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Física II

PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA


- Capacidade térmica
- Mudança de fase
- Trabalho e o diagrama PV

Jorge Costa
jorge.costa@iseclisboa.pt 1
Energia dos Processos Térmicos

Calor e Energia Interna

Devemos distinguir entre calor e energia interna. Estes termos não são
intercambiáveis: o calor envolve a transferência de energia interna de um local
para outro.

Energia interna KEtotal ou U é a energia associada aos átomos e moléculas do


sistema. A energia interna inclui a energia cinética e potencial associada ao
movimento aleatório translacional, rotacional e vibracional das partículas que
compõem o sistema, e qualquer energia potencial que liga as partículas.

Para gases monoatómicos, a energia interna é a energia cinética translacional


total dos átomos; quanto maior a temperatura do gás, maior a energia cinética
dos átomos e maior a energia interna do gás.

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Energia dos Processos Térmicos

Para gases diatómicos e poliatómicos, mais complicados, a energia interna inclui


outras formas de energia molecular, como a energia cinética rotacional e a energia
cinética e potencial associada às vibrações moleculares. A energia interna
também está associada à energia potencial intermolecular (“energia de ligação”)
entre moléculas num líquido ou num sólido.

Calor é a transferência de energia entre um sistema e o seu ambiente, devido a


uma diferença de temperatura entre eles.

O símbolo Q é utilizado para representar a quantidade de energia transferida pelo


calor entre um sistema e o seu ambiente.

O calor corresponde à transferência de energia térmica, assim como o trabalho


corresponde à transferência de energia mecânica. Quando um objeto é
empurrado, ele não tem mais trabalho, tem mais energia mecânica transferida
pelo trabalho. Da mesma forma, quando uma panela de água é aquecida num
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fogão, a água tem mais energia térmica transferida pelo calor.
Energia dos Processos Térmicos

Unidades de Calor
O calor começou por ser definido em termos das mudanças de temperatura
produzidas num objeto, onde uma unidade separada de energia, a caloria, era
utilizada para definir o calor. A caloria (cal) é definida como a energia necessária
para elevar a temperatura de 1 g de água de 14,5 °C para 15,5 °C (a "Caloria“, com
um "C“ maiúsculo, é utilizada para descrever o conteúdo energético dos
alimentos, é na verdade uma quilocaloria kc).
Da mesma forma, a unidade de calor do sistema imperial, a British thermal unit
(Btu), foi definida como a energia necessária para elevar a temperatura de 1 lb de
água de 63 °F a 64 °F.
Uma vez que o calor (tal como o trabalho) é uma medida da transferência de
energia, ficou definido que a unidade SI deveria ser o joule. A caloria é
actualmente definida por ser exatamente 4,186 J:
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Energia dos Processos Térmicos

Exercício 53
Um estudante toma um pequeno-almoço composto por uma tigela de cereais e
leite, contendo um total de 3,20x102 Calorias. Como pretende realizar uma
quantidade equivalente de trabalho no ginásio, faz elevações utilizando um
haltere de 25,0 kg. Determine o número de vezes que deve elevar e baixar o
haltere para consumir a totalidade da energia absorvida ao pequeno-almoço.
Admita que a elevação representa um movimento vertical com um deslocamento
de 0,400 m de cada vez, correspondendo à distância da sua cintura até à parte
superior do tórax. R: 6,84x103

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Calor Específico
Aumentar a temperatura de um quilograma de água em 1 °C requer 4186 J de
energia. A quantidade de energia necessária para elevar a temperatura de um
quilograma de uma substância arbitrária em 1 °C varia com a substância. Por
exemplo, a energia necessária para elevar a temperatura de um quilograma de
cobre em 1,0 °C é de 387J. Cada substância requer uma quantidade única de
energia por unidade de massa para alterar a sua temperatura em 1,0 °C.
Se uma quantidade de energia Q for transferida para uma substância de massa m,
variando a sua temperatura T = Tf – Ti, o calor específico c da substância é
definido por:
𝑸
𝒄=
𝒎∆𝑻

Unidade SI: J/(kg.°C)


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Energia dos Processos Térmicos

A partir da definição de calor específico, podemos


expressar a energia Q necessária para elevar a
temperatura de um sistema de massa m em função
de T por:
𝑸 = 𝒎𝒄∆𝑻

Por exemplo, a energia necessária para elevar a


temperatura de 0,500 kg de água em 3,00 °C é
Q = (0,500 kg) x (4186 J/kg °C) x (3,00 °C) = 6,28x103 J.
Note que quando a temperatura aumenta, T e Q são
positivos, correspondendo à energia inserida no
sistema. Quando a temperatura diminui, T e Q são
negativos, correspondendo à energia removida do
sistema.
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Energia dos Processos Térmicos

Exercício 54
Uma viga de aço suporta de uma caldeira de aquecimento. A viga tem uma massa
de 1,57 kg e durante a operação da caldeira, a viga absorve uma energia térmica
líquida de 2,50x105 J. Determine a variação de temperatura da viga de suporte.
R: 355 °C

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Calorimetria
Uma técnica para medir o calor específico de uma substância consiste em
aumentar a sua temperatura para um valor definido, colocá-la num recipiente
contendo água fria de massa e temperatura conhecidas e medir a temperatura do
sistema (água + substância) após o equilíbrio ser atingido. Se o reservatório estiver
bem isolado, de modo a que a energia não saia do sistema, então podemos
assumir que o sistema está isolado. reservatórios com esta característica
designam-se por calorímetros, e a análise realizada usando estes reservatórios é
chamada de calorimetria.

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Energia dos Processos Térmicos

O princípio de conservação de energia para este sistema isolado requer que o


resultado líquido de todas as transferências de energia seja igual a zero. Se uma
parte do sistema perde energia, outra parte tem que ganhar energia porque o
sistema está isolado e a energia não tem para onde ir. Quando um objeto quente é
colocado na água mais fria de um calorímetro, o objeto quente fica mais frio
enquanto a água se torna mais quente.
𝑄𝑓𝑟𝑖𝑎 = −𝑄𝑞𝑢𝑒𝑛𝑡𝑒

Qfrio é positivo porque a energia é transferida para objetos mais frios, e Qquente é
negativo porque a energia é removida do objeto quente. O sinal negativo garante
que o lado direito seja um número positivo, consistente com o lado esquerdo. A
equação é válida somente quando o sistema que descreve é isolado.
Os problemas de calorimetria envolvem a resolução da Equação para uma
quantidade desconhecida de calor específico ou de temperatura.
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Energia dos Processos Térmicos

Exercício 55
Um bloco de 125 g de uma substância desconhecida (substância x) com uma
temperatura de 90,0 °C é colocado num copo isolado contendo 0,326 kg de água a
20,0 °C. O sistema atinge uma temperatura de equilíbrio de 22,4 °C. Determine o
calor específico, cx, da substância desconhecida se o sistema se considerar isolado.
A que material corresponde esta substância? R: 388 J/kg.°C

Exercício 55a
Um atirador dispara uma bala de prata com uma velocidade de 200 m/s contra um
alvo de pinho. Admitindo que toda a energia interna gerada pelo impacto
permanece na bala, determine a variação de temperatura da bala. Considere o
calor específico da prata igual a 234 J/kg.°C. R: 85,5 °C

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Energia dos Processos Térmicos

Se existirem três (ou mais) substâncias a trocar energia térmica, cada uma a uma
temperatura diferente, pode não estar claro se a substância com temperatura
média ganha ou perde energia térmica. Nesses casos, a Equação anterior não
pode ser usada de maneira fiável.
Por exemplo, admita que queremos calcular a temperatura final de um sistema
que consiste num copo de vidro a 25 °C, água quente a 40 °C e um bloco de
alumínio a 37 °C. Sabemos que depois de combinados, o copo de vidro aquece e a
água quente arrefece, mas não sabemos ao certo se o bloco de alumínio ganha ou
perde energia, porque a temperatura final é desconhecida.
Com uma temperatura final desconhecida Tf, a expressão Q = mc (Tf – Ti) será
positiva se Tf > Ti e negativa se Tf < Ti. A equação anterior pode ser reescrita como:

𝑄𝑘 = 0
𝑄á𝑔𝑢𝑎 + 𝑄𝑐𝑜𝑝𝑜 + 𝑄𝐴𝑙 = 0 12
Energia dos Processos Térmicos

Exercício 56
0,400 kg de água a 40,0 °C são vertidos para um copo de precipitação de vidro
com 0,300 kg de massa e com uma temperatura de 25,0 °C. Um bloco de 0,500 kg
de alumínio a 37,0 °C é colocado na água e o sistema é isolado. Determine a
temperatura final de equilíbrio do sistema. R: 37,9 °C

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Calor latente e Mudança de fase


Uma substância geralmente sofre uma mudança de temperatura quando a energia
é transferida entre a substância e o seu ambiente. Em alguns casos, no entanto, a
transferência de energia não resulta numa mudança de temperatura. Isso pode
ocorrer quando as características físicas da substância mudam de uma forma para
outra, comumente designada por mudança de fase. Algumas mudanças de fase
comuns são sólido a líquido (fusão), líquido a gás (ebulição) e a mudança na
estrutura cristalina de um sólido. Qualquer mudança de fase envolve uma
mudança na energia interna, mas nenhuma mudança na temperatura.
A energia Q necessária para mudar a fase de uma dada substância pura é

𝑸 = ±𝒎𝑳

onde L, designado por calor latente da substância, depende da natureza da


mudança de fase, bem como da substância. 14
Energia dos Processos Térmicos

A unidade de calor latente é o joule por quilograma (J/kg).

O sinal positivo é escolhido quando a energia é absorvida por uma substância,


(e.g., quando o gelo derrete). O sinal negativo é escolhido quando a energia é
removida de uma substância (e.g., quando o vapor condensa).

O calor latente de fusão Lf é utilizado quando ocorre uma mudança de fase


durante a fusão ou durante o congelamento, enquanto o calor latente de
vaporização Lv é utilizado quando ocorre uma mudança de fase, durante a
vaporização ou durante a condensação.

Por exemplo, à pressão atmosférica, o calor latente de fusão para água é 3,33x105
J/kg e o calor latente de vaporização para água é 2,26x106 J/kg.

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Energia dos Processos Térmicos

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Energia dos Processos Térmicos

A sublimação é a passagem do sólido para a fase gasosa sem passar pela fase
líquida. O fumo do gelo seco (dióxido de carbono congelado) ilustra esse processo,
que tem o seu próprio calor latente associado, o calor da sublimação.

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Energia dos Processos Térmicos

Para entender melhor a física das mudanças de fase, considere a adição de


energia a um cubo de gelo de 1,00 g a –30,0 °C num recipiente mantido sob
pressão constante. Suponha que essa entrada de energia transforma o gelo em
vapor a 120,0 °C. A Figura seguinte representa a variação da temperatura à
medida que a energia é adicionada ao sistema.

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Energia dos Processos Térmicos

Parte A - Durante esta parte da curva, a temperatura do gelo muda de -30,0 ° C


para 0,0 °C. Como o calor específico do gelo é 2090 J/kg °C, podemos calcular a
quantidade de energia adicionada:
Q = mcgelo T = (1,00x10-3 kg)(2090 J/kg.°C)(30,0 °C) = 62,7 J
Parte B - Quando o gelo atinge 0 °C, a mistura gelo-água permanece a essa
temperatura (mesmo havendo energia a ser adicionada) até que todo o gelo
derreta e se converta em água a 0 °C. A energia necessária para derreter 1,00 g de
gelo a 0 °C é:
Q = mLf = (1,00x10-3 kg)(3,33x105 J/kg) = 333 J

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Parte C - Entre 0 °C e 100 °C, não ocorre alteração de fase. A energia adicionada à
água é utilizada para aumentar a sua temperatura. A quantidade de energia
necessária para aumentar a temperatura de 0 °C a 100 °C é:
Q = mcágua T = (1,00x10-3 kg)(4186 J/kg.°C)(100 °C) = 4,19x102 J
Parte D - A 100 °C ocorre outra mudança de fase quando a água muda para vapor.
A mistura água-vapor permanece a temperatura constante, desta vez a 100 °C
(mesmo continuando a adicionar energia) até que todo o líquido tenha sido
convertido a vapor. A energia necessária para converter 1,00 g de água a 100 °C
para vapor a 100 °C é:
Q = mLv = (1,00x10-3 kg)(2,26x106 J/kg) = 2,26x103 J.
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Energia dos Processos Térmicos

Parte E - Durante esta parte da curva não ocorre mudança de fase. Toda a energia
adicionada vai aumentar a temperatura do vapor. A energia que deve ser
adicionada para elevar a temperatura do vapor para 120,0 °C é:
Q = mcvapor T = (1,00x10-3 kg)(2010 J/kg.°C)(20,0 °C) = 40,2 J

A quantidade total de energia que deve ser adicionada para converter 1,00 g de
gelo a –30,0 °C em vapor a 120,0 °C, corresponde à soma dos resultados de todas
as cinco partes da curva (3,11x103 J). Por outro lado, para arrefecer 1,00 g de
vapor a 120,0 °C até –30,0 °C, terão de ser removidos 3,11x103 J de energia.

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Energia dos Processos Térmicos

Exercício 57 (não é para resolver em aula)


Numa festa, colocaram-se 6,00 kg de gelo a –5,00 °C num reservatório contendo
30,0 litros de água a 20,0 °C. Qual é a temperatura da água quando se atinge o
equilíbrio? R: 3,03 °C

Exercício 58
Um bloco de gelo de 5,00 kg a 0 °C é adicionado a um recipiente isolado
parcialmente cheio com 10,0 kg de água a 15,0 °C.
a) determine a temperatura final, desprezando eventuais transferências de calor
para o recipiente. R: 0 °C
b) Determine a massa de gelo que foi derretido. R: 1,89 kg

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Primeira Lei da Termodinâmica

Trabalho em processos termodinâmicos


De acordo com a primeira lei da termodinâmica, a energia interna de um sistema
pode ser aumentada adicionando energia ao sistema ou realizando trabalho
sobre ele.
Isto significa que a energia interna de um sistema – que é corresponde à soma das
energias cinética e potencial moleculares – pode variar devido aos dois tipos
separados de transferência de energia através dos limites do sistema. Embora a
primeira lei imponha a conservação de energia quer para a energia adicionada
pelo calor quer para o trabalho realizado a um sistema, não prevê quais dos vários
processos possíveis de conservação de energia realmente ocorrem na natureza.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Trabalho em processos termodinâmicos


A energia pode ser transferida para um sistema pelo calor e pelo trabalho
realizado no sistema.
Na maioria dos casos, o sistema é um volume de gás, que é importante para
compreender os motores. Todos esses sistemas serão considerados em equilíbrio
termodinâmico, de modo que cada parte do gás esteja na mesma temperatura e
pressão.

Considere um gás contido num cilindro


equipado com um pistão móvel e em equilíbrio.

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Primeira Lei da Termodinâmica

O gás ocupa um volume V e exerce uma pressão uniforme P nas paredes do


cilindro e no pistão. O gás é comprimido lentamente, o suficiente para que o
sistema permaneça essencialmente em equilíbrio termodinâmico em todos os
momentos. Como o pistão é empurrado para baixo por uma força externa F
através de um deslocamento y, o trabalho realizado no gás é

W = – F y = – PAy

onde definimos a magnitude F da força externa igual a PA, porque a pressão é a


mesma em qualquer ponto do sistema.
Se o pistão for empurrado para baixo, y = yf – yi é negativo, então precisamos de
um sinal negativo na expressão para tornar o trabalho positivo. A mudança no
volume do gás é V = Ay, o que leva à seguinte definição:

O trabalho W realizado num gás que se encontre a pressão constante é dado por:
W = – P V 25
Primeira Lei da Termodinâmica

Se o gás for comprimido, V é negativo e o trabalho realizado no gás é positivo.


Se o gás se expande, V é positivo e o trabalho no gás é negativo. O trabalho
realizado pelo gás na sua envolvente, Wgás, é simplesmente o negativo do trabalho
realizado no gás. Na ausência de uma alteração no volume, o trabalho é zero.
Wgás = –W

Quando o trabalho realizado num gás é positivo, a energia interna do gás


aumenta.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Na Figura a, o homem empurra uma caixa, realizando trabalho positivo sobre ela,
de modo que a velocidade da caixa e, portanto, a sua energia cinética aumentam.
Na Figura b, um homem empurra um pistão para a direita, comprimindo o gás no
recipiente e realizando um trabalho positivo no gás. A velocidade média das
moléculas de gás aumenta, então a temperatura e, portanto, a energia interna do
gás também aumentam. Da mesma forma que o trabalho numa caixa aumenta a
sua energia cinética, o trabalho num sistema de gás aumenta a sua energia
interna.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 59
Num sistema semelhante ao da Figura, o gás que se encontra no cilindro está a
uma pressão igual a 1,01x105 Pa e o pistão tem uma área de 0,100 m2.
Lentamente, é adicionada energia na forma de calor, fazendo com que o pistão
seja empurrado para cima uma distância de 4,00 cm. Determine o trabalho
realizado pelo gás em expansão, Wext, assumindo que a pressão se mantem
constante. R: 404 J

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 60
O gás encerrado num cilindro move um pistão com área de 0,200 m2, à medida
que a energia é lentamente adicionada ao sistema. Se 2,00x103 J de trabalho
forem realizados pelo gás para deslocar o pistão e a pressão do gás no cilindro
permanecer constante em 2,016x105 Pa (2,00 atm), determine o deslocamento
realizado pelo pistão. R: 4,96x10-2 m

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Primeira Lei da Termodinâmica

Um processo no qual a pressão permanece constante é designado por processo


isobárico. O gráfico de pressão em função do volume, ou diagrama PV, de um
processo isobárico está representado na Figura. A curva neste gráfico é chamada
de caminho entre os estados inicial e final, com a seta a indicar a direção do
processo, neste caso, de maior para menor volume. A área sob o gráfico é

Área = P (Vf - Vi) = P V

A área do gráfico de um diagrama PV é igual


em magnitude ao trabalho realizado no gás.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Quick Quiz
Por inspeção visual, ordene os diagramas PV, mostrados na Figura abaixo, do
trabalho mais negativo realizado no sistema para o trabalho mais positivo
realizado no sistema.
a) a, b, c, d
b) a, c, b, d
c) d, b, c, a 
d) d, a, c, b

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 61
Encontre o valor numérico do trabalho realizado no gás:
a) da Figura a. R: – 4,00x105 J
b) da Figura b. R: 3,00x105 J
c) da Figura c. R: – 3,00x105 J
d) da Figura d. R: 4,00x105 J

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Primeira Lei da Termodinâmica

A Primeira Lei da Termodinâmica

A primeira lei da termodinâmica é outra lei de conservação de energia que relaciona as


alterações na energia interna - a energia associada à posição e ao movimento de todas as
moléculas de um sistema - às transferências de energia devido ao calor e ao trabalho.

A primeira lei é universalmente válida, aplicável a todos os tipos de processos, fornecendo


uma ligação entre os mundos microscópico e macroscópico.

Existem duas formas da energia poder ser transferida entre um sistema e a sua vizinhança:
- realizando trabalho, o que requer um deslocamento macroscópico de um objeto
através da aplicação de uma força,

- por troca direta de energia através dos limites do sistema, geralmente por calor.

O calor corresponde à transferência de energia entre um sistema e a sua vizinhança devido


a uma diferença de temperatura e ocorre através de um ou mais dos mecanismos:
radiação; condução; convecção.
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Primeira Lei da Termodinâmica

Por exemplo, na Figura abaixo, gases quentes e radiação estão a colidir com o
cilindro, elevando sua temperatura, e a energia Q é transferida por condução para
o gás, onde é distribuída principalmente por convecção.

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Primeira Lei da Termodinâmica

É possível transmitir energia para o sistema por outros processos como, por
exemplo, uma reação química ou uma descarga eléctrica. Qualquer energia Q
trocada entre o sistema e a vizinhança e qualquer trabalho realizado através da
expansão ou da compressão do sistema resulta numa variação da energia
interna, U, do sistema. Uma variação na energia interna resulta em variações
mensuráveis ​nas variáveis ​macroscópicas do sistema, como a pressão, a
temperatura ou o volume. A relação entre a variação da energia interna, U, a
energia Q e o trabalho W, realizada no sistema é dada pela primeira lei da
termodinâmica:

Se um sistema sofre uma variação de um estado inicial para um estado final, então
a alteração na energia interna U é dada por:
U = Uf – Ui = Q + W U = Q – Wgás

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 62
Um gás ideal absorve 5,00x103 J de energia, produzindo 2,00x103 J de trabalho na
vizinhança durante um processo a pressão constante.
a) Calcule a variação da energia interna do gás. R: 3,0x103 J
b) Se a energia interna reduzir 4,50x103 J e 7,50x103 J forem expelidos do
sistema, Determine a variação no volume do gás, assumindo que o processo
ocorre à pressão constante de 1,01x105 Pa. R: – 2,97x10-2 m3

Exercício 63
Suponha que a energia interna de um gás ideal aumenta em 3,00x103 J a uma
pressão constante de 1,00x105 Pa, enquanto o sistema ganha 4,20x103 J de
energia por calor. Determine a variação de volume do sistema. R: 4,96x10-2 m

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Primeira Lei da Termodinâmica

Recordemos que para um gás monoatómico a energia interna de um gás ideal


pode ser expressa por:
U = 3/2 nRT
A variação na energia interna, U, para tal gás é dada por
U = 3/2 nRT
O calor específico molar a volume constante de um gás ideal monoatómico, Cv, é
definido por
Cv = 3/2R
A variação da energia interna de um gás ideal pode então ser escrita
U = nCvT
Para gases ideais, esta expressão é sempre válida, mesmo quando o volume não é
constante.
O valor do calor específico molar, no entanto, depende do gás e pode variar sob
diferentes condições de temperatura e pressão.
Para um gás diatómico, Cv = 5/2R logo, U = 5/2 nRT
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Primeira Lei da Termodinâmica

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos térmicos em gases


Os quatro processos mais comuns são designados por isobárico (pressão
constante), adiabático (não existe transferência de energia térmica, ou Q = 0),
isovolumétrico (volume constante, correspondente a W = 0) e isotérmico
(temperatura constante, correspondente a U = 0). Naturalmente, muitos outros
processos não se enquadram em uma destas quatro categorias, pelo que serão
abordados numa quinta categoria, designada por processo geral. O que é
essencial em cada caso é poder calcular as três grandezas termodinâmicas da
primeira lei: o trabalho W, a transferência de energia térmica Q e a variação na
energia interna U.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos isobáricos
Um gás em expansão realiza trabalho, representado por Wgás = PV.
O trabalho realizado pelo gás é produzido às custas da variação na sua energia
interna, U. Como a variação na energia interna de um gás ideal é dada por U =
nCvT, a temperatura de um gás em expansão deve diminuir à medida que a
energia interna diminui. Se o volume expande e a temperatura diminui, significa
que a pressão também deve diminuir, em conformidade com a lei dos gases
ideais, PV = nRT.
Consequentemente, a única maneira de um processo deste tipo permanecer sob
pressão constante é se a energia térmica Q for transferida para o gás.
Reorganizando a primeira lei, obtemos
Q = U – W = U + PV

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos isobáricos
Uma vez que PV = nRT e a variação de energia interna para um gás
monoatómico é U = 3/2 nRT:
Q = 3/2 nRT + nRT = 5/2 nRT
Outra maneira de exprimir a transferência pelo calor é
Q = nCpT
onde Cp = 5/2R. Para gases ideais, o calor específico a pressão constante, Cp, é a
soma entre o calor específico a volume constante, Cv, e a constante universal dos
gases ideais R:
Cp = Cv + R
Isto pode ser visto na quarta coluna da Tabela 12.1, onde Cp – Cv é calculado para
vários gases diferentes. A diferença parece ser aproximadamente R em
praticamente todos os casos. 41
Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 64
Admita um sistema composto por um gás monoatómico a 2,00x105 Pa e a 293 K
expande lentamente, a uma pressão constante, partindo de um volume de 1,00 L
até atingir 2,5 L.
a) Determine o trabalho realizado pelo gás. R: 300 J
b) Determine a variação da energia interna do gás. R: 450 J
c) Determine a energia térmica absorvida pelo gás durante o processo. R: 750 J
d) Determine a energia térmica absorvida pelo gás utilizando o calor específico
molar a pressão constante. R: 750 J

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos Adiabáticos
Num processo adiabático, não existe energia térmica a entrar ou a sair do sistema,
ou seja, o sistema é termicamente isolado. Em geral, no entanto, o sistema não é
mecanicamente isolado, então ainda pode funcionar. Um processo
suficientemente rápido pode ser considerado aproximadamente adiabático
porque não há tempo para qualquer transferência significativa de energia pelo
calor.
Para processos adiabáticos Q = 0, então a primeira lei fica
U = W (processos adiabáticos)

O trabalho realizado durante um processo adiabático pode ser calculado


encontrando a variação da energia interna. Como alternativa, o trabalho pode ser
calculado a partir de um diagrama PV.

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos Adiabáticos
Para um gás ideal submetido a um processo adiabático, pode-se mostrar que
PVγ = constante
Onde
γ = Cp / Cv
γ designa-se por índice adiabático do gás.
Se permitirmos que um gás quente se expanda tão rapidamente que não haja
tempo para a energia entrar ou sair do sistema pelo calor, o trabalho realizado
pelo gás é positivo e a energia interna diminui. Essa diminuição ocorre porque a
energia cinética é transferida das moléculas de gás para o pistão móvel. Tal
expansão adiabática é de importância prática e é quase realizada num motor de
combustão interna quando uma mistura de gasolina e ar é inflamada e se expande
rapidamente contra um pistão.
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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 65
Num motor de um automóvel, funcionando a 1800 rpm, a expansão dos gases
quentes a alta pressão contra o pistão ocorrem em aproximadamente 10 ms, de
modo que podemos admitir que apenas uma ínfima quantidade de energia é
transferida para o cilindro. Determine o trabalho realizado pelo gás sobre o pistão
durante a expansão adiabática, assumindo que o cilindro contém 0,100 moles de
um gás ideal monoatómico em que a temperatura varia de 1200 K para 400 K
durante a expansão. R: 997 J

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Primeira Lei da Termodinâmica

Processos Isovolumétricos
Um processo isovolumétrico, também designado por proceso isocórico, ocorre a
volume constante, correspondendo às linhas verticais do diagrama PV. Se o
volume não se alterar, não é realizado trabalho no sistema ou pelo sistema,
então W = 0, pelo que a primeira lei da termodinâmica fica
U = Q (processo isovolumétrico)

Este resultado diz-nos que num processo isovolumétrico, a variação na energia


interna de um sistema é igual à energia transferida para o sistema pelo calor. A
energia transferida pelo calor em processos de volume constantes é dada por
Q = nCvT

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 66
Um gás ideal monoatómico encontra-se num reservatório a uma temperatura de
3,00x102 K e a um volume constante de 1,50 L. Se existirem 5,00 moles de gás no
reservatório, determine:
a) A quantidade de energia térmica que é necessário adicionar para elevar a
temperatura do gás até 380 K. R: 4,99x103 J
b) A variação da pressão do gás, P. R: 2,22x106 Pa
c) A quantidade de energia térmica que seria necessária se o gás fosse
diatómico. R: 8,31x103 J
d) A variação da pressão para o gás diatómico. R: 2,22x106 Pa

47
Primeira Lei da Termodinâmica

Processos isotérmicos
Durante um processo isotérmico, a temperatura de um sistema não se altera.
Num gás ideal, a energia interna U depende apenas da temperatura, significando
que U = 0 porque T = 0. Neste caso, a primeira lei da termodinâmica fica
W = –Q (processo isotérmico)
Verificamos que, se o sistema é um gás ideal, sujeito a um processo isotérmico, o
trabalho realizado no sistema é igual ao negativo da energia térmica transferida
para o sistema.
Um cilindro cheio de gás está em contacto com um
grande reservatório de energia que pode trocar
energia com o gás sem alterar sua temperatura.

48
Primeira Lei da Termodinâmica

Processos isotérmicos
Para um gás ideal com temperatura constante,

𝑛𝑅𝑇
𝑃=
𝑉
onde o numerador no lado direito é constante.
O diagrama PV de um processo isotérmico típico
está representado graficamente na Figura ao lado,
em comparação com um processo adiabático.

A pressão cai mais rapidamente para uma expansão adiabática porque a energia
térmica não pode ser transferida para o sistema.

49
Primeira Lei da Termodinâmica

Processos isotérmicos
Numa expansão isotérmica, o sistema perde
energia realizando trabalho no ambiente, mas Quick Quiz
recupera uma quantidade igual de energia através Identifique cada um dos
processos representados
das paredes do reservatório. de A a D.
O trabalho realizado pelo gás durante um processo
isotérmico é dado por

𝑽𝒇
𝑾𝒈á𝒔 = 𝒏𝑹𝑻 𝐥𝐧
𝑽𝒊

50
Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 67
Um balão contém 5,00 moles de um gás ideal monoatómico. À medida que é
adicionada energia ao sistema (por absorção da radiação solar), o volume
aumenta 25% a uma temperatura constante de 27,0 °C. Determine:
a) O trabalho realizado pelo gás durante a expansão do volume do balão. R:
2,78x103 J
b) A energia térmica transferida para o gás. R: 2,78x103 J
c) O trabalho realizado no gás. R: –2,78x103 J

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Primeira Lei da Termodinâmica

Exercício 68
Um gás ideal monoatómico encerrado num volume de 1,25 m3 é comprimido até
um volume de 0,500 m3 a uma pressão constante de 1,50x105 Pa. Se o gás estiver
a uma temperatura inicial de 425 K Determine:
a) O trabalho realizado no gás. R: 1,13x105 J
b) A temperatura do gás após o final do evento. R: 170 K
c) A variação da energia interna. R: –1,69x105 J
d) A energia transferida. R: –2,82x105 J

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