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Enfermagem em Saúde da Criança

TÉCNICO EM ENFERMAGEM

Enfermagem em Saúde da Criança

Avenida Vitória, 580 – Bento Ferreira – CEP 29050-010 – Vitória – ES.


CNPJ 01.278.952/0001-34 – Telefax: (0xx27) 3324-8923 / 3324-3915
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SUMÁRIO

AULA 1- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO. ....................................................... 5


1.1 PREPARAÇÃO DA SALA DE PARTO. ................................................................................................ 5
1.2. CUIDADOS IMEDIATOS COM O RECÉM-NASCIDO. ....................................................................... 6
1.3 CUIDADOS MEDIATOS AO RESCÉM-NASCIDO. .............................................................................. 8
1.4 CLASSIFICAÇÕES DO RN. .............................................................................................................. 11
AULA 2- CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO NO ALOJAMENTO CONJUNTO. .............................. 12
2.1 O ALOJAMENTO CONJUNTO. ....................................................................................................... 12
2.2 AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS DO RN. ...................................................................................... 13
2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RN. ............................................................................................... 14
2.3.1 Características da Pele........................................................................................................... 14
2.3.2 Características Corporais do RN. ........................................................................................... 17
AULA 03 – REFLEXOS PRIMITIVOS .................................................................................................... 18
3.1 A HORA DO BANHO. ..................................................................................................................... 18
3.2 TRIAGEM NEONATAL. ................................................................................................................. 19
3.2.1 Teste do Pezinho. .................................................................................................................. 19
3.2.2 Teste da Orelhinha. .............................................................................................................. 20
3.2.3 Teste do Olhinho. .................................................................................................................. 20
3.2.4 Teste do Coraçãozinho. ......................................................................................................... 20
AULA 4 - PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS COM RECÉM-NASCIDOS. ................................................ 21
4.1 APNÉIA DA PREMATURIDADE ...................................................................................................... 21
4.2 TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA. ......................................................................................................... 22
4.3 SíNDROME DA ASPIRAÇÃO DE MECÔNIO. ................................................................................... 22
4.4 HIPERTENSÃO PULMONAR. ......................................................................................................... 22
4.5 DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA (SDR)- SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO. ....... 23
3.6 HIPOGLICEMIA NEONATAL. ......................................................................................................... 23
AULA 05 – HIPOGLICEMIA NEONATAL.............................................................................................. 23
5.1 INFECÇÕES CONGÊNITAS E NEONATAIS. ..................................................................................... 24
5.2 MÁS-FORMAÇÕES CONGÊNITAS. ................................................................................................ 25
5.2.1 Más-formações do Sistema Nervoso Central. ....................................................................... 25

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5.2.2 Más-formações da Parede Abdominal. ................................................................................. 26


5.2.3 Más-formações do Sistema Gastrointestinal. ....................................................................... 26
AULA 6 - ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR. ...................................... 27
6.1 ALEITAMENTO MATERNO. ........................................................................................................... 27
6.1.1 O leite Materno. .................................................................................................................... 28
6.1.2 Práticas de Enfermagem no Aleitamento Materno. ............................................................. 30
6.1.3 Banco de leite Humano. ........................................................................................................ 33
6.2 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR. ............................................................................................... 34
6.2.1 Introdução de Novos Alimentos. ........................................................................................... 34
6.2.2 Alimentação no Segundo Ano de Vida. ................................................................................. 35
6.2.3 Alimentação do Pré-Escolar e Escolar. .................................................................................. 36
AULA 7- CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA. ......................................................... 36
7.1 CRESCIMENTO .............................................................................................................................. 36
7.2 DESENVOLVIMENTO. ................................................................................................................... 40
7.2.1 Etapas de Desenvolvimento da Criança. ............................................................................... 42
7.2.2 Desenvolvimento Motor. ...................................................................................................... 42
7.2.3 Desenvolvimento da Linguagem. ......................................................................................... 43
AULA 8- IMUNIZAÇÕES DA CRIANÇA. ............................................................................................... 43
8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PRINCIPAIS VACINAS DO CALENDÁRIO INFANTIL. .......................... 43
8.2 CONTRAINDICAÇÕES GERAIS. ...................................................................................................... 45
8.3 FALSAS CONTRAINDICAÇÕES. ...................................................................................................... 45
AULA 09- SAÚDE DO ADOLESCENTE. ................................................................................................ 45
9.1 POLÍTICAS PÚBLICAS NA SAÚDE DO ADOLESCENTE. ................................................................... 46
9.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E DIMINUIÇÃO DE AGRAVOS. ................................................................ 47
9.2.1 Crescimento e Desenvolvimento do Adolescente. ............................................................... 47
9.2.2 Necessidades Nutricionais e Transtornos Nutricionais. ........................................................ 48
9.2.3 Imunizações na Adolescência. ............................................................................................... 49
9.2.4 Sexualidade. .......................................................................................................................... 50
AILA 10 - O CONTEXTO PSICOSOCIAL DO ADOLESCENTE. ............................................................... 50
10.1 INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ADOLESCENTE. .......................................................................... 50
10.2 PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA E ACIDENTES. ................................................................................. 52
AULA 11 - HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL. ............................................................................................ 53

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11.1 A DOENÇA E O IMPACTO NA CRIANÇA E NA FAMÍLIA. .............................................................. 54


11.2 O CUIDADO DE ENFERMAGEM CENTRADO NA FAMÍLIA. .......................................................... 54
11.3 RECURSOS LÚDICOS NA ASSISTÊNCIA À SAUDE DA CRIANÇA. .................................................. 55
11.3.1 Técnica do Brinquedo Terapêutico. .................................................................................... 55
11.3.2 Brinquedoteca .................................................................................................................... 56
AULA 12 - AVALIAÇÃO DA DOR EM PEDIATRIA ............................................................................... 56
12.1 MÉTODO DO AUTORRELATO. .................................................................................................... 57
12.2 MÉTODO DAS MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS. .......................................................................... 57
12.3 MÉTODO COMPORTAMENTAL. ................................................................................................. 58
12.4 MANEJO DA DOR........................................................................................................................ 58
AULA 13 - ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA- AIDPI..................... 59
13.1 DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE INFANTIL...................................................................................... 59
13.1.1 Desnutrição Infantil. ............................................................................................................ 59
13.1.2 Obesidade Infantil. .............................................................................................................. 61
13.2 DOENÇAS GASTROINTESTINAIS EM CRIANÇAS. ......................................................................... 63
13.2.1 Terapia de Reidratação Oral – TRO. .................................................................................... 63
13.2.2 Manejo do Paciente com Diarreia. ...................................................................................... 64
13.2.3 Alimentação Durante o Quadro de Diarreia. ...................................................................... 66
13.2.4 Uso de Medicações e Medidas de Prevenção. .................................................................... 66
AULA 14 - INFECÇÕES RSPIRATORIAS NA INFÂNCIA - IRA. .............................................................. 67
14.1 RESFRIADO COMUM. ................................................................................................................ 68
14.2 FARINGOAMIDALITE. ................................................................................................................. 68
14.3 OTITE MÉDIA AGUDA. ................................................................................................................ 69
14.4 SINUSITE AGUDA. ....................................................................................................................... 69
14.5 BRONQUEOLITE.......................................................................................................................... 69
14.6 ASMA .......................................................................................................................................... 70
14.7 PNEUMONIA. ............................................................................................................................. 70
AULA 15 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- RESUMO. ............................................... 71
REFERÊNCIAS: .................................................................................................................................... 78

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AULA 1- ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO RECÉM-NASCIDO.

O nascimento de um bebê é considerado um acontecimento emocional e fisiológico


marcante e exaustivo para a mãe e o recém-nascido. Mesmo que esse processo ocorra
normalmente, é natural que o recém-nascido passe por modificações extremas, saindo de um
ambiente acolhedor, aquático, termoestável, com sonoridade própria e com estimulação
sinestésica livre dentro das limitações do tamanho uterino. As mudanças pelo qual o neonato
passa durante o parto causam ao recém-nascido estresse de natureza e intensidade distintas
(KENNER, 2001). Portanto, o cuidado ao binômio mãe/bebê durante o parto visa não só à saúde da
mulher, como também visa ao preparo de um ambiente favorável ao recém-nascido (KOLPEMAN
et al., 2004).

Cuidar de um recém-nascido (RN) é ajudar a sobrepor essa fase de vulnerabilidade, que é a


transição da vida intrauterina para a extrauterina.

1.1 PREPARAÇÃO DA SALA DE PARTO

Quando ocorre o nascimento, o ambiente do


RN muda muito. Imagine só: na barriga da mamãe, o
bebê estava imerso em um líquido que tinha
temperatura ideal para ele. Quando sai, a
temperatura do lado de fora é mais fria. Então, para o
recém-nascido não perder muito calor para o
ambiente, a sala do parto tem que estar com uma
temperatura entre 24 e 27°C.

Além da temperatura regulada, a sala de parto


deve ter:

• um tamanho mínimo de 20m²; Fig.01: Sala de Parto


• uma iluminação homogênea;
• um relógio de parede para controlar o horário do nascimento e avaliar a vitalidade do
recém-nascido (a Avaliação de Apgar será explicada logo adiante);
• rede elétrica universal com tomadas de 110 e 220 Volts (V);
• rede de oxigênio;
• rede de ar comprimido.

Também temos alguns materiais e equipamentos que já precisam estar preparados para o
momento do nascimento do bebê:

• berço aquecido e/ou incubadora, para colocar o bebê;


• campos aquecidos, para enrolar o bebê;
• mesa auxiliar contendo tinta própria para impressão plantar;
• álcool 70%, para fazer o curativo do coto umbilical;
• nitrato de prata 1% (protegido da luz) para instilar no olho do bebê;
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• luvas para realizar os procedimentos;


• vitamina K, para administrar no bebê;
• seringa com agulha para administrar a vitamina K;
• estetoscópio para auscultar o bebê;
• Ventilador manual (pera de aspiração);
• pulseiras para identificação do recém-nascido.

Todos os itens da lista verificados? É importante ver se todos os materiais e equipamentos


estão funcionando corretamente.

1.2 CUIDADOS IMEDIATOS COM O RECÉM-NASCIDO

São os cuidados prestados ainda em sala de parto, com o objetivo de proporcionar boas
condições para a adaptação do RN à vida extrauterina e medidas para intervir durante qualquer
situação que coloque em risco a sua vida.

Aquecer o RN.

Em relação à manutenção da temperatura do RN,


deve-se secar o RN rapidamente após seu nascimento e
colocá-lo em um berço aquecido para que o pediatra possa
realizar a avaliação do bebê. Caso o RN tenha nascido
vigoroso, respirando e chorando pode-se promover o
contato pele a pele com a mãe e iniciar a amamentação.
Essas medidas humanizadas fortalecem o vínculo entre
mãe e filho.

Fig.02: Contato Entre Mãe e Recém-Nascido

Desobstrução das Vias Aéreas.

A aspiração das vias aéreas do RN é feita somente se


necessário, caso haja dificuldade ou desconforto durante
a respiração. O excesso de secreções da boca e do nariz é
aspirado com uma sonda de aspiração traqueal nº 8.

Fig.03:

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Identificação do RN.

Identificar o RN com pulseira própria ou feita com esparadrapo e colocá-la no antebraço e


tornozelo, deve constar o nome da mãe, sexo, data, hora de nascimento e nº de prontuário. Em
caso de gêmeos, anotar ainda ordem dos nascimentos (I, II, III) OU (A, B, C). Colocar uma pulseira
no antebraço e outra no tornozelo.

Rn de Maria Izabel Rn de Maria Izabel


Martins. Martins.
Gêmeo A Gêmeo B
Sexo: Feminino. Sexo: Feminino.
Data: 10/01 2018 às 01:23 Data: 10/01 2018 às 01:31
h h
Prontuário: 0005137. Prontuário: 0005148.

Fig.04: Identificação Por Meio de Pulseiras

Pinçamento e Secção do Cordão Umbilical.

Fig.05-07: Pinçamento e Secção do


Cordão Umbilical

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Normalmente os obstetras tem deixado o cordão umbilical parar de pulsar, e por volta de
um minuto após o nascimento fazem pinçamento e secção do cordão. Isso evita problemas como
anemia, quando o cordão é clampeado imediatamente após o nascimento e problemas
respiratórios e de sobrecarga cardíaca causado pela hiperviscosidade do sangue quando o
clampemento ocorre de forma tardia.

Deve se deixar uma distância de mais ou menos 3 cm do abdome e clampear o cordão


umbilical. O curativo deve ser realizado somente com álcool a 70º, não cobrir e deixar o coto
umbilical para fora da fralda, isso inibe a ocorrência de infecções e favorece o seu ressecamento.

Avaliação de Ápgar.

A Escala de Ápgar é realizada para avaliar a vitalidade do RN e como está sendo a sua
evolução no ambiente extrauterino. Alguns sinais são avaliados, como a frequência cardíaca,
respiração, tônus muscular, irritabilidade e cor, cada um desses sinais recebe uma pontuação que
vai de 0 a 2, somadas as pontuações o valor final pode ir de 0 a 10. Esse teste deve ser realizado
no 1º e no 5º minuto de vida do RN. O recém-nascido será classificado como: sem asfixia (Apgar 8
a 10); com asfixia leve (Apgar 5 a 7); com asfixia moderada (Apgar 3 a 4) ou com asfixia grave:
Apgar 0 a 2.

Fig.08:Tabela Para Avaliação de Vitalidade do Recém-Nascido

1.3 CUIDADOS MEDIATOS AO RESCÉM-NASCIDO

Estes cuidados são prestados no berçário.

Higiene Corporal.

Não há necessidade de dar banho no RN imediatamente após seu nascimento, exceto em


casos de mãe HIV soropositivo ou na presença de mecônio. Isso mantém o vérnix caseoso (camada
de gordura que recobre a pele no RN) este é um fator de proteção e hidratação natural. Utilizar
somente água morna, sabão neutro e compressas cirúrgicas para a remoção de crostas de sangue
e higiene da genitália. Não utilizar talcos e pomadas.

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O primeiro banho deverá ser realizado após a estabilização dos sinais vitais, no alojamento
conjunto, com a participação dos pais.

Método de Credê.

Consiste na aplicação de 1 gota de colírio de nitrato


de prata a 1% nos olhos e na vagina do RN, com a
finalidade de evitar a transmissão vertical da oftalmia
gonocócica (conjuntivite causada pela
Neisseriagonorrhoeae, bactéria que pode ser transmitida
da mãe para o bebê no canal de parto. A associação
Brasileira de Pediatria recomenda a profilaxia
independente da via do parto, seja normal ou cesário.

Outras soluções que podem ser utilizadas são:


eritromicina 0,5%, tetraciclina 1% ou iodopovidina 2,5%.

Fig.09: Credê

Administração de Vitamina K.

Administra-se 1mg de vitamina K, por via IM, no terço médio do músculo vasto lateral da
coxa, com a finalidade de se prevenir sangramentos, pois a vitamina K é necessária para a
produção de fatores de coagulação, principalmente a protrombina.

A vitamina K é adquirida através da alimentação ou é sintetizada pelas bactérias presentes


em nosso intestino, porém o RN nasce com seu intestino totalmente estéril, o mesmo será
colonizado com o tempo, após o inicio da amamentação.

Fig.10-11: Administração de Vitamina K

ANOTAÇÕES
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Medidas Antropométricas.

Peso: O RN deve ser pesado despido, a balança deve


ser coberta com papel descartável e estar calibrada. O peso
varia de 2.500 a 4.000 kg, num RN a termo.

Fig.12: Pesando a Criança

Estatura: Colocar o RN em uma superfície lisa, em


posição supinada, com as pernas estendidas, sendo medida
com o auxilio da régua antropométrica. O comprimento varia
entre 45 e 53 cm, num RN a termo.

Fig.13: Medindo a Criança

Perímetro cefálico: o perímetro cefálico é descrito


como a circunferência “frontoccipital”, correspondendo ao
perímetro cefálico máximo. Para a sua medida, recomenda-
se que a fita seja posicionada sobre a proeminência occipital
e sobre o arco das sobrancelhas.

Fig.14:

Representa basicamente o crescimento do sistema


nervoso central, o PC vem sendo rotineiramente usado para
seguimento individual de crianças que apresentem grande aumento da cabeça, como nos casos de
hidrocefalia, ou diminuição muito acentuada nas microcefalias, e associado às neuropatologias. A
medida normal para um RN a termo é de 32 e 35,5 cm.

Perímetro torácico: deve ser medido com a criança


deitada e a fita métrica deve permanecer ao nível dos
mamilos. É em torno de 30,5 a 33 cm no RN a termo.

Fig.15:

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Perímetro abdominal: deve ser medido o contorno


abdominal a nível da cicatriz umbilical. Para o RN a termo a
medida é de 30,5 a 33 cm.

Fig.16:

1.4 CLASSIFICAÇÕES DO RN

Os RN’s são classificados de acordo com a Idade Gestacional (IG) e o peso ao nascimento,
conforme ilustrado nas tabelas a seguir:

Classificação Referente ao Peso ao Nascer.

Classificação Peso de nascimento


Extremo baixo peso <1000g
Muito baixo peso >1001g e >1500g
Baixo peso >1501g e >2500g
Normal >2501g e >4000g
Macrossômico >4001g
Tabela.01:Classificação Referente ao Peso

Classificação Referente à Idade Gestacional.

Classificação IG
Pré-termo extremo < 30 semanas
Muito prematuro 30 a 33 semanas e 6 dias
Pré-termo tardio 34 a 36 semanas e 6 dias
Termo 37 a 41 semanas e 6 dias
Pós- termo > 42 semanas
Tabela.02: Classificação Referente à Idade

Classificação Peso x Idade Gestacional.

O peso de nascimento deve ser classificado de acordo com a IG. Para tal, utiliza-se o
gráfico de crescimento intrauterino desenvolvido por Battaglia e Lubchenco (1967). Aqueles com
peso entre os percentis 10 e 90 (de acordo com a IG) são classificados como Adequados para a IG
(AIGs); aqueles abaixo do percentil 10 são pequenos para a IG (PIGs); e, por último, os que estão
acima do percentil 90 são grandes para a IG (GIGs).

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AIG Entre os percentis 10 e 90


GIG Acima do percentil 90
PIG Inferior ao percentil 10
Tabela.03: Classificação X Idade Gestacional

Fig.17: Gráfico Referente ao Peso e Idade Gestacional

AULA 2- CUIDADOS COM O RECÉM-NASCIDO NO ALOJAMENTO CONJUNTO.

2.1 O ALOJAMENTO CONJUNTO

Após a finalização dos procedimentos de


sala de parto, a mãe com o RN, deve ir para um
local dentro da maternidade que permita a eles
ficarem juntos 24 horas por dia até a alta
hospitalar. Para isso, foi implantado o sistema
de alojamento conjunto nas maternidades.

Desde a década de 1970, o alojamento


conjunto tem sido valorizado e recomendado no
mundo inteiro pelas inúmeras vantagens que
oferece para a mãe, para a criança, para a
família e para a própria instituição, entre as
quais se destacam:

Fig.18:Mãe e Filho Juntos

 Humanização do atendimento do binômio mãe-filho e sua família;


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 Convivência contínua entre mãe e bebê, o que facilita o conhecimento mútuo e a


satisfação imediata das necessidades físicas e emocionais do RN. Bebês em alojamento
conjunto choram menos e dormem mais (permanecem no estado “sono quieto”) do que
quando se encontram em berçários;

 Maior envolvimento dos pais e/ou de outras pessoas significativas no futuro cuidado com a
criança;

 Promoção do estabelecimento precoce do vínculo afetivo entre a mãe e o seu filho. Há


relatos de que o alojamento conjunto aumenta a ligação afetiva da mãe com sua criança e
reduz os casos de abuso ou de negligência infantil e de abandono do RN;

 Promoção do aleitamento materno. Vários estudos demonstram o efeito benéfico do


alojamento conjunto na prática da amamentação: descida do leite mais rápida, melhor
atitude em relação ao aleitamento materno e tempo mais prolongado de amamentação;

 Oportunidade para as mães, em especial as primigestas, aprenderem noções básicas dos


cuidados com os RN’s. Isso aumenta sua autoconfiança;

 Tranquilidade para as mães que ficam inseguras quanto ao atendimento prestado a seus
filhos quando não estão perto deles. A ansiedade pode inibir a produção de ocitocina,
importante para a liberação do leite materno e para a contração do útero, enquanto a
presença da criança e seu choro costumam estimular o reflexo de ejeção do leite;

 Troca de experiências com outras mães quando compartilham o mesmo quarto, em


especial com mães mais experientes que também estão cuidando dos seus filhos;

 Maior interação entre a mãe e sua família e os profissionais de saúde responsáveis pela
atenção à criança;

 Diminuição do risco de infecção hospitalar. Há vários relatos de redução das taxas de


infecção neonatal após a implantação do alojamento conjunto em maternidades.

2.2 AVALIAÇÃO DOS SINAIS VITAIS DO RN

Os sinais vitais devem ser verificados quando a


criança estiver calma e quieta uma vez que, se a criança
estiver chorando ou agitada, as frequências cardíaca e
respiratória estarão aumentadas.

Temperatura axilar: a temperatura normal do RN fica


entre 36,5 e 37ºC. Hipotermia pode significar que o bebê não
está bem aquecido, e a hipertermia pode ocorrer em casos
de desidratação, excesso de roupas, calor ambiente e/ou
infecção
Fig.19

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Frequência cardíaca: colocando o estetoscópio sobre o pulso apical, dois dedos abaixo do
mamilo esquerdo, entre o quarto e o quinto espaço intercostal, observando o ritmo cardíaco, e
qualquer som anormal como o sopro. A frequência cardíaca normal fica entre: 120 a 160 bpm.

Frequência respiratória: a respiração do RN é abdominal, num primeiro momento logo


após o nascimento é normal que o RN apresente taquipneia, após o período de adaptação a
respiração se torna regular e a frequência normal é de 40 á 60 rpm. Devem ser observados sinais
de disfunção respiratória, como: batimento de asas de nariz, retrações dos músculos intercostais,
gemidos e estridores.

Pressão arterial: não é realizada obrigatoriamente, somente a pedido médico. Utiliza-se


um manguito de tamanho adequado ao RN.

2.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO RN

Algumas características do RN devem ser observadas durante o exame físico, como avaliar
a postura, reatividade, respiração, fácies, estado de hidratação e de consciência.

2.3.1 Características da Pele

Textura e Umidade.

A textura da pele depende muito da idade gestacional. O RN pré-termo extremo possui


pele muito fina e gelatinosa, o RN a termo tem pele lisa, brilhante, úmida e fina e o RN pós-termo
ou com insuficiência placentária possui pele seca, enrugada, apergaminhada e com descamação
acentuada. Por esse motivo a textura da pele é um dos parâmetros utilizados na avaliação da
idade gestacional. Nos casos de hipotireoidismo congênito pode-se observar pele seca e áspera.

Cor.

A pele normal do RN apresenta cor rosada, mais evidente nas crianças de pele clara.
Crianças filhas de pais negros podem apresentar pele clara no nascimento. No entanto, pode-se
detectar nesses RN’s maior quantidade de melanina nos mamilos, região periungueal, na pele da
borda do umbigo e na genitália.

A palidez acentuada pode ser um dado importante para o diagnóstico de anemia (aguda ou
crônica), vasoconstrição periférica ou choque; traduz situação grave e deve ser sempre investigada
a causa de seu aparecimento.

A cianose, coloração azulada decorrente da presença de pelo menos 5g de hemoglobina


não saturada, é intercorrência relativamente comum no RN, que frequentemente possui níveis de
hemoglobina acima de 15g/dL. É comum a presença de cianose de extremidades, que se
apresentam frias ao toque. Essa condição costuma regredir com o aquecimento.

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Milium Sebáceo.

Está presente em 40% dos RNs. Manifesta-se por


pequenos pontos brancos (menor que 1 mm), localizados na
base do nariz, queixo e fronte, devido à distensão e obstrução
das glândulas sebáceas, decorrentes da ação do estrógeno
materno; desaparecem em poucas semanas.

Fig.20: Milium Sebáceo

Lanugem.

É a denominação dada aos pelos finos e macios que


costumam recobrir a região da testa, orelha, tronco, ombro e
da escápula, encontrados de forma mais abundante nos RN´s
prematuros; desaparecem em alguns dias.

Fig.21: Lanugem

Vérnix caseoso.

Material gorduroso e esbranquiçado, cujas funções


primordiais são a proteção da pele e o isolamento térmico.
Quanto mais prematuro, maior a quantidade de venix.

Fig.22: Vérnix Caseoso

ANOTAÇÕES
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Manchas Mongólicas.

São manchas azul-acinzentadas localizadas


preferencialmente no dorso e nas regiões glútea e
lombossacral, podendo ser disseminadas; traduz imaturidade
da pele na migração dos melanócitos, relacionada a fatores
raciais. São mais comuns nas raças negra e oriental e regridem
nos primeiros 4 anos de idade.

Fig.23: Manchas Mongólitas

Impetigo.

É a infecção piogênica, mais comumente causada por Staphylococcus aureus. Inicia-se com
lesões eritematosas puntiformes que em um ou dois dias evoluem para vesículas, que a seguir se
pustulizam ou tornam-se bolhas (impetigo bolhoso).

Hemangiomas.

São formas vasculares mais extensas e elevadas que


podem ter significado patológico. Por exemplo, quando
localizadas em segmento cefálico e face, com coloração
vinhosa, podem estar associadas a angiomas das
leptomeninges (síndrome de Sturge-Weber), estando
relacionadas às convulsões e hemiplegia.

Fig.24: Hemangiomas

Icterícia.

Síndrome caracterizada pela cor amarelada da pele decorrente de sua impregnação por
bilirrubina. É achado comum, especialmente nas crianças com idades entre 48 e 120 horas de vida.

Equimoses.

São manchas comuns nos RN´s, sobretudo nos prematuros, e sua localização depende da
apresentação e dos traumas sofridos, especialmente durante o parto.

Petéquias.

Localizadas, especialmente se restritas ao rosto, não são motivo de preocupação, mas


quando generalizadas devem ser investigadas. A reabsorção do sangue extravasado pode
contribuir para o aumento tardio dos níveis de bilirrubina.

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2.3.2 Características Corporais do RN

Cabeça.

Na cabeça do RN devem ser observadas as fontanelas, dois espaços formados por


cartilagem entre os ossos do crânio. Tem a função de facilitar a passagem do feto pelo canal de
parto. Ao final de 1 ano e 6 meses, essa cartilagem completa o processo de calcificação.

Pode apresentar ainda bossa serossanguinolenta, uma massa mole edemaciada e


equimótica localizada que aparece nos primeiros dias de vida, normalmente se forma devido ao
tempo prolongado do RN no canal de parto.

Mucosas ocular e oral devem ser úmidas e coradas.

Tórax.

Observar o ingurgitamento das mamas e/ou presença de leite que pode ocorrer em ambos
os sexos, bem como a presença de glândulas supranumerárias.

Abdômen.

Observar distensão abdominal, sinais de infecção do coto umbilical e aspecto das


evacuações.

Genitália.

No sexo masculino: os testículos podem não estar palpáveis no saco escrotal, estando
ainda nos canais inguinais, situação normal em prematuros. Além disso, pode ocorrer hidrocele,
acúmulo de líquido na bolsa escrotal, que é reabsorvido rapidamente. A ocorrência de fimose é
fisiológica do nascimento.

No sexo feminino: grandes lábios e clitóris edemaciados. Pode aparecer uma secreção
esbranquiçada ou sanguinolenta da vagina em decorrência do contato com os hormônios
maternos.

Neurológico.

O RN a termo em decúbito dorsal apresenta os membros superiores fletidos e os inferiores


semifletidos, cabeça lateralizada e mãos cerradas. O tônus muscular depende da idade
gestacional; quanto mais próximo do termo, maior o tônus flexor.

O RN apresenta normalmente choro forte, de timbre variável; o choro fraco ou gemência


podem estar presentes nas infecções e no desconforto respiratório. Choro monótono, agudo,
intermitente (grito cerebral) pode ser encontrado em lesões neurológicas graves.

Os reflexos primitivos também devem ser avaliados.

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AULA 03 – REFLEXOS PRIMITIVOS

Fig.:25: Tabela de Reflexos

Reflexos primitivos são reflexos originados do sistema nervoso central que são presentes
especialmente em bebês. Estes reflexos desaparecem ou são inibidos pelos lóbulos frontais à
medida que a criança se desenvolve pela maturação do cérebro, com crescente controle
voluntário de cada uma das atividades com estes reflexos relacionadas.

3.1 A HORA DO BANHO

O banho do bebê deve ser um momento para integrar os pais na rotina de cuidados com o
RN, fortalecendo o vínculo, mas também pode gerar muitas dúvidas, a enfermagem seve como
facilitador desse processo.

O Banho.

O primeiro banho de um recém-nascido só deve


acontecer cerca de seis horas após o nascimento, quando
sua temperatura corporal e suas funções cardiorrespiratórias
estiverem estáveis. A temperatura ideal da água é entre
36ºC e 37ºC, e a banheira deve estar cheia o suficiente para
cobrir o RN até a altura do ombro.

Retirar a roupa do RN e a fralda, caso seja necessário,


limpar a região perineal.

Primeiramente lavar o rosto do RN, somente com


água e secar, depois lavar a cabeça com sabonete ou
shampoo próprio e secar. Na sequencia completar o banho
lavando o restante do corpo. Fig.26:
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Na hora de secar, evitar friccionar a pele, e por fim vestir o bebê.

Cuidados com o Coto Umbilical.

Para proceder com a limpeza do coto umbilical, devemos limpar ao redor do coto com um
cotonete embebido em álcool 70%, realizando movimentos circulares até retirar toda a sujidade.
Da mesma forma, proceder com a limpeza do coto, ao final expor o coto umbilical para fora da
fralda, isso evita a proliferação de microrganismo.

3.2 TRIAGEM NEONATAL

No Brasil, desde 2001, foi implementado o Programa Nacional de Triagem Neonatal. O


termo triagem, que se origina do vocábulo francês triage, significa seleção, separação de um
grupo, e define, em saúde pública, a ação primária dos programas de triagem, ou seja, a detecção
através de testes aplicados numa população de um grupo de indivíduos com probabilidade
elevada de apresentarem determinadas patologias.

Os exames que fazem parte da triagem neonatal são os testes do pezinho, orelhinha,
olhinho e coraçãozinho, realizados com a finalidade de diagnosticar precocemente qualquer
anomalia. A alta da maternidade somente é autorizada após a realização de todos esses exames,
seus resultados devem ser anotados na caderneta da criança.

3.2.1 Teste do Pezinho

Trata-se de ação preventiva que visa facilitar o diagnóstico precoce de certas doenças,
reduzindo ou eliminando o risco de sequelas associadas ao atraso no reconhecimento e
tratamento dessas condições.

O momento para a coleta, preferencialmente, não deve ser inferior a 48 horas de


alimentação proteica (amamentação) e nunca superior a 30 dias, sendo o ideal entre o 3º e o 5º
dia de vida.

Nos casos com resultados de triagem alterados, o laboratório central deve acionar o posto
de coleta para que entre em contato com a família e trazer a criança para a realização de exames
confirmatórios. Esse processo precisa ser ágil e eficaz para que a terapêutica precoce adequada
possa ser instituída.

Fig.27: Teste do Pézinho

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Fig.28: Tabela de doenças detectadas pelo teste do pezinho. Do mais básico ao avançado.

3.2.2 Teste da Orelhinha

Tecnicamente chamado de teste de emissão


otoacústica, foi implementado em 2010. Sua função é detectar
deficiência auditiva. É feito com equipamento especial que
emite sons e verifica a resposta dos ouvidos ao estímulo. É
realizado por um fonoaudiólogo e se o exame for normal
assegura a mãe que o bebê não apresenta deficiência auditiva
ao nascer e não por toda a vida. Não é fornecido pelo governo
em todos os estados brasileiros. Pode ser realizado logo no
segundo dia de nascimento, e de preferência ainda no
primeiro mês de vida. Fig.29:

3.2.3 Teste do Olhinho

É a verificação da coloração naturalmente vermelha do fundo do olho do recém-nascido. É


um teste rápido que pode ser realizado pelo pediatra na própria maternidade, nas primeiras 24h
de vida. A criança não nasce sabendo enxergar, ela vai aprender assim como aprenderá a sorrir,
falar, engatinhar e andar. Para isso, as estruturas do olho precisam estar normais, principalmente
as que são transparentes. O “Teste do Olhinho” pode detectar qualquer alteração que cause
obstrução no eixo visual, como catarata, glaucoma congênito e outros problemas cuja
identificação precoce possibilita o tratamento no tempo certo e o desenvolvimento normal da
visão.

3.2.4 Teste do Coraçãozinho

Através de um equipamento especial, o oxímetro de pulso, de forma indolor é estimada a


concentração de oxigênio no sangue, dessa forma sendo capaz de detectar problemas
cardíacos congênitos complexos que desde o nascimento afetam a concentração sanguínea de
oxigênio.

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Fig.30: Teste do Coraçãozinho

Local de aferição: membro superior direito e em um dos membros inferiores. Para a


adequada aferição, é necessário que o recém-nascido esteja com as extremidades aquecidas e o
monitor evidencie uma onda de traçado homogêneo.

Momento da aferição: entre 24 e 48 horas de vida, antes da alta hospitalar.

Resultado normal: saturação periférica maior ou igual a 95% em ambas as medidas


(membro superior direito e membro inferior) e diferença menor que 3% entre as medidas do
membro superior direito e membro inferior.

Resultado anormal: caso qualquer medida da SpO2 seja menor que 95% ou houver uma
diferença igual ou maior que 3% entre as medidas do membro superior direito e membro inferior,
uma nova aferição deverá ser realizada após 1 hora.

Caso o resultado se confirme, um ecocardiograma deverá ser realizado dentro das 24 horas
seguintes.

AULA 4 - PRINCIPAIS INTRCORRÊNCIAS COM O RECÉM-NASCIDOS.

O RN de alto risco é aquele bebê que corre um risco elevado em decorrência de fatores
relacionados ao seu nascimento e a vida extrauterina. Dependendo da patologia identificada e do
estado geral do RN, seu tratamento pode ser realizado no alojamento conjunto ou na Unidade de
Terapia Intensiva Neonatal (UTIN). Abordaremos algumas das mais importantes intercorrências
com RN e seus cuidados.

4.1 APNÉIA DA PREMATURIDADE

Situação comum entre prematuros com menos de 32 semanas e tende a desaparecer


conforme a idade gestacional é corrigida. Caracterizado pela pausa respiratória maior que 20
segundos acompanhada ou não de cianose, podendo ocorrer bradicardia e diminuição da
saturação de oxigênio. Deve ser tratada exclusivamente na UTIN, para uma melhor monitorização.

A principal conduta de enfermagem quando observada a apneia no RN é realizar estímulo


tátil, para uma apneia leve isso será suficiente. Em caso de permanecia das crises, o RN deve ser
ventilado manualmente e o médico tomará a conduta necessária com relação à oxigenoterapia,
oferecida por meio de assistência ventilatória, por CPAP nasal ou ventilação mecânica.

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Fig.31 – 32: RN com Apnéia da Prematuridade

4.2 TAQUIPNEIA TRANSITÓRIA

Desconforto respiratório de inicio precoce de evolução benigna, comum em bebês a


termo e prematuros. Caracterizado por taquipnéia, batimento de asas de nariz, gemência, cianose
e tiragem intercostal.

O RN deve ser mantido aquecido, monitorizado na UTIN, em assistência ventilatória por


CPAP e em casos mais graves em ventilação mecânica.

4.3 SÍNDROME DA ASPIRAÇÃO DE MECÔNIO

Muito frequente em RN pós-termo, quando por sofrimento fetal ocorre a eliminação de


mecônio no ambiente intrauterino. A aspiração do mecônio obstrui as vias aéreas gerando asfixia,
podendo ainda causar uma infecção secundária por conta da contaminação. Uma complicação
mais grave ainda pode ocorrer, a hipertensão pulmonar.

No momento do parto a detecção de mecônio é fácil, sendo assim deve ser realizada uma
rápida aspiração das narinas e orofaringe do RN. Poder ser necessária a ventilação mecânica, com
intubação ainda na sala de parto.

4.4 HIPERTENSÃO PULMONAR

Uma complicação grave, caracterizada pela


hiperresistência pulmonar, o que impede a sua
oxigenação. Apresenta como manifestações clínicas, a
cianose persistente, labilidade ao manuseio, com
queda na saturação de oxigênio, taquidispnéia e
retrações da musculatura intercostal.

Também deve ser acompanhado na UTIN,


mantendo monitorização, em ventilação mecânica
assistida, podendo ser necessário ainda uso de drogas
vasoativas.
Fig.33:

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4.5 DOENÇA DA MEMBRANA HIALINA (SDR)- SÍNDROME DO DESCONFORTO RESPIRATÓRIO

Doença muito comum em prematuros devido à produção inadequada de surfactante


pulmonar, esta substância que impede o colapso dos alvéolos. Desta forma, os alvéolos se
encontram em atelectasia, não sendo possível realizar a troca gasosa.

Este paciente também será acompanhado na UTIN, sendo realizada oxigenoterapia, mas a
principal conduta neste caso é a administração de surfactante de origem bovina ou suína no tubo
orotraqueal. Esta substância age como um substituto do surfactante natural reestabelecendo o
volume interno dos alvéolos e melhorando a oxigenação do RN.

4.6 HIPOGLICEMIA NEONATAL

Dosagens de glicemia inferior a 40 mg/dl indicam hipoglicemia no RN. Além do valor de


glicemia baixo, outras manifestações podem ocorrer como: choro fraco, apatia, hipotonia, letargia,
tremores, convulsões, apneia, entre outros.

O tratamento inicial pode ser realizado no alojamento conjunto e consiste em administrar


dieta (leite materno) precocemente, caso não se obtenha melhora, pode ser necessário
administrar solução glicosada por via IV, sendo necessária a monitorização na UTIN.

AULA 05 – HIPOGLICEMIA NEONATAL

A icterícia se dá pelo aumento da bilirrubina na corrente sanguínea, através da quebra


das hemácias, levando as mucosas e escleróticas a adquirirem uma coloração amarelada. Pode
ocorrer em decorrência de diversas situações, como por exemplo, a incompatibilidade sanguínea
entre mãe e bebê, no caso da doença hemolítica perinatal.

Esta patologia pode ser tratada tanto no alojamento conjunto como na UTIN,
dependendo da gravidade do caso. A gravidade é definida pelo zoneamento dérmico segundo
Kramer.

Fig.34: Zoneamento Dérmico - Kramer

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A principal forma de tratamento é a


fototerapia, através da aplicação de luz sob a
pele do RN. Ocorre a transformação da molécula
de bilirrubina em uma forma mais hidrossolúvel
que será mais facilmente eliminada do organismo
através das excreções.

A fototerapia deve ser realizada com o


RN totalmente despido, mantendo somente a
fralda, pois quanto maior for a área de exposição
corporal mais rápido será o resultado do
tratamento. Proteger os olhos e região genital do
bebê é muito importante para não causar lesão. Fig.35: Fototerapia

Em casos graves onde a fototerapia não apresenta uma boa resposta, pode ser necessária
a realização de exsanguineotransfusão, através da troca do sangue ocorre a remoção rápida de
boa parte da bilirrubina sérica.

Complicações graves podem evoluir a partir da icterícia, como ocaso do Kernicterus ou


encefalopatia bilirrubínica. Doença na qual o acúmulo de bilirrubina chega aos núcleos da base
causando lesão neurológica podendo apresentar desde uma hipotonia leve, até uma paralisia
cerebral.

5.1 INFECÇÕES CONGÊNITAS E NEONATAIS

São infecções do RN através da transmissão de um microrganismo pela gestante infectada.


As infecções mais comuns são a sífilis, hepatite b, HIV, toxoplasmose, rubéola, clamídia e
citomegalovírus.

Sífilis Congênita: Doença causada pelo treponema pallidum, que pode levar a perda fetal ou
neonatal.
Fatores de risco Promiscuidade, ausência de pré-natal, baixo nível socioeconômico, história
anterior de DST.
Transmissão Via transplacentária, ou durante o parto.
Tratamento Penicilina cristalina.

Toxoplasmose: Doença causada pelo toxoplasma gondii.


Manifestações Clínicas Esplenomegalia, hepatomegalia, icterícia, microcefalia, hidrocefalia,
convulsões e catarata.

Rubéola Congênita: Infecção viral grave, que pode resultar em várias má formações.
Manifestações Clínicas Más formações cardíacas, catarata retinopatias, surdez, microcefalia,
retardo mental, baixo peso e convulsões.
Tabelas.4-6:

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5.2 MÁS-FORMAÇÕES CONGÊNITAS

As malformações são defeitos estruturais do corpo e é sempre muito difícil para a família
aceitar e enfrentar essa situação, por mais que nos dias atuais existam métodos para identificar
essas situações precocemente, antes no nascimento. Fatores que influenciam nas más-formações
são: uso de drogas, radiação, agentes infecciosos, medicações, desnutrição materna e
tocotraumatismos.

5.2.1 Más-Formações do Sistema Nervoso Central

Hidrocefalia
Conceito Quantidade anormal de liquido cefalorraquidiano (LCR)
nos ventrículos e espaços subaracnoides.
Principais Tumores, infecções intracraniana, hemorragia perinatal,
causas meningoencefalite.
Sinais e Aumento do perímetro cefálico, dilatação das veias do
sintomas couro cabeludo, olhar deprimido, convulsões,
irritabilidade e letargia.
Diagnóstico USG Transfontanela, perímetro cefálico.
Tratamento Colocação de um Shunt para drenar o liquido para o
peritônio.
Tabela.07: Fig.36

Espinha Bífida
Conceito Falha no fechamento do tubo neural na fase embrionária.
Tipos:
Oculta Defeito no fechamento das vértebras com ausência de sinais
neurológicos.
Meningocele Herniação das meninges, devido a um defeito nos arcos vertebrais sem
comprometimento neural.
Mielomeningocele Herniação das meninges, raízes nervosas e parte da medula. A cirurgia é
realizada logo após o nascimento.
Tabela.08:

Fig.37: Spina Bifida Oculta, Meningocele e Myelomeningocele

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Tabela.09:
Microcefalia
Conceito Microcefalia é um problema neurológico no qual a criança possui a massa cefálica
e o crânio reduzido, onde o perímetro cefálico é inferior á 32 cm.
Principais Uso de drogas, agentes infecciosos, diabetes, HIV, desnutrição, zika vírus
causas hipotireoidismo e exposições a elementos radioativos.

Fig.38: Microcefalia

5.2.2 Más-Formações da Parede Abdominal

Gastrosquise Ocorre a evisceração do conteúdo intestinal, sem saco peritoneal, por meio de
uma abertura próxima ao cordão umbilical. Necessária correção cirúrgica.
Onfalocele Migração das víceras para a base do cordão umbilical, necessária correção
cirúrgica.
Tabela.10:

Fig.39: Má- formações da Parede Abdominal

5.2.3 Más-Formações do Sistema Gastrointestinal

Lábio leporino Varia de uma pequena fissura no lábio superior ao lado da linha média até uma
fenda completa que se estende até a base do nariz.
Fenda Quando ocorre isoladamente, é uma fissura na linha média que pode envolver
palatina palato duro e mole.
Tabela.11:

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Fig. 40-41: Má-formações do Sistema Gastrointestinal

AULA 6 - ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR.

6.1 ALEITAMENTO MATERNO

Amamentar é muito mais do que alimentar, além de nutrir, a amamentação promove o


vínculo afetivo entre mãe e filho e tem repercussões na habilidade da criança de se defender de
infecções, em sua fisiologia e em seu desenvolvimento cognitivo e emocional e também na saúde
física e psíquica da mãe.

O profissional de saúde tem papel fundamental na promoção, proteção e apoio ao AM.


Para exercer esse papel ele precisa, além do conhecimento e de habilidades relacionados a
aspectos técnicos da lactação, ter um olhar atento, abrangente, sempre levando em consideração
os aspectos emocionais, a cultura familiar, a rede social de apoio à mulher, entre outros aspectos.

Ministério da Saúde adota as seguintes definições de AM, preconizadas pela OMS e


reconhecidas em todo o mundo:

• AM Exclusivo – quando a criança recebe somente leite materno, direto da mama ou


ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção
de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou
medicamentos.

• AM predominante – quando a criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas à


base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais.

• AM – quando a criança recebe leite materno (direto da mama ou ordenhado),


independentemente de estar recebendo ou não outros alimentos.

• AM complementado – quando a criança recebe, além do leite materno, alimentos


complementares, que são alimentos sólidos ou semissólidos que complementam o leite
materno. Nesta categoria a criança pode estar recebendo, além do leite materno, outro
tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar.

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Fig.42:

6.1.1 O leite Materno

O leite humano sofre alterações na sua


composição, de acordo com a hora do dia, com o
passar dos dias e até mesmo durante a mamada. No
intervalo das mamadas é produzido o leite anterior,
que corresponde a um terço do volume total
produzido, durante a sucção é produzido o leite
posterior, correspondente a dois terços desse volume.

O leite anterior apresenta um teor maior em


água, satisfazendo as necessidades hídricas,
exatamente por isso não é necessário oferecer água
para o bebê até os 6 meses de idade. Já o leite
posterior é rico em gorduras, importante para o
fornecimento de energia, ganho de peso e
desenvolvimento do bebê. Por isso, é importante que
durante a mamada uma mama seja esvaziada por
completo antes de trocar para a outra. Fig.43: Antes e Após.

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Tipos de Leite Materno de Acordo com o Crescimento da Criança.

Colostro: é o leite materno produzido nos primeiros dias após o parto e apresenta algumas
características específicas, é mais grosso, de coloração amarelada, rico em proteínas, anticorpos,
leucócitos, fatores de crescimento e vitamina A. Além disso, apresenta efeito laxante,
contribuindo para a eliminação de mecônio.

Fig.44: Tipos de Leite Materno de Acordo com o Crescimento da Criança

Leite de transição: é o leite humano produzido entre o 7º e o 15º dia após o parto. O
volume e a composição do leite variam no decorrer dos dias, permanecendo com volume médio
de 500 ml/dia.

Leite maduro: é o leite produzido a partir do 15º dia, é branco e opaco, rico em água,
proteínas, carboidratos, lipídios, minerais e vitaminas, produzido em maior quantidade.

ANOTAÇÕES
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Comparação Entre os Componentes do Leite Materno e Outros Leites

6.1.2 Práticas de Enfermagem no Aleitamento Materno

Iniciando a Amamentação na Sala de Parto.

As primeiras horas de vida do RN são ideais para iniciar a


amamentação, pois ele está em estado de alerta, com reflexo de
sucção ativo, além de estimular a produção de oxitocina e prolactina
(respectivamente, são os hormônios responsáveis pela ejeção e
produção do leite materno).

O ideal é começar a amamentação ainda na primeira hora de


vida, este momento também pode ser chamado de “Hora Ouro”,
mesmo que o RN não consiga realizar a sucção, mais cedo se iniciará a
ligação afetiva entre mãe e filho, além do que a amamentação na
primeira hora de vida, reduz as taxas de mortalidade neonatal. Fig.45

Amamentação no Alojamento Conjunto.

A amamentação do RN deve ser oferecida em livre demanda, sempre que o bebê desejar,
sendo que a mãe deve receber todo apoio e orientação constante da equipe de saúde que atende
ao binômio. As mães devem ser orientadas sobre não oferecer chás, sucos ou água para o RN já
que somente o leite materno é suficiente para suprir suas necessidades hídricas. Outra informação
importante é a respeito do aleitamento cruzado, que é proibido, visto que o leite materno é uma
secreção que pode transmitir uma série de doenças caso a mãe esteja contaminada.

Não oferecer bicos artificiais como mamadeira e chupeta é outra recomendação


importante. A “confusão de bicos” que pode ser causada pelo uso de chupeta, é explicada a partir
da fisiologia de sucção de bicos artificiais comparada com a sucção do bico do seio materno. A
sucção do bico da chupeta e da mamadeira é semelhante entre si, mas diferente em relação à
sucção do bico do seio materno.

Para que o bebê consiga fazer a retirada do leite ao seio, ele precisa utilizar diversos
músculos da face para a ordenha, fazendo movimentos mandibulares e movimentos
peristálticos, que começam a partir da ponta da língua, nesse caso, posicionada para frente.
Entretanto, na sucção do bico da chupeta, a criança precisa fazer pressão negativa (aspiração) para
manter o objeto na boca e, como a chupeta ocupa a parte anterior da cavidade bucal, a língua
passa a ficar posicionada para trás. Nesse ultimo caso, a boca da criança precisa se adaptar ao
bico artificial, ao contrário do que ocorre com o bico do seio materno, que se adapta à boca
da criança. Por essa razão, o uso de chupeta interfere com uma correta postura durante a
amamentação, podendo levar ao desmame precoce.

ANOTAÇÕES:
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Recomendações Quanto à Técnica de Amamentação.

Como colocar o bebê no peito:

 Ao dar de mamar, a mãe deve estar calma e


não apressar o bebê. Quando o peito estiver
muito cheio, antes de amamentar, a mãe deve
fazer uma ordenha manual para amaciar a
aréola. Com os dedos indicadores e polegar, ela
deve espremer as regiões acima e abaixo do
limite da aréola para retirar algumas gotas de
leite e amaciar o bico.

 Encostar o bico do peito na boca do bebê, para


ele virar a cabeça e pegar o peito (reflexo da
busca). Ele sozinho sabe como fazer isto.
Fig.46:

 Levar o bebê ao peito e não o peito ao bebê.


Segurar o peito com o polegar da mãe acima da
aréola e o indicador e a palma da mão abaixo.
Isto facilita a “pega” adequada.

 O bebê abocanhando a maior parte da aréola


suga mais leite e evita rachaduras. A mãe deve
ouvir o ritmo cadenciado de sucção, deglutição
e pausa.

Fig.46-49: Como Colocar o Bebê no Peito

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Como saber que a “pega” está adequada:

Fig.50: A Pega Correta

 Boca bem aberta;


 Lábios virados para fora;
 Queixo tocando o peito da mãe;
 Aréola mais visível na parte superior que na inferior;
 Bochecha redonda (“cheia”);
 A língua do bebê deve envolver o bico do peito.

Como terminar a mamada:

 Geralmente, o bebê solta sozinho o peito. Se


for preciso interromper a mamada, a mãe deve
colocar a ponta do dedinho no canto da boca
do bebê para que ele solte o peito sem
machucar.

 Para o bebê arrotar, a mãe, o pai ou outro


familiar deve levantá-lo e apoiar a cabeça no
seu ombro e fazer uma leve massagem nas
costas. É importante a participação da família
neste momento. Fig.51: Como Terminar a Mamada

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Fig.52-53:Modo de Fazer o Bebê Arrotar

Fig.54:Posições Para o Aleitamento

6.1.3 Banco de Leite Humano.

A Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano


(rBLH-BR) foi estabelecida em 1998, por iniciativa do
Ministério da Saúde e da Fundação Oswaldo Cruz, com
a missão de promover, proteger e apoiar o aleitamento
materno, coletar e distribuir leite humano com
qualidade certificada e contribuir para a diminuição da
mortalidade infantil.

A rBLH-BR se configura como ação estratégica


da Política Nacional de Aleitamento Materno e além de
coletar, processar e distribuir leite humano a bebês
prematuros e de baixo peso, os Bancos de Leite
Humano (BLHs) realizam atendimento de orientação e apoio à amamentação. Fig.55
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Em 2001, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a rBLH-BR como uma das
ações que mais contribuíram para redução da mortalidade infantil no mundo, na década de 1990.
De 1990 a 2012, a taxa de mortalidade infantil no Brasil reduziu 70,5%.

6.2 ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

6.2.1 Introdução de Novos Alimentos

A introdução de alimentos na dieta da criança


após os seis meses de idade deve complementar as
numerosas qualidades e funções do leite materno, que
deve ser mantido preferencialmente até os dois anos
de vida ou mais. Além de suprir as necessidades
nutricionais, a partir dos seis meses a introdução da
alimentação complementar aproxima
progressivamente a criança aos hábitos alimentares de
quem cuida dela e exige todo um esforço adaptativo a
uma nova fase do ciclo de vida, na qual lhe são
apresentados novos sabores, cores, aromas, texturas e
saberes.
Fig.56: Alimentação Complementar

A partir dos 6 meses a criança já oferece algumas características importantes que


contribuem para que a alimentação complementar se dê da melhor forma, por exemplo:
desenvolvidos os reflexos necessários para a deglutição, como o reflexo lingual, já manifesta
excitação à visão do alimento, já sustenta a cabeça, facilitando a alimentação oferecida por colher,
e tem-se o início da erupção dos primeiros dentes, o que facilita na mastigação.

O sucesso da alimentação complementar depende de muita paciência, afeto e suporte por


parte da mãe e de todos os cuidadores da criança. Toda a família deve ser estimulada a contribuir
positivamente nessa fase.

A introdução das refeições pode seguir o seguinte esquema, segundo a idade do bebê:

Por volta dos 6 meses, deve-se oferecer um suco de frutas entre as mamadas. Por
exemplo: laranja, maracujá, manga, melancia, melão, goiaba, pêssego, caju, acerola; uma por vez,
alternando as frutas. Depois de cerca de 1 semana, poderá oferecer uma fruta da estação,
principalmente as ricas em Vitamina A (amareladas ou alaranjadas) ou as ricas em Vitamina C, logo
após as refeições, para ajudar na absorção do ferro contido nos outros alimentos. As frutas devem
ser oferecidas “in natura”, sem adição de açúcar e amassadas no garfo. Deve-se oferecer mais ou
menos 1 fruta e 1 suco ao dia.

Após cerca de 2 semanas, começar a oferecer uma refeição especialmente preparada para
ela. Cozinhar os alimentos em água suficiente para amaciá-los. Podendo adicionar também cebola,
alho e cheiro verde para dar mais sabor à comida.

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Fig.57:Tabela Explicativa Para Amamentação

Os alimentos devem ser oferecidos amassados, raspados, desfiados, triturados e,


gradativamente, em pequenos pedaços, até que comece a receber a mesma refeição da família,
nunca bata a comida no liquidificador. Os alimentos devem ser separados no prato da criança, isso
é importante, pois nessa fase a criança está aprendendo a distinguir texturas, sabores e cores dos
alimentos.

Se a criança recusar determinado alimento, deve-se oferecer novamente em outras


refeições, lembrando que são necessárias em média, oito a dez exposições a um novo alimento
para que ele seja aceito pela criança.

Para garantir um bom aporte de ferro, ofereça cerca de 50 a 100 gramas de carne por dia
e, uma vez por semana, ofereça miúdos (fígado, moela ou coração). É importante também que a
criança receba água nos intervalos. A água oferecida deve ser a mais limpa possível (tratada,
filtrada e fervida).

6.2.2 Alimentação no Segundo Ano de Vida

Nos dois primeiros anos de vida deve-se evitar açúcar, café,


chás, mate, enlatados, refrigerantes, embutidos, frituras,
salgadinho, refrescos em pó, temperos prontos, margarinas,
achocolatados, bolacha recheada, bala e outras guloseimas. Esses
alimentos contem corantes e conservantes, estão associados à
anemia, ao excesso de peso e às alergias alimentares. Orientar os
irmãos maiores e familiares para não oferecerem esses alimentos
para a criança. O mel é contraindicado no primeiro ano de vida
pelo risco de contaminação com Clostridium botulinum, que causa
botulismo.

Fig.58
Nessa idade é necessária a ingestão diária de no mínimo, 500 l de leite integral associado a
frutas e cereais, em duas a três refeições por dia. O almoço e o jantar devem obedecer aos hábitos
familiares com pequenas adaptações nos horários e consistência.
35
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

6.2.3 Alimentação no Pré-Escolar e Escolar

O pré-escolar, faixa etária que compreende dos 2 aos 6 anos de idade, por apresentar um
crescimento mais lento, a criança pode relatar uma falta de apetite normal desta fase, além de
uma anorexia seletiva, onde a criança escolhe apenas determinados alimentos. É importante que
nessa idade a alimentação seja variada e que a criança participe das refeições junto com a família.
Os hábitos alimentares da criança são moldados pela família.

Já a fase escolar que vai dos 7 aos 10 anos de idade, existe uma grande necessidade
nutricional, nesta fase a criança é mais ativa, tendo um gasto calórico maior. A alimentação deve
continuar variada, evitando sempre refrigerantes, sucos artificiais, frituras e doces.

AULA 7- CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.

O crescimento se dá pelo conjunto de alterações biológicas que surgem em aumento do


tamanho corporal das crianças traduzido pelo crescimento em tamanho e aumento do nº de
células. É definido pelo peso, estatura, perímetro cefálico, alterações nas fontanelas, dentição,
mudanças na proporção corporal e tecidos corporais.

Já o desenvolvimento é uma transformação ininterrupta, dinâmica e progressiva que


envolve o amadurecimento, a aprendizagem e os aspectos psicossociais. A criança vai conseguindo
realizar tarefas mais complexas e desenvolve ainda o controle neuromuscular, agilidade, e traços
de caráter, funções estas, medidas através de teste de habilidade.

7.1 CRESCIMENTO

Para acompanhar o crescimento da criança é necessário fazer as medidas antropométricas


básicas, comparando com a idade e sexo. Com os resultados criam-se indicadores definindo se a
criança esta em crescimento adequado ou não. Alguns fatores acabam influenciando no
crescimento da criança, como mostram os quadros abaixo:

Fatores intrínsecos que influenciam o crescimento


Herança Genética Porém os fatores ambientais são mais importantes.
Meio ambientais. Condições socioeconômicas.
Fatores Hormônios do crescimento e da tireoide.
neuroendócrinos.
Tabela.12:

Fatores extrínsecos que influenciam o crescimento


Alimentação Crescer significa consumo de energia. A dieta deve ter frequência, qualidade,
quantidade e consistência adequada para cada idade.
Infecções Nos processos febris, acima de 38 o C, estima-se aumento de 20% das
necessidades calóricas e proteicas da criança.
Higiene Do ambiente, da criança, dos alimentos e de todos os que trabalham com a criança.
Cuidados gerais Relações afetivas positivas com o mundo que a cerca.
Tabela.13:

36
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Enfermagem em Saúde da Criança

As crianças devem ser acompanhadas em uma rotina de consultas, o número adequado de


consultas foi estabelecido pelo ministério da saúde. Nessas consultas para avaliar o crescimento,
as medidas antropométricas devem ser realizadas e anotadas na caderneta da criança.

Fig.59:
Peso/Idade.

A variação do peso, com relação à idade da criança, reflete diretamente sobre a piora ou
melhora do seu estado de saúde.

 Pesando crianças menores de 2 anos ou com menos de 16 kg:

As crianças menores de 2 anos devem ser pesadas e medidas sempre completamente


despidas e na presença da mãe ou do responsável, pois estas devem auxiliar na retirada da roupa
da criança e na tomada da medida. Lembre-se que uma fralda molhada pode representar até 20%
do peso de uma criança.

A balança pediátrica ou “tipo bebê” é o equipamento apropriado para crianças menores


de 2 anos que ainda não ficam de pé com segurança, pode ser mecânica ou eletrônica. É preciso
ter muito cuidado para pesar crianças pequenas, a fim de se evitar acidentes. Certificar-se de que
a balança está apoiada sobre uma superfície plana, lisa e firme. Forrar o prato com uma proteção
(papel descartável ou fralda) antes de calibrar a balança para evitar erros na pesagem.

Fig.60-62: Pesando e Medindo Crianças Menores de Um Ano

37
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

 Pesando crianças maiores de 2 anos ou com mais de 16 kg:

As crianças maiores de 2 anos devem ser pesadas descalças e com roupas bem leves.
Idealmente, devem usar apenas calcinha, short ou cueca, na presença da mãe ou do responsável.
Utilizar a balança de plataforma mecânica ou eletrônica.

Fig.63-64: Balanças

Estatura/Idade.

O aumento da estatura também é um bom parâmetro para avaliar o crescimento da


criança. Atraso no aumento da estatura pode refletir problemas agudos de saúde e nutrição da
criança.

 Medindo crianças menores de 2 anos:

Deve-se utilizar o antropômetro horizontal, apoiado a uma superfície plana, firme e lisa, a
criança deve estar com a coluna alinhada em decúbito dorsal e os membros inferiores bem
esticados. Fig.63: Medindo Crianças Menores de 2 Anos

 Medindo crianças com mais de 2 anos:

Utiliza-se o antropômetro vertical, que deve estar fixado a uma parede plana e lisa, sem
rodapé.

Tabelas de Peso e Altura Ideal das Crianças. – Tabela.14


Meninos
Idade Peso médio Tamanho
Recém-nascido 3,4 kg 50,3 cm
3 meses 6,2 kg 60 cm
6 meses 8 kg 67 cm
9 meses 9,2 kg 72 cm
12 meses 10,2 kg 76 cm
15 meses 11,1 kg 79 cm
18 meses 11,8 kg 82,5 cm
2 anos 12,9 kg 88 cm
3 anos 15,1 kg 96,5 cm
4 anos 16,07 kg 100,13 cm
5 anos 18,03 kg 106,40 cm
6 anos 19,91 kg 112,77 cm
7 anos 22 kg 118,50 cm
8 anos 23,56 kg 122,86 cm
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Tabela.15: Fig.65

Meninas
Idade Peso médio Tamanho
Recém-nascido 3,4 kg 50,3 cm
3 meses 5,6 kg 59 cm
6 meses 7,3 kg 65 cm
9 meses 8,6 kg 70 cm
12 meses 9,5 kg 74 cm
15 meses 11 kg 77 cm
18 meses 11,5 kg 80,5 cm
2 anos 12,4 kg 86 cm
3 anos 14,4 kg 95 cm
4 anos 15,5 kg 99,14 cm
5 anos 17,4 kg 105,95 cm
6 anos 19,6 kg 112,22 cm
7 anos 21,2 kg 117,27 cm
8 anos 23,5 kg 122,62 cm

Perímetro Cefálico/ Idade:

O perímetro cefálico avalia o crescimento da cabeça/cérebro de crianças nos dois


primeiros anos de vida.

Tabela de Relação Entre Perímetro Cefálico e Idade.

Fig.66: Tabela de Relação entre Perímetro Cefálico e Idade

Perímetro Torácico/ Idade:

O perímetro torácico (PT), não é utilizado para o acompanhamento do crescimento


infantil, uma vez que alterações neste parâmetro são lentas, variando muito pouco com o
aumento da idade, sendo útil somente para a triagem de prováveis casos de desnutrição (entre os
seis meses e cinco anos de idade).

 Relação Perímetro Cefálico/Perímetro Torácico (PC/PT)

Do nascimento até 6 meses: PC > PT


Acima de 6 meses: PC < PT

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Dentição:

A partir dos 6 meses costumam nascer os primeiros dentes de leite, neste período, o bebê
sentirá coceira nas gengivas, aumento da salivação, estado febril e fezes mais liquidas. Oferecer
alimentos mais duros e mordedores de borracha que massageiem a gengiva ajudam no
rompimento dos dentinhos e melhora o desconforto. Durante a infância os primeiros dentes serão
chamados de temporários, são em número de 20. A partir dos 6 anos esses dentes vão sendo
trocados pelos dentes permanentes, a criança ganhará, até o fim da adolescência, outros 12
dentes — contando os quatro dentes sisos, que costumam nascer por volta dos 18 anos.

Fig.67: Dentição

7.2 DESENVOLVIMENTO

O conceito de desenvolvimento é amplo e refere-se a uma transformação complexa,


contínua, dinâmica e progressiva, que inclui, além do crescimento, maturação, aprendizagem e
aspectos psíquicos e sociais. Tudo em um ser humano (suas características, seus modos de agir,
pensar, sentir, seus valores, etc.) depende da sua interação com o meio social em que vive.
Portanto, o desenvolvimento da criança será sempre mediado por outras pessoas, pelas famílias,
pelos profissionais de saúde, da educação, entre outros, que delimitam e atribuem significados à
sua realidade. Durante os dois primeiros anos, um aspecto importantíssimo do seu
desenvolvimento é o desenvolvimento afetivo, caracterizado no apego, que é o vínculo afetivo
básico.

Nos anos pré-escolares, diferentes dimensões e estilos paternos têm efeitos sobre
diferentes aspectos do desenvolvimento social e das personalidades das crianças: autoestima,
desenvolvimento moral, conduta pró-social, autocontrole, etc. Além da família, não podemos nos
esquecer da escola, que se transforma rapidamente em um importante contexto de socialização,
que se encarrega, principalmente, da transmissão do saber organizado, que é o produto do
desenvolvimento cultural.

A criança deve atravessar cada estágio seguindo uma sequência regular, ou seja, os
estádios de desenvolvimento cognitivo são sequenciais. Se a criança não for estimulada ou
motivada no devido momento, ela não conseguirá superar o atraso do seu desenvolvimento.
40
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

Afinal, o desenvolvimento infantil se dá à medida que a criança vai crescendo e vai se


desenvolvendo de acordo com os meios onde vive e os estímulos deles recebido.

Marcos do Desenvolvimento da Criança Segundo a Escala de Denver:

Fig.
68

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Enfermagem em Saúde da Criança

7.2.1 Etapas de Desenvolvimento da Criança

Período Neonatal: (0 a 28 dias de vida).

Nesta fase observamos as respostas dos reflexos primitivos, as pernas e braços


permanecem fletidos, pupilas reativas, o RN dorme na maior parte do tempo e consegue perceber
sons, inclusive a voz dos pais.

Primeira Infância: lactente (29 dias a 2 anos).

Fase que ocorre mais rápida e a maior parte das modificações no desenvolvimento. Os
braços passam a obedecer aos comandos do córtex cerebral. Primeiro a criança toma consciência
do movimento dos pés, das mãos e evolui com brincadeiras. A criança começa a diferenciar o dia
da noite e ganha agilidade para segurar objetos.

Ao primeiro ano de vida se iniciam os primeiros passos, e linguagem também começa a


evoluir por trocas sonoras até que a criança possa falar palavras com significado.

Segunda Infância: Pré- escolar (2 a 6 anos).

Aprimoramento das capacidades de comunicação, locomoção, manuseio de objetos e


execução de brincadeiras. É a época de descobrir o mundo ao seu redor, aos poucos formará
frases com sentido e a comunicação também evoluirá. A curiosidade de saber como nasceram e
diferença entre os sexos também é aparente nesta fase.

Período Escolar: (6 aos 10 anos).

Nessa fase há um importante avanço intelectual e de socialização, com aprimoramento


do raciocínio crítico e lógico. A criança se torna mais independente e adota sua posição frente à
família, escola e sociedade. Passa a compreender tendências e diferenças culturais e religiosas, por
exemplo. O conhecimento aumenta de forma exponencial, especialmente, pela aquisição da
leitura e escrita, que abre janelas infinitas para que a criança explore o mundo. As habilidades
motoras ficam refinadas, e por isso é um momento interessante para a prática de alguma
modalidade esportiva.

7.2.2 Desenvolvimento Motor

O quadro abaixo nos dá uma ideia de como pode ocorrer o desenvolvimento motor
normal da criança.

Fig.69: Desenvolvimento Motor Normal


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ETESES – Escola Técnica
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7.2.3 Desenvolvimento da Linguagem

A fala exige a estrutura e funções fisiológicas integras, incluindo a respiratória, a auditiva, e


a cerebral, além da inteligência e da necessidade de estimulação.

Fig.70: Desenvolvimento e Aprimoramento da Linguagem da Criança

AULA 8- IMUNIZAÇÕES DA CRIANÇA.

É indiscutível o relevante papel de prevenção e promoção que as imunizações


desempenham na saúde da criança e do adolescente. Poucas ações são tão fortemente
evidenciadas como capazes de proteger a saúde infantil e de impactar a incidência e a prevalência
de doenças na infância. As vacinas que são preconizadas pelo Calendário Básico de Vacinação da
Criança encontram-se disponíveis nas unidades básicas de saúde. O calendário poderá ser
complementado por outras vacinas, assim que forem surgindo novas necessidades.

8.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE AS PRINCIPAIS VACINAS DO CALENDÁRIO INFANTIL

Vacina BCG:

Vacina administrada em dose única que previne contra os tipos graves de tuberculose.
Administrar o mais precocemente possível, preferencialmente após o nascimento. Para os
prematuros com menos de 36 semanas, administrar a vacina depois que eles completarem 1 mês
de vida e atingirem 2kg. Para a criança HIV positiva, a vacina deve ser administrada ao nascimento
43
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ou o mais precocemente possível. Para as crianças HIV positivas ainda não vacinadas que chegam
aos serviços de saúde, a vacina está contraindicada.

Vacina Contra Hepatite B:

Previne a hepatite do tipo B, no RN é administrada em dose única, preferencialmente nas


primeiras 12 horas de nascimento ou na primeira visita da criança ao serviço de saúde.

Vacina Pentavalente:

Previne contra 5 doenças: difteria, tétano, coqueluche e Haemophilus influenza tipo B e


hepatite B. Administrada em 3 doses, aos 2, 4 e 6 meses, mais 2 reforços aos 15 meses e com 4
anos.

Vacina VIP (vacina inativada contra a poliomielite):

Forma injetável, que previne a poliomielite, oferecida em 2 doses, aos 2 e 4 meses.

Vacina VOP (vacina oral contra a poliomielite):

Forma oral, que previne a poliomielite, oferecida uma dose aos 6 meses e 2 reforços, um
com 15 meses e outro com 4 anos.

Vacina Pneumocóccica 10 (conjulgada):

Previne pneumonia, otite, meningite e outras doenças causadas pelo Pneumococo. No


primeiro semestre de vida da criança, administrar três doses, aos 2, 4 e 6 meses de idade do bebê
e um reforço aos 12 meses.

Vacina Rotavírus Humano:

Previne doenças diarreicas causadas pelo rotavírus. Administrar duas doses, aos 2 e 4
meses de idade.

Vacina Meningocócica C:

Previne a doença invasiva causada por Neisseria meningitidis do sorogrupo C. Administrar


duas doses, aos 3 e 5 meses de idade da criança, o reforço é recomendado os 15 meses de idade.

Vacina Contra a Febre amarela:

Previne a febre amarela. Administrar uma dose aos 9 meses de idade.

Vacina de Hepatite A:

Previne contra doença causada pelo vírus da hepatite A. Administrada em dose única, aos
12 meses.

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Vacina Tríplice Viral:

Vacina contra sarampo, caxumba e rubéola, administrar duas doses, a primeira aos 12
meses de idade e a segunda dose aos 4 anos.

8.2 CONTRAINDICAÇÕES GERAIS.

As vacinas de bactérias ou vírus vivos atenuados, como BCG, poliomielite, tríplice viral,
tetra viral, febre amarela, rotavírus e varicela, são contra indicadas:

 Imunodeficiência congênita ou adquirida;


 Acometidos de neoplasia maligna;
 Em tratamento com corticoides imunossupressores (2mg/kg/d);
 Situação de gravidez;
 Crianças que apresentem alergia a algum componente da vacina;
 Doença aguda febril, neste caso deve ser feito seu adiamento;
 Quadros graves de gastroenterite também devem ter a vacinação adiada.

8.3 FALSAS CONTRAINDICAÇÕES.

 Doenças benignas comuns, como resfriados, diarreia leve e doenças de pele;


 Desnutrição;
 Esquema de vacina contra raiva em andamento;
 Doença neurológica estável ou progressiva com sequela presente;
 Antecedente familiar de convulsão;
 Tratamento com corticoide inferior a duas semanas;
 Internação hospitalar;
 Prematuridade ou baixo peso.

AULA 09- SAÚDE DO ADOLESCENTE

A passagem da infância para a adolescência é um marco tão


importante quanto assustador, os hormônios estão em ebulição, o
corpo começa a se modificar, surgem as primeiras paixões, ocorre a
menarca, primeira menstruação que transforma a menina em
mulher e a primeira ejaculação dos meninos (espermaca),
normalmente no meio da noite.
Fig.71
Durante a adolescência ocorrem mudanças de ordem
emocional que são de extrema importância para o indivíduo, tais como o desenvolvimento da
autoestima e da autocrítica; questionamento dos valores dos pais e dos adultos em geral. Trata-se
de um período da existência em que o sujeito começa a interagir com o mundo externo de modo
mais autônomo sem, aparentemente, ter de assumir as responsabilidades da vida adulta.
Contudo, esta situação é de extrema ambivalência, visto que, se por um lado não lhe é exigido
assumir os compromissos da vida adulta, por outro, não lhe é permitido “comportar-se” como
uma criança. Na indecisão de como se conduzir, o adolescente se arrisca, oscilando entre condutas
de risco “calculado” decorrente de uma ação pensada – e do risco “insensato”, em que,

45
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

gratuitamente, se expõe, com grande chance de ocorrerem insucessos, podendo comprometer


sua saúde de forma irreversível.

Algumas vezes a população juvenil não está consciente de que necessita dos serviços de
saúde ou não sabe que estes serviços estão disponíveis. Às vezes nem percebe as situações de
risco que está passando e que poderia buscar ajuda para problemas como os ligados à saúde
sexual e reprodutiva, abuso sexual e físico, uso de drogas, violência/brigas, entre outros.

9.1 POLÍTICAS PÚBLICAS NA SAÚDE DO ADOLESCENTE

A década de 90 é considerada um marco histórico para as


políticas públicas para os adolescentes através da criação do
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O ECA, juntamente com
os ordenamentos jurídicos da Constituição Federal de 1988 e as Leis
Orgânicas de Saúde, proporcionou a criação e legitimação de um
novo paradigma e compreensão do adolescente na sociedade. Os
adolescentes passaram a ser considerados sujeitos sociais e
autônomos, devendo ser inseridos nas decisões do Estado.

Fig.72
O Programa governamental “Saúde do Adolescente” (PROSAD), instituído pela Portaria
do Ministério da Saúde, nº 980/GM em 21/12/1989, foi o primeiro programa criado para intervir
na prevenção de doenças e promoção da saúde de todos os adolescentes de idade entre 10 e 19
anos. Nasceu para atender aos novos direitos do adolescente à saúde instituídos pelo ECA, em
1990. Teve suas diretrizes e ações revisadas em 1996 e uma finalidade de promover, integrar,
apoiar e incentivar práticas em prevenção de doenças e promoção da saúde nos locais onde o
programa fosse implantado (estados, municípios, universidades, ONGs ou outras instituições).
Suas ações se concentravam nos aspectos promoção da saúde, identificação dos grupos de risco,
detecção precoce dos agravos, tratamento adequado e reabilitação dos indivíduos.

Com base nessas concepções, as atividades realizadas pelo programa buscavam


contemplar intervenções capazes de promover a saúde integral dos adolescentes através de ações
que incluíam diferentes áreas temáticas: o crescimento e o desenvolvimento, a sexualidade, a
saúde bucal, mental, reprodutiva e escolar, a prevenção de acidentes, a abordagem da violência e
dos maus-tratos, a família, o trabalho, a cultura, o esporte e o lazer. Estas ações deveriam ser
dirigidas e executadas por profissionais capacitados a prestar serviços de qualidade na promoção
de saúde dos adolescentes.

ANOTAÇÕES
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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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9.2 PROMOÇÃO DA SAÚDE E DIMINUIÇÃO DE AGRAVOS

9.2.1 Crescimento e Desenvolvimento do Adolescente

A Puberdade ocorre durante a fase da adolescência, representa duas das principais


modificações biológicas desse período: a maturação sexual e o estirão do crescimento. É
conhecida como a fase biológica de crescimento e desenvolvimento físico e psicológico.

O primeiro sinal de puberdade na menina é o aparecimento do broto mamário entre o 8º e


o 12º ano de vida. Ocorre, em seguida, o início da pilificação pubiana entre os 9 e 13,5 anos, sendo
completa por volta dos 16,5 anos. Após esse período ocorre a pilificação axilar. A menarca
acontece nas fases mais avançadas da maturação em torno dos 10 a 15 anos, cerca de 2 a 2 anos e
meio após o início da pilificação pubiana e 1 ano após o pico da velocidade de crescimento.

No sexo masculino, o primeiro sinal de puberdade é o aumento do volume testicular aos 9 anos e
meio. Posteriormente, há o aparecimento dos pelos pubianos e o aumento do volume do pênis.
Pelos axilares surgem 2 anos após o aparecimento dos pelos pubianos. A pilosidade facial aparece
após a axilar. Além da estatura, já mencionada anteriormente, há ainda na fase de crescimento
masculino aumento da massa muscular, que é mais acentuada que no sexo feminino, bem como
modificação na qualidade da voz.

Fig.73-74: Classificação de Tanner: Estágios da Puberdade

A ginecomastia no sexo masculino é normal durante a puberdade. Isto pode acontecer por
influência de diversos fatores, como, por exemplo, a obesidade, desordens endócrinas, a
puberdade ou o uso de certas drogas. Esse fato é importante de ser avaliado, pois podem ocorrer
doenças subjacentes a esse evento. Elas podem se iniciar antes ou depois da puberdade, bem
como pode aparecer na ausência dos caracteres sexuais secundários.

Dados como o uso de drogas (esteróides anabolizantes), medicações (bloqueadores H2,


psicotrópicos), síndrome de Klinefelter, doença tireoidiana e tumores podem ser esclarecedores
47
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como causa dessa manifestação. Caso não haja involução da mama, deve ser tratada
cirurgicamente, principalmente se trouxer problemas de ordem estética e psicossocial para o
adolescente. Aumentos maiores que 4 cm podem necessitar tratamento hormonal ou cirúrgico.

Quanto ao desenvolvimento progresso funcional relacionado ao corpo e à mente, são as


características do desenvolvimento psíquico-emocional. Foram agrupadas na “Síndrome da
Adolescência Normal (SAN)” e não tem nada de patológico nela. Ela é necessária para construção
da identidade (conhecimento de si mesmo), intimidade (capacidade de relacionar-se de forma
madura), integridade (capacidade de assumir os próprios atos com responsabilidade) e
independência do adolescente. Para buscar a identidade adulta, o adolescente deve passar por 3
grandes perdas: do corpo e da personalidade infantis e separação dos pais.

9.2.2 Necessidades Nutricionais e Transtornos Nutricionais

O bem-estar nutricional dos adolescentes é reflexo de realizações esperadas que levem à


maturidade no desenvolvimento, tanto pelo aspecto emocional quanto intelectual. Por isso é
muito importante conhecer e saber tratar e/ou encaminhar para tratamento os transtornos
alimentares, em especial na faixa etária estudada.

O estágio de maturidade física e a idade são determinantes para se prescrever as


quantidades necessárias nutricionais. Dessa forma deve-se projetar uma dieta individualizada que
mantenha a saúde, promova o crescimento ótimo e a maturação, suportando também, o nível de
atividade física desejável. Porém a vida moderna trás como consequência refeições irregulares e
lanches, como fast-foods. E a mídia exerce forte influência no que tange os padrões estabelecidos
e preconizados por uma sociedade. Como resultado ocorre inadequações nutricionais. Nesse
âmbito, tratamos como principais transtornos alimentares: a Anorexia Nervosa, a Bulimia Nervosa,
a Obesidade e, o mais recente, a Vigorexia.

Fig.75: Vigorexia

Anorexia Nervosa é uma doença caracterizada por uma recusa em manter um peso
corporal minimamente normal ou por um medo intenso de ganhar peso, podendo ser
caracterizada também por imagem corporal distorcida.

Bulimia Nervosa é uma enfermidade caracterizada por repetidos episódios de ingestão


excessiva de alimentos seguidos de métodos compensatórios impróprios como purgação,
incluindo vômitos autoinduzidos ou uso errôneo de laxantes, diuréticos ou enemas, ou não
purgação, incluindo jejum ou empenhar-se excessivamente em exercícios.
48
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Vigorexia é caracterizada pela distorção da imagem corporal, sendo um distúrbio


significativo na percepção da forma ou do tamanho corporal, em que o indivíduo objetiva sempre
um aumento da sua massa muscular.

Já a Obesidade é caracterizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma


doença e é verificada quando o indivíduo possui seu índice de massa corporal (IMC) igual ou
superior a trinta.

9.2.3 Imunizações na Adolescência

Embora muitos adolescentes estejam


susceptíveis às várias doenças para as quais as
vacinas são muito eficientes, poucos autores
demonstram preocupação com a imunização nessa
segunda década da vida.

Na família e no serviço de saúde prevalece o


entendimento de que as vacinas se destinam apenas
as crianças. Quando acometida por doença
infecciosa, a criança traz preocupação à família, ao
médico e terá o afastamento temporário da
recreação. Já o adolescente, afetado pela doença,
terá como consequência o desligamento provisório
de suas atividades estudantis e/ou profissionais,
além da dificuldade em se conseguir que mantenha
repouso e obedeça às prescrições, tendo em vista
que se pode encontrar uma natural rebeldia do
jovem. Fig.76: Cartão de Saúde do Adolescente

A necessidade de averiguar sobre as vacinas que o jovem recebeu, deve estar sempre na
ação primária. Quando o adolescente estiver com esquema vacinal incompleto ou não recebeu
nenhuma vacina, é importante que receba as vacinas indicadas para a sua idade.

 HPV: está disponível para meninos de 11 aos 15 anos e para meninas até 15 anos, a vacina
possui duas doses com intervalo de 6 meses entre elas;
 Meningocócica C: para os adolescentes, é disponibilizada uma dose dos 11 aos 14 anos;
 Triplice viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela): duas doses dependendo da situação
vacinal.
 Dupla adulto: oferecida 3 doses ou reforço a cada 10 anos dependendo da situação vacinal.
 Hepatite B: disponível 3 doses a depender da situação vacinal.

ANOTAÇÕES
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________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
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9.2.4 Sexualidade

Sexualidade e adolescência são duas palavras que, quando


estão juntas, geram muita preocupação na nossa sociedade,
sobretudo nos pais dos/as jovens. As mensagens veiculadas pelos
meios de comunicação social, o início precoce da vida sexual e a
“desvalorização” da adolescência enquanto etapa de crescente
maturidade contribuem de forma negativa para a associação entre
esta fase e a experimentação sexual. Fig.77

Contudo, há que ter em conta que os seres humanos são seres sexuados. A sexualidade e o
desejo estão presentes em cada um de nós desde que nascemos até que morremos, embora
evoluam e se modifiquem em cada idade e em cada indivíduo, incluindo crianças e adolescentes.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define “saúde sexual” como “a integração dos
elementos somáticos, emocionais, intelectuais e sociais do ser sexual por meios que sejam
positivamente enriquecedores e que potenciem a personalidade, a comunicação e o amor” (OMS,
1975). Desta forma, a mensagem sobre sexualidade que a sociedade deveria transmitir aos jovens
deveria ser a de uma vivência feliz e satisfatória, respeitadora da individualidade de cada um.

Para que os adolescentes sejam sexualmente responsáveis e felizes precisam, então, do


apoio e da orientação isenta de julgamentos dos adultos. Precisam que sejam colocados ao seu
alcance os conhecimentos e meios que os ajudem a crescer e a amadurecer emocional e
sexualmente. Os estudos realizados mostram-nos que a educação e aconselhamento sexual
conduzem a um início mais tardio da vida sexual, a uma maior utilização de contraceptivos, a um
menor número de parceiros, a uma menor probabilidade de gravidez precoce e a um maior
conhecimento sobre Doenças Sexualmente Transmissíveis e noções de fertilidade.

Assim, está nas mãos de pais e educadores capacitar os/as adolescentes e jovens para que
assumam as suas próprias responsabilidades e atuem em conformidade, dando resposta às suas
necessidades e procurando a sua resolução. É desta forma que se torna mais fácil ajudar e apoiar a
população jovem, pois aumentando o seu grau de autonomia ajudamo-los a crescer e a tornarem-
se capazes de tomar decisões sobre o que querem fazer.

AILA 10 - O CONTEXTO PSICOSOCIAL DO ADOLESCENTE

10.1 INTERAÇÃO ENTRE FAMÍLIA E ADOLESCENTE

Os conflitos entre os adolescentes e seus pais são questões tão antigas quanto à existência
do homem. O jovem, na busca pela sua independência, entra em combate com os seus
responsáveis que, por sua vez, não conseguem lidar com isso de uma forma satisfatória e madura.
Na adolescência, a dinâmica familiar começa a mudar, pois os jovens começam a ter vontade
própria e mais recursos pessoais para executá-la. Assuntos que antes interessavam as crianças
passam a ser desinteressantes quando elas se tornam jovens. Alguns amigos continuam legais e
outros se tornam chatos, o que os seus pais lhes dizem já não merecem tanta atenção, parecendo
tedioso e repetitivo.

50
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

Tudo isso pode ser explicado pelo fato do ambiente em que os adolescentes vivem se
relacionar de forma diferente com eles. Há um novo tipo de troca que se estabelece entre ele e o
mundo à sua volta, incluindo a sua família.

Quando criança, os pais são encarados como um ponto de referência, um porto seguro,
repleto de equilíbrio e calmaria. Na adolescência, os pais passam a ser vistos de maneira diferente;
o adolescente passa a questionar as normas dentro de sua casa, tenta escolher o seu próprio
caminho, estabelece vínculos com pessoas que não são da família, e não aceita o que os pais
julgam ser o melhor para ele.

Fig.78:

Nem sempre os pais aceitam esse comportamento dos filhos, pois sentem muita
dificuldade em relação a essa perda aparente de autoridade. Também para esses pais, aceitar o
crescimento dos filhos é reconhecer o seu próprio envelhecimento, e isso, muitas vezes, torna-se
extremamente complicado para eles.

Quando um dos lados, ou seja, os pais ou o adolescente tentam impor modificações ou


uma paralisação do outro, o relacionamento fatalmente entra em crise. Há pais, por exemplo, que
foram exemplares quando seus filhos eram crianças, e que não conseguem serem os mesmos após
os filhos se tornarem adolescentes.

A questão da proteção que os pais insistem em exercer sobre seus filhos adolescentes
pode ser considerada uma das situações mais conflitantes no relacionamento entre pais e filhos.
Quando os adolescentes se sentem autônomos, a proteção dos pais pode gerar revolta, invasão à
privacidade, e cerceamento (Limitação, restrição) de escolhas, por se sentirem tratados ainda
como crianças.

Ser pai de um adolescente é ajudá-lo quando ele solicita. Isso não significa que o pai tenha
que ficar imóvel quando o filho está tomando decisões que poderão colocar em risco sua própria
integridade física, moral ou psicológica. A forma como o pai irá intervir nessa situação é que faz a
grande diferença.

Na sua família, o adolescente também modifica o relacionamento com os seus irmãos,


buscando o seu espaço geográfico e social. As discussões tornam-se mais frequentes,
independente da diferença de idade e, quando os pais interferem nas brigas, raramente ocorre
uma satisfação de todos.

Os pais têm características pessoais que vão se refletir no comportamento em relação a


cada um dos seus filhos. Para que as características dos pais reflitam de forma positiva, torna-se
necessário o afeto, a compreensão e o não fechamento das posições rígidas, assim, a convivência
poderá ser prazerosa e saudável.
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ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

10.2 PREVENÇÃO DE VIOLÊNCIA E ACIDENTES

A cada 7 minutos uma criança ou um


adolescente, entre 10 e 19 anos de idade, morre em
algum lugar do mundo, vítima de homicídio ou de
alguma forma de conflito armado ou violência
coletiva. Somente em 2015, a violência vitimou
mais de 82 mil meninos e meninas nessa faixa
etária. Os dados são do relatório “Um Rosto
Familiar: A Violência na Vida de Crianças e
Adolescentes”, lançado pelo Fundo das Nações
Unidas para a Infância (Unicef). Fig.79

Vários fatores individuais são vinculados a


um aumento do risco de homicídio, incluindo a raça.
No Brasil, em 2014, a taxa de homicídios entre
adolescentes homens negros foi quase três vezes
maior que entre os brancos. Segundo o relatório,
entretanto, esses adolescentes tendem a viver em
comunidades com níveis mais elevados de homicídio, com desigualdade social e de renda,
disponibilidade de armas, presença de tráfico de drogas, uso generalizado de drogas e álcool, falta
de oportunidades de emprego e com desorganização e segregação urbana.

O documento do Unicef traz uma análise detalhada das mais diversas formas de violência
sofridas por crianças e adolescentes em todo o mundo: violência disciplinar e violência doméstica
na primeira infância; violência na escola – incluindo bullying; violência sexual; e mortes violentas
de crianças e adolescentes. Segundo o relatório, todas as formas de violência vivenciadas por
meninas e meninos, independentemente da natureza ou gravidade do ato, são prejudiciais.

O relatório também faz uma análise sobre mortes de adolescentes em decorrência de


violência coletiva ou conflitos armados. Além de morrer no fogo cruzado, os adolescentes desses
locais vivem o risco de trauma psicológico ou emocional de ser recrutado ou usado por forças ou
grupos armados. Em 2015, foram cerca de 31 mil mortes de crianças e adolescentes de 10 a 19
anos nesse tipo de contexto de violência.

Uma vez que as crianças entram na escola, amizades e interações com colegas assumem
um papel cada vez mais importante em suas vidas. Esses relacionamentos têm o potencial de
contribuir para o bem-estar e capacidade de socialização de uma criança, mas também estão
associados à exposição a novas formas de vitimização. Metade da população de crianças em idade
escolar – 732 milhões – vive em países onde o castigo corporal na escola não está totalmente
proibido. Além disso, em todo o mundo, cerca de 130 milhões (mais de um em cada três)
estudantes entre 13 e 15 anos sofrem bullying regularmente. No Brasil, 43% de meninos e
meninas do 6º ano (11 e 12 anos) disseram que sofreram bullying nos últimos meses. Segundo
relatório, e eles foram roubados, insultados, ameaçados, agredidos fisicamente ou maltratados.
Fig. 79

A violência sexual contra crianças ocorre em países de todos os níveis de desenvolvimento


e renda e pode afetar crianças de todas as idades e em diferentes contextos. Ambos, os meninos e

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ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

as meninas, podem ser alvo de violência sexual, mas as meninas, geralmente, estão em maior
risco.

De acordo com o relatório do Unicef, em todo o mundo, cerca de 15 milhões de


adolescentes meninas, de 15 a 19 anos, foram vítimas de relações sexuais ou outros atos sexuais
forçados; 9 milhões delas foram vítimas no último ano. Dados de 28 países indicam que 90% das
adolescentes vítimas disseram que o autor da primeira violação era alguém próximo ou conhecido.
E apenas 1% das que sofreram violência sexual disseram que buscaram ajuda profissional.

De acordo com o relatório, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável reconhece


a erradicação da violência contra crianças e adolescentes como componente-chave do
desenvolvimento sustentável. Os principais fatores que contribuem para que essa violência
aconteça incluem desigualdades econômicas e sociais agudas, normas sociais e culturais que
toleram a violência, falta de políticas e legislação adequadas, serviços insuficientes para as vítimas
e investimentos limitados para prevenir e responder à violência.

Para superar esse quadro, o Unicef insta os governos a que tomem medidas urgentes,
como fortalecer os marcos legais e políticos, melhorar os serviços de atenção às vítimas e
estabelecer planos nacionais para reduzir a violência contra as crianças e os adolescentes.

AULA 11 - HOSPITALIZAÇÃO INFANTIL

A hospitalização da criança é um fenômeno


traumatizante, pois a mesma vivencia situações de
medo e angustia pelo afastamento do seu ambiente
familiar, do convívio com as pessoas queridas e de suas
atividades diárias. Humanizar o ambiente pediátrico
durante a internação é de suma importância, e a
inserção da família no cuidado em pediatria favorece ao
cuidado mais humano.

Fig.80: Hospital Infantil

A presença dos pais ou responsáveis traz para a criança segurança, desta forma, o cuidar
em pediatria deve estar voltado não só para a criança, mas considerar a mesma e seu familiar
como clientes, sendo assim o profissional deve estar atento para os sentimentos enfrentados
pelos familiares durante a fase da hospitalização.

O acompanhante é uma pessoa significativa para a criança, sendo um representante de sua


rede social que vai acompanhá-lo durante a permanência no ambiente hospitalar.

A importância do relacionamento humanizado no âmbito hospitalar com o familiar da


criança permite um olhar decisivo para a assistência, trazendo e inserindo uma nova forma de
cuidado para a criança com a participação intensa da família estabelecendo vínculos entre o
profissional-criança-família.

53
ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

A atuação da enfermagem no cuidado centrado na família na unidade ainda é um grande


desafio, pois apesar da mesma reconhecer a importância da presença dos pais e o direito de
permanecerem ao lado de seus filhos nem sempre essas mudanças são reconhecidas e aceitas
pelos profissionais.

“O Estatuto da criança e o adolescente, em seu artigo 12º preconiza que os


estabelecimentos de saúde devem proporcionar condições para a permanência de um dos pais ou
responsável, em tempo integral, nos casos de internação da criança ou adolescente”.

11.1 A DOENÇA E O IMPACTO NA CRIANÇA E NA FAMÍLIA

A doença além de afetar a criança modificando sua rotina, atinge todas as pessoas que
convive com a criança. Durante o cuidar da criança hospitalizada, a família vivência situações de
dor e angústia seja pelo desconhecimento da doença e tratamento, ou de como essa criança ficará
no futuro.

A doença crônica afeta não só a criança, mas também as relações sociais dentro da família
e sua rotina, que passa a ser permeada por constantes visitas a profissionais de saúde, medicações
e hospitalizações e atinge todas as pessoas que convivem com a criança.

O profissional que se propõe ao cuidado deve estabelecer vínculos de interação e


relacionamento com a família, visto que o impacto causador da doença, a hospitalização, os
procedimentos dolorosos, o ambiente desconhecido e longe do lar, entre outros, desperta
momentos geradores de stress a estes, tornando traumático o período hospitalar.

Durante a hospitalização da criança todo o sistema familiar é afetado, a família tenta


proteger a criança das experiências dolorosas, onde a mesma enfrenta novas formas de
organização e requerem o desenvolvimento de habilidades em lidar com as pressões, as
ansiedades, as dificuldades e as incertezas existentes ao ter a vida familiar dividida entre a casa e o
hospital, bem como para a promoção e a manutenção do bem-estar do sistema familiar.

Compartilhar o cuidado com a família permite a participação intensa da mesma, gerando


um ambiente além dos limites terapêuticos.

O cuidado prestado pela família difere devido ao forte componente emocional e afetivo,
não sendo prioridades as técnicas e procedimentos, como ocorre com a equipe de saúde que
assiste a criança doente e hospitalizada.

11.2 O CUIDADO DE ENFERMAGEM CENTRADO NA FAMÍLIA

A presença dos pais durante a internação da criança minimiza o sofrimento, tendo a família
como referencia o período em que ela precisa do tratamento se torna menos árduo. O cuidar em
pediatria deve estar vinculado à família para a satisfação das necessidades apresentadas por esse
pequeno ser e requer do profissional o desenvolvimento de atitudes e sentimentos de
sensibilidade.

O profissional de enfermagem precisa estar disposto a esse novo modelo de cuidar em


pediatria, estando atento para interagir nos momentos em que o impacto da doença provoque
situações de conflito, compreendendo e confortando.
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ETESES – Escola Técnica
Enfermagem em Saúde da Criança

Observamos que apesar da grande preocupação nas unidades pediátricas com a interação
entre familiares e profissionais, o despreparo em relação ao cuidar centrado na família ainda é
muito evidente.

O cuidado de enfermagem em pediatria deve ser compartilhado com a família, de modo


que o mesmo participe dos cuidados de seus filhos, o que solidifica a parceria entre as mães e a
enfermagem.

11.3 RECURSOS LÚDICOS NA ASSISTENCIA À SAUDE DA CRIANÇA

11.3.1 Técnica do Brinquedo Terapêutico

O brinquedo terapêutico é um brinquedo estruturado para a criança aliviar a ansiedade


causada por experiências atípicas para a idade, que costumam ser ameaçadoras e requerem mais
do que recreação para resolver a angústia associada. Deve ser utilizado sempre que a criança tiver
dificuldade em compreender ou lidar com uma experiência difícil, ou ainda, necessitar ser
preparada para procedimentos invasivos e/ou dolorosos.

Ele pode ser classificado em:

 Dramático: que tem a finalidade de permitir à criança revelar experiências que tem
dificuldade de verbalizar, a fim de aliviar tensão, expressar sentimentos, necessidades e
medos;
 Capacitador de funções fisiológicas: utilizado para capacitar a criança para o autocuidado,
de acordo com o seu desenvolvimento, condições físicas e prepará-la para aceitar a sua
nova condição de vida;
 Instrucional: indicado para preparar e informar a criança dos procedimentos terapêuticos a
que será submetida, a fim de envolvê-la na situação e facilitar sua compreensão a respeito
do procedimento a ser realizado.

Acredita-se que, por meio da exploração do brinquedo, a criança adquire conhecimentos


para manipular os objetos e construir diferentes conceitos, além de estimular o raciocínio lógico
para criar estórias, conversar e dramatizar sobre o objeto manipulado.

Fig.81-82: Brinquedos Terapêuticos

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ETESES – Escola Técnica
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11.3.2 Brinquedoteca

A criança hospitalizada tem um sofrimento físico e


emocional, pode estar correndo risco de vida ou ter que
passar por algum procedimento cirúrgico. Na
brinquedoteca a dor e o sofrimento podem ser aliviados
através da atenção, carinho, diversão, distração, elevação
da autoestima e esperança de voltar a sua vida normal.
Como o paciente foi afastado de suas atividades escolares
seu aprendizado pode ser prejudicado, na brinquedoteca
é possível estimular o desenvolvimento cognitivo.

Fig.83:Brinquedoteca

A brinquedoteca hospitalar é um espaço onde as


crianças aprendem a dividir brinquedos, histórias, emoções, alegrias e tristezas sobre a condição
de hospitalização. Proporcionando distração por meio da disponibilização de recursos lúdicos,
prepara a criança para as situações novas e possibilita a manutenção e progressão do seu
desenvolvimento normal.

A brinquedoteca se constitui em um espaço que favorece a brincadeira, onde as crianças


brincam livremente, com todo o estímulo à manifestação de suas potencialidades e necessidades
lúdicas, com brinquedos, jogos variados e diversos materiais que promovam a sua criatividade.

AULA 12 - AVALIAÇÃO DA DOR EM PEDIATRIA

A dor é hoje considerada um sinal vital (quinto sinal vital) tão importante quanto os outros
sinais (pressão, temperatura, frequências cardíaca e respiratória) e deve sempre ser avaliada. O
desenvolvimento dos componentes neuroanatômicos, fisiológicos e neuroquímicos necessários
para o processamento da sensação dolorosa ocorrem desde o início da gestação. Acredita-se que
a partir da 24° semana de gestação é possível identificar neurônios e vias suficientes para que
ocorra apreciação do estímulo doloroso no tronco encefálico.

Para assegurar tratamento adequado da dor na pediatria e para evitar ao máximo a


subjetividade, a avaliação da dor por algum método deve ser usada regular e sistematicamente, e
não somente “conforme necessário”, quando um profissional de saúde achar que uma criança
pode estar com dor. Diante disto, alguns métodos para avaliação da dor em pediatria foram
desenvolvidos e podem ser utilizados.

ANOTAÇÕES
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Enfermagem em Saúde da Criança

12.1 MÉTODO DO AUTORRELATO

Fig.84: Escala de Faces (Diferentes Expressões do Cebolinha Aplicadas para os Meninos e da Mônica para as
Meninas)
Neste método a criança fica responsável por dizer como é a intensidade da dor percebida,
porém a sua aplicação depende da capacidade cognitiva de cada criança, e depende da fase do
desenvolvimento em que ela se encontra.

Desta forma, para crianças entre dois e quatro anos são utilizadas principalmente formas
lúdicas que incentivam o autorrelato da dor sentida, através de jogos, desenhos e brincadeiras.

Entre quatro e cinco anos, uma metodologia de avaliação de dor muito eficiente é a das
Quatro Batatinhas Fritas. Consiste em pedir que a criança diga quantas batatinhas de dor ela está
sentindo: uma batatinha dói só um pouquinho; duas batatinhas dói um pouco mais; três
batatinhas dói muito; quatro batatinhas dói muito, muito mesmo.

Para crianças de 5 anos ou mais, desenhos e representações de faces de dor parecem ser
os melhores método de avaliação da intensidade da dor.

Crianças de 6, 7 anos, além das escalas de faces, já podem usar escalas de palavras, tais
como: sem dor, dor fraca, média, forte, a pior possível; escalas numéricas de 0 a 10 ou de 0 a 100
também podem ser utilizadas.

12.2 MÉTODO DAS MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS

Esse método consiste na avaliação das frequências respiratória e cardíaca, pressão arterial,
sudorese, pressão parcial de oxigênio e gás carbônico, níveis de cortisol e de endorfinas
circulantes.

É importante enfatizar que essas alterações são bem evidenciadas nas dores agudas, não
ocorrendo nas dores crônicas, bem como não se relacionam exclusivamente com a presença de
dor, podendo estar presentes em função da ansiedade, fome ou por causa de alguma outra
condição clínica. Por outro lado, a avaliação e a mensuração da dor em bebês e crianças pré-
verbais são extremamente difíceis de serem feitas. Assim, as alterações nesses parâmetros
biológicos, juntamente com a observação de alterações comportamentais, são as formas mais
amplamente utilizadas de avaliação de dor nesses casos.
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12.3 MÉTODO COMPORTAMENTAL

Consiste na observação da magnitude,


duração e/ou frequência da vocalização (choro ou
gemidos), de expressões faciais de sofrimento,
movimentos e posturas do corpo e de seus
segmentos (duração da permanência na posição
reclinada, sentada ou ortostática), de posições,
atividades de vida diária e devida prática (sono,
alimentação, movimentação, recreação) e do
estado de humor.
Fig.85

Nos recém-nascidos e lactentes (fase pré-verbal), a expressão facial é considerada o padrão


ouro na avaliação da dor, o choro também é usado como indicadores do comportamento de dor.

Ainda, às vezes, a criança não quer falar sobre sua dor, podendo até mesmo tentar
escondê-la, por medo de que o tratamento seja pior do que a própria dor (tomar injeção, por
exemplo). Nessas ocasiões, os pais são os melhores juízes para observar pequenas alterações
comportamentais, mais difíceis de serem escondidas e que possam sugerir a presença de uma dor
que mereça cuidados clínicos.

12.4 MANEJO DA DOR

Após a utilização de um ou mais métodos combinados para


avaliação da dor, intervenções devem ser adotadas para atenuar a
dor e eliminar suas causas.

Dentre as intervenções podem ser utilizados recursos


farmacológicos como, analgésicos anti-inflamatórios não esteroides,
os analgésicos opióides, os analgésicos adjuvantes, a analgesia local
e regional e a anestesia geral.

Fig.86 Podemos ainda contar com estratégias não farmacológicas


como, técnicas de relaxamento, a estimulação cutânea (massagem) tem o propósito de aliviar a
dor por promover relaxamento e distração, além de ativar mecanismos inibitórios da dor. A
aplicação de calor, frio e a estimulação elétrica transcutânea, são outras formas de estimulação
cutânea, o calor superficial (compressas, hidroterapia, bolsas térmicas), de acordo com o tempo
de aplicação e a sua intensidade, produz efeitos a nível local,
regional ou geral.
Fig.87
Uma das técnicas muito importantes para todas as crianças,
mais em particular para as crianças menores, é o toque
terapêutico, porque estas crianças conhecem o mundo através do
tocar e do olhar. Ainda para esse grupo de crianças, outras
estratégias não farmacológicas são a sucção não nutritiva e a água
com o açúcar. O uso da chupeta inibe a hiperatividade e modula o
desconforto, e a solução glicosada diminui o tempo de choro e
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atenua a mímica facial de dor, através da liberação de endorfinas


endógenas.

Outra proposta terapêutica para o alívio da dor é a


musicoterapia. Essa técnica ajuda diminuindo o estresse e a tensão
e induz ao relaxamento, ativa a produção de endorfinas endógenas,
permitindo a fuga para um universo sem dor, sob o abrigo da
imaginação.

Fig.88: Musicoterapia

AULA 13 - ATENÇÃO INTEGRADA ÀS DOENÇAS PREVALENTES NA INFÂNCIA- AIDPI

A Estratégia de Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI Criança) tem


por objetivo diminuir a morbidade e a mortalidade de crianças entre 2 meses a 5 anos de idade,
por meio da melhoria da qualidade da atenção prestada à criança por profissionais de
saúde, em especial na Atenção Básica à Saúde. Caracteriza-se pela consideração simultânea e
integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância .

As condutas preconizadas pela AIDPI incorporam todas as normas do Ministério da Saúde


relativas à promoção, à prevenção e ao tratamento dos problemas infantis mais frequentes, como
aqueles relacionados ao aleitamento materno, à promoção de alimentação saudável, ao
crescimento e desenvolvimento, à imunização, assim como o controle dos agravos à saúde, tais
como: desnutrição, doenças diarreicas, infecções respiratórias agudas e malária, entre outros. A
operacionalização dessa estratégia vem sendo efetivada principalmente pelas equipes de Saúde
da Família (ESF) e disseminada em todo território nacional.

13.1 DESNUTRIÇÃO E OBESIDADE INFANTIL

13.1.1 Desnutrição Infantil

Apesar de o direito inalienável de todo ser humano de não padecer de fome e desnutrição
ter sido reafirmado sucessivamente em conferências dos países membros das Nações Unidas em
1948 (Declaração Universal dos Direitos Humanos), em 1974 (Conferência Mundial de
Alimentação das Nações Unidas), em 1978 (Pacto Internacional de Direitos Econômicos e
Declaração da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre “Saúde para todos no ano 2000”, em
1989 (Convenção sobre os Direitos da Criança), e mais recentemente promovida pela OMS como
sendo um direito humano, a desnutrição infantil continua a ser um dos problemas mais
importantes de saúde pública do mundo atual, devido a sua magnitude e consequências
desastrosas para o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência das crianças.

A desnutrição é um conjunto de condições patológicas em decorrência da deficiência


concomitante de calorias e de proteínas mais comuns nas fases de lactente e pré-escolar,
podendo estar associada a infecções e a outros déficiits nutricionais.

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ETESES – Escola Técnica
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São inúmeras as consequências que a desnutrição traz ao organismo humano, sendo os


principais a fadiga, irritabilidade e letargia, porém os sintomas mais específicos variam de acordo
com o tipo de desnutrição. Sugere-se que as diferenças na etiologia variam de acordo com as
áreas geográficas, tipo de comida, idade, ausência ou presença de algumas infecções, entre
outros.

Situações de risco para desnutrição


 Privação socioeconômica;
 Desnutrição materna;
 Desmame precoce;
 Baixo peso ao nascer;
 Gemelaridade;
 Internações hospitalares repetidas;
 Outros casos de desnutrição na família;
 Irmão falecido antes de 5 anos de idade;
 Episódios repetidos de diarréia nos primeiros meses
de vida;
 Ganho de peso inferior a 500g por mês no primeiro
trimestre;
 Ganho de peso inferior a 250g por mês no segundo
trimestre;
 Baixa escolaridade materna;
 Fraco vínculo mãe-fi lho;
 História de maus-tratos na família.
Fig.16:
Um dos tipos de desnutrição existentes é a energético-proteica (DEP), uma síndrome que
envolve várias doenças, em que cada uma é derivada da falta de um ou mais nutrientes
específicos como, por exemplo, cálcio, iodo e ferro; fazendo assim com que haja um desequilíbrio
celular entre o fornecimento de nutrientes e energia em relação a demanda corporal que assegura
o crescimento, manutenção e funções específicas.

Existem três tipos principais de alterações dietéticas, são elas:

 Desnutrição calórica total, mais conhecida como fome, ou seja, diminuição da quantidade
total de alimentos. Em níveis severos foi denominada marasmo.
 Alteração da qualidade da dieta, modificando a composição dos alimentos ingeridos. Pode
provocar um tipo de desnutrição severa chamada kwashiorkor.
 Obesidade caracterizada pelo aumento da quantidade da ingestão de alimentos
necessários ao funcionamento normal do organismo. Fig.89: Marasmo

O marasmo é caracterizado como a perda de massa


muscular e a depleção do conteúdo corporal de lipídeos. É a
forma mais comum de desnutrição proteico-energética e é
causada pela ingestão inadequada de nutrientes, especialmente
de carboidratos. Essas crianças demonstram, classicamente,
constipação grave e são extremamente famintas quando no início
da realimentação. O exame físico vai mostrar: peso e altura
diminuídos para a idade, aparência de fraqueza, bradicardia,
hipotensão, hipotermia, pele seca e fina, dobras cutâneas

60
ETESES – Escola Técnica
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redundantes por perda do panículo adiposo, cabelo fino e esparso, de queda fácil.

O Kwashiorkor é caracterizado por atrofia muscular


marcante, com gordura corporal total normal ou aumentada. Tem
como causa a ingestão inadequada de proteínas, com conteúdo
razoável a bom de calorias totais ingeridas. A anorexia é quase
universal. Os achados de exame físico incluem: peso e altura
normal ou quase normal para a idade; anasarca; fascies em lua,
edema com cacifo das extremidades e periorbital, lembrando a
síndrome nefrótica; pele seca, fina, descamativa, cabelo seco,
hipopigmentado, de queda fácil; hepatomegalia (por esteatose
hepática); abdome distendido, com alças intestinais dilatadas.
Fig.90: Kwashiorkor

O tratamento da desnutrição envolve o diagnóstico preciso e rápido, o uso adequado de


medicamentos e a terapia nutricional. Este tratamento clínico é preconizado pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), sendo dividido em três fases: Período de Estabilização; Etapa de
Reabilitação e Acompanhamento Ambulatorial.

Fase 1: paciente desnutrido deve ser considerado imunodeficiente, devido as


características fisiopatológicas, e não tolera administração de grandes volumes, sendo necessária
a reposição de macronutrientes. A terapia nutricional deve ser adequada às necessidades
energéticas de macro e micronutrientes, devendo-se considerar o nível de estresse de cada
criança. O objetivo não deve ser somente a recuperação nutricional da criança, mas a estabilização
clínico-metabólica.

Fase 2: nesta fase a criança encontra-se em estabilidade clínica e pode ser iniciada a
reabilitação nutricional com objetivo da recuperação pôndero-estatural, que consiste em oferecer
alimentação adequada e estimulo motor e emocional.

Fase 3: acompanhamento em Unidades de Saúde (US) para prevenir recaídas e assegurar a


continuidade do tratamento.

13.1.2 Obesidade Infantil

A obesidade não é mais apenas um problema estético,


que incomoda por causa da “zoação” dos colegas. O excesso
de peso pode provocar o surgimento de vários problemas de
saúde como diabetes, problemas cardíacos e a má formação
do esqueleto. Cerca de 15% das crianças e 8% dos
adolescentes sofrem de problemas de obesidade, e oito em
cada dez adolescentes continuam obesos na fase adulta.

Fig.91:

As crianças em geral ganham peso com facilidade


devido a fatores tais como: hábitos alimentares errados,
inclinação genética, estilo de vida sedentário, distúrbios psicológicos, problemas na convivência
familiar entre outros.
61
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FAs pessoas dizem que crianças obesas ingerem grande quantidade de comida. Esta afirmativa
nem sempre é verdadeira, pois em geral as crianças obesas usam alimentos de alto valor calórico
que não precisa ser em grande quantidade para causar o aumento de peso.
Os famosos sanduíches (hambúrguer, misto-quente, cheesburguer, etc.) que as mamães
adoram preparar para o lanche dos seus filhos, as batatas fritas, são os verdadeiros vilões da
alimentação infantil, vindo de encontro ao pessoal da equipe de saúde que condenam estes
alimentos expondo os perigos da má alimentação aos pais onde alguns ainda pensam que criança
saudável é criança gorda. As crianças costumam também a imitar os pais em tudo que eles fazem,
assim sendo se os pais têm hábitos alimentares errados, acaba induzindo seus filhos a se
alimentarem do mesmo jeito.

A vida sedentária facilitada pelos avanços tecnológicos (computadores, televisão,


videogames, etc.), faz com que as crianças não precisem se esforçar fisicamente, e ainda passam
horas paradas em frente a uma tv ou outro equipamento eletrônico e quase sempre com um
pacote de biscoito ou um sanduíche regado a refrigerantes.

Algumas ações podem ser tomadas para evitar esse tipo de transtorno:

 Seguir uma alimentação balanceada, rica em frutas, legumes e verduras;


 Respeitar os horários das refeições e não beliscar guloseimas entre um intervalo e outro;
 Evitar alimentos gordurosos, como doces, frituras e refrigerantes;
 Praticar atividades físicas seja esporte no colégio ou academia, desde que seja orientado
por um profissional;
 Beba bastante água, pelo menos 2 litros por dia. A água é importantíssima no bom
desempenho das funções do organismo. Principalmente para quem pratica atividades
físicas, pois mantém o corpo sempre hidratado.

Consequências da Obesidade Infantil.

Fig.92: Consequências da Má-alimentação

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A obesidade infantil é um problema grave e deve ser encarado com cuidado. Deve-se
procurar ajuda médica, pois as causas da obesidade podem ter diversas origens desde hábitos
irregulares até fatores genéticos e hormonais. Quanto mais cedo for tratado, maiores são as
chances de cura e evita doenças no futuro.

13.2 DOENÇAS GASTROINTESTINAIS EM CRIANÇAS

A doença diarreica aguda é uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil
nos países em desenvolvimento e um dos fatores que mais contribui para o agravamento do
estado nutricional das crianças.

Na Região Nordeste, onde o problema assume maior magnitude, o risco de morte por
diarreia em crianças menores de cinco anos é cerca de 4 a 5 vezes maior que na Região Sul,
representando cerca de 30% do total das mortes durante o 1º ano de vida.

A diarreia pode ser definida pela ocorrência de três ou mais evacuações amolecidas ou
líquidas nas últimas 24 horas. A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos
parâmetros mais considerados. Na diarreia aguda ocorre desequilíbrio entre a absorção e a
secreção de líquidos e eletrólitos e é um quadro autolimitado.

Diarreia aguda é uma doença caracterizada pela perda de água e eletrólitos, que resulta no
aumento do volume e da frequência das evacuações e diminuição da consistência das fezes,
apresentando algumas vezes muco e sangue (disenteria). A maioria dos episódios de diarreia
aguda é provocada por um agente infeccioso como bactérias (Escherichia coli, Salmonela, Shigela
dysenteriae), Vírus (Astrovírus, Norovírus, Rotavírus) e Parasitas (Entamoeba histolytica, Giardia
lamblia), o seu tempo de duração é de no máximo 14 dias.

13.2.1 Terapia de Reidratação Oral – TRO

O uso da TRO é fundamentado no melhor conhecimento da


fisiopatologia das diarreias e nos mecanismos relacionados com o
movimento da água, glicose e eletrólitos, através da mucosa intestinal.
Está bem demonstrado que a absorção de sódio acoplado à glicose não
se altera durante a doença.

Desde 1971, a OMS/UNICEF recomenda a utilização de uma


fórmula única para a preparação da SRO que é eficaz no tratamento da
desidratação por diarreia de qualquer etiologia em qualquer grupo
etário.

Fig.93: Sais de Reidratação


Como preparar os sais de reidratação oral:

Para prepará-lo, adicione todo o conteúdo de um envelope em um litro de água filtrada e


misture bem. Não se deve adicionar sal ou açúcar. Depois de pronto, o soro só pode ser utilizado
por 24 horas, após esse prazo deve-se jogar fora o que sobrou e preparar mais um litro de soro se
necessário.

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Como preparar o soro caseiro:

O soro caseiro é uma solução preparada com açúcar e sal que deve ser utilizado apenas
quando não se tem acesso aos sais de reidratação oral. Para prepará-lo deve-se utilizar as
colheres-medida fornecidas pelos centros de saúde. Em um copo cheio de água filtrada adicione
uma colher-medida (menor) rasa de sal e duas colheres-medida (maior) rasas de açúcar e misture.
Na falta da colher-medida, o soro caseiro pode ser preparado adicionando uma colher de
cafezinho de sal e uma colher de sopa de açúcar em um litro de água filtrada. O soro caseiro deve
ser sempre provado antes de ser dado à criança e deve ser menos salgado que a lágrima. Todo
soro deve ser ingerido pela criança em pequenas quantidades e várias vezes ao dia.

Fig.94: Receita de Soro Caseiro

13.2.2 Manejo do Paciente com Diarreia

Para o tratamento do paciente com diarreia, devemos levar em consideração algumas


medidas importantes como:

 Prevenção e tratamento da desidratação;


 Manutenção da alimentação da criança durante e após o episódio diarreico;
 Uso racional de medicamentos.

A diarreia pode ter como complicações e causas de morte a desidratação e a desnutrição,


por este motivo, os casos graves de diarreia necessitam de tratamento de emergência. A
manutenção da alimentação na diarreia aguda é muito importante, pois impede a deterioração do
estado nutricional da criança e permite a regeneração do epitélio intestinal. Oferecer um maior
aporte de alimentos após a diarreia é importante na recuperação nutricional.

Estar atento aos sinais de desidratação durante o atendimento é primordial, a tabela


abaixo descreve o que observar e examinar na criança com diarreia, e qual conduta deve ser
tomada.

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OBSERVAR
Condição Bem alerta Irritado Comatoso,
Hipotônico.
Olhos Normais Fundos Muito Fundos
Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes
Boca e Língua Úmidas Secas Muito secas
Sede Bebe normalmente Sedento, bebe rápido. Bebe mal ou não é
capaz.
EXAMINAR
Sinal de prega Desaparece Desaparece Desaparece muito
rapidamente lentamente lentamente
Pulso Cheio Rápido, débil Muito débil ou
ausente.
Enchimento capilar Normal- até 3 seg. Prejudicado- 3 a 5 seg. Muito prejudicado-
mais de 5 seg.
Conclusão Não tem Se apresentar 2 ou Se apresentar 2 ou
Desidratação. mais sinais descritos mais sinais descritos
acima, existe acima, existe
desidratação. desidratação grave.
Tratamento Plano A- tratar em Plano B- Terapia de Plano C- Terapia de
casa. reidratação oral na reidratação
UBS. parenteral.
Tabela.17-18:
Plano A: tratamento no domicílio.

É obrigatório aumentar a oferta de líquidos, incluindo o soro de reidratação oral (reposição


para prevenir a desidratação) e a manutenção da alimentação com alimentos que não agravem a
diarreia. Deve-se dar mais líquidos do que o paciente ingere normalmente. Além do soro de
hidratação oral, são considerados líquidos adequados: sopa de frango com hortaliças e verduras,
água de coco e água. São inadequados: refrigerantes, líquidos açucarados, chás, sucos
comercializados, café, etc.

Os sinais de alarme devem ser enfatizados nesta fase, para serem identificados
prontamente na evolução se ocorrerem (aumento da frequência das eliminações líquidas, vômitos
frequentes, sangue nas fezes, recusa para ingestão de líquidos, febre, diminuição da atividade,
presença de sinais de desidratação e piora do estado geral).

Plano B: administrar o soro de reidratação oral sob supervisão médica (reparação das
perdas vinculadas à desidratação).

Manter o aleitamento materno e suspender os outros alimentos (jejum apenas durante o


período da terapia de reparação por via oral). Após o término desta fase, retomar os
procedimentos do Plano A. De acordo com a OMS é importante que a alimentação seja reiniciada
no serviço de saúde para que as mães sejam orientadas quanto à importância da manutenção da
alimentação.

A primeira regra nesta fase é administrar a solução de terapia de reidratação oral (SRO),
entre 50 a 100 mL/Kg, durante 2 a 4 horas. A SRO deve ser oferecida de forma frequente, em

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quantidades pequenas com colher ou copo, após cada evacuação. A mamadeira não deve ser
utilizada.

Considera-se fracasso da reidratação oral se as dejeções aumentam, se ocorrem vômitos


incoercíveis, ou se a desidratação evolui para grave.

Plano C: corrigir a desidratação grave com terapia de reidratação por via parenteral
(reparação ou expansão).

Em geral, o paciente deve ser mantido no serviço de saúde, em hidratação parenteral de


manutenção, até que tenha condições de se alimentar e receber líquidos por via oral na
quantidade adequada. As indicações para reidratação venosa são: desidratação grave,
contraindicação de hidratação oral (íleo paralítico, abdômen agudo, alteração do estado de
consciência ou convulsões) e choque hipovolêmico. Idealmente deve-se conseguir a punção de
veia calibrosa. Quando necessário, sobretudo em casos de choque hipovolêmico, podem ser
necessários dois acessos venosos. Caso não seja possível infusão venosa, considerar infusão
intraóssea.

Podem ser utilizados os seguintes critérios para internação hospitalar: choque


hipovolêmico, desidratação grave (perda de peso maior ou igual a 10%), manifestações
neurológicas (por exemplo, letargia e convulsões), vômitos biliosos ou de difícil controle, falha na
terapia de reidratação oral, suspeita de doença cirúrgica associada ou falta de condições
satisfatórias para tratamento domiciliar ou acompanhamento ambulatorial.

13.2.3 Alimentação Durante o Quadro de Diarreia.

O aleitamento materno deve ser mantido e estimulado mesmo durante a reidratação. As


crianças com aleitamento misto ou artificial devem continuar recebendo a dieta habitual. Os
alimentos, inclusive leite de vaca, não devem ser diluídos para não reduzir o aporte calórico.

Ressalta-se a importância do aumento de 1 ou + refeições ao dia , usando-se os alimentos


habituais, para compensar as perdas causadas pela diarreia e evitar comprometimento do estado
nutricional. Esta complementação alimentar deverá ser mantida até a recuperação da nutrição das
crianças.

13.2.4 Uso de Medicações e Medidas de Prevenção.

Os medicamentos comumente utilizados em diarreia aguda além de desnecessários, estão


contraindicados. Os antimicrobianos ficam reservados aos casos de diarreia que apresentam
sangue nas fezes (disenteria) e que, após a reidratação, mantém comprometido o estado geral, e
aos casos graves de cólera.

Segundo a OMS, os antieméticos não devem ser utilizados no tratamento da diarreia


aguda. Considera-se que os vômitos tendem a desaparecer concomitantemente à correção da
desidratação.

A suplementação com zinco vem sendo preconizada para diminuir a duração do episódio
diarreico e evitar recorrências e a vitamina A deve ser recomendada nas áreas onde corre esta
hipovitaminose.
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As medidas para prevenção da diarreia visam, sobretudo, dois aspectos: reduzir a


transmissão dos agentes patogênicos, diminuindo a frequência dos episódios diarreicos e
promover o bom estado nutricional da criança, diminuindo as complicações e mortalidades por
diarreia. As seguintes medidas têm comprovado impacto na redução da morbimortalidade por
diarreia:

 Aleitamento materno;
 Imunização;
 Saneamento básico;
 Lavagem correta das mãos.

AULA 14 - INFECÇÕES RSPIRATORIAS NA INFÂNCIA - IRA

As infecções respiratórias agudas mais frequentes no nosso meio compreendem os


resfriados comuns, faringoamigdalites, otites, sinusites e pneumonias. Na maioria das vezes, têm
etiologia viral, mas em alguns casos, especialmente na pneumonia, a presença de bactérias deve
ser considerada, implicando antibioticoterapia. Além disso, constituem uma das principais causas
de demanda por consultas e internações na faixa etária pediátrica.

Os principais sintomas de IRA incluem febre, tosse, dificuldade respiratória, coriza,


obstrução nasal, dor de garganta e dor de ouvido. Uma criança com febre deve ser medicada
quando a temperatura axilar for superior a 37,5 o C. A febre causa desconforto, deixando a criança
irritada ou prostrada, aumenta a perda insensível de água e altera parâmetros importantes do
exame físico, como a frequência respiratória, além de poder causar convulsão febril.

Quem acolhe a criança com IRA deve reconhecer de imediato os sinais de alerta que
demonstram a gravidade da criança.

Sinais de alerta.

Sinais de esforço respiratório: tiragem intercostal, batimentos de aletas


nasais, gemência, balanço toracoabdominal e retração xifóidea.
Toxemia, cianose, hipoxemia, irregularidade respiratória, apneia, dificuldade
de alimentar, vômitos e desidratação.
Alterações do sensório: (sonolência, confusão mental, irritabilidade).
Instabilidade hemodinâmica: (pulsos finos, perfusão lenta), taquicardia
importante.
É importante lembrar que pode haver hipoxemia sem cianose.
Palidez cutânea é um sinal mais precoce de hipoxemia do que a cianose.
Além disso, quanto menor a criança, mais alto o risco de desenvolver
insuficiência respiratória e apneia.

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A maioria dos quadros de pneumonia acontece após uma infecção viral de vias aéreas
superiores, mas apenas a minoria dos quadros de IVAS se complica com pneumonia. O uso
precoce de antibióticos não previne complicações bacterianas.

A prevenção das IRAs relaciona-se com a promoção da saúde integral da criança, evitando-
se a desnutrição, a prematuridade, o tabagismo passivo, promovendo o aleitamento materno, a
vacinação e melhorando as condições de vida da população.

A ida precoce para a creche expõe a criança a um contato mais estreito com vírus e
bactérias, constituindo um fator de risco importante para aumento na incidência de IRA, mas
qualquer intervenção deve ser contextualizada e individualizada, pesando-se prós e contras.
Sabemos que muitas mães precisam trabalhar e a única opção que têm é deixar a criança na
creche.

14.1 RESFRIADO COMUM

O resfriado comum causado por uma infecção viral é uma


das causas mais frequentes de consulta em crianças. A
transmissão ocorre através de gotículas de muco ou saliva e
também por secreções transmitidas por mãos e objetos
contaminados.

As principais manifestações clínicas são: obstrução nasal,


rinorreia, espirros, mal-estar, dor de garganta, febre baixa (< 39º),
lacrimejamento ocular, tosse e hiporexia.
Fig.95:

Em relação ao diagnóstico diferencial do resfriado comum, devemos considerar duas


afecções: gripe e rinite alérgica. A gripe é causada pelo vírus influenza e apresenta sintomas com
maior repercussão clínica, como febre alta, prostração e mialgia. A rinite alérgica deve ser pensada
nos quadros recorrentes ou persistentes, desencadeados por alérgenos ambientais e sem febre.

A evolução do resfriado comum é autolimitada e as complicações possíveis são: sinusite,


otite média e pneumonia.

14.2 FARINGOAMIDALITE

É muito importante frisar que a grande maioria das faringoamigdalites (FA) tem etiologia
viral, principalmente em crianças acima de seis anos e abaixo de três anos. Quando bacteriana, a
faringoamigdalite pode ser causa da por Streptococcus pyogenes e Staphylococcus aureus. As
possíveis complicações da amigdalite estreptocócica são: febre reumática, glomerulonefrite difusa
aguda, linfadenite cervical e abscesso peritonsilar.

Os seguintes achados sugerem etiologia bacteriana:

• Febre alta, acima de 38,5 o C;


• Adenomegalia subângulo-mandibular, única, dolorosa;
• Hiperemia e exsudato purulento (“placas de pus”);
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• Ausência de tosse, coriza, rouquidão e diarreia.

No caso de infecção bacteriana, o tratamento é realizado com antibioticoterapia,


sintomáticos, repouso e alimentos pastosos ou líquidos.

14.3 OTITE MÉDIA AGUDA

É uma inflamação no ouvido médio, espaço


situado atrás da membrana timpânica, que
acontece em sua maior parte aos 24 meses de vida,
tendendo a diminuir até os 5 anos de idade.

As manifestações clínicas são: otalgia


severa, diminuição da audição, febre, choro
constante, irritabilidade e desconforto, hiporexia,
secreção purulenta na área externa do ouvido,
vômitos e diarreia.

Fig.96:

Para o tratamento é realizado antibióticoterapia, uso de sintomáticos, higiene do ouvido


externo e ocluir o ouvido durante o banho.

14.4 SINUSITE AGUDA

Inflamação dos seios paranasais, que apresenta como sintomas, a rinorreia, congestão
nasal, febrícula, tosse diurna que se agrava à noite, halitose e edema periorbitário sem dor.

O diagnóstico de sinusite é essencialmente clínico. Não se recomenda radiografia de seios


da face em menores de seis anos. O tratamento consiste em lavar as narinas com soro fisiológico,
para a remoção de secreções, uso de sintomáticos e aumentar a ingestão hídrica.

14.5 BRONQUEOLITE

É uma doença viral aguda, determinada pela obstrução dos bronquíolos, provocada pelo
edema nas mucosas e pelo muco e secreção do seu interior, predominantemente de 02 a 06
meses, rara em crianças maiores de 2 anos. Sua ocorrência é mais comum no inverno.

Essa obstrução impede a passagem do ar


até os alvéolos, impedindo a oxigenação do
sangue. Apresenta as seguintes manifestações
clínicas: rinorréia, febre baixa, taquipnéia com
retraço de músculos intercostais, tosse produtiva,
sibilos, cianose, apneia e hipóxia.
Fig.97:

Em situações graves onde ocorre


hipoxemia, deve-se encaminhar a criança com
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urgência para um hospital para iniciar oxigenoterapia, a dieta deve ser oferecida em pequenos
volumes de forma fracionada, pelo risco de broncoaspiração. É necessário em algumas situações a
suspenção da dieta ou a realização da dieta por sonda nasogástrica.

14.6 ASMA

Trata-se de um distúrbio inflamatório


crônico das vias aéreas, a partir dos três anos de
vida se torna a causa mais comum de falta de ar na
infância. Ocorre um aumento da hiper-reatividade
brônquica causada por alérgenos, como poeira,
fumaça, pelos de animais, alimentos como o
chocolate, amêndoas, trigo e leite.

Apresenta como manifestação clinica, tosse,


sibilo, respiração ofegante, inquietação, expiração
forçada, crepitações e uso da musculatura auxiliar
na respiração. Fig.98

Seu tratamento consiste em eliminar os fatores alérgicos, reverter a obstrução das vias
aéreas com broncodilatadores e nebulização.

14.7 PNEUMONIA

A pneumonia é a inflamação do parênquima pulmonar, causada, na maioria das vezes, por


vírus e/ou bactérias. Pneumonia caracteriza-se por sinais e sintomas de desconforto respiratório e
opacidades à radiografia de tórax e, portanto, o diagnóstico é feito com base na história clínica,
exame físico e radiografia de tórax.

A taquipneia é o sinal isolado mais sensível para o diagnóstico de pneumonia em crianças


menores de cinco anos (sensibilidade 75%; especificidade 70%). A frequência respiratória deve ser
avaliada com a criança afebril, tranquila, contada durante um minuto, de preferência por duas
vezes.

Valores de referência para taquipneia.

Faixa etária Valores


2 meses FR maior ou igual a 60 ipm
2 meses a 12 meses FR maior ou igual a 50 ipm
12 meses a 5 anos FR maior ou igual a 40 ipm
Acima de 5 anos FR maior ou igual a 30 ipm
Tabela.19:
Tiragens intercostais ou sub diafragmáticas são retrações inspiratórias que indicam a
existência de esforço. A presença de tiragens é um indicador de gravidade.

Então, em caso de tosse e/ou dificuldade respiratória, deve-se suspeitar de pneumonia. Se


houver taquipneia, deve-se considerar pneumonia e iniciar antibioticoterapia. Se houver tiragem,
considera-se pneumonia grave, indicando-se a internação.

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AULA 15 - ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- RESUMO

CONCEITOS DE CRIANÇA E DE ADOLESCENTE

Artigo 2 ECA – Criança é a pessoa com até 12 anos incompletos. Não se submete a medida
socioeducativa, somente a medida de proteção.

Adolescente é a pessoa entre 12 e 18 anos. Submete-se a medida socioeducativa e a medida de


proteção.

Incidirá também excepcionalmente em pessoas com idade entre 18 e 21 anos incompletos, no que
concerne às medidas socioeducativas de semiliberdade e de internação do adolescente, cujo
cumprimento deve necessariamente findar até os 21 anos da pessoa, respeitado o período
máximo de 3 anos. É imprescindível que o ato infracional tenha sido praticado antes de a pessoa
tornar-se imputável, ou seja, completar 18 anos.

DIREITO À VIDA E À SAÚDE

Artigo 8 a 10 do ECA – os documentos do parto tem que ficar arquivados por um período de 18
anos.

O ECA estabelece também alguns direitos pensando na mãe, pois proteger a criança é proteger a
mãe. É muito comum que a mãe tenha depressão pós parto, também chamado de estado
puerperal. Assim, o ECA assegura tratamento psicológico, ainda que a mãe queira entregar o filho
para adoção. É assegurado o tratamento psicológico ainda que a mãe deseje entregar o filho para
adoção, como forma de atenuar as consequências do estado puerperal.

O ECA também dá direito ao alojamento conjunto para a gestante e para o bebê.

DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE

Artigo 16 ECA – direito de ir, vir e permanecer nos logradouros públicos e espaços comunitários,
observadas as restrições legais. Se não tivesse a frase observadas as restrições legais não poderia
por exemplo fechar parque público à noite.

PROIBIÇÕES DO ECA

Artigo 77 a 82 e 250 ECA – Criança e adolescente não podem ir para hotel, motel, pensão ou
congênere, salvo: acompanhado dos pais ou responsáveis; por autorização dos pais ou
responsável; se houver autorização judicial. A ideia é combater a prostituição infantil. A violação
disso é infração administrativa. Criança e adolescente não podem ir a local que explore
comercialmente jogos de bilhar ou similares, nem com a autorização dos pais. Vale dizer que é
comerciante, assim se no seu prédio tem uma mesa de bilhar não tem problema e eles podem
frequentar, pois não é explorado comercialmente.

No caso de lanhouse e locais que explores diversões eletrônicas: nessa situação, pode frequentar e
depende de regulamentação do juiz da infância local.

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Pode vender fogos de artifícios à criança e adolescente? Fogos de artifícios não podem ser
vendidos, salvo se pelo reduzido potencial lesivo, não podendo causar dano em caso de uso
inadequado.

Criança e adolescente não podem comprar bilhetes de loteria ou similares.

Autorização para viajar

a) Viagem nacional: artigo 83 – o adolescente não precisa de autorização para viajar, quem precisa
é a criança. Essa autorização é valida por um período de 2 anos. A criança não precisa de
autorização nas seguintes hipóteses:

1. Se estiver acompanhada dos ascendentes ou colateral maior até o terceiro grau (tio)
comprovado documentalmente.

2. Se houver autorização por escrito dos pais ou responsável

3. Caso se trate de comarca contigua na mesma unidade da federação.

b) Viagem internacional: artigo 84 – criança e adolescente precisam de autorização judicial, salvo


se estiverem acompanhados de ambos os pais ou responsável ou se estiver acompanhado de um
dos pais com autorização por escrito com firma reconhecida do outro.

FAMÍLIA

MODALIDADES DE FAMÍLIA

Família natural: artigo 25, caput ECA – comunidade constituída pelos pais ou qualquer deles e seus
descendentes.

Família extensa ou ampliada: artigo 25 ECA – comunidade formada pelos parentes próximos com
os quais a criança ou adolescente tenha convivência, afinidade ou afetividade. Além dos pais e
filhos ou o núcleo formado pelo casal, contempla também parentes próximos, como por exemplo
o tio. A família extensa tem preferência na adoção.

Família substituta: artigo 28 ECA - medida excepcional que será determinada diante de situações
em que a permanência da criança ou do adolescente junto à sua família natural torna-se inviável.
Comporta três modalidades: guarda, tutela e adoção.

a) Guarda: artigo 33 – visa regularizar situação de fato. Não necessariamente ela gera o
afastamento com os pais biológicos. A guarda gera direitos previdenciários. Trata-se de medida
provisória, ou seja, depois de concedida, a criança ou o adolescente poderá retornar à sua família
natural ou permanecer sob guarda até ser encaminhado para uma família substituta definitiva,
assim pode ser revogada a qualquer tempo mediante ato judicial.

b) Tutela: artigo 36 -a tutela pressupõe a perda ou suspensão do poder familiar. Somente será
deferida a pessoa com até 18 anos incompletos. É conferido ao tutor amplo direito de
representação, que deverá administrar bens e interesses do pupilo.

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c) Adoção: artigo 39 a 52 ECA - é a única modalidade irrevogável. É a única que o estrangeiro pode
usar. É a modalidade de colocação da criança ou do adolescente em família substituta que tem o
condão de estabelecer o parentesco civil entre adotando e adotado. Pode ser unilateral, em que
permanecem os vínculos de filiação, com apenas um dos pais biológicos; bilateral, vínculo de
filiação rompe-se por completo.

- Idade do adotante: deve ser maior de 18 anos. Deve haver 16 anos de diferença entre adotante e
adotado.

- Consentimento dos pais biológicos: é necessário e é colhido em audiência. No caso da gestante o


consentimento só vale após o nascimento do filho. O consentimento pode ser retirado até a
publicação da sentença. Exceção: não precisa do consentimento dos pais biológicos se eles foram
destituídos do poder familiar ou quando foram desconhecidos.

- Restrições para adoção: não pode adotar por procuração, pois trata-se de ato personalíssimo,
assim o ascendente não pode adotar o descendente (avos, irmãos).

- Modalidades de adoção:

1. Adoção monoparental: feita pela pessoa sozinha.

2. Adoção conjunta: feita por duas pessoas. Só pode adotar conjuntamente se forem casadas ou se
viverem em união estável. Podem também adotar conjuntamente os divorciados, os judicialmente
separados e os ex companheiros, desde que concordem com a guarda e o regime de visitas e
contando que o estágio de convivência tenha sido iniciado na constância do período de
convivência e que seja comprovada a existência de vínculos de afinidade e afetividade com aquele
não detentor da guarda que justifique a medida.

3. Adoção unilateral: é a adoção pelo padrasto ou madrasta.

4. Adoção póstuma ou post mortem: é a adoção que ocorre quando o adotante falece no curso da
adoção. Terá continuidade se ficou claro o desejo de adotar. O adotado pode, após completar 18
anos, ter o direito de conhecer sua origem biológica, bem como o de obter o acesso irrestrito ao
processo no qual a medida foi aplicada e seus eventuais incidentes. Se ainda não atingiu 18 anos,
deve ser assegurada assistência jurídica e psicológica.

5. Adoção homoafetiva: ECA não prevê, mas a justiça autoriza. Casal de namorado gay não pode
adotar pois eles são namorados e namorado não pode adotar, precisa de união estável.

6. Adoção por casais separados ou divorciados: é possível desde que o estágio de convivência
tenha se iniciado durante a constância da união e que haja acordo quanto a guarda e visita.

7. Adoção internacional: artigo 51 – é a adoção que ocorre quando o adotante é domiciliado ou


residente fora do Brasil. A adoção realizada por estrangeiros, por si só, não se qualifica como
internacional. O critério empregado é o local de domicilio dos postulantes. Brasileiros residentes
no exterior submetem-se às regras da adoção internacional, embora tenham primazia diante dos
estrangeiros. Estrangeiros residentes no brasil submetem-se às regras da adoção nacional. Não
tem a ver com nacionalidade e sim domicilio. A adoção nacional tem preferencia sobre a
internacional. Assim, o pai que estiver morando no Brasil tem preferencia sobre a adoção. O
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brasileiro tem preferencia na adoção internacional. O cumprimento do estágio de convivência é


obrigatório.

8. Adoção intuito personae: é a adoção fora da fila do cadastro.

- Estágio de convivência: é o período em que a criança ou o adolescente fica com o adotante para
verificar a formação dos laços socioafetivos. A adoção nacional não tem prazo mínimo. Já a adoção
internacional tem prazo mínimo de 30 dias, a ser cumprido em território nacional. Poderá ser
dispensado na hipótese de o adotando já estar sob guarda legal ou tutela do adotante durante
tempo suficiente para se avaliar a convivência da constituição do vínculo.

Regras gerais da família substituta

Artigo 28.

1. Concordância da criança ou do adolescente: depende da idade. Se for menor de 12 anos, será


ouvido sempre que possível. Se for maior de 12 anos, é imprescindível o consentimento colhido
em audiência.

2. Irmão devem ficar preferencialmente juntos, salvo situação excepcional plenamente


comprovada.

3. Índios e quilombolas: ficarão preferencialmente no seio de sua comunidade.

ATO INFRACIONAL – PARTE PENAL DO ECA

Artigo 103 ECA. Considera-se ato infracional a conduta que, praticada por criança ou adolescente,
é definida em lei como crime ou contravenção penal. Se um adulto pratica é crime de roubo, se
um adolescente pratica é ato infracional, sanção, medida socioeducativa. O que para o adulto é
infração penal para o adolescente é ato infracional. O ECA vai pegar do CP a definição dessas
condutas, somente vai trocar a consequência, que no CP é pena e no ECA é medida
socioeducativa.

a) Criança: menor de 12 anos. Se a criança praticar o ato infracional, ela não pode receber medida
socioeducativa, ela somente pode receber as chamadas medidas de proteção que não tem caráter
de sanção e, entre elas não esta a FEBEM, pois internação é medida socioeducativa e criança
somente pode receber as medidas de proteção previstas no artigo 101 do ECA que são:
encaminhamento aos pais ou responsável; matricula obrigatória em ensino fundamental. Para
criança, nunca pode ser aplicada medida socioeducativa. A criança é encaminhada ao Conselho
Tutelar, para que ele aplique as medidas de proteção.

b) Adolescente: O adolescente é encaminhado para a autoridade judicial ou também pode receber


as medidas de proteção. Assim, o adolescente pode receber medidas quaisquer. Somente pode
receber as socioeducativas, adolescentes que tenham praticado ato infracional.

A idade que importa é a do momento em que ocorreu o fato, a idade no dia da ação ou omissão –
Teoria da atividade.

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS – não privativas de liberdade


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Artigo 112 ECA – praticadas somente para os adolescentes.

São chamadas de medidas em meio aberto, pois não priva a liberdade.

1. Advertência: artigo 115 ECA – consiste em uma admoestação oral que será reduzida a termo.

2. Reparação dos danos: sanção por ato infracional. Promova o ressarcimento do ano, ou, por
outra forma, compense o prejuízo causado à vitima. Artigo 116 ECA.

3. Prestação de serviços comunitários: artigo 117 do ECA. O juiz pode aplicar essa medida por no
máximo 6 meses com jornada semanal de oito horas.

4. Liberdade assistida: ainda não foi privado da liberdade, apenas terá assistência. O juiz designa
para ela um orientador nomeado pelo juiz que vai acompanhar o adolescente na sua vida familiar,
comunitária e escolar. O prazo é de no mínimo 6 meses.

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS – privativas de liberdade

Essas duas medidas podem transcender pessoas de 18 anos, ou seja, pode se aplicar para pessoas
acima dos 18 anos, em casos especiais para ate pessoas de 21 anos de idade. No momento da
aplicação da medida, o juiz as aplica sem prazo determinado, prazo interno, em aberto. O tempo
pode chegar a 3, mas é aplicada sem prazo pois se a pessoa tiver bom comportamento pode sair
antes de 3 anos. Durante a execução da medida é que irá avaliar o desenvolvimento da pessoa,
podendo acabar com a medida ou prorrogá-la até 3 anos. Durante a execução, a lei impõe que
seja feita uma reavaliação da medida a cada no máximo 6 meses. Não pode chegar a 6 meses sem
que tenha tido pelo menos uma medida. Depois de o juiz reavaliar, surgirão quatro possibilidades:

1. Determinar ou decidir pela liberação do adolescente e consequentemente extinguir a execução.


Isso raramente acontece após os primeiros 6 meses;

2. Substituição da internação por outra medida mais branda. Chamada de progressão das medidas
socioeducativas, pois ele passou de uma medida mais intensa para uma mais branda;

3. Manter a medida, por tempo indeterminado, até a próxima reavaliação. O juiz pode a cada
reavaliação ficar mantendo, mas o limite para a manutenção sucessiva das reavaliações é de 3
anos. 3 anos é limite de cumprimento e não prazo de aplicação. Pode chegar a 3 anos desde que
ele não complete 21 anos antes disso, pois se completar 21 anos ainda que não alcançado os 3
anos, a liberação se torna compulsória;

a) Semiliberdade: privação parcial de liberdade. Parte do dia solto e parte do dia recolhido na
entidade socioeducativa. Baseado em confiança e senso de autorresponsabilidade. Vai se recolher
na entidade à noite e em finais de semana. Pode às vezes à noite ir dormir na casa dos pais, mas
todo dia precisa passar parte do dia na entidade.

b) Internação na fundação casa – FEBEM: é a única medida que tem cabimento taxativo, pois
expressamente previsto em lei. Depois dos 21 anos, surge a chamada liberação compulsória, ou
seja, quando completar 21 anos de idade o juiz será obrigado a soltar a pessoa. Quem chega aos
21 anos está cumprindo as consequências do que ele praticou enquanto era adolescente, isso é
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feito para que não haja garantia de punibilidade quando se comete o crime próximo aos 18 anos.
Se quando a pessoa cometeu o crime ela já tinha mais de 18 anos, responderá como adulto pelo
CP.

Se o indivíduo conseguir ficar foragido até os 21 anos, não pode mais internar ele – prescrição
etária.

Se ele cometeu o crime aos 19 anos, pode internar.

As medidas socioeducativas de internação em semiliberdade são aplicadas na sentença, sem prazo


determinado, devendo a sua necessidade ser reavaliada a cada no máximo 6 meses. A aplicação se
dá sem prazo, mas o cumprimento pode chegar a 3 anos.

Por ocasião da reavaliação, a medida pode ser mantida, sucessivamente ate o limite total de 3
anos e desde que o sujeito não complete 21 anos antes disso.

Adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão tratamento individual e


especializado, não serão submetidos a medidas socioeducativas.

CABIMENTO TAXATIVO DA INTERNAÇÃO

Artigo 122 ECA. Só se aplica à internação, pois as demais são livremente aplicáveis. É possível a
internação quando se tratar de ato:

1. Cometido ou praticado com violência ou com grave ameaça à pessoa.

Ex: atos equiparados a crimes de roubo, homicídio, estupro. Para ato equivalente a furto não é
cabível internação como medida socioeducativa, podendo ser aplicada qualquer uma das outras
cinco medidas. E se ele for pego praticando ato equivalente à tráfico de drogas? O trafico de
drogas para o adulto é crime equiparado ao hediondo, mas o requisito que o ECA elege para poder
caber ou não a internação é se tem violência ou grave ameaça à pessoa e no caso do tráfico de
drogas não existe essa violência. Juiz aplica sem prazo até o limite de 3 anos.

2. Configurada reiteração no cometimento de atos graves: a palavra reiteração, que é fazer de


novo, é pensada do segundo ato em diante. Assim, se praticar 3 atos ele pode ser internado.
Tráfico de drogas entra nesse caso, mas somente depois de 3 vezes, no mínimo 2. Juiz aplica sem
prazo até o limite de 3 anos.

3. Descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente aplicada: chamada


de internação com prazo determinado ou internação sanção. Assim, uma vez aplicada a mediada
por sentença em processo de conhecimento, cabe ao adolescente a ela submeter-se,
independentemente de sua vontade. Se assim não o fizer poderá sujeitar-se à internação sanção,
cujo prazo de duração poderá chegar a 3 meses. A reiteração pressupõe mais de 3 atos. Poderá
internar em razão do descumprimento reiterado e injustificável de outra medida anteriormente
aplicada. Se vai internar porque ele esta descumprindo outra medida é porque a outra medida não
era a internação. A ideia é que na sentença o juiz aplicou uma medida mais branca, mas o sujeito
vem descumprindo a medida de forma retirada, desse modo, o juiz decidirá pela internação breve
a fim de fazer com que o sujeito seja obrigado a cumprir a medida e conscientizá-lo, convencê-lo
de que ele deve cumprir a medida anterior. Irá internar por no máximo 3 meses e depois o sujeito
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volta a cumprir a medida anteriormente aplicada. Antes do juiz aplicar a sanção ele deve ouvir o
adolescente, pois se isso é sanção por ter descumprido outra, não pode aplicar nova sanção sem o
contraditório e ampla defesa. Assim, deve-se ouvir o adolescente em audiência para que ele possa
justificar o porque descumpriu a medida. Antes de aplicar a internação-sanção, o juiz deve ouvir o
adolescente permitindo assim que ele possa justificar o descumprimento alegado, pois se esse
descumprindo foi justificado, não se aplica sanção.

4. Internação provisória: é aquela internação aplicada antes da sentença e é provisória pois


antecede a decisão definitiva. O limite é o de 45 dias, se nesse período não sobrevier sentença o
juiz terá de soltar o adolescente. Esse prazo é improrrogável. Se der o prazo tem que soltar o
adolescente para que ele aguarde em liberdade a sentença que lhe condenará.

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