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Disciplina de Análises Metabólicas e Perfusionais

1- COLETA DE SANGUE

Para a realização segura e precisa de exames químicos, imunológicos ou


hematológicos a coleta de sangue merece especial atenção, pois, de uma boa
coleta dependem todas as etapas seguintes.

O sangue se divide em duas fases: sólida e líquida. A fase sólida é


constituída por células: leucócitos, eritrócitos e plaquetas, enquanto que a fase
líquida é representada pelo plasma\soro.

O plasma possui dois elementos básicos: soro e fibrinogênio. O


fibrinogênio é responsável pela coagulação do sangue, transformando-se em
fibrina, formando assim o coágulo. O plasma possui também substâncias
orgânicas e inorgânicas, as quais serão analisadas nas amostras obtidas. Os
componentes inorgânicos do sangue são; cloro, iodo, fósforo, cálcio, potássio,
sódio, magnésio, ferro e sulfato. Os componentes orgânicos são; proteínas
(albumina, globulinas e fibrinogênio), nitrogenados não proteicos (ureia,
creatinina, ácido úrico, amônia e aminoácidos), açúcar (glicose) e gorduras
(colesterol, triglicérides, fosfolipídios e ácidos graxos).
Dependendo da análise desejada, o exame poderá ser realizado no
sangue total (hemograma), no plasma (glicose, estudos da coagulação,
bioquímicos e sorológicos), ou no soro (bioquímicos e sorológicos).

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Quando se pretende realizar a análise no soro, este deve ser colhido em
um tubo, sem anticoagulante, para que ocorra o processo de coagulação.
Quando for necessário o plasma para a análise, a amostra deverá ser colhida
em um tubo contendo anticoagulante específico (este irá inibir um dos fatores de
coagulação, impedindo assim a formação do coágulo). Os anticoagulantes
disponíveis no comércio são heparina (gasometria, hematologia, dosagens
bioquímicas, radioimunoensaio, imunologia), oxalatos (estudos de coagulação e
VHS), EDTA (hematologia), fluoretos (glicemia).

Principais vias de coleta de sangue: Veias da dobra dos cotovelos, do


dorso das mãos e pés, do couro cabeludo, umeral, jugular e safena externa);
capilares (do calcanhar, do lóbulo da orelha ou poupa digital); artérias (femoral,
braquial e radial).

A punção venosa é na maior parte dos casos um procedimento


relativamente simples. A veia que será realizada a punção deverá ser preservada
para inúmeras utilizações futuras. O paciente deve ser tranquilizado, a
segurança e equilíbrio do operador são importantes para estabelecer a relação
correta entre operador e paciente. As veias devem ser inspecionadas e
avaliadas, as características individuais de cada paciente poderão ser
reconhecidas através de exame visual e apalpação das mesmas (localização
das veias, direção anatômica, calibre, constituição e tipo). Após avaliação
escolhe-se o equipamento a ser utilizado, seringas descartáveis ou coleta a
vácuo. A venipunção com sistema à vácuo é uma técnica segura e eficiente em
que por meio de adaptador e um tubo com vácuo pré-calibrado, mantém-se a
qualidade dos elementos do sangue num sistema fechado e asséptico. Com
essa técnica após venipunção, o sangue é coletado por aspiração mecânica
automática devido ao vácuo interno do tubo. O garrote é utilizado durante a
coleta de sangue para facilitar a localização da veia. Logo após a venipunção
deve-se retirar o garrote, pois o garroteamento prolongado altera os valores da
análise.
Tubos para coleta a vácuo: Os tubos para coleta de sangue a vácuo
podem ser de plástico ou de vidro e possuem tampas com cores diferentes, que
são padronizadas internacionalmente pela Norma ISO 6710:1995. No rótulo de
cada tubo também há uma indicação do volume de amostra que deve ser
coletada. A Norma ISO 6710:1995 determina que os tubos devem: ser
fabricados com material que apresente transparência suficiente para permitir a
clara visão do seu conteúdo e as características da superfície interna; ser
estéreis, para segurança da amostra e do usuário; ter espaço suficiente para
homogeneização mecânica ou manual da amostra; ter tampas seguras para
que: não se desprendam durante a homogeneização ou centrifugação da
amostra; permitam a vedação; e possam ser removidas manualmente ou por
métodos mecânicos.
A coleta de sangue utilizando seringa obedece praticamente às mesmas
regras e cuidados descritos, com a diferença que o sangue coletado na seringa
será distribuído adequadamente para tubos contendo anticoagulante ou não,
dependendo da análise a ser feita.
Passos que devem ser seguidos na coleta:
No momento da coleta de sangue, o profissional de saúde deverá utilizar
equipamentos de proteção individual (EPI), pois em todos os locais onde se faz
a coleta de sangue ou há manipulação de materiais biológicos existe o risco de
contaminação com agentes infecciosos.

1- O paciente deve repousar o braço mantendo-o levemente inclinado para


baixo, coloca-se o garrote em torno do seu braço, cinco centímetros acima
da fossa antecubital.
2- As veias mais utilizadas são a cubital mediana e a cefálica, ambas
localizadas na parte anterior do braço, próximo à dobra do cotovelo, após
selecionar a melhor veia, fazer antissepsia do local a ser puncionado com
algodão embebido em álcool 70%.
3- Com o bisel da agulha voltado para cima, puncionar o local acoplando o tubo
específico. A fim de facilitar a penetração da agulha estique a pele do braço
com o polegar. Após a entrada de sangue no primeiro tubo, retirar o garrote,
continuar com a agulha fixa no local da punção e colocar o segundo tubo.
Caso a punção seja com seringa, puxar o êmbolo lentamente até atingir o
volume desejado.
4- Após a retirada da agulha exercer uma pressão com algodão sobre o local
da punção sem dobrar o braço, evitando assim hematoma no local. O
material deve ser identificado corretamente.

2- Obtenção do plasma e soro


O plasma é obtido por centrifugação do sangue total tratado com anticoagulante.
Centrifuga-se durante 10 minutos a 2000 rpm. Após a centrifugação, obtém-se
3 fases: na parte inferior, a papa de hemácias, na parte superior, um líquido
amarelado claro que corresponde ao plasma e na interfase, os glóbulos brancos.

O soro é obtido após coleta de sangue sem anticoagulante, leva-se o tubo a


estufa a 370 C até retração do coágulo ou deixa-se a temperatura ambiente 1-2
horas para que ocorra a coagulação espontânea. Coagulando o sangue, a fibrina
se retrai e retém em suas malhas, os glóbulos, deixando sair o soro. Centrifuga-
se o tubo a 2000 rpm durante 5-10 minutos e em seguida retira-se o soro com
auxílio de uma pipeta.
Os tubos de coleta a vácuo para obtenção do soro podem ou não conter ativador
de coagulação o que irá diminuir o tempo de coagulação e gel de separação. O
gel atua como uma barreira física entre as partes sólida e líquida do sangue após
a centrifugação. Assim, é possível utilizar o próprio tubo de coleta. O seu uso
evita a transferência da amostra para outro tubo, de modo que: elimina os riscos
de troca de amostras que poderiam ocorrer durante a separação da amostra de
soro para outro tubo; otimiza o trabalho técnico; reduz o risco de acidentes de
trabalho.

Métodos químicos e físicos para conservação dos soros:


Agentes bacteriostáticos: fenol (10%), mertiolato (1:10000), azida sódica
(1:5000), glicerina neutra (volume a um volume).
Método físico: congelamento

3- Inativação do soro: incubar o soro em banho-maria a 56o C durante 30 minutos.

Referência bibliográfica- COLETA DE SANGUE Diagnóstico e monitoramento das DST, Aids e Hepatites
Virais. Telelab- ministério da saúde.

Técnicas gerais de diluições

O termo diluição é empregado para soluções em que o soluto é molecular, por


exemplo, podemos diluir um soro. Suspensão é o termo usado para soluções em que o
soluto é uma partícula ou célula, exemplo suspensão de hemácias. Uma diluição é uma
expressão de concentração, não de volume, ou seja, indica a quantidade relativa de
substâncias em uma solução.
Para expressar a diluição usa-se o título, que por sua vez é expresso por meio
de uma fração, onde o numerador expressa o volume ou massa do soluto (líquido ou
sólido), enquanto o denominador, o volume total da solução. Exemplos: 1/5, 1/10. Em
outras palavras, uma diluição deve significar o volume de concentrado no volume total
da solução final. O menor número corresponde ao número de partes da substância que
está sendo diluída, o maior número refere-se ao número total de partes da solução final.

D=Vsoluto/V soluto+ V solvente

As diluições podem ser simples ou seriadas.

Exemplos:

½= 1 parte de soluto + 1 parte de solvente

1/5 = 1 mL do soluto + 4 mL do solvente.

3/15 = 3 mL do soluto + 12 do solvente+ 1/5.

1/5 = 0,1 mL do soluto + 0,4 mL do solvente.

Obs. Nestes exemplos acima a diluição permanece a mesma variando apenas o


volume.

Redução de volume: O importante em diluição é a constante de proporção entre


o soluto e o solvente, enquanto que o volume pode variar. Portanto para aumentar o
volume, basta multiplicar ambos os termos da fração por um mesmo número, ou então
dividir para diminuir o mesmo.

A partir de uma solução mãe ou de uma diluição, pode-se obter uma outra
diluição. Exemplo: a partir de uma solução 1/5 obtemos uma diluição 1/20, fazendo-
se a transformação: 1/20: 1/5=1/4 (1 mL da solução 1/5 = 3 ml de solvente).

Diluições seriadas são realizadas partindo-se de uma diluição anterior,


exemplo: 1/2,1/4, e 1/8, neste caso o fator de diluição é 2.

Em reações sorológicas a diluição será utilizada para diminuir a concentração de


anticorpos inespecíficos e para determinar uma concentração de anticorpos em testes
semi-quantitativos. Ou seja, a intensidade das reações sorológicas é geralmente
avaliada pelo título, ou seja, pela diluição do soro (ou do antígeno) em que se observa
determinado efeito, sob certas condições experimentais. Assim por exemplo,
determinado soro após diluições seriadas, produziu aglutinação até 1:320, diremos que
possui um título de 320 ou que contém 320 unidades aglutinantes por unidade de
volume.
EXERCÍCIOS

1. A alíquota de 0,2 mL de soro do paciente é adicionada a 0,8 mL de salina.


Transfere-se 0,5 mL para um tubo 2 que possui 0,5 mL de salina. Este
procedimento é feito até o tubo 10. As diluições foram utilizadas para testar um
anticorpo de um agente infeccioso. Do tubo 1 ao 8, a reação foi positiva para o
anticorpo testado. Qual o título que deve ser apresentado ao anticorpo?
2. Em uma série de 8 tubos, coloque 0,9 mL de solução fisiológica no 1º tubo e 0,5
mL de solução fisiológica nos tubos restantes. Adicione 0,1 mL de soro ao 1º
tubo, misture e coloque 0,5 mL dessa solução no tubo subsequente e repita o
processo até o último tubo. Despreze o último 0,5 mL. Para cada tubo adicione
0,5 mL de antígeno. A partir disso, responda:
a) Qual é a diluição de cada tubo antes de adicionar o antígeno?
b) Qual a quantidade de soro presente nos dois primeiros tubos após a
transferência?
c) Qual é a diluição em cada tubo após a adição do antígeno?

3. Quais diluições representam as misturas abaixo?


a) 0,3 mL de soro sanguíneo com 4,2 mL de solução fisiológica.
b) 0,5 mL de soro sanguíneo com 3 mL de solução fisiológica.
c) 0,2 mL de soro sanguíneo com 6,2 mL de solução fisiológica.

4. Faça 250 mL de uma diluição 1:10 de soro em salina.

5. Faça 45 mL de uma diluição 1:15 de soro em salina.

6. Faça 33 mL de uma diluição 1:22 de soro em salina.

7. Faça 4 mL de uma diluição 1:8 de soro em salina.

8. Faça 7,5 mL de uma diluição 1:150 de soro em salina.

9. Determine a quantidade de soro em 40 mL de uma diluição 1:5 de soro em salina.

10. Quanto de uma diluição de 1:32 de urina com água destilada poderia ser feita
com 2 mL de urina?

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