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A estética da fome

Por: Victor Hugo Morais Santana e Renairy Dioniz

Explicação:

Estética da fome ou "Estétyka da fome", é a tese-manifesto desenvolvida por


Glauber Rocha que foi originalmente apresentada em 1965, durante as discussões da
Resenha do Cinema Latino-Americano de Gênova.

Em seu texto, se encontrava algo a mais que a denúncia das misérias latino-
americanas, encontrava-se enunciado, e anunciado, de maneira clara e irrefutável, o
conceito de arte revolucionária, essência da cultura do Terceiro Mundo. Alguns
elementos centrais do texto incluem: O colonialismo cultural da América Latina, o
primitivismo e romantização da miséria. a função do artista e a fome como trágica
originalidade do cinema de terceiro mundo.

Observando as condições cinematográficas e políticas daquela época, Glauber


percebeu que o cinema ainda era um lugar de colonizadores, através disso veio com
uma proposta revolucionária que mudou completamente o cinema brasileiro, criando
uma nova forma de fazer filmes: “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Seu
desgosto com a grande indústria do cinema e sua revolta acerca das situações vividas
pelos brasileiros, o levaram retratar a realidade nua e crua vivida no Brasil: a fome, a
miséria e seus desdobramentos.

Em sua obra “Deus e o Diabo na terra do sol”, Glauber retrata essa estética na
representação dramática e real da vida dos sertanejos nordestinos, confrontados com a
aridez da terra, a exploração, a opressão e a desesperança. Na trama, os personagens
lutam constantemente para se livrarem daquelas condições, seja pela igreja ou pela
revolução com os cangaceiros. A vida vivida pelos sertanejos é comparada a de um
purgatório pois estão sempre passando por percalços e tentando buscar essa melhoria.
No entanto, se deparam com a dicotomia de “Deus e Diabo” em todos os lugares que
procuram, até nos que deveriam ser estritamente bons como: profetas e igrejas.

O manifesto de Glauber Rocha, além de suas obras múltiplas, teve importância


fundamental para que o cinema brasileiro pudesse nascer das mãos de quem realmente
cria, que muitas vezes é o oprimido, o marginalizado. Essa obra é uma denúncia da
realidade brasileira em tempos de ditadura militar e que infelizmente existe até os dias
de hoje como é relatado em Bacurau (2019) de Kleber Mendonça.
Referências:

ROCHA, Glauber. Estética da fome.1965. Disponível em:


https://novoava.ufmt.br. Acesso em 25 de setembro de 2023.

MARIA, Irma Vieira. A Trajetória Artístico-intelectual Glauberiana: da


Estética da Fome à Eztetyka do Sonho.2018. Disponível
em:https://www.redalyc.org/journal/5957/595765442009/html/#redalyc_595765442009
_ref14. Acesso em 26 de setembro de 2023.

DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL. Direção: Glauber Rocha. Produção:


Glauber Rocha; Luiz Augusto; Luiz Paulino; Jarbas Barbosa. 2019. 120 minutos.

BACURAU. Direção: Kleber Mendonça Filho; Juliano Dorneles. Produção:


Emilie Lesclaux, Said Ben Said, Michel Merkt, Tiago Melo. 2019. 131 minutos.

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