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O curso Tratamento de Denúncias em Ouvidoria para o Ministério Público foi desenvolvido pela
Enap, em parceria com a Ouvidoria-Geral da União (OGU) e a Ouvidoria Nacional do Ministério
Público (ONMP), para integrar a Certificação em Ouvidoria no âmbito do Ministério Público
brasileiro.
Módulo de encerramento
1. Boas-vindas ..................................................................................................... 2
3. Órgãos apuratórios.......................................................................................... 7
5. Revisão do Módulo........................................................................................ 12
1. BOAS-VINDAS
Como você já sabe, cabe à ouvidoria promover a análise preliminar da denúncia, verificando se
há elementos suficientes para dar início à apuração dos fatos narrados.
Por vezes o cidadão confunde reclamação com denúncia. Caso isso ocorra, o cidadão realizar
uma denúncia que na realidade se trata de uma reclamação, a ouvidoria deverá reclassificar a
manifestação.
Após verificar que a manifestação está corretamente classificada como denúncia, passa-se a
análise preliminar da denúncia. Como regra, não devem ser admitidas denúncias vazias,
superficiais ou confusas. As denúncias vazias e superficiais são aquelas que não oferecem
elementos que apontem para irregularidades que possam servir de fundamento para a apuração
realizada pela área competente. Nesse caso, a denúncia não se apresentará apta para ser
apurada.
A análise preliminar tem como objetivo avaliar a existência de requisitos que amparem a
recepção da denúncia no órgão competente. Esses requisitos podem se apresentar em conjunto
ou separados. Por exemplo, denúncia que descreve fraude em licitação que estaria ocorrendo
no órgão, mas que não aponta o responsável pela fraude. Nesse caso, somente o
aprofundamento da questão, por meio de um trabalho de apuração, poderá delimitar a autoria
da impropriedade.
Outro exemplo, denúncia relata que chefe assedia moralmente subordinado, sem nenhum
elemento probatório. Nesse caso temos a autoria dos fatos, todavia a ouvidoria, por meio de
pesquisa em sistemas, não tem como obter indícios de que o assédio realmente ocorreu. A
irregularidade só poderá ser comprovada com o aprofundamento da questão por meio de
investigação correcional, onde serão colhidos depoimentos. Repise-se que a ouvidoria não tem
a função de demandar junto ao denunciado informações acerca do fato, procedimento este que
será exercido pela unidade de apuração.
Lembramos ainda que os fatos denunciados devem ser considerados como supostas
irregularidades, tendo em vista que no momento da análise preliminar, haja vista não ser um
procedimento administrativo aprofundado e definitivo, não tem como se afirmar a ocorrência
da impropriedade, o que somente será possível ser confirmado após a completa apuração dos
fatos pela unidade de apuração.
a) o fato;
b) a autoria do fato;
c) as circunstâncias;
d) os valores envolvidos;
No mundo ideal, as ouvidorias do Ministério Público deveriam ter uma estrutura de pessoal e
de recursos tecnológicos que permitissem a realização de pesquisas junto aos sistemas internos
do órgão, aos quais as ouvidorias deveriam ter acesso amplo e irrestrito, bem como às fontes
de consulta externas pertinentes, para identificar indícios de veracidade da questão denunciada,
contudo, essa não é a realidade.
De qualquer sorte, para quando esse dia chegar, deixamos registrados que, diante da
diversidade de assuntos denunciados, as pesquisas também se apresentam diversas e
dinâmicas. Lista-se abaixo um rol exemplificativo, não exaustivo, de pesquisas que podem ser
realizadas, no caso de denúncia envolvendo a prática de ato de improbidade:
Diversos sistemas estão disponíveis na internet, a maioria com acesso livre, auxiliando, em
muito, na procura de elementos mínimos de autoria e materialidade para subsidiar a análise
preliminar da denúncia. Além desses, os sistemas internos dos órgãos também devem ser
utilizados para comprovar indícios de veracidade. Podemos destacar as seguintes fontes de
consulta:
Geralmente, denúncias que não contenham elementos mínimos de verossimilhança, bem como
aquelas que são redigidas com palavras de baixo calão e sem qualquer concatenamento textual
lógico, são encerradas na própria Ouvidoria.
Acrescentamos que os deveres do cidadão de expor os fatos conforme a verdade; proceder com
lealdade, urbanidade e boa-fé; não agir de modo temerário; e prestar as informações que lhe
forem solicitadas para os esclarecimentos dos fatos, estão originariamente dispostos no art. 4º,
Capítulo III - Dos deveres do Administrado - da Lei nº 9784/99, a qual regula o processo
administrativo na Administração Pública Federal.
3. ÓRGÃOS APURATÓRIOS
Como referido no módulo anterior, o órgão apuratório ao qual a denúncia será encaminhada
depende da natureza do seu objeto, bem como se os fatos envolvem pessoas da instituição ou
externas a ela.
Além disso, por meio da Lei nº 9.628, de 14 de abril de 1998, foi criada a Escola Superior do
Ministério Público da União, órgão autônomo integrante da estrutura do MPU, que foi abarcada
como unidade sujeita ao controle interno realizado pela Audin-MPU.
Cada Ministério Público conta com uma Corregedoria em sua estrutura e, no âmbito nacional,
temos a Corregedoria Nacional do Ministério Público.
Em outras palavras, o Ministério Público brasileiro abrange o Ministério Público da União (MPU),
que engloba o Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT),
Ministério Público Militar (MPM) e Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT),
bem como os Ministérios Públicos dos Estados, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do
regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
Somando-se as 4 (quatro) unidades do Ministério Público da União (MPF, MPT, MPM e MPDFT)
às 26 (vinte e seis) unidades dos Ministérios Públicos dos Estados, o Conselho Nacional do
Ministério Público é responsável pelo controle externo de 30 unidades do Ministério Público
brasileiro.
Alguns Ministérios Públicos já contam com Comissões de Ética formada e instituída, como por
exemplo, o Ministério Público Federal (Portaria PGR/MPF nº 729, de 14 de agosto de 2018),
sendo certo que no âmbito do MPU a Portaria n° 98, de 12 de setembro de 2017 aprovou o
Código de Ética e de Conduta do Ministério Público da União e da Escola Superior do Ministério
Público da União.
Ministério Público: O Ministério Público brasileiro é composto pelos Ministérios Públicos nos
estados e pelo Ministério Público da União, que, por sua vez, possui quatro ramos: o Ministério
Público Federal (MPF), o Ministério Público do Trabalho (MPT), o Ministério Público Militar
(MPM) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT).
Além disso, o Ministério Público tem autonomia na estrutura do Estado: não pode ser extinto
ou ter atribuições repassadas a outra instituição. Os membros (procuradores e promotores)
possuem as chamadas autonomia institucional e independência funcional, ou seja, têm
liberdade para atuar segundo suas convicções, com base na lei. Os Ministérios Públicos nos
estados atuam na Justiça estadual.
Tribunais de Contas: Os Tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder Legislativo. Eles
existem em âmbito federal, estadual e em alguns municípios. Possuem como função essencial
realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos entes
federativos, da Administração Pública direta e indireta. As empresas públicas e sociedades de
economia mista também estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
Na esfera estadual há 26 Tribunais de Contas Estaduais, para cada um dos Estados, e um Tribunal
de Contas do Distrito Federal, que analisam as contas das unidades da Federação.
Acerca das contas municipais, 22 Tribunais de Contas Estaduais, além das contas estaduais, são
também responsáveis pela análise das contas dos municípios. Em três Estados — Pará, Goiás e
Bahia —, além do Tribunal de Contas do Estado, existem Tribunais de Contas de Municípios, os
quais detém a competência para analisar exclusivamente as contas das cidades das respectivas
unidades da Federação. Dois municípios contam com um tribunal de Contas Municipal próprio:
São Paulo e Rio de Janeiro. A Constituição Federal proíbe a criação de novos tribunais de contas
municipais, mas autorizou a continuidade desses, que já existiam antes de 1988.
Convém destacar que, o envio de manifestações (denúncias) para os órgãos de controle externo
acima referido, ou mesmo para as Ouvidorias das Polícias (Federal, Militar, Civil), bem como para
outras ouvidorias públicas em geral (Poder Executivo, Legislativo, Judiciário) há que ser
previamente deliberado com o órgão de execução que detém atribuição para apurar os fatos no
âmbito do Ministério Público, para que seja preservada a estratégia de atuação do membro que
atua ou atuará no caso, o qual, por conveniência da investigação, pode querer manter a
apuração preliminar em sigilo.
Em recente levantamento realizado pelo Conselho Nacional dos Ouvidores do Ministério Público
– CNOMP1, obteve-se um diagnóstico atualizado das Ouvidorias que compõem o MP brasileiro
e, dentre as diversas informações consolidadas, tem-se que as 30 Ouvidorias Ministeriais (26
dos MP dos Estados e 4 dos MP da União), assim como, a própria Ouvidoria Nacional do MP
1
http://www.cnomp.com.br/texto/diagnostico-das-ouvidorias-do-mp-brasileiro/22
recebem manifestações através de formulário eletrônico disponibilizado no sítio de cada
Instituição, em ambiente virtual, dentre outros colocados à disposição do cidadão que deseja
manter contato com a Instituição e assim manifestar-se.
Dentro desta perspectiva, as denúncias são recebidas por qualquer desses canais e registradas
nos sistemas das Ouvidorias, sendo que, ao contrário da realidade vivenciada pelas ouvidorias
do Poder Executivo Federal, não existe um sistema único para utilização das Ouvidorias
Ministeriais e cada unidade do MP brasileiro, na medida das suas possibilidades, desenvolveu o
seu próprio, sem possibilidade, até o momento, de interoperabilidade com o sistema da
Ouvidoria Nacional do Ministério Público.
Cabe destacar que, de acordo com o inciso II, do Artigo 34 da Resolução nº 92, de 13 de Março
de 2013, que instituiu o Regimento Interno do CNMP, compete à Ouvidoria Nacional promover
a integração das ouvidorias do Ministério Público, com vistas à implementação de sistema
nacional que viabilize a consolidação das principais demandas e informações colhidas, de forma
a permitir a formulação de estratégias nacionais relacionadas ao atendimento ao público e ao
aperfeiçoamento da instituição.
Outrossim, esforços estão sendo envidados para que o comando normativo acima transcrito se
torne realidade, bem como para que as Ouvidorias do Ministério Público brasileiro tenham a
estrutura adequada para prestarem um atendimento de excelência a todo aquele que busca na
Instituição a garantia de seus direitos.
5. REVISÃO DO MÓDULO
BRASIL. Decreto 8.243, de 23 de maio de 2014. Institui a Política Nacional de Participação Social
- PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/decreto/d8243.htm.
BRASIL. Lei 13.460, de 26 de junho de 2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos
direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13460.htm.
CALMON, Paulo; COSTA, Arthur Trindade Maranhão. Redes e Governança das Políticas Públicas.
In: Revista de Pesquisa em Políticas Públicas. Brasília: Editora da UnB, 2013. Disponível em:
periodicos.unb.br/index.php/rp3/article/download/9126/6853.
CARDOSO, Antonio Semeraro Rito; LYRA, Rubens Pinto (Orgs). Modalidades de Ouvidoria
Pública no Brasil: Terceira Coletânea. João Pessoa: Ed. UFPB, 2012.
OUVIDORIA GERAL DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Manual de como atender bem à Ouvidoria
Geral do Estado de Minas Gerais (OGE): Uma parceria na gestão pública de qualidade. Governo
de Minas; Ouvidoria Geral: s/d. Disponível em:
http://www.ouvidoriageral.mg.gov.br/documento/doc_download/108-manual-de-como-
atender-bem-a-ouvidoria-geral-do-estado-de-minas-gerais
SÃO PAULO. Decreto 60.399, de 29 de abril de 2014 - Dispõe sobre a atividade das Ouvidorias
instituídas pela Lei nº 10.294, de 20 de abril de 1999.Estado de São Paulo, 2014. Disponível em:
http://www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/2014/decreto-60399-
29.04.2014.html.