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A espetroscopia e a criminologia

O arsénio (As) é um elemento químico semimetálico, quebradiço e com brilho metálico, que se
localiza no grupo 15 e 4º período da Tabela Periódica, e encontra-se presente em todos os
seres vivos. A concentração máxima deste metal permitida em águas nacionais para consumo
é de 10 μg/mL. Em média a concentração de arsénio em águas superficiais é de 0,060 mg/L, já
nas águas subterrâneas cerca de 0,800 mg/L, dando destaque a algumas regiões que
apresentam este valor mais elevado do que noutras, como no Nordeste e Interior Centro de
Portugal.

Esta grande concentração de arsénio nas águas portuguesas, principalmente nas regiões mais
a norte, deve-se às suas características geológicas, devido às águas contaminadas que passam
pelas rochas e alteram as suas composições. Devemos ter em consideração que a presença de
arsénio nas águas pode ser proveniente tanto de origem natural, como de origem artificial,
consequência das indústrias químicas que utilizam este elemento. Algumas regiões
apresentam uma maior concentração de contaminação das águas, graças, principalmente, a
crimes ambientais, que se caracterizam por despejos indevidos de substâncias perigosas no
meio, sem qualquer cuidado. Tendo como exemplo um caso nas minas da Panasqueira, onde
era realizada extração de volfrâmio, foram despejadas mais de 400 toneladas de arsenopirita
(principal minério do arsénio) por um determinado período, afetando as águas da localidade, e
por consequência colocando a população residente em alto risco.

A contaminação da água e dos solos com arsénio dá-se principalmente por este elemento ser
utilizado em fábricas, e estas o libertarem para o solo (geosfera) o que o contamina, e
consequentemente às águas subterrâneas (hidrosfera). Estas águas são usadas para o
consumo da população, e por estarem contaminadas com elevados níveis de arsénio têm
efeitos nocivos para o ser humano (biosfera). A exploração de minas em zonas contaminadas
faz com que os minerais reajam com a atmosfera, contagiando-a e assim todos os subsistemas
terrestres são afetados, por consequência das suas interações.

Numa determinada localidade, a população suspeitou que um afluente de um rio, usado para
o abastecimento das águas sanitárias, estivesse contaminado com arsénio. Esta suspeita foi
sustentada por vários casos de indisposição, como vómitos, náuseas, vertigens e diarreia.

Para começarmos a investigação da presença, ou não, de arsénio nas margens do afluente


deste rio é necessário começar por investigar o local da ação, recolhendo provas como, o
vomito e a diarreia das pessoas afetadas. Isso irá ajudar a identificar a causa destas
indisposições.

A espetroscopia atómica de emissão é uma das maneiras de conhecer os elementos que estão
presentes numa amostra e é muito usada na criminologia. É uma técnica analítica, que se
baseia na emissão de radiação eletromagnética nas regiões do visível e ultravioleta do
espectro eletromagnético, por átomos excitados (ionizados).

Na emissão atómica, a amostra é sujeita a uma elevada energia ou temperaturas elevadas,


para produzir átomos no estado excitado, capazes de emitir luz. A fonte energética pode ser
elétrica, a chama, e mais recentemente o plasma. O espectro de emissão de um elemento
sujeito a esta energia é constituído por um conjunto de linhas de emissão característico devido
à existência de órbitas de energia com valores diferenciados em cada elemento.

Utilizando a espetroscopia de emissão atómica com plasma indutivo, de uma forma simples de
explicar, a amostra é nebulizada, resultando um aerossol que é transportado para a tocha de
plasma de árgon. A energia térmica gerada emite uma radiação que faz com que a amostra
emita luz que vai ser depois decomposta num espetro.

Depois de induzirmos a amostra à espetroscopia atómica, podemos comparar o seu espetro de


emissão e o espetro de emissão do elemento químico em estudo, neste caso o arsénio, e
vemos se são semelhantes. Se isto se confirmar a amostra contém arsénio.

Para descobrirmos se os indivíduos estão infetados ou não, precisamos de, primeiramente,


passar 0,1 μg/mL (concentração máxima na urina) para g/ml que ficaria 1x10−7 g/mL. No
indivíduo A a quantidade de arsénio é de 5,0x10−5 g em 5 mL de urina, dividindo este valor
pelos 5mL fica 1x10−5 g, e por isso o indivíduo está infetado por ter uma maior concentração
de arsénio na urina do que a concentração máxima “normal”. No indivíduo B, fazendo as
mesmas contas, mas modificando os resultados, também indicaria que está contaminado
porque o valor era superior à concentração máxima. Por fim, o indivíduo C também está
contaminado, apresentando valores mais elevados do que o normal. Concluindo, para
analisarmos se os resultados verificam intoxicação precisamos primeiro de passar os dados
para as mesmas unidades e dividir o resultado das amostras por 5 (por serem 5 mL de cada
amostra).

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