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Programa de Educação

Continuada a Distância

Curso de
Hematologia Geral

Aluno:

EAD - Educação a Distância


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Curso de
Hematologia Geral

MÓDULO I

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para
este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do
mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos
na Bibliografia Consultada.

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MÓDULO I

TECNOLOGIA DO HEMOGRAMA

O sangue pode ser definido como sendo um tecido fluído circulante, constituído de
células diferenciadas suspensas num líquido complexo. As células, separáveis por
centrifugação, pertencem a três categorias: os glóbulos brancos, os glóbulos vermelhos e
as plaquetas. A fase líquida do sangue, denominada plasma, é formada por água, sais
minerais, moléculas orgânicas ( glicídios, proteínas e lipídios ) e sais inorgânicos (
principalmente o NaCl ). Após a coagulação, o fibrinogênio plasmático transforma-se em
fibrina e, o plasma sem a proteína da coagulação, é denominado soro.

O estudo do sangue tornou-se comum em decorrência do seu fácil acesso por


punção venosa. Dentre os exames laboratoriais mais comuns, está o hemograma. Trata-
se de um exame para a avaliação quantitativa e qualitativa dos elementos figurados do
sangue que visa esclarecer os mecanismos fisiopatológicos envolvidos, não só nas
diversas doenças hematológicas, como também em doenças das mais diversas
patogenias.
O hemograma deve incluir a avaliação da série branca ( leucograma ), série
vermelha ( eritrograma ) e das plaquetas ( plaquetograma ). Com relação a esse último,
muitos laboratórios no Brasil ainda não incluem-no no hemograma, anotando apenas se,
na avaliação do esfregaço sangüíneo, o número de plaquetas pareceu-lhes normal,
aumentado ou diminuído. Entretanto, com o emprego crescente de contadores eletrônicos
que incluem a contagem de plaquetas,, não parece lógico negar ao paciente esse dado

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relevante.

Coleta

Para os exames rotineiros de patologia clínica recomenda-se


a utilização de sangue colhido por punção venosa, feita em veias do
antebraço.

O tempo de garroteamento não deve ultrapassar a um minuto para evitar


hemoconcentração. A coleta pode ser feita através de seringa e agulha ou pelo sistema à
vácuo, cuja vantagem consiste na padronização da coleta pois o volume de sangue a ser
coletado é pré-estabelecido ( vácuo ) e sempre será proporcional à quantidade de
anticoagulante contido no tubo de coleta.

Anticoagulante

Por sua ação quelante ao Cálcio e impedir a agregação plaquetária, o EDTA (Ácido
Etilendiaminotetracético ) é o anticoagulante de escolha para o hemograma, sendo o
EDTA tripotássico ( EDTA K3 ) preferível sobre o dipotássico e sobre o dissódico, por ser
mais solúvel no sangue. Para que todo o Cálcio presente na amostra seja quelado pelo
anticoagulante e todo o anticoagulante seja neutralizado pelo Cálcio, recomenda-se
utilizar 2 mg de EDTA para cada ml de sangue. No comércio, encontra-se EDTA a 10%.

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Daí, obedecendo a relação acima, temos:
0,1ml ( 100µl ) de EDTA ..................................................5ml de sangue
( 50µl ) de EDTA ..................................................2,5ml de sangue
( 25µl ) de EDTA ..................................................1,25ml de sangue

Em caso de preparo do EDTA tripotássico, proceder:


EDTA tripotássico ..................................................10g
Água destilada qsp...................................................100ml
Utilizar 100µl dessa solução para cada 5 ml de sangue coletado ou conforme
relação acima.
Após a coleta deve-se homogeneizar o sangue por inversão, pelo menos cinco
vezes consecutivas.

Extensão sangüínea

O ideal é que se faça a extensão sangüínea em lâmina com sangue sem


anticoagulante, imediatamente após a coleta. O anticoagulante pode alterar a morfologia
leucocitária após uma hora de contato com o sangue. A lâmina a ser usada para
extensão deve estar completamente limpa e desengordurada. A lâmina extensora deve
ter uma borda uniforme e sem ranhura. Recomenda-se que o ângulo formando entre a
lâmina e a lâmina extensora deve ser de 45° para que o comprimento do esfregaço
sangüíneo não seja curto demais e nem atinja o final da lâmina.

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Coloração

Para que o examinador tenha plena confiança em obter um correto diagnóstico


laboratorial, é preciso que se faça uma boa extensão sangüínea aliada a uma boa
coloração. As colorações hematológicas usuais em laboratórios são ditas “panópticas”,
pois o material após corado permite a visualização de todos os elementos do sangue. Os
corantes hematológicos são misturas de sais ácidos e básicos que permitem a coloração
de estruturas citoplasmáticas e nucleares das células. A grande preocupação em
coloração de lâminas para hematologia é a variação do pH da água nos diversos
laboratórios. Nesses casos, deve-se tamponar a água. No método de May Grünwald-
Giemsa, por exemplo, o pH deve estar em torno de 6,8 ( ± 0,2 ). Os corantes rápidos
utilizados hoje nos laboratórios levam a vantagem de não depender do pH da água, além
da rapidez da coloração que dura em média 60 segundos.
Técnica de May Grünwald-Giemsa
a-Preparo dos reagentes:
May Grünwald ( eosina-azul de metileno ) = dissolver 0,3 g do sal em 100 ml de
metanol. Guardar sete dias em frasco âmbar, homogeneizando diariamente
Giemsa ( eusina-azul-azur de metileno ) = dissolver 1 g de sal em 66 ml de

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glicerol. Deixar em banho-maria a 56ºC por duas horas. Após este período deixar adquirir
temperatura ambiente e adicionar 66 ml de metanol. Deixar sete dias em frasco âmbar e
no escuro homogeneizando diariamente. Filtrar. Para uso, diluir 1 gota dessa solução
estoque para cada ml de água.
b-Coloração da lâmina:
1-Cobrir a lâmina com May Grünwald, deixar 4 minutos;
2-Adicionar 10 a 20 gotas de água, pH 6,8 ( ± 0,2 ), deixar 1 minuto;
3-Escorrer a solução;
4-Cobrir a lâmina com o Giemsa diluído, deixar 15 minutos;
5-Escorrer a solução e lavar a lâmina em água corrente;
6-Limpar a parte de trás e deixar secar.

Automação

A contagem manual de Eritrócitos, Leucócitos e Plaquetas em câmaras (


Neubauer ) está em desuso, para não dizer abandonada. Tendo como vantagens o
menor tempo, o menor custo, maior reprodutibilidade, maior acurácia, menor coeficiente
de variação, a automação está generalizada hoje nos laboratórios. Até mesmo a
avaliação microscópica da extensão sangüínea, que de fundamental importância, perde
em qualidade para a contagem diferencial automatizada, devido ao número de células
contadas ( 100 na primeira e de 5 mil a 10 mil células na segunda ). Veja abaixo
algumas diferenças entre o sistema automatizado e o sistema manual com relação a
variação das contagens ( Wintrobe,1998 ).
Manual Automatizado
Hemácias ±11% ±1,0%
Leucócitos ±16% ±1,5%
Plaquetas ±22% ±2,0%
Reticulócitos ±34% ±5,0%
Hemolobina 1 a 2% <1,0%

Os avanços tecnológicos nas contagens hematológicas passaram pelos

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princípios da impedância, fluorescência e raio laser. Os sistemas atuais permitem medir
simultaneamente múltiplas características físicas de uma célula, tais como o tamanho
celular relativo, a granularidade celular relativa ( complexidade celular ), intensidade de
fluorescência relativa. Estas medidas são executadas em cada célula que, sobre um
fluxo de fluído, migra através de um tubo extremamente fino.

FONTE: SILVA, 2003.

Diante da opções de mercado existentes hoje, sugere-se que a escolha de um


aparelho de automação passe por algumas avaliações como tipo de serviço que o
laboratório atende, quantidade de exames realizados diariamente, necessidade de
novos parâmetros hematológicos para atender necessidades clínicas ( variações
plaquetárias, contagem de reticulócitos, p.ex. ). Uma vez implantada, a automação deve
obedecer rigorosos protocolos, seja para manutenção, bem como para controle de
qualidade com a utilização de calibradores e controles diários.

HEMATOPOESE

A hematopoese é um processo altamente dinâmico que compreende a

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produção, diferenciação, maturação e morte celular. Inicia-se na fase uterina, nos
períodos embrionário e fetal, onde se identifica três fases: período mesoblástico,
hepato-esplênico e mielóide.
O período mesoblástico inicia-se entre a 3ª e 4ª semana de gestação e, a partir
da camada germinativa mesoderme, formam-se as células sangüíneas primitivas - Stem
Cell - e originam-se as células endoteliais primitivas que darão origem aos vasos
sangüíneos.
No período hepato-esplênico o fígado torna-se o principal sítio de
desenvolvimento das células. O baço, o timo e os linfonodos também produzem células
sangüíneas nessa fase. Aparecem inicialmente os glóbulos vermelhos, alguns
megacariócitos e glóbulos brancos.
Entre o 5º e o 7º mês de gestação a medula óssea assume a produção de
células. É o período mielóide, onde encontramos na medula glóbulos brancos, glóbulos
vermelhos, plaquetas e seus precursores.
Na fase extra-uterina, sendo a medula o principal sítio de produção de células
sangüíneas, o fígado e o baço perdem a função produtiva e passam a participar do
processo de destruição celular.
Na criança, aproximadamente 90% dos ossos apresentam medula produtiva
de células sangüíneas ( medula vermelha ). A partir do 4º ano de vida começam a
aparecer depósitos de tecido adiposo nos ossos longos ( medula amarela ). No adulto,
aproximadamente 50% dos ossos são produtores de células e, no idoso,
aproximadamente 30%.

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Em condições normais, a medula de um adulto é capaz de produzir centenas de
bilhões de células por dia, entre eritrócitos, leucócitos e plaquetas. Todas essas células
são derivadas da célula tronco denominada “Stem Cell” pluri ou totipotente, com
potencial de proliferação e diferenciação, ou seja, com capacidade de se auto-renovar e
de produzir células “filhas” com capacidade de diferenciação, mediado por fatores de
crescimento e influenciado por microambientes medulares. A interação desses fatores
com a Stem Cell leva à produção de Unidades Formadoras de Colônias - CFU - que
vão dar origem a duas linhagens: mielóide e linfóide.

FONTE: SILVA, 1999.

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A medula óssea é constituída de vasos sangüíneos, proteínas, células
adiposas, células endoteliais, fibroblastos, histiócitos. O suprimento de sangue é feito
principalmente pela artéria nutriente que penetra no córtex medular através do canal
nutriente. Na cavidade medular, esta se bifurca nas artérias medulares ascendente e
descendente, as quais se ramificam na face interna do córtex. Após a entrada na matriz
medular, as artérias se transformam em uma rede de capilares que abastece as células
hematopoéticas. Esses capilares desembocam então num vaso central onde o sangue
penetra no sistema venoso através das veias emissárias. Nesse ambiente são produzidos
fatores que estimulam a proliferação e diferenciação das células hematopéticas. A
hematopoese acontece nos espaços extravasculares entre os capilares sinusóides da
medula óssea.

------ FIM MÓDULO I -----

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