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Espaço, tempo e movimento

Antônio Roque
Agosto 2023

1 O problema do movimento
No início da primeira aula, dissemos que a mecânica newtoniana é essencialmente
uma teoria para o movimento. Isto nos coloca a questão central, pelo menos do
ponto de vista conceitual, que é: o que é movimento?
Em geral, a resposta dada a esta pergunta é: movimento é mudança de posição
com o tempo. Parece óbvio, mas vejamos o seguinte exemplo. Imagine um espaço
euclidiano infinito e tri-dimensional, que, por simplicidade, representaremos aqui
como bi-dimensional (veja a Figura 1).

Figura 1: Relatividade do movimento.

Imagine que nesse espaço existem corpos materiais que podemos ver e identi-
ficar como na Figura 1(a) (a identidade de cada corpo é dada por uma cor especí-
fica). O espaço, por outro lado, é invisível para nós. As distâncias relativas entre
os corpos (que podemos tratar como partículas) são bem definidas e satisfazem

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todas as propriedades geométricas conhecidas da geometria euclidiana. Suponha


que para registrar o que vemos, tiramos uma foto dos corpos num instante que
chamaremos de instante inicial. A foto corresponde ao que está mostrado na
Figura 1(a). Suponha que num instante de tempo posterior observamos que as
posições relativas dos corpos mudam, como na Figura 1(b). Novamente, tiramos
uma foto dos corpos nesse instante posterior para registrar o que vemos. Para
facilitar o entendimento, os corpos no instante de tempo inicial foram representa-
dos por bolas e, no instante de tempo posterior, por cruzes. As cores se mantêm
as mesmas, para que possamos identificar os corpos. Baseados nessa observação
(e não há nenhuma outra à nossa disposição), podemos decidir que qualquer um
dos corpos que vemos tem um movimento bem definido no espaço?
Suponha que para tentar identificar os movimentos dos corpos, decidimos su-
perpor as duas fotos que tiramos gerando uma situação como a mostrada na
Figura 1(c). Poderíamos então dizer que os movimentos dos corpos individuais
são os representados pelas setas desenhadas na figura. Mas a maneira de superpor
as fotos é arbitrária. Poderíamos, por exemplo, ter superposto as duas fotos como
mostrado na Figura 1(d) e, então, as setas representando os deslocamentos seriam
bem diferentes.
Como assim?, alguns de vocês poderiam se perguntar? Por que a superposição
das fotos como na Figura 1(c) é arbitrária? Ele é feita respeitando a maneira como
vemos os corpos nos dois instantes de tempo . . .
Aí é que está a questão. A superposição feita na Figura 1(c) é feita segundo
uma dada perspectiva de visão. Suponha que um segundo grupo de estudantes
esteja vendo os mesmos corpos de uma posição diferente da do primeiro grupo.
Para esse segundo grupo de estudantes, segundo sua perspectiva de visão, os
deslocamentos dos corpos poderiam estar de acordo com o que está mostrado na
Figura 1(d).
Este exemplo deixa claro o problema da definição de movimento. O movimento
de um corpo só pode ser caracterizado em relação a outros corpos. Como todos os
corpos no universo estão em movimento simultaneamente (isto é, não há nenhum
corpo que possa ser inequivocamente definido como parado), não há como atribuir,
de maneira absoluta, um tipo definido de movimento a qualquer corpo particular.
Se quisermos ter alguma definição que possa ser usada de maneira operacional
para movimento, ela decididamente tem que levar em conta a relatividade do
movimento.
Um segundo exemplo para vocês pensarem é o seguinte: imagine um espaço
infinito como o do exemplo anterior e que nesse espaço exista um, e apenas um,
corpo (isto é, não há observadores lá para ver o corpo). Faz sentido dizer que esse
corpo se move ou está parado?

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2 Espaço e tempo absolutos


Newton estava perfeitamente ciente do problema da relatividade do movimento
conforme apresentado na seção anterior. Para resolver esse problema e poder
fornecer um conceito preciso e inequívoco de movimento, Newton introduziu nos
Principia os conceitos de espaço e tempo absolutos.
O espaço absoluto, para Newton, existe independentemente de que haja al-
guma matéria nele ou movendo-se através dele. Em suas próprias palavras1 : “O
espaço absoluto, em sua própria natureza, sem relação com qualquer coisa externa,
permanece sempre similar e imóvel.”
O espaço absoluto newtoniano pode ser imaginado como uma espécie de ma-
triz tridimensional infinita e estática na qual todos os corpos do universo existem
e se movem sem sentir ou interagir com ele. Como o enorme bloco tridimensional
que constitui o espaço absoluto não se move, podemos imaginar que nele pode ser
encaixado (matematicamente) um reticulado formado por eixos paralelos e infini-
tos nas três dimensões, com espaçamentos iguais e imutáveis entre eles. Todas as
relações da geometria euclideana seriam válidas para pontos nesse bloco infinito
e poderiam ser calculadas com o uso do sistema de eixos tridimensionais. Da-
dos dois pontos nesse espaço, eles poderiam ser unidos por uma única linha reta.
Portanto, um tal sistema permite conceber a determinação unívoca e precisa da
posição absoluta de qualquer corpo no universo.
O tempo absoluto, para Newton, também existe e transcorre sem qualquer
relação com os objetos materiais do universo. Nas palavras de Newton nos Prin-
cipia: “O tempo absoluto, verdadeiro e matemático, por si mesmo e por sua
própria natureza, flui uniformemente sem relação com qualquer coisa externa e é
também chamado de duração.”
Com base na definição de tempo absoluto, é possível definir um tempo único,
por exemplo t = 0, que ocorre simultaneamente para todos os pontos do espaço
absoluto e um intervalo de tempo ∆t transcorrido a partir de t = 0 que é o mesmo
para todos esses pontos. Podemos conceber isso imaginando que em cada vértice
do reticulado tridimensional matemático que cobre o espaço absoluto é colocado
um relógio e que todos esses relógios são idênticos e marcam sempre o mesmo
tempo de forma perfeitamente sincronizada.
O espaço e o tempo absolutos newtonianos, embora sejam completamente in-
dependentes um do outro, estão interrelacionados de tal maneira que é impossível
que corpos existam no espaço durante nenhum tempo ou durem no tempo em
lugar nenhum. Ademais, espaço e tempo são considerados como infinitamente
indivisíveis, ou seja, não existe um tamanho mínimo de espaço ou uma duração
mínima de tempo.
1
A tradução dada aqui é a que aparece na edição brasileira dos Principia: Newton, I., PRINCIPIA -
Princípios Matemáticos de Filosofia Natural, Livro I, segunda edição. Tradução de Ricci, T, Brunet, L. G.,
Gehring, S. T. e Célia, M. H. C., Edusp - Editora da Universidade de São Paulo, São Paulo, SP, 2002. Todas
as traduções de trechos dos Principia dadas nesta aula são tiradas deste livro.

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Os conceitos de espaço e tempo absolutos introduzidos por Newton permi-


tiram a ele resolver o problema do movimento de um corpo único no universo.
Mesmo sem qualquer outro corpo para servir de referência (ou um observador
para observá-lo), um corpo solitário no espaço absoluto ainda assim poderia ter
movimento. Caso ele não ficasse eternamente parado em um dado ponto do es-
paço absoluto, isto é, caso ele fosse posto em movimento em algum momento2 ,
ele permaneceria se movendo em linha reta para sempre com a mesma velocidade
inicial. Neste caso, o movimento absoluto do corpo poderia ser descrito em termos
da sucessão de pontos do espaço absoluto ocupados por ele ao longo do tempo
absoluto, mensuráveis, por exemplo, pelo reticulado de eixos perpendicuares que
varreria todo o espaço e pelos relógios colocados em seus vértices.
Logo após a publicação dos Principia em 1687 e nas décadas seguintes, os
conceitos de espaço e tempo absolutos de Newton foram duramente criticados
por físicos e filósofos, principalmente Christiaan Huygens (1629-1696), Gottfried
Wilhelm Leibniz (1646-1716) e George Berkeley (1685-1753). Para eles, se o
espaço é invisível, como podemos dizer que um corpo se move em relação a ele?
Só há sentido em definir movimento de um corpo se for em relação a outros corpos.
Ademais, como seria possível definir uma propriedade física dos corpos, como a
inércia, tendo por base o movimento em relação a algo não físico como o espaço
absoluto?
No entanto, nenhum desses críticos conseguiu produzir uma teoria alternativa
que rivalizasse com a mecânica newtoniana e suas objeções foram gradualmente
sendo deixadas de lado. Somente na segunda metade do século XIX houve o
reaparecimento de críticas importantes aos conceitos de espaço e tempo absolutos
de Newton. Em particular, o físico e filósofo austríaco Ernst Mach (1838-1916)
defendia que o movimento de um corpo não existe se não houver mudança de sua
posição em relação a outros corpos no universo. Para ele, as propriedades inerciais
de um corpo em um dado ponto do universo, a Terra por exemplo, dependeriam
causalmente da maneira como a matéria em todo o universo estivesse distribuída.
As ideias de Mach influenciaram Albert Einstein (1879-1955) e serviram como
inspiração para o desenvolvimento de sua teoria da relatividade geral, publicada
em 1916. Antes disso, porém, Einstein já tinha rejeitado a noção de tempo abso-
luto com a sua teoria da relatividade especial, publicada em 1905, a qual mostrou
que a simultaneidade entre dois eventos depende do movimento do observador,
principalmente para velocidades próximas da velocidade da luz.
Para os objetivos desta disciplina, o ponto importante a ser notado aqui é
o seguinte: independentemente de se ter conceitos abstratos de espaço e tempo
absolutos, em uma ciência quantitativa como a física é preciso saber de que modo
descrever o movimento observado de um corpo em função de medidas de sua
mudança de posição durante intervalos de tempo medidos.
O próprio Newton entendeu isso muito bem, pois escreveu nos Principia:
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Por algum ser imaterial, pois não haveria qualquer outro corpo material no universo.

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“Uma vez que as partes do espaço não podem ser vistas ou diferenciadas umas
das outras pelos nossos sentidos, usamos medidas perceptíveis [isto é, observáveis]
delas. [...] Assim, em vez de lugares e movimentos absolutos, usamos relativos, e
isto sem qualquer inconveniente prático.” Com esta frase de Newton, passaremos
agora a tratar da descrição do movimento tendo por base a mudança da posição
de um corpo em relação a outros corpos.

3 Sistemas de referência
Considere uma situação em que você está guiando seu carro em uma cidade se-
guindo as orientações de um aplicativo de celular. A voz que vem do aplicativo
diz: em duzentos metros, vire à direita; e depois, siga em frente por 1 km e vire
à esquerda, etc. O que está acontecendo aqui é que o aplicativo está usando as
ruas da cidade, que constituem um conjunto de objetos físicos em repouso uns em
relação aos outros, como sistema de referência em relação ao qual as mudanças
de posição do seu carro são medidas.
Normalmente, este é o procedimento que adotamos quando estamos descre-
vendo o movimento de um corpo. Escolhemos um conjunto de objetos com posi-
ções relativas entre eles fixas e medimos as posições sucessivas do corpo em relação
ao conjunto de objetos.
Está claro, portanto, que a escolha do sistema de referência para descrever o
movimento de um dado corpo é arbitrária. Porém, em geral, escolhe-se o sistema
de referência mais conveniente para cada caso. Pense, por exemplo, que você
está no interior de um avião voando a 10 mil metros de altitude e a 850 km/h.
Embora o avião esteja se movendo rapidamente em relação à superfície da Terra, as
posições dos objetos – poltronas, painéis, janelas, etc – no seu interior permanecem
fixas. Portanto, para descrever o seu movimento no interior do avião o sistema de
referência mais conveniente é o próprio corpo do avião. Podemos, por exemplo,
usar um sistema de três eixos perpendiculares, um indo de uma ponta à outra da
fuselagem, outro indo da ponta de uma asa à ponta da outra e o terceiro indo da
base ao topo da fuselagem.
Agora, se quisermos descrever o movimento do avião e de tudo que está dentro
dele entre o aeroporto de partida e o de chegada, o sistema de referência mais con-
veniente é a Terra, tomada neste caso como em repouso. Neste caso, poderíamos
usar as linhas dos meridianos e paralelos e a altitude do avião para descrever sua
trajetória.
Já se quisermos descrever os movimentos de rotação e translação da Terra,
o mais apropriado é escolher como sistema de referência o conjunto de objetos
visíveis no céu, exceto o Sol e os planetas, chamado de estrelas fixas. As estrelas
fixas3 possuem posições relativas umas às outras que mudam tão lentamente em
3
Nem todas as estrelas fixas são estrelas. Algumas são galáxias ou nuvens de gás tão distantes que não se
pode diferenciar seus constituintes individuais.

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comparação com nossas escalas de tempo na Terra que podemos considerar que
suas posições relativas são fixas. Para se convencer disso, faça o seguinte expe-
rimento. Numa noite sem nuvens, procure pela constelação do Cruzeiro do Sul
no céu e observe-a a intervalos de uma hora. Você verá que as cinco estrelas da
constelação (as quatro pontas da cruz mais a estrelinha excêntrica) se movem ri-
gidamente no céu, de leste para oeste, sem desfazer sua forma. O mesmo acontece
com todas as demais estrelas. O movimento aparente de leste para oeste é devido
ao movimento de rotação da Terra de oeste para leste. A Figura 2 mostra um
exemplo.

Figura 2: Foto de longa exposição do céu noturno mostrando o movimento circular aparente
das estrelas fixas.

4 Sistemas de coordenadas
Com vimos acima, um sistema de referência é definido por um conjunto de ob-
jetos físicos que permanecem em repouso uns em relação aos outros. Dentro de
um sistema desse tipo, fazemos medidas de posição e deslocamento criando um
sistema de coordenadas de algum tipo.
Temos sempre liberdade para escolher a origem e o tipo de sistema de coor-
denadas que seja mais conveniente para o problema que estamos estudando.
Como o espaço é tridimensional, em geral precisamos especificar três quantida-
des separadas para determinar univocamente a posição de uma partícula. Porém,
em algumas situações, o movimento da partícula está confinado a uma linha ou
uma superfície e poderemos trabalhar com sistemas de coordenadas uni- ou bidi-
mensionais. Na maior parte dos exemplos a seguir, para facilitar a visualização e o

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entendimento, consideraremos movimentos de partículas em um plano e, portanto,


usaremos sistemas de coordenadas bidimensionais.

4.1 Sistemas de coordenadas em 2D


Para descrever a posição de uma partícula em um plano, podemos usar um sistema
de coordenadas cartesiano formado por duas linhas retas, chamadas de eixos x e
y ou eixos das abscissas e das ordenadas, que se cruzam na origem O. A posição
de um ponto P em relação a O é descrita pelo vetor de posição r, como mostrado
na Figura 3.

Figura 3: Sistema de coordenadas cartesianas no plano.

No caso da Figura 3, a posição do ponto P é determinada univocamente pelo


par de coordenadas cartesianas (x, y), que são as projeções do ponto P sobre os
eixos x e y, respectivamente.
Poderíamos, porém, representar o ponto P usando o sistema de coordenadas
polares (Figura 4). Neste caso, o ponto P é representado pelo par (r, θ), onde r
é a distância de O a P e θ é o ângulo formado pela parte positiva do eixo x com
a reta OP medido no sentido anti-horário (tomado como positivo).
As coordenadas cartesianas e polares estão relacionadas como mostrado em (1).

r 2 = x2 + y 2
y
tgθ = (1)
x
x = r cos θ y = r senθ

Normalmente, representa-se vetores em um sistema de coordenadas em ter-


mos de vetores unitários. Os vetores unitários de um sistema de coordenadas

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Figura 4: Sistema de coordenadas polares.

representam deslocamentos de magnitude unitária no sentido de crescimento das


coordenadas.
No sistema cartesiano, os vetores unitários associados às coordenadas x e y
são, respectivamente, ı̂ e ̂. O vetor de posição r é escrito em termos de ı̂ e ̂
como:

r = xı̂ + y̂. (2)


Os vetores unitários para o sistema de coordenadas polares são r̂ e θ̂, onde r̂
aponta no sentido crescente de r e θ̂ forma um ângulo reto com r e aponta no
sentido crescente de θ.
A Figura 5 mostra os vetores unitários para os sistemas cartesiano e polar.

Figura 5: Vetores unitários para os sistemas de coordenadas cartesiano e polar.

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4.2 Sistemas de coordenadas em 3D


Em três dimensões, a posição de uma partícula precisa de três coordenadas inde-
pendentes para ser determinada univocamente.
No sistema de coordenadas cartesiano, essas três coordenadas são as coorde-
nadas x, y e z definidas pela Figura 6.

Figura 6: Sistema de coordenadas cartesiano em três dimensões. Figura de domínio público


feita por Jorge Stolfi, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6692547.

Os três vetores unitários para o sistema cartesiano tridimensional são os mes-


mos vetores unitários ı̂ e ̂ do sistema cartesiano bidimensional acrescidos de um
vetor unitário k̂ apontando na direção positiva de z. O vetor r é então escrito
como:
r = xı̂ + y̂ + z k̂. (3)
Outro sistema de coordenadas tridimensional muito usado é o sistema de co-
ordenadas esféricas. A posição de um ponto neste sistema é dada pela distância
radial r, pelo ângulo polar θ e pelo ângulo azimutal ϕ, conforme definidos pela
Figura 7.
Note, pela Figura 7, que os intervalos de variação de r, θ e ϕ são:

0≤r<∞
0≤θ≤π (4)
0 ≤ ϕ ≤ 2π.

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Figura 7: Sistema de coordenadas esféricas. Figura de domínio público feita por Andeggs,
https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=7478049.

Figura 8: Vetores unitários r̂, θ̂ e ϕ̂ do sistema de coordenadas esféricas. Figura adaptada da


figura feita por Ag2gaeh, licença CC BY-SA 4.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.ph
p?curid=43953509.

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Os vetores unitários do sistema de coordenadas esféricas são denotados por r̂,


θ̂ e ϕ̂, conforme definidos pela Figura 8.
Pela geometria da Figura 8, vemos que as coordenadas cartesianas e esféricas
estão relacionadas por:

x = r senθ cos ϕ
y = r senθ senϕ (5)
z = r cos θ.

e
p
r= x2 + y 2 + z 2
z z
θ = arccos = arccos p (6)
r x2 + y 2 + z 2
y
ϕ = arctan .
z

5 Gráficos espaço-temporais
A descrição do movimento de um corpo consiste em dizer qual é a sua posição no
espaço a cada instante de tempo. Em geral, para um movimento em três dimen-
sões, isto consiste em dar as três coordenadas espaciais do corpo (em qualquer
sistema de coordenadas que se queira usar) para cada instante de tempo. Isto
pode ser feito, por exemplo, listando as coordenadas espaciais e o tempo em uma
tabela como a Tabela 1 (considerando um sistema de coordenadas cartesiano).

t x y z
t0 x0 y0 z0
t1 x1 y1 z1
t2 x2 y2 z2
t3 x3 y3 z3
... ... ... ...
tn xn yn zn
Tabela 1: Lista das coordenadas espaciais de uma partícula a instantes sucessivos de tempo.

Formalmente, podemos representar o vetor de posição da partícula em função


do tempo como,

 
x(t)
r(t) = y(t) . (7)
z(t)

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A maneira de visualizar o movimento do corpo em três dimensões seria pelo


desenho dos vetores de posição para diferentes instantes de tempo (de preferência
bem próximos um do outro) e pela união das pontas dos vetores por uma linha,
como mostrado na Figura 9. Atualmente, com técnicas de computação gráfica,
pode-se fazer uma animação do deslocamento de um corpo em 3D de maneira
bastante realista.

Figura 9: Representação vetorial do movimento de um corpo em três dimensões.

Caso o movimento ocorra em duas dimensões, precisamos listar apenas duas


coordenadas espaciais e o vetor de posição será um vetor no plano. Já se o
movimento for restrito a uma linha, será necessário dar apenas uma coordenada
espacial para cada instante de tempo. Veja a Figura 10.

Figura 10: Representações vetoriais do movimento de um corpo em duas e em uma dimensão.


No caso unidimensional, os vetores de posição foram desenhados um pouco deslocados do eixo
Ox para facilitar a visualização.

Em particular, se o movimento unidimensional for ao longo de uma linha reta,


é altamente conveniente representar o movimento em termos de um gráfico espaço-
tempo. Em um gráfico deste tipo, o tempo é tratado como a variável independente
e é colocado no eixo das abscissas e a coordenada espacial é colocada no eixo das
ordenadas. A Figura 11 mostra um exemplo.

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Figura 11: Exemplo de gráfico espaço-tempo.

6 Velocidade
O conceito central para a descrição quantitativa de movimento é o de velocidade.
A velocidade é um vetor, ou seja, possui magnitude (ou módulo), direção e sentido.
Às vezes, denomina-se a magnitude da velocidade de rapidez, mas normalmente,
em português, se usa a mesma palavra (velocidade) para se referir tanto ao vetor
como à sua magnitude. Por exemplo, fala-se no vetor velocidade e na magnitude
da velocidade.
A grandeza velocidade não tem unidade própria. Suas unidades no SI são da-
das pela unidade de espaço (m) dividida pela unidade de tempo (s): m/s (metros
por segundo).
A medida da velocidade requer ao menos duas medidas da posição em dois
instantes de tempo, r(t1 ) = r1 e r(t2 ) = r2 . A partir destas duas medidas,
pode-se definir o que se chama de velocidade média entre esses dois pontos:
r2 − r1
vmed =
. (8)
t2 − t1
A velocidade média, na maioria das vezes, não é uma grandeza de muita
utilidade. O conceito realmente importante é o de velocidade instantânea. Para
introduzir este conceito, é conveniente considerarmos o caso de um movimento
unidimensional em linha reta.

7 Velocidade instantânea
O grande físico estadunidense Richard Feynman (1918-1988), prêmio Nobel em
1965, costumava contar a seguinte anedota em suas aulas para explicar o conceito
de velocidade instantânea4 : uma pessoa foi parada por um policial por estar
4
O diálogo abaixo foi adaptado para esta aula. Se você quiser ler a versão original em inglês, ela é parte do
livro em 3 volumes The Feynman Lectures on Physics e está disponível no site https://www.feynmanlectures.
caltech.edu/I_08.html.

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dirigindo seu carro a 100 km/h. O diálogo entre a pessoa e o policial foi o seguinte:
Policial: Você levará uma multa porque estava a 100 km/h e o limite de veloci-
dade nesta avenida é 60 km/h.
Pessoa: Como eu podia estar a 100 km/h se saí de casa há apenas 10 minutos e
não há 1 hora?
Policial: O que eu quero dizer é que se você continuasse em linha reta como
estava, teria percorrido 100 km em 1 hora.
Pessoa: Se eu continuasse em linha reta como estava, teria batido naquela árvore
no meio da rotatória que está ali adiante.
Policial: Você tem razão. Vou reconstruir minha afirmação. Se você tivesse
continuado em frente como estava por mais um minuto, teria percorrido 100 km/60
min = 1,667 km, ou 1667 m; e se tivesse continuado como estava por mais um
segundo, teria percorrido 1667 m/60 s = 27,8 m; ou ainda, se tivesse continuado
como estava por mais um décimo de segundo teria percorrido 27,8 m/10 = 2,8 m.
E daria perfeitamente para você ter continuado como estava por mais um décimo
de segundo antes de chegar na rotatória.
Pessoa: Mas, seu guarda, o limite de velocidade aqui é de 60 km/h e não de 1,7
m por décimo de segundo!
Policial: 60 km/h e 1,7 m por décimo de segundo são a mesma coisa. O que
importa é a velocidade instantânea!
Apesar da insistência da pessoa, o policial é irredutível e isto porque ele co-
nhece física e sabe que o que importa não é a manutenção da velocidade por um
longo tempo, mas a velocidade do carro em um dado momento. A velocidade em
um dado momento é a velocidade instantânea.
Para termos uma ideia mais concreta de como medir aproximadamente a ve-
locidade instantânea, imaginemos um carro movendo-se por uma estrada reta.
Suponha que de um lado da estrada, por um certo trecho dela, colocamos postes
igualmente espaçados, digamos por 1 m, e que em cada poste existe um mostrador
de um relógio digital que marque a mesma hora, com precisão de milésimos de
segundo, em todos os postes. Suponha também que do outro lado da estrada,
exatamente em frente a cada poste, existam câmeras fotográficas que tirem fotos
estroboscópicas que mostrem a estrada, o poste e o relógio digital a intervalos de
tempo muito curtos, digamos de 10 ms (veja a Figura 12).

Figura 12: Método para determinar a velocidade instantânea de um carro em uma estrada reta.

As várias fotos tiradas do trecho da estrada quando o carro passou por ela
mostrarão um dado ponto do carro, por exemplo, seu parachoque dianteiro, em

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posições diferentes em instantes diferentes de tempo. Por exemplo, se num dado


instante t o parachoque estava junto ao poste que marca 1 m e num tempo t+0, 04
s o parachoque estava junto ao poste que marca 2 m, a velocidade média do carro
entre esses dois pontos foi de
∆x 1m
v= = = 25 m/s ou 90 km/h.
∆t 0, 04 s
Esta é uma boa aproximação para a velocidade do carro no instante t, mas
ainda podemos fazer melhor e olhar a posição do parachoque do carro no tempo
t + 0, 02, isto é, na metade do ∆t usado acima. Imaginando que os intervalos de
tempo são feitos cada vez menores, o que matematicamente pode ser expresso por

∆t → 0,

define-se a velocidade instantânea do carro como,


∆x dx
v = lim = . (9)
∆t→0 ∆t dt
A quantidade dx/dt definida acima é chamada, em linguagem matemática, de
derivada primeira de x em relação a t. Em termos geométricos, ela é o coeficiente
angular (inclinação) da tangente à curva x × t em um ponto t dado. Veja a
Figura 13.

Figura 13: A velocidade instantânea de uma partícula cujo movimento é descrito por x(t) no
instante t∗ é dada pela derivada de x(t) em t∗ .

O exemplo acima é útil para introduzir o conceito de velocidade instantânea


como a derivada da posição com o tempo, mas ele não deixa clara a natureza
vetorial da velocidade. Para deixar isto mais claro, vamos considerar o mesmo
problema de um carro movendo-se por uma estrada reta, mas agora usando como
origem do sistema de coordenadas um ponto fora da reta. Vamos supor que as
posições do carro são medidas a partir dessa origem como mostrado na Figura 14.
A definição vetorial da velocidade instantânea é dada pela generalização da
equação (9) para o caso vetorial:

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∆r dr
v = lim = . (10)
∆t→0 ∆t dt

Figura 14: Vetores de posição de um corpo que se move em linha reta tomados em relação a
uma origem O fora da reta. Também são mostrados, o vetor ∆r = r5 − r4 e o vetor velocidade
instantânea quando o corpo está na posição r4 (em verde). Este último foi desenhado um pouco
deslocado da reta para facilitar a visualização.

A Figura 14 mostra alguns vetores de posição para intervalos de tempo iguais


a ∆t. Observe que os vetores de posição não são colineares e mudam com o tempo.
A figura também mostra a variação ∆r entre os vetores de posição r4 e r5 :

∆r = r5 − r4 ,

e o vetor velocidade instantânea no instante t4 , definido como em (10). Como o


movimento se dá em linha reta, o vetor velocidade instantânea aponta na mesma
direção da trajetória do corpo.
É importante você se certificar de que entende bem as regras de operação
vetoriais (soma, subtração, multiplicação por um escalar e produto escalar).
No caso geral de uma trajetória curva, o vetor velocidade instantânea é tan-
gente à trajetória do corpo. Veja um exemplo na Figura (15).
Em termos das componentes do vetor r ao longo dos vetores unitários ı̂, ̂ e
k̂, o vetor velocidade instantânea é escrito como

v = vx ı̂ + vy ̂ + vz k̂, (11)

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Figura 15: Vetor velocidade instantânea para uma trajetória genérica em três dimensões. A
figura da direita mostra o diagrama vetorial para definir a variação no vetor de posição num
pequeno intervalo ∆t.

onde
dx
vx =
dt
dy
vy = (12)
dt
dz
vz = .
dt
Portanto, o vetor velocidade instantânea também pode ser representado como
um vetor coluna como foi r em (7):

 
vx (t)
v(t) = vy (t) . (13)
vz (t)

8 Velocidade relativa
Como o vetor velocidade é a derivada em relação ao tempo do vetor de posição, a
velocidade de um corpo em relação a outro é a diferença vetorial das velocidades
individuais. Para mostrar isso, considere que um corpo está em r1 e o outro está
em r2 . A distância vetorial R do corpo 1 ao corpo 2 é dada por
R = r2 − r1 . (14)
A taxa de variação de R com o tempo é a velocidade V do corpo 2 em relação
ao corpo 1:
dR dr2 dr1
V = = − , (15)
dt dt dt
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5910235 - Física I (Química) Aula 4 - Espaço, tempo e movimento

ou seja,
V = v2 − v1 . (16)
A velocidade relativa V é a velocidade do corpo 2 em relação a um sistema
de referência preso ao corpo 1.
Uma maneira mais concreta de entender isso é considerar o problema de de-
terminar se dois corpos em movimento, por exemplo, barcos no oceano ou aviões
no céu, vão colidir ou não. Sejam, por exemplo, dois barcos se movendo com
velocidades constantes v1 e v2 em relação à água. Considere que num dado ins-
tante as posições dos barcos sejam as mostradas na Figura (16)(A). Notem que os
prolongamentos das linhas retas que definem as trajetórias dos barcos se cruzam
num determinado ponto. O problema é saber se esse cruzamento acontecerá no
mesmo instante, em cujo caso os barcos colidirão, ou em instantes diferentes, em
cujo caso não haverá colisão.

Figura 16: (A) Trajetórias de dois barcos movendo-se com velocidades constantes. Os prolon-
gamentos das linhas que definem as trajetórias se cruzam no ponto P . O problema é saber se
o cruzamento se dará ao mesmo tempo ou não. (B) Trajetória do barco B em relação a um
referencial fixo no barco A. Vemos que os barcos não colidirão.

Não é tão fácil resolver este problema do ponto de vista de um sistema de


referência fixo na água, como mostrado na Figura (16)(A), mas se trocarmos de
sistema de referência para um fixo em um dos barcos a análise fica bem mais fácil.
Consideremos, por exemplo, o sistema de referência O0 fixo no barco A, como
mostrado na Figura (16)(B). O barco A se move em relação à água com velocidade
v1 . Porém, do ponto de vista de quem está no barco, ele está em repouso e é a água
e todos os demais corpos externos que se movem em relação a ele com velocidade
igual e oposta a v1 , isto é −v1 .
Portanto, a velocidade relativa de qualquer corpo externo em relação ao barco
A é dada pela soma vetorial da velocidade do corpo externo em relação à água
com −v1 . No caso em que o corpo externo é o barco B, a velocidade relativa dele
em relação ao barco A é então,

V = v2 + (−v1 ) = v2 − v1 .

A situação, do ponto de vista do referencial fixo no barco A, é como a mostrada


na Figura (16)(B). O barco A está parado e vê o barco B se movimentar com

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velocidade V . Como V é constante, o barco B descreverá uma trajetória em linha


reta como a indicada pelas silhuetas do barco na Figura (16)(B). Os dois barcos
não colidirão e quem está no barco A verá o barco B passar em frente à proa de
maneira mais ou menos oblíqua. O tempo que levará para o barco B passar do
ponto em que está até a posição da última silhueta desenhada na figura pode ser
calculado. Ele é igual à distância entre os dois pontos dividida pelo módulo de
V.
Este exemplo ilustra como a escolha adequada do sistema de referência torna
a resolução de um problema muito mais simples do que se usássemos o referencial
usual fixo na Terra.
Um exemplo clássico é o do movimento aparente dos astros no céu. Durante
milênios na história humana, desde a Antiguidade até o século XVII, houve de-
bates acerca do melhor modelo para explicar o universo observável, que na época
consistia basicamente do sistema solar e do fundo de estrelas fixas. Os dois prin-
cipais sistemas do mundo, como eram chamados, eram os modelos geocêntrico e
heliocêntrico. No modelo geocêntrico, a Terra é considerada como fixa no centro
do universo e todos os demais corpos giram em torno dela. No modelo helio-
cêntrico, por outro lado, é o Sol que está fixo no centro do universo e a maior
parte dos corpos, incluindo a Terra, orbitam em torno dele (admitia-se que a Lua
orbitava em torno da Terra). Qual dos dois modelos é o melhor?
Uma coisa importante para ter em mente é que até Kepler, no início do século
XVII, o dogma científico era o de que todos os movimentos dos corpos celestes
deveriam ser explicados em termos de movimentos circulares com módulos de
velocidades constantes, ou de combinações de movimentos circulares desse tipos.
O modelo geocêntrico, na sua forma mais aperfeiçoada descrita pelo astrô-
nomo grego Ptolomeu (90-168) no livro conhecido com Almagesto, descreve de
forma bastante boa os movimentos aparentes do Sol, da Lua, dos planetas e das
estrelas fixas. Para fazer isso, principalmente para explicar os movimentos retró-
grados dos planetas, o modelo geocêntrico é obrigado a utilizar diferentes tipos
de combinações de movimentos circulares, conhecidas como epiciclos, deferentes
e equantes.
O modelo heliocêntrico, na sua forma proposta pelo astrônomo polonês Ni-
colau Copérnico (1473-1543) no seu livro De revolutionibus orbium coelestium
(Das Revoluções das Esferas Celestes), também consegue explicar bastante bem
os movimentos observados dos corpos celestes. O ponto principal é que o modelo
heliocêntrico de Copérnico explica de maneira mais simples que o modelo geo-
cêntrico de Ptolomeu os chamados movimentos retrógrados dos planetas. Para
Copérnico, a “laçada” feita pela trajetória de um planeta visto da Terra é apenas
uma ilusão causada pelo fato que estamos observando o planeta a partir de um
sistema de referência fixo na Terra. Movendo o sistema de referência para um fixo
no Sol, a laçada nada mais é que um efeito de as velocidades de rotação da Terra e
do planeta em torno do Sol serem diferentes. Para uma animação desse efeito, veja
o seguinte vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=1nVSzzYCAYk&t=175s.

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No entanto, como o modelo de Copérnico também se baseava em movimen-


tos circulares com módulos de velocidades constantes, ele não explicava de ma-
neira quantitativamente precisa os movimentos observados. Principalmente por-
que houve uma grande melhora na precisão dos dados astronômicos com os tra-
balhos do astrônomo dinamarquês Tycho Brahe (1546-1601) no século XVI. Por
causa disso, o modelo heliocêntrico de Copérnico também tinha que usar os mes-
mos artifícios ad hoc do modelo geocêntrico de Ptolomeu – epiciclos e deferentes
– para se ajustar bem às observações.
O parágrafo seguinte é uma tradução livre de um trecho do texto que está na
página web Copernicus’ revolution and Galileo’s vision: Our changing view of the
universe in pictures, mantida pela organização Phys.org:
“O astrônomo e historiador [estadunidense] Owen Gingerich e seus colegas cal-
cularam as coordenadas planetárias usando os modelos Ptolomaico e Copernicano
da época [séc. XVII] e encontraram que ambos tinham erros comparáveis. Em
alguns casos a posição de Marte tem um erro de 2 graus ou mais (bem maior
que o diâmetro da Lua). Além disso, o modelo copernicano original não era mais
simples que o modelo mais antigo de Ptolomeu.”
Somente com Kepler (1571-1630), que abriu mão do dogma da circularidade e
“descobriu” que as órbitas planetárias são elípticas, é que foi possível mostrar que
o modelo heliocêntrico de fato era superior ao geocêntrico.
Atualmente, como sabemos que o sistema solar está localizado na periferia da
Via Láctea, que é apenas mais uma galáxia entre bilhões de outras no universo,
o debate entre os sistemas de mundo heliocêntrico e geocêntrico não possui mais
sentido. Na realidade, em muitas situações práticas, como navegação pelos oce-
anos, por exemplo, é mais natural adotar um referencial fixo na Terra, pois é a
partir dela que fazemos as observações dos astros no céu.
Outros sites recomendados:

• Geocentric Cosmology

• The Heliocentric Model

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