Você está na página 1de 8

As dificuldades em relação ao acesso à saúde para os imigrantes no Estado

de Roraima

Carina Campos de Sousa

Acadêmica: Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Roraima,


Boa Vista-RR, Brasil

Luciclene Silva Santos

Acadêmica: Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Roraima,


Boa Vista-RR, Brasil

Noely Ferreira Chaves

Acadêmica: Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Roraima,


Boa Vista-RR, Brasil

Tarcylla da Conceição do Carmo

Acadêmica: Departamento de Enfermagem da Universidade Estadual de Roraima,


Boa Vista-RR, Brasil

RESUMO

Objetivo: Analisar e fazer um questionário para uma coleta de dados a respeito das
dificuldades que os imigrantes têm para acessar os serviços de saúde. Ademais, é
necessário observar quais as maiores dificuldades e por uma resolução dessa
problemática com base nas resoluções já feitas, seja em outros Estados do Brasil ou
em outro país.

Palavras Chaves: Brasil, pesquisa em campo, saúde.

ABSTRACT
Objective: Analyze and create a questionnaire for data collection regarding the
challenges immigrants face in accessing healthcare services. Additionally, it is
necessary to identify the major difficulties and propose a resolution based on existing
solutions, whether in other states of Brazil or in another country.

Key words: Brazil, field research, health

1 Introdução

‘’Imigrantes são pessoas que saem do seu país de origem e por situações
diversas se estabelecem em outro país (Ratuchnei-Dal Pizzol, et. al. 2023). Houve
uma crise na Venezuela que propiciou a migração da população, entre os anos de
2015 e 2019, devido à crise do país teve, o que fez grande parte da população mudar
para o Brasil, isso gerou em um aumento da população, principalmente no Estado de
Roraima que acabou alterando toda conformação da cidade, segundo a UNICEF.
Além disso, o Estado ainda vem sofrendo com essa população em situações de rua,
de falta de alimentação adequada, entre outras coisas.

Segundo a UNICEF (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas


para a Infância), “o Brasil registrou mais de 178 mil solicitações de refúgio”, a maioria
dos venezuelanos estão concentrados nos municípios de Pacaraima e Boa vista
(capital do Estado). Nesse aspecto, na capital de Roraima, foram criados 11 abrigos
e em Pacaraima apenas 2 abrigos, as forças armadas e a Agência da ONU para
refugiados (ACNUR) administram esses abrigos e ajudam essas pessoas no
fornecimento de alimento para elas e lugar para morar.

A lei de Nº 13.445, de 24 de maio de 2017, institui a lei de imigração que firma


os direitos e deveres dessa parcela no Brasil e por conseguinte os protege de diversos
tipos de descriminação, tal como a xenofobia. Nesse contexto, uma reportagem do
site El País com o tema: o ‘’monstro da xenofobia’’ ronda a porta de entrada dos
venezuelanos no Brasil, fala a respeito das situações diversas que ocorrem com
venezuelanos e brasileiros. Muitas vezes, a xenofobia advém das situações que os
brasileiros passaram em relação aos mesmos como crimes que ocorrem com os
brasileiros feitos por venezuelanos.
2 Metodologia

A pesquisa foi realizada na capital de Roraima (Boa Vista), pelas acadêmicas


de enfermagem da UERR (Universidade Estadual de Roraima), realizada com
imigrantes venezuelanos, cubanos e haitianos, no total de 10 entrevistados, sendo
eles com idades de 18 até 53 anos. A partir disso, a pesquisa foi baseada no âmbito
da saúde para tentar descobrir o que essa parcela da população vivenciava nas redes
de atenção do Estado e, a partir do objetivo tentar resolver as problemáticas que
acabam atingindo essa população

As entrevistas foram audiogravadas e foram consentidas pelos entrevistados,


tiveram em média 15 minutos sem atrapalhar as funções que estavam realizando,
foi explicado tudo que iria acontecer. Foi informado, também, que em qualquer
momento eles podiam desistir da pesquisa se de alguma forma isso pudesse os
incomodar. Umas das principais perguntas feitas foram “o que é saúde?” e “o que é
doença?” e, alguns entrevistados não souberam responder pela dificuldade de
entender a língua como os haitianos e os venezuelanos até entendiam, mas não
conseguiam formular as respostas e isso acabou dificultando muito a coleta da
pesquisa. Ainda, as pessoas consideradas mais novas tiveram maior facilidade no
entendimento das perguntas

Além das perguntas sobre saúde, os aspectos alimentares foram ressaltados


com grande importância nas vivências desses imigrantes, um dos artigos analisados
afirmava que as dificuldades alimentares também permeavam a vida dessas pessoas
que viviam no Brasil. Mas, as pessoas entrevistadas não apresentavam essas
dificuldades, consideravam a sua alimentação normal.

3 Resultados

Foram entrevistados no total 10 indivíduos, sendo 6 venezuelanos, 3 haitianos


e 1 cubana, tendo no total 7 mulheres e 3 homens, com idades de 18 a 53 anos. A
pesquisa realizada foi elaborada para ter conhecimento de como se encontra o
atendimento dos profissionais da saúde em relação aos imigrantes. A pesquisa foi
realizada no município de boa vista- RR, nas proximidades do centro e dos bairros
mais distantes do centro da capital. Cada entrevistado respondeu no total de 20
perguntas referente a sua vida e sua saúde no Brasil. As perguntas e respostas foram
todas gravadas e passadas para o texto em PDF e em seguidas analisadas em
comparação uma com as outras respostas.

Segundo a pesquisa 30% doa imigrantes tem 3 filhos, 40% não tem filho e 30%
só tem um filho. Pode se afirmar através das respostas obtidas que 60% concluíram
o ensino médio, 20% não conseguiram terminar o ensino médio e 10% não concluiu
o ensino superior. Para 20% dos estrangeiros a dificuldade no Brasil é maior do que
no seu país de origem e os 80% afirmam que estão em condições melhores no Brasil
do que em seu país de origem. Em face do cenário atual dos indivíduos 80%
conseguem se alimentar bem durante as três refeições e 20% não conseguem se
alimentar em uma das três ou se alimentam mal.

Ainda convém mencionar a quantidade de pessoas que os imigrantes


convivem, 50% moram sozinhos, 10% moram com seis pessoas, 20% moram com
duas pessoas, 10% moram com cinco pessoas e 10% moram com três pessoas.

A dificuldades de 100% dos entrevistados com o atendimento à saúde é


simplesmente a demora e a falta de compreensão da língua dos profissionais e dos
imigrantes, vale ressaltar que a dificuldade com o idioma foi na chegada ao Brasil.
Nota-se também, a diferença na dificuldade em falar português entre haitianos,
venezuelanos e cubanos, onde os mesmos têm o tempo de residência no Brasil de 4
a 5 anos e ainda assim venezuelanos e cubanos falam melhor a língua portuguesa
do que os haitianos. Dos entrevistados tivemos 10% que procuram mais ginecologista
30% vacinação, 10% oftalmologista, 20% pediatra, 10% clínico geral e os 20%
restantes procuram apenas em caso de emergência.

Entre o tipo de atendimento mais procurado entre os estrangeiros


entrevistados são de 20% hospital, 60% posto de saúde e 20% emergência. Vale
ressaltar que dos entrevistados 40% teve o acesso a saúde negado por falta do cartão
do SUS ou por falta de medicamento, mas 100% deles tiveram o problema resolvido
quando conseguiam o cartão do SUS ou quando iam atrás de outra unidade.
Os imigrantes em geral sentiram dificuldade em responder uma pergunta em
específico “o que é saúde e o que é doença para você”, eles entediam a pergunta,
mas não sabiam formular uma resposta e os que responderam deram respostas
pequenas como “saúde é estar bem e doença é estar mal”. Vale ressaltar que uma
das perguntas feitas era se eles já tinham sofridos abusos ou preconceito pelo
profissional da saúde e 100% responderam “não”. E em relação sobre o que poderia
ser feito para melhorar o atendimento na saúde, obtivemos dos 10 entrevistados as
mesmas respostas “aumentar o número de profissionais”.

Considerações finais

A língua é algo que impede a comunicação dos brasileiros com os imigrantes


e isso pode impedir que os profissionais da área da saúde atuem de forma efetiva
com essa população. Ademais, foi verificado que pessoas sem o ensino básico
tiveram dificuldade de entendimento da língua e isso também dificultou a obtenção
dos dados durante a pesquisa, muitas vezes os entrevistados não entendiam e daí
os acadêmicos tentaram explicar as questões para que eles tentassem responder,
por mais que as pessoas entendessem um pouco do idioma, ainda era dificultosa a
obtenção dos dados.
Referências

DE SOUZAI, Jeane Barros et al. Determinantes sociais da saúde que impactam


a vivência da imigração no Brasil. 2020. Acesso em: 10 out. 2023.

Crise migratória venezuelana no Brasil. Disponível em: <


https://www.unicef.org/brazil/crise-migratoria-venezuelana-no-
brasil#:~:text=Entre%202015%20e%20maio%20de,Boa%20Vista%2C%20capital%2
0do%20Estado >. Acesso em: 10 out. 2023.

GIROTO, Giovani; ANGELI TEIXEIRA DE PAULA, Ercília Maria. IMIGRANTES E


REFUGIADOS NO BRASIL: uma análise sobre escolarização, currículo e
inclusão. Revista Espaço do Currículo, v. 13, n. 1, 2020. Acesso em: 9 out. 2023.

LEI Nº 13.445, DE 24 DE MAIO DE 2017. Institui a lei de imigração, Planalto, 24


de maio de 2017. Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2017/lei/l13445.htm>. Acesso em: 16 out. 2023.

MENDONÇA, H. O “monstro da xenofobia” ronda a porta de entrada de


venezuelanos no Brasil. Disponível em:
<https://brasil.elpais.com/brasil/2018/08/17/politica/1534459908_846691.html>.Aces
so em: 15 out. 2023. Acesso em: 10 out. 2023.

PEREIRA, Bruno Gomes et al. Venezuelanos no Brasil: direitos dos imigrantes e


a saúde pública local. Interfaces Científicas-Direito, v. 7, n. 2, p. 73-82, 2019.
Acesso em: 10 out. 2023.
PIZZOL, Erika dos Santos Ratuchnei Dal et al. PERSPECTIVA DE IMIGRANTES
SOBRE A INTEGRAÇÃO PESSOAL E FAMILIAR NA SOCIEDADE BRASILEIRA.
Texto & Contexto-Enfermagem, v. 32, p. e2220226, 2023. Acesso em: 10 out. 2023.
ANEXO I

Você também pode gostar