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O conteúdo deste curso foi estruturado em 4 módulos, que buscarão apresentar o processo de
construção do atual sistema de proteção a denunciantes no Brasil, bem como os aspectos
práticos para o tratamento de denúncias:
Este curso, composto por quatro módulos, é parte do Programa de Formação Continuada em
Ouvidoria, promovido pela Ouvidoria-Geral da União, e compõe a trilha de aprendizagem de
Certificação em Ouvidoria Pública.
Abarcamos desde noções mais básicas e simples, para os iniciantes no mundo das ouvidorias ou
da proteção a denunciantes, a discussões novas ou mais aprofundadas, destinadas a quem
deseja provocar mudanças e inovações nos serviços em que atue.
Esperamos que aproveite o curso e, caso deseje, entre em contato com a equipe da Ouvidoria-
Geral da União para aprofundarmos nossas discussões por meio dos grupos de trabalhos e
projetos conjuntos realizados pela Rede Nacional de Ouvidorias
(https://www.gov.br/ouvidorias/pt-br/ouvidorias/rede-de-ouvidorias)
MÓDULO I: Quem é o denunciante e
por que devemos protegê-lo?
Olá, neste módulo aprenderemos conceitos importantes que nos auxiliarão a compreender o
conceito de denunciante e distingui-lo de outros conceitos a ele muitas vezes relacionados. Além
disso, entendermos como funciona a estrutura básica de um sistema de incentivo e proteção ao
denunciante, bem como o papel fundamental da denúncia para as políticas de integridade.
Bora começar?
1. O papel da ouvidoria pública no
tratamento da denúncia
As ouvidorias públicas são instâncias de participação e controle social, essenciais à democracia,
responsáveis por interagir com os usuários dos serviços públicos, com o objetivo de aprimorar a
gestão pública e melhorar os serviços oferecidos.
O sujeito de direitos do nosso curso é o denunciante. Mas, afinal, quem é que pode ser
considerado denunciante?
Para começarmos a nossa conversa, é importante que alguns conceitos estejam bem claros, e
que alguns termos, muitas vezes confundidos entre si, sejam corretamente distinguidos.
Ao longo do tempo, as dinâmicas e tensões entre sociedade e autoridades públicas levou a que
em alguns países o termo ganhasse uma conotação pejorativa, que, no português brasileiro, foi
absorvido por expressões bastante conhecidas tais como dedo-duro, X-9 ou cagueta. Tais
expressões revelam um dos grandes desafios que a administração pública enfrenta abordar o
tema de denúncia: o desestímulo que muitas vezes preconceitos e práticas culturais acabam
provocando junto àquelas pessoas que poderiam contatar as autoridades a fim de relatar
irregularidades de que tenham conhecimento.
Por mais lícita que seja a ação de denunciar, sobre ela repousa uma série de estigmas, muitas
vezes relacionados à ideia de quebra de confiança aos seus pares – que lhe confiaram a
informação. Como resultado, não raro, denunciantes acabam por sofrer retaliações das mais
diversas formas: desde o descrédito junto a pessoas a seu entorno até situações mais graves
que podem repercutir na sua integridade física.
Como os debates acadêmicos muitas vezes buscam definir tanto informante como reportante
com conjunto extenso de qualificadoras (tipo de ilícito, qualidade da denúncia, forma de
colaboração com a autoridade investigadora, dentre outros), e como em nosso curso trataremos
dos direitos que a Lei assegura a quem oferece a denúncia, utilizamos o termo mais garantista
e abrangente “denunciante”, o qual podemos definir, de acordo com o marco normativo
brasileiro atual, como:
Pessoa física ou jurídica que relata às autoridades competentes informações sobre crimes
contra a administração pública, ilícitos administrativos ou quaisquer ações ou omissões lesivas
ao interesse público.
É importante ressaltar que essa definição não abarca alguns casos muitas vezes identificados
como whistleblowing, visto que este último conceito compreende também a ação de levar tais
crimes ou ilícitos ao conhecimento público, não necessariamente a autoridades públicas. Por
essa razão, por exemplo, o conceito de denunciante que a lei nos traz no Brasil não abrangeria
casos como o famoso Edward Snowden, analista de dados que divulgou à imprensa detalhes das
ações de vigilância realizados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos. No Brasil,
tal caso seria discutido não nos termos de direitos de denunciantes, mas sim nos termos do
direito de liberdade de expressão.
a. Quando este denunciante é o próprio lesado pelo fato narrado, ele será caracterizado
também como a vítima, podendo integrar o processo de apuração nessa condição;
b. Quando o denunciante é uma pessoa estranha ao feito, ou seja, que dele não tenha
participado quer como um dos autores, quer como vítima, e é chamado pela autoridade
que conduz o processo a fim de que possa prestar informações e, desse modo, produzir
provas, ele será considerado também como uma testemunha. A testemunha, portanto,
é um sujeito que contribui com a apuração por informações que detém seja por ter
presenciado o fato, por ter alguma informação sobre ele, ou por ter sido citada ou
indicada por outra testemunha. Ela é um sujeito “estranho” aos agentes de apuração da
denúncia, não é o acusado, nem é a vítima, tampouco poderá ser membro da comissão
de apuração e da autoridade instauradora/julgadora; e
Vamos detalhar cada um dos Tipos de Manifestações de Ouvidoria e exemplos para facilitar a
sua compreensão:
➢ Reclamação:
Exemplo de reclamação:
Estou tentando acessar o site do Ministério XYZ e não consigo, pois a página que preciso não
abre. Quero dar entrada no meu pedido XX, já tem uma semana que estou tentando e não
funciona.
➢ Elogio:
Demonstração de reconhecimento ou satisfação sobre o serviço oferecido ou atendimento
recebido.
Exemplo de elogio:
Olá, gostaria de parabenizar o órgão XX pelos resultados das pesquisas científicas divulgados
recentemente na revista ABCD. É mais tecnologia de ponta sendo desenvolvida no nosso país.
Tive a oportunidade de conhecer alguns pessoalmente no evento realizado em São Paulo, e
estendo meus cumprimentos a todos os envolvidos.
➢ Sugestão:
Exemplo de sugestão:
➢ Solicitação de providências:
Gostaria de saber como faço para solicitar verbas federais para entidades. Sou assistente social
e trabalho em uma entidade no município XX.
A casa de entidades chama-se XXX, abriga e acolhe pessoas de todo município e de cidades
vizinhas que vêm realizar consultas, exames e cirurgias, e não tem condições de custear suas
despesas, nem possuem familiares no município.
➢ Denúncia:
Ato que informa a prática de irregularidade ou de ilícito cuja solução dependa da atuação dos
órgãos apuratórios competentes. A denúncia envolve infrações disciplinares, crimes, prática de
atos de corrupção, má utilização de recursos públicos ou improbidade administrativa que
venham ferir a ética e a legislação, bem como as violações de direitos, mesmo que ocorridas em
âmbito privado. A investigação e repressão a esses atos ilícitos dependem da atuação dos órgãos
de apuração, a exemplo das auditorias, corregedorias, comissões de ética, controladorias,
tribunais de contas, órgãos policiais e Ministério Público. As peculiaridades deste tipo de
manifestação serão apresentadas nos módulos seguintes deste curso.
Venho por meio desta denunciar o que está acontecendo a respeito do convênio firmado entre
o Governo Federal e a prefeitura do município de XX.
Ele tinha e tem como objetivo a readequação da estrada que dá acesso à região X, o que não
aconteceu em sua totalidade, pois a obra está inacabada. Não aguentamos mais ver o dinheiro
público indo pelo ralo, há partes da estrada que nem foi tocada (areia). Encaminho as fotos que
tirei das irregularidades apontadas.
Situação: Em Execução
Nº Original: XX/XXXX
Como a Lei nº 13.460/2017 considera como manifestação apenas aquela que contenha a
identificação de seu autor, não englobando nesse conceito, portanto, a denúncia anônima, as
comunicações de irregularidade recebem tratamento que se distingue daquele dado às
denúncias pelo fato de não serem passíveis de acompanhamento pelo seu autor, justamente
porque ele optou por não se identificar. As comunicações de irregularidade servem para auxiliar
a detecção e a correção de irregularidades. Nesse sentido, havendo razoabilidade mínima no
conteúdo narrado e documentos de comprovação ou informações que possibilitem a análise e
a apuração dos fatos, as comunicações devem ser recebidas e, após análise prévia pela
ouvidoria, enviadas ao órgão ou entidade competente para sua apuração.
Quero denunciar que o servidor XXXXX está cobrando uma “taxa extra” para emitir a certidão
para a minha empresa. Ele diz que é para ajudar a acelerar o processo, mas sei que se eu não
passar o valor que ele quer minha certidão não vai sair nunca. Conversei com outros empresários
que estão em situação igual a minha e ele está fazendo a mesma coisa com todos. A gente já
paga tanto imposto e pra ter um serviço público ainda temos que ficar pagando por fora. É só
chamar todos os que pediram a certidão que eles vão confirmar. Não posso me identificar pois
com certeza ele vai me retaliar e aí que nunca vou ter a certidão.
2.5. Representação
A “representação”, ou “representação funcional” ocorre quando o agente público relata uma
irregularidade no exercício de uma competência ou de um dever funcional. Uma autoridade
pública que dá ciência a outra autoridade com competência para instauração de procedimento
apuratório está, portanto, apresentando uma representação.
No caso dos servidores públicos, o dever de representação é comumente previsto nos seus
estatutos. No caso dos servidores públicos federais, a representação acerca de irregularidades
é um dever funcional, tratado do art. 116, VI, XII e parágrafo único da Lei nº 8.112/90.
Disposições semelhantes são frequentemente encontradas nos Estatutos de Servidores de
Estados e Municípios.
Se no primeiro tipo de representação o seu recebimento costuma atender às normas
protocolares de comunicação entre autoridades, no segundo caso (o caso dos servidores),
algumas circunstâncias necessitam ser observadas, visto que o dever funcional de representação
diz respeito ao uso do canal hierárquico para a comunicação de irregularidade. Ou seja, em vez
do uso do canal de ouvidoria, o servidor deveria comunicar ao seu superior hierárquico a
ilegalidade ou irregularidade de que tenha tido conhecimento.
Essa obrigação, tal como prevista na Lei, causava algumas situações bastante complicadas. Veja-
se, por exemplo, o caso de o superior hierárquico estar, ele mesmo, envolvido na irregularidade
ou ilegalidade objeto da representação. Como deveria proceder o servidor em tais
circunstâncias?
Tendo isso em vista, a Lei de Acesso à Informação (LAI), alterou esse dispositivo da Lei nº
8.112/90 a fim de que, alternativamente, o servidor pudesse comunicar a irregularidade a
autoridade com competência para apuração do fato.
2.6. Notícia Crime
Muitas vezes o termo denúncia abrange o conceito de notícia crime, ou notitia criminis. A notícia
crime é a forma por meio da qual a autoridade policial toma conhecimento de um fato
criminoso. Ela costuma ser classificada em “notícia crime de cognição imediata”, quando o
conhecimento sobre o fato criminoso vem em decorrência das atividades policiais rotineiras, e
em “notícia crime de cognição mediata”, quando a informação sobre o fato criminoso chega à
autoridade policial por meio de um boletim de ocorrência ou por meio de uma denúncia. A
denúncia, desse modo, é a forma como qualquer pessoa pode realizar o que prevê o §3º do art.
5º do Código de Processo Penal:
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que
caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
Acontece que o nosso conceito de denúncia é apenas parcialmente coincidente com o conceito
de notícia crime. Isso porque ele apenas envolve os crimes contra a administração pública, não
abarcando outros tipos penais que não se enquadram nessa categoria, como crimes contra a
vida, meio ambiente e saúde pública, por exemplo.
Nesses últimos casos, o recebimento e apuração de tais crimes está diretamente relacionado à
prestação de serviço relacionado a segurança pública. Se você já estudou o curso “Serviços
Públicos e Defesa dos Usuários”, deverá recordar que parte da doutrina do Direito
Administrativo não considera a segurança pública como um serviço público, visto que ela não
seria “ampliativa de direitos dos usuários”. No entanto, como vimos naquele curso, o conceito
de serviço público da Lei nº 13.460/2017, é considerado amplíssimo, abarcando também o
serviço de segurança pública.
Bom, caso você esteja se perguntando: - Afinal de contas, para que essa distinção é relevante?
A resposta é simples: enquanto as notícias crime relacionadas aos crimes contra a administração
pública podem e devem ser recebidas nas ouvidorias, o recebimento das demais notícias crime
compõem parte dos serviços prestados pelos órgãos de segurança pública, devendo ser
encaminhados diretamente a eles ou recebidos por canais específicos estabelecidos no desenho
desses serviços.
Lembre-se: ouvidorias, a princípio, não são prestadoras de serviços; elas são, sim, instâncias de
pós serviço.
De fato, para muitos autores, a prática de denunciar está associada à existência de estruturas
institucionais e à percepção de existência de canais que promovem justiça organizacional
(Trevino, 2001).1 Alguns desses estudos afirmam que a decisão de denunciar é realizada com
base em uma análise custo-benefício, e que portanto a criação de estruturas institucionais que
diminuam os custos de retaliações, ameaças e danos aumenta a frequência e possibilidade de
denunciar (Alleyne, 2017).2 Lewis et al (2007)3 afirmam que a existência de um sistema de
proteção a informantes que seja claramente visível pode aliviar a pressão sentida por
informantes e incentivá-los a utilizar esse sistema. Nesse mesmo sentido são as conclusões de
Lee et al (2013).4 Lewis (2007) também demonstrou, ainda, que a existência de leis e regulações
nacionais possuem um papel decisivo na promoção de denúncias.
Um sistema de proteção a denunciante costuma ser composto por dois pilares principais:
incentivo e proteção.
1
Treviño, L.K. and Weaver, G.R. (2001) Organizational Justice and Ethics Program “Follow-Through”:
Influences on Employees’ Harmful and Helpful Behavior. Busi-ness Ethics Quarterly, 11, 651-671.
https://doi.org/10.2307/3857765
2
Alleyne, P., Charles-Soverall, W., Broome, T. and Pierce, A. (2017) Perceptions, Predictors and
Consequences of Whistleblowing among Accounting Employees in Barbados. Meditari Accountancy
Research, 25, MEDAR-09-2016-0080. https://doi.org/10.1108/MEDAR-09-2016-0080
3
Lewis, D. (2007) A Survey of Whistleblowing/Confidential Reporting Procedures Used by Persons
Disclosure Act 1998. Communications Law, 12, 124-130.
4
Lee, G. and Fargher, N. (2013) Companies’ Use of Whistle-Blowing to Detect Fraud: An Examination of
Corporate Whistle-Blowing Policies. Journal of Business Ethics, 114, 283-295.
https://doi.org/10.1007/s10551-012-1348-9
lado do benefício, restaria ao autor da denúncia a satisfação de vê-la adequadamente apurada,
com a aplicação da sanção aos denunciados e a reparação dos danos por eles causados. Em
muitos casos, também, quando o denunciante é vítima direta ou indireta do ato objeto da
denúncia, esta reparação pode, inclusive, repercutir positivamente e diretamente sobre a sua
vida. Veja-se, por exemplo, o caso em que uma empresa perde uma licitação e denuncia a
existência de fraude à licitação; ou quando um ato de assédio moral é identificado graças à ação
da pessoa assediada, e o assediador é adequadamente responsabilizado e punido.
Para muitas pessoas, essa relação de custo-benefício pode parecer desequilibrada, trazendo
mais custos reais e menos expectativas de benefícios. Diante desse cenário, poucas pessoas
estariam encorajadas a denunciar. Denunciar seria um mau negócio.
Assim, quando tratamos de incentivo à denúncia costumamos partir de dois estímulos muito
importantes:
Para que isso seja possível, o sistema de proteção deve considerar a existência de canais de
recebimento de denúncias centralizados, a fim de evitar que a identidade do denunciante se
torne informação compartilhada por pessoas que não atuem nem no canal de recebimento nem
na unidade com competência para a apuração do fato relatado. No Brasil, no âmbito do Poder
Executivo federal, o canal de recebimento de denúncias é centralizado nas Ouvidorias Públicas
por força dos Decretos nos. 9.492/18 e 10.153/19.
a) demissão arbitrária;
b) alteração injustificada de funções ou atribuições;
c) imposição de sanções, de prejuízos remuneratórios ou materiais de qualquer espécie;
d) retirada de benefícios, diretos ou indiretos;
e) negativa de fornecimento de referências profissionais positivas.
De modo geral, para além da criação de uma cultura de integridade institucional, poucas são as
medidas preventivas que podem ser adotadas no caso concreto para evitar eventual retaliação
sem que, ao fazê-lo, a própria identidade do denunciante seja revelada. Digamos que você avise
à chefia do denunciante que ela não poderá alterar as suas funções ou removê-lo de ofício por
dado período. Na prática, ao fazê-lo estaríamos indicando a um possível retaliador que ele
estaria impedido de realizar ações de retaliação sobre determinado indivíduo, expondo, assim,
a identidade do denunciante.
Por isso, essa linha de defesa tem característica reativa, sendo ideal que o órgão ou entidade
responsável por receber a denúncia de retaliação e apurá-la seja distinto daquele onde a
retaliação ocorre, visto que, de modo geral, a retaliação só poderia ocorrer se o órgão houvesse
falhado na manutenção da primeira linha de defesa.
Mas, afinal, o que é integridade? E por que ela é tão importante? Integridade pública deve ser
entendida como o conjunto de arranjos institucionais que visam a fazer com que a
Administração Pública não se desvie de seu objetivo principal: entregar os resultados esperados
pela população de forma adequada, imparcial e eficiente.
Um importante marco nessa área é a edição do Decreto nº 9.203/2017, que institui a Política de
Governança da Administração Pública Federal direta, autárquica e fundacional.
O Decreto estabelece mecanismos de liderança, estratégia e controle para avaliar, direcionar e
monitorar a gestão, com vistas à condução de políticas públicas e a melhor prestação de serviços
à sociedade. O normativo também elenca diretrizes para aumentar a eficiência do setor público,
baseado em princípios como capacidade de resposta; integridade; confiabilidade; melhoria
regulatória; prestação de contas e responsabilidade; e transparência.
Uma das principais atuações da CGU é o monitoramento, junto à alta administração dos órgãos
e entidades, de medidas de criação, manutenção e aprimoramento dos sistemas de gestão de
riscos e integridade.
A regulamentação definiu diretrizes, etapas e prazos para que os órgãos federais criassem os
próprios programas, com mecanismos para prevenir, detectar, remediar e punir fraudes e atos
de corrupção. Os planos de integridade são obrigatórios e devem ser apresentados por todos os
órgãos alcançados pelos normativos.
Uma das principais diretrizes da Portaria CGU nº 57/2019. é a criação de unidades ou atribuição
às unidades já existentes das competências correspondentes tratamento de denúncias,
observado, no mínimo, o disposto no Decreto nº 9.492, de 5 de setembro de 2018, na Lei nº
13.460 de 26 de junho de 2017.
De forma semelhante ao setor privado, a Lei nº 13.303/2016, que dispõe sobre o estatuto
jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas subsidiárias, também
trouxe importantes avanços sobre a relação entre canais de denúncia e as políticas de
integridade. Segundo essa lei, as empresas estatais devem adotar regras de estruturas e práticas
de gestão de riscos e controle interno específicos, entre elas a instituição de canais para receber
denúncias.
§ 1o Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
[...]
III - canal de denúncias que possibilite o recebimento de denúncias internas e externas relativas
ao descumprimento do Código de Conduta e Integridade e das demais normas internas de ética
e obrigacionais;
IV - mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que utilize
o canal de denúncias;
Existem ainda instituições públicas e privadas de alguns setores que são obrigadas pela
legislação a criar ouvidorias e a receber denúncias. É o caso das instituições financeiras,
seguradoras e planos de saúde.
O Brasil avançou substancialmente ao longo dos últimos anos no processo de melhoria desse
sistema: mas esse foi um processo progressivo, com muitos atores e desdobramentos.
Nesse módulo, vamos ver como esse tema foi tratado no Brasil na última década, e, assim,
compreender como se formou o arcabouço jurídico para a proteção do denunciante em nosso
país.
1. A criação do sistema de proteção ao
denunciante no brasil
A criação do sistema de proteção ao denunciante no Brasil ainda é um trabalho incremental e
em construção. Veremos que o início desse processo se deu com a percepção de que seria
necessário construir a primeira linha de defesa dos denunciantes, criando condições para a
proteção de sua identidade. Apenas quando consolidada essa primeira etapa, criaram-se
condições jurídicas para que as demais linhas de defesa, e inclusive os mecanismos de incentivo,
passassem a ser desenvolvidos.
A história da construção das proteções e reparações estabelecidas pelo arcabouço legal no Brasil
começa há cerca de dez anos, com a publicação da Lei 12.527/2011, a Lei de Acesso à
Informação.
Art. 55. No resguardo dos direitos e garantias individuais, o Tribunal dará tratamento sigiloso às
denúncias formuladas, até decisão definitiva sobre a matéria.
Na ocasião, o Tribunal considerou que esse sigilo violaria o direito à honra e à imagem do
denunciado, bem como seu direito de resposta e de reparação por danos morais decorrentes
dessa violação (art. 5º, V e X da Constituição). Como resultado deste julgamento, o Senado
Federal suspendeu a eficácia do §1º do art. 55 da Lei Orgânica do TCU, por meio da Resolução
nº 16/2006, não permitindo ao Tribunal manter em sigilo a identidade de seus denunciantes.
Art. 31. O tratamento das informações pessoais deve ser feito de forma transparente e com
respeito à intimidade, vida privada, honra e imagem das pessoas, bem como às liberdades e
garantias individuais.
§ 1º As informações pessoais, a que se refere este artigo, relativas à intimidade, vida privada,
honra e imagem:
I - terão seu acesso restrito, independentemente de classificação de sigilo e pelo prazo máximo
de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos legalmente autorizados
e à pessoa a que elas se referirem; e
II - poderão ter autorizada sua divulgação ou acesso por terceiros diante de previsão legal ou
consentimento expresso da pessoa a que elas se referirem.
§ 2º Aquele que obtiver acesso às informações de que trata este artigo será responsabilizado
por seu uso indevido.
Trata-se, portanto, dos bens mais elevados da pessoa humana. Por isso é que o ordenamento
jurídico não pode consentir que deles se prive o próprio titular. São direitos inatos (originários),
extrapatrimoniais, intransmissíveis, imprescritíveis, impenhoráveis, necessários e extensíveis a
todos os homens.
E é por se tratar de valores tão essenciais ao homem que § 1º do art. 31 da Lei de Acesso à
Informação garantiu que as informações pessoais sob custódia da administração pública
devessem ser protegidas, com acesso restrito e independentemente de classificação de sigilo,
pelo prazo máximo de 100 (cem) anos a contar da sua data de produção, a agentes públicos
legalmente autorizados e à pessoa a que elas se referirem.
Foi com base em tal dispositivo que aquele primeiro pedido de acesso à informação relacionado
a dados de denunciantes foi decidido, sendo indeferido. Após alguns outros casos com mesma
natureza, em 2014 a Ouvidoria-Geral da União e a Corregedoria-Geral da União, ambos órgãos
pertencentes à estrutura da Controladoria-Geral da União, editaram a Instrução Normativa nº
1, de 2014, que estabelecia a proteção à identidade dos denunciantes sempre que estes assim
a solicitassem. Tal Instrução Normativa vigoraria até 2021, quando todo um conjunto de novas
normas viriam a robustecer ainda mais a proteção à identidade do denunciante.
SAIBA MAIS
A proteção da LAI aos agentes públicos que denunciam
(...)
(...)
“Art. 10. A manifestação será dirigida à ouvidoria do órgão ou entidade responsável e conterá a
identificação do requerente.
Porém, antes de nos aprofundarmos nesses dois instrumentos, vejamos as contribuições para o
tema trazidas pela criação do Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo federal (SISOUV), ainda
em 2018.
Além de criar novos controles sobre a atividade de ouvidoria pública, este decreto avançou ao
definir os conceitos de denúncia e de comunicação de irregularidade, reconhecendo sua
importância para as atividades de apuração, desde que atendessem indícios mínimos de
relevância, autoria e materialidade.
II - denúncia - ato que indica a prática de irregularidade ou de ilícito cuja solução dependa da
atuação dos órgãos apuratórios competentes;
(...)
Art. 23. As unidades que compõem o Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal poderão
coletar informações junto aos usuários de serviços públicos com a finalidade de avaliar a
prestação desses serviços e de auxiliar na detecção e na correção de irregularidades.
A norma modelo propõe uma interpretação conjunta da Lei nº 12.527/2011 (LAI), Lei nº
13460/2017 (Lei de Defesa dos Usuários de Serviços Públicos) e da Lei nº 13.608/2018. Esta
última Lei, que dispôs sobre o recebimento de denúncia por meio de disque denúncias, havia
trazido dispositivos gerais acerca do tema, determinando que “o informante que se identificar
terá assegurado, pelo órgão que receber a denúncia, o sigilo dos seus dados”.
O primeiro aspecto relevante da resolução nº 3/2019 foi estabelecer a centralização dos meios
de recebimento de denúncia como premissa para a adoção de medidas de salvaguarda à
identidade dos denunciantes:
Além disso, essa foi a primeira norma que versou sobre o trâmite e o encaminhamento entre
distintas unidades e órgãos sob a perspectiva da tutela da confiança, enfrentando um problema
bastante comum na prática das unidades de ouvidoria: o tratamento de denúncias cuja
apuração não esteja sob a competência do órgão recebedor.
Mas, afinal, o que é pseudonimização? Este termo é trazido da Lei nº 13.709/2018, a Lei Geral
de Proteção de Dados (LGPD), para definir “o tratamento por meio do qual um dado perde a
possibilidade de associação, direta ou indireta, a um indivíduo, senão pelo uso de informação
adicional mantida separadamente pelo controlador em ambiente controlado e seguro.”
Note que esta norma avança também em orientar como os sistemas de tratamento da denúncia
deverão proteger os dados da identidade do denunciante, sob tutela da ouvidoria a que o
denunciante confiou seus dados:
Este Decreto inovou em seu artigo 6º, quando estabeleceu que, no âmbito do Poder Executivo
federal, o denunciante terá seus elementos de identificação preservados desde o recebimento
da denúncia, nos termos do disposto no § 7º do art. 10 da Lei nº 13.460, de 2017, com restrição
de acesso mantida pela unidade de ouvidoria responsável pelo tratamento da denúncia pelo
prazo de cem anos.
Diante dessa normativa, estabeleceu-se proteção máxima temporal, nos termos do disposto no
inciso I do § 1º do art. 31 da Lei nº 12.527, de 2011, ou seja, os elementos de identificação do
denunciante deveriam ser resguardados por 100 anos a contar da apresentação da denúncia.
Em 2021, esse Decreto foi regulamentado por meio da Portaria CGU nº 581/2021. A partir de
então, procedimentos de compartilhamento de informações tornaram-se ainda mais claros e
detalhados:
III - mediante requerimento de órgãos de apuração, quando indispensável à análise dos fatos
relatados na denúncia.
Art. 33. Na hipótese prevista no inciso I do art. 32 desta Portaria, a unidade do SisOuv que
receber a denúncia deverá solicitar o consentimento do denunciante para o compartilhamento
de seus elementos de identificação, o qual terá o prazo de vinte dias para se manifestar.
I - produção de extrato;
É importante lembrar que, embora essa normativa traga esses avanços procedimentais, ela tem
abrangência restrita às Ouvidorias do Poder Executivo federal, o que não impede que ela venha
inspirar normatizações em outros entes e Poderes da federação.
1. Proteção à identidade;
3. Mecanismos de incentivo.
Art. 4º-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios e suas autarquias e fundações,
empresas públicas e sociedades de economia mista manterão unidade de ouvidoria ou
correição, para assegurar a qualquer pessoa o direito de relatar informações sobre crimes contra
a administração pública, ilícitos administrativos ou quaisquer ações ou omissões lesivas ao
interesse público.
Art. 4º-B. O informante terá direito à preservação de sua identidade, a qual apenas será revelada
em caso de relevante interesse público ou interesse concreto para a apuração dos fatos.
Art. 4º-C. Além das medidas de proteção previstas na Lei nº 9.807, de 13 de julho de 1999, será
assegurada ao informante proteção contra ações ou omissões praticadas em retaliação ao
exercício do direito de relatar, tais como demissão arbitrária, alteração injustificada de funções
ou atribuições, imposição de sanções, de prejuízos remuneratórios ou materiais de qualquer
espécie, retirada de benefícios, diretos ou indiretos, ou negativa de fornecimento de referências
profissionais positivas.
§ 2º O informante será ressarcido em dobro por eventuais danos materiais causados por ações
ou omissões praticadas em retaliação, sem prejuízo de danos morais.
§ 3º Quando as informações disponibilizadas resultarem em recuperação de produto de crime
contra a administração pública, poderá ser fixada recompensa em favor do informante em até
5% (cinco por cento) do valor recuperado.
Esse primeiro ponto foi superado, ainda em 2019, por meio de Portaria da CGU, órgão central
dos sistemas de ouvidoria e de correição do Poder Executivo federal, que reafirmou a
competência exclusiva das unidades de ouvidoria para o recebimento de tais manifestações. O
Decreto nº 10.153/2019, alterado em 2021 para regulamentar a Lei nº 13.608/2018, também
reforçou essa competência.
O segundo ponto dizia respeito a definir o que seria a denúncia considerada “razoável”, nos
termos do parágrafo único do art. 4º-A. Definir claramente esse conceito era fundamental, pois
somente a partir dele as garantias contra retaliação passariam a ser um direito do denunciante.
Isso quer dizer que, se por um lado bastaria realizar a denúncia para ter a sua identidade
preservada, por outro, as garantias contra retaliação somente poderiam existir depois que
alguma autoridade declarasse a denúncia razoável.
Assim, passou a ser considerada razoável, para os fins de concessão de proteções contra
retaliações, a denúncia que tenha sido habilitada pela unidade de ouvidoria, uma vez verificados
os requisitos mínimos de autoria, materialidade e relevância que amparem a sua apuração.
Note que, a partir desse momento, a habilitação, um dos resultados possíveis da análise prévia
da denúncia realizada pela unidade de ouvidoria, passa a ser pré-requisito para que o
denunciante possa usufruir de todos os direitos previstos em Lei.
Mas qual seria a condição para que uma pessoa realizasse prática de retaliação contra um
denunciante?
Ora, a resposta mais simples é: para praticar um ato de retaliação contra um denunciante, a
pessoa que pratica o ato precisa saber quem é o denunciante – e, para que isso ocorra é
necessário que a identidade desse denunciante tenha sido a ela comunicada. Isso nos ajuda a
compreender porque, em um sistema protetivo no qual apenas ouvidoria e unidade de apuração
poderiam ter acesso a essa informação, torna-se difícil à vítima de retaliação realizar denúncia
no mesmo órgão em que sua identidade foi vazada.
[...]
IV - adotar ou determinar, de ofício, as medidas de proteção a que se refere o caput do art. 4º-
C da Lei nº 13.608, de 2018, podendo suspender atos administrativos praticados em retaliação
ao direito de relatar ou editar atos administrativos visando a proteção do denunciante
Veja também que o Decreto atribuiu à CGU a competência para determinar medidas de
proteção ao denunciante de que trata o art. 4º-C da Lei nº 13.608/2018, relacionados às
garantias laborais e processuais, e ainda estendendo as medidas previstas no art. 7º da Lei nº
9.807/1999 aos denunciantes:
II - escolta e segurança nos deslocamentos da residência, inclusive para fins de trabalho ou para
a prestação de depoimentos;
VI - suspensão temporária das atividades funcionais, sem prejuízo dos respectivos vencimentos
ou vantagens, quando servidor público ou militar;
Em relação à proteção diante das represálias em empresas estatais, para além da proteção à
identidade do denunciante, soma-se à essa construção normativa a Lei n. 13.303/2016, que
dispõe sobre o estatuto jurídico das empresas estatais, e que determina a criação de
mecanismo de proteção ao denunciante.
Art. 9º A empresa pública e a sociedade de economia mista adotarão regras de estruturas e
práticas de gestão de riscos e controle interno que abranjam:
§ 1º Deverá ser elaborado e divulgado Código de Conduta e Integridade, que disponha sobre:
IV - Mecanismos de proteção que impeçam qualquer espécie de retaliação a pessoa que
utilize o canal de denúncias.
SAIBA AINDA MAIS
A proteção aos denunciantes nas convenções internacionais
Nesse sentido, quando estiver diante de uma manifestação de ouvidoria, o agente público
deverá promover uma análise empática da questão trazida pelo cidadão, com o objetivo de
entender e melhor traduzir a questão, para então tratá-la ou encaminhá-la, quando necessário,
para a unidade administrativa ou instituição externa competente.
Recebimento
Registro no sistema
Triagem
Pseudonimização
Análise prévia
Habilitação ou arquivamento
Resposta Conclusiva
Resposta Resolutiva
Essa lista de ações busca sintetizar todo o processo de tratamento de denúncias, apesar de
algumas fases nem sempre ocorrerem – como é o caso do encaminhamento da denúncia a outro
órgão (procedimento comum quando a ouvidoria não é competente para tratar da matéria), e
da pseudonimização da denúncia, etapa que somente ocorre quando o denunciante não
consente com o envio de seus dados pessoais ao órgão competente ou quando, uma vez
habilitada, a denúncia é enviada à unidade de apuração.
Passaremos por cada uma dessas fases, mas algumas observações são sempre importantes:
O trabalho a ser desempenhado pela equipe da ouvidoria não deve ser confundido com o das
áreas de apuração. Cabe à ouvidoria, por ocasião da análise prévia, coletar a maior quantidade
possível de elementos de convicção para, primeiramente, formar juízo quanto à aptidão da
denúncia para apuração. Desta forma, na hipótese de a denúncia ser considerada apta, ela será
habilitada e encaminhada para unidade de apuração com maiores elementos de materialidade.
A análise prévia traz benefícios tanto para o cidadão quanto para a Administração Pública. Para
o cidadão evita-se que sejam criadas expectativas irreais em razão de uma denúncia
apresentada sem elementos mínimos que permitam sua apuração, na medida em que o cidadão
será informado pela ouvidoria que a denúncia carece de elementos para ser apurada,
incentivando-o que encaminhe informações complementares ou mais claras.
Consequentemente, há uma redução da quantidade de denúncias encaminhadas para as áreas
de apuração, que não precisarão empregar recursos e força de trabalho desnecessariamente.
SAIBA MAIS
Denúncias e mediação
Art. 48. As unidades do SisOuv poderão utilizar meios de resolução pacífica de conflitos, em
especial para a solução de controvérsias nos quais seja importante a direta e voluntária
ação de ambas as partes divergentes.
Parágrafo único. Os meios de resolução pacífica de conflitos não serão elegíveis quando:
I - as partes no conflito não tenham consentido com o uso da metodologia de resolução
pacífica de conflitos;
II - o objeto do conflito seja um direito indisponível;
III - a resolução implicar a transigência sobre:
a) aplicação de ato normativo; ou
b) conduta passível de responsabilização de agente público; e
IV - quando decorrente de denúncia.
No entanto, não raro, denúncias ainda são recebidas por outros meios, quer por canais que não
estão vinculados diretamente à ouvidoria, quer por meio telefônico ou físico.
Em todos esses casos, uma vez recebida a denúncia na unidade de ouvidoria, ela deverá inseri-
la no sistema de gestão das suas manifestações, antes mesmo de realizar qualquer juízo de valor
sobre ela. A partir desse momento, toda a operação de tratamento deverá ocorrer em meio
digital.
Mas afinal, quais os requisitos mais adequados para sistemas que recebam e tratem denúncias?
SAIBA MAIS
Trâmite de documentos físicos
Nessa circunstância, é importante que a unidade conte com espaço físico para atendimento ao
denunciante, que garanta a discrição necessária para a manutenção do sigilo sobre a sua
identidade.
Além disso, a norma também nos traz importantes orientações sobre como realizar a coleta de
manifestações realizadas verbalmente, bem como transcrevê-las:
Ao realizar uma denúncia, o denunciante crê que a está endereçando ao órgão correto, e, ao
mesmo tempo, expressa a sua confiança em que aquele órgão pode resolver o problema
relatado. Um servidor de uma universidade pública, por exemplo, descrente de que consiga
fazer com que as unidades da própria universidade venham a apurar determinado fato, pode
acreditar que, realizando a denúncia ao Ministério da Educação ou à CGU, essa denúncia seja
efetivamente apurada.
Nesse caso, o que podemos falar sobre as relações de confiança do denunciante em relação à
Universidade? Ora, se ele preferiu realizar a denúncia em outro órgão, provavelmente ele não
confia no órgão em que o fato ocorreu.
Contudo, caso recebida essa manifestação no MEC ou na CGU, o procedimento natural seria
realizar o encaminhamento da denúncia diretamente à Universidade. Ou seja, esse
procedimento padrão, no caso, poderia resultar em que indivíduos ou instituições para as quais
o denunciante não enviaria a denúncia tomassem dela conhecimento, bem como soubessem de
sua identidade. O resultado imediato desse procedimento seria a quebra da relação de
confiança do denunciante no órgão para o qual ele originalmente encaminhou a sua denúncia.
Para evitar que isso ocorra, o primeiro passo para a realização do encaminhamento de uma
denúncia entre unidades de ouvidoria é a comunicação com o denunciante. Vejamos as etapas
desse procedimento:
Recebe a denúncia
O prazo para que o denunciante expresse o seu consentimento é de vinte dias a contar do envio,
pela ouvidoria, da solicitação de consentimento.
Caso o denunciante não consinta ou não se manifeste nesse prazo, a ouvidoria deverá realizar
o procedimento de pseudonimização, isto é, o procedimento mediante o qual ela deverá
analisar a denúncia e seus anexos e produzir uma versão da denúncia sem qualquer elemento
de identificação do denunciante, a qual poderá ser encaminhada ao órgão competente.
Mas, afinal, o que são elementos de identificação? Segundo a Portaria CGU nº 581/2021,
elementos de identificação são quaisquer dados, em qualquer formato, que permitam a
identificação de uma pessoa natural, e se classificam em:
Isso significa que a denúncia a ser enviada é uma denúncia anônima? A resposta é não.
Pseudonomização é diferente de anonimização. Se, nesse último caso, torna-se impossível, por
meios razoáveis, re-identificar a denúncia, no primeiro caso os dados cadastrais do denunciante
seguem no sistema, mas apenas a ouvidoria original terá acesso a eles.
A Portaria CGU nº 581/2021 nos informa as cautelas mínimas que a unidade deve adotar ao
realizar o procedimento de pseudonimização:
Há, entretanto, outras cautelas que podem ser adotadas também, como por exemplo a
verificação, nos dados dos arquivos eventualmente anexados, se neles constaria autoria do seu
elaborador.
Além disso, a Portaria enumera alguns meios de pseudonimização que podem ser adotados, tais
como:
A. Produção de extrato: produção de um novo documento, que não consigne elementos
de identificação do denunciante;
B. Produção de versão tarjada: produção de cópia do documento original com aposição de
tarjamento sobre os elementos de identificação. Ao utilizar desse método, é importante
que a unidade de ouvidoria se certifique de que o tarjamento sobre a cópia do
documento original não seja reversível, isto é, que, de posse do documento tarjado, não
seja possível descobrir o conteúdo da infromação tarjada; e
C. Redução a termo de gravação ou relato descritivo de imagem: trata-se da transcrição
de arquivo de áudio ou de imagem. Áudios ou imagens podem constituir em atributo
biográfico (voz ou imagem de pessoa) do próprio denunciante, o que levaria a sua
identificação, razão pela qual em muitas circunstâncias é recomendável o uso desse
método de pseudonimização.
3. Denúncias de retaliação
A partir da regulamentação da Lei nº 13.608/2018, as denúncias relacionadas a atos de
retaliação contra denunciantes passaram a ter um rito próprio, que necessita ser observado por
todas as unidades que integram o Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo Federal (SISOUV).
A retaliação consiste no ato de buscar causar dano a determinada pessoa ou grupo de pessoas
tendo como motivação suposto dano causado por referida pessoa ou grupo de pessoas a si
próprio. Isso significa que o ato de retaliar está diretamente vinculado a uma causa, e no caso
específico, essa causa necessita ser a apresentação de uma denúncia.
Em geral, o agente da retaliação tende a ser o próprio denunciado; todavia, não raro esse ato
pode ser executado por terceiro que guarde eventual vínculo com ele. Vínculos tais como
hierárquicos, familiares, sociais ou até mesmo forjados em função do próprio ato denunciado
podem caracterizar uma retaliação ao denunciante executada por terceiro interessado.
Em todas essas circunstâncias, para que o denunciante sofra a retaliação, é necessário que o
agente retaliador saiba quem ele é; ou seja, é necessário que elementos de identificação do
denunciante cheguem ao conhecimento desse agente. É claro que isso pode ocorrer de várias
formas, inclusive por culpa do próprio denunciante, o qual muitas vezes acaba expondo indevida
ou inadvertidamente o fato de que realizou a denúncia.
Dessa forma, recebida a denúncia de retaliação por qualquer unidade de ouvidoria, ela deverá
encaminhá-la diretamente à CGU, a fim de que o órgão dê o correto tratamento à demanda.
A. indicar a denúncia original que tenha ensejado ato comissivo ou omissivo de retaliação,
por meio de número de protocolo válido gerado pelo sistema de uso obrigatório no
Poder Executivo Federal (Fala.BR);
B. Na hipótese de o órgão não utilizar o sistema, deverá indicar o conteúdo da denúncia
original e o comprovante de envio à unidade de ouvidoria competente.
“Gostaria de informar irregularidades (vide anexos): uma Servidora Federal, do Instituto Federal
de XX, chamada "ROSA XXX", com sérissimos problemas de saúde, foi induzida pelo diretor geral
do Campus XX - OSWALDO XXXX, pelo diretor de ensino TADEU XXXX, e outros interessados -
MARCOS XXXX, seu ex-chefe, a pedir exoneração. O fato é que a mesma estava sendo assediada
moralmente por seu ex-chefe MARCOS. Ela reclamou, denunciou, pediu respeito e, sem êxito, por
isso, começou a ter depressão e outros problemas de saúde. Reclamou a ambos os diretores, que
preferiram não por a mão no problema. E tudo isso ela tem documentado em papel/e-mail.
Assim, começou a faltar do serviço e sem atestado, mas tentou se restabelecer. Dessa forma,
qdo a mesmo começou a se defender do assédio, ambos os diretores e chefe, abriram processo
administrativo disciplinar para assustá-la, pois a mesma tava em estágio probatório. Fizeram de
tudo com ela, trancaram-na em sala fechada e torturam ela dizendo que se o processo seguisse,
ela poderia ser exonerada a bem do serv. público e não mais ser servidora pública em nenhum
lugar. Acabaram com nossa colega, e mais, ao fazer isso tudo, ainda obrigaram ela a pedir
exoneração e, a presidente da comissão de sindicância do processo administrativo - FRANCISCA
XXXX, também responsável e a mando dos mesmos senhores e do sr TIBÉRIO, professor lotado
na reitoria, aceitou pedido de exoneração, contrariando a lei, que proíbe pedido de demissão
durante processo admin. disciplinar, até sua conclusão. A FRANCISCA só aceitou, pq a ROSA XXXX
pediu apurar suas denúncias de assédio e isso envolveria gente grande, e para isso não acontecer
e tudo ser arquivado, resolveram dar cabo da ROSA, q agora está muito ruim de saúde e, sem o
emprego federal. E outra coisa, a FRANCISCA foi eleita recentemte p/ representar os servidores
administrativos na XXXXX, uma Comissão, e nunca poderia fazer isso com uma colega. Falem c
a ROSA. CGU, pedimos justiça, pois no IFXX, tem muita coisa errada mesmo.”
“Boa tarde, gostaria de fazer uma denuncia de um Servidor Público Federal, ele trabalha no setor
de recursos humanos, e faz o cadastro para ter acesso ao contracheque, mas nunca se encontra
no lugar do trabalho, saí cedo para o almoço e só volta às 3 da tarde. Mas outra pessoa fez o
cadastro pra mim. Mas como fica esse funcionário? Porque ganha bem e não trabalha”.
Por outro lado, a denúncia pode relatar fatos gravosos, com a existência de detalhes específicos,
o que caracteriza sua materialidade.
“O Governo Federal, através do Min. das Cidades, disponibilizou por empréstimo recursos do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2) no valor de R$ 250 milhões ao município de
XXXXXX (MG) para combater as consequências das frequentes enchentes que vêm assolando a
cidade nos últimos anos, trazendo graves danos à população. Segundo informações, o
pagamento deste empréstimo concedido ao município de XXXXX pelo Governo Federal foi
assumido pelo Estado de Minas Gerais, que ainda acrescentou uma contrapartida de R$ 50
milhões, resultando numa verba total a ser disponibilizada em R$ 300 milhões. Para realizar os
estudos necessários para alocar estes recursos foram contratadas empresas públicas e privadas:
DEPARTAMENTO DE OBRAS PUBLICAS DO ESTADO DE MINAS GERAIS (DEOP-MG), YYYYYYY e
ZZZZZZ. Na segunda audiência pública, realizada no dia 10.03.11, em XXXXX, declarações feitas
por uma técnica da YYYYYYY deram conta que o valor pago pela Administração Pública de
XXXXXX pelo pré-projeto tinha chegado a R$ 7,5 milhões. Conforme foi apontado, também pelo
representante do Ministério Público na primeira audiência pública, houve inclusive o uso de
‘control C e control V’, recurso no computador do recorta e cola, de um EIA realizado no Rio A e
Rio B, tendo indícios de que o elaborador do EIA do Sistema do Rio XXX apenas trocou os nomes
dos rios (para C e D) no texto. Ou seja, o EIA caríssimo foi feito sem estudos ambientais
adequados. É evidente a falta informações à população, obrigatória por lei, por parte dos órgãos
públicos. Neste sentido peço a ajuda da CGU, na fiscalização do uso do dinheiro público (250
milhões de reais do Governo Federal) e determinação de que a Administração Pública de XXXXXX
pratique o mínimo de transparência exigida por lei. Agradeço desde já a atenção.”
“Diversos servidores não comparecem para trabalhar por longo período ou apenas passam
alguns minutos durante o dia e muitos funcionários terceirizados faltam constantemente e não
cumprem horário, tudo com consentimento do superintendente. Seguraram a implantação do
ponto por muitos meses e quando funcionar será apenas para os servidores e os terceirizados,
principalmente os administrados, não serão controlados, ficando largados e liberados para
continuarem faltando e sem compromisso de horário.”
“licitações duvidosas”
“Desvio ds recurso do IGD M Bolsa Familia pela Secretaria da Assitencia Social e primeira dama
Maria XXXXXXX foram vários entre 2013 e 2016, por último um saque no mês de novembro de
2016 um saque de 42 mil sem que houvese despesas que justificases pra esse pereiodo, roubo
ants de sair da administração, contabilizados todos esses anos com notas fria adquiridas em
XXXXXX e com foncedor local, XXXXXXX, od projetos pra gastos feitos pela funcionaria Ana
XXXXXX e as falsas pretações de contas pela Assistente Socail Juliana XXXXXX. essa é a segun vez
que faço essa denuncia! Houve desvios no outros benficios, serviços fantamas e notas frias em
todos!”
“Quero denunciar o servidor xxxx, lotado na yyyyy, que fica toda hora pedindo dinheiro
emprestado para os colegas. Pior, ele não paga os empréstimos. E ainda por cima temos que
ficar atendendo um monte de ligações de pessoas cobrando dívidas dele. Chegou ao ponto dele
ter desligado o telefone para não receber mais ligações, pode? Esta situação está atrapalhando
o bom andamento do serviço. Peço providências”.
Ela tem um filho que se chama XXXXXX, de 6 anos de idade. Ela mora com o pai e a mãe que
possui casa própria (sem escritura). Vejam o facebook dela em -
https://www.facebook.com/profile.php?id=XXXXXXXXX”
“estava parado num ponto proximo ao cemiterio do picanço quando veio um veiculo da placa
nwa59XX veio e colidio com meu carro e saiu como se nao tivese acontcido nada mas fiquei com
um grande prejuiso e o carro se esvadiu do local quando cheguei ja estava com o prejuízo”
5. Revisão do módulo
• O trabalho a ser desempenhado pela equipe da ouvidoria não deve ser confundido com
o das áreas de apuração. Cabe à ouvidoria, por ocasião da análise prévia, coletar a
maior quantidade possível de elementos de convicção para, primeiramente, formar
juízo quanto à aptidão da denúncia para apuração. Desta forma, na hipótese de a
denúncia ser considerada habilitada, esta será encaminhada para unidade de apuração
com maiores elementos de materialidade.
• No âmbito do Poder Executivo federal, a CGU é competente para acompanhar o
tratamento e a apuração de denúncias envolvendo agente público no exercício de
cargos comissionados do Grupo Direção e Assessoramento Superiores – DAS a partir do
nível 4 ou equivalente, e por isso as ouvidorias devem informar à Ouvidoria-Geral da
União (OGU) quando receberem denúncias contra esses agentes.
• O assédio moral consiste na prática de comportamentos humilhantes, constrangedores,
torturantes, vexatórios, os quais podem ser evidenciados por meio de palavras, gestos
ou atitudes reiteradas e por um lapso temporal demorado, que causam uma degradação
deliberadas das condições de trabalho. A prática de assédio moral mais comum é do
superior hierárquico em desfavor do subordinado (assédio vertical). Entretanto, o
assédio moral também pode envolver um colega de serviço (assédio horizontal) ou um
subordinado em relação ao chefe (assédio ascendente).
• A conduta de assédio sexual se caracteriza como crime, tipificado no Código Penal como
“constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual,
prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”. Conforme a posição doutrinária
majoritária, para que haja a configuração da conduta de assédio sexual
necessariamente deve existir uma relação laboral entre quem assedia e quem é
assediado. O denunciado deve ser superior hierárquico do agente que sofre o assédio
sexual, consequentemente, detendo a capacidade de influenciar e decidir acerca da vida
profissional do subordinado, tendo em vista o cargo ou função que ocupa. Situações não
enquadradas em uma relação de subordinação hierárquica não se caracterizam como
assédio sexual.
• As denúncias podem apresentar diversas características as quais podem se apresentar
em separado ou em conjunto: quanto à autoria do fato - o ideal é que denúncias
apresentem autoria. Todavia, por vezes o denunciante tem conhecimento do fato
irregular, mas não tem ciência de quem realizou ou permitiu a impropriedade. Por
conseguinte, a denúncia vem relatando o fato sem afirmar quem é o responsável. A
ausência de autoria não impede que a denúncia seja aceita, tendo em vista que a
realização de uma investigação preliminar, ou até mesmo uma análise prévia na
ouvidoria pode identificar a autoria; quanto à materialidade - a percepção da gravidade
do fato pelo denunciante muitas vezes não corresponde à realidade fática do órgão. Em
algumas situações o cidadão entende que uma situação é grave e merece uma apuração
e aplicação de penalidade, entretanto, muitas vezes um simples esclarecimento
administrativo elucida a questão, não caracterizando uma irregularidade. Por outro
lado, a denúncia pode relatar fatos gravosos, com a existência de detalhes específicos
dos fatos, o que caracteriza a materialidade dos fatos; quanto à compreensão - como
qualquer manifestação de ouvidoria, a denúncia deve se apresentar de forma clara,
concisa e com boa ortografia. Todavia, em alguns casos, o cidadão não consegue se
expressar adequadamente, mesmo tendo bom domínio sobre a língua escrita, o que
impede a compreensão dos termos da denúncia, inviabilizando a análise prévia na
ouvidoria. Em outros casos, mesmo com domínio precário, consegue-se entender os
termos da denúncia; quanto ao objeto - denúncias apresentam multifários assuntos.
Em geral, a maioria das denúncias possuem objeto passível de ser apurado por
unidades de apuração específicas de auditoria ou de correição ou de ética; quanto à
competência - por desconhecimento do cidadão, algumas vezes denúncias são
encaminhadas para órgão que não tem competência para apurar os fatos. Neste caso,
a ouvidoria poderá fazer o encaminhamento para o órgão competente. No Poder
Executivo Federal, por meio da plataforma Fala.BR, é possível encaminhar
automaticamente a manifestação para o órgão que detém a competência de
MÓDULO IV: A análise prévia
Chegamos aqui em nosso quarto e último módulo, no qual veremos fundamentos para a
realização de uma boa análise prévia da denúncia. Lembre-se: esse é um dos procedimentos
mais críticos do processo de tratamento de denúncias no âmbito das ouvidorias públicas, visto
que, de um lado, ele permite que a denúncia seja tramitada à unidade de apuração a fim de que
os fatos sejam investigados e os responsáveis, caso confirmado o fato, sejam responsabilizados,
de outro lado, é com a habilitação da denúncia pela unidade de ouvidoria que os direitos contra
retaliação ao denunciante previstos na Lei nº 13.608/2018 passam a surtir efeito.
1. Análise prévia
Como você já sabe, cabe à ouvidoria promover a análise prévia da denúncia, verificando se há
elementos suficientes para dar início à apuração dos fatos narrados.
Entretanto, antes do início da análise prévia, é necessário realizar uma avaliação sobre a correta
classificação da manifestação quanto à sua tipologia. A denúncia recebida corresponde, de fato,
a uma denúncia? A correta classificação da manifestação aumenta a eficiência e a celeridade no
tratamento e resposta ao cidadão.
Não raro, manifestantes tendem a confundir denúncia com reclamação. Isso porque o termo
denúncia é carregado com um sentido de gravidade maior, e, a depender da percepção do
manifestante, determinados problemas de gestão, que não estariam diretamente relacionados
ao cometimento de ilícitos ou irregularidades, poderiam ser assim designados. Nesse caso, a
primeira ação da unidade de ouvidoria deve ser indagar: o fato narrado apresenta-se como um
problema de gestão ou apresenta-se como uma ilegalidade ou irregularidade?
O encaminhamento dessa denúncia à Auditoria, por exemplo, não ajudaria diretamente, pois o
processo de apuração das causas da falta de medicamento poderia demorar meses ou anos;
seria mais útil para o planejamento das ações de auditoria, como uma informação gerencial
sobre o volume de manifestações sobre o assunto. Por isso, a manifestação do usuário deveria
ser reclassificada como uma reclamação e enviada imediatamente à área capaz de solucionar o
suprimento de medicamentos, dando-se a devida ciência ao cidadão acerca das providências
que serão adotadas.
Após verificar que a manifestação está corretamente classificada como denúncia, passa-se à
análise prévia.
Como regra, não devem ser admitidas denúncias vazias, superficiais ou confusas. Nesses casos
caberá à equipe da ouvidoria entrar em contato com o denunciante, solicitando esclarecimentos
ou informações adicionais que sejam necessárias.
As denúncias vazias e superficiais são aquelas que não oferecem elementos que apontem para
irregularidades que possam servir de fundamento para a apuração realizada pela área
competente. Nesse caso, a denúncia não se apresentará habilitada para ser apurada.
A análise prévia tem como objetivo avaliar a existência de requisitos que amparem a recepção
da denúncia no órgão.
Esses requisitos podem se apresentar em conjunto ou separados. Veja, por exemplo, o caso de
uma denúncia que descreve fraude em licitação em determinado órgão, mas que não aponta o
responsável pela fraude: nesse caso, somente o aprofundamento da questão, por meio de um
trabalho de auditoria, poderia delimitar a autoria do fato.
Podemos ainda tomar um outro exemplo, em que a denúncia relata que chefe assediaria
moralmente subordinado, mas sem juntar nenhum elemento probatório. Nesse caso, temos a
autoria dos fatos, mas a ouvidoria, por meio de pesquisa em sistemas, não teria como obter
indícios de que o assédio realmente ocorreu. A irregularidade só poderá ser comprovada com o
aprofundamento da questão por meio de investigação correcional.
Lembramos ainda que os fatos denunciados devem ser considerados como supostas
irregularidades, tendo em vista que no momento da análise prévia não há como se afirmar a
ocorrência do fato relatado, o que somente será possível ser confirmado após a completa
apuração pela unidade de apuração.
a) o fato;
b) a autoria do fato;
c) as circunstâncias;
d) os valores envolvidos;
Para tanto, pesquisas deverão ser realizadas junto aos sistemas internos do órgão, aos quais
recomendamos que a ouvidoria tenha acesso, bem como às fontes de consulta externas
pertinentes, para identificar indícios de veracidade da questão denunciada. Dada a diversidade
de assuntos denunciados, as pesquisas também se apresentam diversas e dinâmicas. Lista-se
abaixo um rol exemplificativo, de pesquisas que podem ser realizadas:
Essa resposta deverá ser formulada numa linguagem simples, também denominada linguagem
cidadã, como aprendemos no curso “Serviços Públicos e Defesa dos Usuários”.
a) Servidores
• Nome;
• Matrícula SIAPE;
• Lotação;
• Cargo;
• SIAPE;
• MACROS;
• Portal CNIS;
• CnesWeb;
• Portal da Transparência: a consulta à Relação de Vínculos por nome ou CPF exibe o vínculo
atual com o governo federal e os anteriores:
http://www.portaltransparencia.gov.br/servidores/consulta?ordenarPor=nome&direcao=asc
b) Licitações e Contratos
• Número da licitação;
• Valor;
• Fonte de recursos;
• Portal da Transparência;
• MACROS;
• Comprasnet;
• SIAFI.
c) Convênios
• Número do convênio;
• Valor;
• Datas;
• Fonte de recursos;
• Percentual de execução;
• Convenente e conveniado;
• Situação do convênio;
• SICONV;
• SIURB;
• Portal da Transparência;
• SISMOC – FUNASA;
d) Educação
• Fonte do recurso;
• Número da obra;
• Merenda escolar;
• Transporte escolar;
• 40 % Fundeb (ações de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino – MDE);
• Reforma de escolas;
• Portal da Transparência;
e) Saúde e Saneamento
• Fonte de recurso;
• Situação da obra.
• Reforma/construção de UBS;
• UPA;
• Distribuição de medicamentos;
• SAMU;
• Sistemas de saneamento;
• Transporte de pacientes.
• Portal da Transparência;
• Portais de transparência estaduais (fonte de recursos);
Estamos aqui diante de dois casos em que não ocorre nem encaminhamento nem habilitação, e
que difere das hipóteses em que a análise prévia não permitiria que a denúncia fosse habilitada.
No primeiro caso, a unidade competente não faz parte do Ente e do Poder da unidade
recebedora. Nesse cenário, o encaminhamento da denúncia provavelmente não poderia ser
realizado por meio da Plataforma Fala.BR, gerando situação de perda de rastreabilidade da
informação e eventual risco ao denunciante. Nesse caso, o ideal é informar ao denunciante
acerca do órgão competente para tratar a denúncia a fim de que ele mesmo a realize.
No segundo caso, tratamos de circunstância excepcional, quando verificada a ausência de
competência do órgão recebedor e risco real ao denunciante no órgão competente.
Art. 20. As unidades do SisOuv informarão ao órgão central, por meio de marcação em campo
específico na Plataforma Fala.BR, a existência de denúncia de ato praticado por agente público
no exercício de cargos comissionados do Grupo Direção e Assessoramento Superiores - DAS a
partir do nível 4 ou equivalente.
Parágrafo único. O envio da informação a que se refere o caput não desonera o órgão ou
entidade da adoção das medidas pertinentes de análise prévia e apuração dos fatos relatados.
Devemos sempre lembrar que essa informação não enseja juízo de valor, ou seja, o fato de a
ouvidoria informar à CGU a existência da denúncia não influencia a apuração no próprio órgão
onde ocorreu o fato, e nem significa que o ouvidor ou o responsável pela análise esteja
declarando que os fatos narrados realmente ocorreram, ou que o denunciado tenha
responsabilidade. O papel da ouvidoria é informar acerca de quaisquer denúncias contra esses
agentes, e o papel da CGU é acompanhar ou proceder diretamente, caso julgue necessário, à
correta apuração dos fatos.
Entretanto, o assédio moral também pode envolver um colega de serviço (assédio horizontal)
ou um subordinado em relação ao chefe (assédio ascendente).
Resta claro que a prática de assédio moral é nociva para qualquer ambiente de trabalho,
inclusive para Administração Pública, causando prejuízos humanos e financeiros, como a perda
de eficiência e produtividade de servidores, aumento de pedidos de licenças médicas, dentre
outras consequências.
As ouvidorias são instrumento importante para o combate ao assédio moral, na medida em que
se apresentam como o primeiro canal de contato com o denunciante ou com o próprio
assediado.
Recebida a denúncia, a ouvidoria deverá realizar a análise prévia para verificar indícios de
veracidade. As seguintes pesquisas podem ser realizadas: i) o local de lotação do
denunciante/assediado; ii) a relação de hierarquia entre o agente denunciado e o servidor
assediado; iii) a relação profissional entre as pessoas citadas na denúncia.
Sendo a denúncia considerada apta para apuração, a ouvidoria deverá avaliar qual unidade
técnica de apuração será a mais adequada. Nesse ponto, a avaliação da ouvidoria
prioritariamente levará em consideração o teor da denúncia. Denúncias com conteúdo mais
gravoso deverão ser direcionadas para a corregedoria do órgão ou similar, diferentemente das
denúncias que apresentarem conteúdo voltado ao descumprimento de valores éticos. Estas se
apresentam mais adequadas para a apuração da Comissão de Ética.
Por fim, é importante ressalvar que o assédio moral não pode ser confundido com o poder-dever
que os superiores hierárquicos possuem para organizar, gerenciar, coordenar e controlar os
serviços de seus subordinados, inclusive promovendo as correções necessárias, visando ao bom
cumprimento da atividade pública.
Pela leitura do dispositivo, verificamos elementos essenciais para qualificar uma denúncia como
conduta de assédio sexual, quais sejam: i) a existência de constrangimento; ii) o objetivo de
alcançar alguma vantagem ou favorecimento de cunho sexual; e iii) a utilização da condição de
chefe/autoridade para obter o favorecimento ou vantagem sexual.
Em síntese, ocorre o assédio sexual quando o superior constrange o seu subordinado, dentro ou
fora do órgão, no âmbito de uma relação laboral e sem voluntário consentimento da vítima a
realizar algum favor de cunho sexual. Ressalta-se que a tentativa de assédio já configura o
cometimento da irregularidade.
Recebida a manifestação, o papel da ouvidoria nas denúncias de assédio sexual será realizar a
análise prévia para verificar a existência de elementos que possam amparar o prosseguimento
da denúncia. As seguintes pesquisas podem ser realizadas: i) o local de lotação do
denunciante/assediado à época dos fatos; ii) se existia relação de hierarquia entre o agente
denunciado e o servidor assediado à época dos fatos; iii) a relação profissional entre as pessoas
citadas na denúncia.
Caso o denunciante relate que possui comprovação documental do assédio sexual, a ouvidoria
deverá pedir cópia dos documentos para ser anexada à denúncia inicial. A obtenção de
documentos que venham a robustecer a denúncia facilitará e acelerará o trabalho da unidade
de apuração.
Dada a gravidade da conduta de assédio sexual, que inclusive se caracteriza como crime, após a
realização da análise prévia pela ouvidoria, sendo ela considerada apta para ser apurada, a
unidade de apuração competente para proceder a investigação é a corregedoria ou a unidade
do órgão responsável pela condução de procedimentos disciplinares.
Denúncias de constrangimento de cunho sexual entre agentes públicos que não tenham relação
de subordinação também deverão ser tratadas pela ouvidoria, mas não como assédio sexual e
sim como possível descumprimento de normas regulamentares que regem as relações de
trabalho destes, bem como os códigos de ética do órgão.
Além disso, o Ministério Público tem autonomia na estrutura do Estado: não pode ser extinto
ou ter atribuições repassadas a outra instituição. Os membros (procuradores e promotores)
possuem as chamadas autonomia institucional e independência funcional, ou seja, têm
liberdade para atuar segundo suas convicções, com base na lei. Os Ministérios Públicos nos
estados atuam na Justiça estadual.
Tribunais de Contas: Os Tribunais de Contas são órgãos auxiliares do Poder Legislativo. Eles
existem em âmbito federal, estadual e em alguns municípios. Possuem como função essencial
realizar a fiscalização contábil, financeira, orçamentária, operacional e patrimonial dos entes
federativos, da Administração Pública direta e indireta. As empresas públicas e sociedades de
economia mista também estão sujeitas à fiscalização dos Tribunais de Contas.
A competência fiscalizadora dos Tribunais de Contas se refere à realização de auditorias e
inspeções em entidades e órgãos da Administração Pública. Os Tribunais de Contas fiscalizam
também procedimentos licitatórios, podendo expedir medidas cautelares para evitar futura
lesão ao erário e garantir o cumprimento de suas decisões.
Na esfera estadual há 26 Tribunais de Contas Estaduais, para cada um dos Estados, e um Tribunal
de Contas do Distrito Federal, que analisam as contas das unidades da Federação.
Acerca das contas municipais, 22 Tribunais de Contas Estaduais, além das contas estaduais, são
também responsáveis pela análise das contas dos municípios. Em três Estados — Pará, Goiás e
Bahia —, além do Tribunal de Contas do Estado, existem Tribunais de Contas de Municípios, os
quais detém a competência para analisar exclusivamente as contas das cidades das respectivas
unidades da Federação. Dois municípios contam com um tribunal de Contas Municipal próprio:
São Paulo e Rio de Janeiro. A Constituição Federal proíbe a criação de novos tribunais de contas
municipais, mas autorizou a continuidade desses, que já existiam antes de 1988.
SAIBA MAIS
O sistema de registro de denúncias utilizado pelo Sistema de Ouvidorias do Poder Executivo
federal
O Código de Defesa do Usuário de Serviços Públicos estabelece que é dever dos agentes
públicos e prestadores de serviços públicos a aplicação de soluções tecnológicas que visem a
simplificar processos e procedimentos de atendimento ao usuário e a propiciar melhores
condições para o compartilhamento das informações (Lei nº 13.460/2017, art. 5º, XIII).
No âmbito do Poder Executivo federal, o Decreto nº 9.492/2018, que regulamenta a Lei nº
13.460/2017 e institui o Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal, estabelece o uso
obrigatório da Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à informação Fala.BR pelos órgãos
e entidades da Administração Pública Federal.
A plataforma funciona totalmente online – acessível em https://falabr.cgu.gov.br – e a sua
utilização não depende de instalação. Basta o usuário acessar o sistema em seu navegador,
colocar seu login e senha e começar a utilizar. A gestão das bases de dados, o cadastro dos
administradores, a manutenção do sistema e o desenvolvimento de novas funcionalidades
são atribuições da CGU. A plataforma possui uma versão de treinamento, permite o
encaminhamento de manifestações de uma ouvidoria para a outra, trâmite das
manifestações entre unidades internas do órgão, bem como a geração de relatórios
gerenciais.
Além disso, a Instrução Normativa OGU nº 7/2019 estabelece que os órgãos e as entidades
dos Estados, Municípios, do Distrito Federal e dos demais Poderes poderão utilizar o e-Ouv
(incorporado à Plataforma Integrada de Ouvidoria e Acesso à Informação - Fala.BR) mediante
adesão à Rede Nacional de Ouvidorias, a qual é voluntária e garantirá à instituição aderente
o uso gratuito do Sistema Informatizado para tratamento de manifestações, bem como a
promoção de ações de capacitação para agentes públicos em matéria de ouvidoria e
simplificação de serviços.
3. Revisão do módulo
• Como você já sabe, cabe à ouvidoria promover a análise prévia da denúncia, verificando
se há elementos suficientes para dar início à apuração dos fatos narrados. Entretanto,
antes do início da análise prévia da manifestação, é necessário fazer uma avaliação se
esta corresponde realmente a uma denúncia, pois o tipo de manifestação está
relacionado diretamente ao tratamento a ser dado à mesma no órgão. A correta
classificação da manifestação produz eficiência e celeridade no tratamento e resposta
ao cidadão.
• A análise prévia tem como objetivo avaliar a existência de requisitos que amparem a
recepção da denúncia no órgão. Estes requisitos podem se apresentar em conjunto ou
separados. Por exemplo, denúncia que descreve fraude em licitação que estaria
ocorrendo no órgão, mas que não aponta o responsável pela fraude. Neste caso,
somente o aprofundamento da questão, por meio de um trabalho de auditoria, poderá
delimitar a autoria da impropriedade.
• Lembramos ainda que os fatos denunciados devem ser considerados como supostas
irregularidades, tendo em vista que no momento da análise prévia, haja vista não ser
um procedimento administrativo aprofundado e definitivo, não tem como se afirmar a
ocorrência da impropriedade, o que somente será possível ser confirmado após a
completa apuração dos fatos pela unidade de apuração.
• A denúncia recebida será conhecida caso contenha elementos mínimos descritivos da
irregularidade ou indícios que permitam à administração pública chegar a tais
elementos. Os principais requisitos a serem verificados numa análise prévia de ouvidoria
são: I- referir-se a matéria de competência da instituição da qual a ouvidoria faz parte;
II- ser redigida com suficiente clareza, de maneira inteligível; III- conter informações
sobre: o fato, a autoria do fato, as circunstâncias, os valores envolvidos; e IV – se for
denúncia sobre conduta, esta deve se referir a servidor público.
• Após a realização da análise prévia, na hipótese de requisitos de conhecimento da
denúncia estarem presentes, esta será encaminhada à unidade responsável pela
apuração, seja a auditoria, corregedoria, comissão de ética, outra unidade
administrativa ou ainda ao Ministério Público ou Tribunal de Contas. Conforme já
explicitado, reveste-se de importância que os sistemas eletrônicos de análise e
encaminhamento da denúncia sejam de acesso restrito, ou seja, somente terão acesso
ao conteúdo da denúncia aqueles que tenham necessidade de conhecê-la.
• Após o encaminhamento da denúncia à unidade de apuração ou após o arquivamento,
deverá ser fornecida resposta ao cidadão informando qual o tratamento dado à
denúncia. Esta resposta deverá ser formulada numa linguagem cidadã, que seja
compreensível para o cidadão comum. Deste modo, termos técnicos deverão ser
substituídos por expressões comuns. Caso necessário, além da resposta por escrito,
recomendamos entrar em contato com o denunciante para esclarecer o tratamento
dado à denúncia.
• Diversos sistemas estão disponíveis na internet, a maioria com acesso livre, auxiliando,
em muito, na procura de elementos mínimos de autoria e materialidade para subsidiar
a análise prévia da denúncia. Além destes, os sistemas internos dos órgãos também
devem ser utilizados para comprovar indícios de veracidade. Podemos destacar as
seguintes fontes: Página do Tesouro Nacional; Portal da Transparência; Plataforma
+Brasil; Sistema de acompanhamento de obras – SIURB; Portal de Compras –
COMPRASNET; Páginas dos tribunais de contas estaduais; Páginas de transparência
municipais, dentre outros.
• A Portaria CGU nº 581/2021, aplicável às unidades de ouvidoria do Poder Executivo
federal, prevê que a denúncia poderá ser encerrada quando: os fatos relatados forem
de competência de órgão ou entidade não pertencente ao Poder Executivo federal;
excepcionalmente, em circunstâncias necessárias à proteção integral ao denunciante,
devidamente justificadas no histórico da manifestação e comunicadas ao manifestante;
ou seu autor descumprir os deveres de expor os fatos conforme a verdade; proceder
com lealdade, urbanidade e boa-fé; não agir de modo temerário; ou prestar as
informações que lhe forem solicitadas para o esclarecimento dos fatos.
• O art. 3º, inciso II do Decreto federal nº 9.492/2018, assevera que denúncia consiste em
“Ato que indica a prática de irregularidade ou de ilícito cuja solução dependa da atuação
dos órgãos apuratórios competentes”. O órgão apuratório ao qual a denúncia será
encaminhada depende da natureza do seu objeto. Alguns assuntos são melhor
analisados pela área de auditoria, como a execução de obras e serviços, aquisições e
licitações, por exemplo, enquanto outros que digam respeito diretamente à conduta do
agente deverão ser encaminhados para a área de correição. É o que ocorre nos casos de
assédio moral e sexual, acumulação ilícita de cargos, descumprimento de regime de
trabalho, e outras condutas que possam ser enquadradas como faltas disciplinares.
Condutas de menor potencial, poderão ser encaminhadas à Comissão de Ética do órgão.
• No âmbito do Poder Executivo federal, o Decreto nº 9.492/2018, que regulamenta a Lei
nº 13.460/2017 e institui o Sistema de Ouvidoria do Poder Executivo federal, estabelece
o uso obrigatório do Sistema Informatizado e-Ouv pelos órgãos e entidades da
Administração Pública Federal. Órgãos e as entidades dos Estados, Municípios, do
Distrito Federal e dos demais Poderes também poderão utilizar gratuitamente o e-Ouv
mediante adesão à Rede Nacional de Ouvidorias. Em 2019 o e-Ouv foi integrado à
Plataforma Fala.BR, que traz uma interface única para o registro de manifestações de
ouvidoria, como denúncias, e pedidos de acesso à informação.
• A plataforma funciona totalmente online – acessível em https://falabr.cgu.gov.br – e a
sua utilização não depende de instalação. Basta o usuário acessar o sistema em seu
navegador, colocar seu login e senha e começar a utilizar. A gestão das bases de dados,
o cadastro dos administradores, a manutenção do sistema e o desenvolvimento de
novas funcionalidades são atribuições da CGU. A plataforma possui uma versão de
treinamento, permite o encaminhamento de manifestações de uma ouvidoria para a
outra, bem como a geração de relatórios gerenciais.
Referências bibliográficas
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm.
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- PNPS e o Sistema Nacional de Participação Social - SNPS, e dá outras providências. Disponível
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BRASIL. Lei 13.460, de 26 de junho de 2017. Dispõe sobre participação, proteção e defesa dos
direitos do usuário dos serviços públicos da administração pública. Disponível em:
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Pública no Brasil: Terceira Coletânea. João Pessoa: Ed. UFPB, 2012.
CONTROLADORIA-GERAL DA UNIÃO; OUVIDORIA-GERAL DA UNIÃO. Manual de Ouvidoria
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Ouvidoria-Geral da União, 2015.
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Geral do Estado de Minas Gerais (OGE): Uma parceria na gestão pública de qualidade. Governo
de Minas; Ouvidoria Geral: s/d.
SÃO PAULO. Decreto 60.399, de 29 de abril de 2014 - Dispõe sobre a atividade das Ouvidorias
instituídas pela Lei nº 10.294, de 20 de abril de 1999.Estado de São Paulo, 2014.
ZARIFIAN, Philippe. Objetivo Competência: por uma nova lógica. São Paulo: Editora Atlas, 2001.