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Sheilagh Ogilvie, The European Guilds: An Economic Analysis, Princeton University Press:
Princeton, NJ, 2019; 672 pp
The European Guilds também se propõe a desafiar a noção de que as guildas de artesãos
eram benéficas para a economia e a sociedade como um todo. Como tal, a linha
argumentativa não é surpreendente, mas a riqueza de detalhes e a firmeza argumentativa
fazem da mais recente contribuição de Ogilvie ao debate acerca do papel das
instituições sociais na economia uma valiosa leitura.
Para reforçar seus pontos, Ogilvie baseia-se extensamente, ao longo do livro, em dois
bancos de dados – um de declarações qualitativas sobre guildas e outro focado em dados
quantitativos.
Ao longo de dez capítulos, Ogilvie argumenta contra a utilidade econômica das guildas
de artesãos e contesta o status quo historiográfico. O primeiro capítulo, ‘The Debate
about Guilds’ é a ambiciosa declaração de missão que define o tom do livro. Na opinião
de Ogilvie, até então o debate se concentrou excessivamente na influência econômica,
social e cultural positiva das guildas na sociedade. Os historiadores têm se mostrado
muito dispostos a aceitar o comportamento das guildas como expressões dos valores
culturais predominantes (17). Em vez de examinar as influências negativas na economia
e na sociedade, vários historiadores promoveram a visão de que as guildas eram
inovadoras, garantidoras de qualidade e benéficas para a sociedade.
Para retificar isso, Ogilvie se propõe a testar essas alegações e provar que as guildas
apenas promoveram os interesses de seus poucos e limitados membros, discriminando
ativamente pessoas de fora, como mulheres e minorias religiosas.
Cada um dos capítulos empíricos seguintes adota um padrão semelhante: começam com
resumos dos argumentos dos historiadores sobre os efeitos positivos das guildas de
artesãos, enquanto a maior parte do capítulo é dedicada a refutar esses argumentos. Essa
abordagem parece muito convincente, mas a refutação implacável desses argumentos
parece ser falsa, trazendo consigo a sensação de se tratar de uma falácia do espantalho.
Como resultado, a abordagem, conquanto eficaz, torna-se um tanto repetitiva.
O capítulo 2 argumenta que as guildas não eram instituições de ordem privada, mas
obtinham seus direitos exclusivos oferecendo serviços a governos e estados, assim
promovendo os interesses (limitados) de seus membros, em vez do interesse de toda a
comunidade. Em seguida, Ogilvie descobre que as barreiras de entrada das guildas
beneficiaram seus membros, garantindo a exclusividade e a reserva de mercado,
impondo custos adicionais aos não membros (170).
No quinto capítulo, a relação das mulheres com as guildas é questionada e, assim como
no capítulo sobre barreiras de entrada, revela que as guildas não promoveram nem
sustentaram o status econômico das mulheres. Em vez disso, limitaram-lhes as
possibilidades de escolhas econômicas, e, como resultado, prejudicaram-nas, bem como
as famílias e a economia como um todo (306).
“As guildas não eram instituições de ordem privada, mas obtinham seus direitos
exclusivos oferecendo serviços a governos e estados, assim promovendo os interesses
(limitados) de seus membros, em vez do interesse de toda a comunidade.”
“os países europeus com guildas relativamente fracas, como a Inglaterra e os Países
Baixos, tiveram (comparativamente) rápido crescimento econômico a partir do final da
era medieval em diante.”
Sem dúvidas, o livro dividirá a opinião dos historiadores a depender de seus pontos de
partida geográficos e de suas especializações. De todo modo, The European Guilds é
um oportuno lembrete para que questionemos as verdades aceitas sobre a riqueza
monopolizada e o desenvolvimento econômico em uma perspectiva histórica, bem
como na sociedade contemporânea. Por fim, Sheilagh Ogilvie escreveu um livro que
deve se tornar o ponto de partida para as discussões sobre o desempenho econômico das
guildas, bem como seu impacto social e cultural na sociedade. Ele se tornará o ponto de
partida natural para estudos futuros sobre os papéis das guildas no crescimento
econômico e encorajará estudos comparativos adicionais baseados em novos dados,
abordagens metodológicas ou revisões.
“De todo modo, The European Guilds é um oportuno lembrete para que questionemos
as verdades aceitas sobre a riqueza monopolizada e o desenvolvimento econômico em
uma perspectiva histórica, bem como na sociedade contemporânea. Por fim, Sheilagh
Ogilvie escreveu um livro que deve se tornar o ponto de partida para as discussões
sobre o desempenho econômico das guildas, bem como seu impacto social e cultural na
sociedade.”