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interesse social”
Unidade curricular
César Santos
Leiria, 01.10.2013
Originalidade e Direitos de Autor
iv
Dedicatória
À minha vontade …
“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder.
Quem quer nunca há -de poder, porque se perde em querer. ”
Fernando Pessoa
v
Índice
Dedicatória ....................................................................................................................... v
Introdução ................................................................................................................. 1
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Lista de siglas e abreviaturas
DL Decreto-Lei
PP Páginas
artº Artigos
arts Artigos
n.º Número
v Vide
pp Páginas
p Página
págs Páginas
Prof. Professor
Ordenação alfabética;
Apenas as que sejam relevantes para a leitura do texto.
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Dever es d e cuid ad o e leald ad e d o s gesto res e interesse so cial
Introdução
Por ser o artigo mais importante quando aos deveres dos gestores , desde logo
a base e talvez novamente destino, por nele se encontrar o ponto de partida
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Dever es d e cuid ad o e leald ad e d o s gesto res e interesse so cial
e ligação a artigos do CSC como os artigos 72º a 79º, de que falarei mais à
frente. Mas também ser nele que acabamos de volta com a segunda parte do
artigo, e não de menos importante e relevante no mundo atual, a questão do
interesse social, aduzido pela segunda parte do art.º 64.º, do CSC . Aqui, de
forma preliminar se vai avançando, e apesar da pouca jurisprudência, nestas
matérias, sem olvidar a referência importante ao acórdão do STJ de
07.11.2017 e Proc 1919/15.0T8OAZ.P1.S1 , a nossa doutrina tem produzido
várias interpretações, por via – designadamente - das diferentes abordagens
do conceito de "interesse social".
1
Acerca da tradução de Sorgfalt por dili gência, ver António Menezes Cordeiro
(2006), p. 448
2
Diário do Governo resumiu no Dec. -Lei 49.381, de 15 de novembro de 1969 da
seguinte for ma: “Promulga o regi me jurídico de fiscalização das sociedades
anónimas ”. Porém, o diploma alterou ao mesmo momento o regi me de
responsabilidade dos administradores, aditando preceitos inseridos na sua secção
I, intitulada “responsabilidade dos administradores ”, do seu capítulo II, intitulado
“responsabilidade civi l ”.
3
Regra inspirada por Raúl Ventura e que adveio do § 93/ I do Aktiengesetz alemão,
de 1965.
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Dever es d e cuid ad o e leald ad e d o s gesto res e interesse so cial
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Na versão francesa: “Tous les membres des organes de direction et de surveillance
exercent leurs fonctions dans l‘intérêt de la société, compte tenu des intérêts des
actionnaires et des travailleurs ” ( v. o Jornal Oficial da s Comunidades Europeias
n.º C 240, de 9.9.83, p. 12)
5
Sobre o “institucionalismo ” e “contratualismo ” no Direito das Sociedades, v. Rui
Pinto Duarte (2008), pp. 53 e ss . Sobre essas correntes e as diver gências na
definição de “interesse da sociedade ” e no modo de ter “em cont a os interesses
dos sócios e dos trabalhadores ” nessa defi nição, v. Pedro Pais de Vasconcelos
(2006), pp. 315 e ss.
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Esta nova redação, aliás bem mais pesada e densa que as anteriores,
acolhendo inspiração de vários ordenamentos jurídicos internacionais mais,
a par de coligir doutrina da época .
Segundo Rui Pinto Duarte (2008), “legislador deixou intocados outros dois
preceitos em que recorria e recorre à expressão “diligência de um gestor
criterioso e ordenado ” para definir o padr ão do comportamento exigível a
gestores”: o art. 114, n.º 1, do CSC (sobre fusão de sociedades) e o art. 26,
n.º 1, alínea a) do Dec. -Lei 231/81, de 28 de julho (sobre associação em
participação).
6
Nesse sentido, Melvin A. Eisenberg (1989), em especial p. 948 , o “duty to
monitor or oversee, o duty of inquiry, o duty to employ a resonable
decisionmaking process e o duty to make treasonable decisions ”.
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Como exemplo, Robert W. Hamilton (2000), p. 444 e na literatura
portuguesa, por exemplo, Pedro Caetano Nunes (2001), pp. 19 e ss., e (2012),
pp. 248 e ss., e Bruno Ferreira (2009), pp. 684 e ss.
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Considerações gerais
Vejamos,
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Uma nota para o gerente ou gerentes das sociedades p or quotas, o seu dever
de boa gestão inclui o dever de promover a atividade da sociedade e o seu
objecto social , ainda que indeterminada estatutariamente ou por Lei .
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Dever es d e cuid ad o e leald ad e d o s gesto res e interesse so cial
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A jurisprudência norte americana desenvolveu a business judgement rule
desde o séc. XIX , segundo Abreu, Jorge Manuel Coutinho ,
“Responsabilidade civil de gerentes e administradores em Portugal ”, in:
Questões de direito societário em Portugal e no Brasil, Fábio Ulhoa Coelho;
Maria Fátima Ribeiro (coords.), Coimbra: Almedina, 2012, p. 138.
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“Os casos de responsabilidade civil dos administradores são, sempre ou
quase sempre, casos de responsabilidade civil por cumprimento defeituoso
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Mas, este preceito acaba por permitir que os ge stores também façam
prova, invertendo o ónus da prova que estava do lado que quem
pretendia ter havido violação.
dos deveres de gestão», por isso consid era que «estando em causa a
responsabilidade civil (contratual ou obrigacional) por cumprimento
defeituoso, o credor tem o ónus da alegação da prova de que há tipicidade -
ou seja: de que há um “desencontro objectivo” entre aquilo que o devedor
fez e aquilo que o devedor devia ter feito». De seguida, o reputado A. leva o
leitor a refletir de que a tipicidade indicia a ilicitude. Nisso, para provar a
tipicidade, o credor (sociedade) terá de fazer prova no sentido de que o
devedor (administrador) agiu em “des encontro objetivo” entre aquilo que
fez e aquilo que devia ter feito; de outro lado, para justificar a ilicitude, o
devedor (administrador) terá de fazer a prova de que o “suposto”
“desencontro objetivo” entre aquilo que fez e aquilo que devia ter feito nã o
é ilícito, conforme o alegado pelo credor (sociedade). Para o Autor, a
ilicitude não é presumida. vide OLIVEIRA, Nuno Manuel Pinto, O artigo 72.º,
n.º 1, do Código das Sociedades Comerciais consagra uma presunção de
ilicitude?”, ob. cit., p. 8 -10
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que possam ser preju dicados pela atuação da sociedade por força da
atuação de quem executa a sua estratégia . Hoje, com a mediatização
global de qualquer coisa a qualquer momento a lupa da boa fé, da
confiança e a da proibição do abuso do direito são constantes.
A lealdade observa-se nas relações dos sócios com a sociedade e entre si,
incorporando a ideia primária de status do sócio . Nas relações da sociedade
para com os sócios, acarretando um aumento ex bona fide da competência da
assembleia geral. Em relações dos gestores com a sociedade e com os
próprios sócios .
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De ver es d e c u id ad o e l e ald ad e d o s ge sto r es e i n t ere ss e so ci al
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Como resulta de tudo que já foi aflorado, os gestores têm o dever de gerir ,
isto é, o dever de executar as tarefas necessárias para promover as ativid ades
da sociedade para além do exercício dos seus direitos e deveres
supramencionados no ponto 2.2/a.
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Casos de projeção do dever de lealdade dos administradores no direito
português, v., entre outros, J. M. Coutinho de Abreu (2007), pp. 22 e ss.,
Nuno Tiago Trigo dos Reis , (2009), pp. 369 e ss., Sónia das Neves Serafim
(2011), pp. 575 e ss., Pedro Caetano Nunes (2012), pp. 181 e ss., Marisa
Larguinho (2013), pp. 187 e ss., Mafalda dos Santos Mondim (2013), pp. 69
e ss., A. Barreto Menezes Cordeiro (2014), pp. 281 e ss., Hugo Luz dos
Santos (2015), pp. 146 e ss. e (2016), pp . 906 e 907.
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O Prof. Raul Ventura , in “Sociedades por Quotas ”, III, pág. 91, afirma:
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De ver es d e c u id ad o e l e ald ad e d o s ge sto r es e i n t ere ss e so ci al
Uma última nota para o doutor Carlos Ferreira de Almeida , cuja posição é
profundamente crítica no peso da distinção entre obrigações de resultado e
obrigações de meios . E usando o exemplo clássico do tratamento médico
virgula acento no dever contratual do médico de tratar , afirma “quem invoca
tratamento defeituoso co mo fundamento da responsabilidade civil contratual
tem de provar, além do prejuízo, a desconformidade objetiva entre os atos
praticados e as leges artis ”.
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Conclusões
O objetivo dest e trabalho, conforme se propôs na introdução, era
contribuir o estudo e análise d a sistematizaç ão da responsabilidade
civil dos gestores nas sociedades.
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Dever es d e cuid ad o e leald ad e d o s gesto res e interesse so cial
Duarte, Rui Pinto – Escritos sobre Direito das Sociedades, Coimbra Editora,
2008.
Eisenberg, Melvin A. – “The Duty of Care of Corporate Directors and
Officers”, in Universit y of Pittsburgh Law Review, vol. 51, 1989, pp. 945 -
972 (in http.// scholarship.law.berkeley.edu/fa cpubs, consultado em 18 de
maio de 2017).
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De ver es d e c u id ad o e l e ald ad e d o s ge sto r es e i n t ere ss e so ci al
Monks, Robert A. G., e Minow, Nell – Corporate Governance, 5.ª ed., John
Wiley & Sons, 2011.
Nunes, Pedro Caetano – Dever de Gestão dos Administradores de Sociedades
Anónimas, Almedina, 2012.
—, “Jurisprudência sobre o Dever de Lealdade dos Administradores ”, in II
Congresso Direito das Sociedades em Revista (coor d. Pedro Pais de
Vasconcelos, J. M. Coutinho de Abreu e Rui Pinto Duarte), Almedina, 2012,
pp. 181-224.
—, “Responsabilidade Civil dos Administradores perante os Accionistas,
Almedina”, 2001.
Reis, Nuno Tiago Trigo dos – “Os Deveres de Lealdade dos Administradores
de Sociedades Comerciais”, in Temas de Direito Comercial, Cadernos O
Direito, n.º 4, Almedina, 2009, pp. 279 -419.
Santos, Hugo Luz dos – “O Dever de Lealdade dos Administra dores das
Sociedades Comerciais na Região Administrativa Especial de Macau e em
Portugal (Algumas Notas Mais ou Menos Desenvolvidas) ”, in Direito das
Sociedades em Revista, ano 7, vol. 14, outubro 2015, pp. 133 -160.
—, “A Perda da Qualidade de Sociedade Aberta (Delisting de Participações
Sociais): a Tutela dos Sócios Minoritários, o Direito de Propriedade, e o
Dever de Lealdade dos Administradores das Sociedades Comerciais (com
uma Breve Paragem em Macau e em Hong Kong) ”, in Revista de Direito das
Sociedades, ano VIII (2016), n.º 4, pp. 893 -929.
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De ver es d e c u id ad o e l e ald ad e d o s ge sto r es e i n t ere ss e so ci al
Varela, João de Matos Antunes – “Das Obrigações em Geral ”, vol. I, 9.ª ed.,
Almedina, 1996.
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