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Urbanização no mundo e no Brasil

TC Ricardo Freitas
Geografia – CMPA – 2020
O que é Urbanização?

 O processo de urbanização corresponde ao aumento


proporcional da população urbana em relação à população
rural. Segundo esse conceito, só ocorre urbanização quando o
crescimento da população urbana é superior ao crescimento
da população rural.
Urbanização no mundo e no Brasil
Urbanização

Países Desenvolvidos
 Inicia após a 1ª Revolução Industrial. Maior urbanização após a 2ª
Revolução Industrial.
 Lento processo de urbanização. Ocorreu nos séculos XIX e XX
(duração de 80 a 100 anos).

Países Subdesenvolvidos
 Acelerado processo de urbanização.
 Ocorreu após a 2º Guerra Mundial (1945).
 Ocorreu no século XX devido ao início da industrialização
(duração de 30 a 40 anos).
Países Desenvolvidos
 O crescimento das cidades
ocorreu paralelamente ao
crescimento da população.
 Houve melhor distribuição da
infraestrutura de saúde,
educação, transporte e de oferta
de empregos, ou seja, existiu um
equilíbrio na qualidade de vida.
 Em geral, a população rica está
nos subúrbios de luxo nas áreas
periféricas distantes do centro.
 As populações pobres estão
localizadas próximo aos grandes
centros – maior oferta de
empregos e facilidade no
transporte.
Países Subdesenvolvidos
 A mecanização do campo e automação na
indústria acarretam a diminuição de oferta
de mão de obra.
 Hipertrofia do Setor Terciário, ou seja,
inchaço do Setor Terciário.
 O processo de industrialização repentina
leva ao êxodo rural e à urbanização não
planejada.
 O crescimento rápido e concentrado não
permitiu o planejamento das cidades.
 A população rica habita as proximidades
da área central das cidades, mais
valorizada. A população de menor poder
aquisitivo é forçada a habitar as periferias.
 Volume imenso de pessoas se deslocando
diariamente da periferia para o centro –
problema de funcionamento das cidades.
Taxa de Urbanização
Causas da Urbanização

 Criação de tecnologias: como a máquina a vapor.


 Mecanização do campo (Revolução Agrícola).
 Diminuição de empregos no meio rural: êxodo rural –
migração rural-urbana.
 Melhor qualidade de vida nas cidades (saúde, educação,
transporte, saneamento básico).
 Modernização das atividades agrícolas, gerando êxodo rural.
 Políticas para atração de mão de obra para as indústrias.
Causas da Urbanização no Brasil

 Maior disponibilidade de serviços no meio urbano (“melhor


qualidade de vida”): saúde, educação, saneamento básico,
transporte, comércio, entre outros.
 Início do processo de industrialização (multinacionais) na década
de 1950 – campanhas do governo federal para atrair mão de obra
para os setores Secundário e Terciário.
 Subordinação do meio rural ao meio urbano (subordinação do
campo em relação à cidade – mecanização), formação das
agroindústrias e concentração fundiária.
 Inserção da mulher no mercado de trabalho (principalmente no
Setor Terciário).
Perspectiva de Crescimento Urbano
 Como consequência da urbanização, surgem as megacidades.
 Elas são aglomerações urbanas com mais de 10 milhões de
habitantes.
 Em 1975, só existiam 5: Tóquio e Osaka (Japão), Nova Iorque (EUA),
Cidade do México e São Paulo.
 Em 2003, eram 19 e, em 2012, chegaram a 23 (6 em países ricos –
Nova Iorque, Los Angeles, Osaka, Tóquio, Londres e Paris).
 Em 2018, eram 28 megacidades (6 em países ricos).
 Até 2030, podem ser 41 megacidades no mundo (maior
crescimento nos países emergentes e pobres – Ásia e África).
 Houve aumento na quantidade de municípios com mais de 1 milhão
de habitantes nos últimos 30 anos.
 Em 1975, existiam 195 no planeta (85 nos países desenvolvidos e
110 nos países subdesenvolvidos).
 Em 2015, existiam 556 municípios com mais de 1 milhão de
habitantes (128 nos países desenvolvidos e 426 nos países
subdesenvolvidos).
 Essas grandes cidades estão (e estarão) concentradas principalmente
nos países pobres e em desenvolvimento.
Crescimento Urbano no Brasil

Principalmente a partir dos anos 1990, vêm se delineando novas


tendências no processo de urbanização brasileiro:

 diminuição do ritmo das migrações inter-regionais;


 expansão das áreas de ocupação irregular e de condomínios
fechados nas zonas próximas aos grandes centros urbanos;
 ritmo de crescimento menos acelerado das grandes cidades, entre
elas as metrópoles;
 intensificação no ritmo de crescimento das cidades médias;
 valorização extrema dos imóveis urbanos;
 custo de vida mais alto nas metrópoles (incluindo aluguel de
imóveis);
 expansão e adensamento populacional das periferias das
metrópoles em contraste com a redução da densidade demográfica
em áreas centrais.
Crescimento Urbano no Brasil

 O grau de
urbanização não está
relacionado com o
grau de
desenvolvimento
econômico dos
estados.

GRAU DE URBANIZAÇÃO
POR REGIÃO
 1º Sudeste: 93,2%
 2º Centro-Oeste: 90,3%
 3º Sul: 85,7%
 4º Norte: 75,9%
 5º Nordeste: 73,7%
Grau de Urbanização por Região
1º Sudeste: 93,1%
2º Centro-Oeste: 89,8%
 Presença de grandes
propriedades rurais e
elevada mecanização
(libera mão de obra
para as cidades).

3º Sul: 85,6%
 Presença de pequenas e
médias propriedades
rurais. Necessidade de
mais mão de obra nas
propriedades rurais.

Fonte: IBGE, 2015.


Grau de Urbanização por Região
4º Norte: 75%
 Área de ocupação
recente. Dificuldade
de ocupação das
áreas rurais devido à
presença da floresta
Amazônica.

Fonte: IBGE, 2015.

5º Nordeste: 73,1%
 Área de ocupação antiga.
Maior facilidade de
ocupação das áreas
rurais devido à presença
da Caatinga.
Brasil: crescimento das cidades médias
 Hoje há menor crescimento das metrópoles (custo e qualidade de
vida).
 Existe maior crescimento das cidades de pequeno e médio porte
localizadas junto aos grandes centros urbanos.
 Crescimento das cidade entre 100.000 a 500.000 habitantes.

Exemplo:
Santa Maria
Conceitos Urbanos
GENTRIFICAÇÃO: é a revalorização de espaços antigos –
especulação imobiliária.

É a alteração das dinâmicas da composição de um local, por meio de


novos comércios de estilo ou preço incompatíveis com a média do
local, entrada de públicos que valorizam a região. Tal valorização é
seguida de um aumento de custo de aluguéis, bens e serviços,
dificultando a permanência de antigos moradores de renda
insuficiente para sua manutenção no local cuja realidade foi alterada.

Como diagnosticar a Gentrificação?


 Mudança econômica – perda de moradia e comércio acessível;
 Mudança cultural – perda da especificidade e caráter tradicional;
 Mudança social – perda de vizinhança e valores comunitários;
Gentrificação

Vista do morro do Vidigal no RJ.


Conceitos Urbanos
 METRÓPOLE: cidade-mãe que polariza (centraliza) serviços.
Município central que serve de referência em serviços (saúde,
educação, transporte, comércio, entre outros) para os municípios ao
seu redor.
 CONURBAÇÃO: união horizontal entre duas ou mais cidades. União
das periferias entre dois ou mais municípios.
 REGIÃO METROPOLITANA/AGLOMERAÇÃO URBANA: é a
expansão da periferia em direção a outras cidades.
 Foram criadas com objetivo de solucionar os problemas
urbanos em conjunto.
 É também um termo genérico que designa a junção de cidades
próximas, a partir de sua expansão progressiva. Ex.: Região
Metropolitana de Porto Alegre.
 MEGALÓPOLE: conurbação de metrópoles. É típico de grandes
regiões industriais.
Metrópole

 Metrópole: é uma cidade com alto grau de influência e


importância, caracterizados pelos níveis de comércio, serviços,
produção tecnológica, etc.
 Metropolização: é o processo de formação de metrópoles.
Interferência e transformação geradas pela presença antrópica.
Conurbação

 É a junção física e horizontal das cidades.


Região Metropolitana

 É composta pela metrópole e suas cidades satélites, que crescem


em sua órbita. Com dependência da metrópole.
 Ou é a região formada por um conjunto de municípios próximos
entre si, integrados socioeconomicamente a uma cidade central,
chamada metrópole.
Entre 2008 e 2018, o Brasil formou três novas metrópoles e 32
cidades foram elevadas a capitais regionais em 12 estados.
Campinas, Florianópolis e Vitória subiram de nível e passaram a
integrar o grupo de 15 metrópoles, que tem São Paulo no topo da
hierarquia como grande metrópole nacional e Rio de Janeiro e
Brasília como metrópoles nacionais. As outras metrópoles são Belém,
Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, Porto Alegre, Recife,
Salvador e Manaus. Devido ao grande dinamismo empresarial,
Campinas é a única metrópole que não é capital estadual.

https://censos.ibge.gov.br/2012-agencia-de-noticias/noticias/28043-
campinas-florianopolis-e-vitoria-sao-as-novas-metropoles-brasileiras.html
Megalópoles

 MEGALÓPOLE:
conurbação de
metrópoles e
de cidades
vizinhas. É
típico de
grandes
regiões
industriais.
Megalópoles
Megalópole na China
Brasil: Megalópole em formação
 São Paulo e Rio de Janeiro, separadas por apenas cerca de 400
km, configuram o principal eixo econômico do país.
 A expansão das suas regiões metropolitanas e das cidades
localizadas sobre o eixo de circulação que as conecta está
conduzindo ao surgimento da primeira megalópole do país.
Brasil: Megalópole em formação
Conceitos Urbanos
 MEGACIDADES: (quantitativo) segundo a ONU, são
aglomerações urbanas com + de 10 milhões de habitantes.
Hoje, existem 28 no mundo. A tendência de crescimento é nos
países subdesenvolvidos.
 CIDADES GLOBAIS: (qualitativo) cidades ou metrópoles
globalizadas na economia mundial. São cidades com influência
econômica, política e cultural no mundo.
 TECNOPOLOS: cidade-científica (tecnológica). Possuem
excelente rede de transportes e comunicação e, além disso,
estão próximo dos grandes centros econômicos.
 METACIDADES: cidades com mais de 30 milhões de habitantes.
Tóquio é a única metacidade do mundo.
 Há previsão de surgimento de outras METACIDADES no
mundo nos países subdesenvolvidos.
Megacidades
 São aglomerações urbanas com + de 10 milhões de habitantes.
 Hoje, existem 28 no mundo.
 A tendência de crescimento é nos países subdesenvolvidos.
Megacidades
Cidades Globais
 São grandes centros de decisão, com influência não apenas
regional, mas internacional.
 São cidades especializadas, no setor financeiro ou de
tecnologia da informação.
 Formam uma rede urbana densa, complexa e bem articulada.
 Abrigam bolsas de valores, corporações bancárias, redes de
informação, sistemas de telefonia celular e de comunicação a
cabo.
Cidades Globais
Tecnopolos
 São cidades-científicas (produção de tecnologia de ponta: HIGH-
TECH).
 Possuem excelente rede de transportes e comunicação e, além
disso, estão próximo dos grandes centros econômicos.

 No Brasil,
destacam-se,
no estado de
SP: Campinas
e São José
dos Campos.
Metacidades
 São cidades com mais de 30 milhões de habitantes. Tóquio é a
única metacidade do mundo.
 Há previsão de surgimento de outras METACIDADES no mundo,
nos países subdesenvolvidos, nas próximas décadas.
Planejamento Urbano: Plano Diretor
 No Brasil, o Estatuto da Cidade
obriga o Plano Diretor a
estabelecer planos (e metas)
para organizar o crescimento
urbano.
 O Plano Diretor atinge as
áreas urbanas e rurais (todo o
território do município).

 Assim, o Plano Diretor é uma lei municipal, obrigatória para


municípios com mais de 20 mil habitantes.
 o Plano Diretor cria um sistema de planejamento e gestão do
município, determinando as políticas públicas a serem
desenvolvidas em um prazo de 10 anos em todas as áreas da
administração.
Rede Urbana

 São as Redes de circulação (de pessoas, capitais e


informações) de maior ou menor complexidade.

 As Redes Urbanas possuem tamanhos e funções diferentes,


que estabelecem relações umas com as outras e com o espaço
rural que as cerca.

 As Redes podem ser definidas como a interligação entre as


cidades que se estabelece a partir dos fluxos de mercadorias,
capitais, informações, etc.

 Assim, todas as cidades da Rede Urbana de um país ou do


mundo estabelecem entre si algum tipo de relação, que
depende da função que cada cidade possui.
Rede Urbana
Rede Urbana
Problemas Urbanos

 Macrocefalia Urbana (aumento exagerado do Setor Terciário) ou


infraestrutura deficitária;

 Segregação espacial (favelas e condomínio fechados);

 Acelerada verticalização (mudança nos ventos; direção e


intensidade; orientação solar);

 Poder Paralelo (violência = milícias e o tráfico de drogas – PCC


em SP) e Economia Informal;

 Mudanças Climáticas Locais. Ex.: ilhas de calor e inversão térmica;

 Lixo / enchentes / trânsito conturbado;


Macrocefalia Urbana
 É o crescimento desordenado das
áreas urbanas.
 O rápido crescimento dificulta o
planejamento urbano
(infraestrutura urbana).

 PRINCIPAIS PROBLEMAS:
 trânsito;
 lixo (coleta e destino);
 exclusão social (moradias);
 saúde e educação;
 enchentes e deslizamentos;
Macrocefalia Urbana

 Necessidade de
investimentos em
transporte público;
 Redução do transporte
individual e crescimento do
coletivo;
 Crescimento do uso das
ciclovias para reduzir
poluição e trânsito;
Saneamento Básico
 água tratada;
 oferta de luz elétrica;
 iluminação pública;
 esgoto: coleta e tratamento;
 lixo urbano:
 coleta;
 destino e reciclagem;
IBGE: Por falta de saneamento básico, um em cada dez
domicílios no Brasil joga esgoto na natureza

No Brasil, um em cada dez domicílios tem despejo inadequado


de esgoto sanitário, fazendo com que os dejetos sejam despejados
na natureza, seja em fossas escavadas no terreno, valas, rios ou no
mar. A pesquisa mostra que o cenário é mais crítico na Região
Norte, com 29,6% dos domicílios (1,6 milhão de lares) sem rede de
esgoto e com despejo de resíduos na rua ou na natureza. Na
Região Nordeste, o índice chega a 22,1% ou 4,1 milhões de lares. Já
no Sudeste, o percentual cai para 5,5% ou 1,7 milhão de domicílios.

https://www.saneamentobasico.com.br/ibge-por-falta-de-
saneamento-basico-um-em-cada-dez-domicilios-no-brasil-joga-
esgoto-na-natureza/
Verticalização
 construções verticais nos espaços
centrais (mais valorizados);
 prejuízo para circulação do vento e
insolação (radiação solar);
 ilha de calor intensificada;
 inversão térmica mais acentuada
(retenção de poluentes);

 Polêmica em SC na cidade de
Balneário Camboriú por causa
do projeto imobiliário na orla
marítima;
Mudanças Climáticas Locais

Ilhas de Calor
Mudanças Climáticas Locais

Ilhas de Calor  Fenômeno comum nas


médias e grandes áreas
urbanas.
 Superfícies antrópicas
absorvem mais
energia e refletem
menos = maior
aquecimento.
 Maior intensidade
ocorre entre 12 e 14h,
pois a insolação é
maior nessa faixa de
horário.
 A presença de ilhas de Calor gera chuvas com maior intensidade
(torrenciais) nas áreas centrais em relação às periféricas.
 As áreas verdes, praças, lagos/rios e parques atenuam os efeitos da ilha de
calor.
Mudanças Climáticas Locais

Inversão Térmica
 Fenômeno mais
comum durante o
inverno, porque as
variações de
temperatura ocorrem
com maior intensidade.

 A inversão térmica ocorre quando uma camada de ar quente se


sobrepõe a uma mais fria à superfície terrestre, logo, o ritmo
em que a poluição se mistura com o ar é retardado, e a poluição
acumula-se próximo do chão.
Poder Paralelo
 Milícias: são grupos
ilegais formados com
objetivo de combater o
crime e trazer segurança.
 Hoje as milícias têm  Refere-se às milícias e facções
articulação pelo poder criminosas, que são abastecidas
público: políticos, financeiramente pelo tráfico de
policiais, juízes, drogas, assaltos, sequestros e
empresários, entre outros. roubo de cargas.

 As milícias se mantêm com os recursos financeiros provenientes


da extorsão da população e da exploração clandestina
de gás, televisão a cabo, máquinas caça-níqueis, agiotagem, ágio
sobre venda de imóveis.
Segregação Espacial
 São moradias
precárias em
infraestrutura.
 Maioria está
concentrada em
países
subdesenvolvidos
e emergentes.
 DESTAQUE:
 Ásia;
 África;
 América
Latina;
Segregação Espacial
Segregação Espacial
Encravada em uma encosta de frente para São Conrado e de costas para a Gávea,
bairros nobres da zona sul do Rio, a Rocinha era, de acordo com o último Censo
do IBGE, a maior favela do Brasil em 2010, com 69.156 habitantes.

Uma das maiores comunidades do Rio, a Rocinha passou por um processo de


verticalização nos últimos anos, segundo levantamento do Instituto Pereira Passos.
(Custódio Coimbra / Agência O Globo)
Segregação Espacial

 A favela da Rocinha tem entre


70 mil (Censo 2010) e 100
mil habitantes (censo das
favelas).
 Cerca de 38 mil imóveis.

 As favelas crescem cerca


de 3 vezes mais rápido que
o município do RJ.
 A Rocinha tem população
maior que 91% das
cidades do Brasil.
Segregação Espacial
 Morumbi: sede do
governo paulista, Palácio
dos Bandeirantes, o maior
estádio particular do Brasil,
o Morumbi, e um dos mais
modernos hospitais
privados da América Latina,
o Albert Einstein.
 Morumbi: possui duas
grandes favelas
(Paraisópolis e Real
Parque).
 Bairro do Morumbi em SP: espaços
urbanos lado a lado com diferentes
graus de valorização.
Segregação Espacial
Bons estudos!

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