nuemos de pé
Para quem se acha justo, fé
Para quem tem respeito com seu próximo, axé
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ANEXOS
POESIAS E passava o tempo, alisar meu cabelo
e sempre amargurada Não quero
ME CHAMAM NEGRA (VICTORIA SANTA CRUZ) Continuava levando nas minhas costas E vou rir daqueles,
(poema declamado por Lorena Araújo dos Reis, Salvador, BA) minha pesada carga que por evitar – segundo eles –
Tinha sete anos apenas, E como pesava!… que por evitar-nos algum disabor
apenas sete anos, Alisei o cabelo, Chamam aos negros de gente de cor
Que sete anos! Passei pó na cara, E de que cor!
Não chegava nem a cinco! e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra NEGRA
De repente umas vozes na rua Negra! Negra! Negra! Negra! E como soa lindo!
me gritaram Negra! Negra! Negra! Neeegra! NEGRO
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Até que um dia que retrocedia , retrocedia e que ia cair E que ritmo tem!
“Por acaso sou negra?” – me disse Negra! Negra! Negra! Negra! Negro Negro Negro Negro
SIM! Negra! Negra! Negra! Negra! Negro Negro Negro Negro
“Que coisa é ser negra?” Negra! Negra! Negra! Negra! Negro Negro Negro Negro
Negra! Negra! Negra! Negra! Negro Negro Negro
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia. E daí? Afinal
Negra! E daí? Afinal compreendi
E me senti negra, Negra! AFINAL
Negra! Sim Já não retrocedo
Como eles diziam Negra! AFINAL
Negra! Sou E avanço segura
E retrocedi Negra! AFINAL
Negra! Negra Avanço e espero
Como eles queriam Negra! AFINAL
Negra! Negra sou E bendigo aos céus porque quis Deus
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos Negra! que negro azeviche fosse minha cor
e mirei apenada minha carne tostada Sim E já compreendi
E retrocedi Negra! AFINAL
Negra! Sou Já tenho a chave!
E retrocedi . . . Negra! NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
Negra! Negra! Neeegra! Negra! NEGRO NEGRO NEGRO NEGRO
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra sou NEGRO NEGRO
Negra! Negra! Negra! Negra! De hoje em diante não quero Negra sou! 58
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ROTEIROS METODOLOGICOS DAS OFICINAS

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