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INTRODU<;Aü

AO TERCEIRO LIVRO DOS MACABEUS

¡\UTOR, TÍTULO E DATA manada de elefantes embriagados. No derradeiro


DE REDA<;AO DO LIVRO momento, escaparam miraculosamente do mas-
sacre grac;:as aprovidencia divina. O monarca ti-
obra que nos chego u sob o título de Terceiro rin.ico, transformado em benevolente protetor,
_ Livro dos Macabeus em alguns manuscritos libertou os prisioneiros e os autorizou a extermi-
da Septuaginta faz parte do pequeno grupo de nar os judeus apóstatas que aceitaram sacrificar
(jvros escritos diretamente em grego e reunidos em honra de Dionísio.
cDlD aqueles que foram traduzidos do hebraico e Urna festa foi instituída para comemorar este
do aramaico. Essa obra foi redigida por um autor feliz desfecho. O historiador judeu Flavio Josefa
anónimo, muito provavelmente em Alexa.ndria, atesta a manutenc;:ao dessa festa no final do séc.
entre o inicio do séc. I a.C. e a destruic;:ao do Tem- 1 d.C. Trata-se talvez de urna equivalencia ale-
plo deJerusalém em 70 d .C . xandrina da festa de Purim, da qua! o livro de
O conteúdo de 3 Maca.beus nada tem a ver coro Ester dá testemunho. 3 Macabeus seria entao um
aquele dos dais primeiros livros dos Macabeus, e Rolo destinado a ser lido durante esta festa de
os personagens dos irmaos Macabeus aquí esta.o libertac;:a.o, como acontece com o Livro de Ester
ausentes. Entretanto, este livro tero ero comum na festa de Purim.
coro eles o tema da coragem e da resistencia dos
judeus d urante a perseguic;:ao do poder gentio.
GtNERo LITERÁRIO DO LIVRO
CONTEÚDO DO LIVRO Nada fácil é d efinir o genero literário do qual de-
pende esta história. Póde se ver aí um romance
O contexto do livro é o de um confüto que teria religioso e moral, um canto etiológico destinado a
arontecido por ocasiao da Quarta Guerra da Siria, justificar acelebrac;:ao de uma festa, ou ainda urna
que confrantou o lágida Ptolomeu IV Filópator "ficc;:a.o histórica" que reinventa o passado coro o
(222-205/204 a.O.), rei do Egito, e seu vizinho se- fim de reafirmar a identidade judaica em meio
leucida Antioco III. Vencedor de Antíoco na bata- gentío. Sem dúvida, sua historicidade é muito frá-
lha de Ráfia em 217 a.C., Filópator reforc;:a seu con- gil. Associados aguerra contra Antíoco III, fato
trole sobre a regiao reconquistada. Ao chegar a Je- historicamente certo, lembran~as de urna tensao
rusalém e admirar a fachada do templo, quis ver seu entre os judeu s do Egito e o poder lágida puderam
interior. Esse interesse foi percebido pelosjudeus fornecer a matéria de uma história, sem dúvida
como tentativa de profanac;:ao do sa.ntuário, cujo "fictícia" ero suas amplificac;:oes, mas centrada
acesso era proibido aos gentios. O sacrilégio foi evi- numa preocupac;:ao real: o que fazer quando a
tado, mas o incidente inspira ao rei descon.fia.nc;:a obediencia aleido país de acolhimento pode con-
e rancor para com seus súditos da Judeia. duzir a transgressao da Lei do enhor e a negac;:ao
. Terminada a guerra, com algumas excec;:6es os da fé ancestral? Nosso autor responde aessa ques-
JUdeus de Alexandria e do Egito o decepcionaram tao proclamando fidelidade incondicional alei ju-
ao recusar participar de urna ac;:ao de grac;:as em daica que condena sem restri~ao toda forma de
honra de D ionísio, divindade favorita do monarca. idolatria. Para dar asua mensagem urna forc;:a de
Oconflito cresceu e assurniu dirnensoes dramá- persuasao vigorosa, constrói um cenário do quaJ a
ticas. Acusados de preparar um compló contra decorac;:ao é baseada na paisagem institucional do
o poder real, os judeus foram declarados inimi- reinado ptolomaico (cf. 3Mc 1,1 nota). Buscando
gos do Estado e condenados apena capital. Aglo- no direito pena] da monarquia os móbeis da ac;:ao,
merados com mulheres e crianc;:as no hipódromo concatena numa sucessao de cenas, discursos e
de AJexandria, deviam ser pisoteados por urna imagens as etapas sucessivas de um grande pro-

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