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09/11/2021

PATOLOGIA VISCERAL OSTEOPÁTICA Natália Campelo, PhD, FT, DO

Patologia Medico Cirúrgico III

DR. JEAN-PIERRE BARRAL


O método avaliativo e terapêutico das vísceras foi desenvolvido pelo osteopata e
fisioterapeuta francês Dr. Jean-Pierre Barral
Considerado o pai da manipulação visceral
Mais de 30 anos de estudos clínicos e dissecativos.

→ Ele percebeu que as manipulações da coluna alteravam o funcionamento dos


órgãos.
» » » caminho contrário? E se as manipulações das vísceras alteravam os sinais clínicos
da coluna?

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DR. JEAN-PIERRE BARRAL


O seu trabalho clínico com as vísceras levou-o a desenvolver uma forma de terapia
manual focada nos órgãos internos, no que os rodeia e na sua influência potencial
em muitas disfunções estruturais e fisiológicas.
→Manipulação Visceral.

A Manipulação Visceral baseia-se na palpação de forças normais e anormais dentro


do corpo.

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GENERALIDADES
Para que o corpo humano funciona de uma forma ótima é necessário que os 4
sistemas principais do corpo estejam em harmonia.
Os sistemas são:
• Sistema nervoso somático (sistema motor)
• Sistema nervoso autónomo (movimento diafragmático, movimento cardiáco e
movimento peristáltico)
• Sistema cranio-sacro (movimento constante do líquido cefaloraquidiano)
• Psíquico
As fáscias asseguram a relação funcional entre o aparelho locomotor, o sistema
visceral e os diferentes sistemas do corpo.

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GENERALIDADES
Quando um sistema está alterado produz-se imediatamente um desequilibrio, pelo
qual vai afetando os restantes sistemas.

Exemplos:
_Espasmos intestinais → como consequência de transtornos psíquicos
_Transtornos do fígado / doenças do fígado → influencia no ombro direito (dor e transtornos funcionais
– ombro congelado ou capsulite adesiva)
_Dores interescapulares com irradiação até o braço esquerdo → associadas a transtornos da irrigação
cardíaca
_Problemas de deglutição → provocados por bloqueios da região da coluna cervical
_Bloqueios em D10-L2 → responsáveis por transtornos da função renal

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GENERALIDADES
MOVIMENTO DAS VÍSCERAS
Dois movimentos: mobilidade e motilidade.

Mobilidade visceral: refere-se os movimentos passivos de acomodação que as


vísceras sofrem principalmente em resposta aos movimentos respiratórios, exigência
dinâmicas corporais e modificações posturais.

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GENERALIDADES
MOVIMENTO DAS VÍSCERAS

A contínua variação de pressão intra-torácica e intra-abdominal gerada pelo diafragma


durante os ciclos respiratórios, obriga as vísceras destas cavidades a mover-se nos três planos
(sagital, frontal e transverso).

Respiração diafragmática:
12/14 ciclos/min → diafragma contrai-se 22000 vezes/dia
Diafragma = pistão que desliza para si e para baixo num cilindro
Inspiração: diafragmo deixe caudalmente → volumo do torax aumenta → orgãos abdominais
migram para baixo → parede muscular abdominal deformável permite que orgãos
abdominais se movem para anterior → volume do abdomem altera-se grandemente

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GENERALIDADES
Motilidade visceral: refere-se aos movimentos ativos embrionários das vísceras.
É o movimento tridimensional que a víscera apresenta sobre os seus três eixos, isto é, sobre
si mesma.
É o movimento que a víscera apresentou durante a sua evolução embrionária no
desenvolvimento fetal.
Os movimentos são definidos como:
•“Inspir", que é o ciclo embrionário que o órgão percorreu até sua maturação embrionária
•“Expir", que é o retorno desse movimento.
Nota: O expir e o inspir não tem nada a ver com expiração e inspiração, tanto que se a pessoa prender o
ar por alguns segundos a víscera continuará a mover-se em inspir e expir (7/8 ciclos/min).

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GENERALIDADES
RELAÇÕES ENTRE ÓRGÃOS: "ARTICULAÇÃO VISCERAL“

Os órgãos movem-se em torno de eixos definidos com uma determinda amplitude,


entre eles existem superfícies de contato, meios de deslizamento e de junção, logo
podem ser considerados como "articulações".

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GENERALIDADES
SUPERFÍCIES DE CONTATO:

São serosas que relacionam os órgãos entre si (exemplo: fígado-rim), à parede muscular (exemplo:
fígado-diafragma) ou ao esqueleto (exemplo: pulmão-tórax).

Tipos de serosas:
Meninges: envolvem as estruturas nervosas centrais.
Pleura: envolve os pulmões.
Pericárdio: envolve o coração.
Peritoneu: composto por duas folhas, a visceral ou serosa (envolve os órgãos da cavidade
abdominal) e o parietal (cobre a face profunda da cavidade abdominal).

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GENERALIDADES
MEIOS DE UNIÃO:

Os órgãos apresentam vários meios de união:


osistema de membranas duplas
osistema ligamentar
osistema de "mesos" (exemplo: mesocólon)
osistema do omento
opressão intra-cavitária.

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GENERALIDADES
Sistema de membranas duplas:
Permite a união entre as vísceras, facilitando articulações. As membranas em contato,
separadas por uma película de fluído que funciona como lubrificante e apresente um efeito de
sução (podem deslizar, mas não se separar). Este fluído tem um papel imunológico.

Sistema ligamentar:
A nível visceral, os ligamentos, sendo pregas da pleura e do peritoneu, servem de meios de
união de orgão com outros órgãos e suas membranas ou a parede torácica.
Estes ligamentos mantem o orgão no seu lugar durante os movimentos do corpo ou diafragma
e lutar contra a gravidade (exemplo: o ligamento suspensor do fígado).
Não contêm pedículos vasculares significativas mas são sensitivos e bem inervados.

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GENERALIDADES
Sistema de "mesos":
São dobras do peritoneu que ligam as vísceras à parede e fornecem neuro-
vascularização (função nutritiva): mesocolo (intestino grosso), mesoduodeno (duodeno),
mesogástrico (estômago), mesentério (intestino delgado) e meso-sigmóide (sigmóide).
O comprimento dos mesos é igual à mobilidade do órgão. Têm um papel menor na
fixação. Os mesos têm continuidade entre eles.

Sistema de omento:
São dobras do peritoneu que ligam dois orgãos entre si. O seu papel na fixação é
bastante pequeno mas têm uma função vascular-nervoso importante.
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GENERALIDADES
Pressão intra-cavitária:
É o somatório de todas as pressões de uma cavidade (pressões intraviscerais + pressão entre os orgãos).
Faz com que os orgãos sejam pressionados e fixos uns contra os outros.

-Turgor ou Pressão intravisceral: capacidade de um órgão de ocupar o volume máximo possível de acordo com
sua elasticidade, seu sistema vascular (diminuição ou aumento da circulação sanguíneo) e gases nos orgãos
ocos.

Esta pressão intra-cavitária deve ajustar-se constantemente à gravidade, pressão atmosférica e tensão dos
músculos que constituem as paredes da cavidade.

Nota: A vascularização também suporta as vísceras (exemplo: Rim pelo pedículo).

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GENERALIDADES
SISTEMA VISCERAL
A boa função de uma víscera depende de:
omobilidade fisiológica normal
osua vascularização
osua inervação neurovegetativa.

LOGO, existem técnicas osteopáticas específicas que visam melhorar a mobilidade,


vascularização e inervação.
As vísceras movem-se pelo seu próprio peristaltismo que é influenciado pelas fáscias, pelo
DIAFRAGMA TORÁCICO e pelas mudanças de pressão.

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GENERALIDADES
SISTEMA VISCERAL
As vísceras são suspensas por ligamentos e fáscias à grelha costal e ao diafragma.
Como se fossem rédeas, o sistema fascial suporta os orgãos de um lado para o outro.
Pode ser comparado ao movimento de um barco atracado por várias cordas.
As tensões diafragmáticas influenciam a pressão intra-abdominal e,
consequentemente, a localização visceral.
LOGO, antes de tratar um órgão, o diafragma deve ser avaliado e tratado.

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GENERALIDADES
DISFUNÇÕES VISCERAIS

Quando um órgão perde parte ou toda a sua possibilidade de movimento, à semelhança com o sistema
músculo-esquelético, é chamado"FIXAÇÃO VISCERAL".

Por causa das relações de um orgão com os diferentes elementos do corpo, podem ser
encontradas fixações:
•osteo-visceral
•fáscia-visceral
•músculo-visceral
•viscero-visceral.

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GENERALIDADES
DISFUNÇÕES VISCERAIS

Diferentes fixações podem ser distinguidas:


Fixação funcional: os órgãos mantêm sua relações "articulares", apenas a função é
alterada.
Fixação anatômica: os órgãos perdem sua função ou parte de sua função, mas
também suas relações articulares.

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GENERALIDADES
SEIS CAUSAS DO LESÃO VISCERAL:

1. Perda de mobilidade em fáscias viscerais, fundamentalmente serosas, após cirurgia


ou infecções, formando aderências.
2. Diafragma, pelas inserções parietais nas costelas, pela charneira dorsal-lombar e
pela sua inervação frênica ao nivel das vértebras cervicais (C3)
3. Lesão circulatória, por angiospasmo, alteração da pressão abdominal, ...

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GENERALIDADES
SEIS CAUSAS DO LESÃO VISCERAL:

4. Sistema neurovegetativo parassimpático cranial e sacral.


Avaliar o percurso do X par craniano (nervo vago), especialmente no foramen
rasgado posterior.
5. Envolvimento nervoso local.
6. Envolvimento psicológico.
O sistema nervoso central aumenta a facilitação metamérica.

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GENERALIDADES
LESÃO VISCERAL:

-Aderências
-Ptoses
-Espasmos viscerais

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ADERÊNCIAS (RESTRIÇÕES ARTICULARES):

Perda de mobilidade de um órgão devido ao mau deslizamento com


as estruturas que o rodeiam.
São geralmente consequência direta ou indireta de cicatrizes pós-
cirurgicas, infeção, inflamação, trauma brusco... O órgão move-se em
torno desse ponto de fixação (novo eixo de movimento).
Em caso de fixação articular total, o órgão perde completamente a
possibilidade de movimento e consequentemente sua função é
alterada.
Uma cicatriz pode ter aderências profundas, que podem causar
espasmos (devido a tensão permanente), problemas circulatórios
(estase) e fibrose geral.

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PTOSES (perda da elasticidade ligamentária):

São o resultado de uma hiperlaxidez dos meios de união de um


órgão (ex: colon transverso, rim ou bexiga) que deixe com a
gravidade.
Existem fatores que favorecem a ptose:
• biótipo (exemplo: longilíneo)
• constituição asténica
• anorexia ou rápida perda de peso
• depressão nervosa com redução generalizada do tónus
• velhice
• laxidez geral no final ou após a gravidez
• consequências de partos prolongados ou numerosos
• consequências das ablações cirúrgicas
• resultado de adesões
• traumatismos.
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ESPASMOS VISCERAIS (restrições musculares):

São geralmente encontrados no nível de órgãos ocos (ex: estomago, intestinos ou ureteres) que possuem uma musculatura
dupla lisa, com fibras longitudinais e circulares. Como resultado de uma irritação do orgão, as fibras musculares
apresentam uma tensão permanente, que causa a estase do fluxo.
Causas para irritações: inflamação, desenervação vegetativa, reações alérgicas, influências psicosomáticas.

Este fenômeno, como o espasmo muscular, é geralmente limitado no tempo, mas se não for tratado, pode ser o fator
“starter" de uma fixação orgânica e após uma patologia.

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INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
Indicações de tratamento visceral:
• Aderências de tecidos viscerais como consequência de infeções ou intervenções
cirúrgicas.
• Ptose como consequência de transtornos de ligamentos no sentido de uma
hipermobilidade.
• Espasmos viscerais como consequência de irritações nervosas de diversa origem.

Cada um dos elementos pode dar lugar a uma fixação visceral. Pode ser a causa do
aparecimento de uma alteração da mobilidade de um orgão e, consequentemente,
da sua função.
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INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
Contraindicações de tratamento visceral:
• Doenças inflamatórias febril
• Infeções agudas
• Afeções orgánicas inflamatórias agudas (ex: gastrite, hepatite)
• Tumores
• Tromboses
• Formação espontânea de hematomas
• Litiase renal e biliar
• Corpos estranhos implantados (ex: DIU, Pacemaker)
•Tuberculose

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INDICAÇÕES E CONTRAINDICAÇÕES
Contraindicações relativas de tratamento visceral:
• Transtornos cardiovasculares, como taquicardias e hipertensão
• Astenia
• Obstruções
• Menstrução
• Hérnias

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DIAGNÓSTICO VISCERAL OSTEOPÁTICO


ANAMNÉSIA:
Perguntas (história) ...
INSPEÇÃO:
Análise postural (linhas de gravidade), ptose visceral, pulsações epigástricas da aorta: devem ser
ântero-posteriores, transversais em caso de alteração.
PERCUSSÃO:
Por meio da percussão é determinado:
oTimpanismo: órgãos ocos (estômago, cólons ascendente e descendente).
oMacicez : órgãos “cheios” (fígado, cólon sigmóide, intestino delgado).

AUSCULTA:
Com um estetoscópio, o ruído hidro-aéreo é estudado e zonas "silenciosas" são pesquisadas.

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DIAGNÓSTICO VISCERAL OSTEOPÁTICO


MEDIÇÃO DA PRESSÃO SANGUÍNEA/PALPAÇÃO DOS PULSOS
PALPAÇÃO:
Testar elasticidade, Pesquisar tensões fasciais, Exploração palpatória das paredes e dos orgãos
oCalor à distância (se houver mais sangue arterial, existará um aumento da temperatura local)
oPontos viscerais dolorosos
oPontos de gatilho viscerais.
EXAME FÍSICO:
oTestes de mobilidades (vértebras torácicas, costelas, esterno, ombro... e orgãos)
oTestes de motilidade “escuta” (ritmo da motilidade : 7-8 ciclos por min)

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TRATAMENTO VISCERAL
OBJETIVO:
Normalizar os transtornos do movimento do orgão afetado.
Resolver as aderências, restituir a elasticidades fascial e relaxar os espasmos
viscerais

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TRATAMENTO VISCERAL
EFEITOS TERAPÊUTICOS
• Restituição da mobilidade através da eliminação das fixações e aderências
• Melhoria da irrigação
• Favorecimento da função do sistema nervoso
• Normalização do metabolismo
• Eliminação de estenoses e espasmos musculares/esfínteres
• Melhoria do metabolismo hormonal e produção química
• Prevenção de recidivas de bloqueios vertebrais
• Reforço da imunidade (local e sistémica)
• Influência positiva do psíquico

Todos estes fatores servem para melhorar a função orgánica. O objectivo não é modificar posições orgánicas.

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TORÁX
•Coração
•Pulmões
•Mediastino

✓Anatomia/Fisiologia (circulação sanguínea, sistema da condução do impulso)


✓Localização (projeção na parede torácica, anterior e posterio, durante os momentos
respirátorio)
✓Relações Topográficas
✓Meios de ligação/suporte

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TORÁX
CURIOSIDADES:
A nível torácico, com propósito prático, só o domo da pleura é palpável
Contudo, através de forças, movimentos passivos e indução, é possível ter uma ação
nos orgãos torácicos

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TORÁX

Pesquisas de Barral e Mercier relativamente à manipulação visceral da cavidade torácica:


Pacientes que soferam de tuberculose pulmonar → do tratamento resultam cicatrizes, fibrose
intertisial e aderências pleurais → sequelas levam a alteraçõs do mecanismo de ventilação
pulmonar → Afetando órgãos, mediastino e, frequentemente coluna torácica
Experiência clínica: numerosas escoliose são causadas por problena similares

HIPOTESE:
“Qualquer patologia, seja leve ou grave, de uma estrutura ligada à cavidade torácica é
capaz de modificar a mobilidade e motilidade desta estrutura, principalmente alterando os
eixos dos seus movimentos.”

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CORAÇÃO
RELAÇÕES TOPOGRÁFICAS
Lateral: 2 pulmões, 2 nervos frénicos
Anterior: esterno, costelas (2-6), timo
Posterior: coluna vertebral, aorta, brônquios, vasos
pulmonares
Caudal: diafragma
Cranial: vasos pulmonares, veia cava superior,
aorta

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CORAÇÃO
MEIOS DE LIGAÇÃO/SUPORTE
Através do pericárdio, o coração está firmamente fixado no
mediastino.
Sendo uma cavidade serosa, o pericárdio também garante a
mobilidade livre e sem atrito durante a atividade cardiáca.
Cranealmente, o coração está suspenso pela existência e
entrada de vasos.

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CORAÇÃO
MEIOS DE LIGAÇÃO/SUPORTE
O pericárdio tem multiples ligações em todas as direções:
• Ligamentos frenico-percárdicos (diafragma)
• Ligamentos esterno-pericárdicos (manubrio e processo
xifoideu)
• Ligamentos vertebro-pericárdicos: conecta diretamente
às faces anteriores de C6 e C7
• Ligamentos cervico-pericárdicos : unem o pericárdio a
tireoide

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CORAÇÃO
MEIOS DE LIGAÇÃO/SUPORTE
Existem conexões com esófago, brônquios e veias pulmonares
Lateramente, pericárdio ligado por tecido conetivo à pleura
parietal
O pericárdio e seus ligamentos estão inseridos num sistema
fascial do “tendão central”, que se estende da base do crânio
à pelve.

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CORAÇÃO
IRRAÇÃO/INERVAÇÃO
Irrigação: artérias e veias coronárias + drenagem linfática
Inervação:
• Sistema nervoso simpático de T1 a T4
• Parasimpático: nervo vago (X)

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CORAÇÃO
MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS
MOBILIDADE
Os movimentos do coração são os mais frequentes (120000 movimentos por dias) de todos os
movimento autónomos.
As vibrações espalham-se diretamente às visceras adjacentes (pulmões, esofago, mediastino e
diafragma), por via do diafragma aos orgãos do abdomen, e são transportadas a partir da
saída do sangue do ventrículo esquerdo a todas as estruturas pelas pulsações arteriais.
O coração propriamente dito realiza um poderoso movimento de torção (twisting), controlado
por um sistema de amortecedores. Este sistema, de mais profundo ao mais superficial, consiste
em:
-o pericárdio (dupla camada) – que permite deslizamento
-a bolsa fibrosa pericárdica – que previne dilatação excessiva do coração
-a pleura mediastinal
-pressões pulmonares laterais
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CORAÇÃO
MOVIMENTOS FISIOLÓGICOS
MOTILIDADE
A motilidade do coração propriamente dito não se pode sentir, porque é camuflado pelo
muito maior movimento (mobilidade) do batimento cardíacio.
A motilidade do mediastino parece ser a mesma que a do esterno.
O coração, estando fixo, não pode se mover; a parte superior do mediastino, com o esterno,
balança anteroinferiormente durante o inspir e posterosuperiormente durante o expir.

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SEMIOLOGIA EM CARDIOLOGIA

4 SINTOMAS CARDIAIS
▪Dispneia
▪Dor torácico
▪Palpitações
▪Síncope

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DISPNEIA
A dispneia pode ser definida como uma sensação de falta de ar.

Envolve a tomada de consciência, de uma forma desagradável, da respiração; o


paciente geralmente expressa isso como "falta de ar" ou “sensação de sufocar".

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DISPNEIA
Os tipos de dispneia que podem aparecer em um paciente cardíaco são:
- Dispneia aos esforços: manifestação mais precoce e frequente de insuficiência
cardíaca esquerda ou valvopatia mitral.
- Ortopnéia: dispneia que aparece em decúbito. Indica um grau mais avançado de
insuficiência cardíaca. Com o decúbito, ocorre um aumento do volume do sangue
intratorácica, o que aumenta as pressões venosa pulmonar e capilar.
- Dispneia aguda por edema agudo pulmonar cardiogénico: é causado por um
aumento súbito da pressão em capilares pulmonares, ingurgitamento dos vasos
pulmonares (sanguíneos e linfáticos), exsudação para o espaço intersticial e espaços
intra-alveolares, manifestando-se por dificuldade respiratória em diversos graus.

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DISPNEIA
Possui várias formas de apresentação clínica:
- Dispneia paroxística noturna. É caracterizada por crise de desconforto respiratório intenso, que
geralmente ocorre à noite e desperta o paciente 1 a 2 horas após deitar, de forma abrupta e
com sensação de asfixia; o paciente precisa se sentar ou ir até a janela para respirar.
- Asma cardíaca. É devido à obstrução respiratória causada pelo ingurgitamento sanguíneo da
parede dos brônquios e bronquíolos.
- Edema Pulmonar Agudo. É a forma mais grave de dispneia cardíaca. Ocorre como consequência
de insuficiência cardíaca esquerda abrupta, infarto do miocárdio, crise hipertensiva, rutura
espontânea de uma corda da válvula mitral, em pacientes com estenose mitral durante exercício
excessivo. O paciente apresenta desconforto respiratório importante e a auscultação pulmonar
revela ruídos crepitantes difusos; nas formas mais graves, a sensação é de "panela fervendo" no
peito e o paciente apresenta expetoração espumosa rosada característica.
- Respiração periódica de Cheynes-Stokes, é uma respiração profunda e rápida que aumenta
progressivamente até o ponto em que diminui gradualmente, com pausas de apneia intercaladas.

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PALPITAÇÕES
Envolvem a perceção consciente e desagradável dos
batimentos cardíacos. O paciente os descreve como um
latejar no peito, uma sensação de latejar no pescoço,
pulos ou falta de batimento cardíaco. Refletem uma
alteração na contratilidade ou no volume sistólico.

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PALPITAÇÕES
1) PALPITAÇÕES SEM DOENÇA CARDÍACA:
Sintoma muito comum que os pacientes costumam associar a
doenças cardíacas, embora sua apresentação seja muito comum
em pessoas saudáveis, sob pressão emocional ou como
manifestação de ansiedade, sem cardiopatia.

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PALPITAÇÕES
2) PALPITAÇÕES E ARRITMIAS
- Extrassistolia: é percebida como sensação de falta de batimento
ou presença de batimento adicional.
- Taquicardia supraventricular paroxística: começa e termina
repentinamente, o paciente consegue identificar, através da
regularidade e rapidez dos batimentos cardíacos.
- Fibrilação atrial: as palpitações são irregulares e geralmente
rápidas.

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PALPITAÇÕES
3) PALPITAÇÕES E ALTERAÇÕES HEMODINÂMICAS:
Manifestação do volume sistólico persistente cardíaco e força de
contração muito aumentada (que ocorre na insuficiência aórtica ou
mitral) ou circunstâncias em que há circulação hipercinética, como
gravidez, tumores.

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SÍNCOPE
É uma perda súbita e transitória de consciência, causada
pela diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.

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SÍNCOPE
Suas causas mais frequentes são:
- Distúrbios da circulação periférica: hipotensão, causada por fenômenos vasovagais,
ortostáticos, depleção de volume (hemorragia, diuréticos).
- Reduções transitórias no débito cardíaco, devido a alterações no ritmo (taquicardia
ventricular) ou condução cardíaca (bradicardia significativa ou paragem ventricular),
obstrução do fluxo (estenose aórtica, estenose da artéria pulmonar, tetralogia de
Fallot, cardiomiopatia obstrutiva, embolia ou hipertensão pulmonar, mixoma do átrio
esquerdo), cardiomiopatia grave.
- Patologia cerebrovascular devido à oclusão parcial ou completa de uma ou mais
das grandes artérias do pescoço, tais como: síndrome do arco aórtico, estenose e
oclusão das artérias vertebrais, síndrome do roubo da subclávia e patologia
obstrutiva bilateral carotídea.

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HEMOPTISE
É a expetoração de sangue vermelho.
A hemoptise engloba tanto a expetoração com sangue quanto a
expulsão de grandes quantidades de sangue líquido, embora seu
significado possa ser diferente.
É um sinal que frequentemente sugere lesão pulmonar, embora
doenças cardiovasculares também possam causá-la, em virtude dos
seguintes mecanismos:
- Hipertensão venosa pulmonar
- Ataque cardíaco e hipertensão pulmonar
- Rotura arterial
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EDEMA
Edema pode ser definido como um aumento de fluido.
O edema pode não se tornar clinicamente aparente até
que cerca de 5 litros de líquido tenham sido previamente
retidos.
Portanto, o edema cardíaco é precedido por oligúria e
ganho de peso antes que o edema seja observado, o que
geralmente predomina nas partes em declínio.

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CIANOSE
A cianose é a coloração azulada da pele e mucosas
resultante do aumento de concentração da desoxi-
hemoglobina, com valores entre 3 a 5 g/dl.

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CIANOSE
A cianose pode decorrer de dois mecanismos:
▪dessaturação/hipoxemia arterial sistémica
▪ou aumento de extração de oxigénio pelos tecidos
periféricos.
Temos 2 tipos de cianose: central e periférica.

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CIANOSE
Cianose central – presente quando a concentração de
desoxihemoglobina excede o valor de 5g/dl (saturação periférica
de oxigénio<85%), manifestando-se por cianose da pele, língua e
mucosa oral.
As suas causas podem ser por patologia respiratória, patologia
cardíaca ou hematológica.

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CIANOSE
Causas respiratórias:
 Alterações das vias aéreas superiores (atrésia das coanas, retrognatismo,
laringomalácia, estenose traqueal, paralisia das cordas vocais);
 Interferência na expansão torácica (pneumotórax e pneumomediastino,
derrame pleural, distensão abdominal, escoliose grave, obesidade,
hipoplasia pulmonar);
 Neurológicas (encefalopatia hipóxico-isquémica, hemorragia intracraniana,
edema cerebral, infeção do sistema nervoso central e distrofias musculares
que diminuem o estímulo respiratório);
 Pneumonia, síndrome de dificuldade respiratória, taquipneia transitória do
recém nascido, síndrome de aspiração meconial, hérnia diafragmática
congénita e malformação adenomatóide.
NATÁLIA CAMPELO, PHD, DO, FT 57

CIANOSE
Causas cardíacas:
Cardiopatia congénita cianótica, isto é, uma doença cardíaca em
que o sangue dessaturado passa diretamente para a circulação
sistémica sem passar pelos pulmões, isto é, na presença de shunt
direito-esquerdo;
Hipertensão pulmonar persistente do recém nascido

NATÁLIA CAMPELO, PHD, DO, FT 58

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09/11/2021

CIANOSE
Patologia hematológica: metemoglobinémia (caracteriza-se pela
presença de um nível mais alto do que o normal de meta-
hemoglobina no sangue. A meta-hemoglobina é uma forma
de hemoglobina que não se liga ao oxigênio).

NATÁLIA CAMPELO, PHD, DO, FT 59

CIANOSE
Cianose periférica – ocorre na presença de saturação periférica de oxigénio normal
mas com quadros de má perfusão periférica e aumento das necessidades de
oxigénio pelos tecidos periféricos.
Normalmente surgem em casos de movimento lento do sangue nos capilares e que
leva a um aumento da desoxihemoglobina. Neste caso, apenas a pele apresenta
uma coloração azulada, sendo que a língua e mucosa oral permanecem rosadas.
As principais causas deste tipo de cianose são:
 Frio
 Choque cardiogénico
 Sépsis
 Obstrução venosa periférica
 Policitemia

NATÁLIA CAMPELO, PHD, DO, FT 60

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09/11/2021

EMBOLIA SISTÉMICA
Em algumas doenças cardíacas, os trombos podem se formar nas câmaras cardíacas esquerdas,
eventualmente desalojando e embolizando as artérias do cérebro, vísceras ou extremidades.

NATÁLIA CAMPELO, PHD, DO, FT 61

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